Buscar

APOSTILA_DE_TANATOLOGIA_NECROMAQUIAGEM_PEÇAS_ANATOMICAS_E_EMBALSAMENTO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

28 
 
Capítulo 03 
Necromaquiagem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NECROMAQUIAGEM 
 
A palavra “necro” vem do grego nekrós que exprime a noção de morte ou cadáver. Daí surge a 
palavra necromaquiagem que significa maquiagem em cadáver. A necromaquiagem é um 
conjunto de técnicas de estética e maquiagem utilizada para dar aparência saudável a pessoas 
falecidas. Utilizam-se maquiagens convencionais e antes dela algumas técnicas de Reparação 
Facial para disfarçar rupturas cutâneas, edemas, etc. Além de ser uma arte, este procedimento 
é feito para que os entes queridos vejam o falecido como eles o conheciam, com uma pele 
bonita e aparentemente saudável. O cadáver precisa ter a melhor imagem possível deixando 
assim a família um pouco mais confortável com a situação. A ocasião solene pede uma 
necromaquiagem discreta, para deixar a aparência saudável e bem cuidada. Dependendo do 
pedido dos entes pode-se fazer uma necromaquiagem aperfeiçoada, com cores mais vivas ou 
vibrantes, isto varia de acordo com a característica da pessoa. Não podemos alterar a imagem, 
ela tem que ser mostrada como era em vida, para que as pessoas a conheçam. Portanto, se 
ela usava cores fortes nos olhos e lábios, que seja feito de acordo como era. O objetivo não é 
alterar nada nem para melhor, nem para pior, e sim resgatar a aparência verdadeira. 
 
Qualquer trabalho feito em um cadáver é chamado NECRO, e por isto, não existe maquiagem em 
cadáveres e sim necromaquiagem. Para atuar nessa área é preciso conhecer princípios 
básicos de maquiagem tradicional além de técnicas específicas. Algumas pessoas morrem 
 
29 
 
depois de um longo tempo de internação hospitalar ou mesmo em um acidente que deforma 
partes do rosto. Em caso de morte violenta e desfiguração, é indicado conciliar a 
Necromaquiagem com a Reparação Facial para ser possível restaurar a forma e ficar como era 
em vida. Uma regra que deve ser seguida é não mudar as características físicas do morto, se 
a pessoa tem um nariz grande, não pode ser reduzido através das técnicas ou se há uma pinta 
no rosto, não poderá ser escondida. Profissionais que atuam com Necromaquiagem são 
chamados Necromaquiadores. Este profissional pode atuar por conta própria ou em funerárias, 
cemitérios, necrotérios, entre outros. A profissão de necromaquiador causa muita curiosidade 
nas pessoas. Se tornou ao longo do tempo uma profissão muito procurada para ser exercida 
por causar admiração, pois é uma profissão que transforma, devolve a identidade de um ser 
humano e é essa profissão que faz com que traumas psicológicos possam ser evitados, ameniza 
a dor e o sofrimento dos familiares. Essa profissão que ajudou a quebrar tabus de que a morte 
é uma coisa feia, macabra, tema de filme de terror e de que as pessoas que vão ao velório não 
dormem a noite, pois a pessoa falecida causa medo e perturbações por causa de sua aparência. 
 
A HISTÓRIA DA MAQUIAGEM 
A maquiagem é um adereço indispensável para muitas mulheres, utilizada em ocasiões como 
festas, cerimônias e também no dia a dia. Muitos cosméticos, além da função estética, 
protegem, hidratam e nutrem a pele porque muitos possuem em suas composições: minerais, 
vitaminas, hidratantes e filtro solar. Essa popularidade vem do Egito Antigo, época dos faraós, 
quando a maquiagem era utilizada principalmente por estética. Os olhos maquiados eram muito 
valorizados, pois dessa forma, não se olhava direto para o deus sol. Cleópatra, símbolo de 
beleza da época, lançou moda com seus banhos de leite e tratamentos com argila. A pele 
branca era o ideal de toda mulher, ela utilizava também uma tintura azul no colo e rosto, para 
dar aspecto translúcido. A necessidade da beleza fez com que os gregos e romanos também 
fizessem o uso de artifícios para se sentirem mais belos. Com a queda do Império Romano a 
maquiagem perdeu sua força, pois era relacionada com o comportamento. No século XVIII foi 
associada à bruxaria e às prostitutas, na tentativa de acabar com o costume na Inglaterra. 
 
No século XX surgiu o batom e virou febre entre as mulheres nos anos 30, que começavam a 
sair para trabalhar e ficavam mais independentes, desenvolvendo o gosto pela maquiagem. A 
moda se tornou aceita rapidamente devido à influência da mídia e por ser ditada por grandes 
 
30 
 
atrizes de cinema, como Marylin Monroe. Os produtos utilizados pelos povos antigos 
atravessaram os tempos dando origem aos nossos cosméticos de hoje, como o rímel, 
delineador, blush, batom, etc. A moda permanece e a indústria da maquiagem cresce dia após 
dia e com ela as pesquisas, fazendo com que novos produtos cheguem ao mercado cada vez 
mais rápido. As mulheres hoje não dispensam mais o uso da maquiagem, seja uma básica ou 
uma produção mais elaborada, todas utilizam pelo menos um item de maquiagem. Gastam seu 
tempo e seu dinheiro com esse item que já não é mais considerado apenas estético pois se 
tornou um cuidado básico pessoal necessário. Mas esse não é mais um privilégio feminino, 
homens estão aderindo cada vez mais. A maioria opta por produtos básicos para disfarçar 
imperfeições ou tirar o brilho do rosto, como corretivos e pós. Na Europa já existem indústrias 
cosméticas específicas para homens e é um mercado que tende a crescer. Isso é mais um sinal 
que a maquiagem, que é um item tão importante para mulheres de todas as idades, está prestes 
a dominar o mundo masculino também. 
 
1.2 A MAQUIAGEM NO BRASIL 
Segundo pesquisas feitas no Brasil, referente à venda de cosméticos no ano de 2010, o Brasil 
já representava cerca de 53% de venda de cosméticos, ficando em 3º lugar em mercado 
consumidor do mundo, perdendo para índia e China. Em 2011, o Brasil ocupou o 2º lugar, 
perdendo apenas para os Estados Unidos. Hoje, as mulheres incluem os gastos com salão de 
beleza em seu orçamento mensal, no mínimo é gasto em torno de R$ 80,00 (oitenta reais) com 
corte de cabelos, escova, tintura e maquiagens. As visitas ao salão de beleza são regulares e 
elas ainda adquirem outros produtos dentro do próprio salão, por exemplo, um xampu que foi 
aplicado no salão e deu um resultado bom, já é forte candidato a ser levado para casa e usado 
e no dia a dia. E assim vemos vários salões de beleza com prateleiras cheias, com estoque de 
produtos e com um detalhe: custam bem mais caro que os produtos vendidos em lojas de 
cosméticos, pois são considerados de nível profissional e quase sempre possuem a mesma 
composição de produtos que são mais em conta. Pesquisas realizadas em 2012 apontam que 
se uma família sofre uma crise financeira, como um desemprego, o primeiro gasto a ser cortado 
seria o gasto com lazer, bares e restaurantes. Se não houvesse solução, então cortariam o custo 
com salões de beleza e/ou investimentos com a aparência. Isso nos mostra o quanto a 
aparência é importante, já não é mais considerada como coisa supérflua, tornou-se um gasto 
 
31 
 
necessário, um investimento indispensável. A maioria da população feminina é independente, 
tem seu próprio trabalho e por serem profissionais que lidam com o público, ou que estão em 
contato constante com outras pessoas, necessitam estar com boa aparência, visto que é um 
fator que influencia na contratação de um funcionário para uma empresa. Através desses dados 
e pesquisas, torna- se evidente que as pessoas investem muito em aparência e higiene pessoal. 
Quando ocorre a morte, a pessoa já não pode mais escolher ou expressar desejos, outros 
escolhem por ela e na maioria das vezes julgam sem importância, pois não estão dispostos a 
pagar pelo trabalho de um profissional qualificado para que a última imagem seja semelhante 
àquela de quando a pessoa estava viva e feliz. Com certeza se a pessoa pudesse escolher, seu 
desejo seria de que ninguém a visse na sua última despedida com meu cheiro, desarrumada 
ou pálida e que não sentissem nojo ou causasse medo nas pessoas, má impressão ou 
pensamentos negativosreferentes à família dela por não terem se preocupado, deixando-a 
acabar assim. São apenas três eventos importantes ao longo de uma vida humana: o primeiro 
é o nascimento, onde pessoas visitam o bebê, dão as boas vindas, mimam, elogiam, dão 
presentes, pegam no colo, fazem chá para confraternizar e apresentar a criança à população. 
O segundo é o casamento, um evento onde a noiva pode saber muito bem se maquiar e se 
arrumar, porém, neste dia tão especial e para que esteja bela neste dia tão marcante, ela inclui 
esses gastos no orçamento do casamento. E por fim, a morte, onde todos vem se despedir e 
ocorre o momento do desapego, onde será a última vez que uma mãe, uma irmã, um pai, os 
amigos e familiares poderão beijar e abraçar aquele ser amado, prestarão homenagens, e 
mostrarão à população que ali é a única e última oportunidade de dizer adeus. 
A última despedida deve ser calorosa, com demonstrações de afeto e a pessoa falecida deve 
ser vista como uma vitrine pois sua imagem será a última a ficar na memória dos entes queridos. 
Este é um trabalho para pessoas atualizadas e capacitadas profissionalmente. Funerárias ou 
agentes com pensamentos ultrapassados de que isto não é necessário não estão 
acompanhando o mercado brasileiro, porque fazer só o básico, que seria o tamponamento, a 
tanatopraxia, a reconstrução facial e a necromaquiagem, não está mais nos planos do 
brasileiro, o qual está cada vez mais exigente. No velório é onde se mostra o serviço funerário, 
porque profissionais como esteticistas, cabeleireiros e maquiadores não estão preparados para 
fazer esse trabalho em pessoas mortas tão bem quanto o fazem nos vivos, até porque é 
necessário amar a profissão e ter uma base psicológica que não seja afetada, além de produtos 
 
32 
 
que podem ser parecidos no uso, mas na pessoa falecida é muito diferente, existe o empecilho 
de um corpo entrando em processo de decomposição, pele morta que necessita ser tratada 
com técnicas adequadas, pois se não, os cosméticos não proporcionarão o efeito esperado, 
devido à falta de calor e a textura diferenciada. 
MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA A NECROMAQUIAGEM 
PINCÉIS 
O segredo de uma perfeita maquiagem não está somente na escolha de bons produtos, e cores 
compatíveis, mas também na escolha dos pínceis. Além de causar um efeito aveludado, os 
pincéis na maquiagem garantem perfeição no acabamento, seja nos olhos, na boca ou nas 
maçãs do rosto além de proporcionar uma maquiagem durável. Um maquiador profissional 
chega a trabalhar com no mínimo 12 pincéis diferentes, os modelos de pincéis são muitos, e 
no caso da Necromaquiagem não é necessário ter todos, como são de preço caro podemos 
ter pelo menos quatro unidades que são as mais importantes: para o pó facial, para o blush, para 
a sombra e para o batom. Somente estes já facilitarão muito o trabalho do necromaquiador. A 
limpeza destes pincéis é fundamental para sua conservação. Podemos lavar normalmente com 
xampu de cabelos ou sabonete líquido e deixar secar naturalmente antes do próximo uso. Não 
aplicamos base líquida e nem corretivos na pele com pincel, pois faz endurecer as cerdas, caso 
venha a ser utilizado ele deve ser lavado, higienizado imediatamente após o uso para que não 
venha a danificar e endurecer as cerdas. 
 
LIMPEZA DE PELE 
 
 
A limpeza de pele é um procedimento inicial em Necromaquiagem, é essencial para um 
 
33 
 
procedimento bem-sucedido. O objetivo desta limpeza é fazer a assepsia da pele, ou seja, 
retirar profundamente todos os produtos ou resíduos da pele (oleosidade, sangue, secreção, 
etc...) Para que os cosméticos fixem facilmente e não haja bactérias exteriores, para que 
também consigamos um acabamento perfeito e livre de impurezas. O demaquilante é um 
produto ideal para fazer esta assepsia. Demaquilante é um produto usado para retirar resíduos 
de cosméticos da pele, visto que ele limpa profundamente os poros, mesmo após ter a pele 
lavada com água e sabão é extremamente importante utilizar o demaquilante porque a lavagem 
convencional não consegue o mesmo efeito. Antes de iniciarmos a Necromaquiagem é 
essencial que a pele esteja bem limpa e completamente seca. 
 
HIDRATAÇÃO FACIAL 
O segredo da Necromaquiagem está no uso do creme hidratante facial, não pode ser creme 
corporal pois ele tem uma oleosidade maior, já o creme facial tem a quantia necessária de 
oleosidade para hidratar em específico a pele do rosto. A pele morta já não tem mais a mesma 
aderência, já não há mais calor e nem é fácil de deslizar sobre a pele os cosméticos que 
possuímos, afinal estes cosméticos foram feitos para agir em pele de pessoas vivas. Após a 
assepsia da pele, é fundamental usarmos um creme hidratante que vai ter como função deixar 
a pele hidratada e formar uma camada deslizante, onde facilitará a aderência dos demais 
produtos que serão utilizados no procedimento. Por isso o sucesso de uma Necromaquiagem 
está na hidratação da face. 
 
CORRETIVO FACIAL 
 
 
34 
 
O corretivo, como seu próprio nome diz, serve para corrigir os defeitos da pele, como manchas, 
olheiras, espinhas, sinais, cicatrizes, entre outros. Convém lembrar mais uma vez que na 
necromaquiagem não se esconde manchas de nascença, cicatrizes antigas da pessoa, pintas 
e outros, pois, na necromaquiagem temos que deixar a pessoa falecida com a feição que as 
pessoas a conheciam em vida. Este corretivo em bastão simples, já é feito em forma de batom 
para facilitar a aplicação, aplicaremos ele diretamente na pele, sem o uso do pincel. Usaremos 
o corretivo comum para neutralizar hematomas e manchas. Para cada tipo de pele existe uma 
cor de corretivo deve-se avaliar o tom da pele da pessoa para aplicar o corretivo equivalente 
corretamente. Sempre estão divididos em pele clara, morena ou negra e seus vários tons de 
cada uma. Cabe ao profissional treinado saber diferenciar o tom a ser usado. No mínimo o 
profissional necromaquiador precisa ter 5 tons diferentes, do mais claro ao mais escuto, caso 
seja necessário um meio tom é possível misturar cores e aproximar do tom desejado. 
 
BASE LÍQUIDA 
 
A base serve para deixar sua pele de cor uniforme, caso haja imperfeições, ela prepara a pele 
para receber o pó compacto e fixá-lo, tornando a pele uniforme e escondendo pequenas 
imperfeições, por exemplo, uma manchinha. 
 
DUO CAKE 
 
O duo cake nada mais é que um produto 2 em 1, pó e base cremosa compactados juntos em 
um só produto, que dá praticamente o mesmo efeito só que ajuda na economia do tempo. Caso 
haja necessidade, pode se utilizar um outro pó compacto sobre o duo cake para cobrir melhor 
 
35 
 
alguma imperfeição. 
 
PÓ COMPACTO 
 
Tem a finalidade de completar a base e ajuda a uniformizar a pele, além de controlar o brilho da 
pele, tornando-a mais aveludada e prolongando a duração da maquiagem. A escolha da cor é 
fundamental para ficar perfeita. 
PÓ FACIAL 
 
 
 
O pó fácil deve ser usado no mesmo tom da base, que são os chamados “translúcidos”, a 
diferença entre pó fácil e pó compacto está no que o pó facial dá certa transparência na pele, 
não altera a cor natural da face, ele é aplicado com esponja, ao contrário do pó compacto que 
facilmente se aplica com pincel. Para a necromaquiagem o ideal a ser utilizado é o pó 
compacto, pela fácil aplicação e melhor cobertura das imperfeições. 
PANCAKE 
 
O pancake é uma mistura também de pó e base, 2 em 1, que dá como acabamento uma pele 
uniformizada. Ele é mais utilizado em peles morenas à negras e é o único produto corretivo a 
 
36 
 
base de água. Usa-se de uma esponja úmida para a aplicação do mesmo. 
 
LÁPIS 
 
O lápis é usado simplesmente para corrigir algumas falhas e imperfeições nas sobrancelhas. 
 
BLUSH 
 
 
 
Com o blush deve-se ter o cuidado de utilizá-lo em pequenas quantidades nas maçãs do rosto 
e se desejar nas pálpebras, para causar um efeito bem natural e saudável. Deve-se tomarcuidado para que a pessoa não fique com o efeito “palhaço” e sua melhor forma, para aplicação 
na necromaquiagem é a compacta e não em creme. 
BATOM CREMOSO 
 
 
 
Jamais utilize batons cintilantes ou de cores fortes. Os melhores tons para este tipo de 
maquiagem são os cremosos e de cor clara, mas, o ideal mesmo é o famoso “cor-de-boca”. 
 
 
 
37 
 
BRILHO LABIAL “ROLL-ON” 
 
 
 
Este pode ser usado tanto na mulher quanto no homem, ele apenas dá um efeito molhado 
dando brilho aos lábios. O roll-on facilita a sua aplicação, mas caso opte por um cremoso, a 
aplicação poderá ser feita com um pincel e no caso dos homens, pode-se utilizar manteiga de 
cacau como substituição. 
 
OBJETIVO: 
Dar ao cadáver uma aparência saudável. Amenizar imperfeições, corrigir marcas causadas por 
acidentes, suturas e possíveis hematomas. Esta técnica visa aproximar a aparência da pessoa 
falecida a sua condição natural, reduzindo efeitos da idade e marcas de enfermidades e 
acidentes, permitindo uma última apresentação confortante à família e amigos. 
 
 
 
ÉTICA PROFISSIONAL 
O trabalho do necromaquiador é feito para os familiares, respeito e consideração são 
fundamentais. 
O profissional desta área deve tratar o corpo como gostaria de ser tratado, ou como gostaria 
que tratassem em ente querido seu. 
 
 
 
38 
 
EPI 
Luvas de procedimento Touca descartável Máscara 
Avental 
* Para o trabalho em IML é exigido Carteira de Vacinação em dia. 
 
 
MATERIAIS: 
 
Pincéis Esponjas Cotonetes 
Lenços de Papel Toalha descartável Gaze 
Tesoura Lâmina de Barbear Pinças 
Agulha e Linha Cola Algodão 
Álcool Massa Moldável Hidratante em gel 
Corretivos Base Pancake 
Panstick Pó Compacto Sombras 
Lápis de Olhos Lápis de Sobrancelha Máscara de Cílios 
Cílios Postiços Lápis de Boca Batom 
Blush 
Pente/Escova Spray Fixador Gel 
Lixa de Unha Palito de Unha Acetona 
Base/Esmalte 
 
 
 
 
39 
 
 
 
TEORIA DA COR 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
VARIAÇÕES DE HEMATOMAS: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCEDIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
O Tamponamento é o primeiro procedimento a ser tomado. Se o mesmo não estiver bem feito, 
 
41 
 
deverá ser totalmente refeito. Qualquer vazamento que venha ter ao longo do velório, causará 
danos às técnicas de necromaquiagem. 
FECHAMENTO DE OLHOS 
Esta técnica visa garantir que olhos semi-abertos ou abertos fiquem fechados. 
 
FECHAMENTO DA BOCA 
Garante o fechamento da boca, evitando impressão desagradável durante o velório. Sutura. 
HIGIENIZAÇÃO DA PELE 
Remove resíduos de sangue e vazamento. 
Com algodão embebido no álcool, passar por toda extensão do rosto, pescoço e orelhas. 
 
SOBRANCELHAS 
Verificar se estas estão devidamente depiladas e se os fios estão no comprimento adequado. 
Quando houver necessidade, depilar os fios sobressalentes e cortar os que estão fora do 
comprimento normal. Pentear e se necessário passar rímel incolor para fixação dos fios. Se 
houver falha, preencher delicadamente dando fundo a sobrancelha. 
 
 
BARBA 
Fazer o uso da Lâmina de barbear quando for necessário. Passar de cima para baixo e vice- 
versa. 
 
42 
 
 
 
HEMATOMAS: Usar o corretivo na cor oposta. 
 
 
SUTURAS: Cobrir com massa moldável e nivelar à pele. 
 
 
TIRO: Fazer preenchimento com algodão, deixando um pouco mais baixo que o nível da pele e 
preencher com massa moldável, nivelar à pele. 
 
43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FERIMENTOS: Se houver corte aberto, dependendo da profundidade e abertura, suturar. Se 
for raso, secar bem e colar. Cobrir com massa moldável. 
 
TRAUMAS: Em caso de traumas, temos várias classificações. Quando for trauma muito grande, 
o ideal é ter conhecimento em Reconstrução facial, pois, sem o conhecimento profundo das 
técnicas pode acarretar em problemas no velório. 
 
44 
 
 
 
UNIFORMIZAÇÃO DA PELE 
O primeiro passo é verificar a tonalidade da pele para escolha correta da cor da base a ser 
utilizada. Aplicar uma quantidade da base no dorso da mão para depois trabalhar com esponja 
ou pincel. Espalhar bem a base no rosto, pescoço e orelhas de forma que fique bem uniforme. 
Após o uso da base, passar o pó facial (cor adequada à pele). Também com o uso da esponja, 
passar o pó facial espalhando uniformemente. Para conferir o acúmulo de resíduos 
indesejáveis, passar um pincel (grosso) como se estivesse espanando. Para uma duração 
longa, no caso de velório mais prolongado ou translado, usar o pancake no lugar da base. O uso 
do pancake é feito com esponja úmida. É preciso muito cuidado para o uso do pancake, pois 
ele deixa marcas se não for manuseado corretamente. 
 
LUZ E SOMBRA 
Luz - Aproxima, aumenta - Sombra - Afasta, diminui 
 
 
 
45 
 
SOMBRA 
Como o objetivo é deixar o falecido com aparência natural, iremos sempre trabalhar com cores 
neutras e suaves. Não é recomendado o uso de cores fortes e cintilantes. Nos cantos internos 
dos olhos e abaixo das sobrancelhas, trabalhar com sombra clara. A partir da parte central da 
pálpebra, aplicar a cor desejada e finalizar nos cantos externos com a cor mais escura. 
Trabalhar sempre esfumaçando a sobreposição das cores para não deixar marcas. As cores 
serão utilizadas somente no côncavo dos olhos. A máscara deve ser aplicada nos cílios sem 
deixar acúmulo. Geralmente será utilizado a máscara incolor para efeito natural. 
 
BLUSH 
O blush deve ser aplicado na região que fica corada naturalmente. Para esfumaçar a cor, 
fazer movimentos circulares sobre a pele. 
 
BATOM 
O batom deve ser aplicado naturalmente sobre os lábios. Evite cores fortes. A melhor escolha é 
cor tom boca. 
 
CABELOS 
É comum que os cabelos sejam penteados para trás. Para garantir que fiquem alinhados, 
passar spray ou gel. 
 
 
MÃOS 
Tudo que tiver exposto deve receber atenção. EX: Se houver hematomas nas mãos, proceder 
com a técnica para cobertura. Pode-se oferecer cuidados com as unhas. 
 
46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NECROMAQUIAGEM passo a passo 
É a técnica a ser usada para cobrir as imperfeições, marcas de acidentes, violências, e feições 
mórbidas. 
Avalie o aspecto facial: 
 
 
Separe os materiais que irá utilizar e as cores de acordo com a tonalidade da pele 
Faça a limpeza da pele com o demaquilante, caso não o tenha, poderá ser substituído por 
algum produto de loção de limpeza do tipo leite de rosas, leite de colônia e etc. 
 
47 
 
 
Aplique o produto com o algodão no rosto todo, até pescoço e se necessário colo, a fim de 
limpar e tirar resíduos, sujeiras ou secreções, tendo uma pele completamente limpa e 
preparada para receber o próximo passo. 
 
Aplique um creme hidratante facial por todo o rosto, a pele de uma pessoa sem vida, fica 
ressecada, a maquiagem pode não fixar bem, dando aspecto indesejado! 
 
Avalie as sobrancelhas, sendo que elas são fundamentais na simetria do rosto, para uma 
maquiagem perfeita, as sobrancelhas devem estar bem feitas, no mínimo os resíduos de pelos 
que cresceram recentemente devem ser retirados, com todo cuidado para não afiná- la, 
trazendo o aspecto de higiene e cuidado pessoal da pessoa, como era quando em vida. 
 
48 
 
 
 
Utilize uma pinça boa, pois desta forma os pelos serão retirados com precisão, sem beliscar a 
pele, e se não tiver prática, somente tire o excesso na parte inferior, nunca em cima! 
 
 
Aplique corretivo facial em bastão, apenas onde houver manchas, pequenos defeitos, criando 
uma camada neutralizadora, e lembre-se de não cobrir pintas e manchas de nascença. 
 
Aplique base líquida em quantidade suficiente para cobrir com uma camada leve a pele nos 
pontos principais, nariz, bochecha, testa e queixo e espalhe bem com as mãos até que a pele 
esteja uniforme. Não se esqueça da testa onde se inicia o cabelo, deve ser bem aplicado para 
que não fiquem marcas e tons diferentes. 
Aplique o pó compacto da cor da pele, uniformemente, inclusivenas pálpebras, queixo e 
pescoço, se necessário, caso não tenha a cor correta, pode ser improvisado usando um tom a 
menos NUNCA um tom a mais. 
 
49 
 
 
Dê sempre preferência ao blush em pó, pois em creme é mais difícil de espalhar e manusear, 
aplique na maça do rosto, e não exatamente na bochecha, aplique bem de leve para que não 
fique muito vermelho, temos que dar aspecto “corado”, “sadio”. 
 
Aplique um pouco de blush sobre as pálpebras também, bem de leve, para dar o aspecto de 
sadio. 
 
Para os olhos, escolhe uma sombra clara, não cintilante ou com gliter, dê preferência às cores 
simples como tons pastéis, marrons claros, use somente outras cores caso for à pedido dos 
familiares para combinar com a roupa ou acessórios, ou por ser a cor preferida da pessoa, etc. 
Comece aplicando bem rente aos cílios, e vá esfumaçando com o pincel, clareando mais a 
cima perto da sobrancelha. 
 
As falhas que houver corrija-as com um lápis ou sombra opaca na cor marrom claro. Ajeite as 
 
50 
 
sobrancelhas com um rímel incolor, penteie-as para que fiquem consideravelmente perfeitas e 
aplique o rímel incolor também nos cílios para que fiquem com aspecto natural e não carregado 
como seria com o rímel escuro, e para que qualquer vestígio de sombra, base ou pó que tenha 
ficado neles seja retirado. 
 
Aplique batom nos lábios com pincel, para que obtenha uma cobertura completa. Escolha uma 
cor mais próxima ou cor de boca. O ideal seria utilizar um batom da própria pessoa, fazendo 
com que seu aspecto seja o mais próximo que a pessoa tinha em vida. Após o batom é 
importante o uso do brilho labial roll-on ou o gloss, ele fará com que os lábios não fiquem 
ressecados, tenha brilho e aspecto natural. Tenha atenção na escolha deste gloss, alguns 
contem gliter, são gosmentos ou cintilantes. Pode se misturar o batom com um pouquinho de 
hidratante facial e aplicar com o pincel de boca levemente ou com as pontas dos dedos. Dê 
preferência ao gloss e brilho labial transparente simples, pode-se utilizar manteiga de cacau 
em substituição e em homens. 
 
VEJA O RESULTADO FINAL: 
 
ANTES DEPOIS 
 
51 
 
Aspecto pálido, feio, mal cuidado Aspecto saudável e natura 
 
 
NECROMAQUIAGEM INFANTIL 
As pessoas não aceitam muito maquiagem em criança, mesmo em vida, quando é necessário 
fazer para irem a alguma festa, meninas como damas de honra em casamentos, concursos de 
beleza infantil, modelo infantil, e mesmo assim ainda são usadas técnicas da maquiagem, de 
maneira bem simples e rápida, para não pesar muito no rosto e para não tirar a feição angelical 
da criança. Se os pais dificilmente aceitam maquiagem na criança quando em vida, a 
necromaquiagem será difícil também de ser aceita, caso não seja deixado bem claro que é uma 
técnica usada para reparar o rosto e para trazer a aparência saudável da criança, uma 
maquiagem quase transparente, sem nada carregado, apenas para corrigir defeitos na pele, 
manchar, olheiras e tornar confortável e menos doloroso o impacto de ver uma criança falecida, 
que por si só já é muito impactante. Por isso segue de maneira bem simples e clara, um passo 
a passo de necromaquiagem infantil, expondo o excelente resultado alcançado, querendo 
assim “quebrar tabus”, e mostrar que com profissionalidade o resultado alcançado é perfeito e 
a aceitação pelas famílias de tornará mais frequente devido à qualidade do trabalho e resultado 
final. 
 
PASSO A PASSO: 
Os passos da necromaquiagem infantil são os mesmo da necromaquiagem usada em um 
adulto, porém, vocês verão que é bem mais rápida e simples, pois alguns passos são cortados, 
devido à diferença e necessidades entre a pele de uma criança e a de um adulto. 
 
O primeiro passo é sempre analisar a aparência da face para separar os materiais que serão 
 
52 
 
utilizados. Logo após, iniciamos a limpeza facial. Nesta criança foi feita a assepsia com o 
produto Leite de Colônia, que pode ser usado também no lugar do demaquilante, pois limpa 
profundamente a pele além de deixar um cheio bem agradável. 
 
Faça a limpeza passando o produto com algodão até notar que não saia mais impurezas no 
algodão. E após, aplique um creme hidratante facial, também com algodão em movimentos 
circulares para que a pele absorva bem. 
 
Depois aplique apenas o pó compacto facial, no tom da pele, com um pincel largo, distribuindo 
bem. Caso haja necessidade, aplique antes o corretivo, apenas no local a ser corrigido, não há 
necessidade de usar base em creme, apenas o pó já ajuda e não deixa carregado. Aplique 
sempre enfatizando a zona T da face que são a testa, nariz e queixo. 
 
Aplique um blush em pó, nunca o cremoso. Nesta criança está sendo usado o tom rosado, se 
for uma criança de pele mais morena, utilize sempre um tom vermelho. Aplique nas maças do 
 
53 
 
rosto, bem de leve, e também com o mesmo pincel das pálpebras. 
 
Com outro pincel corrija o Blush nas pálpebras, da mesma maneira que se aplica a sombra, 
bem de leve para apenas dar um aspecto corado. 
 
Passe um batom cor de boca, ou no máximo rosa claro, bem de leve para que não fique 
artificial. 
 
Contorne os lábios com o próprio batom, da mesma maneira que se contorna com o lápis 
labial e aplique o gloss incolor para dar o acabamento. 
 
 
54 
 
Aplique o rímel incolor nos cílios, penteando-os bem. 
 
VEJA O RESULTADO FINAL 
ANTES DEPOIS 
CUIDADOS PARA GARANTIR 
UM BOM TRABALHO: 
✓ É imprescindível 
alguns cuidados na 
hora de executar o 
serviço: 
✓ Respeitar informação 
dada pelos familiares. 
✓ Atenção aos detalhes. 
✓ Atenção ao manusear o 
material em cima do 
corpo. 
✓ Proteção do corpo , 
urna e ornamentação. 
✓ Ao finalizar, verificar aos pés 
 
55 
 
Capítulo 04 
A evolução no processo de embalsamento 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo 
A Tanatopraxia chegou ao Brasil no ano de 1994, inspirado por técnicas de tratamento 
de corpos de autoridades que recebiam especial atenção para seus longos velórios e 
sepultamentos. A civilização do Egito Antigo surpreende o mundo até os dias atuais com 
a tecnologia aplicada nos processos de mumificação, pois se acreditava que os faraós 
após a morte se tornariam deuses e viveriam a imortalidade. No decorrer da evolução 
da humanidade foram quebrando inúmeros tabus no que diz respeito ao tratamento a 
ser dado aos corpos dos defuntos. Eis que o embalsamento veio a substituir o processo 
de mumificação, e atualmente, muitas técnicas ainda são discutidas, por exemplo 
destacamos as faculdades de medicina no Brasil que na conservação das peças 
anatômicas utilizam o formaldeído ou a glicerização. Quanto a preparação dos corpos, 
para velórios e sepulta- mentos, a tanatopraxia e a tanatoestética hão de ocupar cada 
vez mais espaços de destaque e dominar mercados no Brasil e no Mundo no que diz 
respeito a “mercantilização da morte”. Em nosso país a atividade de tanatopraxista está 
inserida entre as funções dos agentes funerários, uma realidade que merece ser 
avaliada diante das complexas técnicas da tanatopraxia e da tanatoestética. 
Objetivo 
O presente estudo objetiva apresentar a técnica de tanatopraxia como um processo 
evolutivo do já consagrado embalsamento praticado pela humanidade desde a 
antiguidade. 
Por meio desse estudo, esperamos poder fornecer aos nossos docentes e instrutores 
mais uma poderosa fonte de conhecimento para o desenvolvimento das atividades 
propostas por nosso curso e, também, possibilitar a pesquisadores e estudantes para a 
consulta técnica, desde que, respeitando-se os princípios éticos e morais, seja citada a 
fonte. 
Introdução 
Para entender o processo de tanatopraxia, se faz necessário ter o entendi- mento do 
milenar processo de embalsa- mento praticado pelos povos na antigui- dade e medieval. 
Aqui iniciamos nossas buscas a partir do Antigo Egito. Osíris era o deus mais popular, 
pois simbolizava o próprio Nilo e seu nome estava ligado a uma lenda queconta que 
seu irmão, Set, o assassinou e o cortou em pedaços. Depois, Isis, mulher de Osíris, 
carinhosamente conseguiu reunir cada parte do corpo do esposo e as enfaixou. Assim, 
Osíris voltou à vida, mas foi afastado do mundo terreno e passou a habitar a morada 
dos deuses, onde os mortos eram julgados de acordo com a vida que levavam na Terra. 
 
56 
 
A crença em uma vida depois da morte e a formação da alma entre os egípcios explicou 
o costume do embalsamento dos cadáveres. O povo no antigo Egito acreditava que o 
homem possuía duas almas, Ba e Ka. A segunda alma era o elo com o corpo, podendo 
entrar em estágio de decomposição. Para evitar o sofrimento ou a destruição do Ka, era 
costume o embalsamento dos cada- veres. Depois de todo o processo de 
embalsamento, a múmia era colocada em um sarcófago, ao lado do qual eram 
depositados objetos pessoais do morto e estatuetas que o simbolizavam. 
As múmias egípcias foram e ainda continuam sendo mistério para muitos antropólogos 
e arqueólogos. Elas são famosas pelo fato de, depois de milênios, muitas delas, ainda 
se encontrarem de forma quase perfeita. 
No período pré-dinástico da história egípcia, aproximadamente 3.100 anos a.C., eles 
"enterravam seus mortos geralmente desnudos e sem qualquer prática de mumificação, 
em fossas superficiais cavadas nas areias do deserto, em posição fetal, com a cabeça 
na direção sul e a face voltada para o ocidente". A conservação de alguns corpos 
aconteciam de maneira natural, um conjunto de fatores contribuíam para isso: a areia 
quente e seca do deserto, que desidratava o corpo; a falta de contato com o ar ambiente 
e a alta temperatura diurna do deserto; as baixas temperaturas noturnas, que 
contrastavam com as diurnas. Todos esses fatores serviam para conservar lentamente 
o corpo de forma natural. Ao ter contato com esses corpos naturalmente conservados, 
o povo alimentou a crença, que já tinham, na vida após a morte. Precisava, então, 
dominar uma técnica artificial de tratamento desse corpo para que pudesse melhor 
atingir seu objetivo. 
Segundo o historiador grego Heródoto, considerado o pai da história, os egípcios faziam 
uso de técnicas de diferentes métodos de preservação, que iria variar de acordo com 
a classe sócio- econômica do morto. Com o aumento do poder dos faraós no Egito, a 
mumificação tornou-se privilégio de poucos. Passou a ser destinada principalmente 
àqueles que seriam tornados deuses após a morte. A cada cidadão seria dado um 
tratamento diferente de acordo com sua importância na organização deste império. 
Inicial- mente, realizavam-se procedimentos, que começavam três dias após a morte, 
exclusivamente para as pessoas ricas e poderosas. A família levava o corpo para os 
embalsamadores, que trabalhavam às margens do rio Nilo devido à grande necessidade 
de água, colocavam o corpo sobre uma mesa de pedra ou de madeira ou de pedra com 
detalhes de alabastro. Ao redor da grande mesa havia vasos menores para depositar os 
órgãos do morto. Em seguida, o corpo era lavado, e os órgãos internos retirados. Cada 
um deles era envolto em um pano de linho e colocado dentro de um dos quatro vasos 
sobre a proteção dos deuses chamados Filhos de Hórus, representados nas tampas 
destes recipientes. 
O único órgão interno que permanecia com o corpo era o coração, pois não se podia 
separar um do outro, uma vez que nele residiam os sentimentos, a consciência e a vida. 
O corpo era coberto com natrón, um tipo de sal que desidratava o corpo em mais ou 
menos 35 a 40 dias. As cavidades eram preenchidas com limo (qualquer alga, 
filamentosa ou não, que forme massas verdes na água doce) ou serrim (espécie de 
qualquer planta ou grão para alimentação do gado), secos e desidratados, provenientes 
do rio Nilo. O corpo era então costurado com linho ou placa de cera. Quando se tratava 
de um rei, uma chapa de ouro era utilizada para o fechamento de seu corpo. A múmia 
era lavada nas águas do Nilo, ungida com bálsamos aromáticos e vestida adéqua- 
damente. Em seguida, era envolta em tiras de linho impregnadas de resina (goma 
arábica). Um sacerdote vestindo uma máscara do deus Anúbis, num ritual secreto, 
recitava as fórmulas de encanta- mento adequado. Por fim, era posto um sarcófago 
dentro de outro e entregue aos familiares para se dar sequência ao ritual fúnebre. No 
 
57 
 
momento do funeral, a múmia e os jarros com seus órgãos eram levados do local do 
embalsamamento até a tumba, onde seriam sepultados. A demonstração de reverência 
das pessoas, geralmente, era o choro. Dentro da tumba ocorriam as cerimônias 
religiosas, preparando a pessoa para a outra vida, a vida eterna. 
Na Roma Antiga, os rituais fúnebres também estavam ligados a preocupação com a 
estética. O cadáver era lavado com água quente, perfumado e vestido com uma toga 
ornada com as insígnias de que o morto era possuidor. Por influência grega, era de 
costume colocar na boca do defunto uma moeda destinada ao pagamento do caronte, 
barqueiro de um dos rios do inferno. Após ficar exposto em um leito no átrio, onde 
seriam colocadas as flores e coroas, o morto era levado em ataúde aberto num cortejo 
acompanhado por flautistas, tocadores de trombetas e carpideiras, especialmente 
contratadas para chorar e fazer o elogio do finado. 
Em relação aos túmulos, percebe- se uma tendência à individualização das sepulturas. 
Era comum, desde a Roma Antiga, que cada pessoa tivesse um local de sepultura 
marcado por uma inscrição, inclusive os escravos. Isto significava o desejo de se 
conservar a identidade do túmulo e a memória do desaparecido. Porém, havia muita 
diferença entre o enterro do rico e o do pobre na Roma Antiga. Os pobres eram 
enterrados ou incinerados sem muitos ritos, mas, mesmo assim, havia as columbárias, 
sepulturas condignas construídas entre os associados. Já nos funerais dos ricos, 
primeiramente o cortejo se dirigia ao fórum, onde se fazia um discurso fúnebre 
(laudatio). Em algumas ocasiões era comum a máscara de cera, que representava o 
antepassado do morto. O cemitério situava-se fora dos muros da cidade, onde 
acontecia o sepultamento ou a incineração na própria tumba, na qual se depositava 
também objetos de uso pessoal e alimentos. Em seguida, era feito um banquete 
fúnebre, próximo à sepultura, iniciando para a família um rigoroso luto de nove dias 
(novena), sucedido de alguns sacrifícios de animais. 
Na tradição judaico-cristã as atitudes diante da morte revelam que a morte era 
considerada um trespasse, uma fase. A crença era a de que os mortos dormiam e que 
a morte na realidade seria um descanso. Esse sono seria despertado no dia bem 
aventurado da ressurreição da carne. Portanto, o cuidado com o corpo era de suma 
importância. Conforme podemos perceber na Bíblia sagrada: 
“Os vossos mortos e o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que 
habitais no pó, porque o teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho de vida, e a terra 
dará à luz os seus mortos.” (Isaías, 26,19). 
Tendo em vista a idéia futura de uma ressurreição do corpo, era essencial que o corpo 
fosse sepultado ao invés de ser incinerado, prática mais comumente utilizada pelos 
bárbaros germânicos e por alguns romanos. A boa aparência do corpo também era 
essencial, pois esse mesmo corpo iria ressuscitar e precisava ser bem conservado. Foi 
essa a tradição herdada pela cristandade medieval. Apesar da invasão germânica 
sobre o mundo romano, não foi a pratica de incineração própria dos germanos indo-
europeus que vingou no ocidente e sim a tradição judaico-cristã de enterramento. 
No século VI, cria-se um costume de se enterrar o defunto também nas igrejas e isso 
aproximou os mortos das cidades. Os sarcófagos de pedras muitas vezes possuíam, 
além do nome, um retrato do morto em seu momento de vida. Porém, com o tempo 
esse tipo de sepultura desapareceu e elas se tornam cada vez mais anônimas, devido 
ao enterroad sanctos, em que o defunto era abandonado na igreja onde ficaria até a 
ressurreição. 
Ao analisar os ossos humanos recuperados na antiga aldeia medieval britânica 
Wharram Percy, em North Yorshire antropólogos da Universidade de Southampton 
concluíram que entre os séculos XI e VIV os corpos dos mortos eram mutilados para 
 
58 
 
que não voltassem para importunar os vivos. Documentos da época ofereciam soluções 
para lidar com os mortos que poderiam querer vingar-se dos vivos, entre elas, 
decapitação e a fogueira. A mutilação deveria ocorrer pouco tempo após a morte, 
quando os ossos estavam ainda suaves ao corte. Os 147 pedaços de ossos analisados 
estavam enterrados em valas comuns, longe da igreja e do cemitério. 
Relacionando a importância dos velórios na Idade Média, percebemos que havia um 
grande medo de ser enterrado vivo. Vários reis e rainhas faziam apelos para que fossem 
apenas enterrados, ou que seu corpo fosse aberto para embalsamamento, vinte e 
quatro ou até quarenta e oito horas após o falecimento. 
Entre os séculos XV e XIX muitos escravos mortos nos navios negreiros eram 
simplesmente jogados ao mar. 
Durante o século XVIII, com o advento do Iluminismo, a sociedade começou a se 
influenciar por uma concepção extremamente racional e cética, levando a uma 
laicização da morte por pelo menos dois motivos básicos: por questão de economia, 
pois os rituais fúnebres (missa e funeral) custavam muito caro e, tomando por base uma 
visão racional e céptica, seriam considerados gastos desnecessários; e por questão de 
saúde, pois, por recomendações médicas, levavam-se em conta doenças que eram 
transmitidas por miasmas ou vapores provenientes do cadáver decomposto que 
causavam várias doenças endêmicas, sendo com isso necessária a mudança. Era 
preciso criar cemitérios extramurais, desvinculados das igrejas. Essa laicização da 
morte seria um dos motivos que fizeram com que os enterros passassem a ser feitos 
em cemitérios fora dos âmbitos urbanos. Após a revolução popular contra os 
cemitérios, na França, foi promovido um concurso pela Academia de Arquitetura 
Francesa de projetos sobre cerimônias e organização de cemitérios. Os projetistas em 
sua maioria criticaram o sistema tradicional de enterro e imaginaram cemitérios 
gramados e arborizados, cemitérios-jardim para serem visitados como lugar de 
tranquilidade e meditação, marcando um novo tipo de culto aos mortos. Por isso, 
precisaria de um ambiente que favorecesse essa nova imagem da morte, que a tornava 
sinônimo de descanso, de algo bom que aconteceu. A aparência do lugar onde os 
mortos descansariam também era muito importante, pois confirmava essa nova 
concepção humana de tratamento do morto como uma pessoa que descansaria em 
paz. 
O embalsamamento faz parte da evolução da chamada tanatopraxia. Nos Estados 
Unidos, os primeiros métodos de embalsamamento começaram no início do século XIX, 
nas escolas de medicina. Para servir como estudo, o corpo deveria permanecer mais 
tempo sem se decompor, pois isso prejudicava a análise e, consequentemente, o 
aprendizado. Em 1846, o Dr. Ellerslie Wallace, professor de Anatomia da Jefferson 
Medicai College, na Filadélfia, desenvolveu um produto químico composto por zinco e 
cloreto para preservação de matéria orgânica. Vale salientar que muitas dessas 
combinações possuíam venenos mortais como, por exemplo, o arsênico. 
Após a Guerra de Secessão (1861- 1865), nos Estados Unidos, o embal- samamento 
passou a ser muito utilizado pela indústria funerária crescente, mobilizando com isso a 
economia americana e desenvolvendo uma consciência profissional. 
Com essa evolução da técnica de embalsamar, surgiu a tanatopraxia, que podemos 
entender como uma técnica que consiste na conservação, higienização e restauração 
de cadáveres humanos. A técnica da tanatopraxia é um método utilizado mundialmente. 
Dessa forma, o procedimento utilizado no Brasil é igual ao que se utiliza na Europa ou 
 
59 
 
nos Estados Unidos, por exemplo. As formas de estabilizar ou retardar a decomposição 
de matéria orgânica existentes hoje são distintas, e cada uma tem característica 
específica cujos resultados são igualmente diferenciados. Este é, portanto, um método 
moderno e eficaz de conservação que utiliza líquidos conservantes com concentração 
máxima do formol em 8%, injetado através de máquinas apropriadas, com regulagem 
de pressão e vazão, através de artérias junto ao triângulo de escarpa ou carótida, 
podendo ser feito multiponto conforme a necessidade de cada caso. Em média se 
utilizam 8000 ml de líquido por corpo, ocorrendo a drenagem do sangue durante o 
processo de injeção. O cadáver fica com aparência saudável, coloração epidérmica 
rosada, sem marcas de livores mortis, ou seja, roxos nas extremidades e posterior 
abdominal. O tecido epidérmico ganha uma espécie de celulite, há ganho de massa 
muscular, ficando pernas e braços mais grossos e flexíveis, boca e olhos fechados, 
posição do corpo normalmente reto, abdome normal para negativo, devido à aspiração 
toraco-abdominal que retira sangue e gases. Após esse processo, que utiliza a abertura 
de orifício ao lado do processo xifóide (umbigo), ainda há a introdução de cerca de 500 
ml de liquido conservante neste local. O tempo médio desse preparo é de 2 horas. 
A tanatopraxia chegou a Brasil no ano de 1994, e, é realizada em ambiente equipado 
apropriadamente (tanatório), desenvolvida por técnicos habilitados, chamados de 
tanatopraxistas, e especialmente treinados, inclusive em tanato- estética e 
necromaquiagem. 
A tanatoestética, ou seja, os cuidados dispensados ao cadáver para devolver sua cor e 
aparência natural, através de cosméticos e cuidados estéticos em geral, visando a sua 
melhor apresentação, tem tido uma grande aceitação em nossa sociedade 
contemporânea. Antes não era assim. A primeira brasileira (na verdade luso-brasileira) 
a ter maquiagem mortuária, que é um dos itens da tanato- estética, foi a cantora Carmen 
Miranda, em 1955, nos Estados Unidos, onde foi embalsamada, vestida e maquiada para 
ser sepultada no Brasil. Acontece que a maquiagem mortuária nos Estados Unidos 
já estava consolidada desde aquela época, era muito comum. Lá os rituais fúnebres são 
mais longos do que os brasileiros e a conservação do corpo e de uma boa fisionomia 
do morto exigiram que este segmento da maquiagem se desenvolvesse de maneira 
profissional. Os maquiadores americanos especializados usam técnicas de 
embalsamamento e de recomposição de pele em casos de acidente. Eles utilizam um 
jatinho aerógrafo de maquiagem, com massas e produtos, segundo o maquiador Ulisses 
Rabelo, que afirma nunca ter visto um trabalho desse tipo no Brasil, nem pessoas que o 
façam. Retomando a história do sepultamento de Carmem Miranda, ela não pôde ser 
enterrada maquiada, pois ao chegar ao Brasil, bem pintada, e usando batom e vestido 
vermelhos, o rosto da artista teve que ser de maquiado, por determinação do padre que 
encomendaria o corpo. Isso demonstra tanto o conservadorismo do nosso país nessa 
época como também a influência do catolicismo ao longo da história da morte. 
No Brasil, acontecia frequentemente, que o corpo saía do hospital com um 
tamponamento tradicional, que deveria ser feito de forma que os principais orifícios, 
nariz, boca e ânus, não vazassem sangue. Em seguida, o corpo era levado para a 
funerária, onde o defunto era vestido, ornamentado com flores e onde também era feita 
 
60 
 
uma limpeza superficial, geralmente de alguma mancha. Em geral, essa superficialidade 
no tratamento do cadáver implicava problemas devido ao fato de que o processo 
biológico de decomposição seria mais intenso e mais rápido. Então, como podemos 
perceber, o corpo não era entregue pronto para o velório à família pelo hospital, mas 
com um tratamento aparente, que os médicos chamam de "fazer o pacote". 
Na Indonésia, aindanos dias atuais, os corpos dos mortos são tratados a base de uma 
solução de formoldeído e água e nas casas de seus parentes permanecem por períodos 
que podem a ultrapassar a 1 ano. 
 
Discussão 
Falar sobre a morte geralmente implica desconforto, porque soa como se fosse um 
convite a pensarmos sobre nossa vida, quem somos, como nos constituímos. O fato de 
termos a consciência da finitude nos possibilita atribuir maior sentido à vida e ao tempo 
que ainda temos para aproveitá-la de forma plena. Porém, estar ciente desta condição 
pode ser muito angustiante e paralisar o sujeito diante da reflexão da sua própria 
existência (Câmara, 2011). 
A morte é considerada o último estágio do desenvolvimento humano e pode ser 
entendida como um evento biológico que encerra uma vida. Porém, pensá-la apenas 
por esta perspectiva, a partir da cessação dos batimentos cardíacos, resulta obsoleto. 
A morte é muito mais do que um fato biológico - é um processo construído socialmente, 
que não se diferencia das outras dimensões das relações sociais. É um evento capaz 
de gerar nos seres humanos muito sofri- mento, seja naquele que está à beira da morte, 
seja naqueles que estão à sua volta (Brêtas, Oliveira & Yamaguti, 2006). 
De fato, a morte constitui um evento inevitável, sendo um tema pouco 
abordado e evitado. Contudo, sob o manto da invisibilidade, existem pessoas que, 
cotidianamente, lidam com a morte em razão de seu fazer profissional. Comumente, 
quando se fala em profissionais que lidam com a morte, costuma-se olhar diretamente 
a realidade hospitalar, em que, normalmente, profissionais da saúde, como médicos e 
enfermeiros, convivem com tal fato. Nesse sentido, percebe-se que há maior interesse 
científico com esses trabalhadores que lidam diretamente com a morte no hospital, 
questão que fica evidenciada diante do grande número de estudos existentes 
(Almeida & Cardozo, 2012; Bandeira, Cogo, Hildebrandt, & Bradke, 2014; Duarte, 
Almeida, & Popim, 2015; Kuster & Bisogno, 2010; Magalhães & Melo, 2015; Marques, 
Veronez, Sanches, & Higarashi, 2013; Medeiros, Azevedo, & Oliveira, 2014; Salimena, 
Ferreira, & Melo, 2015; Santos & Hormanez, 2013). 
Câmara (2011) ressalta que as profissões que lidam diretamente com a morte acabam 
por se tornar um grande tabu, pois denunciam o que não se quer ver, nem aceitar. 
Quando se trabalha com a morte como ofício, inevitavelmente, denunciam-se as formas 
mais variadas de sofrimento, histórias e dores. 
Para Ruiz e Cavalcante (2007), responsabilizar-se pelo cuidado da morte e do corpo 
morto e ganhar dinheiro com tal atividade pode soar de extrema crueldade, 
principalmente porque, naquele momento, as pessoas estão vivenciando uma 
experiência dolorosa. Vivemos em uma sociedade na qual temos consciência de que 
devemos pagar pelos serviços que consumimos em nosso dia a dia. Contudo, pagar 
pelos serviços funerários costuma ser visto como não adequado porque consiste 
em um ato de mercantilização da morte. Entretanto, é preciso destacar que este tipo de 
 
61 
 
serviço vem crescendo no mercado, buscando especialização, procurando oferecer 
novos produtos e inovações (Câmara, 2011). 
No que se refere à cultura funerária, percebe-se que passou por muitas mudanças, 
tornando-se um segmento cada vez mais caro e complexo. Começaram a surgir no 
mercado novos produtos e serviços, sendo esses acompanhados pelos avanços 
tecnológicos e industriais de uma cultura direcionada para o consumo. Dentre esses 
avanços tecnológicos podemos destacar os serviços de Tanatopraxia. Diante da 
Legislação Brasileira os serviços de Tanatopraxia é uma das atribuições do agente 
funerário, porém, o avanço tecnológico vem tornando a prestação desse serviço uma 
atividade complexa e dotada de cuidados ambientais e biológicos em função dos 
ambientes adequados para tal atividade, que realizam os cuidados com o corpo, 
aplicação de formoldeído e a maquiagem. 
O Conselho Regional de Enfermagem de Sergipe publicou um Parecer Técnico que 
trata sobre a competência do Enfermeiro em ser responsável técnico pelo serviço de 
gerenciamento de resíduos provenientes de procedimentos relacionados a atividade de 
Tanatopraxia em empresa prestadora deste serviço. No referido parecer os 
procedimentos de conservação de restos mortais humanos e/ou Tanatopraxia poderão 
ser executados por profissionais com escolaridade mínima de 2ª grau e com 
qualificação especifica comprovada (agente funerário conforme código 5165 
CBO/MTE), desde que sejam supervisionados pelo responsável técnico. O responsável 
técnico pelo estabelecimento que procedam a conservação dos restos mortais 
humanos e/ou tanatopraxia deve ser médico regular- mente no Conselho Regional de 
Medicina e possuir certidão de responsabilidade técnica expedida por esse conselho. 
Os proprietários de estabeleci- mentos funerários congêneres são responsáveis legais 
pelos procedimentos e atividades realizadas no estabelecimento. Para o funcionamento 
do estabelecimento, além de cumprir as exigências municipais fazendárias as empresas 
prestadoras de serviços de Tanatopraxia, Conservação de Restos Mortais Humanos, 
Higienização e/ou Tamponamento é obrigatória dispo- rem do Plano de Gerenciamento 
de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) elaborado e implantado em conformidade 
com a RDC ANVISA Nº. 306/2004, 
Resolução CONAMA Nº. 358/2005 e outros atos que vierem a substituí-las ou completa-
las. 
O Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde constitui-se em um conjunto de 
procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e 
técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e 
proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, 
visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos 
naturais e do meio ambiente. 
O gerenciamento deve abranger todas as etapas de planejamento dos recursos físicos, 
dos recursos materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo 
destes resíduos. 
Todo gerador deve elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de 
Saúde (PGRSS), baseado nas características dos resíduos gerados respeitando a sua 
classificação, e esta deve ser estabelecido nas diretrizes de manejo dos RSS. Os 
 
62 
 
PGRSS a ser elaborado deve ser compatível com as normas locais relativas à coleta, 
transporte e disposição final dos resíduos gerados nos serviços de saúde, estabelecidos 
pelos órgãos locais responsáveis por esta etapa. 
 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária classifica os estabelecimentos funerários e 
congêneres, as empresas públicas ou privadas que desenvolvam qualquer uma das 
seguintes atividades: 
a) Remoção de Restos Mortais Humanos: medidas e procedimentos 
relacionados à remoção de restos mortais humanos, em urna funerária, bandeja ou 
embalagem específica, desde o local do óbito até o Estabelecimento Funerário, 
adotando-se todos os cuidados de biossegurança necessários para se evitar a 
contaminação de pessoas e/ou do ambiente. 
b) Higienização de restos mortais humanos: medidas e procedimentos utilizados 
para limpeza e antissepsia de restos mortais humanos, com o objetivo de prepará-los 
para procedimentos de conservação, inumação ou outra forma de destino; 
c) Tamponamento de restos mortais humanos: uso de tampões para vedação 
dos orifícios do cadáver; 
d) Conservação de restos mortais humanos: empregos de técnicas, através das 
quais os restos mortais humanos são submetidos a tratamentos químicos, com vistas a 
manterem-se conservados por tempo total e permanente ou previsto, quais sejam, o 
embalsamamento e a formolização, respectivamente. 
e) Tanatopraxia: emprego de técnicas que visam à conservação de restos mortais 
humanos, reconstrução de partes do corpo e embelezamento por necromaquiagem; 
f) Ornamentação de Urnas funerárias: consistemna colocação de flores, véus e 
adornos decorativos e religiosos, conforme tradições e orientação religiosa; 
g) Necromaquiagem: consiste na execução de maquiagem de cadáveres, com 
aplicação de cosméticos específicos; 
h) Comércio de artigos funerários: exposição para venda de artigos funerários, 
tais como urnas funerárias (caixões), objetos decorativos e religiosos; 
i) Velório: consiste nas honras fúnebres, conforme tradições e orientação religiosa. 
Ato de velar cadáveres; 
j) Translado de restos mortais humanos: todas as medidas relacionadas ao 
transporte de restos mortais humanos, em urna funerária, inclusive aquelas referentes 
à sua armazenagem ou guarda temporária até sua destinação final. 
 
Devemos observar, também, o uso de cadáveres para fins de ensino e pesquisa. Estes 
são regularizados de acordo com a Lei 8501/92. Esta Lei prevê que cadáver não 
reclamado junto às autoridades pública, no prazo de 30 dias, poderá ser destinado às 
escolas de medicina, para fins de estudo e pesquisa de caráter científico. O Código 
Civil Brasileiro relata que após a morte diversos direitos de personalidade são perdidos, 
porém o único mantido é o direito à honra, umbilicalmente associado à natureza 
humana. Dessa forma, o respeito ao cadáver deve ser mantido, algo que é reforçado 
pela famosa “Oração ao Cadáver Desconhecido”, de autoria de Karl Rokitansky. 
Os docentes possuem a função de conscientizar os acadêmicos sobre o respeito 
 
63 
 
perante o cadáver, pois aquele corpo antes da morte construiu uma história influenciada 
por vários senti- mentos humanos e que agora continua o seu legado servindo a 
sociedade de uma outra maneira, algo que deve ser honrado. 
Diante da dificuldade na aquisição de novos cadáveres pelas Faculdades de Medicina 
no Brasil, a solução adotada de imediato é adoção de métodos eficazes de conservação 
de cadáveres. Constatou-se que o principal método de conservação adotado pelas 
Faculdades de Medicina no Brasil é a formolização. Isso se deve ao fato desse método 
ter um custo menor e conservar por um tempo bem prolongado, ou seja, um bom custo 
e benefício. Entretanto, possui uma alta toxicidade, que provoca irritação no bulbo 
ocular, nas vias aéreas superiores, desconforto respiratório e efeito carcinogênico. 
Outro método de conservação de peças anatômicas utilizadas nas Faculdades é a 
glicerinação apesar do alto custo, todas as faculdades que a utilizam, não planejam 
mudar tal processo de conservação. Sabe-se que as peças glicerizadas são mais 
fáceis de se manusear e apresentam menor intensidade de peso e cheiro, devido à 
diminuição de vapores prejudiciais aos manipuladores e excelentes resultados estéticos 
e morfológicos. Já nas instituições que utilizam o formol, mesmo com as suas 
desvantagens, 60,7% não planejam alterar o método. Acredita-se que isso se deve ao 
fato do formaldeído ainda possuir algumas qualidades, tais como baixo custo, rápida 
penetração e adequada conservação por longo período. Entretanto, uma quantidade 
considerável dos docentes das faculdades que utilizam a formolização estão 
insatisfeitos e uma boa parte pretende mudar tal método de conservação, por conta da 
insalubridade do formol, pois o uso do formaldeído é prejudicial a saúde, em que os 
principais afetados são os docentes, pesquisadores e técnicos de laboratórios, ou seja, 
aqueles que estão em contato por longos períodos. 
Para escolher a melhor forma de conservação das peças anatômicas, vários fatores são 
analisados: os custos, a toxicidade, a técnica, o manuseio das peças no pós-preparo, a 
necessidade de manutenção da morfologia e coloração a mais próxima possível do 
estado real e o odor. Assim, por conta da insalubridade do formol, o principal método 
almejado pelas faculdades, que planejam alterar a metodologia de conservação, é a 
glicerinação. 
Com a tanatopraxia as coisas mudaram no ramo funerário, porque solucionou o 
problema de quem precisava de um velório mais estendido sem que o corpo entrasse 
em processo de decomposição antes do enterro. "A tanatopraxia é um serviço de 
qualidade indiscutível." A tanatopraxia pode ser feita para todos os casos de morte, seja 
por enforcamento, por afogamento, acidente automobilístico, queda. Para todos estes 
casos existe tratamento específico. Podemos dividir a tanatopraxia em três níveis 
básicos, nos quais variam a técnica e os líquidos utilizados. 
A tanatopraxia nível um é recomendada para casos em que o velório durará 
aproximadamente doze horas, levando em consideração a hora do falecimento. É um 
trabalho simples, porém indispensável. 
A tanatopraxia nível dois é recomendada para velórios que ultrapassarão as 
doze horas de duração. Esse método é o tradicional, mais utilizado, pois se destina a 
pessoas vítimas de morte natural, acontece pela infusão do líquido formodeíldo no 
sistema circulatório. 
Já a tanatopraxia nível três é recomendada para casos necropciados, ou seja, 
examinados pelos médicos. Geral- mente se destina às pessoas que morreram em casa 
 
64 
 
ou no hospital sem assistência médica, ou que morreram em casa ou no hospital sem 
que os médicos conseguissem diagnosticar a causa da morte. Quando o médico tem 
dúvida sobre a causa da morte, ele envia o corpo para o Serviço de Verificação de 
Óbito (SVO). Através do exame é que o médico vai definir a causa do falecimento. 
Porém, quando se trata de morte violenta (acidentes, enforcamento, suicídio, arma de 
fogo, arma branca), o corpo não é mais tratado pelo SVO, e sim pelo IML, Instituto 
Médico Legal, pois esse corpo foi necropsiado e retirados fragmentos dos órgãos para 
se fazer a autópsia. Quando isso ocorre, torna-se mais trabalhoso fazer a infusão do 
líquido conservante pelo sistema circulatório que apresenta rompimentos de artérias, 
veias e vasos. No interior do corpo humano adulto há uma ramificação muito extensa de 
aproximadamente cinquenta mil quilômetros de veia e artérias, que, quando um de seus 
vasos é rompido, ocorrem infiltrações em alguns lugares. Dessa forma, um rompimento 
em algum lugar pode gerar problemas sérios a outros lugares do corpo, como inchaços, 
equimoses, vazamento de líquidos, entre outros. 
É interessante lembrar que o embalsamamento substituiu a mumificação, e hoje 
percebe-se que aos poucos a tanatopraxia está substituindo o embalsamamento. Por 
isso acreditamos ser a tanatopraxia o que há de mais moderno no mercado funerário no 
mundo contemporâneo. Isso se deve ao fato de que, apesar de semelhante ao 
embalsamento, a tanatopraxia é bem menos agressiva que os outros procedimentos, 
além de ser mais eficaz. 
A aceitação da tanatopraxia vem crescendo, principalmente nas grandes cidades. A 
média de casos de utilização da tanatopraxia é de aproximadamente 5 a 6 vezes por 
dia, por turno de 12 horas. À noite essa média cai para 2 ou 3 casos. Ainda existem 
muitos questionamentos a respeito do que é feito no corpo do falecido através da 
tanatopraxia. O tratamento do corpo assemelha-se a um procedimento cirúrgico, e, 
assim como são poucos os casos em que o médico permite a família entrar na sala de 
cirurgia, o tanatopraxista também procede da mesma forma no tanatório, 
principalmente em casos delicados em que se precisou de maiores cuidados. Como já 
havíamos falado, a tanatopraxia é acompanhada da tanatoestética, que cuida da 
aparência do corpo morto. A maquiagem mortuária tem pouca saída, as pessoas ainda 
não a solicitam muito. Geralmente, pessoas de classes mais abastadas são quem mais 
utilizam este tipo de serviço, subtende-se pelo fato de serem mais vaidosas e quererem 
que o corpo tenha uma boa apresentação em público no velório. Porém, vale salientar 
que há um grande cuidado para que seja algo bem discreto, nada chamativo nem 
extravagante, pois se trata de um funeral e de sentimentos que ali estão envolvidos. 
Outro caso de comum utilização dentro da tanatoestéticaé a da restauração facial. Muito 
comum em acidentes automobilísticos em que vidros trespassam tecidos da face ou 
quando há perda de parte do lábio, vítimas de PAF (perfuração por arma de fogo), 
perfurações de diversas naturezas ou até mesmo suicídio. Utilizando as técnicas da 
tanatoestética, é possível deixar essas marcas imperceptíveis. E isso é muito importante 
para o velório e para a apresentação do morto em público. Também conhecida como 
necromaquiagem, consiste na reparação da pele da pessoa falecida, por meio de 
técnicas de maquiagem. O objetivo principal é minimizar os efeitos de marcas de 
 
65 
 
enfermidades e acidentes, devolvendo ao falecido a aparência e tons naturais, dando a 
impressão de que está dormindo, proporcionando assim, conforto aos entes queridos. 
“A preocupação da aparência, sem marcas que tragam tristes lembranças, terá um 
efeito psicológico confortante junto à família e amigos” (BRANCO. FERNANDES. 
GRIFFO, 2003 p. 89). 
Essas técnicas servem para amenizar os traços mortais e aliviar as dores da família. 
Apenas os casos em que há uma grande perda de tecidos podem não ser solucionados. 
Outro caso comum é quando há doação de órgãos, e principalmente da córnea, em 
que há uma grande agressão à região do rosto, pois o médico não retira apenas a 
córnea para a doação, e sim todo o globo ocular. Em lugar do globo ocular, uma grande 
quantidade de gazes e algodão é enxertada e daí uma grande quantidade de vasos é 
rompida e sangram excessivamente, causando uma enorme olheira que através da 
tanatopraxia será solucionada. 
Conclusão 
Podemos concluir que desde o início da civilização em todas as regiões e continentes 
os povos desenvolveram por meio da sua fé uma relação entre a vida e a morte, e 
também, reencarnação, eternidade, ressurreição e os riscos da alma penar sobre a 
Terra ou que o espírito do defunto retorne para perseguir outras pessoas. 
No tempo contemporâneo a tanatopraxia e a tanatoestética vem suprir uma necessidade 
da própria sociedade em propiciar aos seus entes queridos um ultimo cuidado 
garantindo uma aparência saudável, higiene e assepsia, livre dos odores e dos riscos 
de contaminação. 
 
 
 
 
66 
 
Capítulo 05 
Conservação de Pecas Anatômicas em Soluções 
1. INTRODUÇÃO 
A anatomia é considerada um ramo da ciência ocupada com a forma, a disposição e a 
estrutura dos tecidos e órgãos que compõem o organismo. É uma disciplina que faz parte 
da matriz curricular de cursos relacionados às Ciências Biológicas (BRAZ, 2009). As 
observações das estruturas tridimensionais são consideradas fundamentais ao 
aprendizado (FORNAZIERO & GIL, 2003). Cursos laboratoriais possuem grande 
importância científica para a educação em geral, levando a uma evolução significativa tanto 
na parte acadêmica quanto na aprendizagem dos estudantes (YASSER & TOLBA, 2009). 
Para possibilitar seu estudo por tempo superior ao de autólise e sem a ação de 
microrganismos, é necessário o uso de métodos de fixação e preservação (WEIGLEIN, 
2002). Para que não ocorra a autólise dos espécimes, suas propriedades químicas devem 
ser alteradas, ou seja, impedindo que a matéria orgânica que os compõe se transforme em 
um meio próprio para o desenvolvimento de microrganismos (RODRIGUES,1998). 
A preocupação quanto à conservação de peças anatômicas existe há mais de 5 mil anos, 
pois o uso de peças cadavéricas naturais são indispensáveis para o ensino, sendo um 
método utilizado em todo o mundo, devido à contribuição no aprendizado prático 
melhorando as habilidades aplicativas, assimilativas e compreensivas da disciplina 
preparando os estudantes para uma situação real, além do caráter cientifico acadêmico. 
A conservação tem como objetivo preservar da maneira mais próxima possível, a 
morfologia e características das peças como são nos animais vivos, tal como consistência, 
coloração e flexibilidade. Nos dias de hoje, podemos contar com uma grande variedade de 
técnicas que auxiliam na preservação dos tecidos animais para estudo (KIMURA & 
CARVALHO, 2010). 
Os laboratórios de anatomia recebem para estudo cadáveres inteiros, parte destes ou 
vísceras isoladas. Esses materiais são fixados para evitar a deterioração dos tecidos e 
preservar os elementos úteis aos estudos. A função da fixação é manter os tecidos firmes, 
insolúveis e protegidos contra a deterioração (RODRIGUES, 1998). A fixação através do 
formol é a técnica mais utilizada para a conservação de espécimes. O formaldeído é o 
fixador e conservante mais utilizado, comumente em solução aquosa a 10%. Por ser barato 
e penetrar rapidamente nos tecidos, é amplamente utilizado nos laboratórios de anatomia 
(RODRIGUES, 1998). 
Produzido através da oxidação catalítica do metanol o formaldeído é encontrado no

Outros materiais