Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROF. LEYNA – ENDOCRINOLOGIA ANOTAÇÕES DE AULA – MARIA GABRIELA P6 1 CLASSIFICAÇÃO A dislipidemia pode ser: • Primária: acontece por defeitos genéticos que levam a alteração da cascata de metabolização dos lipídios. Geralmente se apresentam de forma mais precoce (em jovens) e são mais agressivas • Secundária: acontece por doenças, uso de drogas ou hábitos de vida inadequado Independente de qual seja o tipo, o evento final é o mesmo, a placa aterosclerótica. Solicitação de lipidograma inclui: colesterol total, LDL, HDL, triglicerídeos. A imagem ao lado retrata a presença de soro turvo (sobrenadante cremoso), está presente em casos de excesso de triglicerídeos. É mais visualizado em casos de dislipidemia primária. DIAGNÓSTICO • Anamnese: o Idade e sexo o Dieta o Exercícios o Tabagismo o Etilismo o Drogas o Causas secundárias: se for causa secundária, deve-se começar tratando a doença de base, porque muitas vezes é o suficiente para resolver a dislipidemia. o Patologias o Histórico familiar: teve AVC, infarto. Qual foi a idade? • Clínica: o Peso, altura e calcular o IMC o Estigmas o Circunferência abdominal • Laboratório: o Exame do plasma o Dosagem plasmática: CT (colesterol total), TGL (triglicerídeos), HDL o Fórmula de Friedwald: essa fórmula perde a fidedignidade quando o triglicerídeos está acima de 400. LDL: CT – HDL – TGL /5 o Não-HDL colesterol: CT – HDL. Usa o não-HDL quando não se consegue calcular o LDL o GJ, FRn (função renal – creatinina, ureia), FT (função tireoidiana – TSH, T3 e T4 livre), Fhep (função hepática – TGO, TGP) DISLIPIDEMIAS PRIMÁRIAS Dislipidemia PROF. LEYNA – ENDOCRINOLOGIA ANOTAÇÕES DE AULA – MARIA GABRIELA P6 2 RASTREAMENTO • DAC ou doença vascular aterosclerótica • Alto risco: HAS, DM, obesidade • História familiar positivo de aterosclerose • Estigmas de dislipidemia • Pancreatite • Certos medicamentos (TRH ou uso de roacutan) • A partir dos 20 anos: realizar a cada 5 anos FATORES DE RISCO • História familiar de evento cardiovascular (homem < 55 anos e mulher < 65 anos) • Hipercolesterolemia primária (LDL: 160-189 mg/dl; não-HDL: 190-219 mg/dl) • Síndrome metabólica • Doença renal crônica (TFGe<60, não tratada com diálise ou transplante renal) • Condições inflamatórias crônicas (AR, HIV) • História de menopausa prematura (< 40 anos) e de condições associadas à gravidez que aumentam posteriormente o risco de doença cardiovascular (ex: pré-eclâmpsia) • Raça/etnia de alto risco (ascendência do sul da Ásia) • Hipertrigliceridemia primária (TGL > 175 em 3 medidas) • PCRu elevado (≥ 2 mg/dl) – proteína C reativa ultrassensível • Lp(a) elevada (≥ 50 mg/dl) – lipoproteína A elevada foi demonstrada como fator de risco para eventos ateroscleróticos ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO DCV → Escores de risco: todos são calculadoras para estratificação de risco cardiovascular • Escore de risco global • Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis (MESA) • Reynolds Risk Score • United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS) risk engine • Framingham CLASSIFICAÇÃO DE RISCO E METAS Categorias de risco Situações LDL (mg/dl) Extremo risco - DAC progressiva (inclusive angina instável após atingir um LDL < 70 mg/dl) - DCV clínica estabelecida em pacientes com DM, DRC ¾ ou HeFH - História de DAC prematura (< 55 homem, < 65 mulher) < 55 Muito alto risco - Estabelecida ou recente hospitalização por SCoA, doença coronariana, carotídea ou vascular periférica - Risco > 20% em 10 anos - DM ou DRC ¾ com ≥ 1 fator de risco - Hipercolesterolemia familiar (HeFH) < 70 Alto risco - ≥ 2 fatores de risco e risco de 10-20% em 10 anos - Diabetes ou DRC ¾ sem outros fatores de risco < 100 Moderado risco - ≤ 2 fatores de risco e risco < 10% em 10 anos < 100 Baixo risco Sem fator de risco < 130 NO BRASIL: PROF. LEYNA – ENDOCRINOLOGIA ANOTAÇÕES DE AULA – MARIA GABRIELA P6 3 Pode solicitar USG de carótida para avaliar aterosclerose subclínica. ALVOS TERAPÊUTICOS Realivação do paciente em 6 semanas, mas na prática acaba reavaliando com 6 a 9 meses. TRATAMENTO 1. MEV (mudança do estilo de vida) ▪ Cessação do tabagismo ▪ Cessação do álcool ▪ Exercício físico: o Aeróbio 30 min 4-6x/sem (200kcal/dia) o Fortalecimento muscular o Diminuição do TGL e aumento do HDL ▪ Dieta: frutas e verduras ≥ 5 ▪ Fitosteróis: 2g/dia + estatina = redução de 10% do LDL Baixo risco: MEV por 6 meses Risco moderado: MEV por 3 meses Alto risco: MEV + droga A dieta que tem mais benefício para dislipidemias é a dieta do mediterrâneo: ação antioxidante, e diminuição da oxidação do LDL. 2. Fármacos: Estatinas (inibidores da HMG-CoA redutase): ▪ Escolha para diminuição do LDL ▪ Pode reduzir até 55% do LDL, aumenta de 2- 10% do HDL e diminui TGL de 6-30% ▪ Ação: melhora função endotelial, estabiliza placa, diminui inflamação e oxidação de Lp, anti- trombótico ▪ EC (efeitos colaterais): miopatia (solicitar CPK, se CPK acima de 7 a 10x o valor normal, avaliar suspensão de estatina pelo risco de rabdomiólise), hepatotoxicidade, aumento da glicemia ▪ CI (contra indicações): gravidez, lactantes e hepatopatias agudas ▪ Benefícios na prevenção ▪ Estatina de vida curta: usar a noite (sinvastatina) ▪ Estatina de vida longa: usar qualquer hora do dia (rosuvastatina, atorvastatina) As estatinas podem aumentar as aminotransferases (TGO e TGP), mas só devemos suspender a estatina por essa razão quando se as aminotransferases aumentarem mais que 3x o limite superior da normalidade. 10 mg de rosuva = 20 mg de atorva = 4 mg de pita = 40- 80 mg de sinva Inibidores da absorção intestinal de colesterol: • Ezetimibe • Diminui LDL 10-25% • Associado às estatinas (diminui LDL em +25%) • Efeitos colaterais: raros Fibratos (para tratar triglicerídeos) • Escolha: para tratar TGL quando ele está acima de 500 mg/dl • Diminui o TGL (20-35%); HDL (6-18%); diminuição do LDL é variável (10-20%) • EC: GI, dor muscular, astenia, prurido, cefaleia. Raros: AMT, rabdomiólise • Atenção: insuficiência renal = usar genfibrozila (não usar se TFG < 15) PROF. LEYNA – ENDOCRINOLOGIA ANOTAÇÕES DE AULA – MARIA GABRIELA P6 4 • CI: litíase biliar, alteração da função hepática, gestantes ou lactantes • Exemplos: ciprofibrato (mais usado), fenofibrato (mais potente), genfibrozil, benzafibrato Se por alguma razão for necessário fazer a associação de estatina + fibrato, é melhor fazer fenofibrato com rosuva ou atorva e recomendar tomar em horários distintos para reduzir a probabilidade de efeitos colaterais. • Usar fibratos quando TGL > 500 mg/dl • TGL < 500mg/dl: priorizar a redução de risco cardiovascular com estatinas • Dislipidemia mista e TGL < 500 mg/dl: adição de fibrato (preferência fenofibrato) à estatina pode trazer benefícios cardiovasculares em DM com TGL > 204 e HDL < 34 O uso de estatina sempre será contínuo. Ácido nicotínico: • Escolha para o tratamento de HDL • Dose 500 mg, dose máxima de 2g • EC: prurido, náuseas, tontura, hiperglicemia, rubor facial (+AAS ou laropipranto – cordaptive®) • Ineficaz para reduzir eventos cardiovasculares Resina sequestradora de ácidos biliares: • Reduz a absorção enterohepática de colesterol • Diminui LDL 15-25%, HDL 3-8%, TGL 2-16% • Escolha: período reprodutivo e crianças • Colestiramina (questran® 4g 2x/dia – pode usar até 24 mg/dia), colestipol, colesevelan, colestimide • EC: plenitude abdominal, flatulência, constipação, náuseas Ômega-3: • Peixes gordos (salmão, mequerel, tuna, sardinha) e óleos de peixe• Diminui TGL e CT • EC: náuseas, eructações, flatulência, piora glicemia DM • Alto custo • Paradoxal LDL • Estudo REDUCE IT (2019): 4g ácido etil eicosapentaenóico (vascepa®). Diminui 25% eventos cardiovasculares; FDA: terapia adjunta à estatina se DCV ou DM + 2 fatores de risco para doença cardiovascular. Inibidor da PCSK-9: É o remédio que mais baixa colesterol. São muito potentes • Alirocumab (praluent®) e evolocumab (repatha®) • Diminui LDL 48-71%, diminui não-HDL 49- 58%, diminui CT 36-42% • Adultos com hipercolesterolemia primária (familiar heterozigótica e não familiar) ou dislipidemia mista (adjuvante à dieta) • Incapacidade de atingir os níves alvo predefinidos do LDL com o máximo de estativa tolerada, em combinação à estatina ou à estatina associada a outras terapias hipolipemiantes, ou nos intolerantes à estatina CONSIDERAÇÕES → Não é recomendado início de estatina em diabéticos dialíticos → Diabético com IRC que iniciam diálise usando estatina, deve mantê-la → Não é recomendado início de estatina em pacientes com DM e IC classe III e IV
Compartilhar