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Isabela Trarbach Gomes Odontologia Restauradora Laboratorial 2 Coroa Total Cerâmica MATERIAIS CERÂMICOS De modo geral são inorgânicos, não metálicos, tipicamente duros, frágeis (não se deformam plasticamente), e eles possuem uma elasticidade mínima, mas depois quebram. Possuem alta temperatura de fusão, baixa condutibilidade termina e elétrica além de boa estabilidade química, ou seja, sofrem pouca oxidação e corrosão e mudam pouco de cor. PROCESSO DE FABRICAÇÃO Dióxido de silício é submetido a altas temperaturas até se liquefazer, e ao ser resfriado lentamente as moléculas se organizam em forma de cristais. De acordo com a velocidade de resfriamento é possível conseguir uma substância mais cristalina ou menos cristalina. No caso do dióxido de silício o cristal é o quartzo. O cristal aumenta a resistência da cerâmica por impedir a continuidade de uma trinca formada. Por outro lado, assim como a trinca é contida pelo cristal a luz também será, por isso o vidro é tão transparente. COMPORTAMENTO MECÂNICO: Deformação elástica: A deformação é diretamente proporcional a carga. Deformação plástica: É uma mudança dimensional permanente, ocorrido quando se excedem os limites de deformação elástica. ▪ A cerâmica possui pouca deformação elástica, mas suporta uma grande carga. ▪ Ela não guarda deformação residual após a aplicação da carga, porém ela não possui deformação plástica. ▪ Ela apenas se deforma elasticamente. Após passar do limite de carga suportada para deformação elástica a cerâmica se rompe. ▪ A cerâmica é um material frágil, ou seja, é aquele que se rompe rapidamente sem deformação plástica. SISTEMAS CERÂMICOS ODONTOLÓGICOS ▪ Propriedades ópticas muito semelhantes às das estruturas dentárias. É possível conferir às cerâmicas pigmentação, translucidez e brilho. ▪ São quimicamente inertes, pouco solúveis e resistentes à corrosão. ▪ Excelentes isolantes, com baixa condutividade térmica e elétrica, diferente dos metais. ▪ Estética e longevidade. O resfriamento rápido forma uma cerâmica amorfa que é o vidro. Isabela Trarbach Gomes CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O MATERIAL DE SUA COMPOSIÇÃO 1. Cerâmica rica em sílica: feldspática 2. Cerâmica rica em alumina 3. Cerâmica rica em zircônia 4. Cerâmica rica em dissilicato de lítio 5. Cerâmica rica em Leucita CERÂMICA RICA EM SÍLICA – CERÂMICA FELDSPÁTICA Consideradas as cerâmicas dentárias convencionais. Foram as primeiras cerâmicas lançadas, sendo normalmente chamadas de porcelana. São obtidas por meio da fusão de óxidos em alta temperatura, resultando em núcleos cristalinos não incorporados à matriz vítrea, que atuam como arcabouço de reforço, tornando-as muito mais resistentes que os vidros comuns. COMPOSIÇÃO: ▪ Feldspato (78 a 85%): fase vítrea ▪ Quartzo (sílica – 12 a 22%): fase cristalina ▪ Calium (3 a 5%) O processo de fabricação por estratificação da cerâmica feldspática permite maior reprodução de detalhes o que torna a coroa mais estética. Essa cerâmica possui um comportamento mecânico pouco plástico e sensivelmente friável. Para isso existem mecanismos de reforço como suporte interno com resistência adequada e união efetiva às suas estruturas cerâmicas, de modo a transmitir as tensões de um substrato a outro. Um exemplo são as subestruturas metálicas (coping metálico) em que a coroa metalocerâmica parece ser o sistema mais bem sucedido na construção de restaurações estéticas e resistentes à carga oclusal. CERÂMICA RICA EM ALUMINA (Al2O3): ▪ InCeram, Procera. ▪ A incorporação de óxido de alumínio melhora significativa nas propriedades mecânicas da cerâmica. ▪ Possui excelente resistência à flexão. ▪ Podem substituir os copings metálicos. ▪ Possui menor translucidez, diminuindo suas qualidades ópticas. ▪ Ela nunca deve ser usada como cerâmica de cobertura por ser muito opaca, por isso sobre ela tem que vir um revestimento cerâmico mais translúcido. ▪ É indicada para coroas totais e próteses fixas de três elementos (até segundo pré-molar). CERÂMICA RICA EM ZIRCÔNIA ▪ Sistemas baseados no composto Y-TZP (Ytrium tetragonal Zirconia Polycrystals) que os torna sistemas de alta resistência. A matriz vítrea torna essa cerâmica mais resistente. Entretanto, ela permanece muito frágil precisando de uma subestrutura de reforço como a estrutura dental, infraestrutura de metal ou cerâmica mais resistente. Isabela Trarbach Gomes ▪ Cristal monoclínico é ligeiramente inclinado. ▪ Cristal tetragonal faz ângulo reto com seus planos. A zircônia natural é monoclínica. Tem menos resistência que o cristal tetragonal, então com a produção ideal é possível produzir a zircônia de forma tetragonal em que também foi adicionado o Ytrium. A zircônia na forma tetragonal tem um volume um pouco menor que a zircônia monoclínica, além de não ser uma forma estável na natureza. Por conta dessa instabilidade, quando uma carga é feita sobre a zircônia tetragonal faz com que ela absorva essa energia e se torne a zircônia monoclínica. Sendo assim, quando uma trinca se propaga dentro da cerâmica de zircônia tetragonal a energia de fratura que é transmitida é absorvida pela zircônia que a circunda transformando-a em zircônia monoclínica, e quando ela se transforma em monoclínica ela aumenta de volume e tende a segurar a propagação da trinca, por esse motivo que a zircônia tetragonal é mais resistente que a zircônia monoclínica. ▪ A cerâmica rica em zircônia pode ser usada para produzir copings. ▪ Possui mais translucidez que a cerâmica rica em alumina. CERÂMICA RICA EM DISSILICATO DE LÍTIO ▪ Empress 2 e E-max. ▪ A fase cristalina que se forma é um dissilicato de lítio e compõe 70% do volume da cerâmica vítrea. Tem boa resistência. ▪ Apresenta uma microestrutura que consiste em muitos cristais pequenos entremeados, que são orientados aleatoriamente, e faz com que as trincas sejam defletidas ou desviadas impedindo sua propagação. ▪ São indicadas para coroas totais, parciais e pontes fixas. ▪ Por ser produzida por meio de um bloco único ela possui apenas uma coloração fazendo com que seja necessária uma maquiagem para torná-la mais estética. COROA RICA EM LEUCITA (SiO2.Al2O3.K2O) Estão disponíveis na forma de linguotes de cerâmica e são prensados em temperaturas entre 1150 e 1180 ºC (sob pressão de 0,3 a 0,4 MPa), utilizando a técnica de molde refratário confeccionado pela técnica de cera perdida. Microestrutura é de cristais de leucita (35 a 55%) com tamanho variando entre 1 - 5 micrometros que dispersos na matriz vítrea, funcionam como arcabouço de reforço para a estrutura da cerâmica. INDICAÇÕES DA COROA TOTAL CERÂMICA ▪ Elemento unitário em todos os dentes anteriores e posteriores que necessitem de cobertura total. ▪ Estética por sua alta translucidez e profundidade de cor. ▪ Retentores e pônticos de próteses parciais fixas de pequena extensão, em situações adequadas e sistemas cerâmicos bem selecionados. Isabela Trarbach Gomes VANTAGENS ▪ Estética por conta da translucidez. ▪ Melhor resposta tecidual porque a lisura superficial permite um menor acúmulo de placa bacteriana. Além disso, por conta do término intrasulcular é menos profundo, cerca de 0,2 mm. DESVANTAGENS ▪ Término cervical em ombro, 1mm de desgaste na cervical. ▪ Maior redução tecidual para alguns sistemas. ▪ Técnica sensível (característica do preparo, execução laboratorial, cimentação que é por técnica adesiva). ▪ Maior custo de alguns sistemas. PREPARO DA COROA TOTAL CERÂMICA ▪ Tem por objetivo suportar as margens da restauração ao distribuir as tensões de forma uniforme, caso contrário, haverá formação de trinca levando a fratura da coroa. ▪ Um volume adverso de porcelana tem efeito adverso na resistência. INCLINAÇÃO: A inclinação do preparo deve ser correta para que a força seja distribuída por todas as paredes do preparoe, dissipada a partir da coroa cerâmica. Quando o preparo é muito cônico a carga que é transmitida dentro da cerâmica não encontra apoio suficiente do preparo, a quantidade de cerâmica vai ser maior e, esse excesso sofre muita flexão e tende a fraturar. DIMENSÕES DO PREPARO: Em preparos curtos a falta de apoio na região incisal haverá carga excessiva sendo transmitida ao ombro. A força é exercida na região palatina e percorre na direção vestibular até o término cervical. Porque ao invés das tensões serem transmitidas por meio da estrutura de suporte que é o preparo ela vai se concentrar na região do ombro, fraturando-o. ÂNGULOS: Os ângulos precisam ser arredondados, porque ângulos vivos levam a concentração de esforços que geram tricas e levam a fraturas. O término cervical em ombro precisa ser arredondado (diferente do que ocorre para coroa metálica). TÉCNICA DE PREPARO PARA DENTES ANTERIORES 1º passo: sulco de orientação cervical REGIÃO Face vestibular e palatina INCLINAÇÃO 45º em relação ao longo eixo do dente DESGASTE 0,5 – 0,7mm Isabela Trarbach Gomes ▪ Broca: 1014, tem 1,4 mm de diâmetro ▪ O ombro arredondado com 1 mm de profundidade será alcançado no desgaste de união dos sulcos. ▪ O sulco na face palatina não deve comprometer o cíngulo. 2º passo: sulcos longitudinais REGIÃO Face vestibular 1/3 cervical da palatina INCLINAÇÃO Inclinação da face DESGASTE aproximadamente1,2 mm Broca: 3146 ou 3098 MF tem 1,2 mm de diâmetro. ▪ Os sulcos devem ser feitos na primeira e segunda inclinação do dente. ▪ Possuem formato cilíndrico com extremo arredondado para que o final do preparo seja em ombro arredondado. ▪ Diferente das brocas usadas no preparo das coroas metalocerâmicas em que a extremidade é ogival para o término em chanfrado. ▪ O desgaste não deve avançar além do sulco cervical. 3º passo: Sulcos da face incisal REGIÃO Face incisal INCLINAÇÃO Inclinação da face DESGASTE 1,5 a 2 mm Broca: 3156 ou 3098 MF. ▪ A borda incisal dos dentes superiores é inclinada para palatino e a borda incisal dos dentes inferiores é inclinada para vestibular por causa do desgaste funcional dos dentes durante o uso. ▪ O desgaste precisa ser maior nessa região para permitir a confecção de maiores detalhes na coroa cerâmica. 4º passo: desgaste palatino ▪ Deve ser feito marcações pontuais na concavidade palatina com a broca esférica 1014 com a finalidade de auxiliar o desgaste. Desgaste de 1 mm de diâmetro. REGIÃO Face palatina INCLINAÇÃO Inclinação da face DESGASTE 1 a 1,2 mm Broca 3118. MF = metal free. A 3098 sem ser MF não tem ângulos arredondados Isabela Trarbach Gomes 5º passo: desgaste proximal REGIÃO Faces proximais INCLINAÇÃO Paralelo ao longo eixo do dente DESGASTE Em fatia Broca: 3203 que tem formato de ponta de lápis. ▪ A inclinação deve ser vertical porque ela sendo troncocônica o desgaste já é feito com a inclinação adequada. ▪ A finalidade desse desgaste é abrir espaço na região do ponto de contato para que em sequência possa ser usadas as brocas de maior espessura como a 3146 ou 3098 MF. Se isso não for feito a tendência é uma grande geração de calor na área desejada até que se alcance o outro lado. ▪ A ponta ativa da broca normalmente não trabalha para não ser criado um degrau. 6º passo: união dos sulcos da primeira metade do dente REGIÃO Face vestibular, incisal e 1/3 cervical palatino INCLINAÇÃO Seguindo as inclinações DESGASTE Desgastes anteriores Brocas: 3146 ou 3098 MF. REGIÃO Concavidade palatina INCLINAÇÃO Inclinação da face DESGASTE Desgastes anteriores Broca: 3118 que tem formato de chama. 7º passo: desgaste da segunda metade do dente com base na primeira Brocas: 3118 para face palatina e 3146 ou 3098 para as outras faces. 8º passo: acabamento ▪ Deve-se fazer o arredondamento das paredes e a regularização do preparo. ▪ É nessa fase que o preparo é levado para região intrasulcular com um instrumental adequado que protege a gengiva e uma broca diamantada apenas em sua extremidade. ▪ Brocas: 4138 FF/2135 FF ou brocas usadas no passo anterior em baixa rotação ▪ Após os desgastes devemos conferir o espaço conseguido com o preparo. OBS: o ângulo cavossuperficial precisa ser vivo porque é necessária uma espessura uniforme de cerâmica por todo o preparo. Isabela Trarbach Gomes 9º passo: características finais do preparo. ▪ Redução aproximada das superfícies axiais: 1,2 a 1,5 mm com convergência máxima de 10º. ▪ Redução incisal de 1,5 a 2 mm. ▪ Espaço inter-incisal de 1 a 1,5 mm. ▪ Ângulos arredondados e superfícies lisas e uniformes. TÉCNICA DE PREPARO PARA DENTES POSTERIORES ▪ O término é em chanfro profundo ou ombro arredondado. ▪ Ângulo cavossuperficial próximo de 90º graus. ▪ Ângulos internos sempre arredondados. ▪ Expulsividade de 8 a 10º com as paredes axiais. ▪ Na face oclusal é preciso de 2 mm para conferir uma resistência melhor. Alguns materiais podem usar espessuras menores. ▪ A parede oclusal do preparo tem que acompanhar a anatomia externa do dente. 1º passo: sulco marginal cervical REGIÃO Faces lingual, vestibular e proximais livres INCLINAÇÃO 45º DESGASTE 0,7 mm Broca: 1014 que tem diâmetro de 1,4 mm. 2º passo: sulcos longitudinais REGIÃO Vestibular e lingual INCLINAÇÃO Respeitando as inclinações da face DESGASTE 1,2 mm Brocas: 3146 ou 3098 MF que tem 1,2 mm de diâmetro. 3º passo: sulcos da face oclusal REGIÃO Face oclusal INCLINAÇÃO Inclinação das vertentes DESGASTE 1,5 a 2 mm Brocas: mesmas do passo anterior. 4º passo: desgaste proximal. REGIÃO Faces proximais INCLINAÇÃO Paralelo ao longo eixo do dente DESGASTE Em fatia Broca 3098 MF é plana fazendo 90º com a parede axial, porém o ângulo é arredondado promovendo um ombro arredondado. Isabela Trarbach Gomes Brocas: 3203 ou 2200 que possuem formato em ponta de lápis. 5º passo: união dos sulcos da primeira metade REGIÃO Todas as faces INCLINAÇÃO Seguindo as inclinações DESGASTE Seguindo desgastes anteriores Brocas: 3146 ou 3098 MF. 6º passo: desgaste da outra metade. 3146 ou 30 98 MF para as faces vestibular e lingual. 3203 ou 2200 para a face proximal, com o objetivo de fazer espaço para o uso das brocas acima. 7º passo: acabamento REGIÃO Todas as faces INCLINAÇÃO Seguindo as inclinações DESGASTE Leve desgaste Pode-se usar as brocas do passo anterior em baixa rotação. Também é indicado as brocas 4138 FF e 2135 FF.
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