Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LOMBALGIA! D E F I N I Ç Ã O dor musculoesquelética na coluna lombar é dor, rigidez e/ou sensibilidade na região lombossacral (abaixo da décima-segunda costela e acima das dobras glúteas); é subdivida de acordo com a duração em dor lombar aguda, com duração <4 semanas, dor lombar subaguda, com duração de 4 a 12 semanas e dor lombar crônica, com duração >12 semanas; — geralmente é impossível identificar com precisão a causa exata da dor, mas ela surge de qualquer combinação de patologia envolvendo discos, vértebras, facetas articulares, ligamentos e/ou músculos — E P I D E M I O L O G I A é a segunda razão mais comum para consultas médicas nos EUA; recidiva de dor lombar é muito comum. A transformação da dor lombar aguda em dor recorrente ou crônica ocorre em 35% a 75% em 1 ano, embora muitos pacientes com dor contínua parem de consultar- se com médicos; incidência de dor lombar entre mulheres tende a ser ligeiramente superior que entre homens, ocorre principalmente em mulheres com 20 a 65 anos; nenhuma predominância étnica foi demonstrada com consistência; — uma das principais consequências sociais da lesão lombar e da dor crônica na coluna é a incapacidade — E T I O L O G I A dor lombar inespecífica ———————— é, por definição, dor sem uma etiologia claramente definida; evidências sugerem etiologias incluindo discos vertebrais, vértebras, facetas articulares, fáscia, ligamentos e/ou músculos. -Classificação de McKenzie (alterações biomecânicas): • Síndrome postural • Síndrome disfuncional (encurtamento adaptativo) • Síndrome do desarranjo dor lombar especifica ————————— Mecânica: • Degenerativas —> espodilolistese, estenose de canal; • Traumáticas —> fraturas; • Congênitas —> espinha bífida, cifose / escoliose, vértebra transicional; Não Mecânicas: • Neoplasias; • Espondiloartrites; • Infecções —> osteomielite (TB, bacterianas), abscessos paravertebrais, discite; • Osteocondrose —>doença de Sheüermann Referidas: • Renal; • Gastrointestinal; • Pélvica; • Aorta; D I A G N O S T I C O — consiste de uma estratificação diagnóstica geral inicial de acordo com a história dos pacientes e os resultados de um exame físico, a estratificação orienta estudos subsequentes de manejo e diagnóstico — diretriz do American College of Physicians e American Pain Society oferece um esquema lógico de estratificação de 3 grupos: Grupo 1: dor lombar possivelmente associada a estenose da coluna vertebral ou radiculopatia Grupo 2: dor lombar possivelmente associada a outra causa específica, incluindo cauda equina, neoplasia, infecção, fratura vertebral, artrite inflamatória e relato de outro sistema de órgãos (por exemplo, pielonefrite) ou localização (por exemplo, disfunção sacroilíaca) Grupo 3: dor lombar inespecífica. Fatores de risco ——————————— FORTES: obesidade; historia familiar de doença degenerativa do disco; flexibilidade musculotendinosa deficiente e postura anormal; estresse e comorbidades psiquiátricas; FRACOS aumento de idade, até 60-65 anos; sexo feminino; atividades físicas e ocupacionais pesadas; tabagismo; A V A L I A Ç Ã O C L I N I C A Anamnese ————————————— • Duração dos sintomas; • Descrição da dor (localização, intensidade, tempo, radiação...); • Presença de sintomas neurológicos (fraqueza muscular, alterações de sensibilidade, alterações na função intestinal e da bexiga); • Tratamentos anteriores; • Histórico médico (câncer, infecção, osteoporose, fraturas, distúrbios endócrinos); • IDENTIFICAR “RED FLAGS”—> trauma significativo recente ou trauma mais leve em idade >50 anos; perda de peso inexplicada; imunossupressão; história de câncer; uso de medicamento intravenoso (IV); uso prolongado de corticosteroides; osteoporose; idade >70 anos; deficit neurológico focal com sintomas progressivos ou incapacitantes; ou duração de dor lombar >6 semanas — se algum desses fatores estiver presente, recomenda-se avaliação adicional de imagem — Exame Fisico ———————————— exame musculoesquelético e neurológico dirigido deve ser realizado; raramente fornece o diagnóstico específico da causa da dor, mas torna a investigação complementar mais efetiva; Fases: - Inspeção; - Palpação; - Movimentação ativa e passiva; Achados degenerativos são comuns em exames complementares e nem sempre justificam os sintomas do paciente. Inspeção Estática • Procurar deformidade evidente, hematomas, alteração de pele, curvatura anormal e assimetria da pele ao redor da coluna lombar; • Observar trofismo muscular —> Ex. lesão de plexo braquial Inspeção Dinâmica • O exame começa observando como o paciente entra na sala e age durante a história; • Observar a marcha —> marchas específicas; • Andar na ponta dos pés (S1-S2) e sobre os calcanhares (L4-L5) —> compressão de raiz nervosa; Palpação • Palpação dos processos espinhosos e musculatura —> sentir pontos dolorosos e pontos desencadeadores (nós) de dor irradiada; Movimentação • Pacientes em posição ortostática são instruídos a ativamente flexionarem-se, estenderem-se e curvarem-se lateralmente o máximo que puderem; • Analisar limitações e piora dos sintomas com movimentos específicos; Exame neurológico • Teste manual de força muscular • Pedir paciente para se levantar e agachar sem assistência; • Andar na ponta dos pés (S1 e S2) e calcanhares (L4-L5); • Teste de sensibilidade; • Reflexos profundos: • Reflexo tendinoso patelares (L4) e de Aquiles (S1) —> hiperativos (lesão no SNC) e hipoativos (lesão na raiz do nervo ou nervo periférico); • Sinal de Babinski —> lesão central; Testes específicos —————————— • Teste de Lasègue —> dor acima de 30o e reprodução do sintoma neurológico; • Teste de Schober (Mobilidade Lombar) —> paciente permanece em posição ortostática e a sua coluna é marcada com uma caneta, tendo como ponto de referência a espinha ilíaca posterossuperior, um segundo ponto é mensurado 10 cm acima, solicita-se que o paciente flexione o tronco na tentativa de tocar o chão, sessa posição é mensurada a distância entre os pontos marcados, um aumento igual ou superior a 5 cm na medida entre os pontos é considerado normal para a flexibilidade da coluna lombar; • Teste de Patrick ou FABER (Flexão, adução e rotação externa do quadril) —> realizado com os pacientes em posição supina deitada e, então, fazendo flexão, abdução e rotação externa das articulações do quadril, avalia a patologia do quadril e sacroilíaca, dependendo se a dor está localizada na articulação do quadril ou sacroilíaca; • Teste de Gaenslen —> realizado com pacientes na posição supina deitados na beira da mesa de exame e pedindo a eles que flexionem uma perna ("leve o joelho até o peito") enquanto estendem a outra perna para fora da mesa de exame ("deixe a perna caindo da mesa”), dor em qualquer uma das articulações sacroilíacas sugere patologia. • Teste de FAIR (Flexão, adução e rotação interna) —> síndrome do piriforme: sintomas neurológicos pela compressão radicular (isquiático ou do pudendo) com sensibilidade perineal, cóccix e incontinência; • Medida dos Membros Inferiores —>Crista ilíaca até maléolo medial passando pela face medial da patela e diferenças de até 1,5cm em geral não são causas únicas de dor; E X A M E S C O M P L E M E N T A R E S • maioria dos pacientes não necessitam de exames complementares — > terão melhora em seus sintomas clínicos em até 4 semanas; • achados degenerativos são comuns: “papel de doente” —> reduz atividade física; • investigação complementar, de modo geral, é indicada para pacientescom red flags ou quando os sintomas persistem apesar de 4-6 semanas de tratamento conservador; - radiografia simples (AP, perfil neutra, flexão e extensão máxima) —> embora na maioria das vezes não revele a causa patológica exata dos sintomas, podem descartar fraturas, tumores ou infecções; - ressonância magnética —> usada em pacientes com queixas neurológicas ou na suspeita de fratura oculta, tumores ou infecção precoce; D I A G N O S T I C O S D I F E R E N C I A I S Estenose da coluna vertebral • Condição congênita ou degenerativa com redução do diâmetro do canal vertebral secundário ao espessamento ósseo das lâminas e facetas articulares, hipertrofia do ligamento amarelo, ossificação longitudinal posterior e hiperlordose; • Associado com compressão nervosa mecânica e insuficiência vascular e isquemia relativa. • Sintomas em geral são bilaterais —> Dormência, fraqueza dos membros inferiores, dor irradiando para as nádegas e membros inferiores, e claudicação neurogênica; • RNM e TC —> estreitamento do canal vertebral. Síndrome do Piriforme • Síndrome por compressão da raiz nervosa pelo músculo piriforme (espasmo, trauma, fraqueza muscular) do nervo ciático (formado por raízes com origem no plexo L4, L5, S1, S2 e S3); • Semiologia —> dor em região glútea acompanhada de ciatalgia, que piora em posição sentada, por palpação da região ou manobras que aumentem a tensão do músculo piriforme; • Manobra FAIR; Protrusão discal (distensão do anel fibroso) e Hérnia de disco • Corresponde a cerca de 90% dos casos de ciatalgia lombar; • Processoinflamatóriosobrearaiznervosaconseque ntedeumaumentodepressãointradiscaleprotrusão do disco intervertebral no interior do canal vertebral; • Hérnia de disco —> além do processo inflamatório sobre a raiz há uma compressão dessa raiz pelo disco intervertebral; • TC —> protrusão do disco intervertebral ao interior do canal vertebral; • RNM —> que demonstra o processo degenerativo do disco intervertebral, além de rupturas do ânulo fibroso e fragmentos do núcleo pulposo migrados; Síndrome da cauda equina • Sinais e sintomas incluem incontinência ou retenção gastrointestinal/geniturinária, anestesia em sela e fraqueza súbita inexplicada bilateral dos membros inferiores; • RNM —> melhor teste para mostrar compressão da cauda equina; • Neoplasia da coluna vertebral • Pode haver suspeita quando ocorrer dor noturna e perda de peso, principalmente se a dor lombar não melhorar após 4 a 6 semanas de tratamento conservador; • Radiografia —> lise do corpo vertebral ou elementos posteriores; • RNM —> lesão lítica; • Cintilografia óssea —> identificar a área de renovação possivelmente representando doença primária ou metastática. Abscesso, osteomielite ou discite séptica • Os pacientes podem apresentar infecção cutânea ou do trato urinário recente, imunossupressão ou febre; • RNM —> sinais de abscesso, osteomielite ou discite; Espondilite anquilosante • Rigidez matinal com duração >60 minutos, melhora dos sintomas com atividade física e despertar à noite devido à dor lombar podem sugerir artrite inflamatória. • Teste de Schober positivo; • PCR e VHS elevados; • Radiografia —> sacroileíte e coluna em bambu. T R A T A M E N T O Modificação de estilo de vida - Manter atividades de rotina não há evidência de prejuízo e diminui a cronificação; - Educação e orientação quanto a benignidade Farmacoterapia - AINES e analgésicos simples por curto período; - Considerar uso de relaxantes musculares; - Dor grave e descontrolada —> opiódes; Fisioterapia - Útil na dor com duração acima de 4 semanas; - Alongamento da coluna vertebral, fortalecimento dos músculos e condicionamento aeróbico; Terapia Cognitivo-compotamental - Melhores desfechos em termos de dor e incapacidade em 12 meses; Outras terapias - Manipulação da coluna lombar —> melhora da dor. - Opção para pacientes que não podem usar a farmacoterapia de primeira linha; - Corticosteroides —> não há evidência de benefícios; - Acupuntura; - Estimulação elétrica —> evidências limitadas; Dor Aguda ————————————— Maior parte dos pacientes melhorará a despeito do tratamento; Preferir tratamento não farmacológico: -Retorno à atividade normal; - Calor local; - Massagem, quiropraxia; Tratamento farmacológico: - Analgésicos; - Considerar relaxantes musculares; Dor Subaguda ———————————— Educação do paciente; Retorno à atividade normal; Fisioterapia; Atividade física; Dor Crônica ———————————— Iniciar com tratamento não farmacológico: - Educação do paciente; - Reabilitação; • Acupuntura; Antiinflamatórios (1a linha) Antidepressivos tricíclicos Analgesia Gabaérgica Analgésicos opióides; Cirurgia; Reabilitação ————————————— Controle da dor e do processo inflamatório; Restauração da amplitude dos movimentos articulares e alongamento de partes moles; Melhora da força e resistência musculares; Coordenação motora; Melhora do condicionamento físico; Manutenção do programa de exercícios; Sinais de Cronificacao ————————— Culpar os outros pela situação; Situação negativa (trabalho/social); Sensibilidade superficial em território não dermatomérico; Reprodução da dor com palpação cervical ou escapiular; Melhora com distração do paciente; Queixa não explicada anatomicamente; Reação exagerada à dor; Tratamento Cirúrgico ————————— O tratamento cirúrgico é indicado sempre que houver síndrome da calda equina e piora neurológica progressiva; A simples retirada da hérnia pode levar a mobilidade excessiva no espaço causando recidiva e dor lombar residual —> microdiscectomia ou discectomia parcial com ou sem laminectomia; Infecção —> drenagem cirúrgica;
Compartilhar