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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS FACULDADE DE DIREITO DEPARTAMENTO DE DIREITO PÚBLICO E FILOSOFIA DO DIREITO DISCIPLINA: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I (DIR 03309) TRABALHO DE LEITURAS DE NOTÍCIAS PROFESSOR: DR. WILLIAM SMITH KAKU ALUNO: LOURIVAL ANTONIO DE CARVALHO JUNIOR RESUMO A Embaixada Brasileira em Buenos Aires avisou à Subsecretaria do Ministério das Relações Exteriores do Mercosul sobre a rescisão do Acordo de Transporte Marítimo com a Argentina. O pactuado de 1985 deu sequência aos acordos da Conferência Marítima de Armadores Argentinos e Brasileiros de 1959. INTRODUÇÃO Conforme observado na notícia, o rompimento definitivo do Acordo de Transporte Marítimo entre brasileiros e argentinos representará um dano considerável para a economia nacional, pois, querendo ou não, a Argentina é um parceiro comercial estratégico importantíssimo, em virtude de o volume dos negócios entre os dois países constituir alto montante e pelo fato de os gringos integrarem o Mercosul. Aqui se esclarece a relevância e a atualidade da publicação para a disciplina de Direito Internacional Público. Do que foi veiculado, pelo menos, percebe-se que houve uma decisão desarrazoada do Governo Brasileiro, se não existir um pacto econômico de maior valia, que possa substituir o que se rescindiu. DESENVOLVIMENTO Diante do que se aponta no site, a extinção do pacto marítimo firmado pode demonstrar uma perda para as conquistas do Mercosul e para as cooperações entre os países porque, segundo Portos, até o final da vigência do presente acordo, o intercâmbio anual no comércio marítimo bilateral girava próximo aos 20 bilhões de dólares, numa oscilação aproximada entre 700 milhões de dólares entre importação ou exportação, além de um valor de serviços relativos a frete marítimo (no qual estão compreendidos os abastecimentos, o combustível, o reparo naval e o agenciamento) na casa de 1 bilhão de dólares. Ressalta-se, também, segundo ANTAQ, que, por disposição das Nações Unidas, para reforçar os mecanismos de cooperação entre os governos no campo da regulação governamental e que interessem à navegação comercial internacional, a Organização Marítima Internacional pode complementar as negociações. Com base nesses dados, percebe-se, na notícia, a utilização concomitante de um conhecimento técnico/científico (como pano de fundo para os leitores da Revista sobre o acordo marítimo) com um conhecimento de senso comum (nesse aspecto, é o que prepondera, visto que procura informar sobre a situação que afetará os representantes do comércio marítimo), de tal modo que a abordagem informativa circunda o plano bidimensional. Se forem esmiuçados, conforme ANTAQ, os termos do Acordo sobre Transportes Marítimos entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina, constatar-se-á uma sequência de eventos no tratado BILATERAL em análise: Assinado em 15 de agosto de 1985, em Buenos Aires. Aprovado pelo Decreto Legislativo nº 58, de 13 de outubro de 1989, do Congresso Nacional. Promulgado pelo Decreto nº 99.040, de 6 de março de 1990, do Poder Executivo. Entrada em vigor em 06 de março de 1990. Vigência indeterminada. Pela leitura acima, nota-se que tais eventos esboçam o processo de elaboração dos tratados, salientando-se que é o Direito Constitucional que indica qual é o órgão interno competente para vincular o Estado na ordem internacional, estabelecendo suas competências específicas (os outros Estados já sabem com qual órgão devem ser feitas as tratativas, por determinado assunto, a fim de que resulte em efeitos jurídicos). => O Chefe de Estado, o Chefe de Governo e o Ministro das Relações Exteriores, podem realizar todos os atos da “conclusão dos tratados”, sendo aceitos todos os seus atos pela comunidade internacional. a) Negociação (definição do texto à ser assinado, feita pelos representantes de “potencial pleno”, que levam o texto ao Chefe de Estado. Até o século XVIII, os tratados eram redigidos em latim, no século XIX; passou a ser redigido em francês; mas agora, nos bilaterais é obrigatório que sejam escritos em duas línguas diferentes (duas versões autênticas – NO CASO DO MERCOSUL, O PORTUGUÊS E O ESPANHOL); nos multilaterais, passaram a ser escritos de francês e inglês, para outras línguas oficiais da ONU (chinês, russo, inglês, francês e espanhol + árabe, recentemente). b) Assinatura (autenticação do texto de um tratado): Assinado em 15 de agosto de 1985, em Buenos Aires. c) Ratificação: CF, art. 84, VIII: “Compete privativamente ao Presidente da República: celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”. Qualquer ato internacional tem que passar pelo presidente da república ou pelo congresso. É o presidente da república que assina atos internacionais. É o que se observa no trecho: Aprovado pelo Decreto Legislativo nº 58, de 13 de outubro de 1989, do Congresso Nacional. Promulgado pelo Decreto nº 99.040, de 6 de março de 1990, do Poder Executivo. Sendo assim: - MRE Gabinete da Presidência Congresso Nacional - Decreto legislativo do Presidente do Congresso vincula internacionalmente Geralmente o período mínimo para a emanação de um decreto legislativo leva de 2 a 4 anos (Convenção de Viena levou 40 anos). O decreto diz: o presidente do congresso nacional faz saber que aprova o texto do tratado em anexo. Se não aprovou algum artigo, essa consideração figura no decreto. - Ratificação do Presidente da República vincula internamente. Ratificação: introdução final da norma no ordenamento interno. - Depósito Uma vez ratificado, pega-se o dossiê tendo a ratificação em cima e manda-se para o país que ficou como depositário. Como o acordo estabelecia tempo indeterminado, presume-se que ele caducou por algum motivo que a notícia não colocou. De qualquer maneira, a decisão do Governo Brasileiro parece desarrazoada se não houver um futuro acordo bilateral que venha a substituir o que foi extinto, pois, pelo já exposto, a Argentina é um importante parceiro estratégico. CONCLUSÃO Feitas as análises, ainda que não se tenham obtidos os motivos para a rescisão do Acordo de Transporte Marítimo com a Argentina, é perceptível que o Brasil acabou por fazer um mau negócio, ao serem dimensionados os valores anuais decorrentes e vigentes no anterior pactuado. Quanto à notícia, verifica-se a preponderância de conhecimento de senso comum para os profissionais da atividade marítimo tendo-se como pano de fundo um conhecimento técnico/científico da respectiva área. REFERÊNCIAS: ABC. Agência Brasileira de Cooperação. Disponível em: <http://www.abc.gov.br/imprensa/mostrarconteudo/1630> Acesso em 26 de março de 2021. ANTAQ. Acordo sobre Transportes Marítimos entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina. Disponível em: <http://web.antaq.gov.br/portalv3/pdf/AcordoBilateralArgentina .pdf > Acesso em 25 de março de 2021. ANTAQ. Convenções Internacionais Marítimas. Disponível em: <http://web.antaq.gov.br/portalv3/IntInter_Convencoes Inter.asp > Acesso em 25 de março de 2021. PORTOS e Navios. Brasil não renovará acordo bilateral de transporte marítimo com a Argentina. Disponível em: <https://www.portosenavios.com.br/noticias/navegacao-e- marinha/brasil-nao-renovara-acordo-bilateral-de-transporte-maritimo-com-a- argentina> Acesso em 25 de março de 2021. https://www.portosenavios.com.br/noticias/navegacao-e-marinha/brasil-nao-renovara-acordo-bilateral-de-transporte-maritimo-com-a-argentina https://www.portosenavios.com.br/noticias/navegacao-e-marinha/brasil-nao-renovara-acordo-bilateral-de-transporte-maritimo-com-a-argentina https://www.portosenavios.com.br/noticias/navegacao-e-marinha/brasil-nao-renovara-acordo-bilateral-de-transporte-maritimo-com-a-argentina http://web.antaq.gov.br/portalv3/IntInter_ConvencoesInter.asp http://web.antaq.gov.br/portalv3/IntInter_Convencoeshttp://web.antaq.gov.br/portalv3/pdf/AcordoBilateralArgentina.pdf http://web.antaq.gov.br/portalv3/pdf/AcordoBilateralArgentina http://www.abc.gov.br/imprensa/mostrarconteudo/1630
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