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2 L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 3 Sumário NOTA ............................................................................................................................................ 4 1. DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................................... 5 2. DIREITO ADMINISTRATIVO ....................................................................................... 14 3. DIREITO PENAL .............................................................................................................. 20 4. DIREITO PROCESSUAL PENAL .................................................................................. 32 5. DIREITOS HUMANOS ..................................................................................................... 37 6. INFORMÁTICA ................................................................................................................. 40 7. LÍNGUA PORTUGUESA ................................................................................................. 46 8. TRÂNSITO ......................................................................................................................... 48 9. GEOPOLÍTICA .................................................................................................................. 48 10. LÍNGUA ESTRANGEIRA .............................................................................................. 48 11. LEGISLAÇÃO ESPECIAL ............................................................................................. 48 12. TEMAS DE REDAÇÃO PROVÁVEIS PARA A PROVA DA PRF ........................... 48 L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 4 NOTA Para elaborar o presente material, foram investidas algumas semanas analisando provas anteriores do CESPE, buscando tendências da banca e estilo de cobrança do conteúdo. Além da análise de provas anteriores, para a confecção do Resumão, também levamos em consideração a pertinência temática, ou seja, aquilo que tem maior relevância para o cargo de agente da PRF. Conforme informado pelo Diretor Executivo da PRF em entrevista à equipe do QB, todo processo seletivo da PRF irá buscar aquele candidato com o perfil mais próximo do que se espera para ser policial. Por isso, a pertinência temática é particularmente importante. Com este material, você conseguirá elevar substancialmente a sua pontuação na prova. Obviamente, quanto menos conhecimento você tiver, mais o Resumão irá te ajudar. Importante frisar que não se trata de uma revisão, mas de um estudo estratégico focando na melhor forma de “ataque” com um método que apelidamos de: Estudo de Guerrilha – ideal para estudar quando falta muito pouco tempo para a prova. A estratégia é de que você consiga acertar a questão mesmo que não domine o conteúdo. Por isso, aconselhamos que estude o material da seguinte forma: Leia, releia, sublinhe, faça anotações. Memorize sem entender mesmo. Quanto mais palavras-chaves dos conteúdos você memorizar, melhor será seu desempenho. Para algumas matérias, já há baralhos de perguntas e respostas feito pelo QB. Consulte a área de membros dos alunos. Não trave diante de um conteúdo. Não há tempo para entender tudo que está no Resumão! Memorize de qualquer maneira. Cada matéria no Resumão foi tratada de acordo com suas peculiaridades: algumas matérias verificamos que a prova foca mais em conhecimento do tipo “letra de lei”, como Legislação. Em outras, verificamos que as questões são mais doutrinárias, como Direito Penal. Outra análise que fizemos foi de “custo x benefício”. Há conteúdos que simplesmente não são possíveis de aprender em pouco tempo. Em tais casos, preferimos focar nossa energia em conteúdos mais fáceis de assimilar, num curto espaço de tempo. O que você vai encontrar nas próximas páginas pode ajudar FORTEMENTE na sua aprovação. Não são meras “apostas” do que acreditamos que vai cair, mas o resultado de um grande esforço de análise. Esta é a primeira versão do Resumão. A segunda versão, completa, será lançada alguns dias após o edital. Se vc tiver alguma observação/sugestão para a versão 2.0, deixe aqui seu comentário: https://forms.gle/z9ZrDdmn3VNBnnGY8 Bons estudos! Equipe QB L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m https://forms.gle/z9ZrDdmn3VNBnnGY8 5 1. DIREITO CONSTITUCIONAL 1. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS As normas definidoras dos direitos fundamentais têm aplicação imediata. Direito à vida: Nenhum direito fundamental é absoluto, nem mesmo a vida. Em caso de guerra declarada, admite-se pena de morte (portanto, até o direito à vida é relativo). Veja questão considerada correta pelo CEBRASPE em prova de 2014: “O direito à vida, assim como todos os demais direitos fundamentais, é protegido pela CF de forma não absoluta”. Aspecto biológico do direito à vida: direito à integridade física e psíquica (direito de continuar vivo). Aspecto amplo do direito à vida: direito a condições materiais e espirituais mínimas necessárias a uma vida digna (entendimento do CEBRASPE). ** Atenção: assunto cobrado no concurso de Agente de Segurança Penitenciária de Pernambuco e também no INSS, em provas do CESPE. Inviolabilidade domiciliar: A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, como regra. A inviolabilidade poderá ser quebrada no caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, seja de dia ou de noite. A inviolabilidade também poderá ser quebrada para cumprimento por determinação judicial, durante o dia. Segundo o STF, entende-se que em veículos automotores é possível realizar buscas livremente, quando houver fundada suspeita (art. 240, § 2º, do CPP), o que dispensa a exigência de mandado de busca e apreensão, salvo quando se tratar de veículo destinado à habitação do indivíduo, como trailers, cabines de caminhão, barcos, dentre outros. Na prova de 2019 da PRF, o tema foi abordado. Contudo, a questão foi anulada com a seguinte justificativa: “Não é assente o entendimento da matéria abordada na assertiva”. Veja a questão: A boleia de um caminhão, utilizada pelo motorista, ainda que provisoriamente, como dormitório e local de guarda de seus objetos pessoais em longas viagens, não poderá ser objeto de busca e apreensão sem a competente ordem judicial na hipótese de fiscalização policial com a finalidade de revista específica àquele veículo. Anonimato: A CF veda o anonimato, embora nossa jurisprudência aceite a denúncia anônima, a qual não poderá dar origem a um inquérito policial, mas poderá ensejar diligências preliminares. Diz a CF: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 6 Inviolabilidade das comunicações: É inviolável o sigilo: Correspondência (nem ordem judicial pode violar); Das comunicações telegráficas (nem ordem judicial podem violar); De dados e das comunicações telefônicas, exceto por determinação judicial para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Atenção: Durante o Estado de Sítio e de Defesa, haverá restrição de direito ao sigilo da correspondência, das comunicações telegráficas e das comunicações telefônicas. E o sigilo bancário? Também é inviolável. Contudo, entende o STF que a Administração Tributária pode requisitar às instituições financeiras acesso às movimentações bancárias mesmo sem autorização judicial, desde que exista um processo administrativo instaurado ou um procedimento fiscal emcurso e essas informações sejam indispensáveis. Para o STF, não implica em violação do sigilo, pois o sigilo teria sido apenas “transferido” da instituição financeira para o fisco, permanecendo os dados ao abrigo do sigilo. Acesso ao whatsapp de aparelho celular coletado em busca e apreensão: não há óbice para que a autoridade policial acesse o conteúdo armazenado no aparelho, inclusive as conversas do whatsapp (STJ. 5ª Turma. RHC 77.232/SC, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 03/10/2017). Fora dos casos de autorização judicial, acessar o celular poderá configurar abuso de autoridade. Direito à liberdade: Segundo o STF, a marcha da maconha, em defesa da legalização das drogas, está dentro da liberdade de expressão, não configurando o crime de apologia (incitar o uso de drogas). Extradição de estrangeiro: Não será concedida a extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião. **O assunto foi cobrado pela PRF em prova de 2013. Direito de reunião: Não há necessidade de autorização do Poder Público. Exige-se apenas aviso prévio. Deve ser para fins pacífico e não pode frustrar reunião anteriormente agendada para o mesmo local. Sobre o preso: A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 7 O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel. Atenção: A CF prevê a prisão civil do depositário infiel e do devedor de pensão alimentícia. Contudo, for força do Pacto de São José da Costa Rica, o ordenamento jurídico brasileiro permite apenas a prisão civil por dívida de pensão alimentícia. Direito à igualdade: Igualdade formal: é a igualdade jurídica, na qual todos devem ser tratados de maneira igual, sem quaisquer distinções. Igualdade material: é a igualdade real. Para ser alcançada, pode implicar em tratamento desigual. Exemplo: cotas raciais para acesso às universidades públicas. O STF firmou entendimento no sentido de que não viola o princípio da isonomia a utilização de critérios diferenciados para a promoção de militares do sexo feminino e masculino da Aeronáutica. (AI 443.315-AgR/RJ, Rel.Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma). Este assunto foi cobrado em 2014 pelo CESPE, o qual considerou errada a seguinte afirmação: “A utilização de critérios distintos para a promoção de integrantes do sexo feminino e do masculino de corpo militar viola o princípio constitucional da isonomia.” Tortura, tráfico ilícito, terrorismo e hediondos: A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. Para memorizar os crimes mencionados no dispositivo acima, lembre-se de 3TH: Tortura, Tráfico, Terrorismo e Hediondos. Ação de grupos aramados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático: Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. Prisão em flagrante x apresentação espontânea: Não poderá ser preso aquele que se apresenta espontaneamente à autoridade policial, depois de ter cometido um delito (ou seja, já não está mais em flagrante delito). Nesse sentido, assim afirma a CF: L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 8 “Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar”. Fora dos casos de transgressão militar e crime propriamente militar, uma pessoa só pode ser presa em flagrante ou por ordem do juiz. Propriedade: Em caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano. **O Assunto acima foi cobrado em prova da PRF, em 2013. A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição. Direito de Petição x Certidão: São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal. **Assunto já cobrado pela PRF, em prova de 2013. Tratados Internacionais: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Se o tratado não versar sobre direitos humanos, terá força de lei. Tribunal Penal Internacional: O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. Garantias (principais): HC: conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Ação popular: qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Atenção: Iminente perigo: autoridade usa a propriedade e indeniza depois se houver dano. Desapropriação: primeiro indeniza, depois desapropria. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 9 MS: conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 2. DIREITOS SOCIAIS, NACIONALIDADE, CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS Direitos sociais: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. 3. DIREITOS SOCIAIS, NACIONALIDADE, CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS Nacionalidade: O brasileiro nato não poderá perder a nacionalidade, salvo se adquirir outra nacionalidade fora dos casos abaixo: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; O naturalizado poderá ter sua naturalização canceladanão só por esse motivo (adquirir outra nacionalidade), como também por conta de atividade nociva ao interesse nacional. Perda de nacionalidade e reaquisição: se perde a nacionalidade como nato, readquire como nato; se perde como naturalizado, readquire como naturalizado. ** Assunto cobrado pela PRF, em 2013. Direitos políticos: É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; incapacidade civil absoluta; condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 10 improbidade administrativa. 4. PODER EXECUTIVO Poder Executivo: Sobre o Brasil Forma de governo adotada: República. Sistema de governo adotado: Presidencialismo. O Presidente da República acumula as funções de chefe de Estado e de chefe de Governo, talkei? Cabe ao Presidente, mediante decreto, dispor sobre: Organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; Extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. Essas atribuições poderão ser delegadas aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente que atentem contra a CF e, especialmente, contra: a existência da União; o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; a segurança interna do País; a probidade na administração; a lei orçamentária; o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Acusação contra o presidente: admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. O presidente possui imunidade formal (não possui imunidade material). CESPE considerou cprreta a seguinte assertiva, cobrada em prova para Auditor da Receita Estadual de AL, em 2020: “Tanto em caso de infrações penais comuns quanto de crimes de responsabilidade, compete à Câmara dos Deputados o juízo de admissibilidade da acusação apresentada contra o presidente da República”. O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. Compete privativamente ao Presidente da República (principais competências): exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 11 vetar projetos de lei, total ou parcialmente; celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; decretar o estado de defesa e o estado de sítio; decretar e executar a intervenção federal; remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias; conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; • O Presidente poderá delegar a função acima aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. • Esse tópico foi cobrado em 2013 na prova da PRF. exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei; nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII, da CF; convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional; declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional; conferir condecorações e distinções honoríficas; permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior; prover (prover é função delegável) e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62 da CF. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 12 5. SEGURANÇA PÚBLICA Segurança Pública: Componentes da segurança pública: PF, PRF, PFF (ferroviária), Polícias Civis, Polícias Militares, Corpos de Bombeiros Militares e Polícias Penais (federais, estaduais e distritais). *Atenção às policiais penais, pois se trata de novidade. Compete à PRF, na forma da lei, o patrulhamento ostensivo das rodovias federais. *Note que a CF não atribuiu à PRF a função do combater ao tráfico de drogas. Contudo, tratando-se de flagrante, qualquer deverá atuar. A PRF é órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira. Compete à PF: apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais. As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. Direito de greve e carreiras de segurança pública: o exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurançapública (entendimento do STF). Segurança viária – a segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 13 compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. 6. MEIO AMBIENTE Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. O meio ambiente é bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Incumbe ao Poder Público: preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 14 2. DIREITO ADMINISTRATIVO 1. ORGANZAÇÃO ADMINISTRATIVA Na Administração Pública Direta, temos a atividade administrativa centralizada em seus próprios órgãos. A PRF está dentro da Administração direta. Já na Administração Pública Indireta, os serviços são descentralizados, sendo exercidos pelas Autarquias, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista, Fundações Públicas, etc. No ano de 2018, em prova da PC-ES, o CESPE considerou correta a afirmação a seguir: “A centralização consiste na execução de tarefas administrativas pelo próprio Estado, por meio de órgãos internos e integrantes da administração pública direta”. Em 2017, o CESPE considerou correta a seguinte afirmação: “Administração direta remete à ideia de administração centralizada, ao passo que administração indireta se relaciona à noção de administração descentralizada”. Já em 2016, considerou correta a seguinte assertiva: “A centralização consiste na execução das tarefas administrativas pelo próprio Estado, por meio de órgãos internos integrantes da administração direta”. Descentralização: a descentralização administrativa é efetivada por meio de outorga quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado serviço público. Concentração e centralização: estão relacionadas à ideia geral de distribuição de atribuições de tarefas da periferia para o centro. Desconcentração e descentralização: estão relacionadas à ideia geral de distribuição de atribuições do centro para a periferia. A desconcentração administrativa ocorre exclusivamente dentro da estrutura de uma mesma pessoa jurídica, para distribuição interna de competências, entre seus próprios órgãos ou departamentos, que podem ser criados. Autarquias: têm por característica a necessidade de serem criadas por lei, terem personalidade jurídica de direito público, terem patrimônio próprio, terem capacidade de autoadministração, submeterem-se a controle do poder público e desempenharem funções tipicamente públicas. Fazem parte da Administração Pública Indireta, sendo o INSS e o IBAMA exemplos. Não há relação de subordinação entre as autarquias e a Administração Direta. O controle é finalístico. 2. ATO ADMINISTRATIVO São os requisitos ou elementos do ato administrativo (COFIFO-M-O): Competência Finalidade Forma Motivo Objeto Competência: é o poder atribuído ao agente administrativo para que o mesmo desempenhe suas funções, advindo da lei ou do decreto autônomo (emitido pelo Presidente da República). A competência é o conjunto de atribuições conferidas aos ocupantes de um cargo, emprego ou função pública. Trata-se de elemento vinculado do ato administrativo, mesmo que esse ato seja discricionário. A competência é L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 15 intransferível e irrenunciável, mas a execução do ato pode ser delegada, para agentes ou órgãos de mesma ou de inferior hierarquia, ou mesmo avocada, para agentes ou órgãos subordinados. Finalidade: a finalidade do ato administrativo é satisfazer o interesse público e atender ao escopo previsto na lei. Trata-se de elemento vinculado. Trata-se de elemento vinculado do ato administrativo. Forma: é o modo de exteriorização do ato, tal como o edital de um concurso público. Trata-se de elemento vinculado do ato administrativo. Motivo: segundo Di Pietro, motivo é definido como pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo. Pressuposto de direito é o dispositivo legal em que se baseia o ato. Pressuposto de fato, como o próprio nome indica, corresponde ao conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de situações que levam a Administração a praticar o ato. Na última prova da PRF, sobre motivo, a seguinte afirmativa foi considerada correta: “Tanto a inexistência da matéria de fato quanto a sua inadequação jurídica pode configurar o vício de motivo de um ato administrativo”. Objeto: É o fim imediato do ato, representando o resultado prático do ato administrativo. Pode ser vinculado ou discricionário. Convalidação e ratificação do ato administrativo: o ato praticado por agente incompetente pode ser convalidado por aquele que tem a competência, “sanando a incompetência”. Nesse caso, a convalidação é chamada de ratificação. Quando estivermos diante de um caso de competência exclusiva (indelegável), não será possível a ratificação. A ratificação é ato administrativo discricionário da autoridade competente. São atributos do Ato Administrativo: PAI Presunção de legitimidade e veracidade; Autoexecutoriedade; Imperatividade. ** Para alguns autores, a tipicidade e a exigibilidade também seriam atributos. Em prova de 2019, o CEBRASPE considerou correta a seguinte questão: “De acordo com a doutrina administrativista clássica e majoritária, são atributos dos atos administrativos a presunção de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade”. Presunção de legitimidade e veracidade: é o atributo ou característica do ato administrativo que assegura que o ato é verdadeiro, mesmo que eivado de vícios ou defeitos, até que se prove o contrário. A pessoa que alega que o ato tem vício é que deve comprovar. Autoexecutoriedade:como característica ou atributo do ato administrativo, tem como elementos a exigibilidade e a executoriedade, as quais garantem o cumprimento das decisões administrativas sem que seja necessária a intervenção do Poder Judiciário. Imperatividade: os atos administrativos podem ser impostos a terceiros independentemente da concordância destes. Todavia, não são todos os atos que gozam desse atributo. Tipicidade: é o atributo conforme o qual o ato administrativo deve corresponder a uma figura definida previamente pela lei como apta a produzir determinados resultados. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 16 Ato administrativo discricionário/vinculado: sendo o ato administrativo discricionário, órgão público ou agente público tem liberdade para praticá-lo, respeitados os limites da lei e dos princípios administrativos; sendo o ato vinculado, o administrador vincula-se às determinações da lei (temos menos liberdade de escolha. Licença, admissão, homologação são exemplos de atos vinculados. Permissão, autorização, aprovação e renúncia são exemplos de atos discricionários (quando tem “R”, normalmente é discricionário). Espécies de ato administrativo: Trata-se de circular o ato administrativo pelo qual as autoridades superiores transmitem ordens uniformes a funcionários subordinados. Veicula regras de caráter concreto. Trata-se de portaria o ato administrativo pelo qual as autoridades de nível inferior ao Chefe do Poder Executivo expedem orientações gerais ou especiais aos respectivos subordinados ou designam servidores para o desempenho de certas funções ou determinam a abertura de sindicância e processo administrativo. Licença é o ato pelo qual a administração pública faculta, de forma unilateral e vinculada, a um cidadão exercer determinada atividade para a qual preencha os requisitos legais. Autorização é o ato segundo o qual o Poder Pública aprecia, discricionariamente, a pretensão do particular em face do interesse público. Como exemplo, podemos citar a concessão de autorização para porte de arma, que consiste em ato discricionário e precário, podendo ser revogada a qualquer momento. A homologação é ato administrativo unilateral e vinculado, praticado a posteriori, pelo qual a administração pública reconhece a legalidade de um ato jurídico, tal como ocorre na homologação de procedimento licitatório. Permissão é ato administrativo unilateral, discricionário e precário, através do qual a Administração Pública faculta ao particular interessado a utilização de bem público ou a prestação de serviço público. 3. PODERES ADMINISTRATIVOS Poder regulamentar: é a prerrogativa conferida à Administração Pública de aditar atos gerais para complementar as leis e possibilitar sua efetiva aplicação. Ao passo que as leis constituem atos de natureza originária, o poder regulamentar é de natureza derivada (ou secundária). **CEBRASPE considerou correta a seguinte afirmativa: “No exercício do poder regulamentar, a administração pública não poderá contrariar a lei.” De outro lado, essa afirmativa foi considerada incorreta: “Configura abuso do poder regulamentar a edição de regulamento por chefe do Poder Executivo dispondo obrigações diversas das contidas em lei regulamentada, ainda que sejam obrigações derivadas.” Quando falamos em obrigações principais, somente a lei pode instituir. Quando falamos em obrigações derivadas, o poder regulamentar da Administração Pública pode instituir. Não configura abuso do poder regulamentar editar regulamento criando obrigação derivada. Poder hierárquico: consiste nas atribuições de comando, chefia e direção dentro da estrutura administrativa. Trata-se de poder vinculado, com vistas à auto organização da Administração Pública. **Veja questão do CEBRASPE considerada correta: “No exercício do poder hierárquico, os agentes públicos têm competência para dar ordens, rever atos, avocar atribuições, delegar competência e fiscalizar”. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 17 As hipóteses de transferência do exercício de competência são geralmente chamadas de delegação e avocação. A avocação transfere o exercício da competência do órgão inferior para o órgão superior na cadeia hierárquica, enquanto a delegação transfere o exercício de competência do órgão superior para o inferior. Não pode ser objeto de delegação: a edição de atos de caráter normativo, a decisão de recursos administrativos, as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. **Em complemento, a seguinte questão foi considerada correta pelo CEBRASPE: “O ato de delegação de competência, revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante, decorre do poder administrativo hierárquico”. Poder disciplinar: é aquele que confere à Administração a capacidade de apurar infrações administrativas de servidores públicos e das demais pessoas que estejam sob o regime jurídico da Administração Pública. Exemplo disso são os procedimentos administrativo disciplinares. **A seguinte assertiva foi considerada incorreta pelo CEBRASPE: “A aplicação de multa ao estabelecimento comercial decorre do poder disciplinar da administração pública”. Não se trata de poder disciplinar, pois o poder disciplinar está relacionado ao controle interno da própria administração. A questão fez confusão com o poder de polícia. Em complemento, em prova para agente da PF, a seguinte afirmativa foi considerada correta: “A aplicação de sanção administrativa contra concessionária de serviço público decorre do exercício do poder disciplinar”. Poder de polícia: em face do poder de polícia, poderá a Administração Pública condicionar ou restringir os direitos de terceiros, em prol do interesse da coletividade. Constitui exemplo do poder de polícia a interdição de restaurante pela autoridade de vigilância sanitária e aplicação de multas. Em 2020, por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é constitucional a delegação da atividade de policiamento de trânsito, inclusive quanto à aplicação de multas, para empresas públicas e sociedades de economia mista. **O relator da decisão do STF destacou que, no julgamento do RE 658570, o STF decidiu que o poder de polícia não se confunde com segurança pública. Assim, seu exercício não é prerrogativa exclusiva das entidades policiais. Segundo ele, a fiscalização do trânsito com aplicação de sanções administrativas constitui mero exercício de poder de polícia. "Verifica-se que, em relação às estatais prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado e em regime de monopólio, não há razão para o afastamento do atributo da coercibilidade inerente ao exercício do poder de polícia, sob pena de esvaziamento da finalidade para a qual aquelas entidades foram criadas", concluiu. 4. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA Quando alguém é responsável por fazer determinado serviço, ela é responsável pelo serviço e pelas consequências dele advindas. Se um dano for causado, aquele que prestou o serviço poderá ser responsabilizado. Falamos que a responsabilidade será objetiva quando não for necessária a demonstração de que houve dolo ou culpa. Falamos em responsabilização subjetiva quando for necessária a demonstração de dolo ou culpa. A responsabilidade em relação à Administração Pública é, como regra, objetiva, independe de comprovação de dolo ou culpa. Já em relação ao servidor público causador do dano, a responsabilidade é subjetiva, devendo ele ter causado o dano por dolo ou culpa. Quando a administração atua gerando um dano (ato comissivo), não há dúvidas de que a responsabilidade é objetiva. E quando há omissão? A responsabilidade da L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 18 administração públicadecorrente de omissão resulta de seu dever de agir e da capacidade de essa ação evitar o dano – sem isso, não há falar em responsabilização. Excetuados os casos de dever específico de proteção, a responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo ser comprovados a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade. 5. LICITAÇÕES Principais modalidades cobradas em prova: Na modalidade concurso, a administração poderá contratar o projeto ou serviço técnico especializado desde que o autor ceda os direitos patrimoniais a ele relativos. **CEBRASPE considerou correta a seguinte afirmação: “Concurso é a modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, artístico ou científico. Em se tratando de seleção de projeto de cunho intelectual, deverá o autor ceder à administração os direitos patrimoniais a ele reativos para pagamento do prêmio ou remuneração”. O convite é a única modalidade de licitação em que a lei não exige a publicação de edital. A modalidade de licitação utilizada para a venda de produtos legalmente apreendidos ou penhorados é denominada leilão. Licitação inexigível x dispensável x dispensada: Quando inexiste competitividade, estamos diante de uma hipótese de licitação inexigível. Quando houver competitividade, ou seja, há adversários, mas licitar é facultável, estamos diante de uma licitação dispensável. Por outro lado, é vedada a licitação, mesmo existindo competitividade, no caso de licitação dispensada. Em prova do CEBRASPE de 2020, as seguintes afirmativas foram consideradas corretas: “É hipótese de inexigibilidade de licitação a contratação de profissional ou empresa de notória especialização para fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras, de natureza singular, quando houver inviabilidade de competição”. A existência de fornecedor exclusivo de determinado produto é hipótese de inexigibilidade de licitação. **Dica para memorizar os casos de inexigibilidade: - Fornecedor exclusivo; - Profissional artístico; - Profissional de notória especialização, vedado para publicidade. 6. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O controle judicial dos atos administrativos é restrito a aspectos de legalidade, sendo vedada a análise do mérito administrativo pelo Poder Judiciário. *** O CEBRASPE considerou correta a seguinte afirmativa: “Embora exerça controle de atos administrativos ao avaliar os limites da discricionariedade sob os aspectos da legalidade, é vedado ao Poder Judiciário exercer o controle de mérito de atos administrativos, pois este é privativo da administração pública”. A seguinte afirmativa também foi considerada correta: “O Poder Judiciário só tem competência para revogar os atos administrativos por ele mesmo produzidos”. A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial (Súmula 473 do STF). L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 19 Cabe ao Poder Legislativo o poder-dever de controle financeiro das atividades do Poder Executivo, o que implica a competência daquele para apreciar o mérito do ato administrativo sob o aspecto da economicidade. O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado é princípio implícito. Tal princípio fundamenta a requisição administrativa, a qual está assim definida na CF/88: no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano. 7. PRINCÍPIOS Os princípios da Administração Pública que estão expressos na CF são o LIMPE: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Como princípio implícito, temos a supremacia do interesse público sobre o privado: Tal princípio fundamenta a requisição administrativa, a qual está assim definida na CF/88: no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano. 8. AGENTES PÚBLICOS Independe de aprovação em concurso público a investidura nos cargos em comissão, sendo de livre nomeação e exoneração. ** Para os demais cargos públicos, a investidura acontece por meio de prévia aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos. **Obs.: exoneração não é punição. Se uma pessoa for exonerada do cargo em comissão a pretexto de ser punida, pela teoria dos motivos determinantes, a exoneração será anulada. O modo correto de punir, retirando a pessoa do cargo, é pela destituição de cargo em comissão, devendo ser aberto procedimento administrativo disciplinar. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. Principais penas previstas na lei 8.112: A pena para abandono de cargo é de demissão. Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço por mais de 30 dias consecutivos. A pena para inassauidade habitual é de demissão. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa justificada, por 60 dias, interpoladamente, durante o período de 12 meses. A pena para crime contra a administração pública, corrupção e improbidade administrativa é de demissão. A pena para conduta escandalosa, na repartição, é a de demissão. A pena para insubordinação grave em serviço é a de demissão. A pena para ofensa física, em serviço, a servidor ou particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem, é a demissão. A pena para aquele que revelar segredo do qual se apropriou em razão do cargo é demissão. A pena para aquele que lesar os cofres públicos é demissão. A pena para quem acumular, ilegalmente, cargos empregos ou funções públicas, é a de demissão. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 20 Será punido com suspensão de até 15 dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 e 5 anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar. 3. DIREITO PENAL 1. PRINCÍPIOS BÁSICOS Princípio da retroatividade penal benéfica: Em regra, aplicam-se ao fato as leis vigentes na época do fato. Contudo, lei posterior benéfica poderá retroagir para beneficiar o réu. Súmula 711 do STF – A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Veja a questão abaixo: Situação hipotética: João cometeu crime permanente que teve início em fevereiro de 2011 e fim em dezembro desse mesmo ano. Em novembro de 2011, houve alteração legislativa que agravou a pena do crime por ele cometido. Assertiva: Nessa situação, deve ser aplicada a lei que prevê pena mais benéfica em atenção ao princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa. Resposta: ERRADO, pois trata-se de crime permanente, devendo ser aplicada a lei mais grave, conforme S. 711 do STF. Princípio da insignificância: Se a conduta do agente lesar ou expuser a perigo de lesão de forma insignificantes os bens jurídicos, cabe a aplicação do princípio da insignificância. O princípio da insignificância atua como causa de exclusão da tipicidade penal (tipicidade material). Parao STF, temos os seguintes requisitos para aplicação do princípio da insignificância (MARI): Mínima ofensividade da conduta; Ausência de periculosidade social da ação; Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; Inexpressividade da lesão jurídica provocada. Insignificância no descaminho – tanto para o STF como o STJ: 20 mil reais o valor limite para que o fato seja considerado insignificante. O princípio da insignificância é também conhecido como o princípio da bagatela própria. Diferença entre bagatela própria x imprópria: L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 21 A bagatela imprópria não afasta o crime, mas sim a aplicação da pena. Já a bagatela própria afasta o próprio crime (é como se o crime não tivesse existido), ao excluir a tipicidade material do fato. Princípio da continuidade típico normativa: Ocorre apenas um redirecionamento de um tipo para outro, não havendo sua descriminalização. Difere da abolicio criminis, a qual trata da hipótese em que uma lei nova destipifica, em parte ou totalmente, um fato que era anteriormente definido como crime. Exemplo: de continuidade típico-normativa – atentado violento ao pudor (art. 214 do antigo Código Penal), que foi revogado pela lei 12.015/09. Podemos dizer que tal conduta não deixou de ser considerada crime, mas sim que ela apenas “migrou” para o tipo penal do crime de estupro, disciplinado pelo artigo 213 do atual Código Penal. Princípio da subsidiariedade: O princípio da subsidiariedade é aquele segundo o qual o direito penal só deve atuar quando os demais ramos do direito forem insuficientes para proteção do bem jurídico tutelado. Princípio da fragmentariedade: Princípio segundo o qual o Direito Penal deve tipificar apenas um pequeno número de condutas, especialmente aquelas que forem mais graves e praticadas contra bens jurídicos mais relevantes. Esse princípio atua conjuntamente com o da intervenção mínima. Princípio da legalidade: Não há crime sem lei anterior que o defina. Portanto, medida provisória ou decreto não podem criar crime, apenas lei emanada do Congresso Nacional. É o princípio segundo o qual as leis devem obedecer às formas e aos procedimentos exigidos na criação da lei penal, bem como na elaboração de seu conteúdo normativo. **Medida provisória não pode criar crime, pois viola o princípio da reserva legal. Apenas a lei pode criar crime. Contudo, admite-se que medida provisória seja criada para beneficiar o infrator em matéria penal. Princípio da taxatividade: O princípio da taxatividade é um dos corolários do princípio da legalidade, pregando que a lei penal deve ser clara, precisa e determinada, não cabendo incriminações vagas ou genéricas. Princípio da adequação legal: Não há crime sem lei anterior que o defina. Portanto, medida provisória ou decreto não podem criar crime, apenas lei emanada do Congresso Nacional. O princípio da adequação social preconiza que não se pode reputar criminosa uma conduta tolerada pela sociedade, ainda que se enquadre em uma descrição típica (ou seja, em um crime previsto em lei). Trata-se de condutas que, embora formalmente típicas, porquanto descritas num tipo penal, são materialmente L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 22 atípicas porque socialmente adequadas, isto é, estão em consonância com a ordem social. Em outras palavras, o princípio da adequação social busca afastar a tipificação de condutas consideradas socialmente adequadas. Por meio da interpretação, ele limita a aplicação do tipo penal. O princípio em questão também se dirige para o legislador, servindo como norte na criação de leis. **Exemplo: mãe que fura orelha da filha para colocação de brinco – pelo princípio da adequação social, não irá responder criminalmente pelo crime de lesão: Lesão corporal Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. A conduta da mãe é formalmente típica, foi de fato ofendeu a integridade corporal de outrem. Contudo, pelo princípio da adequação social, não é materialmente típica, ou seja. Para existir o crime, a conduta deve ser formalmente típica e materialmente típica. Princípio da alteridade: Segundo o princípio da alteridade, para haver crime, a conduta humana deve colocar em risco ou lesar bens de terceiros. É proibida a incriminação de atitudes que não excedam o âmbito do próprio autor. Você não pode ser vítima de si próprio. Exemplo: não é crime se matar. **Indo além: a criminalização do uso da droga não viola o princípio da alteridade? Afinal, o usuário estaria causando mal a si próprio. Conforme doutrina, o uso de drogas, além de causar mal para o próprio usuário, causa mal à saúde pública como um todo. 2. APLICAÇÃO DA LEI PENAL Aplicação da lei penal (luta): Lugar: teoria da Ubiquidade Considera-se como lugar do crime tanto o da ação ou omissão quanto o daquele em que se verificar o resultado. Tempo: teoria da Atividade Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Leis excepcionais temporárias: no que diz respeito à eficácia temporal da lei penal, o término da vigência das leis denominadas temporárias e excepcionais não depende de revogação por lei posterior. Consumado o lapso da lei temporária ou cessadas as circunstâncias determinadoras das excepcionais, cessa, então, a vigência dessas leis. Atenção: Ultratividade diz-se de uma lei quando ela é aplicada posteriormente ao fim de sua vigência (revogação). É o caso das leis excepcionais e temporárias, pois estas são ultrativas. As leis excepcionais e temporárias também são intermitentes (são revogadas em curto período, de forma “automática”). L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 23 Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Exemplo de aplicação da Súmula 711 do STF: imagine que João sequestre Maria no dia hoje e que o sequestro perdure por 30 dias. Se antes do fim do sequestro vier uma nova lei, agravando a pena para o crime de sequestro, deverá ela ser aplicada? O sequestro se encaixa no chamado “crime permanente”. Crime permanente é aquele cujo momento consumativo se prolonga no tempo de acordo com a vontade do criminoso, de modo que o agente tem o domínio sobre o momento de consumação do crime, tal como acontece no crime de sequestro, previsto no artigo 148 do Código Penal, que se consuma com a retirada da liberdade da vítima, mas o delito continua consumando-se enquanto a vítima permanecer em poder do agente. Desse modo, de acordo com a S. 711 do STF, a pena mais grave será aplicada a João, pois ela começou a vigorar antes do fim da consumação do crime de sequestro. Situação hipotética: João cometeu crime permanente que teve início em fevereiro de 2011 e fim em dezembro desse mesmo ano. Em novembro de 2011, houve alteração legislativa que agravou a pena do crime por ele cometido. Assertiva: Nessa situação, deve ser aplicada a lei que prevê pena mais benéfica em atenção ao princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa. Isso está correto ou errado? • Resposta: ERRADO, pois trata-se de crime permanente, devendo ser aplicada a lei mais grave, conforme S. 711 do STF. 3. O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS Erro de tipo: O erro sobre o elemento do tipo exclui o dolo, mas admite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Exemplo: você sai para caçar e dispara contra um suposto animal. Mais tarde, verifica que não era um animal, mas uma pessoa fantasiadade urso. Nesse caso, não houve o dolo no sentido de matar uma pessoa. Trata-se de erro de tipo, o qual exclui o dolo. Atos preparatórios x crime tentado: Nos atos preparatórios, a execução do crime não foi iniciada ainda, pois o indivíduo não está praticando ainda os atos de execução (exemplo: indivíduo compra corda para realizar um sequestro). Na tentativa, a execução do crime foi iniciada. O crime será tentado quando, iniciada a execução, não se consuma o crime por circunstâncias alheias à vontade do agente (exemplo: polícia chega e impede que o bandido fuga com o bem furtado). Ato preparatório: em regra, não é punível. Esses atos somente são puníveis quando constituírem, por si só, infração penal. Um exemplo de ato preparatório punível é o delito de petrechos para falsificação de moeda (art. 291 do Código Penal), que seria um ato preparatório do crime de moeda falsa. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 24 Crime tentado: salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Tipos de tentativa: Branca/Incruenta: O agente não conseguiu nem mesmo atingir o objeto pretendido. Ex.: Ao atirar, os projéteis desviaram da vítima. Vermelha/Cruenta: O agente conseguiu atingir o objeto, mas não conseguiu consumar o delito. Ex.: O projétil somente perfurou o braço da vítima. Perfeita/Acabada: O agente utilizou todos os meios que estavam ao seu alcance, e mesmo assim não consumou o crime. Ex.: O agente lesionou a vítima com socos e disparou 4 tiros na mesma, mas foi preso em flagrante antes que a vítima pudesse vir a falecer. Imperfeita/Inacabada: O agente não consegue utilizar todos os seus meios de execução para a prática delituosa. Ex.: O agente tem a possibilidade objetiva desferir cinco disparos, mas só consegue efetuar um disparo, pois é preso em flagrante antes. Crimes que não admitem a forma tentada: CCHOUPA: Contravenções; Culposos; Habituais; Omissivos próprios, Unissubsitentes, Preterdolosos; e Atentado (crimes de atentada). Teoricamente, seria possível existir a tentativa de uma contravenção penal. Contudo, por disposição legal, estabeleceu-se que: Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção (Lei das Contravenções). Assim sendo, teoricamente, a tentativa existe nas contravenções, ela apenas não é considerada (não sendo punível). O conceito analítico de crime: Para o nosso ordenamento jurídico, crime é o fato típico, ilícito e culpável. Só podemos falar que ocorreu o crime se o tripé todo estiver completo. Faltando um desses elementos, não há crime. Fato típico: Conduta: sem a conduta, não há falar em crime. A conduta pode ser dolosa (quando há intenção de cometer o crime) ou culposa (não há intenção). Quando falamos que L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 25 alguém agiu sem dolo ou sem culpa, não há conduta. Não havendo conduta, não há crime. Resultado: todo crime tem resultado jurídico (ou normativo), pois sempre há lesão ao bem jurídico tutelado ou perigo de lesão, quando um crime é cometido. Todavia, nem todo crime resultado naturalístico (modificação física do mundo exterior), como acontece no crime de homicídio (alguém morre). Quando estudamos resultado do crime, é importante saber sobre os crimes formais, materiais e de mera conduta. Crimes materiais: o resultado naturalístico descrito no tipo é indispensável para a consumação. Exemplo: homicídio – “Art. 121 - Matar alguém”. Crimes formais: o resultado naturalístico descrito no tipo é dispensável. A consumação acontece com a prática da conduta em si (por isso, também se chama de delito de consumação antecipada). Ex.: “Extorsão – Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa”. O mero “constranger” com o intuito de obter vantagem já faz o crime se consumar, ainda que nenhuma vantagem venha a ser obtida com o crime. Crimes de mera conduta: não há resultado naturalístico no tipo (crime de mera atividade). Exemplo: porte ilegal de armas, pois o mero ato de portar a arma em si não gera nenhuma consequência no mundo, mas já consuma o crime. Nexo causal: é o elo que une a conduta praticado pelo autor ao resultado. É o elo causal que possibilita a atribuição de responsabilidade penal. Tipicidade (formal ou material). Tipicidade formal: é a conformidade do fato ao tipo penal, ou seja, a adequação do ato praticado pelo agente àquilo que está previsto abstratamente na norma. Exemplo: homicídio – “fulano matou ciclano”. Nesse caso, a tipicidade formal se encaixa no delito de homicídio. Tipicidade material: é a valoração da conduta e do resultado. O bem jurídico deve ser efetivamente lesado. Aqui entra o princípio da insignificância, pois o delito foi praticado, mas não houve lesão ao bem jurídico de forma significativa. Ilicitude: A melhor forma de estudar a ilicitude, é estudando o que a afasta, pois é isso que irá cair na prova da PRF. Existindo qualquer uma das causas que excluem a ilicitude, não há crime. Além das causas previstas acima, há uma supralegal (ou seja, não está nas leis): seria o consentimento do ofendido. Para que o consentimento da vítima exclua o crime, alguns requisitos devem estar presentes: L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 26 a disponibilidade do bem jurídico tutelado pela norma, a validade do consentimento, a necessidade de este último ser manifestado de forma livre e por pessoa capaz, a anterioridade ou simultaneidade entre o crime e o consentimento. Estado de necessidade é: “Considera-se em Estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”. Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. Legítima defesa é: “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem” (é também conhecida como legítima defesa real). Muito importante: observados os requisitos acima, também se considera em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crime. Lembre-se do caso do “sniper”, no RJ. Atenção: a justificativa para um PRF que mata uma pessoa em serviço, obedecendo aos requisitos legais, é legítima defesa (não há estrito cumprimento do dever legal de matar ou exercício regular de direito). Legítima defesa putativa: Trata-se de uma hipótese que imaginária. É aquela que o agente, por erro, acredita existir uma agressão injusta, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Ex: A foi jurado de morte por B. Em determinada noite, em uma rua escura, encontram-se. B coloca a mão no bolso, e A, acreditando que ele iria pegar uma arma, mata-o. Posteriormente, descobre-se que B iria lhe oferecer uma Bíblia, pois havia se convertido. A legítima defesa putativa não exclui a ilicitude da conduta, mas pode isentar de pena, se o erro for inevitável. Se for evitável, pode responder por crime culposo. Legítima defesa sucessiva: havendo excesso, permite-se a defesa legítima do agressor inicial. O agressor inicial, contra o qual se realiza a legítima defesa, tem o direito de defender-se do excesso, uma vezque o agredido, pelo excesso, transforma-se em agressor injusto. Ocorre uma troca de papel entre agressor e agredido, em razão do excesso de defesa da vítima inicial. Estrito cumprimento de dever legal: toda obrigação que for extraída direta ou indiretamente de LEI. Podem agir em estrito cumprimento de dever legal os PRF’s, por exemplo, ao efetuarem uma prisão de alguém com mandado de prisão expedido pelo juiz competente. Exercício regular do direito: são aquelas situações relacionadas à pessoa comum, em que essas exercem todos os seus direitos que a lei franqueia. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 27 Culpa consciente x culpa inconsciente x dolo eventual: Na culpa consciente, o agente prevê o resultado, mas acredita que ele não irá ocorrer (lembre-se do atirador de facas). Na culpa inconsciente, o agente não prevê o resultado, mas ele ocorre por imprudência, negligência ou imperícia. No dolo eventual, o agente prevê a possibilidade de ocorrência do resultado, mas pouco se importa se vai ocorrer ou não. Crime consumado x crime tentado: Consumado: quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Tentado: quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. O nosso Código adotou, como regra, a teoria OBJETIVA, punindo-se a tentativa com a mesma pena do crime consumado, reduzida de 1/3 a 2/3. Desistência voluntária e arrependimento eficaz: o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução (desistência voluntária) ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados (arrependimento eficaz). Nesses casos, não responde pela tentativa, mas pelo que praticou. Arrependimento posterior: nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Crime impossível: O crime é dito impossível quando não há, em razão da ineficácia do meio empregado, violação, tampouco perigo de violação, do bem jurídico tutelado pelo tipo penal (entendimento do CESPE). O que diz o CP: “Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”. Exemplo de ineficácia absoluta do meio: tentar matar por meio de disparo de arma de fogo utilizando uma arma de brinquedo (por desconhecimento). Exemplo de absoluta impropriedade do objeto: tentar matar uma pessoa que já está morta. Omissão: Omissão própria: a omissão vem descrita na própria lei. Não admite tentativa. Exemplo: omissão de socorro (art. 135 do CP). Omissão imprópria: o agente tem o dever de agir para evitar o resultado. Não o fazendo, responderá pela sua omissão (art. 13, parágrafo segundo, do CP). O dever de agir advém das seguintes situações: Quando tenha por lei a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; Quando, de outras formas, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (garantidor – exemplo: enfermeira); Quando, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 28 4. CRIMES CONTRA A PESSOA Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação (art. 122): Tipo penal: induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça. A pena é duplicada nos seguintes casos: se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. Se o crime for cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, e resulta lesão corporal de natureza gravíssima, o agente irá responder como se a vítima tivesse morrido (opção da lei de agravar a penalidade protegendo mais aos vulneráveis). Se o crime for cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, e resulta morte, o agente irá responder como se tivesse praticado homicídio. Feminicídio (qualificadora do homicídio – maior gravidade da pena): É crime a prática de homicídio contra mulher por razões de sua condição de sexo feminino. É necessário que envolva: violência doméstica e familiar ou fato motivado por menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Homicídio contra autoridades (qualificadora do homicídio – maior gravidade da pena): É crime a prática de homicídio contra autoridade ou agente das forças armadas, das polícias, dos bombeiros militares, dos do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 29 5. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Roubo (art. 157): 6. Tipo penal: subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. 7. Importante saber: se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo, a pena aumenta-se de dois terços. Segundo a jurisprudência, não é necessário que a arma seja apreendida e periciada, desde que o seu uso no roubo seja provado por outros meios de prova, tais como a palavra da vítima e testemunhas. Extorsão (art. 158): Tipo penal: constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. No crime de roubo e no crime de extorsão, o agente pode-se utilizar dos mesmos modos de execução, consistentes na violência ou grave ameaça. A diferença fundamental existente entre os dois delitos consiste em que, no crime de extorsão, pretende-se um comportamento da vítima, restando um mínimo de liberdade de escolha, enquanto, no crime de roubo, o comportamento não é essencial. Exemplo: o agente, empregando uma arma de fogo, constrangendo a vítima a efetuar uma transferência de dinheiro para a sua conta digitando a senha no caixa eletrônico. Estelionato (art. 171): Tipo penal: obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. O crime não depende de representação nos casos em que a vítima for: Administração Pública, direta ou indireta; Criança ou adolescente; Pessoa com deficiência mental; Maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. Aplica-se a pena em dobro se o crime é cometido contra idoso. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 30 6. CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a fé pública. Moeda falsa (principais aspectos): Responde pelo crime (pena de reclusão) de moeda falsa quem falsificar, fabricando- a ou alterando-a, moeda metálicaou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro. Nas mesmas penas incorre quem: por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. Importante: quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção. Falsidades (principais aspectos): Caracteriza o crime da falsidade ideológica omitir que está empregado ao preencher cadastro público para obtenção de benefício social. O crime de omitir declaração em documento (público ou particular) que dele devia constar, configura o crime de falsidade ideológica se com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. As condutas da falsidade ideológica são: omitir, inserir e fazer inserir. Utilizar a CNH do irmão para dirigir não comete o crime de falsidade ideológica, mas de falsa identidade. Trocar a foto do documento de identificação por outra, própria, mais recente: não é crime, mas fato atípico. Na CNH, alterar por conta própria o nome que lá consta: é crime de falsificação de documento público. Falsificação de documento público: “falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro”. Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. ** Esse assunto foi abordado em prova do CEBRASPE para agente da PCDF, em prova de 2013. A afirmativa a seguir foi considerada ERRADA: “O empresário que inserir na carteira de trabalho e previdência social de seu empregado declaração diversa da que deveria ter escrito cometerá o crime de falsidade ideológica”. Adulteração de sinal identificador do veículo automotor: Trata-se de crime combatido pela PRF (você terá aulas específicas contra fraude veicular no curso de formação). O crime consiste em adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador do veículo automotor, de seu componente ou equipamento. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 31 A pena é aumentada em 1/3 se o crime for cometido por servidor no exercício da função pública ou em razão. Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial. Segundo o STJ, colocar fita adesiva para alterar a placa do veículo, é crime enquadrado neste delito. 7. CRIMES CONTRA A ADMINIOSTRAÇÃO PÚBLICA Peculato (art. 312): Tipo penal: apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá- lo, em proveito próprio ou alheio. Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Peculato culposo: ocorre quando funcionário concorre culposamente para o crime de outrem. No peculato culposo, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. Concussão (art. 316): Tipo penal: exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. Advocacia administrativa (art. 321): Tipo Penal: patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário. Se o interesse é ilegítimo, a pena é maior. Ainda que o interesse seja legítimo, há crime; ainda que use uma pessoa interposta para realizar a advocacia, há crime. Veja como o CESPE já cobrou (assertiva correta): Funcionário público que utilizar o cargo para exercer defesa de interesse privado lícito e alheio perante a administração pública, ainda que se valendo de pessoa interposta, cometerá o crime de advocacia administrativa. Corrupção (art. 333 e 317): A corrupção ativa é crime comum (particular contra a administração), podendo qualquer pessoa praticar. Corrupção passiva é crime próprio, praticado por funcionário público (em sentido amplo), contra a administração. Corrupção passiva: L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 32 Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Corrupção ativa: Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Prevaricação (art. 319): Fato típico: retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá- lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Condescendência criminosa (art. 320): Fato típico: deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. 4. DIREITO PROCESSUAL PENAL Disposições preliminares: A lei processual penal aplicar-se-á desde logo (para prejuízo ou benefício do réu - indiferente), sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. Inquérito policial: Inquérito policial é um procedimento administrativo informativo, destinado a apurar a existência de infração penal e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal disponha de elementos suficientes para promovê-la. O valor probatório do inquérito policial, como regra, é considerado relativo, entretanto, nada obsta que o juiz absolva o réu por decisão fundamentada exclusivamente em elementos informativos colhidos na investigação. L ic en se d t o J o ão l a si lv a - ro n al d o co co za o @ h o tm ai l.c o m 33 Prazos: o CPP: 10 dias preso - 30 dias solto (o prazo de 30 dias pode ser prorrogado). o Justiça Federal: 15 dias preso - 30 dias solto (ambos podem ser prorrogados 1x) o Lei de drogas: 30 dias preso - 90 dias solto (ambos prazos podem ser duplicados) Tem natureza administrativa e é inquisitivo (sem contraditório e ampla defesa). O inquérito policial