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AULAS 2 e 3 - PESSOAS INTERNACIONAIS E FONTES DO DIP

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Professor André Hacl Castro
@andrehaclprofessor
AULAS 2 e 3
DIREITO INTERNACIONAL
Sociedade internacional
Complexidade das relações
que transcendem as fronteiras
de um Estado envolve fatores
como economia e política;
O direito é dever-ser, não
deixando de existir por que
eventualmente suas regras
não são cumpridas.
Sociedade internacional
CARACTERÍSTICAS:
• Descentralização;
• Horizontalidade;
• Consentimento;
• Inexistência de 
hierarquia;
No plano Internacional,
não há autoridade
superior, nem sujeitos
dominantes (AMARAL,
2006).
• Centralização Política;
• Autoridade Central Hierarquicamente sobreposta;
• Órgão Legiferante;
• Representação;
• Hierarquia entre as normas; 
• Subordinação do Estado sobre o Indivíduo;
Sociedade 
interna/ Estado
• Descentralização Política;
• Não existe autoridade superior;
• Normas criadas pelos *próprios destinatários;
• Não há Representação;
• Não há hierarquia entre as normas;
• Relação de coordenação / Igualdade; 
Sociedade 
Internacional
Personalidade Internacional
• No Direito Internacional Público (DIP), a personalidade internacional de 
determinado ente significa o reconhecimento de sua existência legal na 
sociedade internacional global, ou seja, a sua aptidão para titularidade e 
exercício dos direitos e obrigações previstos nas normas do DIP.
• Quando é reconhecida a personalidade internacional? Resposta: Quando 
outros países reconhecem que tal sujeito tem capacidade de realizar acordos e 
cumprir obrigações.
Sujeitos de Direito Internacional Público
• clássicos
• 1) ESTADOS → Brasil; França; México; etc...
• Conceito: Principais sujeitos de DIP. Formados pela reunião de indivíduos, estabelecidos de maneira permanente 
em um território determinado, sob a autoridade de um governo independente.
• 2) ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS → ONU; OEA; OMS; etc...
• Conceito: Entidades criadas e compostas, voluntariamente, por Estados-Membros, através de tratados. Buscam 
realizar propósitos comuns dos seus participantes.
• 3) BLOCOS REGIONAIS → Mercosul; União Europeia; etc...
• Conceito: Coletividades de Estados reunidos para realização de fins comuns, com o objetivo de angariar vantagens 
nos relacionamentos entre eles.
• 4) SANTA SÉ → Vaticano/Santa Sé (país, sede da religião católica)
• Conceito: Cúpula do governo da igreja católica, chefiada pelo Papa, que tem status de chefe de Estado.
• 5) INDIVÍDUOS → Pessoa Humana
• Conceito: Ser Humano
Sujeitos de Direito Internacional Público
• CONTROVERSOS:
• 6) EMPRESAS TRANSNACIONAIS → Greenpeace; Anistia Internacional; Cruz Vermelha; Bayer; Vale do Rio Doce; etc...
• Conceito: Não celebram acordos ou tratados internacionais.
• *Organizações Não Governamentais (ONG's): participam ativamente da sociedade internacional, possuem 
finalidade própria: política, social, econômica, ambiental, etc.
Sujeitos de Direito Internacional Público
• CONTROVERSOS:
• 7) INSURGENTES, BELIGERANTES E MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL → Movimento de Libertação Nacional
Basco (Espanha); IRA (Irlanda); OLP (Israel); etc...
• Conceito de Insurgentes: Grupos que confrontam o Estado, resultando em conflito, armado ou desarmado, que não
toma grandes proporções e não assumem o lugar do ente estatal contra o qual se insurgem – Ex.: Movimento pelos
Direitos Civis nos EUA, Diretas Já no Brasil.
• Conceito de Beligerantes: Confrontam o Estado, posto de maneira armada ou desarmada, e com capacidade para
assumir o lugar do ente estatal. Ex: Sandinistas na Nicarágua e FARC’s colombianas.
• Conceito de Movimentos de Libertação Nacional: constituem-se de grupos nacionalistas, armados ou desarmados,
que buscam a independência política e econômica de um dado território e sua população, a fim de exercer o direito de
autodeterminação dos povos. Ex: OLP (Organização para Libertação da Palestina); Movimento O Sul é o Meu País
(????).
• => Cruz Vermelha; Ordem de Malta (Templários)
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL:
• Fonte do direito representa o modo pelo qual o direito se manifesta.
De outra forma, podemos perquirir o nascedouro de direito, de onde
ele deriva e posteriormente fundamentará a solução de conflitos.
• O Estatuto da Corte Internacional de Justiça
• Quando da formação da Corte Internacional de Justiça questionou-
se qual direito, quais normas poderiam instrumentalizar o exercício da
jurisdição internacional. Assim, o Estatuto da Corte Internacional de
Justiça, também conhecida como a Corte de Haia, no art. 38 arrolou
formas de expressão do direito internacional público, que passaram
a ser consideradas como fontes, nas quais se buscariam as normas
internacionais.
• “Art. 38 –
• 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito
internacional as controvérsias que lhe forem submetidas,
aplicará:
• a) as convenções internacionais, quer gerais, quer
especiais, que estabeleçam regras expressamente
reconhecidas pelos Estados litigantes;
• b) o costume internacional, como prova de uma prática
geral aceita como sendo o direito;
• c) os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações
civilizadas;
• d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e
a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações,
como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
• 2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de
decidir uma questão ex aequo et bono (EQUIDADE), se as partes
com isto concordarem”.
• “Art. 59 – A decisão da Corte só será obrigatória para as partes
litigantes e a respeito do caso em questão”.
Atenção!
• A despeito de o art. 38 claramente firmar as convenções
internacionais, o costume internacional e os princípios gerais de
direito como fontes do direito internacional, devemos considerar o
período em que o Estatuto foi revisto – pós-Segunda Guerra
Mundial, com a formação da Organização das Nações Unidas – e
observar que a enumeração de fontes não é exaustiva. Além de
inconteste que também o art. 38 em tela não aponta um tratamento
hierárquico entre as fontes ou normas de direito internacional.
• Para uma visão didática das principais fontes do direito
internacional na atualidade, reportamo-nos à divisão elaborada por
J. F. Rezek, utilizando como critério a forma de expressão do direito
internacional:
Atos unilaterais
O art. 38 do Estatuto da Corte de Haia não menciona os atos unilaterais entre as 
possíveis fontes do direito internacional.
Os atos unilaterais são manifestações autônomas e não equívocas de uma vontade formulada
publicamente por um ou vários Estados, endereçadas a um ou vários Estados da sociedade internacional em
geral ou de uma Organização Internacional, com a intenção de criar obrigações jurídicas no plano
internacional.
O ato normativo unilateral será considerado como fonte do direito internacional quando puder ser 
invocado por outros Estados ou sujeitos de direito internacional como prova de alguma reivindicação ou 
demonstração de licitude de determinado procedimento. O ato unilateral é oriundo da vontade de uma 
soberania, eventualmente voltando-se para o exterior por força de seu conteúdo.
Exemplos: 
a) Protesto
A eficácia (e não existência) do protesto depende da
sua continuidade. Exige reiteração. Exemplo: protesto
argentino em relação à ocupação inglesa nas Ilhas
Malvinas (Ilhas Falklands)
b) Notificação
Ato pelo qual um Estado leva ao conhecimento de
outro(s) um fato que produz efeitos jurídicos (ato-
condição). Rompimento de relações diplomáticas,
declaração de guerra, expulsão de diplomata etc.
Decisões dos organismos internacionais
• As decisões dos organismos internacionais, assim como os atos unilaterais, não fazem
parte do rol de fontes do Direito Internacional, descrito pelo art. 38 do Estatuto da
Corte Internacional de Justiça; contudo, a partir da segunda metade do século XX, com
a consolidação da presença e atuação das organizações internacionais na sociedade
internacional, é inegável o efeito jurídico de suas decisões.
Decisões dos organismos internacionais• As decisões dos organismos internacionais podem assumir diferentes nomenclaturas como:
resoluções, recomendações, declarações, diretrizes etc. Os efeitos das decisões e seu exato significado
variarão conforme a estrutura organizacional e a finalidade do organismo internacional.
• Precisamente quanto aos efeitos, devemos ressaltar que podem obrigar a totalidade dos membros da
organização em se tratando de assuntos formais ou procedimentais, mas, em regra, no tocante às decisões
materiais, obrigarão a todos apenas na hipótese de unanimidade nas votações ou, se decisões majoritárias,
obrigarão os membros favoráveis à medida.
Costume internacional
• O costume internacional é definido como prova de uma prática geral aceita como
sendo direito, do qual decorrem dois elementos:
• i) Elemento material ou objetivo: consiste na prática reiterada ao longo do
tempo de uma ação ou mesmo omissão (abrange o fazer ou não fazer) de uma
pessoa de direito internacional público.
• ii) Elemento subjetivo (opinio juris): abrange a convicção de que assim se
procede por ser correto, necessário justo, em outros termos, uma prática de bom
direito.
• A importância do costume internacional transparece na solução de litígios em
que o ônus da prova da existência da norma jurídica cabe a quem alega.
• Ex.: visto para ingresso nos Estados Unidos.
• A prova poderá ser formada por dois modos:
• i) Atos estatais: textos legais ou decisões judiciárias da ordem jurídica nacional.
• ii) No plano internacional: por meio de jurisprudência internacional ou ainda o 
texto dos tratados ou os textos preparatórios dos tratados.
Princípios gerais de direito
• A expressão princípios gerais de direito apresenta dificuldades quanto a sua definição.
Originariamente significa princípios aceitos por todas as nações em foro doméstico.
• Autores, como Jorge Miranda, defendem que os princípios consubstanciariam o jus
cogens internacional.
• O entendimento prevalente é que os princípios norteiam a interpretação e a assimilação das
normas de direito internacional.
Princípios gerais de direito
• Os princípios têm maior grau de generalização, e apesar de informarem o direito internacional como
fontes não escritas, a partir do final do século XX estão positivados em vários textos internacionais;
por exemplo: Carta da Organização das Nações Unidas (arts. 1º e 2º), Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados de 1969 (art. 53).
• Alguns princípios reconhecidos: a) proibição do uso ou ameaça de força;
• b) solução pacífica das controvérsias;
• c) não intervenção nos assuntos internos dos Estados;
• d) dever de cooperação internacional;
• e) igualdade de direitos e autodeterminação dos povos;
• f) igualdade soberana dos Estados;
• g) boa-fé no cumprimento das obrigações internacionais.
A EQUIDADE E A DOUTRINA
A equidade (ex aequo et bono) significa a possibilidade de o juiz utilizar a interpretação da norma
que mais favoreça a consecução da justiça. Aliar a igualdade entre as partes à justiça distributiva.
Tratar desigualmente os desiguais.
A equidade não é propriamente uma fonte de direito, mas uma técnica de interpretação judicial.
Seu uso em um litígio depende da concordância das partes e em geral está previsto nas regras
processuais dos tribunais internacionais.
A Corte Internacional de Justiça, por exemplo, somente pode recorrer à equidade na busca por
uma solução justa quando autorizada pelas partes envolvidas. Se as partes não concordarem
expressamente, a CIJ não pode usar a equidade para interpretar o direito.
• Em um contencioso entre o Peru e a
Colômbia, a Corte Internacional de Justiça
decidiu que o asilo concedido ao político
peruano Victor Raúl Haya de la Torre, pela
Embaixada da Colômbia em Lima, no Peru,
era irregular. Sua interpretação
fundamentou-se na leitura literal da
Convenção de Havana, de 1928. A própria
Corte lamentou sua decisão, que teria sido
diferente caso tivesse sido autorizada pelas
partes a usar a equidade na interpretação
da norma internacional.
• A doutrina dos internacionalistas
representa o conhecimento gerado
pelos estudiosos do direito
internacional, por meio de livros e
artigos que iluminam interpretações
e abrem novos caminhos para a
construção e utilização do direito.
softlaw
• Ex.: Agenda 21
• Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a “Cúpula da Terra”, como ficou conhecida, adotou a 
“Agenda 21’, um diagrama para a proteção do nosso planeta e seu desenvolvimento 
sustentável, a culminação de duas décadas de trabalho que se iniciou em Estocolmo em 
1972.
• É um programa de ação (mas tem que cumprir)
• Trata de direito internacional do meio ambiente
jus cogens (hierarquicamente superior - exceção)
• Tratados internacionais sobre direitos humanos
• No sistema global ou das Nações Unidas: Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de 
Genocídio (1948), a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951), o Pacto Internacional sobre 
Direitos Civis e Políticos (1966), o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966), 
a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965), a 
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (1979), a 
Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis Desumanos Degradantes (1984), a 
Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, 
Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (Convenção de Mérida de 2003), etc.
• No sistema interamericano: Convenção Americana sobre Direitos Humanos (1969), Convenção 
Interamericana para Prevenir e Punir Tortura (1985), Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência contra a Mulher (1994), Convenção Interamericana sobre Tráfico Internacional de 
Menores (1994), Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (1999), etc.
• Dentre esses tratados, cabe por em destaque a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 
e o seu Protocolo Facultativo (2007), que até o presente momento foram os únicos documentos 
internacionais aprovados sob o rito do art. 5º, § 3º, CF/88, nos termos do Decreto Legislativo nº 
186/2008⁵, com promulgação através do Decreto nº 6.949/2009⁶.
INDICAÇÃO DE 
LEITURA
• GROTIUS, Hugo. O Direito da guerra e da
paz (De Jure Belli AC Pacis). Ijuí: Unijuí,
2005.
• O livro trata da formação e afirmação do
Direito Internacional com ênfase na relação
entre Estados e o Direito da Guerra.
• PEREIRA, André Gonçalves; QUADROS,
Fausto de. Manual de direito internacional
público. Coimbra: Almedina, 2002.

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