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Desenvolvimento do coração

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Kellyane Zambom – Medicina UFMS - T6 
 
Desenvolvimento do coração 
O sistema cardiovascular surge na metade da 3º semana de desenvolvimento – as necessidades embrionárias de 
nutrientes e oxigênio aumentam por isso o coração é o primeiro órgão funcionalmente ativo. 
- 21º dia batimentos cardíacos 
- 24 – 25º bombeamento de sangue 
Coração bombeando sangue durante os eventos de morfogênese – morfologia vai ser alterada. Esse processo de 
contração/ bombeamento auxilia no remodelamento.O sangue oxigenado vem da placenta e entra no coração e 
posteriormente é distribuído pelo corpo. Logo, o sangue entra pela porção caudal do coração e vai ser distribuído pela 
porção cranial desse coração. 
A LINHAGEM CARDÍACA 
- O coração tem origem a partir de qual (is) tecido (s) embrionário (s) ? 
a) Mesoderma cardiogênico somente 
b) Mesoderma cardiogênico e endoderma 
c) mesoderma cardiogênico, endoderma e ectoderma 
d) Mesoderma cardiogênico e ectodema 
 O coração tem origem embriológica mesodérmica (primeiro e segundo campos cardíacos) e ectodérmica (céls. da 
crista neural). 
A linhagem das céls. destinadas a formar o coração: 
 Primeiro campo cardíaco  Céls. Cardiogênicas - primeira leva de céls. que se diferencia p/ formar o coração 
(forma, principalmente, os átrios e VE). 
Mesoderma cardiogênico (esplâncnico) oriundo do processo de gastrulação – migram pela linha primitiva. 
Posteriomente 
 Segundo campo cardíaco - cél.s progenitoras cardíacas mesodérmicas oriundas da região da faringe. (Forma, 
principalmente, o VD e trato de saída – além da contribuição do segundo campo cardíaco, vão ter participação de 
células da crista neural associadas às do segundo campo cardíaco) 
 
 
 
 
Kellyane Zambom – Medicina UFMS - T6 
 
FORMAÇÃO DOS TUBOS ENDOCÁRDICOS 
As céls. do primeiro campo cardíaco se associam e formam cordões celulares denominados de angioblásticos – 
precursores dos tubos endocárdicos: Vão formar o futuro coração. Primeiramente são formados dois cordões, 
inicialmente são maciços, bilateralmente. As céls. Centrais dos cordões angioblásticos vão sofrer apoptose, de modo 
que o interior dos cordões passa a apresentar uma luz. Dessa forma, céls. do cordão angioblástico formam um par de 
tubos endocárdicos laterais Vasculogênese. 
 
FORMAÇÃO DO TUBO CARDÍACO ÚNICO 
 Dobramentos corporais garantem que o coração seja posicionado no local adequado. No momento da dobra da prega 
cefálica traz o tubo para região correta – torácica (obs.: dobramentos importantes: dobramento cefálico, caudal e as 
pregas laterais – ‘‘movimentos feitos pro embrião se tornar um cilindro’’). 
As dobras laterais fazem com que os tubos laterais se fundam formando o tubo cardíaco (tubo endocárdico único) – 
4 º do desenvolvimento. Esse tubo fica preso a parte dorsal do embrião pelo mesocárdio dorsal. 
 
 
 
TUBO CARDÍACO ÚNICO 
Internamente o tubo cardíaco é revestido – endotélio- pelo endocárdio, por fora há o miocárdio que vai formar 
a parede muscular e dar origem as céls. miocárdicas de contração e as céls. do nó sinoatrial e atrioventricular do 
coração. e entre os dois tecidos tem-se um tecido extracelular chamado de geleia cardíaca: Forma matriz 
extracelular. A geleia cardíaca é secretada, principalmente, pelas céls. do miocárdio. O epicárdio (pericárdio 
visceral) – recobre o coração por fora – possui a sua fonte mesodérmica independente. 
 
 5 componentes são derivados da 
formação tubo endocárdico: Seio 
venoso, átrio primitivo, ventrículo 
primitivo, bulbo cardíaco e trato de 
saída. 
Seio venoso é a extremidade caudal – 
influxo – é por onde o sangue chega. Possui 
o c orno direito e corno esquerdo: Onde 
as veias cardinais comuns drenam. 
Participam da formação de parte do átrio e 
seio coronário – principal vaso que faz a 
captação da vascularização do coração. 
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O átrio primitivo é cranial ao seio venoso e forma o átrio direito e esquerdo. O ventrículo primitivo vai formar o 
Ventrículo esquerdo (VE) e o bulbo cardíaco forma a maior parte do ventrículo direito (VD). Além disso, o trato de 
saída vai formar o tronco pulmonar e aorta ascendente. 
Tanto o bulbo cardíaco, quanto o trato de saída são provenientes do segundo campo cardíaco e (vale lembrar que essas 
céls. vão ter a colaboração de céls. da crista neural p formar tais estruturas) 
 O trato de saída é contínuo com o saco aórtico. 
Realiza o transporte de sangue para cabeça e tronco. A porção proximal do trato de saída -> origina o Cone arterial 
(incorporado aos ventrículos). Já a porção distal -> Tronco arterial (aorta ascendente e tronco pulmonar). Ademais, 
assim como o bulbo cardíado, o trato de saída também é proveniente do segundo campo cardíaco. 
 
 
 
 
 O mesocárdio dorsal, estrutura que realiza a sustentação do tubo cardíaco na cavidade pericárdica, sofre 
apoptose e deixa de existir na sua região central, principalmente. Desse modo, acontece apoptose focalizada do 
mesocárdio dorsal, de modo que o orifício/espaço que surge é denominado de seio transverso do pericárdio. 
 
DOBRAMENTO CARDÍACO 
O coração precisa reposicionar as câmaras 
cardíacas primitivas. Ocorre o dobramento – 
remodelação – Realinhamento – Septação 
O bulbo é deslocado caudalmente, ventralmente e 
para direita. O ventrículo é deslocado para esquerda. 
O átrio vai ser deslocado cranialmente e 
dorsalmente. 
Região de trato de saída: Posicionado entre as futuras 
câmaras dos átrios. Canal atrioventricular: Alinhado 
com os ventrículos 
 A perda (apoptose) do mesocardio dorsal e o 
posterior dobramento é de extrema importância, pois são eles que vão fornecer tanto a base, quanto as 
informações necessárias para que haja a septação correta das câmaras cardíacas. 
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O resultado final do dobramento cardíaco: Posicionar as quatro futuras câmaras do coração nas suas relações espaciais 
corretas uma com a outra e fornecer base para separação da circulação pulmonar e sistêmica ao nascimento. 
FORMAÇÃO DOS ATRIOS: 
O corno esquerdo do seio venoso vai involuir e formar o seio coronário que é o principal vaso que vai captar sangue de 
volta pro coração e o corno direito do seio venoso se desenvolve e vai ser incorporado ao átrio, de modo a formar parte 
do átrio direito – Sinus venarum do átrio direito (parte mais lisa do AD). Os dois átrios têm uma parede lisa e uma 
irregular (em ambos a parte irregular é derivada do átrio primitivo). 
Região da crista terminal: fica no limite do Sinus venarum (derivado do seio primitivo) e do átrio – Acredita-se que é 
dessa região que se desenvolve o nó sinoatrial – principal marca-passo da região do coração. Após todas as câmaras do 
coração serem posicionadas ele vai sofrer um processo de morfogênese valvulosseptal. 
 
SEPTAÇÃO DO CORAÇÃO 
A divisão do coração em 4 câmaras é acompanhada com a formação de septos (paredes) no átrio primitivo, nos 
ventrículos e no trato de saída. Os principais eventos de septação ocorrem entre os dias 28 – 37. 
 Formação dos Coxins endocárdicos (região atrioventricular e trato de saída) – Secreção acentuada e localizada 
de MEC (geleia cardíaca) pelo miocárdio). Transformação epitélio mesenquimal (MET). Endocárdio céls. de 
tecido conjuntivo + céls da crista neural (trato de saída). 
 No trato de saída Aorta ascendente e tronco pulmonar (participação na septação ventricular). 
 No canal atrioventricular Septo atrioventricular 
SEPTO ATRIOVENTRICULAR (AV) 
Separação do canal atrioventricular (AV) comum -> canal AV direito e esquerdo 
 Necessária para a separação das circulações sistêmica e pulmonar, além de ajudar na formação dos outros septos. 
O septo atrioventricular vai ser aparecer a partir da formação de dois coxins endocárdicos (dorsal e ventral) ao 
redor da periferia do canal atrioventricular. 
 Fusão dos coxins endocárdicos -> septo atrioventricular (AV) 
Divisão do canalatrioventricular em canais atrioventriculares direito e esquerdo - SEPARAÇÃO PARCIAL DO 
ÁTRIO PRIMITIVO E VENTRÍCULO PRIMITIVO (não separação átrio-átrio, nem de ventrículo-ventrículo). 
SEPTO INTERATRIAL 
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É muito importante p/ separar o AD do AE, pois vai separar a circulação sistêmica da circulação pulmonar. A 
formação do septo interatrial vai ter a formação de dois septos sucessivos. Fusão de dois septos musculares parciais 
Shunting comunicação da direita com a esquerda durante a gestação: região chamado inicialmente de fossa oval e 
posteriormente de forame oval. 
 Septo primum / septo primário: membrana muscular delgada 
que cresce em direção ao septo atrioventricular a partir do teto 
do átrio, dividindo-o em AD e AE. 
 
 Formação do foramen primum / ostium primum : 
Comunicação que fica entre os átrios enquanto o septo 
primum não se funde com o septo atrioventricular. 
 
À medida que o forame primum é obliterado (pela fusão do septum primum com o septo AV), ocorre apoptose na 
porção dorsal deste septo, formando o foramen secundo. 
 
 
 Manutenção da passagem de sangue oxigenado do AD  AE. 
O septo secundum é muscular e mais espesso que o septo primum. Cresce também em direção ao septo AV, mas não 
se funde com este. Deixando um canal de comunicação (forame oval). O forame secundum e forame oval garantem a 
passagem de sangue do AD  AE. 
A porção caudal do septum primum (aderida ao septo AV) forma a valva do forame oval. Antes do nascimento 
o AD possui pressão maior pois recebe maior volume de sangue. Após o nascimento, a passagem do forame oval – 
septo secundum do AD p AE é obliterada, devido ao aumento da pressão no AE – estabelecimento da circulação 
pulmonar. Com três meses de idade, a válvula do forame oval se funde com o septum secundum, formando a fossa oval 
(forame oval fechado depois do nascimento). 
 
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SEPTO INTERVENTRICULAR 
É um septo muscular que se projeta p/ luz do tubo cardíaco. Se projeta bem na região de separação entre ventrículo e 
bulbo, de modo que inicia a separação do bulbo cardíaco (futuro ventrículo direito) e esquerdo. Este septo cresce em 
direção ao septo AV, mas não se funde com esta estrutura, formando o FORAME INTERVENTRICULAR (presente 
até a 7º semana). 
Septo do trato de saída: O trato de saída precisa ser realizada corretamente, de forma que qa aorta ascendente se 
comunique com o VE para realizar a circulação sistêmica e o VD se comunique com o tronco pulmonar para levar o 
sangue na circulação pulmonar. 
Sangue do VE  Circulação sistêmica 
Sangue do VD  Circulação pulmonar 
A formação dos coxins endocárdicos no trato de saída – formação de um par de coxins endocárdicos do trato de saída 
(saliências do cone-tronco); fusão do septo aorticopulmonar: separam em dois canais o trato de saída. 
Céls. da crista neural provenientes da faringe cardíaca migram e povoam os coxins do trato de saída. Este septo 
aorticopulmonar separa completamente as cias de saída ventriculares direita (circulação pulmonar) e esquerda 
(circulação sistêmica). Para que o trato de saída seja corretamente septado, essa septação acontece de forma espiral. 
Isso é necessário para que o ventrículo direito se comunicar com a futura circulação pulmonar e o ventrículo esquerdo 
se conecte com a circulação sistêmica. 
Pessoas portadoras de Síndrome de 
Down, geralmente, possuem 
alterações cardíacas e uma das 
alterações mais importantes é a 
alteração na septação do trato de 
saída. 
Término da septação ventricular: 
Septação completa ventricular 
ocorre com a fusão das seguintes 
estruturas: 
Septo interventricular muscular vai 
se fundir + septo do trato de saída + 
septo atrioventricular  Septo 
ventricular membranoso (5º a 8º semanas). 
 
 
VALVAS AV 
Até hoje não se sabe exatamente os mecanismos exatos que levam a formação das valvas – valvulogênese. A 
formação delas é concomitante com a septação do coração (5º E 8º semanas). São formadas através de coxins 
endocárdicos adjacentes aos canais AV que sofrem erosão e remodelação da parede miocárdica ventricular  
Formação das valvas AV, cordas tendíneas e músculos papilares; permitem que o sangue passe dos átrios para os 
ventrículos e impedir a passagem de volta do ventrículo p/ átrio. 
 
 
 
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VALVAS SEMIOLUNARES 
Formação de coxins endocárdicos na saída da aorta e no tronco pulmonar ( 9º semana de desenvolvimento). Coxins 
intercalares. Concomitante à formação do septo do trato de saída. Estes coxins são escavado s e remodelados para 
formar as valvas semilunares. 
 Cardiomiócitos produzem atividade elétrica e transmitem para outras céls. antes da formação do tubo cardíaco 
único – contração assíncrona. 
 
MARCAPASSO E SISTEMA CONDUTOR: 
Batimentos cardíacos no coração maduro Nó 
sinoatrial (derivado do seio venoso direito - região de 
crista terminal) – desenvolve-se a partir da 5º semana; 
próximo a entrada da veia cava superior. Diferenciação 
de cardiomiócitos preexistentes perdem capacidade 
de contração e adquirem capacidade de geração de 
impulsos elétricos. 
Nó atrioventricular (AV) : Céls. presentes na região de 
junção atrioventricular. Regulação da condução dos 
impulsos e coordena contração ventricular. Ocorre a 
mesma diferenciação de cardiomiócitos preexistentes do 
nó sinoatrial. 
 
 
MALFORMAÇÕES CARDÍACAS 
- Destrocaria 
- Sinus inversus (todos os órgãos ‘‘ invertidos ‘’). 
As malformações cardiovasculares congênitas têm vários fatores: 
- 20% das malformações congênitas 
- Responsável pelo aumento de natimortos 
- Atingem de 5 – 8 / 1000 nascidos vivos 
- Predisposição genética (9%) 
- Teratógenos (5%) : Lítio, álcool, ácido retinóico, 
diabetes, rubéola. 
 
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 Defeitos do septo atrial (sepração do AD c/ AE) 
Causas: Septum segundo curto 
Forame secundário excessivamente grande 
Consequências: Passagem de sangue do AE  AD; aumento do AD e VD  arritmias; fluxo sanguíneo 
pulmonar excessivo  Hipertensão pulmonar e insuficiência cardíaca. 
. Correção cirúrgica 
. Condição associada a aberrações cromossômicas autossomas e recessivas (sintomas tardios) 
 Canal atrioventricular persistente 
Causas: Falha na fusão dos coxins endocárdicos dorsal e ventral 
Consequências: Passagem de sangue do AE  AD ; fluxo sanguíneo pulmonar e insuficiência cardíaca; defeitos 
no septo atrial ventricular; malformação de valvas atrioventriculares. 
. Correção cirúrgica. 
 Defeitos do septo ventricular – 25% de todas as anormalidades cardíacas 
Causas: Desenvolvimento insuficiente do septo interventricular muscular; deficiência do septo do trato de saída; 
falha na fusão do septo muscular e membranoso ventriculares; falha no septo AV 
Consequências:Passagem de sangue do VE VD; Fluxo sanguíneo pulmonar excessivo  hipertensão 
pulmonar e insuficiência cardíaca 
. Correção cirúrgica. 
 Defeitos da valva atrioventricular 
- Atresia da valva tricúspide 
Desenvolvimento anormal da valva; desvio do sangue do AD  AE – Forame oval persistente; VD hipoplásico; 
VE hipertrófico; insuficiência cardíaca. 
. Correção cirúrgica 
 Dupla via de saída do VD 
Trato de saída aórtico e pulmonar se conectam ao VD 
Acompanhado com defeito no septo ventricular 
Sintomas precoces  Cianose, sopro cardíaco, dispnéia. 
 Estenose de valvas semilunares 
Causas: Erros na cavitação e na remodelação dos coxins do trato de saída. Congênita (após 30 anos) / infecção 
(febre reumática) / envelhecimento; 4 homens : 1 mulher 
Consequencias – Valva aórtica 
Hipertrofia ventricular esquerda; hipertensão pulmonar e insuficiência cardíaca. 
. Correção cirúrgica. 
 Defeitos na septação do trato de saída 
- Tronco arterioso persistente (1:10.000 nascidosvivos. Morte nos primeiros dois anos de vida). 
- Transposição dos grandes vasos (5:10.000 nascidos vivos. Septação ocorre em paralelo e não em espiral – 
Fatal). 
 Tetralogia de Fallot (doença azul) 
1. Estenose do tronco pulmonar Devido à divisão desigual do trato de saída 2. Defeitos do septo ventricular 
Devido à falha na septação do trato de saída 3. Deslocamento da aorta para a direita Devido ao mal 
alinhamento do trato de saída 4. Hipertrofia do ventrículo direito Devido ao aumento de pressão do sangue 
neste ventrículo 
. Correção cirúrgica

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