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1 Julia Florenzano Soares – GT4 GASTRO Doença Hepática alcoólica Alcoolismo Classificação Abstinentes: são indivíduos que não consomem álcool. Beber com moderação: consumir quantidade de álcool em uma faixa de baixo risco para problemas de saúde Beber em níveis de risco: consumir quantidade de álcool que impõe riscos à saúde. (5 doses por dia para homens e 4 doses por dia para mulheres) Beber compulsivo ou beber pesado: consumo episódico de grandes quantidades de álcool (>5 doses por dia para homens e >4 doses por dia para mulheres). Abuso de álcool: consumo associado à disfunção social ou situações de risco Dependência de álcool: consumo de álcool associado a critérios clínicos de dependência física (tolerância, perda de controle, síndrome de abstinência) e consequências sociais do alcoolismo. Dose-padrão: 12g de álcool puro (equivale ao contido em 150mL de vinho (1 taça), 350mL de cerveja (1 latinha) ou 40-45mL de destilados). OBS: A evolução para cirrose hepática ocorre em 20% dos indivíduos que ingerem acima de 60-80g (homem) ou 20-40g (mulher) de etanol ao dia, durante mais de 8 a 10 anos. Essa evolução depende da susceptibilidade individual, associada a fatores ambientais, exposição a drogas indutoras enzimáticas a infecção concomitante pelos vírus das hepatites B e C. Fatores que reduzem a absorção de álcool: presença de alimento no estômago, menor velocidade de consumo, peso e genética OBS: As mulheres são mais suscetíveis ao desenvolvimento de doença hepática alcóolica por possuírem menor massa corpórea e maior proporção de tecido adiposo comparada aos homens. Além disso, as mulheres têm uma acentuada resposta do seu sistema de defesa aos neoantígenos formados a partir dos hepatócitos lesados, elas têm maiores quantidades de enzimas hepáticas metabolizadoras de etanol, cursando com níveis sérios mais acentuados de acetaldeído e radicais de oxigênio livres. Patogenia Aceita-se que a DHA alcoólica esteja relacionada funcionalmente de forma resumida a: a) hepatotoxicidade exercida pelo acetaldeído, promovendo peroxidação de membranas biológicas, com formações de complexo acetaldeído-proteína e de aductos de DNA; b) exacerbação de estresse oxidativo formando radicais livres de oxigênio; c) geração de endotoxinas, com maior permeabilidade da mucosa com liberação e influxo de mediadores inflamatórios, tais como TNFa, IL-1, IL-6 e leucotrienos; d) ativações de células de Kupffer e de polimorfonucleares Metabolismo do etanol O etanol, após absorção gástrica e intestinal, é oxidado até acetaldeído, convertido em acetato e, finalmente, em CO2, consumindo, para tal, 85% do oxigênio captado pelos hepatócitos. Essas transformações bioquímicas dependem da participação de três sistemas enzimáticos: a) Álcool-desidrogenase e aldeído-desidrogenase, enzimas dispostas no citosol b) Sistema microssomal de oxidação do etano! (MEOS), presente no retículo endoplasmático c) Sistema catalase, distribuído pelos peroxissomos 2 Julia Florenzano Soares – GT4 GASTRO - O acetaldeído produzido sofre ação da aldeído-desidrogenase e é convertido em acetato e, finalmente, em CO2. A presença excessiva do acetaldeído leva a que os pacientes evoluam com lesão de organelas, sobretudo mitocôndrias e microtúbulos, e interrupção do transporte e exportação de proteínas e gorduras. Portanto, quando o citoesqueleto é lesado, as proteínas e gorduras metabolizadas dentro do hepatócito não serão liberadas para a corrente sanguínea. Como consequência, as vesículas, preenchidas por conteúdo lipídico, ficam retidas dentro do hepatócito. Nessa situação, os doentes desenvolvem balonização de hepatócitos e esteatose. Além disso, o acetato produzido a partir do acetaldeido estimula a síntese de ácido graxo endógeno e produz NADH+, que inibe a via de transformação de ácidos graxos em corpos cetônicos. A alteração NADH/NAD altera o metabolismo dos esteroides, levando a uma maior conversão periférica de estrógenos, o que aumenta a quantidade de estrógenos disponíveis (resultando em ginecomastia, aranhas vasculares, irregularidades menstruais). OBS: As mulheres possuem níveis menores de álcool-desidrogenase na mucosa gástrica (enzima responsável pelo metabolismo do álcool) o que faz que com elas apresentem maior concentração sanguínea de álcool do que homens que consomem a mesma quantidade. Ou seja, como tem menos álcool-desidrogenase, mais etanol é absorvido e mais álcool acaba indo para o fígado. Tal comportamento depende da participação de fatores nutricionais, genéticos, imunológicos, da destruição peroxidativa das membranas biológicas e de agressões virais: 1. Fatores nutricionais: Deficiência de proteínas (menos proteínas → diminuição no transporte → acumulo de lípides) está associada a patogenia da DHA. Contudo, o etilismo causa DHA mesmo em pessoas bem nutridas 2. Fatores genéticos 3. Fatores imunológicos: Ingestão excessiva de etanol leva à redução dos mecanismos de defesa imunológica, expressa por granulocitopoese, quimiotaxia, fagocitose e citotoxicidade. Esse quadro de supressão da imunocompetência agrava-se pelo eventual estado de desnutrição dos pacientes e da reduzida secreção de fator de necrose tumoral pelas células de Kupffer. Os doentes evoluem com níveis séricos elevados de IgA e de imunoglobulina ativadora de linfócitos B, responsáveis pelo aparecimento de hipergamaglobulinemia. Além disso, a lesão hepática é favorecida pela presença de imuneglobulina, TNF-a, IL-1, IL-6 e TGF-B1. 4. Destruição perioxidativa das membranas biológicas: Dieta hipogordurosa favorece perioxidação lipídica que acentua a fibrogênese hepática. Além disso, radicais livres e enzimas oxidantes também influenciam nesse processo. 5. Virus da Hepatite B e C: Pacientes alcoólatras mostram aumentada prevalência de vírus das hepatites B e C, quando comparados à população em geral. OBS: O álcool altera a função das proteínas heat-shock (reorganizadoras de proteínas desestruturadas durante a lesão celular – elas fariam uma reestruturação da lesão). 3 Julia Florenzano Soares – GT4 GASTRO DOENÇA HEPATICA ALCOÓLICA A agressão aos hepatócitos na DHA manifesta-se sob formas clínicas, laboratoriais e histológicas diversas. Engloba: esteatose hepática, hepatite alcóolica e cirrose. Fatores de risco principais: Quantidade e duração do consumo de álcool; sexo feminino; fatores genéticos e desnutrição proteico-calórica Fatores de risco secundários: Tipo de bebida; consumo excessivo de álcool; obesidade; etnia afro-americana e hispânica 1) Esteatose hepática Manifestações clinicas: Hepatomegalia de consistência variável, muitas vezes aumentada, com o fígado apresentando bordas rombas e superfície regular. Às vezes, esse aumento de volume do fígado pode ser doloroso. Quando se associam sinais inflamatórios, a denominação é esteato-hepatite. Avaliação laboratorial Níveis séricos de aminotransferases (AST, ALT) normais ou discretamente elevados, mas podem exibir taxas até 10 vezes superiores ao normal; Sempre há alterações acentuadas de gamaglutamiltransferase. Não se modificam os valores de bilirrubina total e frações da albumina, nem a atividade de protrombina. Ao ultrassom: fígado de textura hipercóica, grosseira e atenuação de feixes acústicos posteriores. Anatomopatologia: micro ou macrogotículas de gordura no citoplasma e balonização dos hepatócitos. OBS: Em geral, é reversível em alguns dias ou semanas de abstinência. 2) Hepatite alcoolica- esteato-hepatite É a lesão mais típica da doença hepática provocada pelo álcool e está presente em 10 a 35% dos alcoolistas. Considerada como lesão potencialmente reversível, instala-se sobre fígados normais ou já cirrotizados. Para existir é obrigado que se tenha: necrose + infiltrado inflamatório É considerada uma síndrome inflamatória que traduz uma necrose hepatocitária: O simples acúmulo de ácidos graxos dentro do hepatócito (esteatose) induz a produção de TNF-α (causa apoptose de hepatócitos, recruta células inflamatórias) → gerando processo inflamatório. Há presença de neutrófilos adjacentes as células necróticas e também há infiltração linfocítica. A hepatite produz lesões parenquimatosas que, em estágios iniciais, são potencialmente reversíveis. Entretanto, as lesões também podem evoluir para um quadro mais grave de cirrose hepática. OBS: O processo inflamatório da hepatite alcoólica induz a transformação das Células de Ito (responsáveis por armazenar gordura) em fibroblastos e miofibroblastos. Estes, por sua vez, depositam colágeno no Espaço de Disse (é o espaço que existe entre os capilares sinusóides e os hepatócitos, onde se localizam as células de Kupfer e as células de Ito.), levando à fibrose perissinusoidal. Com isso, fica comprometido o intercâmbio de produtos entre os hepatócitos e o sangue e eleva-se a resistência nos capilares sinoisoides, predispondo a hipertensão porta. 4 Julia Florenzano Soares – GT4 GASTRO Manifestações clinicas Os pacientes podem ser pouco sintomáticos ou assintomáticos. Forma mais grave da doença se expressa pelo aparecimento de icterícia, ascite, sinais de coagulopatia e, mesmo, encefalopatia, cursando ainda com dor surda e suportável no hipocôndrio direito Exame físico: Hepatomegalia (presente em 75% dos pacientes). Se ocorre fibrose do parênquima ao ponto de causar hipertensão porta, observa-se sinais de: Esplenomegalia (como desvia sangue para a veia esplênica, vai estar chegando mais sangue lá, causando uma proliferação de células que geram esplenomegalia e posteriormente hiperesplenismo); Aranhas vasculares (↑estrógeno); eritema palmar; ginecomastia (↑estrógeno); ascite; edema de membros inferiores Avaliação laboratorial Esteato-hepatite simples: ↑AST, ↑ALT, ↑GGT Esteato hepatite grave (se comporta como cirrose ocorre disfunção hepatocitária), havendo: Bilirrubina total >5mg/Dl Níveis séricos de AST situados entre 100 e 400 UI/é. Cerca de 80% dos pacientes com DHA têm a proporção AST:ALT em torno de 2, ou mais ↑ Gama-GT, aumento do volume corpuscular médio das hemácias ↓ Albumina ↑ Tempo de protrombina OBS: Importante nos casos de esteatose hepática a pessoa perder 10% do peso. Esteatose faz diagnóstico diferencial com hemocrematose, hepatite B e C. 3) Cirrose hepática É a forma final da doença hepática alcoólica, que evolui de forma lenta. Inicialmente, o fígado apresenta-se aumentado de volume e tem aspecto esteatótico, mas ao longo dos anos torna-se retraído, acastanhado e firme. Essa evolução transcorre mais rapidamente quando existe hepatite alcoólica. A evolução para cirrose hepática ocorre em cerca de 20% dos indivíduos que ingerem 60-80g de etanol por dia, durante mais de 8-10anos. Essa evolução depende da susceptibilidade individual associada a fatores ambientais. O quadro se instala diante da continuidade do processo inflamatório, que gera lesão do parênquima acima da capacidade regenerativa. Assim, ocorre formação de fibrose difusa, que altera a arquitetura normal do parênquima para a presença de nódulos regenerativos (cirrose micronodular ou macronodular). O processo é essencialmente irreversível. OBS: Qualquer doença hepática crônica pode evoluir para a cirrose. As causas mais comuns são: hepatite C crônica, doença hepática alcoólica, doença hepática gordurosa não alcoólica (envolvido metabolismo do NADH, insulina, ↑glicemia e triglicerídeos, etc) e hepatite B crônica. 5 Julia Florenzano Soares – GT4 GASTRO Fisiopatologia A instalação do quadro de fibrose acaba levando ao aparecimento de hipertensão porta (aumento acima de 5mmHg da pressão na veia porta em relação à pressão na veia cava inferior). Com isso, forma-se extensa rede de circulação colateral na tentativa de aumentar o retorno venoso para a circulação cardiopulmonar e aliviar o sistema porta. Esses desvios da circulação portal são representados sobretudo pelas varizes esofágicas. Entretanto, podem também ser observados outros sinais como: esplenomegalia, circulação venosa superficial, ascite e equimose. A cirrose também predispõe o aparecimento de distúrbios hematológicos (por causa do hiperesplenismo que vai estar degradando + hemácias) como anemia, leucopenia, plaquetopenia e redução na síntese de fatores de coagulação. A hepatopatia atrapalha a produção de proteínas, o que leva à redução da albumina plasmática. O quadro de hipoalbunemia altera a pressão coloidosmótica do plasma, que, associado à hipertensão porta, gera menor excreção renal de sódio e água e formação de ascite (tbm ocorre por deficiência hepatocitária). A queda na capacidade de síntese hepática dificulta a conversão de amônia em ureia, o que leva à hiperamonemia, que pode gerar quadro de encefalopatia. Manifestações clinicas A magnitude das manifestações clínica varia de acordo com o grau de comprometimento celular hepático e da intensidade da fibrose. Inicialmente, a cirrose será compensada, geralmente assintomática (média de sobrevida > 12 anos), mas, uma vez que as complicações (ascite, hemorragia varicosa, encefalopatia, icterícia) se desenvolvem, torna-se descompensada (média de sobrevida, 1,6 ano). No paciente com essas complicações, em geral, observa-se: Fraqueza progressiva, perda de peso, desnutrição, redução da massa muscular, episódio de bacteriemia, com febre, hálito hepático, icterícia, aranhas vasculares, eritema palmar, alteração na distribuição dos pelos pubianos, ginecomastia, atrofia testicular, petéquias (resultado da trombocitopenia ou tempo de protrombina prolongado), equimose, circulação venosa colateral (“cabeça de medusa”), fígado não palpável (diminuído de tamanho e endurecido), esplenomegalia. Complicações Hemorragia digestiva alta: decorre da ruptura de varizes esofágicas. Manifesta-se por hematêmese ou melena. Ascite: é o acúmulo de líquido na cavidade peritoneal. É o sinal mais frequente de descompensação, presente em 80% dos pacientes com cirrose descompensada. Peritonite bacteriana espontânea: ascite complicada por infecção. Manifesta-se por febre, icterícia e dor abdominal. Encefalopatia: decorre do acúmulo de amônia na circulação sistêmica, que atravessa a barreira hematoencefálica e danifica os astrócitos (células cerebrais de suporte), levando à suprarregulação de receptores benzodiazepínicos e, consequente, aumento da produção de neuroesteroides. Estes, por sua vez, levam à depressão cortical e às manifestações características da encefalopatia hepática: - Ao exame clínico: asterixe (tremor) e flapping (faz um movimento de bater de asas – roda denteada) - Estágio 1: alteração no padrão de sono e vigília e transtornos de memória. - Estágio 2: confusão, comportamento inadequado e desorientação. - Estágio 3: letargia e desorientação severa. - Estágio 4: coma 6 Julia Florenzano Soares – GT4 GASTRO Carcinoma hepatocelular: pode desenvolver-se em qualquer estágio da cirrose e pode precipitar a descompensação e morte. Avaliação laboratorial O achado laboratorial mais sensível e específico sugestivo de cirrose no conjunto das doenças hepáticas crônicas é a contagem baixa de plaquetas (<150.000/mm3), que ocorre como resultado da hipertensão portal e hiperesplenismo. ↓ Albumina plasmática ou normal ↑ RNI (tempo de protrombina) ↑ Bilirrubina direta Plaquetopenia AST e ALT normal (ou leve aumento) ↑ Gama gt (ou normal) Anemia FA normal Exames de imagem: incluem a tomografia computadorizada, o ultrassom e a ressonância magnética. Os achados compatíveis com cirrose consistem em contorno hepático nodular, fígado diminuído com ou sem hipertrofia do lobo caudado ou esquerdo, esplenomegalia e, em particular, a identificaçãode vasos colaterais intraabdominais indicativos de hipertensão porta. Classificacao de Child-Turcotte-Pugh ESCALA MELD: 3,78 x (log bilirrubina sérica) + 11,2 (log RNI) = 9,57 (log creatinina sérica) + 6,43 Tratamento Cessação do etilismo Suplementação dietética: baixo teor de gordura insaturada e maior ingesta proteico-calórica. Suplementação de vitaminas e minerais pode ser necessária Corticosteroides: visam bloquear os mecanismos imunológicos de perpetuação da doença, reduzir a formação de colágeno tipo I, melhorar o apetite e estimular a síntese de albumina. Ex: prednisolona. 7 Julia Florenzano Soares – GT4 GASTRO Tratamento das complicações: - Pode ser feito em pacientes que não respondem às outras opções terapêuticas. Indicações: Pacientes que evoluem com DHA, sobretudo quando já se encontram abstêmios por pelo menos 6 meses. Pacientes que desenvolvem carcinoma hepatocelular. TESTE DE AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 1) ENZIMAS INDICADORAS DE EXCREÇÃO (VIA BILIAR) Quando o fluxo de bile está comprometido (colestase) quer por uma obstrução intra ou extra-hepática há determinadas enzimas dos canalículos biliares que tendem a refluir para o plasma. Fosfatase alcalina: Origem: hepática (50%), óssea (40%) e intestinal (10%). Por isso é pouco específica. Valores aumentados: colestase, tumores hepáticos, metástases hepáticas, granulomas, nódulos e cistos hepáticos; doenças ósseas (raquitismo, osteomalácia, osteossarcomas e fraturas). GGT Origem: predominantemente hepática. Marcador muito sensível de doença hepática. Está elevada na presença de álcool. A gamaglutamiltransferase comporta-se como o melhor marcador de DHA, ao lado do aumento do volume corpuscular médio das hemácias. Valores aumentados: hepatites agudas e crônicas, esteatose hepática, drogas hepatotóxicas. Valores muito aumentados: colestase (valores acompanham o aumento de FA) Bilirrubina 2) ENZIMAS QUE AVALIAM LESÃO HEPATOCELULAR As transaminases são indicadores sensíveis de necrose ou lesão do hepatócito ALT: Presente primariamente no fígado AST: Presente no fígado e em outros tecidos como o coração, músculo esquelético, rins, cérebro, pâncreas e, portanto, é muito menos específica do que a ALT. 70% da AST estão presentes no citoplasma e 30% das mitocôndrias - Quando temos uma lesão hepática, há refluxo dessas enzimas para o plasma com elevação dos níveis das duas. ALT sobe ligeiramente mais do que a AST se a lesão for puramente hepática. A exceção é a lesão hepática alcoólica em que a elevação da AST é cerca de 2-3 vezes superior à elevação da ALT dado que o álcool tem um efeito inibidor na síntese de ALT. 3) AVALIÇÃO DA SINTESE HEPÁTICA Albumina: é exclusivamente sintetizada pelos hepatócitos.Tem uma semi-vida de 15-20 dias e, portanto, o seu nível plasmático não é um bom indicador de severidade numa doença hepática aguda. A hipoalbuminemia é, no entanto, comum nas doenças hepáticas crónicas como a cirrose. Globulinas: são um grupo de proteínas que circulam no plasma. Englobam as globulinas gama (imunoglobulinas) produzidas principalmente pelos linfócitos B e as globulinas alfa e beta produzidas principalmente nos hepatócitos. Numa doença hepática crônica, o fígado não consegue filtrar adequadamente os antígenos presentes no intestino. Assim, eles caem na circulação sistémica e estimulam os linfócitos a produzir imunoglobulinas. Ao mesmo tempo, ocorre redução da produção de globulinas alfa e beta devido ao comprometimento dos hepatócitos. Esses dois fenômenos (aumento da 8 Julia Florenzano Soares – GT4 GASTRO fracção gama e diminuição da fracção alfa e beta) produzem um padrão eletroforético característico de doença hepática crónica. Tempo de protrombina (RNI): Com a exceção do fator VIII, de produção endotelial, os fatores de coagulação são produzidos exclusivamente nos hepatócitos. A sua semi-vida é muita mais curta do que a da albumina, variando de 6h para o factor VII até 5 dias para o fibrinogénio. O Tempo de Protrombina avalia a síntese hepática, a partir da mensuração do tempo de conversão da protrombina em trombina.
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