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DIREITO PENAL – AULAS 1 E 2
Profª Priscila Silveira
direito penal
Profª Priscila Silveira
Edital 2018
NOÇÕES DE DIREITO PENAL: 1 Princípios básicos. 2 Aplicação da lei penal. 2.1 A lei penal no 
tempo e no espaço. 2.2 Tempo e lugar do crime. 2.3 Territorialidade e extraterritorialidade da lei 
penal. 3 O fato típico e seus elementos. 3.1 Crime consumado e tentado. 3.2 Ilicitude e causas 
de exclusão. 3.3 Excesso punível. 4 Crimes contra a pessoa. 5 Crimes contra o patrimônio. 6 
Crimes contra a fé pública. 7 Crimes contra a Administração Pública.
BANCA: Cespe
CARGO: Policial Rodoviário Federal
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Aula 1
GARANTIAS PENAIS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO
 • Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
É o princípio norteador de todo o ordenamento jurídico brasileiro e está previsto na Constitui-
ção no inciso III de seu primeiro artigo.
Art. 1º, CF: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos:
(...) III – a dignidade da pessoa humana;
Em sentido subjetivo tem a finalidade de garantir o mínimo existencial a todos, e em sentido 
objetivo tem por fim colocar o ser humano como finalidade ou como meta de toda e qualquer 
medida estatal.
a) Quanto ao crime: vedação à incriminação de condutas socialmente inofensivas.
b) Quanto à pena: vedação de penas cruéis, degradantes ou vexatórias.
 • Princípio da Legalidade
“Não há Estado Democrático de Direito sem legalidade penal” (NUCCI).
Trata-se de limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais – nullum 
crimen, nulla poena sine lege.
O princípio da legalidade está expresso no texto constitucional no art. 5º, inc. XXXIX e no Código 
Penal em seu art. 1º.
Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Reserva legal – lege scripta
Anterioridade – lege praevia
Taxatividade – lege certa 
ATENÇÃO: O princípio da legalidade se aplica aos crimes e às contravenções, bem como às 
penas e medidas de segurança.
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 • Princípio da Legalidade
 • Fundamentos do princípio da legalidade:
Político: obrigam-se os poderes executivo, legislativo e judiciária a leis formuladas de forma 
abstrata, impedindo o poder punitivo de maneira arbitrária.
Democrático: respeito ao princípio da separação dos poderes, conferindo ao poder legislativo 
elaborar a lei como representantes do povo.
Jurídico: a lei prévia e inteligível traz maior segurança jurídica.
 • Desdobramentos:
a) Princípio da Reserva Legal: exigência de lei em sentido formal. Está proibida a utilização de 
costumes ou analogia para criar ou agravar punições.
Medidas Provisórias:
Art. 62, CF: Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas 
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria I – relativa a (...)
b) direito penal, processual penal e processual civil;
ATENÇÃO: embora as medidas provisórias não possam criar infrações penais, podem tratar de 
direito penal não incriminador.
a) Princípio da Reserva Legal: 
Lei Delegada
Art. 68, CF: As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solici-
tar a delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, 
os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria 
reservada à lei complementar, nem a legislação sobre (...)
Decreto-lei
O decreto-lei poderá tipificar condutas, desde que anterior a Constituição e que tenha sido 
recepcionado por esta. Ex.: Decreto-lei nº 2.848/40 – Código Penal.
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Decreto-legislativo
Conforme entendimento do STF, o decreto-legislativo só tem efeito erga omnes a partir da edi-
ção da resolução.
b) Princípio da Anterioridade: para a preservação da segurança jurídica, a criação de tipos pe-
nais e a cominação de sanções exige lei anterior ao fato, proibindo-se a retroatividade maléfica.
Porém, a Constituição ressalva que é possível que a lei retroaja para beneficiar o réu.
Art. 5º, inc. XL, CF: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
c) Princípio da Taxatividade: A lei penal deve ter conteúdo de terminado.
Esse princípio é dirigido diretamente ao legislador que deve elaborar os tipos penais de maneira 
clara, sem que reste dúvidas, proibindo a existência de tipos vagos.
 • Princípio da Intervenção Mínima
Esse princípio tem por fim coibir a elaboração de infrações penais sem necessidade, principal-
mente quando a conduta possa ser reprimida por outro ramo do direito, devendo ser a ultima 
ratio.
 • Desdobramentos:
a) Princípio da Subsidiariedade: o direito penal só se justifica em caráter subsidiário,quando 
outros ramos não puderem oferecer proteção suficiente ao bem jurídico tutelado.
b) Princípio da Fragmentariedade: dentre diversos ilícitos, apena uma parcela trata de ilícitos 
penais que correspondem aos fatos mais graves e tutelam os bens jurídicos mais importantes.
 • Princípio da Insignificância
Minima non cura praeter
Enquanto manifestação contrária ao uso excessivo da sanção penal, postula que devem ser 
tidas como atípicas as ações ou omissões que afetam muito infimamente a um bem jurídico-
penal. A irrelevante lesão do bem jurídico protegido não justifica a imposição de uma pena, 
devendo-se excluir a tipicidade em caso de danos de pouca importância.
ATENÇÃO: em situações de inequívoca insignificância, a autoridade policial não deve lavrar o 
flagrante ou instaurar o inquérito, mas registra a ocorrência fundamentando-a.
Critérios de aplicação do STF:
1. Quantificação: quando o bem subtraído não atingir 10% do salário mínimo.
2. Aplica-se o princípio da insignificância se reconhecido os seguintes vetores:
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Periculosidade social(ausência)
Reprovabilidade do ato (reduzida)
Ofensividade da conduta(mínima)
Lesividade jurídica(ínfima)
Observações:1 não se aplica o princípio da insignificância em:
 • Reincidência;
 • Crimes cometidos com violência ou grave ameaça;
 • Furto qualificado;
 • Crimes funcionais;
 • Crimes contra o meio ambiente;
 • Infrações que envolvam a lei de droga;
 • Infrações que envolvam o art. 28,CP.
 • – 2 o STF aplica o princípio da insignificância para o crime de descaminho quando o tri-
buto e seus acessórios não atingir 20 mil reais.
Art. 1º da Portaria nº 75/2012 do Ministério da Fazenda: Determinar:
I – a não inscrição na Dívida Ativa da União de débito de um mesmo devedor com a Fazenda 
Nacional de valor consolidado igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais); e II – o não ajuizamento 
de execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou 
inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
 • Princípio da Ofensividade ou Lesividade – nullem crimen sineinjuria
Apenas existirá crime quando houver efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.
Portanto, é proibida a criminalização de atitudes internas, de estados existenciais, de condutas 
que se esgotem no âmbito do próprio autor ou de qualquer conduta que não afete quaisquer 
bens jurídicos.
Observação: relaciona-se com o princípio da exteriorização ou materialização do fato.
 • Princípio da Alteridade
O direito penal deve punir tão somente condutas que produzam lesão a bens alheios, pois o 
sujeito não pode ser punido por causar mal a si próprio. Ex.: auto lesão e tentativa de suicídio.
 • Princípio da Exclusiva Proteção do Bem Jurídico
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O direito penal não ser utilizado para tutelar concepções puramente ideológicas ou preceitosque violem normas religiosas, morais ou éticas. São dignos de tutela penal, os bens jurídicos 
consagrados na Constituição Federal.
 • Princípio da Adequação Social
Trata-se de um vetor geral de hermenêutica segundo o qual “não se pode reputar como 
criminosa uma ação ou uma omissão aceita e tolerada pela sociedade, ainda que formalmente 
assumida1”.
Todavia, “a aplicação deste princípio no exame da tipicidade deve ser realizada em caráter 
excepcional, porquanto ao legislador cabe precipuamente eleger aquelas condutas que serão 
descriminadas2”.
 • Princípio da Individualização da Pena
Trata-se de um princípio constitucional constante no art. 5º, inc. XLVI, vejamos:
Art. 5º, inc. XLVI, CF: a lei regulará a individualização da pena (...)
A individualização da pena será observada em 3 momentos, quais sejam:
a) Cominação: o legislador valora os bens que devem ser protegidos pelo direito penal.
b) Aplicação da pena: o juiz deve fixa-lo de acordo com o critério trifásico estabelecido pelo 
Código Penal.
c) Execução penal: os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e perso-
nalidade, para orientar a individualização da execução penal – art. 5º da LEP.
 • Princípio da Proporcionalidade
A conduta do agente e a pena que deverá cumprir deve atender a um juízo de ponderação para 
que a resposta penal seja justa.
Logo, a proporcionalidade atinge dois aspectos: a proteção contra o excesso e a vedação da 
proteção penal deficiente.
 • Princípio da Presunção de Inocência
Art. 5º, inc. LVII, CF: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória;
“O princípio constitucional da presunção de inocência , em nosso sistema jurídico, consagra, 
além de outras relevantes consequências, uma regra de tratamento que impede o Poder Pú-
blico de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, 
como se estes já houvessem sido condenados, definitivamente , por sentença do Poder Judiciá-
rio” (STF, HC 115.613/SP, Minº Celso de Mello, 2ª Turma, j. 25/06/2013).
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 • Princípio da Presunção de Inocência x Execução Provisória da Pena:
Data Julgado Entendimento
2009 HC 84.078
Foi em fevereiro de 2009 que o plenário do Supremo permitiu a um conde-
nado pelo Tribunal do Júri da Comarca de Passos (MG), que recorresse aos 
tribunais superiores, em liberdade, de uma condenação de sete anos e seis 
meses de reclusão, em regime inicialmente fechado.
2016 HC 126.292
Sem a alteração constitucional, com a alteração na composição do Supremo, 
a repercussão negativa de casos de impunidade e já com a Operação Lava Jato 
nas ruas, o tribunal manejou uma guinada na sua jurisprudência. No dia 17 
de fevereiro de 2016, em julgamento apertado, o plenário da Corte entendeu 
que a possibilidade de início da execução da pena condenatória após aconfir-
mação da sentença em segundo grau não ofendia oprincípio constitucionalda 
presunção da inocência.
2016 ADC 43 e 44
STF admite execução da pena após condenação em segunda instância
Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que o 
artigo 283 do Código de Processo Penal (CPP)* não impede o início da exe-
cução da pena após condenação em segunda instância e indeferiu liminares 
pleiteadas nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44.
2018 HC 152.752
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, por maioria de votos, o 
Habeas Corpus (HC) 152752, por meio do qual a defesa do ex-presidente Luiz 
Inácio Lula da Silva buscava impedir a execução provisória da pena diante da 
confirmação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) de sua con-
denação pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
 • Aplicação da Lei Penal – Lei Penal no Tempo
Lei penal no tempo
Art. 2º – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando 
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Lei excepcional ou temporária
Art. 3º – A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou 
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua 
vigência.
Tempo do crime
Art. 4º – Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja 
o momento do resultado.
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 • Teoria da atividade: O art. 4º do CP tipifica que, o crime será considerado praticado no 
momento de sua ação ou omissão, mesmo que, o resultado ocorra em momento diverso. 
Considera-se praticado o crime no momento da sua conduta.
 • Teoria do resultado: será considerado praticado o crime assim que gerar o resultado pre-
tendido.
 • Teoria mista ou da ubiquidade: Considerará tanto a ação ou omissão, como o resultado, o 
momento da prática do delito.
Extra-atividade da lei penal
A extratividade é a capacidade maleável que a Lei Penal encontra para regulamentar no caso 
concreto, fatos que ocorreram dentro da sua vigência, e que de alguma maneira já não está 
mais em vigor, devendo ser utilizada apenas para benefício do réu. Pode ser dividida em:
 • Ultra-atividade: aplicação da lei após a sua revogação, porém o fato deve ter ocorrido 
ainda em sua vigência, e;
 • Retroatividade: aplicação da lei penal a fato ocorrido antes da sua vigência.
Conflito de leis penais no tempo
Abolitio criminis e lex mitior X Novatio legis incriminadora e lex gravior
Haverá abolição de crime quando a lei nova deixa de considerar crime/contravenção penal o 
fato anteriormente tipificado como ilícito penal. Nesse caso, o legislador retira a ilicitude da 
conduta, descriminalizando o ato que outrora era considerado como delito.
O instituto da abolitio criminis está descrito no caput do art. 2º do Código Penal, sendo causa 
de extinção de punibilidade (art. 107, inciso III, do CP).
Lex mitior e o trânsito em julgado – Súmula 611, STF: Transitada em julgado a sentença conde-
natória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.
Novatio legis incriminadora
Em se tratando de novatio legis incriminadora, ou seja, uma lei posterior que criminaliza 
determinada conduta, aplica-se a regra geral da irretroatividade penal. Segundo Capez “é a lei 
posterior que cria um tipo incriminador, tornando típica a conduta considerada irrelevante penal 
pela lei anterior” (CAPEZ, 2007, p. 56). Como se vê, nesta hipótese, a regra é aquela insculpida 
no princípio da legalidade e da anterioridade: não haverá crime ou pena sem lei prévia.
Portanto, em decorrência da máxima nullum crimen nullum poena sine praevia lege, as condutas 
que superveniente tornaram-se crime não retroagem, sendo aplicáveis a partir de sua vigência.
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Novatio legis in pejus
Entende-se por novatio legis in pejus, também chamada de lex gravior, a lei posterior que, de 
qualquer modo, agrava a situação do agente.
Aplicando-se o critério supracitado, a lei nova que prejudica o agente não retroage, isto é, deve 
ser mantida a lei revogada (ultra-atividade da lei vigente na época do fato).
Novatio legis in mellius
Outra hipótese de conflito de lei penal no tempo é a novatio legis in mellius, vale dizer, ocorre 
quando a lei posterior que traz um benefício, de certa forma, para o agente do fato (a lei nova 
beneficia a situação do acusado). Rene Ariel Dotti leciona que “O advento de uma lei nova 
poderá beneficiar o agente não apenas quando descriminaliza o fato anteriormente punível, 
mas quando institui uma regra de Direito Penal que: a) altera a composição do tipo de ilícito; b) 
modifica a natureza, a qualidade, a quantidade ou a forma de execução da pena; c) estabelece 
uma condição de punibilidade ou processabilidade;d) de qualquer outro modo é mais favorá-
vel” (DOTTI, 2010, p. 343).
Ocorrendo, portanto, essa novatio legis in mellius, aplicar-se-á a lex mitior (lei melhor) ao caso 
concreto, retroagindo à data dos fatos. Esse instituto está previsto no parágrafo único do artigo 
2º do Código Penal e também não encontra obstáculo à coisa julgada, não havendo que se falar 
em direito adquirido do jus puniendi estatal.
Em suma, a novatio legis in mellius, assim como a abolitio criminis, retroage para beneficiar o 
agente criminoso, aplicando-se de forma imediata aos processos em andamento, sentenciados 
ou não, e também à execução penal.
Lex mitior x vacatio legis
Sancionada, promulgada e publicada uma lei penal mais benéfica, é possível sua aplicação ime-
diata? Isto é, antes mesmo de encerrar o prazo da sua vacatio, caso existente?
1ª Corrente: seguida por Damásio de Jesus, Guilherme de Souza Nucci e Frederico Marques, 
defende que não é possível a lei nova abranger o fato anterior ou concomitante ao período da 
vacatio. Isto é, “a lei penal não possui eficácia jurídica ou social, devendo imperar a lei vigen-
te. Fundamenta-se esta corrente no fato de que a lei no período de vacatio legis não passa de 
mera expectativa de lei. Esta é a corrente predominante” (CUNHA, 2013, p. 104).
2ª corrente: defendida por Rene Dotti, Celso Delmanto e Alberto Silva Franco, entende que, em 
se tratando de lex mitior, deve a lei ser aplicada desde logo, independentemente se se encontra 
em vacatio legis ou não. Isso porque “a lei em período de vacatio não deixa de ser lei posterior, 
devendo ser aplicada desde logo, se for mais favorável ao réu” (DOTTI, 2010, p. 344/345).
Combinação de leis penais – lex tertia
Duas são as teorias que respondem essa questão.
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Corrente tradicional:, defendida principalmente por Nelson Hungria, Aníbal Bruno, Heleno 
Cláudio Fragoso, Eugenio Raul Zaffaroni, José Henrique Pierangeli, Costa e Silva, afirma não ser 
possível a fusão de leis, isto é, que não é possível dividir a norma para aplicar a parte mais be-
néfica, criando uma terceira lei (lex tertia).
Corrente moderna: fazem parte Basileu Garcia, Damásio de Jesus, Frederico Marques, Celso 
Delmanto, Cezar Roberto Bitencourt, Rene Ariel Dotti, Bustos Ramirez, Francisco de Assis Tole-
do e Magalhães Noronha, admite a combinação de leis favoráveis ao réu, sob o fundamento de 
que o juiz não cria uma terceira lei, mas apenas efetua uma integração das normas, pois, quem 
pode aplicar o todo, pode aplicar somente uma parte dela. A propósito, Damásio disserta que 
“Se o juiz pode aplicar o todo de uma ou de outra lei para favorecer o sujeito, não vemos por 
que não possa acolher parte de uma e de outra para o mesmo fim, aplicando o preceito consti-
tucional. Este não estaria sendo obedecido se o Juiz deixasse de aplicar a parcela benéfica da lei 
nova, porque impossível a combinação de leis” (JESUS, 2006, p. 94/95).
Combinação de leis penais – lex tertia
O Supremo Tribunal Federal tem se posicionado majoritariamente (contra: HC 107583 / MG, 
HC 96844 / MS eHC 68416 / DF) no sentido da possibilidade da combinação das leis, quando 
houver ineditismo penal, conforme julgamento do Recurso Extraordinário em Repercussão 
Geral, em que analisou a minorante do art. 33,
§ 4º da Lei nº 11.343/06 em conjunto com a Lei nº 6368/76: “No plano do agravamento 
da pena de reclusão, a regra mais nova não tem como retroincidir. Sendo (como de fato é) 
constitutiva de política criminal mais drástica, a nova regra cede espaço ao comando da norma 
penal de maior teor de benignidade, que é justamente aquela mais recuada no tempo: o art. 12 
da Lei 6.368/1976, a incidir por ultra-atividade. O novidadeiro instituto da minorante, que, por 
força mesma do seu ineditismo, não se contrapondo a nenhuma anterior regra penal, incide 
tão imediata quanto solitariamente, nos exatos termos do inciso XL do art. 5º da Constituição 
Federal” (STF. RE 596152 RG / SP. Rel. p. Ac. Minº Ayres Britto. Pleno.
Julg. 13.10.2011).
No mesmo diapasão: “A causa de diminuição de pena prevista no art. 33 da Lei nº 11.343/2006, 
mais benigna, pode ser aplicada sobre a pena fixada com base no disposto no art. 12, caput, 
da Lei nº 6.368/76”. (STF. HC 95435 / RS. Rel. p. Ac. Minº Cezar Peluso. 2ª T. Julg. 21/10/2008).
Súmula 501, STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei nº 11.343/2006, desde que o resultado 
da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da 
aplicação da Lei nº 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
 • Lei Penal Temporária e Excepcional
Art. 3º, CP – A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração 
ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua 
vigência.
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Lei Penal Temporária: São leis penais criadas para reger fatos ocorridos durante determinada 
situação excepcional ou durante determinado período. Ex.: Lei Penal Temporária – Lei Geral da 
Copa que contém tipos penais, porém impõe uma elementar que condiciona aplicação dos ti-
pos penais para fatos praticados até dia 31/12/14. Hoje, não gera mais novas subsunções.
Lei Penal Excepcional: criada para vigorar sob determinadas condições excepcionais (calamida-
de, guerra etc). Sua vigência se dá, apenas, no período de tais condições, ou seja, fora dos perí-
odos “normais”. Ex.:Lei 1.521/51 – Lei 8.137/90> vender ou expor a venda produto com preço 
superior ao preço da tabela oficial, situação excepcional é a crise econômica e congelamento 
de preço. Revogada em 2011; Crimes Militares em tempo de Guerra.
→ São leis intermitentes dotadas de ultraatividade. Em regra, a posterior autorrevogação Não 
caracteriza abolitio criminis em relação aos fatos ocorridos durante a vigência da lei Temporária 
ou excepcional
 • Crime continuado e crime permanente
Em se tratando de crime continuado (ou continuidade delitiva, art. 71, do Código Penal) ou de 
crime permanente (cuja consumação se prolonga no tempo), a regra é que se aplica a lei mais 
nova, ainda que maléfica ao acusado. Portanto, havendo a modificação da lei quando ainda em 
prosseguimento a prática de crime continuado ou permanente, a lei nova é aplicada a toda a 
série de delitos praticados (caso seja crime continuado) ou para o crime permanente.
Súmula 711, STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, 
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”.
Aplica-se o princípio da continuidade normativo-típica quando uma lei é revogada, porém, a 
conduta ainda continua incriminada em outro dispositivo legal, não ocorrendo, nessa hipótese, 
a abolitio criminis.
A revogação do complemento da Lei Penal em Branco constitui abolitio criminis?
Como regra, a revogação do complemento produz abolitio criminis já que ele faz parte da 
norma penal. Exceção: não haverá descriminalização quando o complemento possuir caráter 
excepcional ou temporário.
A revogação do complemento da Lei Penal em Branco constitui abolitio criminis?
Lei Penal em Branco: Aquela cujo preceito primário se mostra incompleto e por isso carece de 
um complemento que se encontra em outra norma jurídica. Pode ser:
 • Da mesma hierarquia: lei penal em branco homogênea em sentido lato. Ex.: art. 237/CP.
 • De hierarquia diferente: lei penal em branco heterogênea em sentido estrito. Ex.: Lei nº 
11.343/06 nos art. 28 e 33> Portaria da ANVISA; Lei 1.521/51 e Lei 8.137/90 – revogadas, 
tabela oficial> Portaria da SUNABB.
De acordo com Código ,o crime se considera praticado no momento da ação ou omissão ainda 
que outro seja o do resultado. – Teoria da Atividade.
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Será usado quando uma conduta ocorrer numa data e o resultado só acontecer no futuro.a) Conduta e resultado ocorrem em momentos diferentes
b) Maioridade Penal
c) Superveniência de Lei Penal mais Gravosa
d) Questões que envolvam circunstâncias do crime ligadas à idade da vítima
Ao termo inicial da prescrição não se aplica o art. 4º e sim o art. 111/CP. Só começa a ocorrer 
com a consumação do crime.
Conflito Aparente de Normas: Solução
Princípio da Especialidade: majoritariamente, para os doutrinadores é o mais importante dos 
princípios utilizados para sanar o conflito aparente de normas penais. Os demais princípios 
“somente devem ser lembrados quando o primeiro não resolver satisfatoriamente os conflitos.
Princípio da Subsidiariedade: A norma subsidiária descreve um grau menor de violação de um 
mesmo bem jurídico, ou seja, um fato menos amplo e menos grave, que definido como delito 
autônomo é também compreendido como parte da fase normal de execução de crimes mais 
grave.
Princípio da Consunção: Princípio segundo o qual o fato mais amplo e mais grave absorve 
outros menos amplos e graves, que funcionam como fase normal de preparação ou execução 
ou mero exaurimento.
Princípio da Alternatividade: Princípio aplicado quando a norma descreve várias formas de 
realização da figura típica, onde a ação de uma ou de todas configura crime. São os chamados 
tipos alternativos, que descrevem crimes de ação múltipla.
Art. 5º – Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito inter-
nacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º – Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embar-
cações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde 
quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em 
alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 2º – É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou em-
barcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território na-
cional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil
Art. 6º – Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou 
em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir- se o resultado
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Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Art. 7º – Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 1984)
I – os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída 
pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
1984)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II – os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
1984)
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º – Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º – Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter 
sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, 
segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 3º – A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora 
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 1984)
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
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LEI PENAL NO ESPAÇO
Territorialidade: O ordenamento jurídico brasileiro adotou a territorialidade. Trata-se se regra 
relativa, pois comporta exceções previstas em convenções, tratados e regras de direito interna-
cional (territorialidade temperada).
 • Princípio da Territorialidade Temperada ou Mitigada: segundo ele, os crimes ocorridos em 
território brasileiro estarão sujeitos à legislação penal pátria, ressalvados se houver crimes 
que, embora praticados em territórios brasileiros, não ficaram sujeitos à lei penal brasileiro.
EXCEÇÕES:
 • Imunidade Diplomática: tem caráter absoluto, ou seja, abrange toda e qualquer infração 
penal. (Embaixadores, Chefes de Estado e de Governo, os Representantes de Organismos 
Internacionais em missão diplomática, Núncio apostólico. Se estende aos familiares e “sé-
quitos”, ou seja, funcionários que trabalham junto à missão diplomática).
 • Imunidade Consular: tem caráter relativo, ou seja, abrange apenas aqueles fatos ligados à 
função.
Em virtude dessa relativização à territorialidade, permite-se a aplicação de lei estrangeira a 
fato praticado em território brasileiro, fenômeno conhecido como intraterritorialidade. Cabe 
ressaltar que este não se confunde com a extraterritorialidade, adotada pelo Código no art. 7º.
Princípio da 
territorialidade
Princípio da 
extraterritorialidade
Princípio da 
intraterritorialidade
Local do crime Brasil País estrangeiro Brasil
Lei a ser aplicada Brasileira Brasileira Estrangeira (intraterritorialidade)
Art. 5º, §§ 1º e 2º CP: Território Nacional = espaço físico + espaço jurídico
*Espaço físico: espaço geográfico.
Espaço jurídico: espaço físico por ficção, por equiparação, por extensão ou território flutuante.
 • Os navios ou aeronaves brasileiras que forem públicos ou estiverem a serviço do governo, 
quer se encontrem em território nacional ou estrangeiro, são considerados parte do terri-
tório nacional.
 • Caso os navios e aeronaves sejam privados, quando em alto-mar ou espaço aéreo corres-
pondente, seguem a lei da bandeira que ostentam.
 • Os navios e aeronaves estrangeiros em território brasileiro, desde que privados, são consi-
derados parte de nosso território.
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É possível que uma infração penal se desenvolva em diversos lugares e a solução para esse con-
flito é encontrada no art. 6º, do CP. Adotou-se, quanto ao lugar (locus comissi delicti), a teoria 
da ubiquidade, hibrida ou mista. Isso quer dizer que se deve considerar o fato praticado tanto 
no território brasileiro como no estrangeiro, será aplicável a lei brasileira.
Extraterritorialidade: A extraterritorialidade é a aplicação da legislação penal brasileira aos cri-
mes cometidos no exterior. Justifica-se pelo fato de o Brasil ter adotado, relativamente à lei 
penal no espaço, o princípio da territorialidade temperada ou mitigada (CP, art. 5º), o que auto-
riza, excepcionalmente, a incidência da lei penal brasileira a crimes praticados fora do território 
nacional.Princípio Real, Proteção ou Defesa: Refere-se a agressões contra bens jurídicos nacionais de 
relevância pública.
Princípio da Nacionalidade ou Personalidade: Leva em conta a nacionalidade do sujeito do 
crime.
 • Ativa: nacionalidade do autor do crime.
 • Passiva: nacionalidade da vítima.
Princípio da Bandeira ou Representação: Diz respeito a fatos ocorridos à bordo de embarca-
ções ou aeronave privadas brasileiras no exterior, quando ali não forem julgados.
Princípio da Justiça Penal Universal ou Cosmopolita: Refere-se a fatos de extrema gravidade 
que atingem bens jurídicos cuja tutela interessa a toda humanidade.
Extraterritorialidade Incondicionada – Não está sujeita a nenhuma condição. A mera prática 
do crime em território estrangeiro autoriza a incidência da lei penal brasileira, independente-
mente de qualquer outro requisito
Art. 7º, inc. I, CP:
Alínea “a”: Princípio Real
Alínea “b”: Princípio Real
Alínea “c”: Princípio Real
Alínea “d”: Princípio da Justiça Penal Universal
Extraterritorialidade Condicionada – Relaciona-se aos crimes indicados pelo art. 7º, II, e § 3º, 
do CP. A aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos no exterior se sujeita às condi-
ções descritas pelo art. 7º, § 2º, alíneas a, b, c e d, e § 3º, do CP. Em se tratando de extraterrito-
rialidade condicionada, a lei penal brasileira é subsidiária em relação aos crimes praticados fora 
do território nacional, elencados pelo art. 7º, II, e § 3º, do CP.
Art. 7º, inc. II, CP:
Alínea “a”: Princípio da Justiça Penal Universal
Alínea “b”: Princípio Nacionalidade 
Ativa Alínea “c”: Princípio da Bandeira
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Extraterritorialidade Hipercondicionada – ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro 
fora do Brasil, além das condições previstas no §2º, para a aplicação da lei brasileiro é preciso 
observar ainda: a) não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição; e b) ter havida requisi-
ção do Ministro da Justiça.
Art. 7º, parágrafo 3º, CP:
Princípio da Nacionalidade Passiva
Pena cumprida no estrangeiro: A pena cumprida no exterior será descontada na pena imposta 
no Brasil ou a atenuará. Atenua-se a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas 
e, nela é computada, descontada, quando idênticas (detração). Pressupõe execução.
Art. 8º – A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, 
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
Eficácia da Sentença Penal estrangeira – art. 9º, CP
O Código Penal nessa hipótese refere-se a casos em que a sentença tramitou no exterior e a 
execução ocorrerá no Brasil. A execução pressupõe homologação da sentença estrangeira pelo 
STJ que faz uma análise formal, juízo de deliberação.
Para a homologação pelo STJ é necessário que a lei brasileira autorize aqueles efeitos para ca-
sos semelhantes. O país pode pedir extradição, mas jamais o cumprimento de pena em solo 
brasileiro.
Reincidência: reincidente é o indivíduo que pratica novo crime após trânsito em julgado por 
crime anterior praticado no Brasil ou estrangeiro. Não é preciso a homologação, apenas prova 
idônea, certidão reproduzida por autoridade estrangeira traduzida por tradutor juramentado.
Contagem de Prazo Penal
Dias a quo: inclui
Dias ad quem: exclui
Meses e anos são contados de acordo com calendário comum.
Art. 11 – Ações não computáveis na pena
Despreza-se centavos e horas
Art. 12 – Princípio da Especialidade
Lugar > Ubiquidade Tempo > Atividade 
“LUTA” 
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Conceito de Crime
Critério analítico: Esse critério, também chamado de formal ou dogmático, se funda nos 
elementos que compõem a estrutura do crime.
 • Fato típico: É o fato humano – e também da pessoa jurídica, nos crimes ambientais – que 
se enquadra com perfeição aos elementos descritos pelo tipo penal. Seus elementos são: 
a) conduta; 
b) resultado; 
c) relação de causalidade; e 
d) tipicidade.
a) Conduta: Na delimitação do conceito de conduta reside uma das maiores discussões do 
Direito Penal. Várias teorias buscam defini-la, e a adoção de cada uma delas importa em 
modificações estruturais na forma de encarar o Direito Penal. 
 • Formas de conduta: A conduta pode se exteriorizar por ação ou por omissão. 
Ação consiste em um movimento corporal exterior. Reclama do ser humano uma postura posi-
tiva, um fazer. Relaciona-se com a maioria dos delitos, por meio de uma norma proibitiva. Por 
outro lado, não se trata a omissão de um mero comportamento estático. É, sim, a conduta de não 
fazer aquilo que podia e devia ser feito em termos jurídicos, e se refere às normas preceptivas. 
A omissão pode ser vislumbrada tanto quando o agente nada faz, bem como quando faz algo 
diferente daquilo que lhe impunha o dever jurídico de agir.
Exclusão da conduta: 
1. Caso fortuito e força maior
2. Atos ou movimentos reflexos
3. Coação física irresistível
4. Sonambulismo e hipnose 
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Aula 2
DOLO – ART. 18, INC. I, CP
Espécies de dolo:
 • dolo direto ou determinado: ocorre quando o agente quer produzir um resultado determi-
nado (teoria da vontade);
 • dolo indireto ou indeterminado: ocorre quando o agente quer produzir um ou outro resul-
tado com a mesma intensidade (dolo alternativo) e quando o agente, embora não queira o 
resultado, aceita o risco de produzi-lo (dolo eventual).
CULPA – art. 18, II, CP
Espécies de culpa:
 • culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado que era previsível;
 • culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas não o quer e nem assume o risco de 
produzi-lo, acreditando, que irá evitá-lo ou que o resultado não ocorrerá.
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Erro de Tipo: está no art. 20, “caput”, do Código Penal. Ocorre, no caso concreto, quando o in-
divíduo não tem plena consciência do que está fazendo; imagina estar praticando uma conduta 
lícita, quando na verdade, está a praticar uma conduta ilícita, mas que por erro, acredite ser 
inteiramente lícita.
Formas:
 • Erro de Tipo Essencial
 • Escusável ou Invencível
 • Vencível ou Inescusável (chamada de culpa imprópria)
 • Erro de Tipo Acidental
 • Erro sobre o objeto
 • Erro in persona
 • Erro na execução ou aberratio ictus
 • Aberratio Causae
 • Resultado diverso do pretendido ou aberratio delicti
b) Resultado: É a consequência provocada pela conduta do agente. Alguns autores utilizam o 
termo “evento” como sinônimo de resultado.
 • Resultado jurídico, ou normativo
 • Resultado naturalístico, ou material
c) Relação de Causalidade/Nexo de Causalidade: A causalidade é um dos elementos do fato 
típico. Tais elementos estarão presentes, simultaneamente, nos crimes materiais consuma-
dos. Na tentativa e nos crimes formais e de mera conduta, os componentes do fato típico 
são a conduta e a tipicidade. Vale recordar que nos crimes de mera conduta jamais haverá 
resultado naturalístico, razão pela qual se subtrai a relação de causalidade, enquanto nos 
crimes formais o resultado naturalístico pode até ocorrer, mas não é necessário para a con-
sumação.
Teorias adotadas pelo Código Penal: Acolheu-se, como regra, a teoria da equivalência dos an-
tecedentes. É o que se extrai do art. 13, caput, in fine: “Considera-se causa a ação ou omissão 
sem a qual o resultado não teria ocorrido”.
ATENÇÃO: Excepcionalmente, o CP adota, no § 1º do art. 13, a teoria da causalidade adequada.
Para concluir se um acontecimento foi ou não causa do crime, utiliza-se o processo hipotético 
de eliminação. Suprime-se mentalmente determinado fato que compõe o histórico do crime: 
se desaparecer o resultado naturalístico, é porque também era sua causa; todavia, se com a sua 
eliminação permanecer íntegro o resultado material, não se pode falar que aquele aconteci-
mento atuou como sua causa.
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→ Crítica à teoria da equivalência dos antecedentes: regressão ao infinito (regressus ad infini-
tum), uma vez que causa é todo acontecimento que de qualquer modo contribui para o resultado.
 • Causas supervenientes relativamente independentes: Em face da regra prevista no art. 
13, § 1º, do CP, as causas supervenientes relativamente independentes podem ser dividi-
das em dois grupos:
 • as que produzem por si sós o resultado; e
 • as que não produzem por si sós o resultado.
Quanto ao segundo grupo, incide a teoria da equivalência dos antecedentes ou da conditio 
sine qua non, adotada como regra geral no tocante à relação de causalidade (CP, art. 13, caput, 
in fine).
O agente responde pelo resultado naturalístico, pois, suprimindo-se mentalmente a sua condu-
ta, o resultado não teria ocorrido como e quando ocorreu.
d) Tipicidade: A tipicidade, elemento do fato típico.
 • Tipicidade formal: é o juízo de subsunção entre a conduta praticada pelo agente no mundo 
real e o modelo descrito pelo tipo penal (“adequação ao catálogo”).
 • Tipicidade material (ou substancial): é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penal-
mente tutelado em razão da prática da conduta legalmente descrita.
Causas Excludentes de Tipicidade Legais:
 • Crime Impossível
 • Intervenção médico-cirúrgica e impedimento de suicídio
 • Retratação no crime de falso testemunho
 • Anulação do primeiro casamento no crime de bigamia
Supralegais:
 • Adequação social
 • Insignificância
 • Coação Física Irresistível
 • Aplicação da Teoria da Tipicidade Conglobante
 • Erro de tipo inevitável, invencível e excusável
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Consumação X Tentativa
Tentativa
A tentativa é a realização incompleta do tipo penal, do modelo descrito na lei. Na tentativa há 
prática de ato de execução, mas o sujeito não chega à consumação por circunstâncias indepen-
dentes a sua vontade. A tentativa é o crime que entrou em execução, mas no seu caminho para 
a consumação é interrompido por circunstâncias acidentais. A figura típica não se completa.
São elementos da tentativa:
 • Início da execução: o CP adotou a teoria objetiva exigindo o início da execução de um fato 
típico, ou seja, exige a existência de uma ação que penetre na fase executória do crime. 
Uma atividade que se dirija no sentido da realização de um tipo penal. A tentativa só é pu-
nível a partir do momento em que a ação penetra na fase de execução.
 • Não consumação do crime por circunstâncias independentes da vontade do agente: pode 
ser qualquer causa interruptiva da execução, desde que estranha à vontade do agente.
 • Dolo em relação ao crime total: o agente deve agir dolosamente, isto é, deve querer a ação 
e o resultado final que concretize o crime perfeito e acabado. É necessário que o agente 
tenha intenção de produzir um resultado mais grave do que aquele que vem efetivamente 
a conseguir. Não existe dolo especial de tentativa, diferentemente do dolo do crime consu-
mado.
Tentativa: Espécies
 • Tentativa imperfeita: Na tentativa, o processo executório é interrompido por circunstân-
cias estranhas à vontade do agente, como, por exemplo, “o agressor é seguro quando está 
desferindo os golpes na vítima para matá-la”. Na tentativa imperfeita o agente não exaure 
toda a sua potencialidade lesiva, ou seja, não chega a realizar todos os atos executórios ne-
cessários à produção do resultado, por circunstâncias estranhas à sua vontade.
 • Tentativa perfeita: Na tentativa perfeita, o agente realiza todo o necessário para obter o 
resultado, mesmo assim não o atinge. A fase executória realiza-se integralmente, mas o 
resultado visado não ocorre, por circunstâncias alheias à vontade do agente. A execução se 
conclui, mas o crime não se consuma.
 • Arrependimento Eficaz: o agente, após ter esgotado todos os meios de que dispunha — 
necessários e suficientes —, arrepende-se e evita que o resultado aconteça, ou seja, pratica 
nova atividade para evitar que o resultado ocorra. Aqui também não é necessário que seja 
espontâneo, basta que seja voluntário.
 • Necessidade da eficácia do arrependimento: O êxito da atividade impeditiva do resul-
tado é indispensável, caso contrário o arrependimento não será eficaz. Se o agente não 
conseguir impedir o resultado, por mais que se tenha arrependido, responderá pelo 
crime consumado. Mesmo que a vítima contribua para a consumação.
 • Atos já praticados (“tentativa qualificada”): Tanto na desistência voluntária como no 
arrependimento eficaz, o agente responderá pelos atos já praticados que, de per si, 
constituírem crimes. Isso em doutrina chama-se “tentativa qualificada”.
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 • Arrependimento Posterior: O arrependimento posterior constitui causa obrigatória de re-
dução de pena, com fundamento em razões de política criminal, relacionada sobretudo a 
fins preventivos especiais. São requisitos necessários:
 • Requisitos objetivos:
a) crime praticado sem violência ou grave ameaça;
b) reparação do dano (arts. 65, III, b, e 312, § 3º, do CP) ou restituição da coisa;
c) realizado até o recebimento da denúncia ou queixa;
 • Requisitos subjetivos: ato voluntário do agente.
 • Crime Impossível: também chamado de “tentativa inidônea” tem como elementos:
 • Por ineficácia absoluta do meio empregado — o meio, por sua natureza, é inadequado, 
inidôneo, absolutamente ineficaz para produzir o resultado pretendido pelo agente. É in-
dispensável que o meio seja inteiramente ineficaz. Se a ineficácia for relativa, haverá tenta-
tiva punível.
 • Por absoluta impropriedade do objeto — o objeto é absolutamente impróprio para a rea-
lização do crime visado. Aqui também a inidoneidade tem de ser absoluta. Há crime impos-
sível, por exemplo, nas manobras abortivas em mulher que não está grávida; no disparo de 
arma de fogo, com animus necandi, em cadáver.
Ilicitude
É a contrariedade entre o fato típico praticado por alguém e o ordenamento jurídico, capaz de 
lesionar ou expor a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados. O juízo de ilicitude é 
posterior e dependente do juízo de tipicidade, de forma que todo fato penalmente ilícito tam-
bém é, necessariamente, típico.
Causas Excludentes de Ilicitude – art. 23, CP:
 • Legítima Defesa – art. 25, CP
 • Estado de Necessidade – art. 24, CP
 • Estrito Cumprimento do Dever Legal – definição doutrinária – art. 23, inc. III, CP
 • Exercício Regular do Direito – definição doutrinária – art. 23, inc. III, CP
Obs.: são sinônimos de excludentes da ilicitude: descriminantes, causas de justificação, justifi-
cantes.
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Estado de Necessidade – art. 23, inc. I e 24 CP 
Estado de necessidade é a causa de exclusão da ilicitude que depende de uma situação de pe-
rigo caracterizada pelo conflito de interesses lícitos, ou seja, uma colisão entre bens jurídicos 
pertencentes a pessoas diversas que se soluciona, com a autorização conferida pelo ordena-
mento jurídico, com o sacrifício de um deles para a preservação do outro.
ESPÉCIES
 • ESTADO DE NECESSIDADE PRÓPRIO
 • ESTADO DE NECESSIDADE DE TERCEIRO
 • ESTADO DE NECESSIDADE REAL
 • ESTADO DE NECESSIDADE PUTATIVO
 • ESTADO DE NECESSIDADE DEFENSIVO
 • ESTADO DE NECESSIDADE AGRESSIVO
Causa de diminuição da pena (art. 24, § 2º): Cuida-se de causa de diminuição da pena que 
ocorre quando o agente, visando proteger bem jurídico próprio ou de terceiro, sacrifica outro 
bem jurídico de maior valor. Não há exclusão do crime.
Estado de necessidade recíproco: É perfeitamente admissível que duas ou mais pessoas es-
tejam, simultaneamente, em estado de necessidade, umas contra as outras. É o que se con-
vencionou chamar de estado de necessidade recíproco, hipótese em que deve ser afastada a 
ilicitude do fato, sem a interferência do Estado que, ausente, permanece neutro nesse conflito.
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Legítima Defesa – art. 25, CP
Espécies de legítima defesa
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Legítima defesa real recíproca (legítima defesa real contra legítima defesa real)
NÃO É CABÍVEL, pois o pressuposto da legítima defesa é a existência de uma agressão injusta. 
E, se a agressão de um dos envolvidos é injusta, automaticamente a reação do outro será justa, 
pois constituirá uma simples atitude de defesa. Consequentemente, apenas este último estará 
protegido pela causa de exclusão da ilicitude.
Estrito cumprimento de dever legal
 • O Código Penal não apresentou o conceito de estrito cumprimento de dever legal, nem 
seus elementos característicos.
 • Trata-se de causa de exclusão da ilicitude que consiste na prática de um fato típico, em 
razão de cumprir o agente uma obrigação imposta por lei, de natureza penal ou não.
Dever legal :
 • Obrigação direta ou indiretamente resultante de lei, em sentido genérico, 
 • Preceito obrigatório e derivado da autoridade pública competente para emiti-lo. 
ATENÇÃO: 
Estrito cumprimento de dever legal 
X 
Obediência hierárquica (causa de exclusão da culpabilidade)
Exercício Regular do Direito
 • A palavra “direito” é utilizada em sentido amplo pelo art. 23, III, do CP. 
 • Quem está autorizado a praticar um ato, reputado pela ordem jurídica como o exercício de 
um direito, age licitamente. 
Estrito cumprimento de dever legal X Exercício regular de direito
 • Causas legais de exclusão da ilicitude: no estrito cumprimento de dever legal, de natureza 
compulsória, o agente está obrigado a cumprir o mandamento legal, enquanto no exercício 
regular de direito, de natureza facultativa, o ordenamento o autoriza a agir, mas a ele per-
tence a opção entre exercer ou não o direito assegurado. 
 • Origem: no estrito cumprimento de dever legal o dever de agir tem origem na lei, exclusiva-
mente, enquanto o exercício regular de direito tem seu exercício autorizado por lei, regula-
mentos e, para alguns, até mesmo nos costumes.
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