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Demência e Doença de Alzheimer

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REVISÃO 
SAÚDE DO IDOSO
MÓDULO III
DEMÊNCIAS
DOENÇA DE ALZHEIMER
Prof Victor Roberto
A demência é uma síndrome clínica decorrente de doença ou disfunção cerebral, de natureza crônica e 
progressiva, na qual ocorre perturbação de múltiplas funções cognitivas, incluindo memória, atenção e 
aprendizado, pensamento, orientação, compreensão, cálculo, linguagem e julgamento.
O comprometimento das 
funções
cognitivas é comumente 
acompanhado, e 
ocasionalmente precedido, 
por deterioração
do controle emocional, 
comportamento social ou 
motivação.
A demência produz um 
declínio apreciável no 
funcionamento intelectual 
que interfere com as 
atividades diárias.
Entre as pessoas idosas, a 
demência faz parte do grupo 
das mais importantes 
doenças que acarretam 
declínio funcional 
progressivo e perda gradual 
da autonomia e da 
independência. 
A incidência e a prevalência das demências aumentam 
exponencialmente com a idade.
O profissional de saúde deve estar atento para as causas de demências 
reversíveis, que se tratadas precocemente, podem reverter o quadro demencial. 
Caso demore iniciar o tratamento, a demência que antes era potencialmente 
reversível passa a ser irreversível devido ao tempo de evolução.
São causas reversíveis de demência:
• Uso de medicamentos (psicotrópicos e analgésicos narcóticos).
• Metabólica (distúrbio hidroeletrolítco, desidratação, insuficiência renal ou hepática e hipoxemia).
• Neurológica (hidrocefalia de pressão normal, tumor e hematoma subdural crônico).
• Infecciosas (Meningite crônica, AIDS, neuro sífilis).
• Colágeno-Vascular (lúpus eritematoso sistêmico, arterite temporal, vasculite
reumatóide, sarcoidose e púrpura trombocitopênica trombótica).
• Endócrinas (doença tireoidiana, doença paratireoidiana, doença da adrenal e doença da pituitária).
• Nutricionais (deficiência de vitamina B12, ácido fólico, tiamina e niacina).
• Alcoolismo crônico.
• Outras (DPOC, insuficiência cardíaca congestiva e apnéia do sono).
Doença de Alzheimer (DA)
É uma doença cerebral degenerativa primária, de etiologia pouco conhecida,
com aspectos neuropatológicos e neuroquímicos característicos. É a mais
prevalente entre as diversas causas de demências.
A doença se apresenta como demência, ou perda de funções cognitivas
(memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células
cerebrais. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter
mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao
paciente e à família.
CAUSA E FOTORES DE RISCO
Não se sabe por que a Doença de Alzheimer ocorre, mas são conhecidas algumas lesões
cerebrais características dessa doença. As duas principais alterações que se apresentam são as
placas senis decorrentes do depósito de proteína beta-amiloide, anormalmente produzida, e
os emaranhados neurofibrilares, frutos da hiperfosforilação da proteína tau. Outra alteração
observada é a redução do número das células nervosas (neurônios) e das ligações entre elas
(sinapses), com redução progressiva do volume cerebral.
CAUSA E FOTORES DE RISCO
 A idade é o principal fator de risco para o desenvolvimento de demência da Doença de
Alzheimer (DA).
 Após os 65 anos, o risco de desenvolver a doença dobra a cada cinco anos.
 As mulheres parecem ter risco maior para o desenvolvimento da doença, mas talvez isso
aconteça pelo fato de elas viverem mais do que os homens.
 Os familiares de pacientes com DA têm risco maior de desenvolver essa doença no futuro,
comparados com indivíduos sem parentes com Alzheimer. No entanto, isso não quer dizer
que a doença seja hereditária.
 Embora a doença não seja considerada hereditária, há casos, principalmente quando a
doença tem início antes dos 65 anos, em que a herança genética é importante. Esses casos
correspondem a 10% dos pacientes com Doença de Alzheimer.
CAUSA E FOTORES DE RISCO
 Outros fatores importantes referem-se ao estilo de vida. São considerados fatores de risco:
hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo e sedentarismo. Esses fatores relacionados
aos hábitos são considerados modificáveis. Alguns estudos apontam que se eles forem
controlados podem retardar o aparecimento da doença.
 Escolaridade elevada e atividade intelectual intensa estão relacionadas com menor
frequência de demência.
 Ainda que não esteja claramente demonstrada, estimular os idosos a manter sua mente
ativa pode ser uma medida profilática.
A Doença de Alzheimer evolui em três estágios
Fase inicial: é caracterizada por sintomas vagos e difusos, que se desenvolvem insidiosamente 
sendo o comprometimento da memória o sintoma mais proeminente e precoce, em especial a 
memória recente. Com frequência, as pessoas acometidas perdem objetos pessoais (chaves, 
carteira, óculos) e se esquecem dos alimentos em preparo no fogão. Há desorientação 
progressiva em relação ao tempo e ao espaço. Em alguns casos podem apresentar perda de 
concentração, desatenção, perda de iniciativa, retraimento social, abandono dos 
passatempos, mudanças de humor (depressão) alterações de comportamento (explosões de 
raiva, ansiedade, irritabilidade e hiperatividade) e mais raramente idéias delirantes.
A Doença de Alzheimer evolui em três estágios
Fase intermediária: caracteriza-se por deterioração mais acentuada dos déficits de memória e
pelo acometimento de outros domínios da cognição, como afasia, agnosia, alterações
visuoespaciais e visuoconstrutivas e apraxia. Os distúrbios de linguagem inicialmente
caracterizados pela dificuldade de nomeação, progridem, com dificuldade na escrita,
empobrecimento de vocabulário, parafasias semânticas e fonêmicas, perseverações, perda de
conteúdo e dificuldade de compreensão. A capacidade de aprendizado, a memória remota, a
capacidade em fazer cálculos, abstrações, resolver problemas, organizar, planejar e realizar
tarefas em etapas são seriamente comprometidas. O julgamento é alterado, perdendo a
noção de riscos. Essas alterações levam a um progressivo declínio funcional, hierárquico de
AIVD para AVD. Pode ocorrer ainda agitação, perambulação, agressividade, questionamentos
repetitivos, reações catastróficas, distúrbios do sono e a denominada “síndrome do
entardecer”, ou seja, a ocorrência de confusão mental e alterações de comportamento,
geralmente, próximos do horário do pôr do sol.
A Doença de Alzheimer evolui em três estágios
Fase avançada ou estágio terminal: todas as funções cognitivas estão gravemente
comprometidas com dificuldade para reconhecer pessoas e espaços familiares. Tornam-se
totalmente dependentes para as AVD. Acentuam-se as alterações de linguagem, podendo
ocorrer drástica redução da fluência levando o paciente a comunicarem-se por meio de
ecolalias, vocalizações inarticuladas, sons incompreensíveis e jargões semânticos, até
alcançarem o mutismo. Na fase final, geralmente, estão acamados e incontinentes e
normalmente acabam falecendo por alguma complicação da síndrome da imobilidade.
DIAGNOSTICO
A certeza do diagnóstico só pode ser obtida por meio do exame microscópico do tecido
cerebral do doente após seu falecimento. Antes disso, esse exame não é indicado, por
apresentar riscos ao paciente. Na prática, o diagnóstico da Doença de Alzheimer é clínico, isto
é, depende da avaliação feita por um médico, que irá definir, a partir de exames e da história
do paciente, qual a principal hipótese para a causa da demência.
TRATAMENTO
Até o momento, não existe cura para a Doença de Alzheimer. Os avanços da medicina têm
permitido que os pacientes tenham uma sobrevida maior e uma qualidade de vida melhor,
mesmo na fase grave da doença.
Os objetivos dos tratamentos são aliviar os sintomas existentes, estabilizando-os ou, ao
menos, permitindo que boa parte dos pacientes tenha uma progressão mais lenta da doença,
conseguindo manter-se independentes nas atividades da vida diária por mais tempo. Os
tratamentos indicados podem ser divididos em farmacológico e não farmacológico.
TRATAMENTO FARMACOLOGICO
 Na Doençade Alzheimer, acredita-se que parte dos sintomas decorra de alterações em uma
substância presente no cérebro chamada de acetilcolina, que se encontra reduzida em
pacientes com a doença. Um modo possível de tratar a doença é utilizar medicações que
inibam a degradação dessa substância.
 As medicações que atuam na acetilcolina, e que estão aprovadas para uso no Brasil nos
casos de demências leve e moderada, são a rivastigmina, a donepezila e a galantamina
(conhecidas como inibidores da acetilcolinesterase ou anticolinesterásicos).
 Os efeitos positivos, que visam à melhoria ou à estabilização, foram demonstrados para a
cognição, o comportamento e a funcionalidade. A resposta ao tratamento é individual e
muito variada.
TRATAMENTO FARMACOLOGICO
 Os sintomas comportamentais e psicológicos podem ser tratados com medicações
específicas e controladas.
 As evidências, até o momento, são de ineficácia do tratamento com ginkgo biloba,
selegilina, vitamina E, Ômega 3, redutores da homocisteína, estrogênio, anti-inflamatórios
e estatina. Sendo assim, o uso dessas substâncias e medicações, com fim específico de
tratamento para a demência, não é recomendado.
TRATAMENTO NÃO-FARMACOLOGICO
 Há evidências científicas que indicam que atividades de estimulação cognitiva, social e
física beneficiam a manutenção de habilidades preservadas e favorecem a funcionalidade.
 O treinamento das funções cognitivas como atenção, memória, linguagem, orientação e a
utilização de estratégias compensatórias são muito úteis para investimento em qualidade
de vida e para estimulação cognitiva.
 A qualidade e a quantidade de estímulos devem ser monitoradas e avaliadas a partir da
resposta dos pacientes. É de fundamental importância para a adesão às propostas que
essas atividades sejam agradáveis e compatíveis com as capacidades dos pacientes.
 O intuito dos tratamentos não farmacológicos não é fazer com que a pessoa com
demência volte a funcionar como antes da instalação da doença, mas que funcione o
melhor possível a partir de novos e evolutivos parâmetros.
 As intervenções oferecidas podem ser de três áreas diversas: estimulação cognitiva, social
e física.

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