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Resumo - Neuralgia Pós-Herpética

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Júlia Figueirêdo - DOR 
PROBLEMA 3 – INTERMEDIÁRIA: 
NEURALGIA PÓS-HERPÉTICA: 
O herpes-zóster corresponde a uma infecção 
viral aguda pela reativação do vírus 
varicela-zóster (VVZ), que se aloja em 
gânglios nervosos dorsais e provoca 
lesões vesiculares dolorosas no 
dermátomo por ele inervado (destaque 
para os segmentos torácico e facial, 
acometidos em mais de 50% dos casos). 
 
Herpes-zóster em dermátomo torácico 
Frente à manifestação aguda, a dor pode 
surgir devido a inflamações na rede 
perineural ou na bainha de mielina, o que 
permite a sensibilização medular para 
impulsos álgicos, mesmo que na ausência 
de dano tecidual perpetuado. Com as lesões 
ganglionares, os neurônios aferentes 
disparam diversas sinalizações que não 
só provocam dor neuropática, mas também 
induzem a ação de receptores NMDA pela 
secreção de glutamato, e a consequente 
sensibilização central, com manutenção da 
dor. 
Nesse período inicial, o tratamento da 
herpes-zóster é feito por meio de antivirais, 
como o aciclovir, em doses de ataque, que 
atuam na resolução das erupções 
cutâneas, no controle da crise álgica 
aguda e, potencialmente, na prevenção da 
neuralgia pós-herpética. O uso de AINES e 
fármacos adjuvantes também pode ser 
empregado, respeitando a escada 
analgésica da OMS. 
 
Esquema terapêutico para a herpes-zóster 
A neuralgia pós-herpética, por sua vez, é a 
persistência da dor nos segmentos 
afetados pelo vírus mesmo após um mês 
do desaparecimento das lesões 
infecciosas. A nível celular, são observadas 
inflamações axonais que sensibilizam e 
degradam fibras Aδ e C (sensibilização e 
desaferenciação), aumentando o campo de 
percepção sensitiva e modificando seu 
processo de interpretação cortical. 
 
Possíveis evoluções para o acometimento pelo VVZ 
Essa é a causa de dor crônica mais 
comum na população idosa, afetando 
amplamente sua qualidade de vida e as 
relações familiares (até 40% dos casos não 
apresentam manejo eficaz). 
 
Incidência de neuralgia pós-herpética em diferentes 
faixas etárias após 3 meses e 1 ano da manifestação 
cutânea 
 Júlia Figueirêdo - DOR 
Destacam-se como fatores de risco para o 
desenvolvimento de dor crônica após a 
infecção por herpes-zóster: 
 Idade avançada; 
 Maior intensidade dos sintomas na 
fase aguda; 
 Desenvolvimento antes do surgimento 
de erupções; 
 Acometimento cutâneo grave (> 50 
erupções com crosta). 
Três tipos de sensações dolorosas são 
descritas pelos indivíduos com essa 
manifestação: alodinia (incômodo intenso 
após estímulo tátil), hiperalgesia (reação 
dolorosa aumentada) e hiperestesia 
(sensibilidade ao toque aumentada). Os 
termos para descrição da dor neuropática 
pelo VVZ são variados, incluindo: 
 Dor surda; 
 Dor em queimação; 
 Dor constante; 
 Dor paroxística (intensa); 
 Intolerância às roupas; 
 Intolerância ao calor/frio; 
 Não se altera com o movimento. 
Em decorrência desse quadro álgico crônico 
e debilitante, não é incomum o isolamento 
social e o desenvolvimento de 
transtornos de humor, que afetam o bem-
estar global do indivíduo. Pode haver perda 
de apetite (pela própria neuralgia ou por 
quadros depressivos) e anorexia resultante, 
o que torna o paciente mais susceptível a 
infecções oportunistas. 
As medidas terapêuticas mais utilizadas no 
controle da neuralgia pós-herpética dividem-
se em farmacológicas e não-
farmacológicas, a saber: 
 Estratégias farmacológicas: as 
principais classes farmacológicas 
utilizadas são os antidepressivos 
(amitriptilina), anticonvulsivantes 
(gabapentina, pregabalina e 
carbamazepina) – ambos com 
mecanismo de ação descrito 
anteriormente - e, quando necessário, 
opioides. O uso de antipsicóticos não é 
mais recomendado devido à baixa 
eficácia, quando comparados aos 
medicamentos supracitados. 
Alguns medicamentos tópicos também 
podem ser administrados, principalmente 
em indivíduos susceptíveis a efeitos 
adversos significativos (mínima absorção 
sistêmica) e para aqueles com 
intolerância a apresentações orais. Os 
principais são: 
o Lidocaína: age no bloqueio de 
canais de sódio, de forma a reduzir 
as descargas ectópicas associadas 
à dor. Além disso, esse composto 
também dessensibiliza receptores 
TRPA1, apresentando mais uma 
forma de modulação de dor com 
elevada tolerância pelos pacientes; 
o Capsaicina: representa um 
importante agonista seletivo para o 
receptor TVRP1. A administração 
promove como efeito inicial a 
expressão e a ativação de 
nociceptores cutâneos com esse 
marcador, gerando sensação de 
ardência momentânea e eritema. O 
efeito analgésico é moderado a longo 
prazo. 
 Estratégias não-farmacológicas: as 
práticas mais difundidas são acupuntura 
(relevante para pacientes com 
insuficiência renal ou hepática), TENS 
(ativam seletivamente fibras aferentes 
grandes, impedindo a propagação 
medular), meditação, psicoterapia 
(ambas utilizadas para o 
autogerenciamento da dor), massagens 
e radiofrequência. 
 Júlia Figueirêdo - DOR 
 
Principais mecanismos terapêuticos no controle da 
neuralgia pós-herpética

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