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LOGÍSTICA REVERSA Charlene Bitencourt Soster Luz Sustentabilidade e a gestão empresarial Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a importância da sustentabilidade na gestão empresarial. Explicar as dimensões da sustentabilidade e as suas relações com a gestão empresarial. Aplicar o conceito de sustentabilidade no contexto da cadeia de suprimentos. Introdução Todas as empresas, independentemente do seu tipo ou tamanho, devem contemplar a sustentabilidade como uma das diretrizes presentes na sua cultura organizacional para que se internalize nas ações executadas, desde a direção até os cargos operacionais que formam a base hierár- quica da organização. Nesse contexto, a gestão desempenha o papel de incentivar colaboradores e fornecedores na busca pela sustentabilidade, de forma que a empresa continue a produzir produtos e prestar serviços de qualidade, o que acarreta lucro ao fim do processo. Desse modo, uma cultura empresarial alinhada à sustentabilidade, com estratégias bem elaboradas e condizentes com a proposta da corpo- ração, é percebida e valorizada pelos clientes, o que justifica o valor dos produtos ou serviços ofertados e gera valor competitivo em detrimento das concorrentes. Nesse sentido, a principal estratégia é aplicar as cinco dimensões da sustentabilidade — social, cultural, espacial, econômica e ecológica — ao mesmo tempo, o que inclui a cadeia de suprimentos entre as aplicações nas atividades logísticas. Neste capítulo, estudaremos a importância da sustentabilidade na gestão empresarial, bem como as suas dimensões e relações. Por fim, aplicaremos o conceito de sustentabilidade no contexto logístico da cadeia de suprimentos. Conceitos fundamentais De acordo com o teólogo, fi lósofo, ecologista e professor Leonardo Boff (BOFF, 2012), o vocábulo sustentabilidade possui um sentido ativo e outro passivo quando investigado nos dicionários. O sentido passivo remete às noções de segurar, suportar, impedir que caia, o que, na esfera ecológica, evoca ações para impedir que o ecossistema seja prejudicado. Já o sentido ativo refere-se a conservar, proteger, manter, fazer prosperar, relacionando- -se à proteção e às condições que propiciam a evolução dos ecossistemas. Portanto, ambas as acepções corroboram com a ideia de cuidado e proteção ambiental. Em voga nas mais variadas discussões contemporâneas, a preocupação com a sustentabilidade já existe há mais de 500 anos. As grandes navegações, responsáveis pela descoberta da América e por tantos outros feitos em todo o globo, ocasionaram a larga exploração de recursos naturais, sobretudo nas florestas. Então, em 1560, surgiu na Alemanha a palavra Nachhaltigkeit, que indica sustentabilidade com foco no uso racional das florestas, conforme explica Boff (2012). Muitos séculos mais tarde, já na década de 1980, o Relatório da Comissão Brundtlan, intitulado Nosso Futuro Comum (no original em Inglês, Our Common Future), a preocupação com a sustentabilidade intensificou-se. A comissão que gerou o relatório foi presidida pela política, diplomata e médica norueguesa Gro Harlem Brundtland, que propôs questões como aquecimento global, entre outras demandas ambientais que ainda eram novidades na época. Além de suscitar tais questionamentos, Bruntland destacou à Organização das Nações Unidas (ONU) a necessidade agir para além do discurso, de modo que soluções fossem postas em prática para a solução dos problemas ambientais verificados. Segundo Boff (2012, p. 33), nesse momento surge a expressão desenvolvimento sustentável como a ação do indivíduo “[...] que atende as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas necessidades e aspirações”. Nesse contexto, Tadeu (2013, p. 146) aponta que a comissão gerou três transformações fundamentais na sociedade em nível global, descritas a seguir: Sustentabilidade e a gestão empresarial2 O desenvolvimento não pode afetar as gerações futuras — as ações humanas são responsáveis pelo futuro, logo devem ser pensadas com enfoque em questões ambientais, políticas e sociais. Afinal, as decisões de hoje precisam ser tomadas com vistas a evitar impactos futuros. As necessidades básicas da sociedade e da economia precisam ser atendidas para que haja desenvolvimento sustentável — as neces- sidades básicas da sociedade, como a distribuição de renda, precisam ser suprimidas para que seja possível pensar e executar atividades direcionadas à sustentabilidade. Deve haver integração em prol do desenvolvimento sustentável — as interações entre cooperação e competição e entre local e global são propostas do desenvolvimento sustentável a serem realizadas por todos, tanto pessoas quanto instituições, em todo o planeta. Esses três itens compreendem responsabilidades de todos e devem fazer- -se presentes também na ordem das organizações. No âmbito empresarial, a sustentabilidade se apresenta como desafio a ser assumido, em especial pela gestão, motivo pelo qual deve integrar a estratégia da organização e perpassar processos, atitudes, produtos e serviços. Ter um negócio sustentável e ser sustentável, entretanto, é uma nova exigência do mercado. Aqueles que acharem os caminhos para se diferenciar serão os beneficiados, ganharão seu espaço nos mercados, agregarão valor aos seus processos e a sua competitividade. Para tanto, uma mudança na agenda das empresas deve ser feita para que todas as dimensões defendidas no conceito de desenvolvimento sustentável possam ser levadas em conta no momento das tomadas de decisão (TADEU, 2013, p. 148). Um negócio sustentável só pode sê-lo com base em um planejamento guiado pela sustentabilidade, pois esse é um fator de competitividade. Dessa maneira, os processos devem ser elaborados de forma sustentável, de modo que os colaboradores possam trabalhar com segurança e estejam cientes da importância de primar pela proteção do meio ambiente. Assim, a consciência ambiental deve ser estimulada e propagada continuamente na empresa, em um processo que se complementa (Figura 1). 3Sustentabilidade e a gestão empresarial Figura 1. Ciclo de responsabilidade de empresas sustentáveis. Fonte: Adaptada de Tadeu (2013). As atitudes dos gestores quanto às questões ambientais são fundamentais, pois servem de modelo aos colaboradores. Logo, cabe à gestão empresarial fazer cumprir a legislação ambiental e ir além do mero dever legal por meio da adoção de práticas sustentáveis como critérios de seleção dos fornecedores, transportadores e demais parceiros da organização. Essa postura, no que tange à política de contratação de pessoal, deve estar em concordância com a cultura de sustentabilidade aderida. Em certa empresa, a gestão objetiva a consciência ambiental e, assim, determina que todos os colaboradores devem receber um manual de boas práticas com ênfase no desenvolvimento sustentável. Além disso, treinamentos mensais sobre sustentabilidade e premiações aos funcionários com ideias sustentáveis e passíveis de aplicação são práticas recorrentes. Sustentabilidade e a gestão empresarial4 Os gestores também estão incumbidos de disseminar tais práticas por intermédio de reuniões e treinamentos com o intuito de despertar a consciência ambiental dos colaboradores para que se evitem desperdícios de energia, água, matéria-prima e retrabalho, por exemplo. Assim, os funcionários trabalham por meio da execução de processos que geram produtos e serviços mais sus- tentáveis, uma vez que, segundo Tadeu (2013, p. 151), “[...] somos agentes com capacidade transformadora”. Portanto, assumir a responsabilidade ambiental significa mudar pensamento e atitudes pelo bem comum. Na Figura 2, a seguir, podemos observar um esquema de quatro camadas basilares da sustentabilidade na cultura das organizações, conforme proposto por Alves (2016). No esquema, o autor organiza aspectos que integramar- tefatos, padrões de comportamento, valores e crenças ambientais e, por fim, pressuposições básicas sobre sustentabilidade ambiental que devem somar-se em uma grande esfera à qual denominamos cultura corporativa. Figura 2. Camadas da sustentabilidade na cultura das organizações. Fonte: Adaptada de Alves (2016). Crenças inconscientes sobre meio ambiente Concepção da natureza humana Pressuposições dominantes Percepções e sentimentos sobre sustentabilidade ambiental Camada 4: pressuposições básicas sobre sustentabilidade ambiental Camada 3: valores e crenças ambientais Camada 2: padrões de comportamento Camada 1: artefatos Filoso�as, estratégias e objetivos Normas e regulamentos Serviços verdes Produtos verdes Prédios e instalações sustentáveis Tecnologias Tarefas Processos de trabalho O que as pessoas dizem ou fazem no dia a dia em relação ao meio ambiente 5Sustentabilidade e a gestão empresarial Para Alves (2016), é a cultura organizacional que deve incorporar a sus- tentabilidade, visto que representa crenças, valores, expectativas e atitudes desejadas. A partir desse entendimento, o autor define quatro camadas da cultura organizacional nas quais a sustentabilidade pode estar presente, como vimos na Figura 2. A primeira camada se refere a artefatos: tecnologias, prédios, instalações, produtos e serviços, que são a parte mais visível da empresa no mercado e resultam de decisões dos gestores, principalmente no momento de fundação da organização. Dessa forma, os artefatos sustentáveis podem ser prédios com sistemas hidráulicos de reaproveitamento da água, uso de energia solar por meio de painéis solares, produtos cuja matéria-prima provém da reciclagem, etc. A segunda camada interessa-se pelos padrões de comportamento, tais como processos de trabalho, tarefas, normas e regulamentos. Em síntese, o comportamento sustentável corporativo faz-se presente nos processos de trabalho e nas tarefas, sendo registrados em normas e regulamentos que visam a preservação ambiental. A terceira camada diz respeito aos valores e crenças ambientais ligados a filosofia, estratégias e objetivos empresariais, posto que os indivíduos pensam e agem de acordo com o meio ambiente no qual se encontram. Essa camada da cultura indica a capacidade do colaborador de pensar na sustentabilidade como uma aliada que contribui para o seu crescimento pessoal e para o de- senvolvimento da empresa, além de contribuir com o planeta. A quarta camada abarca as pressuposições básicas sobre sustentabilidade ambiental, o que abrange percepções, sentimentos, crenças inconscientes, concepção da natureza humana e pressuposições dominantes no indivíduo. É a camada mais profunda em relação à cultura empresarial e a mais difícil de ser modificada, pois trata das concepções consolidadas na mente das pessoas. Nela, portanto, as mudanças tangentes às concepções envolvem planejamento a longo prazo. Sustentabilidade e a gestão empresarial6 Desde a origem do vocábulo, há mais de 500 anos, sustentabilidade compreende o suporte e a proteção do meio ambiente, englobando questões socioeconômicas. No decorrer da história, a preocupação com a questão ambiental tem se tornado crescente, com destaque para o âmbito empresarial, no qual os gestores desempenham um papel fundamental enquanto disseminadores da cultura sustentável, que interfere diretamente no pensamento e nas ações dos colaboradores. Dimensões da sustentabilidade A sustentabilidade ultrapassa os cuidados com o meio ambiente, que está integrado na sociedade, na cultura, no espaço e na economia. Segundo Agra Filho (2014), essas diversas dimensões devem ser consideradas no desenvol- vimento sustentável, pois são estratégicas para que os clientes percebam as concepções e a prática empresarial sustentável. Muitos acreditam que falar de sustentabilidade é o mesmo que falar do meio ambiente. Não podemos negar que o conceito sustentável tem em sua cons- tituição uma parcela da dimensão do meio ambiente, mas não podemos nos restringir somente a isso. Ser sustentável está muito além de cuidar das questões ambientais do planeta. Ser sustentável é saber agregar vantagem competiti- va em suas ações, resultando assim no bem-estar da geração presente e ao mesmo tempo preocupando-se com uma melhor qualidade de vida para as gerações futuras. Sustentabilidade é uma propriedade do todo, não das partes (TADEU, 2013, p. 147). Portanto, obter lucro e ser sustentável ao mesmo tempo é um propósito empresarial, dadas as dimensões da sustentabilidade que atuam de forma integrada. Por isso, o planejamento estratégico das organizações deve consi- derar todo o contexto no qual a empresa insere-se, além de realizar o estudo da viabilidade das cinco dimensões da sustentabilidade (Figura 3). 7Sustentabilidade e a gestão empresarial Figura 3. Dimensões da sustentabilidade. Fonte: Adaptado de Agra Filho (2014). A sustentabilidade social se relaciona de forma direta à diversidade de pessoas que formam a sociedade no local em que a empresa está inserida e, também, no contexto global que pode ser afetado pelas suas ações. Agra Filho (2014, p. 18) considera que a sustentabilidade social visa a “[...] construção de uma civilização com maior equidade na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres”. Assim, políticas públicas que visam a redistribuição de renda e o incentivo à prosperidade empresarial contribuem para uma maior equidade social, pois empresas bem-sucedidas acarretam investimentos e contratações, o que reduz o desemprego e possibilita que os trabalhadores aumentem o seu padrão de vida pelo poder de compra e pelo investimento em educação, por exemplo. A sustentabilidade cultural, por sua vez, refere-se ao desenvolvimento que não nega, apaga ou silencia a cultura existente, ou seja, que não precisa destruir a cultura vigente para progredir. Afinal, modernizar-se não exige o Sustentabilidade e a gestão empresarial8 abandono às práticas e tradições culturais de determinados povos. Agra Filho (2014) ensina que a sustentabilidade cultural proporciona a continuidade da cultura aliada à modernização com a devida conservação do ecossistema e respeito aos hábitos culturais dos seus integrantes. Agra Filho (2014, p. 18) afirma que a sustentabilidade espacial aborda “[...] uma melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das ativi- dades econômicas, com ênfase na proteção da biodiversidade”. Dessa forma, a sustentabilidade espacial visa o equilíbrio entre a vida rural e a urbana por meio da descentralização industrial em direção a vários espaços, de forma que os centros urbanos não sejam conglomerados exclusivos e símbolos maiores do desenvolvimento, que também pode acontecer junto à natureza com o uso de tecnologias que não afetam o meio ambiente de maneira tão profunda. A sustentabilidade econômica tangencia o investimento organizacional na preservação ambiental de modo viável financeiramente, isto é, sem prejuízos. Por isso, Agra Filho (2014, p. 19) defende que a sustentabilidade econômica “[...] deve ser viabilizada por meio da alocação e do gerenciamento mais eficientes dos recursos e de um fluxo constante de investimentos”. Assim, a gestão tem um papel fundamental para que haja rentabilidade aliada ao respeito para com o meio ambiente. O uso de energia solar exemplifica um caso no qual o investimento tem retorno a longo prazo para a empresa e o meio ambiente também se beneficia. Por fim, a sustentabilidade ecológica se associa à utilização de recursos naturais de forma consciente, sem agressões ao meio ambiente. Segundo Agra Filho (2014), a sustentabilidade ecológica expressa-se pelo uso de recursos de forma que se evite danos ao meio ambiente, como substituição de recursos agressivos por recursos que não sejam nocivos à natureza, reciclagem, redução da poluição, tecnologia eficiente para redução de resíduos, etc. Essas soluçõespodem ser planejadas e implementadas nas empresas de acordo com o negócio para que, assim, seja possível preservar o meio ambiente, ainda que por meio de atitudes simples que fazem parte da rotina, tais como separar o lixo, poupar energia e água, etc. Quando realizadas por todos, atitudes pequenas como essas são de grande contribuição para o planeta. Para Agra Filho (2014), as empresas devem considerar fatores-chave para a aplicação dessas cinco dimensões sustentáveis de maneira eficiente e eficaz. Esses fatores-chave referem-se à estrutura de produção e consumo, aos fatores locacionais e às opções tecnológicas. A estrutura de produção e consumo diz respeito ao regime político e à legislação adotada pelos países para promover e incentivar a produção sustentável e, por consequência, promover o consumo de bens e serviços ecologicamente corretos. Os fatores locacionais, por seu turno, correspondem à ocupação territorial, ou seja, ao local onde podem ser 9Sustentabilidade e a gestão empresarial realizadas intervenções humanas que evitam agredir o meio ambiente. Por último, as opções tecnológicas equivalem à execução dessas intervenções com o uso da tecnologia que reduzem o consumo de recursos sem degradar o meio ambiente, com pouco ou nenhum resíduo. A definição de um modelo de desenvolvimento regido pela sustentabilidade requer a escolha de uma trajetória de desenvolvimento baseada no conhe- cimento prévio das potencialidades de uso e das fragilidades ambientais de cada domínio territorial objeto da intervenção social. Torna-se fundamental, então, considerar as potencialidades e particulares territoriais nas trajetórias de desenvolvimento, moduladas pelas distintas disponibilidades e condições ambientais territoriais e pelas tecnologias disponíveis para se efetivarem as intervenções (AGRA FILHO, 2014, p. 21). Em resumo, a sustentabilidade ultrapassa a questão ambiental em muitos aspectos, uma vez que engloba sociedade, cultura, espaço, economia e, obvia- mente, ecologia. Essas cinco dimensões representam a sustentabilidade presente no planejamento estratégico das empresas, que por ser expressa por práticas simples, mas ainda assim sustentáveis. Para a aplicação da sustentabilidade, precisam ser considerados fatores como estrutura de produção e consumo dos países, fatores locacionais para intervenção humana na natureza e opções tecnológicas adotadas em benefício do meio ambiente. Segundo Boff (2012, p. 25), “[...] pegada Ecológica da Terra quer dizer quanto de solo, de nutrientes, de água, de florestas, de pastagens, de mar, de plâncton, de pesca, de energia, etc. o planeta precisa para repor aquilo que lhe foi tirado pelo consumo humano?”. Em suma, o termo pegada ecológica refere o rastro deixado pela devastação humana, que precisa ser compensada na tentativa de equilibrar natureza e ser humano. Sustentabilidade na cadeia de suprimentos A gestão da sustentabilidade na cadeia de suprimentos (GSCS) estuda a sus- tentabilidade do fator de competitividade, não de custos. Essa concepção é de grande valia para a disseminação da cultura da empresa, pois permite que as organizações na cadeia de suprimentos repensem as suas práticas, de modo a Sustentabilidade e a gestão empresarial10 manter as ações ambientalmente corretas, além de criar processos ou ajustar processos já existentes que se confi guram como inadequados ou, ainda, que podem ser otimizados. Essa reconfi guração empresarial em toda a cadeia de suprimentos deve ser adotada para proporcionar uma elevação do nível de serviços ao cliente. Afi nal, em cadeias de suprimentos globais, a repercussão de tais atitudes atinge grandes proporções para o meio ambiente e para a competitividade empresarial. Existem diferenças entre a logística reversa e a GSCS, embora ambas se preocupem com o meio ambiente. A logística reversa trata da gestão do retorno de produtos novos, usados ou seminovos, com foco no produto, ao passo que a GSCS atua em toda a cadeia de suprimentos, o que inclui a concepção do produto, a fabricação, a distribuição e o seu retorno com a logística reversa. Segundo Dias, Labegalinib e Csillagc (2012), a logística reversa difere da GSCS na abordagem, na perspectiva, no escopo das ações, nas soluções e no escopo geral, conforme sintetizado na Figura 4. Figura 4. Distinções entre a logística reversa e a GSCS. Fonte: Dias, Labegalinib e Csillagc (2012, p. 528). A abordagem da logística reversa foca-se em cumprir a legislação e, em geral, em ter ações reativas, após o produto já estar pronto. Por outro lado, a GSCS objetiva a proatividade ao evitar problemas ambientais enquanto busca soluções. Assim, a logística reversa atua, sobretudo, no descarte de produtos de forma ecologicamente correta, ao passo que a GSCS se vale da sustentabilidade como fonte potencial de vantagem competitiva, de modo que o cliente seja informado sobre a atuação sustentável da marca. O escopo das ações da logística reversa centra-se nas vendas, pois é no momento posterior a elas que os processos reversos se iniciam. Todavia, na 11Sustentabilidade e a gestão empresarial GSCS, o escopo das ações abrange todo o ciclo de vida dos produtos, desde a sua concepção até os seus possíveis destinos ecologicamente corretos. As soluções da logística reversa direcionam-se ao fim da linha do produto, ou seja, ao término da sua vida útil após o consumo, sendo que há poucas pesquisas em produtos novos ou seminovos. A GSCS tem maior envolvimento com soluções que visam a redução e o reuso para evitar desperdícios. O escopo da logística reversa tem maior ênfase nas atividades da empresa ao rever os seus processos de forma individual. Já a GSCS enfatiza as várias empresas que compõem a cadeia de suprimentos, com atuação conjunta e disseminada da sustentabilidade. A GSCS atua conjuntamente com a logística reversa, pois ambas estão relacionadas e engajadas nas questões ambientais, embora possuam as suas diferenças. Por fim, vale salientarmos que a logística reversa despertou as empresas para a questão da sustentabilidade e a GSCS, no que lhe compete, conta com iniciativas mais recentes, além de possuir um caráter mais abrangente do que a outra. Para aprender mais acerca da GSCS, sugerimos a leitura do artigo científico intitulado “Sustentabilidade e cadeia de suprimentos: uma perspectiva comparada de publicações nacionais e internacionais”, dos já mencionados autores Dias, Labegalini e Csillag. https://goo.gl/eKw6Wp Sustentabilidade e a gestão empresarial12 AGRA FILHO, S. S. Planejamento e gestão ambiental no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. ALVES, R. R. Administração verde. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. BOFF, L. Sustentabilidade: o que é, o que não é. Rio de Janeiro: Vozes, 2012. DIAS, S. L. F. G.; LABEGALINIB, L.; CSILLAGC, J. M. Sustentabilidade e cadeia de suprimen- tos: uma perspectiva comparada de publicações nacionais e internacionais. Produção, v. 22, n. 3, p. 517-533, maio/ago. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prod/ v22n3/aop_t6_0009_0261.pdf>. Acesso em: 16 out. 2018. TADEU, H. F. B. Logística reversa e sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning, 2013. Leituras recomendadas DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2007. LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. 13Sustentabilidade e a gestão empresarial Conteúdo:
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