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05_farmaco_sna_a

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Programa de Pós-Graduação a Distância 
 
 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação lato sensu em 
FARMACOLOGIA 
 
Módulo I 
Farmacologia Geral e 
Autonômica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina: Farmacologia do Sistema Nervoso 
Autônomo – Bases Anatomofisiológicas 
 
 
 
 
 
 
234
 
Sistema nervoso autônomo e homeostase: 
os caminhos da sua descoberta 
 
A parte do sistema nervoso que comanda as funções viscerais do organismo 
recebe o nome de Sistema Nervoso Autônomo (SNA). O SNA, também referido 
como sistema nervoso visceral, vegetativo ou automático, tem as funções de manter 
estável o organismo frente às necessidades de adaptação aos meios internos e 
externos. 
Uma vez que o organismo é tal qual uma máquina, que funciona 
continuamente, para a sobrevivência, há uma necessidade de manter constantes as 
condições internas, mesmo sob fortes variações do meio externo. Isso é conhecido 
como Homeostasia, conceito criado pelo fisiologista francês Claude Bernard (1813-
1878) e se refere a essa permanente tendência do organismo de manter a 
constância do meio interno. É o que outro fisiologista americano, Walter Cannon 
(1871-1945), denominou “sabedoria do corpo”. A homeostasia se aperfeiçoou 
bastante durante a evolução, permitindo um grau de independência, cada vez maior, 
dos animais, em relação ao meio externo em que vivem. 
A manutenção desse frágil equilíbrio é coordenada por regiões do sistema 
nervoso, especialmente dedicadas a isso. A rede que controla o organismo, do 
ponto de vista da homeostasia, é o SNA. Esse sistema ajuda a controlar a pressão 
arterial, a motilidade e a secreção gastrintestinal, a emissão urinária, a sudorese, a 
temperatura corporal e muitas outras atividades, sendo que algumas são regidas 
quase que totalmente pelo sistema nervoso autônomo, e outras só parcialmente. 
A denominação de SNA foi criada pelo fisiologista britânico John Langley 
(1853-1925), acreditando que os seus componentes funcionariam em considerável 
grau de independência do restante do sistema nervoso. O conceito demonstrou-se 
errado e outros nomes foram propostos. Mas nenhum deles mostrou-se mais 
apropriado e o nome que prevaleceu, apesar de sua limitação, foi o proposto por 
Langley. 
Conforme representado na figura abaixo, o Sistema Nervoso Periférico 
Eferente pode ser dividido funcionalmente em: 
 
 
 
235
a) SN somático: ou sistema nervoso da vida de relação, que garante ao 
organismo a sua atuação no meio ambiente externo por meio do controle sobre 
atividade da musculatura esquelética. 
 
b) SN visceral: ou sistema nervoso da vida vegetativa que garante ao 
organismo o controle sobre o meio ambiente interno, regulando a atividade dos 
órgãos viscerais (glândulas, músculos liso e cardíaco). Nesse caso, os órgãos 
viscerais são controlados por uma via eferente denominada Sistema Nervoso 
Autônomo (SNA) constituído de duas divisões anatômica e funcionalmente 
distintas: simpático e parassimpático. 
 
 
 
 
 
 
236
Os órgãos viscerais 
são inervados por uma cadeia 
de dois neurônios: um 
neurônio pré-ganglionar, cujo 
corpo fica localizado dentro 
do SNC, e outro neurônio 
pós-ganglionar, cujo corpo 
celular fica localizado dentro 
de um gânglio. Na maioria 
dos casos, um mesmo órgão 
visceral possui inervação 
simpática e parassimpática, 
cada um exercendo efeitos 
antagônicos. 
O SNA é composto por um conjunto de neurônios situados no tronco 
encefálico e na medula espinhal e apresenta duas divisões clássicas e uma ainda 
controvertida. A controvertida é a divisão gastroentérica, constituída pelos plexos 
intramurais, que é uma intrincada rede de neurônios situados nas paredes das 
vísceras que participam do controle das funções digestivas. As clássicas são a 
divisão Simpática e Parassimpática. 
O simpático é recrutado sempre que o organismo encontra-se em uma 
situação de emergência como lutar-ou-fugir, ou seja, quando tem que se gastar 
muita energia. Já a atividade parassimpática causa efeitos antagônicos sobre um 
mesmo órgão inervado pelo simpático e está relacionada às funções de economia e 
obtenção de energia (repouso e digestão). 
De qualquer maneira, um determinado estado do organismo é consequência 
do balanço entre as atividades simpáticas e parassimpáticas que se integram e se 
complementam. O nível de atividade do SNA é regulado pelas vias aferentes 
periféricas viscerais, pelo tronco encefálico, hipotálamo, o sistema límbico e outros 
centros do SNC. Lembre-se que muitas reações emocionais e atividades mentais 
são acompanhadas de manifestações viscerais. 
 
 
 
 
237
 
 
 O SNA é a parte do Sistema Nervoso que controla as funções viscerais. 
 Ajuda no controle da pressão arterial, motilidade e secreção 
gastrointestinal, emissão urinária, sudorese, temperatura corpórea, e muitas outras 
atividades. 
 Algumas dessas atividades são inteiramente controladas por ele; 
enquanto outras são somente em parte controladas por ele. 
 Suas principais características são a rapidez e a intensidade com a qual 
pode alterar as funções viscerais. 
 O sistema nervoso autônomo é capaz de controlar, agindo por meio de 
fibras nervosas autonômicas rápida e efetivamente, muitas, senão todas, as funções 
internas. 
 
As divisões do SNA 
 
Classicamente, o sistema nervoso autônomo é subdividido em dois grandes 
subsistemas: a divisão simpática e a divisão parassimpática. Esses nomes 
estranhos derivam da palavra grega que significa “harmonia, solidariedade” e se 
relacionam à ideia de que sua função é homeostática. 
 
1. O Sistema Simpático (SNS)
 
Tem sua origem em neurônios localizados na medula espinhal, na porção 
tóraco-lombar. Os axônios dessas células emergem da medula pelas raízes ventrais 
 
 
 
238
e se estendem até uma série de gânglios simpáticos que se encontram em 
diferentes regiões do corpo. Alguns gânglios se localizam no pescoço e no abdome, 
porém a maior parte se encontra na região torácica. Estes últimos formam a cadeia 
simpática lateral. 
As fibras simpáticas dos gânglios viscerais inervam o intestino, os vasos 
sanguíneos intestinais, o coração, os rins, o baço, e outros. Em troca, as fibras 
contidas nos nervos espinhais inervam os vasos sanguíneos da pele e dos 
músculos, os músculos eretores dos pelos e as glândulas sudoríparas. 
As fibras provenientes do tronco simpático cervical inervam diferentes 
estruturas da cabeça, incluindo os vasos sanguíneos, os músculos pupilares e as 
glândulas salivares. 
 
Distribuição segmentar dos nervos simpáticos: 
 
 T1: fibras que vão pela cadeia simpática até a cabeça. 
 T2: fibras que vão ao pescoço. 
 T3 → T6: fibras que vão ao tórax. 
 T7 → T11: fibras que vão ao abdômen. 
 T12 → L2: fibras que vão às pernas. 
Essa distribuição é aproximada e implica em grau considerável de 
superposições. A distribuição dos nervos simpáticos para cada órgão é determinada 
parcialmente pela posição na qual este se originou no embrião. 
 
2. O Sistema Parassimpático (SNP)
 
É formado por fibras contidas nos pares cranianos III, VII, IX e X, e por 
outras fibras que emergem da região sacra da medula espinhal. Esses nervos 
podem correr separadamente ou junto com alguns nervos espinhais. O mais 
importante nervo parassimpático é o vago (pneumogástrico), de ampla distribuição, 
que transporta as fibras parassimpáticas a praticamente todas as regiões do corpo 
com exceção da cabeça e das extremidades. 
 
 
 
239
Os nervos do sistema parassimpático inervam grande quantidade de 
estruturas e órgãos incluindo o coração, o músculo liso e alguns vasos sanguíneos, 
os brônquios, o trato intestinal e a bexiga, além de grande quantidade de glândulas 
secretórias. 
 
 
 
 
 
O raio de atuação do SNA é bem mais amplo do que o controle do sistema 
motor somático: o SNA não só controla a motilidade dos órgãos viscerais 
musculares como também controla o metabolismo tecidual e a secreção das 
glândulas. 
Nosgânglios autonômicos, o neurônio pré-ganglionar faz sinapses químicas 
com os neurônios pós-ganglionares, e estes controlam os órgãos efetores por 
junções neuromusculares, cujas conexões não são tão bem definidas como nas 
junções neuromusculares esqueléticas. A membrana pós-sináptica (lisa ou cardíaca) 
não possui placa motora e os neurotransmissores são secretados em uma ampla 
superfície, não havendo uma relação de uma fibra nervosa com uma célula muscular 
como acontece com a unidade motora esquelética. 
 
 
 
240
Tanto as células somáticas como as viscerais precedem a atividade 
mecânica com uma mudança na atividade elétrica (potenciais de ação) na 
membrana. 
A figura abaixo mostra a origem das fibras simpáticas e parassimpáticas a 
partir da medula espinhal e os órgãos por elas inervados: 
 
 
 
 
 
Curiosidade... 
 
O sistema nervoso simpático é responsável pela 
sobrevivência de inúmeras espécies de répteis e primatas. 
Fator que assegura a postura bípede do homem, permitindo 
aporte de sangue no encéfalo, na posição ortostática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
241
 
A terceira divisão doSNA: o plexo entérico 
 
 
Inervação do trato gastrointestinal 
 
Entre as camadas musculares do trato gastrointestinal (TGI) está o plexo 
entérico. São dois plexos situados no TGI e que somam de 80 a 100 milhões de 
neurônios, quase tanto quanto tem a medula espinhal. 
 
Plexo mioentérico ou Plexo de Auerbach: situado entre as camadas 
musculares, circular e longitudinal. 
 
Plexo submucoso ou Plexo de Meissner: entre a mucosa e a camada 
circular. Estes plexos interconectados constituem o sistema nervoso entérico. 
 
O plexo possui neurônios funcionalmente distintos: 
 
a) Neurônios sensoriais (quimio e mecanorreceptores). 
b) Interneurônios. 
c) Neurônios motores (glandulares e musculares). 
 
Como podemos ver na figura, o plexo pode funcionar sozinho baseado na 
organização de reflexos motores e glandulares. No entanto, é regulado pelo SNA 
simpático e parassimpático já que os respectivos neurônios pós-ganglionares fazem 
parte desse plexo. 
 
 
 
 
 
242
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
243
 
Efeitos da estimulação do Sistema Nervoso Simpático e Parassimpático nos 
órgãos efetores, com a excitação de alguns órgãos e inibição de outros. 
 
 
Órgão Efeito da estimulação simpática 
Efeito da estimulação 
parassimpática 
Olho: 
Pupila 
Músculo ciliar 
 
Dilatada 
Nenhum 
 
Contraída 
Excitado 
Glândulas 
gastrointestinais Vasoconstrição Estimulação de secreção 
Glândulas sudoríparas Sudorese Nenhum 
Coração: 
Músculo (miocárdio) 
Coronárias 
 
Atividade aumentada 
Vasodilatação 
Diminuição da atividade 
Constrição 
Vasos sanguíneos 
sistêmicos: 
Abdominal, 
Músculo 
Pele 
 
 
Constrição 
Dilatação 
Constrição ou dilatação 
 
Nenhum 
Nenhum 
Nenhum 
Pulmões: 
Brônquios 
Vasos sanguíneos 
 
Dilatação 
Constrição moderada 
 
Constrição 
Nenhum 
Tubo digestivo: 
Luz 
 
Esfíncteres 
 
Diminuição do tônus e do 
peristaltismo 
Aumento do tônus 
Aumento do tônus e do 
peristaltismo 
Diminuição do tônus 
Fígado Liberação de glicose Nenhum 
Rim Diminuição da urina Nenhum 
Bexiga: 
Corpo 
Esfíncter 
 
Inibição 
Excitação 
Excitação 
Inibição 
Ato sexual masculino Ejaculação Ereção 
Glicose sanguínea Aumento Nenhum 
Metabolismo basal Aumento em até 50% Nenhum 
Atividade mental Aumento Nenhum 
Secreção da medula 
supra-renal: adrenalina 
 
Aumento Nenhum 
 
 
 
244
 
Em geral, quando os centros simpáticos cerebrais se tornam excitados, 
estimulam, simultaneamente, quase todos os nervos simpáticos, preparando o corpo 
para a atividade. 
Além do mecanismo da descarga em massa do sistema simpático, algumas 
condições fisiológicas podem estimular partes localizadas desse sistema. Duas das 
condições são as seguintes: 
• Reflexos calóricos: o calor aplicado à pele determina um reflexo que 
passa pela medula espinhal e volta a ela, dilatando os vasos sanguíneos cutâneos. 
Também o aquecimento do sangue que passa pelo centro de controle térmico do 
hipotálamo aumenta o grau de vasodilatação superficial, sem alterar os vasos 
profundos. 
• Exercícios: durante o exercício físico, o metabolismo aumentado nos 
músculos tem um efeito local de dilatação dos vasos sanguíneos musculares; 
porém, ao mesmo tempo, o sistema simpático tem efeito vasoconstritor para a 
maioria das outras regiões do corpo. A vasodilatação muscular permite que o 
sangue flua facilmente pelos músculos, enquanto a vasoconstrição diminui o fluxo 
sanguíneo em todas as regiões do corpo, exceto no coração e no cérebro. 
 
Neurotransmissão no Sistema Nervoso Autônomo 
 
Uma das principais diferenças entre os nervos simpáticos e parassimpáticos 
está nas fibras pós-ganglionares, que secretam diferentes neurotransmissores. O 
neurotransmissor secretado pelos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso 
parassimpático é a acetilcolina, razão pela qual esses neurônios são chamados 
colinérgicos. A acetilcolina no SNP atua sobre receptores muscarínicos e 
nicotínicos. 
Os neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso simpático secretam 
principalmente noradrenalina, razão por que a maioria deles é chamada neurônios 
adrenérgicos. As fibras adrenérgicas ligam o sistema nervoso central à glândula 
suprarrenal, promovendo aumento da secreção de adrenalina, substância que 
 
 
 
245
produz a resposta de "luta ou fuga" em situações de stress. A noradrenalina e a 
adrenalina atuam sobre receptores Alfa e Beta. 
Todos os neurônios pré-ganglionares são colinérgicos, tanto os do SNA 
Simpático como os do Parassimpático, portanto, a acetilcolina, ou substâncias 
semelhantes a ela, quando aplicadas ao gânglio excitarão tanto os neurônios pós-
ganglionares do Simpático como do Parassimpático. 
Curiosamente, alguns neurônios pós-ganglionares simpáticos em vez de 
secretarem noradrenalina, secretam acetilcolina (Ach) como é o caso da inervação 
das glândulas sudoríparas e dos vasos sanguíneos da musculatura esquelética, 
cujos receptores são muscarínicos. Também, neste caso, são co-transmitidos o VIP 
(peptídeo intestinal vasoativo) ou o peptídeo associado ao gene da calcitocina. Nos 
receptores muscarínicos dos vasos sanguíneos, a Ach causa vasodilatação, 
estimulando as células endoteliais a produzirem fatores que causam o relaxamento 
muscular, como consequência da vasodilatação. 
 
 
 
 
 
 
 
246
O esquema abaixo representa as sinapses do SNS e SNP com seus 
respectivos neurotransmissores e receptores: 
 
 
 
 
 
A Glândula Suprarrenal e o SNS 
 
 
 
 
 
 
 
 
247
As células cromafins da medula da suprarrenal são neurônios pós-
ganglionares sem axônios. Quando o SNA simpático é estimulado, estas células 
secretam 80% de adrenalina e 20% de noradrenalina, diretamente na corrente 
sanguínea. A medula adrenal funciona, desta maneira, como uma glândula 
neuroendócrina, tornando a ação simpática mais difusa e prolongada. 
 
Síntese, armazenamento, liberação e inativação 
 dos neurotransmissores do SNA 
 
 
Farmacologia Ilustrada, Howland e Mycek, 2007. 
 
 
 
248
Síntese da Noradrenalina e Adrenalina 
 
 
 
 
A tirosina é transportada por um transportador ligado ao Na+ para o 
axoplasma do neurônio adrenérgico, onde é hidroxilada a diidrofenilalanina (DOPA) 
pela tirosina hidroxilase. Essa é a etapa limitante da velocidade de síntese de 
noradrenalina e adrenalina. 
A dopamina é transportada para o interior das vesículas por um sistema 
transportador de aminas, que também está envolvido na recaptação de 
noradrenalina pré-formada. A dopamina é hidroxilada para formar a noradrenalina 
pela enzima dopamina-β-hidroxilase. Na medula da suprarrenal, a noradrenalina é 
metilada em adrenalina. 
 
 
 
 
249
 
Liberação de Noradrenalina 
 
A chegada do potencial de ação no botão sináptico inicia a entrada de cálcio 
do meio extracelular para o axoplasma. O aumento de cálcio causa fusãodas 
vesículas com a membrana celular e liberação do seu conteúdo na sinapse. 
A noradrenalina liberada das vesículas se difunde pelo espaço sináptico e se 
liga aos receptores pós-sinápticos no órgão efetor ou a receptores pré-sinápticos no 
terminal nervoso. 
 
Remoção da Noradrenalina da fenda sináptica 
 
 
 
 
A noradrenalina pode: 
a) difundir-se para fora da fenda sináptica e cair na circulação sanguínea; 
b) ser metabolizada pela catecol-orto-metil-transferase (COMT); 
c) sofrer recaptação neuronal por um sistema de transporte que bombeia a 
noradrenalina de volta para o neurônio; 
d) alternativamente, a noradrenalina pode ser oxidada pela MAO (mono-
amino-oxidase), presente na mitocôndria neuronal. 
 
 
 
250
 
 
Moreno (2008). 
 
 
Receptores Adrenérgicos 
 
No sistema nervoso simpático, várias classes de adrenoreceptores podem 
ser diferenciadas farmacologicamente. Duas famílias de receptores, designadas Alfa 
(α) e Beta (β), foram inicialmente identificadas com base na resposta aos fármacos 
bloqueadores específicos e a clonagem de genes revelaram as identidades 
moleculares de inúmeros subtipos, com ampla variedade de respostas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
251
 
 
 
 
 
Os receptores α são divididos em α1 e α2, bem como os β são divididos em 
β1 e β2 e β3, onde certas substâncias agem sobre uns receptores, mas não sobre 
outros. A noradrenalina excita, principalmente, os receptores α, com menor 
intensidade os β, enquanto a adrenalina excita ambos com a mesma intensidade. 
Observe-se que determinadas funções β são excitatórias, enquanto outras são 
inibitórias. O mesmo é válido para os receptores α. Portanto, os receptores α e β não 
estão necessariamente ligados à excitação ou à inibição, e sim à afinidade dos 
neurotransmissores pelos receptores em um determinado órgão efetor. 
 
 
 
 
252
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
253
A figura acima representa a afinidade da noradrenalina, adrenalina e 
isoproterenol pelos receptores α e β adrenérgicos. 
As aminas simpaticomiméticas são catecolaminas de ocorrência natural 
(noradrenalina, adrenalina) e drogas que imitam suas ações. A maioria das ações 
das catecolaminas e dos agentes simpaticomiméticos pode ser classificada em sete 
grandes tipos: 
 
(A) Ação excitatória periférica sobre certos tipos de músculo liso, como os 
vasos sanguíneos que irrigam a pele, os rins e as mucosas, bem como sobre células 
glandulares, como as glândulas salivares e sudoríparas. 
(B) Ação inibidora periférica sobre outros tipos de músculo liso, como os da 
parede intestinal, da árvore brônquica e dos vasos sanguíneos que suprem a 
musculatura esquelética. 
(C) Ação excitatória cardíaca, responsável pelo aumento da frequência 
cardíaca e da força da contração. 
(D) Ações metabólicas, como aumento da taxa de glicogenólise no fígado e 
músculo e liberação de ácidos graxos livres no tecido adiposo. 
(E) Ações endócrinas, como modulação da secreção de insulina, renina e 
hormônios hipofisários. 
(F) Ações sobre o SNC, como estimulação respiratória e, no caso de 
algumas drogas, aumento do estado de vigília e atividade psicomotora e redução do 
apetite. 
(G) Ações pré-sinápticas, que resultam em inibição ou facilitação da 
liberação de neurotransmissores, como noradrenalina e acetilcolina. 
 
 
 
 
 
254
Nem todas as drogas simpaticomiméticas apresentam todos os tipos de 
ações descritas anteriormente com a mesma intensidade. Porém muitas das 
diferenças nos seus efeitos são apenas quantitativas, por isso as propriedades 
farmacológicas dessas drogas como classe são descritas detalhadamente no seu 
protótipo: a adrenalina. 
 
 
Síntese, armazenamento, liberação e inativação dos 
neurotransmissores do SNP 
 
 
 
 
 
255
 
Síntese da Acetilcolina 
 
A colina é transportada do líquido extracelular para o citoplasma do neurônio 
colinérgico por um sistema carreador que co-transporta sódio. A captação da colina 
é a etapa limitante da síntese da acetilcolina. A acetiltransferase catalisa a reação da 
colina com a acetil-CoA para formar acetilcolina no citosol. 
 
 
Armazenamento da Acetilcolina em vesículas 
 
A acetilcolina é armazenada em vesículas por um processo de transporte 
ativo acoplado ao efluxo de prótons. A vesícula madura contém não só acetilcolina, 
mas também ATP e proteoglicanos. 
 
Liberação da acetilcolina 
 
Quando um potencial de ação propagado pela ação dos canais de sódio 
voltagem-dependentes chega ao terminal nervoso, abrem-se canais de cálcio 
voltagem-dependentes na membrana pré-sináptica, causando um aumento da 
concentração de cálcio intracelular. Níveis elevados de cálcio promovem a fusão das 
vesículas com a membrana celular e a liberação do seu conteúdo na fenda. 
A acetilcolina liberada das vesículas se difunde por meio do espaço sináptico 
e se liga aos receptores pós-sinápticos no órgão efetor ou a receptores pré-
sinápticos no terminal nervoso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
256
Degradação da acetilcolina 
 
 
 
O sinal mediado pela acetilcolina no local efetor termina rapidamente devido 
à hidrólise da acetilcolina pela enzima acetilcolinesterase, formando colina e acetato 
na fenda sináptica. A colina pode ser recaptada para o botão sináptico por um 
sistema de transporte de alta afinidade, onde originará nova molécula de 
acetilcolina. 
 
Receptores Colinérgicos 
 
Duas famílias de receptores colinérgicos, designados MUSCARÍNICOS e 
NICOTÍNICOS, podem ser diferenciados entre si com base em suas diferentes 
afinidades para fármacos que mimetizam a ação da acetilcolina. 
a) Receptores Muscarínicos: esses receptores, além de ligarem a 
acetilcolina, também reconhecem a muscarina, um alcaloide que está presente em 
certos cogumelos venenosos. Os receptores muscarínicos apresentam baixa 
afinidade pela nicotina. São diferenciadas subclasses de receptores muscarínicos: 
M1, M2, M3, M4 e M5. 
 
 
 
 
257
 
 
 
 
 
Esses receptores são encontrados em gânglios do sistema nervoso 
periférico e nos órgãos efetores autonômicos, como coração, músculos lisos, 
cérebro e glândulas exócrinas. 
 
 
 
 
b) Receptores Nicotínicos: são estruturas pentaméricas, que atuam como 
alvo do tipo canal iônico. Todas as cinco subunidades – α (alfa); β (beta); γ 
(gama); δ (delta); ε (epsolon) - possuem estruturas semelhantes, mas com 
 
 
 
258
leves diferenças. Entre cada subtipo, inclusive, pode haver diferenças 
moleculares. Sabe-se que existem 09 tipos de subunidades α, 04 tipos de 
subunidade β, e 01 tipo de cada uma das demais. 
Os receptores nicotínicos podem ser divididos em três classes principais: 
- receptores nicotínicos musculares – molécula principal: (α1)2β1δε - 
localizados na junção neuromuscular esquelética; 
- receptores nicotínicos ganglionares – molécula principal: (α3)2(β4)3 - 
responsáveis pela transmissão nos gânglios simpáticos e parassimpáticos; 
- receptores nicotínicos dos SNC – moléculas principais: (α4)2(β2)3 e (α7)5 
espalhados por todo o cérebro, em localização e composição molecular 
variada. 
 
 
Drogas que atuam sobre o sistema nervoso autônomo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
259
Agonistas adrenérgicos ou simpatomiméticos 
 
As drogas adrenérgicas atuam sobre receptores que são estimulados pela 
adrenalina e noradrenalina (catecolaminas). Algumas dessas drogas atuam 
diretamente sobre os receptores adrenérgicos, ativando-os, sendo denominadas 
drogas simpatomiméticas. São drogas que, ao entrarem em contato com o 
organismo, causam as mesmas alterações que a ativação do sistema simpático 
Outras, entretanto, bloqueiam a ação dos ligantes endógenos nos receptores. Há 
ainda outras drogas que afetam a função adrenérgica, aumentado a liberação de 
noradrenalina, conforme representado na figura seguinte. 
 
 
As aminas simpaticomiméticas podem ser classificadas quanto a sua 
estrutura química (catecolaminas e não catecolaminas) e quanto ao seu tipo deação 
nos receptores (direta, indireta ou mista) como nos exemplos: 
 
De ação direta 
 
Catecolaminas: 
* Dopamina 
 
 
 
260
*Adrenalina 
*Noradrenalina 
Isoproterenol 
Dobutamina 
(*naturais) 
 
Não-Catecolaminas: 
Fenilefrina (alfa); Clonidina (alfa2) 
Terbutalina (beta2); Isoetarina (beta2) 
Fenoterol (beta2); Albuterenol (beta2) 
 
 
De ação indireta 
Anfetamina e Tiramina 
 
De ação mista: direta e indireta 
Efedrina e metaraminol 
 
 
 
 
 
261
 
Ao se avaliar a proporção de ações diretas e indiretas de uma amina 
simpaticomimética, o método experimental mais comum consiste em comparar as 
curvas de dose-resposta do agente em um tecido alvo particular, antes e depois do 
tratamento com reserpina. 
Os agentes cujas ações não são essencialmente alteradas após tratamento 
com reserpina são classificados como aminas simpatomiméticas de ação direta (por 
exemplo, noradrenalina, fenilefrina), enquanto os agentes cujas ações são abolidas 
recebem o nome de aminas de ação indireta (por exemplo, tiramina). Muitos agentes 
exibem certo grau de atividade simpaticomimética residual após a administração de 
reserpina; todavia, são necessárias doses mais elevadas dessas aminas para 
produzir efeitos comparáveis. Essas drogas são classificadas como aminas 
simpaticomiméticas de ação mista, isto é, possuem ações tanto diretas quanto 
indiretas. 
 
 
Mecanismos moleculares de ação simpaticomimética 
 
Os efeitos das catecolaminas são mediados pelos receptores celulares de 
superfície. Esses receptores estão acoplados por proteínas G às diversas proteínas 
efetoras cujas atividades são reguladas por esses efetores. Cada proteína G é um 
heterotrímero que consiste em subunidades α, β e γ. Proteínas G diferentes 
possuem subunidades α distintas; uma variação menor tem sido encontrada entre as 
proteínas β e γ das proteínas G, conforme discutido anteriormente em 
farmacodinâmica. 
A proteína G unida ao β1 está em equilíbrio e se encontra em dois estados 
conformacionais: uma inativa (“R” – com as subunidades α, β e γ unidas) e outra 
ativa capaz de ativar proteínas G (“R*” – com a subunidade α ligada a um GTP e 
separada das subunidades β e γ). Na ausência de ligantes, o receptor pode 
espontaneamente tornar-se R*. Não se sabe se β1 e β2 têm a mesma capacidade 
de ativação espontânea. Esta ativação aumenta significativamente a contratibilidade 
 
 
 
262
cardíaca enquanto que os agonistas β2, em máxima concentração não conseguem 
aumentar a contratibilidade, mesmo que esta ainda não esteja saturada. 
Há evidências que a resposta cardíaca à estimulação de receptores β1 
diminuiria cronicamente em insuficiências cardíacas. O excessivo funcional do β2 
não resulta em hipertrofia cardíaca ou insuficiência cardíaca, porém no β1 sim. 
As proteínas G importantes para a função dos receptores adrenérgicos são: 
 
GS : estimuladora da adenilato ciclase 
GI : inibidora da adenilato ciclase 
GQ : acopla os receptores α à fosfolipase C 
 
A ativação dos receptores acoplados à proteína G pelas catecolaminas 
promove a dissociação do GDP da subunidade da proteína G apropriada. O GTP 
liga-se então a esta proteína G e a subunidade α dissocia-se da subunidade β e γ. A 
subunidade α ligada a GTP e ativada vai regular, então, a atividade de seu efetor. 
Alguns efetores de subunidades α ativadas de receptores adrenérgicos 
incluem adenilato ciclase, GMP cíclico, fosfodiesterase, fosfolipase C e canais 
iônicos. Estudos provaram que o aumento da infusão de catecolaminas aumenta a 
expressão do Gi. 
 
 
Catecolaminas 
 
Adrenalina 
 
A adrenalina é uma das cinco catecolaminas comumente usadas na terapia.: 
adrenalina, noradrenalina, dopamina, dobutamina e isoproterenol; as três primeiras 
ocorrem naturalmente, as duas últimas são compostos sintéticos. Conforme 
explicado anteriormente, a adrenalina é sintetizada da medula adrenal e liberada 
juntamente com pequenas quantidades de noradrenalina, na corrente sanguínea. 
Adrenalina interage com receptores alfa e beta. Em baixas doses, o efeito beta 
 
 
 
263
(vasodilatação) no sistema cardiovascular predomina, enquanto que em altas doses 
os efeitos alfa (vasoconstrição) são mais evidentes. 
 
 
Efeitos farmacológicos da Adrenalina 
 
a) Cardiovascular 
 
A maioria das ações da adrenalina ocorre no sistema cardiovascular. A 
adrenalina aumenta a força de contração cardíaca (efeito inotrópico positivo: ação β 
1) e aumenta a frequência cardíaca (efeito cronotrópico positivo: ação β1). Estes 
efeitos levam a uma maior demanda de oxigênio no miocárdio. A adrenalina faz 
constrição das arteríolas da pele, das mucosas, e vísceras (efeitos α 1); e dilata os 
vasos que irrigam o fígado e a musculatura esquelética (efeitos beta 2). O fluxo 
sanguíneo renal é diminuído. Ocorre um aumento na pressão sistólica e uma 
pequena diminuição na pressão diastólica. 
 
b) Sistema Respiratório 
 
A adrenalina causa uma potente broncodilatação por agir diretamente na 
musculatura lisa bronquial (ação beta 2). Esta ação alivia todos os sintomas 
alérgicos ou induzidos pela histamina que provocam broncoconstrição. Em casos de 
choque anafilático este efeito pode salvar uma vida. Em indivíduos que sofrem de 
ataque asmático agudo, a adrenalina alivia a dispneia (respiração forçada) e 
aumenta o volume de gases inspirados e expirados. 
 
c) Hiperglicemia 
 
A adrenalina tem um efeito hiperglicemiante acentuado. Aumenta a 
glicogenólise no fígado (efeito beta 2), aumenta a liberação de glucagon (efeito beta 
2) e diminui a liberação de insulina (efeito alfa 2). Estes efeitos são mediados pelo 
mecanismo via AMPc. 
 
 
 
264
 
d) Lipolise 
 
A adrenalina inicia a lipólise por meio dos receptores beta do tecido adiposo, 
que ativam a adenilato ciclase e aumenta o AMPc o que leva ao efeito final de 
hidrólise dos triacilgliceróis em ácidos graxos livres e glicerol. 
 
 
Usos terapêuticos da Adrenalina 
 
a) Broncoespasmo (Asma) 
 
A adrenalina é a droga de escolha no tratamento de emergências em que 
ocorre broncoconstrição e diminuição das trocas gasosas (choque anafilático, 
ataque agudo de asma). Nestes casos, é usada por via subcutânea que pode ser 
repetida dependendo do quadro clínico. Porém, o tratamento de asma crônica ou 
DPOC é feito com agonistas β2 mais específicos como a terbutalina, uma vez que 
tem ação mais duradoura e causa menos efeitos cardíacos. 
 
b) Glaucoma 
 
Em oftalmologia, uma solução a 2% de adrenalina pode ser usada 
topicamente para reduzir a pressão intraocultar em glaucoma de ângulo aberto. Ela 
reduz a produção de humor aquoso por vasoconstrição dos vasos ciliares. 
 
c) Choque anafilático 
 
Adrenalina é a droga de escolha para o tratamento de reações de 
hipersensibilidade Tipo I em resposta a antígenos. 
 
 
 
 
 
 
265
d) Em anestésicos locais 
 
Na anestesia local pode ser utilizada adrenalina (1:10.000 a 1:200.000), 
aumentando a duração da anestesia em função da vasoconstrição que provoca, 
reduzindo o fluxo sanguíneo local na região em que for administrada (reduz a 
velocidade de absorção do anestésico). 
 
A adrenalina age rapidamente, porém produz um efeito de curta duração. 
Em situações de urgência a adrenalina é administrada por via endovenosa, pode ser 
dada também por via subcutânea, no tubo endotraqueal, por inalação ou 
topicamente nos olhos. A administração oral é inefetiva, uma vez que a adrenalina e 
outras catecolaminas são inativadas por enzimas intestinais. Somente os 
metabólitos são excretados na urina. 
 
 
Efeitos adversos 
 
Local Efeito adverso 
SNC - Ansiedade, tremores, tensão, cefaleia. 
Coração 
- Arritmias, particularmente em pacientes 
que estejam recebendo digitálicos. 
Hemorragias 
- AVC como resultado da elevação da 
pressão arterial. 
Pulmões 
- Edema pulmonar, também pela 
elevação da pressão e possível 
extravasamento de líquidos para os 
pulmões.266
Interações 
 
Hipertiroidismo: a adrenalina pode ter seus efeitos cardiovasculares 
exagerados em pacientes com hipertiroidismo. O mecanismo que está envolvido 
parece ser o aumento da produção de receptores adrenérgicos que leva a uma 
resposta hipersensível. 
 
Cocaína: na presença de cocaína, a adrenalina tem seus efeitos 
aumentados. Isto é devido à capacidade da cocaína de inibir a recaptação das 
catecolaminas no neurônio adrenérgico, assim a adrenalina e noradrenalina 
permanece mais tempo na fenda sináptica. 
 
 
Noradrenalina 
 
A noradrenalina (NE) é um neurotransmissor do sistema nervoso simpático, 
embora seja esperado que ela atue em todos os tipos de receptores, na prática, 
quando se administra noradrenalina em doses terapêuticas, os receptores alfa 
adrenérgicos são mais afetados. 
 
 
Efeitos Farmacológicos da NE 
 
Efeitos cardiovasculares: 
 
a) Vasoconstrição: 
 
A NE causa um aumento na resistência periférica devido a uma intensa 
vasoconstrição da maioria dos leitos vasculares, incluindo os rins. As pressões 
sistólicas e diastólicas estão aumentadas. 
 
 
 
 
 
267
b) Reflexo barorreceptor: 
 
Em tecidos cardíacos isolados a NE aumenta a força de contração cardíaca, 
porém in vivo, pequena ou nenhuma estimulação é produzida. Isto ocorre em virtude 
do aumento da pressão arterial que induz o reflexo vagal pelos barorreceptores. A 
bradicardia produzida por este mecanismo é suficiente para anular a ação da NE no 
coração. Se a atropina (inibidor competitivo da Ach) é administrada antes da NE a 
estimulação do coração (como taquicardia) é evidente. 
 
Usos terapêuticos 
 
A NE é usada para tratamento de choque hipotensivo, em casos bem 
específicos. A dopamina é usada com mais frequência que a NE, uma vez que a 
dopamina não reduz o fluxo renal como a NE. 
 
Isoproterenol
 
É um agonista de ação direta, estimula predominantemente receptores β 1 e 
β 2 adrenérgicos, sua ação nos receptores α é insignificante. 
É metabolizado pela COMT, mas não sofre ação da MAO; seu tempo de 
ação é rápido, pois quando administrado por via oral ou parenteral é rapidamente 
degradado pela enzima. 
 
Efeitos Farmacológicos 
 
a) Cardiovasculares 
 
Aumenta tanto o inotropismo quanto o cronotropismo em decorrência da 
permeabilidade para o influxo de sódio e cálcio, há um aumento na despolarização, 
a fase de repouso para células cardíacas está prolongada. A droga pode causar 
dilatação arterial, atuando sobre os receptores β2, causando vasodilatação, a 
pressão diastólica cai, o débito cardíaco eleva-se em consequência do retorno 
 
 
 
268
venoso, o débito cardíaco é exacerbado pela ação inotrópica positiva e pela ação 
cronotrópica positiva. 
 
b) Vasos Sanguíneos 
 
Atua sobre os receptores β2, causando vasodilatação, com queda da 
pressão diastólica e aumento do débito cardíaco em consequência do retorno 
venoso. O débito cardíaco é exacerbado pela ação inotrópica positiva e pela ação 
cronotrópica positiva. 
 
c) Respiratório 
 
Ativa β2 e causa relaxamento da musculatura lisa, não é usado como 
descongestionante nasal. 
 
d) Efeito metabólico 
 
Causa lipólise associada à estimulação de β1, que ativa a lípase pela ação 
do AMPc, ocorre degradação de triglicerídeos em glicerol mais ácido graxo. A 
glicogenólise no fígado sofre aumento com estímulo de β2, o que determina a 
liberação de glicose na circulação causando hiperglicemia. 
 
Indicações Clínicas 
 
1) Bradiarritmias hemodinamicamente não responsivas a atropina. 
2) Como prova farmacológica nas arritmias sinusais. 
3) Em casos especiais para o tratamento das torsades de pointes das 
formas adquiridas do QT longo, que não respondem ao sulfato de Mg+ quando um 
marcapasso transvenoso não pode ser implantado imediatamente. 
4) Para desmascarar LQTS em casos especiais. 
 
 
 
 
 
269
Contraindicações 
 
1) Hipotensão. 
2) Parada cardíaca. 
3) Doença isquêmica do coração: angina pectoris. Aumenta a demanda do 
oxigênio e pode aumentar o tamanho do infarto. Potencial dano celular. 
4) Taquicardia causada por intoxicação digitálica. 
 
Reações Adversas 
 
1) Disritmias. 
2) Hipotensão. 
3) Angina. 
4) Parada cardíaca. 
5) Ataque de Stoke Adams. 
6) Rubor. 
 
Dopamina 
 
É o precursor da noradrenalina, catecolamina simpatomimética endógena, 
exerce efeito inotrópico, principalmente β1. 
 
Efeitos 
 
Usada em altas doses tem efeito inotrópico positivo, atua sobre β1, 
causando aumento de pressão. Resistência periférica total não é afetada quando 
administrada baixas doses, provavelmente por reduzir a resistência arterial regional 
no mesentério e nos rins, produzindo pequenos aumentos nos outros leitos 
vasculares. Aumenta a filtração glomerular e o fluxo renal e determina a liberação de 
noradrenalina nas terminações nervosas 
 
 
 
270
Em altíssima dose, atua em α1 adrenérgicos vascular, provocando 
vasoconstrição. Apesar de ser catecolamina endógena, quando administrada por via 
oral ou parenteral não atravessa a barreira hematoencefálica. 
 
Usos Clíncos 
 
 Hipotensão arterial. 
 Choque séptico. 
 Oligúria. 
 ICC. 
 
Efeitos adversos 
 
 Náuseas, vômitos. 
 Taquicardia. 
 Arritmias. 
 Dor anginosa. 
 Cefaleia. 
 Hipertensão. 
 Com o extravasamento: necrose isquêmica. 
 Raramente: gangrena de mãos e pés. 
 
Dobutamina 
 
É derivado sintético da dopamina com propriedade agonista adrenérgica, 
que atua em receptores β1 preferencialmente, porém atua também em β2, e em 
pequeno grau em α1, aumentando a força de contração sem aumentar a frequência 
cardíaca. 
Possui atividade inotrópica mais intensa que a cronotrópica, com menores 
níveis de taquicardia. 
 
 
 
 
 
271
Usos 
 
 ICC (emergência). 
 Descompensação cardíaca por infarto. 
 
Efeitos adversos 
 
 Hipertensão. 
 Fibrilação. 
 Desenvolvimento de atividade cardíaca ectópica. 
 Pode aumentar a extensão do infarto (aumento do consumo de O2 pelo 
miocárdio). 
 
 
Agonistas adrenérgicos de ação direta 
 
Agonistas de receptores Alfa Adrenérgicos 
 
Conforme demonstrado na figura abaixo, os agonistas de receptores Alfa 
podem ser divididos em agonistas seletivos de α1 ou de α2, ou ainda em agonistas 
não seletivos de α, que atuam ativando tanto α1 quanto α2. 
 
 
 
 
 
 
 
272
Agonistas α1 Adrenérgicos Seletivos 
 
A Ativação de receptores α adrenérgicos na musculatura lisa vascular vai 
gerar um aumento da resistência vascular periférica, podendo acarretar ou não um 
aumento da pressão arterial. Estes agonistas podem ser utilizados no tratamento da 
hipotensão, em função de seu efeito de contração da musculatura vascular, ou no 
tratamento do choque. 
Os agonistas α1 adrenérgicos podem ter ação direta ou indireta, parte dos 
efeitos serão mediados pela liberação de noradrenalina endógena. 
Exemplo dos de ação direta: Metoxamina e Fenilefrina. 
Exemplo dos de ação indireta: Mefentermina e Metaraminol. 
 
Agonistas de Receptores α1 Seletivos 
 
 Metoxiamina. 
 Fenilefrina. 
 Nafazolina. 
 
Produzem aumento da resistência periférica, com aumento da pressão 
arterial (PA). O aumento da PA é associado à bradicardia reflexa: usado para 
redução de arritmias cardíacas. 
 
 
 
 
273
 
 
 
A figura acima demonstra o mecanismo envolvido na vasoconstrição e 
aumento da pressão arterial. Os agonistas, ao ligarem-se aos receptores α, 
promovem ativação da cascata de segundos mensageiros que promovem o 
aumento do influxo de cálcio e maior disponibilização deste para o processo 
contrátil. 
 
 
Usos Clínicos do Agonistas de α 
 
Em casos de: 
 
 Hipotensão. 
 Taquicardia. 
 Descongestionantes nasais (amplamente usados). 
 Arritmias. 
 
 
 
 
274
Efeitos colaterais 
 
 Efeitos irritantes - congestão secundária (Efeito Rebote). 
 Nafazolina pode causar sedação em crianças (ação no SNC). 
 
Agonistas alfa-adrenérgicos no tratamento do Choque 
 
Uma das aplicações dos agonistas adrenérgicosdiz respeito ao tratamento do 
choque. Diversas modificações fisiológicas estão presentes no paciente chocado, 
requisitando, por isso, intervenção terapêutica. A medida a ser tomada varia de 
acordo tanto com o tipo do choque quanto com as propriedades de cada um dos 
agonistas adrenérgicos existentes. Essa multiplicidade de opções de ação é 
justificada pela diversidade de alterações metabólicas e orgânicas que cada um 
deles pode provocar, permitindo com isso o restabelecimento da homeostase, 
que depende de funções extremamente relevantes tais como a cardíaca e a 
hemodinâmica. Particular atenção deve ser direcionada às condições em que o 
paciente se encontra, para que se saibam quais de suas funções corporais estão 
preservadas. Com essa prevenção, evita-se sobrecarregar algum sistema que já 
esteja prejudicado pelo choque. Usando um exemplo, pode ser citado o caso em 
que não deve ser administrado um fármaco com poder inotrópico que aumente a 
demanda miocárdica de oxigênio em um paciente que já possui uma função 
cardíaca alterada, como no choque cardiogênico. O fármaco de escolha nessa 
situação, possuindo ação inotrópica, deve apresentar alguma saída que funcione 
como um mecanismo de compensação. Duas opções são levantadas: um 
fármaco que não aumente a demanda de oxigênio, ou um que provoque algum 
outro meio de equilíbrio, como vasodilatação coronariana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
275
Descongestionantes nasais 
 
 
 
 
Os descongestionantes nasais tópicos são medicamentos que podem ser 
utilizados para o alívio da obstrução nasal no resfriado comum, sinusite, febre, rinite 
crônica ou aguda, alergias do trato respiratório superior, desvio de septo, hipertrofia 
das conchas nasais, neoplasias, pólipos nasossinusais e rinite vasomotora. Quando 
usado nos períodos agudos dos sintomas (uso contínuo de até 5 a 7 dias 
consecutivos) os pacientes se beneficiam da 
vasoconstrição realizada, tendo um alívio rápido da 
obstrução nasal. O problema inicia-se quando seu uso 
prolongado acarreta uma dependência ao 
descongestionante. Como consequência, a mucosa torna-
se menos responsiva à droga, ocorrendo uma vasodilatação reflexa ou rebote e a 
esse efeito dá-se o nome de rinite medicamentosa. 
A vasodilatação secundária ainda não é bem entendida, porém há 
atualmente três teorias aceitas: 
 
 
 
276
 A primeira diz que a vasoconstrição prolongada causa hipóxia da mucosa 
nasal, resultando em hiperemia reativa com vasodilatação severa. 
 A segunda afirma que o uso prolongado do remédio leva a uma queda da 
noradrenalina endógena e após o desaparecimento do efeito do descongestionante 
ocorre vasodilatação rebote. 
 A terceira postula que o tempo prolongado de uso estimula a atividade 
parassimpática, levando a um aumento da permeabilidade vascular e a formação de 
edema (vasodilatação reflexa). 
 
 
 
 
O uso prolongado de descongestionantes 
nasais também altera a motilidade ciliar, 
prejudicando, com isso, a defesa imunológica do 
nariz provida pela função ciliar. Além da rinite 
medicamentosa, o fármaco também apresenta as 
seguintes reações adversas já comprovadas: 
arritmias cardíacas, cefaleia, insônia, irritação 
nasal, agitação, espirros, taquicardia, tremores e retenção urinária. 
O seu uso está contraindicado nas seguintes situações: 
hipertensão arterial; 
diabetes mellitus; 
hipotireoidismo; e 
hiperplasia prostática, 
 
 
 
277
pois, pode causar vasoconstrição em outras partes do corpo, aumentando 
pressão arterial, trabalho cardíaco, glicemia e retenção urinária. 
No Brasil, os descongestionantes nasais pertencem à classe de 
medicamentos mais procurados pelos pacientes na automedicação, ocupando a 
segunda colocação (7% do total). Essa prática parece estar relacionada com o grau 
de instrução do usuário, com a grande oferta e a facilidade de adquirir o 
medicamento nas farmácias e drogarias, tendo como consequências o surgimento 
de enfermidades iatrogênicas e o mascaramento de doenças, como rinites, arritmias 
e sinusites. 
 
 
Agonistas de Receptores α 2 Seletivos 
 
Estas substâncias são utilizadas no tratamento da hipertensão sistêmica. A 
redução da pressão arterial é proveniente da ativação de receptores α2 adrenérgicos 
nos centros de controle cardiovascular do Sistema Nervoso Central. Essa atividade 
é surpreendente uma vez que muitos vasos sanguíneos têm α2 que fazem 
vasoconstrição. 
Exemplos de agonista α2: Clonidina, Apraclonidina, Guanfacina, Guanabenz 
e Metildopa. 
 
Embora sejam agonistas, o grupo de 
drogas que compreende os agonistas 
de α2 reduz a atividade simpática, uma 
vez que o receptor α pré-sináptico é 
responsável pela inibição da liberação 
de noradrenalina. 
 Clonidina. 
 Guanfacina. 
 Guanabenz. 
 
 
 
 
 Suprimem o fluxo de atividade do Simpático no SNC nos centros de 
controle do sistema cardiovascular. 
 Aumentam o tônus Parassimpático. 
 
 
 
278
 Durante a administração IV pode ocorrer hipertensão fugaz. Evitar uso em 
emergências hipertensivas (clonidina). 
 
Usos Clínicos 
 
 Tratamento da hipertensão sistêmica. 
 
Efeitos colaterais 
 
 Sedação. 
 Boca seca. 
 Disfunção sexual. 
 Síndrome de abstinência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
279
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uso da Clonidina com droga sedativa e analgésica 
 
A Clonidina, um alfa-2 adrenérgico agonista, tem sido usada desde os anos 70, com 
sucesso, no tratamento de adultos com hipertensão e no auxílio a pacientes com 
sintomas de abstinência do uso de drogas e álcool por longo período. O interesse na 
utilização dos agonistas alfa-2 está nos vários efeitos proporcionados por estas 
drogas, incluindo analgesia, anxiolise, sedação, bloqueio simpático; todos 
necessários em pacientes cirúrgicos, na dor crônica e outras situações em que estes 
efeitos sejam necessários. A primeira utilização da clonidina em pediatria está 
descrita no tratamento da enxaqueca por produzir diminuição na atividade simpática 
da musculatura lisa vascular. Depois disso, foi usado ao tratamento de distúrbios 
neuropsiquiátricos. Seu uso, no entanto, se limitou ao tratamento da hipertensão e 
enxaqueca pelos seus efeitos de sedação e xerostomia. Por ter se mostrado uma 
medicação pré-anestésica eficiente em adultos, com sedação adequada, redução na 
utilização de agentes anestésicos e estabilidade hemodinâmica transoperatória; e, 
consequentemente, diminuição no stress trans e pós-operatório, o interesse em seu 
uso em crianças levou a publicação de vários trabalhos em anestesia pediátrica após 
os anos 90, em várias vias de administração. 
O uso da clonidina como medicação sedativa, por via oral, em crianças está baseada 
em vários trabalhos em que foi utilizada por anestesistas como medicação pré-
anestésica, com o propósito de possibilitar melhores condições na separação das 
crianças dos pais, facilitar o manuseio na monitorização e aceitação da máscara 
para indução inalatória na sala de cirurgia. Quando utilizada como medicação pré-
anestésica, a clonidina proporciona menores alterações hemodinâmicas durante a 
entubação endotraqueal, menor utilização de isoflurano e fentanila para manutenção 
de níveis pressórios mais baixos no transoperatório. Porém, não tem sido 
correlacionado com diminuição das necessidades de analgésicos no pós-operatório, 
nem menor tempo de permanência na sala de recuperação.

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