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Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO PROBLEMA 1 – ABERTURA: FORMAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL: A ORIGEM DO SISTEMA NERVOSO: O sistema nervoso se origina da placa neural, região espessada do ectoderma embrionário, diferenciada por indução da notocorda e do mesoderma paraxial. As moléculas sinalizadoras envolvidas nesse processo são o TGF-β, proteínas morfogênicas ósseas (BMPs) e a proteína Sonic Hedgehog (Shh). A neurulação, denominação do fenômeno de formação do tubo neural, começa entre o 22º e o 23º dia do desenvolvimento embrionário, na região do quarto ao sexto par de somitos. Nesse período, os dois terços cefálicos da placa neural até o quarto par de somitos representam o que virá a ser o encéfalo, enquanto o terço caudal da placa e do tubo neural descrevem a futura medula espinhal. A fusão das pregas neurais segue em sentido cefálico-caudal até que permaneçam abertas somente duas pequenas áreas nas extremidades, o neuroporo rostral, que se fecha por volta do 25º dia de gestação, e o neuroporo caudal, que fecha dois dias mais tarde. A presença desses orifícios cria o canal neural, que se comunica livremente com a cavidade amniótica até o momento de oclusão desses orifícios. O fechamento dos neuroporos é coincidente com o surgimento da circulação sanguínea no tubo neural. O processo de formação do encéfalo e da medula espinhal é decorrente do espessamento das paredes do tubo neural. Nessa dinâmica, o canal neural é convertido no sistema ventricular encefálico e no canal central da medula. DESENVOLVIMENTO DA MEDULA ESPINHAL: O segmento do tubo neural caudal até o quarto par de somitos têm suas paredes laterais espessadas, reduzindo o diâmetro do canal neural até restar, no marco de 9 a 10 semanas gestacionais, o canal central da medula espinhal, cujo diâmetro é bem diminuto. Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO A parede do tubo neural é composta inicialmente por um neuroepitélio pseudo- estratificado colunar espesso, cujas células passam a compor a zona ventricular ou camada ependimárias, que é responsável por originar todos os neurônios e células da macróglia presentes na medula. O reconhecimento de uma zona marginal também ocorre precocemente, formada pela parte externa das células neuroepiteliais. Com o crescimento dos axônios provenientes dos corpos de células nervosas da medula, dos gânglios espinais e do encéfalo, essa região irá tornar-se a substância branca medular. Algumas células neuroepiteliais presentes na camada ependimárias irão diferenciar-se em neuroblastos, ou neurônios primordiais, que formarão a zona intermediária, conhecida também como camada do manto, inserida entre as duas zonas supracitadas. Esses tipos celulares transformam-se em neurônios ao formar prolongamentos citoplasmáticos. A diferenciação de neuroblastos em glioblastos/espongioblastos, estruturas primordiais de suporte, se dá principalmente após o término da formação desses primeiros tipos celulares. Essas células migram da zona ventricular rumo à região intermediária e marginal, com algumas se tornando astroblastos (percussores dos astrócitos) ou oligodendroblastos, que se desenvolverão em oligodendrócitos. Quando se cessa a formação de neuroblastos e de glioblastos, se inicia a diferenciação de células ependimárias, formando o epêndima, que reveste o canal central da medula. A sinalização Shh controla a proliferação, a sobrevivência e a padronização de células progenitoras neuroepiteliais ao regular os fatores de transcrição Gli As células microgliais (micróglia), presentes tanto na substância branca quanto na substância cinzenta, são estruturas pequenas derivadas de células mesenquimais, invadindo o sistema nervoso após a penetração deste por vasos sanguíneos, mais tardiamente durante o desenvolvimento embrionário. Essas células originam-se na medula óssea, fazendo parte do sistema mononuclear fagocitário. O processo de diferenciação e proliferação das células neuroepiteliais da medula em desenvolvimento levam à formação de Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO paredes espessadas e de placas delgadas no teto e no assoalho, determinando o surgimento de um sulco longitudinal raso de ambos os lados, denominado sulco limitante. Essa delimitação separa a parte dorsal, contendo a placa (ou lâmina) alar, da parte ventral, a placa (ou lâmina) basal, que formam saliências longitudinais ao longo de quase toda a extensão da medula espinhal em desenvolvimento. Tal fenômeno possui importância crucial ao funcionamento posterior do sistema nervoso, pois essas extremidades se associarão a funções aferentes (sensoriais) e eferentes (motoras), respectivamente. Os corpos celulares das placas alares são responsáveis por formar as colunas cinzentas dorsais, que se estendem ao longo do comprimento medular. Os neurônios dessas colunas compõem os núcleos aferentes, formando, quando agrupados, as colunas anteriormente citadas. Com o crescimento das placas alares, forma-se o septo mediano dorsal. Na placa basal, por sua vez, os corpos celulares dão origem às colunas cinzentas ventrais e às colunas cinzentas laterais. Os axônios das células dessa estrutura ventral crescem para fora da medula, criando assim as raízes dorsais dos nervos espinhais. Com o crescimento dessas placas, uma saliência ventral se torna visível ao longo de todo o plano mediano, sendo posteriormente formado o septo mediano ventral e a fissura mediana ventral. FORMAÇÃO DOS GÂNGLIOS ESPINHAIS: Os neurônios unipolares presentes nos gânglios da raiz dorsal são derivados de células da crista neural. Inicialmente, essas estruturas são bipolares, mas há uma união entre os prolongamentos axonares, formando um “T”. Os dois prolongamentos periféricos do gânglio espinhal já formado se assemelham à estrutura de um axônio, mas essa extensão corresponde a um dendrito, conduzindo o impulso em direção ao corpo celular, terminando em terminações sensoriais em estruturas viscerais ou somáticas após percorrer os nervos dorsais. As dilatações centrais, por sua vez, penetram a medula e constituem as raízes dorsais dos nervos espinhais. Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO FORMAÇÃO DAS MENINGES DA MEDULA ESPINHAL: O mesênquima que envolve o tubo neural se condensa para formar uma membrana denominada meninge primitiva. Sua camada externa se espessa, criando assim a dura- máter, a camada interna forma a leptomeninge, decorrente da junção da pia- máter e da aracnoide, sendo ambas derivadas das células da crista neural. Dentro das leptomeninges surgem diversos espaços preenchidos por líquido, que se coalescem de modo a criar o espaço subaracnóideo. O líquido cerebroespinhal embrionário, que preencherá essa cavidade, começa a se formar na quinta semana de gravidez. É possível verificar a existência de um percussor comum para as duas membranas mais interiores ao observar, no adulto, as trabéculas aracnóideas, diversas faixas muito delicadas de tecido conjuntivo que se permeiam entre a pia-máter e a aracnoide. MUDANÇAS DE POSIÇÃO DA MEDULA: A medula espinhal embrionária se estende por toda a extensão do canal vertebral, com nervos espinhais passando através de forames intervertebrais próximos de seus níveis de origem. Essa relação, no entanto, não é persistente, pois graças ao crescimento mais acentuado da coluna vertebral e da dura-máter em relação à expansão da própria medula, esta última coloca-se gradualmente em níveis mais altos. Aos seis meses, ela localiza-se na região da primeira vértebra sacral, ao passo que em um recém-nascido essa região alcança a segunda ou terceira vértebra lombar, se retraindo paraa L1 na idade adulta. Como resultado, as raízes nervosas espinhais, especialmente as dos segmentos lombar e sacral, correm obliquamente da medula espinhal até o nível correspondente da coluna vertebral. Aquelas estruturas inferiores ao cone medular (afunilamento terminal da medula) passam então a formar um feixe de fibras nervosas, denominadas de cauda equina. Ainda que a dura-máter e a aracnoide geralmente terminem na vértebra S2, a pia- máter não apresenta o mesmo comportamento. Distalmente à extremidade caudal da medula espinhal, essa meninge forma um longo filamento fibroso, o filamento terminal, que demarca a linha de regressão da medula espinhal no embrião, estendendo- se desde o cone medular até a primeira vértebra do cóccix. MIELINIZAÇÃO DAS FIBRAS NERVOSAS: As bainhas de mielina presentes na região medular começam a se formar no período fetal, continuando esse processo até o primeiro ano pós-natal. As proteínas básicas da mielina, uma família de isoformas de polipeptídios relacionadas, são essenciais para a mielinização, que ocorre de forma quase simultânea ao ganho de Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO funcionalidade por parte das fibras nervosas, iniciando-se pelas raízes motoras. As bainhas de mielina que envolvem as fibras nervosas situadas na medula espinhal são formadas pelos oligodendrócitos. A membrana plasmática destes se enrola ao redor do axônio, formando um determinado número de camadas. Em prolongamentos nervosos periféricos, por sua vez, a formação das bainhas de mielina é resultado da ação das membranas plasmáticas das células de Schwann (células do neurolema), originadas de células da crista neural que migram para a periferia e se enrolam em torno de axônios somáticos motores, bem como de neurônios autônomos motores pré-ganglionares quando eles saem do sistema nervoso central. Essas células também se enrolam em torno dos prolongamentos centrais e periféricos dos neurônios sensitivos somáticos e viscerais, assim como em torno dos axônios motores autônomos pós-sinápticos. A partir da 20ª semana de gravidez as fibras nervosas periféricas tomam um aspecto esbranquiçado, resultante do depósito de mielina. DESENVOLVIMENTO DO ENCÉFALO: O encéfalo será originado da região cefálica do tubo neural ao quarto par de somitos. A fusão das pregas neurais e o fechamento do neuroporo rostral formam as três vesículas encefálicas primárias, que compõem o encéfalo anterior (prosencéfalo), médio (mesencéfalo) e posterior (rombencéfalo). Durante a quinta semana do desenvolvimento embrionário, o encéfalo anterior se divide parcialmente em duas vesículas encefálicas secundárias, o telencéfalo e o diencéfalo; não há divisão no encéfalo médio; e o encéfalo posterior se segmenta, também de forma incompleta, em metencéfalo e mielencéfalo, compondo 5 vesículas primitivas totais. FLEXURAS CEFÁLICAS: O encéfalo cresce rapidamente ao longo da 4ª semana, dobrando-se ventralmente com a prega cefálica, produzindo a flexura mesencefálica, na região do encéfalo médio, e a flexura cervical, no local de interação entre o encéfalo posterior e a medula espinhal. Posteriormente, a desigualdade na velocidade de expansão encefálica entre essas estruturas leva a criação de outra, a flexura pontinha, que se insere na direção oposta, responsável por um adelgaçamento do teto da porção terminal do encéfalo. Inicialmente, a estrutura primitiva da massa encefálica se assemelha à da medula espinhal em desenvolvimento, mas a presença das flexuras supracitadas produz variações consideráveis no contorno das secções transversais dessa estrutura, alterando a posição das substâncias branca e cinzenta. O sulco limitante avança em direção cefálica até atingir a junção do encéfalo médio e anterior, e as placas alares e basais podem ser identificadas apenas nas porções intermediária e terminal. Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO ENCÉFALO POSTERIOR: A flexura cervical separa o encéfalo posterior da medula espinhal, porém essa junção será definida posteriormente de forma arbitrária como sendo o nível da radícula (raiz nervosa mielinizada) superior do primeiro nervo cervical, localizado na região do Forame Magno. A flexura pontinha, localizada na futura região da ponte, divide o encéfalo posterior em parte caudal (mielencéfalo) e rostral (metencéfalo), que se tornam respectivamente a medula oblonga e a ponte e o cerebelo. A cavidade do encéfalo posterior irá se tornar o quarto ventrículo e o canal central do bulbo. MIELENCÉFALO: A porção caudal do mielencéfalo (região fechada do bulbo) assemelha-se à medula espinhal tanto por seu desenvolvimento quanto por sua estrutura, que apresenta um pequeno canal central resultante do canal neural. Diferentemente do que ocorre na medula, os neuroblastos das placas alares do mielencéfalo migram para a zona marginal e formam áreas isoladas de substância cinzenta chamadas núcleos gráceis, quando mediais, ou núcleos cuneiformes, quando laterais, ambos associados aos tratos homólogos que chegam ao bulbo vindos da medula. A área ventral do bulbo contém um par de feixes de fibras chamadas pirâmides, constituídas de fibras corticoespinhais que descem do córtex cerebral em desenvolvimento. A parte rostral do mielencéfalo, que pode também ser chamada de parte “aberta” do bulbo é larga e muito achatada, principalmente quando próximo à flexura pontina, que induz o deslocamento lateral das paredes laterais do bulbo tal como as páginas de um livro aberto. Esta organização também leva a placa do teto a se tornar distendida e muito adelgaçada. Além disso, a cavidade dessa parte do mielencéfalo (a parte do futuro quarto ventrículo) passa a apresentar um formato romboide, ou seja, em forma de diamante. Todo esse deslocamento causa a organização lateral das placas alares em relação às placas basais, levando ao desenvolvimento de núcleos motores em detrimento das estruturas sensitivas. Os neuroblastos das placas basais do bulbo originam, da mesma forma que na medula, neurônios motores. Nessas regiões, os neurônios primordiais formam núcleos (grupos com células nervosas), que por sua vez se organizam em três colunas de cada lado, sendo denominados, em observação medial para lateral: Eferentes somáticos gerais, representados por neurônios do nervo hipoglosso; Eferentes viscerais especiais, exemplificados pelos neurônios que Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO inervam músculos derivados dos arcos faríngeos; Eferentes viscerais gerais, marcados por alguns neurônios dos nervos vago e glossofaríngeo. Os neuroblastos das placas alares dão origem a neurônios que se distribuem em quatro colunas de cada lado, a saber (medial para lateral): Aferentes viscerais gerais, que recebem impulsos oriundos das vísceras; Aferentes viscerais especiais, responsáveis por captar as fibras gustativas; Aferentes somáticos especiais, cujos estímulos são oriundos da orelha. Alguns desses neuroblastos também podem migrar ventralmente, formando os neurônios dos núcleos olivares. METENCÉFALO: As paredes dessa região formam a ponte e o cerebelo, ao passo que a cavidade do metencéfalo forma a parte superior do quarto ventrículo. Do mesmo modo que na parte rostral dessa região, a flexura pontina cria um afastamento das paredes laterais da ponte, espalhando substância cinzenta pelo assoalho desse futuro ventrículo. Assim como no mielencéfalo, os neuroblastos em cada placa basal formam núcleos motores e se organizam em três colunas de cada lado. O cerebelo é oriundo de espessamentos dorsais das placas alares. Inicialmente, os intumescimentos cerebelares projetam-separa o quarto ventrículo, e à medida que essas estruturas crescem e se fundem no plano mediano, elas avançam sobre a metade rostral do quarto ventrículo, sobrepondo-se à ponde e ao bulbo. Alguns neuroblastos da zona intermediária das placas alares migram para a zona marginal, onde se diferenciam em neurônios do córtex cerebelar, enquanto outros dão origem a núcleos centrais, o maior dos quais é o núcleo denteado. Células das placas alares também originam os núcleos pontinos, os núcleos cocleares e vestibulares, e os núcleos sensitivos do nervo trigêmeo. A organização estrutural do cerebelo se dá de forma a refletir seu processo de desenvolvimento, a saber: Arquicerebelo: corresponde ao lóbulo floculondular, é a parte mais antiga do ponto de vista filogenético, estando conectada ao aparelho ventricular; Paleocerebelo: correspondente ao vérmis e ao lobo anterior, apresenta desenvolvimento mais recente e é associado a informações sensitivas vindas dos membros; Meocerebelo: corresponde ao lobo posterior, é o segmento filogenético mais recente, relacionado ao controle seletivo dos movimentos dos membros. As fibras nervosas que ligam os córtices cerebral e cerebelar com a medula espinhal passam pela camada marginal da região Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO ventral do metencéfalo, denominada ponte por causa do espesso feixe de fibras nervosas que cruzam seu plano mediano e formam uma volumosa crista em suas porções anterior e lateral. PLEXO COROIDE E LÍQUIDO CEREBROESPINHAL: O fino teto ependimário do quarto ventrículo está revestido externamente pela pia-máter, derivada do mesênquima associado ao encéfalo posterior. A tela coroide do quarto ventrículo é composta pelo revestimento ependimário e pela pia-máter vascular, que se prolifera rapidamente, permitindo uma invaginação dessa tela para a região ventricular, local onde diferencia-se para formar o plexo coroide. Estruturas semelhantes surgem no teto do terceiro ventrículo e nas paredes mediais dos ventrículos laterais. Os plexos coroides secretam o líquido ventricular, que se tornará líquido cerebroespinhal (LCE) ao receber acréscimos das superfícies do encéfalo e da medula espinhal, assim como da leptomeninge. O fino teto do quarto ventrículo se evagina em três locais, rompendo-se para formar as aberturas mediana e lateral, que também são conhecidas respectivamente como forame de Magendie e forame de Luschka. Esses orifícios permitem a saída do LCE do quarto ventrículo e sua passagem para o espaço subaracnóideo. Os principais locais de absorção desse líquido pelo sistema venoso são as vilosidades aracnoideas, protrusões dessa meninge sobre os seios venosos da dura-máter formadas por uma fina camada de células oriundas do epitélio da aracnoide e das células endoteliais vasculares. ENCÉFALO MÉDIO: O mesencéfalo é a parte do encéfalo que menos sofre transformações durante o desenvolvimento, com exceção da parte mais caudal do encéfalo posterior. O canal neural se estreita, formando o aqueduto cerebral, ducto que liga o terceiro e o quarto ventrículo. Neuroblastos migram das placas alares do encéfalo médio para o tectum (teto) e se agregam para formar quatro grandes grupos de neurônios, os colículos superior e inferior pareados, relacionados aos reflexos visuais e auditivos. Os neurônios primordiais das placas basais podem dar origem a grupos de neurônios do tegumento, como os núcleos vermelhos, núcleos do terceiro e quarto nervos cranianos e núcleos reticulares. Fibras que saem do encéfalo formam os pedúnculos encefálicos (cruzes cerebrais) anteriormente. Essas estruturas tornam-se progressivamente mais proeminentes à medida que mais grupos de fibras descendentes (corticopontino, corticobulbar e corticoespinhal) passam através do encéfalo médio em desenvolvimento em seu trajeto para o tronco encefálico e medula espinhal. A substância negra, uma camada larga de substância cinzenta localizada de forma adjacente aos pedúnculos, pode ter origem tanto nas células da placa basal, quanto na região alar, cujas células migram ventralmente. ENCÉFALO ANTERIOR: Após o fechamento do neuroporo rostral, aparecem duas evaginações laterais no encéfalo anterior, chamadas vesículas ópticas, primórdios das retinas e dos nervos ópticos. Logo em seguida surge um segundo par de divertículos, em posição mais dorsal e rostral, denominadas vesículas telencefálicas, que compõem o primórdio dos hemisférios cerebrais, com suas cavidades tornando-se os ventrículos laterais. Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO A parte anterior/rostral do encéfalo anterior, incluindo os primórdios dos hemisférios cerebrais, constitui o telencéfalo, enquanto a porção posterior/caudal constitui o diencéfalo. As cavidades do telencéfalo e do diencéfalo contribuem para a formação do terceiro ventrículo, embora a contribuição da cavidade do diencéfalo seja maior. DIENCÉFALO: Nas paredes laterais do terceiro ventrículo se formam três intumescências, que posteriormente derivam-se no epitálamo, tálamo e no hipotálamo. O tálamo é separado do epitálamo pelo sulco epitalâmico, e do hipotálamo pelo sulco hipotalâmico. Este último não é uma continuação do sulco limitante do encéfalo anterior e não separa, assim como o sulco limitante, áreas sensitivas e motoras. O tálamo apresenta um rápido desenvolvimento bilateral, fazendo uma saliência na cavidade do terceiro ventrículo, reduzindo-o a uma fenda estreita. A maior parte desses encontros e fusões se dá na linha mediana, formando uma ponte de substância cinzenta que cruza por sobre o terceiro ventrículo, chamada adesão intertalâmica. O hipotálamo surge pela proliferação de neuroblastos na zona intermediária das paredes diencefálicas, ventralmente aos sulcos hipotalâmicos. Mais tarde, desenvolvem-se vários núcleos relacionados com atividades endócrinas e a homeostasia. Um par de núcleos, os corpos mamilares, forma intumescências de tamanho de uma ervilha na superfície ventral do hipotálamo. O epitálamo origina-se do teto e da porção lateral do diencéfalo. As intumescências epitalâmicas inicialmente são grandes, porém tornam-se, com o tempo, relativamente pequenas. A glândula pineal (ou hipotálamo), desenvolve-se como um divertículo mediano da parte caudal do teto do diencéfalo, com a solidificação e o formato cônico final da glândula sendo decorrente da proliferação de células de sua parede. A hipófise é uma glândula de origem ectodérmica que se forma a partir de duas fontes, a saber: Por uma evaginação do teto ectodérmico do estomodeu, formando a bolsa de Rathke ou divertículo hipofisário; Por uma invaginação do neuroectoderma do diencéfalo, o divertículo neurohipofisário. Essa origem embrionária explica por que a hipófise apresenta em sua composição dois tecidos completamente diferentes (a adenoipófise e a neuro-hipófise. Por volta da terceira semana de gravidez, o divertículo hipofisário projeta-se do teto do estomodeu, tornando-o contíguo ao assoalho (parte ventral) do diencéfalo. Na quinta semana, essa bolsa já se alongou e sofreu uma constrição em seu ponto de ligação ao epitélio oral, conferindo à estrutura uma aparência similar à de um mamilo. Nesse ponto, a bolsa passa a ter contato com o infundíbulo, uma invaginação ventral do diencéfalo. O pedículo do divertículo hipofisário regride. Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO As porções hipofisárias derivadas da boca primitiva (partes anterior, intermediária e tuberal) formam a adenoipófise, ao passo que a invaginação diencefálicas forma a neuro-hipófise. O pedículo do divertículo hipofisário passa entre os centros de formação das cartilagensdos ossos pré- esfenoide e basiesfenoide do crânio, delimitando sua posição, mantida até a fase adulta. Por fim, a conexão da bolsa de Rathke com a cavidade oral se degenera e desaparece, já na sexta semana gestacional. As células da parede anterior do divertículo hipofisário proliferam-se, dando origem à parte distal da hipófise. Posteriormente, uma extensão, a parte tuberal, cresce ao redor da haste infundibular. Com essa extensa atividade de replicação, a luz diverticular é reduzida a uma fenda estreita, que geralmente não é reconhecida na glândula de um adulto, mas que pode ser representada por uma zona de cistos. As células da parede posterior, por sua vez, não se proliferam, compondo a delgada parte intermediária. A parte da hipófise que deriva do neuroectoderma do encéfalo é a neuro- hipófise. O infundíbulo dá origem à eminência média, à base infundibular e à parte nervosa. Inicialmente, suas paredes são delgadas, mas a extremidade distal do infundíbulo se torna maciça pela proliferação de células neuroepiteliais, que se diferenciam posteriormente em pituícitos, células primárias do lobo posterior da hipófise, que se relacionam intimamente com as células neurogliais. Algumas fibras nervosas permeiam a neurohipófise vindas da região hipotalâmica, à qual a haste do infundíbulo está ligada. TELENCÉFALO: O telencéfalo é composto por uma parte mediana e dois divertículos laterais, as vesículas cerebrais, primórdios dos hemisférios cerebrais. A cavidade da porção mediana do telencéfalo forma a extremidade anterior do terceiro ventrículo. Inicialmente, os hemisférios cerebrais encontram-se em ampla comunicação com essa cavidade através dos forames interventriculares. Ao longo de uma linha, a fissura coroide, parte da parede medial dos hemisférios em formação torna-se bastante delgada. Inicialmente, essa porção fina do epêndima fica no teto do hemisfério, sendo contínua ao teto do terceiro ventrículo. Posteriormente o plexo coroide do ventrículo lateral forma-se nessa região. À medida que os hemisférios cerebrais se expandem, eles passam a cobrir, de forma sucessiva, o diencéfalo, o encéfalo médio e o encéfalo posterior. O encontro dessas metades ocorre na linha média, achatando suas superfícies mediais. O mesênquima preso na fissura longitudinal entre eles cria a foice cerebral ou falx cerebri, uma prega mediana da dura-máter. Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO O corpo estriado aparece durante a sexta semana do desenvolvimento embrionário como uma saliência proeminente no assoalho de cada hemisfério cerebral, ditando um crescimento mais lento dessa estrutura quando comparada às paredes corticais delgadas adjacentes. Por esse motivo, os hemisférios cerebrais assumem forma de “C”. O processo de crescimento e curvatura dos hemisférios cerebrais também afeta a forma dos ventrículos laterais, tomando a mesma forma aproximada de um “C”, preenchidas por LCE. A extremidade caudal de cada hemisfério gira ventral e rostralmente, formando o lobo temporal, carregando consigo o ventrículo (formando o corno temporal) e a fissura coroide. Nesse local, a parede delgada medial do hemisfério se invagina ao longo da fissura coroide pela pia- máter vascular, criando o plexo coroide do corno temporal. Com a diferenciação do córtex cerebral, fibras que chegam e saem permeiam o corpo estriado, causando sua divisão em núcleo caudado e lentiforme. Essa via fibrosa, chamada de cápsula interna, toma a forma de “C” quando o hemisfério assume essa organização. O núcleo caudado alonga-se, tomando o contorno do ventrículo lateral. Sua cabeça piriforme e o corpo alongado ficam no assoalho do corno frontal e no corpo do ventrículo lateral, enquanto sua cauda faz uma volta em U para alcançar o teto do corno temporal, ou inferior. COMISSURAS CEREBRAIS: Com o desenvolvimento do córtex cerebral, as comissuras, grupos de fibras nervosas, conectam áreas correspondentes entre os hemisférios. A mais importante dessas estruturas se cruza na lâmina terminal, a extremidade rostral do encéfalo anterior. Essa lâmina se estende do teto do diencéfalo para o quiasma óptico (cruzamento de fibras do nervo óptico), representando a via natural de um hemisfério para o outro. As primeiras comissuras a se formarem são a comissura anterior e a comissura do hipocampo, pequenos feixes de fibras que unem partes do cérebro com origens mais antigas. A comissura anterior conecta o bulbo olfatório e áreas relacionadas de um Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO hemisfério com as do lado oposto, ao passo que a comissura do hipocampo conecta as formações dessas estruturas. A maior das comissuras cerebrais é o corpo caloso, que une regiões neocorticais. Inicialmente, essa estrutura está situada na lâmina terminal, mas o crescimento cortical causa a adição de mais fibras, permitindo a extensão gradual para além dessa região. O restante dessa lâmina fica entre o corpo caloso e o fórnice, se distendendo para formar uma placa fina de tecido cerebral, o septo pelúcido. As paredes dos hemisférios cerebrais em desenvolvimento mostram, em suas primeiras fases de desenvolvimento, as três zonas típicas do tubo neural (zonas ventricular, intermediária e marginal), porem com a progressão de sua formação surge uma quarta camada, denominada zona subventricular. Células da zona intermediária migram para zona marginal e dão origem às camadas corticais. Desse modo, a substância cinzenta localiza-se na periferia, e os axônios vindos de seus corpos celulares caminham centralmente para formar o grande volume de substância branca, compondo o chamado centro medular. A superfície dos hemisférios é lisa, porém, à medida que o crescimento se mantém, giros (estruturas tortuosas) e sulcos (depressões entre giros) se formam, favorecendo o aumento de superfície cortical sem que seja necessário um crescimento exacerbado do crânio. Com o crescimento de cada hemisfério cerebral, o córtex que recobre a superfície externa do corpo estriado cresce de modo mais lento e logo fica encoberto, dando origem à ínsula, escondida profundamente no sulco lateral do hemisfério. Fotografia de um cérebro de um feto natimorto com 25 semanas O SISTEMA NERVOSO CENTRAL E SUAS BARREIRAS DE PROTEÇÃO: Graças às importantes funções desempenhadas pelo sistema nervoso central para o adequado funcionamento do organismo, é necessária a presença de diversas estruturas capazes de fornecer proteção contra choques mecânicos e contra a passagem de drogas e microrganismos para a circulação encefálica. ESTRUTURAS ÓSSEAS: CRÂNIO: O crânio é o esqueleto da cabeça, se dividindo em duas porções principais, o neurocrânio e o viscerocrânio. O neurocrânio forma a caixa que reveste o encéfalo e as meninges cranianas, contemplando também as partes proximais dos nervos cranianos e a vasculatura local. Em adultos, essa estrutura é formada por oito ossos, quatro ímpares centralizados na linha medial (osso frontal, etmoide, esfenoide e occipital) e dois pares de ossos bilaterais (temporal e parietal). Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO Esse segmento apresenta um teto em formato de cúpula, denominado calvária, e um assoalho, que pode também ser chamado de base do crânio. Os ossos que compõem a calvária são basicamente planos (frontal, temporal e parietal), e são formados por ossificação intramembranácea do mesênquima cefálico a partir da crista neural, processo responsável por seu aspecto poroso. As estruturas que compõem a base do crânio, por sua vez, são irregulares e têm grandes placas planas (osso esfenoide e temporal), sendo compostos pela ossificação endocondral dacartilagem ou por tipos múltiplos de ossificação. É importante ressaltar que os ossos ditos planos apresentam faces externas convexas externas e côncavas internas, abrigando o formato do encéfalo. A maioria dos ossos da calvária é unida por suturas entrelaçadas fibrosas, entretanto, durante a infância, alguns ossos (esfenoide e occipital) são unidos por cartilagem hialina (sincondroses). A medula espinal mantém a continuidade com o encéfalo através do forame magno, uma grande abertura na base do osso occipital, na base do crânio. O viscerocrânio, conhecido também como esqueleto facial, compreende os ossos que se desenvolvem principalmente no mesênquima dos arcos faríngeos embrionários, formando as estruturas que circundam a boca (maxilar e mandíbula), as cavidades nasais e a maior parte das órbitas. A formação desse conjunto consiste em 15 ossos irregulares, sendo três ossos ímpares centralizados na linha mediana (mandíbula, etmoide e osso vômer), e seis ossos pares bilaterais (maxila, conchas nasais inferiores, zigomáticos, lâminas doo osso palatino, ossos nasais e lacrimais). No momento do nascimento, os ossos da calvária são lisos e unilaminares, não há díploe (camada esponjosa entre as camadas interna e externa do osso). As eminências frontal e parietal são bastante proeminentes. O crânio de um recém-nascido é desproporcionalmente grande em comparação com as outras partes do esqueleto, mas a face é pequena em comparação com a calvária, e corresponde a cerca de um oitavo do crânio. No adulto, o esqueleto da face representa um terço do crânio. O grande tamanho da calvária em lactentes resulta do crescimento e desenvolvimento precoces do encéfalo e dos olhos. As metades do osso frontal num recém- nascido são separadas pela sutura frontal; o frontal e o parietal são separados pela sutura coronal, e as maxilas e metades mandibulares são separadas pela sutura intermaxilar e sínfise mandibular (articulação cartilagínea secundária), respectivamente. Todos esses espaços são unidos por membranas fibrosas, sendo as maiores situadas nos ângulos dos ossos planos, incluindo os fontículos anterior e posterior e os pares anterolaterais e posterolaterais. A consistência mole dos ossos cranianos nos fetos e suas frouxas conexões nas suturas e fontículos permitem que o crânio seja Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO moldado durante o parto, com alongamento do osso occipital, leve sobreposição entre os ossos parietais e planificação do osso frontal, retornando ao formato inicial após alguns dias do nascimento. Essa resiliência é fundamental para garantir resistência a forças capazes de fraturar os ossos de um adulto. As suturas fibrosas da calvária também permitem o aumento do crânio durante a infância. O aumento do tamanho da calvária é mais acentuado durante os primeiros dois anos, o período de desenvolvimento mais rápido do encéfalo. A capacidade da calvária normalmente aumenta durante 15 a 16 anos. Depois disso, geralmente o tamanho aumenta pouco ao longo de 3 a 4 anos em virtude do espessamento ósseo. COLUNA VERTEBRAL: A coluna vertebral é uma estrutura agregada, normalmente composta por 33 vértebras e os ligamentos que as unem para formar uma unidade funcional e estrutural, o “eixo” do esqueleto axial. Como proporciona um núcleo central semirrígido em torno do qual ocorrem os movimentos do tronco, minimizando a chance de torções em estruturas moles ou ocas que percorrem esse trajeto longitudinal. O tamanho e as características estruturais de uma vértebra variam conforme a região da coluna na qual ela está inserida, porém os componentes básicos são iguais, constituídos por um corpo vertebral, um arco e sete processos. O corpo vertebral é a parte anterior do osso, de maiores proporções, com forma aproximadamente cilíndrica, que confere resistência à coluna vertebral e sustenta o peso do corpo. O tamanho dos corpos vertebrais aumenta em sentido caudal, principalmente de T4 para baixo, pois há maior necessidade de suporte de peso. A composição por osso trabecular (esponjoso) justifica a presença de medula óssea com alta atividade hematopoiética nessa região, pois essa estrutura é permeada por diversos vasos que se cruzam entre si. O arco vertebral está situado posteriormente ao corpo vertebral e consiste em dois pedículos e lâminas (direitos e esquerdos). Os pedículos são processos cilíndricos sólidos e curtos que se projetam do corpo vertebral para encontrar duas placas de osso largas e planas, denominadas lâminas, que se unem na linha mediana posterior. O arco vertebral e a face posterior do corpo vertebral formam as paredes do forame vertebral. A sucessão de forames vertebrais na coluna articulada forma o canal vertebral, que contém a medula espinal e as raízes dos nervos espinais, juntamente com as meninges, a gordura e os vasos que circundam e irrigam essas regiões. Os processos presentes nas vértebras são oriundos dos arcos vertebrais, dispostos da seguinte forma: Processo espinhoso: mediano, projeta-se posterior e inferiormente, sobrepondo-se Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO à vértebra inferior. É originado a partir da junção das lâminas; Processos transversos: são duas estruturas que se projetam posterolateralmente a partir das junções dos pedículos e lâminas; Processos articulares: são quatro por vértebra, com um par superior e outro inferior, cada um apresentando uma face articular. Também se originam das junções dos pedículos e das lâminas. O sacro e o cóccix são estruturas localizadas na porção terminal da coluna vertebral, sendo o primeiro formado, em adultos, pela fusão de cinco vértebras, e o segundo, composto pela união de quatro vértebras coccígeas rudimentares. O canal sacral é a continuação do canal vertebral no sacro, contendo o feixe de raízes dos nervos espinais originadas abaixo da vértebra L1, conhecido como cauda equina, que desce após o término da medula espinal. Nas faces pélvica e dorsal do sacro, entre seus constituintes vertebrais, há normalmente quatro pares de forames sacrais para a saída dos ramos posteriores e anteriores dos nervos espinais. O cóccix não participa com as outras vértebras na sustentação do peso do corpo na posição ortostática, entretanto, na posição sentada, ele pode sofrer flexão anterior, indicando que está recebendo algum peso. MENINGES: MENINGES CRANIANAS: As meninges cranianas são membranas de revestimento que recobrem o encéfalo de modo a conferir-lhe proteção, a compor uma estrutura de sustentação de artérias, veias e seios venosos relacionados à dinâmica encefálica e, por fim, a delimitar uma cavidade repleta de líquido, o espaço subaracnóideo, fundamental para o funcionamento regular encefálico. Três são as camadas de tecido conjuntivo fibroso que formam essas membranas: Dura-máter: camada externa, espessa e resistente; Aracnoide-máter: camada fina intermediária; Pia-máter: camada interna delicada e vascularizada. As camadas mais internas são membranas contínuas que, juntas, formam a leptomeninge, porém encontram-se separadas elo já citado espaço subaracnóideo, responsável por manter o equilíbrio do líquido extracelular circulante no encéfalo. O líquido cerebroespinhal (conhecido também como líquido cefalorraquidiano) é uma substância transparente que tem constituição semelhante à do plasma sanguíneo, sendo capaz de prover nutrientes, mas contando com menor concentração de proteínas e íons. A produção do LCE se dá no plexo coroide do terceiro e quarto ventrículos. A dura-máter, uma membrana bilaminar, densa e espessa também é denominada paquimeninge, aderida à lâmina interna da calvária.As duas camadas da dura-máter craniana são uma camada periosteal externa, formada pelo periósteo que cobre a face interna dos ossos do “teto” craniano, e uma camada meníngea interna, membrana fibrosa forte e contínua no forame magno Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO com a parte espinal da dura-máter que reveste a medula espinal. A camada periosteal externa da dura-máter se adere à face interna do crânio, tendo fixação resistente ao longo das linhas de sutura e das reentrâncias presentes em sua base, sendo contínua, nos forames cranianos, com o periósteo da porção externa da calvária. Não há uma conexão entre essa estrutura e a dura-máter espinhal, que possui somente uma membrana. Exceto nos locais em que há seios durais e invaginações, a camada meníngea interna está intimamente fundida à camada periosteal, sendo impossível sua separação, porem esse conjunto pode ser facilmente arrancado dos ossos cranianos. Na base do crânio, as duas camadas da dura-máter estão firmemente fixadas e é difícil separá- las dos ossos. Em vida, essa separação na interface dural-craniana só ocorre em caso de doença, criando um espaço extradural real, que se enche de sangue ou de líquido. A porção meníngea da dura-máter faz invaginações que dividem a cavidade do crânio em compartimentos, delimitando os septos durais que segmentam parcialmente algumas partes do encéfalo e oferecendo suportes para outras regiões. Essas reflexões incluem: Foice do cérebro; Tentório do cerebelo; Foice do cerebelo; Diafragma da sela. A foice do cérebro, a maior invaginação da dura-máter, está situada na fissura longitudinal do cérebro, que separa os hemisférios direito e esquerdo. Essa estrutura se fixa no plano mediano à face interna da calvária, a partir da crista frontal do frontal e crista etmoidal do etmoide anteriormente até a protuberância occipital interna posteriormente. O tentório do cerebelo, segunda maior invaginação da dura-máter, é um septo largo, em formato de meia-lua, que separa os lobos occipitais dos hemisférios cerebrais do cerebelo. Sua fixação se dá na parte rostral aos processos clinoides do esfenoide, na parte rostrolateral à parte petrosa do temporal, e na parte posterolateral à face interna do occipital e parte do parietal. A foice do cérebro fixa-se ao tentório do cerebelo e o mantém elevado, conferindo aparência semelhante à de uma tenda, justificando sua denominação. O tentório do cerebelo divide a cavidade do crânio em compartimentos supratentorial e infratentorial. O compartimento supratentorial é dividido em metades direita e esquerda pela foice do cérebro. A foice do cerebelo é uma invaginação vertical da dura-máter situada inferiormente ao tentório do cerebelo na parte posterior da fossa posterior do crânio. Está fixada à crista occipital interna e separa parcialmente os hemisférios do cerebelo. Por fim, o diafragma da sela, a menor invaginação da dura-máter, é uma lâmina circular que fica suspensa entre os processos clinoides, formando um teto parcial sobre a fossa hipofisial no esfenoide. O diafragma da sela cobre a hipófise nessa Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO fossa e tem uma abertura para a passagem do infundíbulo e das veias hipofisiais. A dura-máter apresenta diversos seios venosos, espaços revestidos por endotélio presentes entre as camadas periosteal e meníngea dessa membrana, recebendo o sangue drenado de diversas veias da superfície cerebral. Dessas estruturas, é válido destacar as granulações aracnóideas, conjuntos de vilosidades da segunda camada meníngea que se projetam através da lâmina interna, permitindo a reintrodução do LCE no sistema venoso. A aracnoide-máter e a pia-máter desenvolvem-se a partir de uma única camada de mesênquima que circunda o encéfalo embrionário e forma as partes parietal e visceral da leptomeninge. A derivação da aracnoide-pia de uma única camada embrionária é indicada no adulto pelas numerosas trabéculas aracnóideas, semelhantes a teias, que passam entre a aracnoide-máter e a pia-máter e que conferem à aracnoide seu nome. As trabéculas são formadas por fibroblastos achatados, de formato irregular, que formam pontes no espaço subaracnóideo. A aracnoide-máter e a pia-máter são contínuas na parte imediatamente proximal à saída de cada nervo craniano da dura-máter. A aracnoide craniana contém fibroblastos, fibras de colágeno e algumas fibras elásticas. A aracnoide-máter avascular, embora esteja intimamente aplicada à lâmina meníngea da dura-máter, não está fixada à dura, sendo mantida contra a membrana meníngea pela pressão do LCS no espaço subaracnóideo. A pia-máter craniana é uma membrana ainda mais fina do que a aracnoide, muito vascularizada por uma rede de finos vasos sanguíneos. É difícil vê-la, mas ela confere uma aparência brilhante à superfície do encéfalo. A pia adere ao tecido encefálico e segue todos os seus contornos. Quando as artérias cerebrais penetram no córtex cerebral, a pia-máter as segue por uma curta distância, formando um revestimento pial e um espaço periarterial. ESPAÇOS MENÍNGEOS: Dos três “espaços” meníngeos comumente citados em relação às meninges cranianas, apenas um existe de forma fisiológica. A interface dura-máter-cérebro, conhecida também como espaço extradural ou epidural, não é um espaço natural entre osso e meninge, sendo formado somente na presença de afecções (ex.: o sangue oriundo da ruptura de vasos afasta o periósteo do crânio). O espaço extradural cranial patológico não é contínuo com o espaço extradural espinal, uma brecha natural ocupada por gordura peridural e um plexo venoso, porque o primeiro situa-se externamente ao periósteo que reveste o crânio, e o segundo localiza-se internamente ao periósteo que reveste as vértebras; A junção da dura com a aracnoide-máter, chamada de espaço subdural, também Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO não é natural, surgindo em virtude de traumas na região da cabeça; O espaço subaracnóideo, localizado entre a aracnoide e a pia-máter pode ser considerado uma cavidade real, preenchida por LCE, células trabeculares, artérias e veias. MENINGES ESPINAIS: As meninges espinhais apresentam três membranas de denominação homóloga àquelas presentes no crânio, sendo responsáveis por circundar, sustentar e proteger a medula e as raízes nervosas espinhais que dela emergem, inclusive a cauda equina, além de conter o líquido cerebroespinhal. A parte espinal da dura-máter, formada principalmente por tecido fibroso resistente com algumas fibras elásticas, é a membrana de revestimento mais externa da medula espinal. Essa estrutura é separada do osso coberto por periósteo e dos ligamentos que formam as paredes do canal vertebral pelo espaço extradural (epidural), ocupado pelo plexo venoso vertebral interno incrustado em matriz adiposa (gordura extradural). O espaço extradural segue por toda a extensão do canal vertebral, terminando superiormente no forame magno e lateralmente nos forames intervertebrais, quando a dura-máter adere ao periósteo que circunda cada abertura, e inferiormente, quando o hiato sacral é fechado pelo ligamento sacrococcígeo. Essa membrana forma o saco dural espinal, uma longa bainha tubular dentro do canal vertebral que se adere à margem do forame magno do crânio, onde é contínuo com a parte encefálica da dura-máter. O saco está fixado inferiormente ao cóccix pelo filamento terminal. O saco dural espinal é evaginado por cada par de raízes posteriores e anteriores que se estendem lateralmente em direção à sua saída do canal vertebral. Assim, extensões laterais afiladas da dura- máter espinal circundam cada par de raízesnervosas posteriores e anteriores como bainhas durais da raiz. Distalmente aos gânglios sensitivos de nervos espinais, essas bainhas fundem-se ao epineuro (tecido conectivo externo que reveste os nervos espinais) que adere ao periósteo que reveste os forames intervertebrais. A parte espinal da aracnoide-máter é uma membrana avascular delicada, formada por tecido fibroso e elástico que reveste o saco dural espinal e as bainhas durais da raiz. Envolve o espaço subaracnóideo preenchido por LCE, que contém a medula espinal, raízes dos nervos espinais e gânglios sensitivos de nervos espinais. Essa estrutura não é fixa à dura, porém mantém-se contra sua face interna pela pressão exercida pelo líquido cerebroespinhal. Tal organização torna evidente a inexistência de um espaço subdural fisiológico nessa região, que pode ser mais bem explicado como uma camada esparsa de células. A parte espinal da aracnoide-máter é separada da pia-máter na superfície da medula espinal pelo espaço subaracnóideo, que contém LCE. Filamentos delicados de tecido conectivo, as trabéculas aracnóideas, transpõem o espaço subaracnóideo unindo a aracnoide-máter e a pia-máter. Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO A parte espinal da pia-máter, membrana mais interna de revestimento da medula, é fina e transparente, e acompanha todos os acidentes anatômicos da medula espinal, cobrindo raízes nervosas e vãos. Abaixo do cone medular, essa estrutura se propaga como filamento terminal. A medula espinal fica suspensa no saco dural pelo filamento terminal e pelos ligamentos denticulados, que acompanham bilateralmente o trajeto medular. Esse ligamento consiste em uma lâmina fibrosa de pia-máter que se estende a meio caminho entre as raízes nervosas posteriores e anteriores, a partir das faces laterais da medula espinal. Os 20 a 22 prolongamentos serrilhados fixam-se à face interna do saco dural revestido por aracnoide-máter. O prolongamento superior dos ligamentos denticulados direito e esquerdo fixa-se à parte encefálica da dura-máter imediatamente acima do forame magno, e o processo inferior estende-se a partir do cone medular, passando entre as raízes dos nervos T12 e L1. O espaço subaracnóideo está localizado entre a aracnoide e a pia-máter, preenchido por líquido cerebroespinhal. O aumento do espaço subaracnóideo no saco dural, caudalmente ao cone medular e a cauda equina, é a cisterna lombar, que estende-se da vértebra L2 até o segundo segmento do sacro. As bainhas durais da raiz, que revestem as raízes dos nervos espinais em extensões do espaço subaracnóideo, protraem-se das laterais dessa cisterna. LÍQUIDO CEREBROESPINHAL (CEFALORRAQUIDIANO): O líquido cefalorraquidiano é secretado nos ventrículos cerebrais pelo plexo coroide, uma rede de capilares cercada por epitélio cúbico ou colunar. O LCE flui da estrutura ventricular lateral pelo forame de Monro em direção ao interior do terceiro ventrículo. Desse ponto, passa para o quarto ventrículo por meio do aqueduto de Sylvius e então, através dos forames de Magendie e Luschka, para o espaço subaracnóideo. Dentro desse espaço, o líquido cerebroespinhal flui para baixo em direção ao canal medular espinal e também para cima, em volta da convexidade do encéfalo. Essa última porção estende-se para dentro dos sulcos e profundidades do córtex cerebral em extensões do espaço subaracnóideo ao longo de vasos sanguíneos, regiões chamadas de espaços de Virchow-Robin. Nessas regiões, solutos pequenos se difundem livremente entre o LCE e o líquido intersticial, atravessando o revestimento ependimário do sistema ventricular, o que favorece o movimento de reciclagem de metabólitos encontrados em áreas profundas. Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO O volume total de líquido cefalorraquidiano é de aproximadamente 140 ml, com a maior parte presente no espaço subaracnóideo e nas cisternas encefálicas. O LCE é absorvido por vilosidades e granulações aracnoides, grupos de vilosidades que formam herniações visíveis na membrana aracnoide que está em contato com a dura-máter, levando o líquido para dentro da luz dos seios sagitais superiores e outras estruturas venosas. As granulações atuam em certo grau como válvulas, que permitem a passagem de líquido somente em direção ao sistema vascular, por meio do fluxo de massa, que permite a passagem de solvente e solutos dos mais variados tamanhos. A taxa de formação do LCE em adultos é de aproximadamente 500ml por dia, permitindo quatro trocas diárias do volume circulante. O líquido cefalorraquidiano comunica-se com o líquido intersticial do SNC, ajudando a manter constante o ambiente de neurônios e células da glia. O fluxo unidirecional de líquido é a principal rota de eliminação de compostos metabolizados potencialmente nocivos. Além dessa ação carreadora, o LCE também age como uma almofada contra impactos mecânicos da calvária óssea durante a movimentação da cabeça, permitindo que o encéfalo flutue (seu peso relativo passa de 1400g para 50g). Os plexos coroides são bastante similares estruturalmente aos túbulos coletores distais do rim, que utilizam filtração capilar e mecanismos epiteliais de secreção para manter a estabilidade química do ultrafiltrado. Os capilares que atravessam esses plexos são permeáveis livremente aos solutos do plasma, mas existe uma barreira epitelial entre as células endoteliais. Os transportes que ocorrem nessa região são bidirecionais, permitindo de forma simultânea a manutenção da produção de LCE e a perpetuação do processo de depuração metabólica para fora do sistema nervoso. Em condições normais, o LCE e o líquido extracelular do sistema nervoso central estão num estado estacionário. As concentrações de potássio, cálcio, bicarbonato e glicose são mais baixas que as encontradas no plasma sanguíneo, com um pH levemente mais ácido, diferenças resultantes do processo de regulação dos constituintes por transporte ativo. A osmolaridade dessas duas substâncias é idêntica em situações normais, uma vez que a água segue em direção a maior concentração de solutos. É válido ressaltar que a produção do líquido cefalorraquidiano se inicia antes mesmo do encéfalo se tornar bem vascularizado, situação que pode ser associada a várias funções, como a organização laminar e tridimensional da massa encefálica por meio de seus efeitos hidrodinâmicos e a passagem de nutrientes ao tecido Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO parcialmente vascularizado. Inicialmente, essa transferência hemoliquórica ocorre de forma transcelular pouco específica, que vai se tornando mais seletiva à medida que as células epiteliais do plexo coroide se diferenciam, formando a barreira hemoliquórica adulta. PUNÇÃO DE LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO: A análise do líquor pode ser realizada para avaliar a pressão intracraniana, no diagnóstico de condições como infecções meníngeas, hemorragia subaracnóidea malignidade primária ou metastática e doenças desmielinizantes, sendo efetuadas por três vias clássicas, suboccipital, ventricular e lombar, essa última mais utilizada. O paciente é colocado em decúbito lateral, geralmente esquerdo, sendo solicitado a ele que abrace os joelhos e se curve o máximo possível, permitindo uma maior separação entre as vértebras. Após a antissepsia da pele ao redor do sítio de punção, uma agulha própria com um estilete é inserida entre as vértebras L4 e L5, sendo voltada rostralmente em direção ao umbigo do indivíduo. Como a medula vertebral termina ao nível de L1, não há risco de lesões por parte desse exame. A entrada adequada do mandril é acompanhada por um estalo perceptível (rompimento do ligamento amarelo) e pela eliminaçãodo LCE. Em condições normais, o líquor é constituído por pequenas concentrações de proteína, glicose, lactato, enzimas, potássio, magnésio e concentrações relativamente elevadas de cloreto de sódio. Além disso, apresenta composição celular de até cinco células por milímetro cúbico, possui aspecto de “água de rocha”, é límpido e incolor. Em condições patológicas, o LCE pode apresentar turbidez devido ao aumento do número de células (> 400 células/mm3) ou à proliferação de bactérias ou fungos. Quanto à cor, o liquido cerebroespinhal pode ser classificado como xantocrômico ou eritrocrômico. A xantocromia indica coloração amarelada decorrente da presença de bilirrubina plasmática, que pode ser resultado de uma hemorragia subaracnóidea ou da transudação de proteínas do soro para o líquor ou presença de bilirrubina na icterícia. Já a eritrocromia indica coloração avermelhada decorrente da hemólise das hemácias, que pode ser causada por um acidente de punção (que se resolve espontaneamente ao longo da coleta) ou uma hemorragia subaracnóidea. Na análise bioquímica do líquor são avaliados os seguintes fatores: Glicose: é usada para diferenciar meningite bacteriana de viral e verificar a eficácia de seu tratamento. A hipoglicorraquia no LCE é causada principalmente por alterações nos mecanismos de transporte de glicose e por sua grande utilização por parte das células encefálicas. A análise desse componente é realizada de forma comparativa com o soro sanguíneo, que deve ser coletado num intervalo inferior a quatro horas após a punção. A proporção LCR;glicose sanguínea é de aproximadamente 0,6 e o valor geral desse composto no líquor é inferior a 50 mg/dl; Proteínas: são analisadas principalmente para detectar doenças do SNC associadas com o aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica ou à produção intratecal de imunoglobulina. Os componentes mais comuns são a albumina (em grandes quantidades) e as globulinas. O aumento dos níveis de proteína (>45 mg/dL) pode estar associado a hemorragias intracranianas, esclerose múltipla, Guillain-Barré, malignidades, algumas anormalidades Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO endócrinas, uso de alguns medicamentos e uma variedade de condições inflamatórias, ao passo que sua redução indica perda de fluido pelo sistema nervoso; Lactato: o lactato presente no LCE não se relaciona com os níveis plasmáticos, mas sim com a sua produção intratecal, apresentando relação inversamente proporcional aos níveis de glicose. A produção de níveis aumentados de lactato ocorre devido a uma destruição do tecido dentro do SNC, causado pela privação de oxigênio. Por isso, a elevação de lactato no LCE não se limita à meningite e pode ser resultante de qualquer quadro clínico que reduza o fluxo de oxigênio para os tecidos; Lactato desidrogenase: é útil na diferenciação de uma punção traumática de uma hemorragia intracraniana, já que, em uma punção traumática com hemácias não hemolisadas, não há um aumento significante dessa enzima; Adenosina deaminase: essa enzima está presente em diversos tecidos, atuando no metabolismo das purinas, onde ela degrada a adenosina produzindo inosina. Sua ação fisiológica básica é a proliferação, maturação e funcionamento de células linfoides. Sua atividade aumenta em pacientes com deficiência na imunidade celular. A análise citológica do líquido cefalorraquidiano conta com a avaliação de leucócitos e hemácias, sendo que a contagem dos primeiros representa o método mais sensível para caracterizar uma doença inflamatória do SNC. Além de mensurar valores globais, é importante avaliar os tipos de células presentes, permitindo assim a criação de uma condita terapêutica melhor direcionada. Em um LCE de um adulto normal, há uma predominância de linfócitos (60%-70%), seguido de monócitos (30%-50%), e, em menor quantidade, de neutrófilos (1%-3%). Em crianças, por sua vez, há uma maior proporção de monócitos, compondo até 80% da concentração celular do líquor normal. O liquido cerebroespinhal normalmente não apresenta hemácias, sendo sua presença frequentemente associada ao resultado de uma punção traumática. Se presente em grandes quantidades (com exceção da punção traumática), é provável que haja um processo patológico. Para diferenciar erros na realização do exame de um quadro hemorrágico real, podem ser empregadas três técnicas, a saber: Prova dos três tubos: em casos de hemorragia, a distribuição de glóbulos vermelhos será uniforme em todo o líquor, ao passo que punções traumáticas irão ter sua concentração sanguínea reduzida com a troca de tubos. Não é muito confiável em casos de presença exacerbada de hemácias; Formação de coágulo: ocorre em casos de punção traumática devido à presença de fibrinogênio plasmático, enquanto LCE hemorrágicos não apresentam concentrações suficientes desse fator; Xantocromia após sedimentação: um LCE amarelado, róseo ou laranja indica a presença de hemácias lisadas, sendo o resultado de sangue presente há mais de duas horas no LCE, associado a quadros hemorrágicos. BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA: A CIRCULAÇÃO ENCEFÁLICA: O encéfalo é altamente vulnerável a alterações em seu suprimento sanguíneo, Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO que deve fornecer oxigênio, glicose e demais nutrientes, enquanto remove dióxido de carbono, ácido lático e outros metabólitos. A vasculatura encefálica apresenta características anatômicas e fisiológicas especiais de modo a proteger da melhor forma essa região tão importante. Cada hemisfério cerebral é suprido por uma artéria carótida interna, que surge da artéria carótida comum, entrando no crânio por meio do forame carotídeo, onde atravessa o seio cavernoso (local onde origina a artéria oftálmica), penetra a dura-máter e, por fim, divide-se em artérias cerebrais anterior e média. Os grandes ramos superficiais da artéria cerebral anterior suprem o córtex e a substância branca do loco frontal inferior, a superfície medial dos lobos frontal e parietal e a porção anterior do corpo caloso. Ramos perfurantes menores suprem áreas profundas do cérebro e diencéfalo, como as estruturas límbicas, a cabeça do caudado e o braço anterior da cápsula interna. A artéria cerebral média, por sua vez, tem seus grandes ramos superficiais suprindo a maior parte do córtex e da substância branca da porção convexa do hemisfério, incluindo os lobos frontal, parietal, temporal, occipital, e a ínsula. Ramos perfurantes menores, denominados artérias lenticuloestriadas, suprem a porção profunda da substância branca e estruturas diencefálicas, como o braço posterior da cápsula interna, o putame (parte do corpo estriado dorsal), a porção externa do globo pálido (um dos núcleos de base, responsável pela aquisição do aprendizado) e o corpo do caudado. Após emergir do seio cavernoso, a artéria carótida interna ainda dá origem à artéria carótida anterior, responsável por irrigar a porção anterior do hipocampo e, em nível caudal, o braço posterior da cápsula interna. As artérias vertebrais direita e esquerda são derivadas das artérias subclávias, e adentram o crânio pelo forame Magno. Cada um desses vasos forma uma artéria espinal anterior e uma artéria cerebelar inferior posterior (ACIP). As artérias vertebrais se juntam no nível da junção bulbopontina para criar a artéria basilar, que origina a artéria cerebelar inferior anterior (ACIA) e a artéria auditiva interna ao nível da ponte, e, quando próximas ao mesencéfalo, a artéria cerebelar superior. Após todas essas ramificações, a artéria basilar se divide em duas artérias cerebrais posteriores, que suprem a parte inferior do lobotemporal, a parte medial do lobo occipital e a parte posterior do corpo caloso. Os ramos perfurantes desses vasos (artérias talamoperfurantes e talamogeniculadas) irrigam componentes do diencéfalo, como o tálamo e o núcleo subtalâmico, além de porções do mesencéfalo. Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO Anastomoses entre esses vasos são responsáveis por proteger o encéfalo quando parte do fluxo sanguíneo é bloqueado. No polígono de Willis, que fornece suprimento de sangue que se sobrepõe, as duas artérias cerebrais anteriores são conectadas pela artéria comunicante anterior, e as artérias cerebrais posteriores se ligam às artérias carótidas internas por intermédio das artérias comunicantes posteriores. Outros pontos de interação importantes incluem contatos entre a artéria oftálmica e ramos carotídeos externos por meio da órbita, e conexões na superfície do cérebro entre os ramos das artérias cerebrais anterior, média e posterior, que compartilham conas limítrofes vasculares (denominadas watersheds). Os casos perfurantes pequenos que surgem do polígono de Willis e as artérias maiores proximais tendem a não realizar anastomoses, fazendo com que as zonas irrigadas por eles sejam conhecidas como zonas finais, sem outro percurso vascular colateral. Mesmo que o encéfalo corresponda a somente 2% da massa corporal total, ele recebe cerca de 15% do débito cardíaco e consome quase 20% do oxigênio utilizado em todo o organismo, o que reflete uma alta taxa metabólica nessa estrutura. O fluxo sanguíneo total para o encéfalo é de 750 a 1000 ml/min, com desvio por unidade de massa sendo quatro vezes maior para a substância cinzenta (corpos celulares e dendritos) o que para a substância branca (axônios). Os vasos sanguíneos cerebrais são capazes de alterar seu diâmetro e podem responder a alterações nas condições fisiológicas. Existem nesse sistema dois tipos básicos de autorregulação. As arteríolas encefálicas contraem-se quando a pressão sanguínea está aumentada e dilatam-se quando ocorre sua diminuição, ajustes que favorecem a manutenção de um fluxo ótimo rumo ao encéfalo em pressões que variam de 60 a 150 mmHg. Valores acima ou abaixo desses limites causam flutuações lineares na irrigação local. O segundo tipo de regulação envolve a concentração de gases sanguíneos e teciduais e os níveis de pH. Quando o CO2 arterial está elevado, as arteríolas encefálicas se dilatam, aumentando o influxo de sangue; a hipocapnia, por sua vez, resulta em vasoconstricção, diminuindo o fluxo para o encéfalo. Essa resposta é bastante sensível, com a inalação de 5% de dióxido de carbono sendo capaz de aumentar em 50% o fluxo, dobrando esse valor quando a saturação desse gás chega a 7%. Alterações no oxigênio arterial causam resposta oposta e menos intensa, com a respiração de oxigênio puro diminuindo a passagem de sangue em somente 10%. Esse mecanismo ainda não está totalmente esclarecido. A ação vasodilatadora do CO2 presente no sangue arterial é provavelmente mediada por alterações no pH extracelular, mas também podem contar com a participação da adenosina e de íons K+, que também causam distensão vascular. Independentemente dos mecanismos de funcionamento, essas respostas protegem o encéfalo, aumentando a oferta de oxigênio e removendo metabólitos ácidos em condições adversas, permitindo ajustes quase instantâneos de modo a não comprometer a atividade tecidual regular dessa região. Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO ASPECTOS DA BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA: Os pequenos vasos sanguíneos encefálicos são formados basicamente por células endoteliais que revestem de forma contínua o lúmen vascular. Em sua porção externa há uma associação com periquitos, semelhantes a células musculares lisas, embebidas na membrana basal desses canais. Astrócitos perivasculares emitem processos que cobrem a maior parte dessa camada exterior, formando um complexo microvascular-astroglial. As células endoteliais da barreira hematoencefálica são pobres em transporte veicular e não apresentam fenestras, sendo conectadas por disposições complexas de junções de oclusão, bloqueando a difusão pelas paredes vasculares. Essa organização é feita de modo tão intricado que promove uma elevada resistência transendotelial, suficiente para barrar até a passagem de íons K+, sendo o principal componente anatômico desse mecanismo de barreira. Essas junções são compostas por três proteínas transmembrana, claudinas, ocludinas e moléculas de adesão juncional, havendo também a participação de muitas outras substâncias citoplasmáticas acessórias. A claudina, mais frequentemente encontrada em suas isoforma 1 e 5, possui quatro domínios que permeiam a membrana plasmática, formando a cadeia principal dos complexos juncionais oclusivos. A ocludinas é recrutada pela proteína anterior, realizando interações íntimas que influenciam a firmeza das junções. As moléculas de adesão juncional (JAMs), por sua vez, se posicionam lateralmente às moléculas supracitadas, mediando os contatos adesivos célula-a- célula necessários ao processo juncional. No citoplasma, outras diversas proteínas estão encarregadas de mediar as interações entre junções transmembranares e as proteínas de ciroesqueleto, modulando as propriedades juncionais dinâmicas. As proteínas da zona de oclusão ligam as ocludinas e claudinas ao citoesqueleto de actina, sendo compostos de suporte e escoramento para outros compostos proteicos reguladores, podendo alterar a estrutura e a função dessas ligações intercelulares. O desenvolvimento e o funcionamento adequados do SNC dependem de diversos componentes que cruzam os microvasos. Nesse sentido, a entrada no encéfalo é realizada basicamente por três vias: por difusão de substâncias lipossolúveis; por transporte facilitado e dependente de energia mediado por transportadores específicos para compostos hidrossolúveis; e por canais iônicos. Difusão de Substâncias Lipossolúveis: A separação entre SNC e o sangue se dá somente pela grande superfície da membrana em células endoteliais, que permite a troca eficiente de gases lipossolúveis como O2 e CO2, sendo limitada apenas pela superfície dos vasos e pelo fluxo sanguíneo encefálico. A permeabilidade dessa barreira é, para muitas substâncias, diretamente proporcional à sua lipossolubilidade. Essa relação pode ser exemplificada por meio da correlação entre o potencial de abuso de determinadas drogas psicoativas e sua lipossolubilidade, pois ao aumentar esse fator, a capacidade de distribuição pelo SNC aumenta. No entanto, compostos com alta Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO solubilidade em gordura são pouco solúveis no sangue, ligando-se à albumina sérica, reduzindo assim a possibilidade de entrada no sistema nervoso. Transporte Facilitado e Dependente de Energia: Como a maioria das substâncias que penetram o SNC não são lipossolúveis, sistemas de transportes específicos são comuns, situação evidente no carreamento de glicose, fonte quase exclusiva de energia à essas estruturas, que necessita do transportador de hexose Glut 1 em quantidade abundante na barreira endotelial. O Glut 1, assim como outros diversos transportadores, é formado por segmentos transmembrana, compondo uma estrutura estereoespecífica, saturável e facilitadora independente de energia, ou seja, que não é capaz de transportar compostos contra um gradiente de concentração. Ácidos monocarboxílicos, fontes energéticas durante o desenvolvimento de neonatos lactentes ou em resposta ao jejum, são carreados pelo transportador 1 de ácidos monocarboxílicos (MCT1). Os aminoácidos, por sua vez, são transportados pela membranaatravés de três sistemas de mediação distintos (L, A e ASC), que apresentam preferências, padrões e mecanismos de transporte distintos: Sistema L: transporta preferencialmente aminoácidos neutros grandes com cadeias fechadas ou ramificadas, como leucina e valina, estando também associado à passagem de L-DOPA, percussor da dopamina que é a base do tratamento da doença de Parkinson. Não depende de sódio; Sistema A: carrega preferencialmente glicina e aminoácidos neutros de cadeia curta ou polar, como a alanina e a serina. Há dependência de Na+, bombeando aminoácidos a favor do gradiente de sódio mantido pela Na+K+ATPase, consumindo ATP; Sistema ASC: depende de Na+ e de energia, faz o transporte preferencial de alanina, serina e cisteína. Tanto o sistema A quanto o ASC estão localizados na superfície endotelial abluminal, representando o principal modo de exportação de aminoácidos pequenos e neutros do SNC contra um gradiente de concentração. Canais e Trocadores iônicos: O movimento de eletrólitos pela barreira hematoencefálica é mediado por meio de canais e transportadores específicos, que podem ser exemplificados pela já mencionada bomba Na+K+ATPase, que bombeia potássio para dentro do endotélio vascular e ejeta íons de sódio para a região externa. Em conjunto com canais de K+ presentes em astrócitos, a bomba endotelial abluminal exerce um importante papel na remoção do potássio extracelular decorrente das atividades neuronais. Além de carreadores moleculares, sistemas enzimáticos também podem ser usados para regular a passagem de compostos, sendo o mais conhecido relacionado à L-DOPA. Quando esse composto penetra o endotélio por meio do sistema L, ele é rapidamente metabolizado por compostos da membrana em ácidos específicos, que inibem a passagem de mais substrato. Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO Algumas regiões do encéfalo como a neuro- hipófise e os órgãos circunventriculares não apresentam barreira hematoencefálica, o que condiz com suas funções fisiológicas. Os produtos secretados pela neuro-hipófise precisam atravessar de forma eficiente as células endoteliais de modo a entrar na circulação, enquanto os quimiorreceptores do órgão subformical necessitam de contato constante com o fluxo sanguíneo para monitorar os níveis sanguíneos de angiotensina II e assim regular diversas funções homeostáticas. Esses locais são isolados do restante do encéfalo por células ependimárias especializadas, os tamicitos, localizados ao longo da superfície ventricular, próximos à linha média. A união desses tipos celulares se dá por meio de junções ocludentes, impedindo que ocorram trocas entre essas áreas e o LCE. Todo esse processo de desenvolvimento é induzido por sinais neurais ainda não compreendidos em sua integralidade, sendo a presença de astrócitos um de seus possíveis representantes, uma vez que apresenta relações íntimas com a região abluminal dos microvasos. Algumas condições patológicas podem alterar a dinamicidade da barreira hematoencefálica, como tumores malignos, cujos vasos fenestrados favorecem o acúmulo de líquido intersticial (edema vasogênico), ou a meningite bacteriana, que promove o rompimento da barreira por mio da ação de interleucinas, TNF-α e proteína quimiotratora de macrófagos 1, proteinases que degradam as membranas basais dos capilares, gerando parte dos sintomas típicos associados ao quadro e permitindo a maior passagem de antibióticos. FATORES QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO DOS SISTEMA NERVOSO: A embriogênese do sistema nervoso é um processo sensível que ocorre precocemente na gestação, estando bastante vulnerável à fatores externos. Múltiplos são os fatores causadores de teratogêneses no SNC, porém, os mais frequentes são fatores exógenos como agentes infecciosos (vírus, protozoários), agentes físicos, drogas ilícitas (maconha, cocaína, heroína) e agentes químicos (álcool, cigarro, mercúrio, chumbo). ASPECTOS NUTRICIONAIS E A FORMAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO: O ácido fólico tem um papel fundamental no processo da multiplicação celular, sendo imprescindível durante a gravidez. O folato interfere no aumento dos eritócitos, no alargamento do útero e no crescimento da placenta e do feto. Esse nutriente é requisito para o crescimento normal, na fase reprodutiva, e na formação de anticorpos. Atua como coenzima no metabolismo de aminoácidos (glicina) e na síntese de purinas e pirimidinas, de ácido nucléico DNA e RNA e é vital para a divisão celular e síntese proteica. Dessa forma, sua deficiência pode ocasionar alterações na síntese de DNA e alterações cromossômicas. As gestantes são propensas a desenvolver deficiência de folato provavelmente devido ao aumento da demanda desse nutriente para o crescimento fetal e tecidos maternos. Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO Outros fatores que contribuem para essa carência são a dieta inadequada, hemodiluição fisiológica gestacional e influências hormonais. O fechamento dos neuroporos e a formação inicial do encéfalo e da medula ocorrem entre o 18º e o 26º dia de gestação, momento no qual a maioria das mulheres ainda desconhecem seu estado gravídico. Nesse sentido, é importante que mulheres em idade fértil tenham acesso ao ácido fólico pelo menos um mês antes de engravidar. Como nem sempre a gravidez é planejada, medidas de longo alcance como a fortificação de alimentos com esse composto são justificáveis. As possíveis anomalias “abertas” decorrentes da deficiência do ácido fólico são a anencefalia, quando o defeito ocorre na porção cranial e a espinha bífida, que se dá quando a má-formação acontece na região lombossacral, dividindo-se em meningocele quando há a herniação de somente meninges e líquor, e mielomeningocele quando há também a participação de raízes nervosas. Os defeitos “fechados” do tubo neural contemplam a encefalocele, distúrbio na formação dos ossos cranianos que permitem a herniação de parte do cérebro ou de seus fluidos, e a espinha bífida oculta, resultante de aberturas em um ou mais arcos vertebrais da região lombar e sacral, mantendo as meninges e medulas dentro do canal vertebral. Em contraposição aos defeitos cranianos, que são comumente letais antes ou durante o nascimento, a espinha bífida é compatível com a sobrevivência pós-natal, havendo maior risco de morbidade apenas em portadores das manifestações císticas. O efeito do ácido fólico na formação de defeitos abertos do tubo neural pode estar relacionado a distúrbios na biodisponibilidade desse composto a nível celular, tendo sido descobertos autoanticorpos para receptores de folato (forma natural do ácido fólico) em mulheres cujos fetos foram afetados por essas anomalias. A ação protetiva do ácido fólico também pode estar relacionada a seu papel na síntese de nucleotídeos, que é bastante acelerada no organismo embrionário. Caso células neuroepiteliais não tenham um suprimento adequado de nucleotídeos em seu interior, a velocidade de replicação diminui, retardando o desenvolvimento das pregas neurais. Como também se insere no contexto da metilação ao produzir o ácido tetrahidrofólico, diversos autores sugerem que distúrbios nesse processo podem indicar a correlação entre as malformações do tubo neural e do folato, pois o organismo seria impossibilitado de transferir adequadamente moléculas de carbono para os percussores de ácidos nucleicos. Nota-se, portanto, que o ácido fólico apresenta efeitos protetivos clarons na ocorrência de anomalias congênitas na formação do tubo neural, porém os mecanismos pelos quais esses fenômenos Júlia Figueirêdo – PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO ocorrem ainda são pouco compreendidos. A concentração
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