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LARA BIANCA CARDOSO PEREIRA – MEDICINA UEMA – INSTAGRAM: @ESTETO.DA.LARA Febre Chikungunya INTRODUÇÃO É uma doença de notificação compulsória causada por um alphavírus de RNA chamado Vírus Chikungunya (CHIKV) e transmitida pela picada de Aedes aegypti e Aedes albopictus. Além disso há estudos que dizem que ele pode ser transmitido pelo mosquito Culex, Mansonia e Anopheles. QUADRO CLÍNICO FASE AGUDA • PERIODO DE INCUBAÇÃO: 1 A 12 dias (média: 3-7 dias) • Fase aguda dura de 3 a 10 dias e óbitos são raros • Febre alta, de início súbito (tipicamente> 39º C) e curta duração • Poliartralgia intensa, com predomínio nas mãos e nos pés • Edema periarticular associado a tenossivite • Dor retro-ocular • Calafrio • Conjuntivite sem secreção • Faringite • Náusea, vomito • Diarreia, dor abdominal – sintomas GI mais presentes em crianças • Rash maculopapular a partir do 3º dia FASE SUBAGUDA • Recaída dos sinais em alguns pacientes 2 ou 3 meses após o início da doença • Poliartrite distal • Reexarcebação da dor articular • Tenossivite hipertrófica- Túnel do carpo (compressão do nervo mediano causando dormência e formigamento da mão, devido a hipertrofia tendínea do punho- prescrever tala) • Curso contínuo ou intermitente FASE CRONICA • Sintomas que persistem por mais de 3 meses • Pode durar por até 3 anos • Dor articular com ou sem edema • Artropatia pode ser destrutiva • Dor musculoesquelética • Dor neuropática • Fenômeno de Raynaud (20% dos casos) • Ausência de eritema • Fadiga, cefaleia, prurido, alopercia, alterações no sono e depressão • Fatores de risco para cronificação são: idade > 45 anos, sexo feminino, desordem articular preexistente e fase aguda mais intensa OBS: Não está relacionada a efeitos teratogênicos no parto ou transmissão pelo aleitamento materno, porém há um risco de infecção vertical no período intraparto, podendo causar doença grave no neonato. MANIFESTAÇÕES ATÍPICAS • NEUROLÓGICAS: meningocefalite, encefalopatia, convulsões, síndrome Guillain-Barré, paralisia, parestesia • OCULARES: neurite ópitica, retinite • CV: miocardite, pericardite, insuficienciacardíaca • DERMATOLOGICAS: hiperpigmentação fotossensível, vesículas bolhosas • RENAIS: nefrites, IRA • OUTROS: hepatite, discrasias hemorrágicas, pneumonia, insuficiência respiratória, pancreatite As formas graves são mais comuns em pacientes com comorbidades, crianças, idosos e aqueles que usam algum fármaco (aspirina, anti-inflamatório e paracetamol em altasdoses). QUADRO LABORATORIAL E DIAGNÓSTICO • Leucopenia: baixo nível de glóbulos brancos • Plaquetopenia: baixo nível de plaquetas • VHS (velocidade de hemossedimentação): alto- avalia existência de inflamação a partir do tempo de precipitação das hemácias. Quando há inflamação, o fígado produz grande quantidade de fibrinogênio, que age como uma “cola”, unindo as hemácias, tornando-as mais pesadas, aumentando a velocidade de sedimentação. • PCR (proteína C reativa) alto (+ sensível para inflamações)- mede indiretamente a produção do fibrinogênio pelo fígado a partir da PCR produzida por ele também, podendo indicar um processo inflamatório discreto e recente. • RT-PCR (descobre infecção pela virose precocemente):busca na amostra a presença de RNA do vírus presente no sangue no paciente (alta confiabilidade até o 5º dia após o inicio dos sintomas) • Sorologia ELISA IgM (doença recente) a partir do 5º dia e IgG a partir do 6º dia • Sorologia pareada: fazer uma coleta na fase aguda e outra depois de 15 dias e observar o aumento de anticorpos. Se aumentar 4x, indica reatividade específica. PREVENÇÃO Mesma da dengue! TRATAMENTO OBS: Não há vacina nem tratamento específico! FASE AGUDA • Febre e dor: Paracetamol e dipirona • Artralgia sem resposta a analgésicos comuns: opioides (codeína e tramadol) • Em caso de alergia a dipirona, tramadol é droga de escolha • Evitar AINES pelo risco de hemorragia e pelo risco de se tratar de um caso de dengue • Hidratação oral, compressão de agua fria nas articulações evita evolução para fase subaguda FASE SUBAGUDA • Analgésico comuns • Opioides • Aines • Corticoide • Fisioterapia • Compressas frias nas articulações FASE CRONICA • Metotreexate • Fisioterapia: evitar dano osteoarticular Zika vírus É uma doença de notificação compulsória causada pelo Virus Zika (ZIKAV), um flavivírus, e transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, por via sexual, vertical e parenteral. Além disso, o vírus pode estar presente na saliva e no leite materno, mas não é capaz de transmitir a doença por essas vias. Geralmente, é uma doença benigna e autolimitada. QUADRO CLINICO • Período de incubação: 2 a 14 dias (apenas 20% das pessoas são sintomáticas) • Exantema maculopapular pruriginoso • Febre baixa intermitente (38º- 38,5º C) • Hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido • Artralgia (pode persistir por um mês) • Mialgia • Cefaleia, fadiga • Dor retro-orbital • Dor abdominal (menos comum) • Desaparecimento dos sintomas em 3-7 dias COMPLICAÇÕES SINROME GUILLAIN-BARRÉ (SGB) Sistema imunológico ataca nervos, causando fraqueza, formigamento e arreflexia nos MMII, que se espalha para parte superior do corpo. Pode ocorrer paralisia flácida. TRATAMENTO: imunoglobulina venosa 5 dias MICROCEFALIA CONGENITA Durante toda a gestação o vírus é teratogênico. ZIKAV cruza a barreira placentária, invadindo neurônios primitivos, geralmente no primeiro trimestre. A invasão causa necrose e bloqueio da migração e maturação dos neurônios. Outras alterações neurológicas, como encefalites, meningocefalites, epilepsia, retardo mental, paralisia cerebral, convulsões e mielites já foram relatadas. OBS: Para diagnostico da microcefalia, deve-se avaliar a Circunferência cefálica de acordo com a idade gestacional: a partir do 2 desvio, está abaixo da média e a partir do 3 desvio, é microcefalia grave. RN pré-termo: intergrowith RN atermo: analisar curvas da OMS Medir após as 24 até 6 dias e 23 horas, pois o cavalgamento das suturas gera falso positivo. OBS: Rastreio pré-natal- a principal alteração é a calcificação subcortical, além de verticulomegalia, alterações a fossa posterior e agenesia do corpo caloso. DIAGNOSTICO • Leucopenia • Plaquetopenia • Trombocitopenia • Método de escolha: RT- PCR no sangue até o 7º dia e na urina até o 14º dia • Em paciente adulto, não gestante e sem alterações neurológicas = dx clínico • Se RT-PCR der negativo e a suspeita clínica for grande, realizar Dx retrospectivo após 21 dias, através da sorologia MAC-ELISA IgM OBS: • GESTANTE com rash > ou = a 5 dias: PCR no sangue e urina • USG com calcificação subcortical: PCR no sangue, urina e investigar STORCH (sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes simplex) + amniocentese (analise do amnion) PREVENÇÃO • Mesma da dengue • Não há vacina • Gestante: evitar sexo desprotegido TRATAMENTO • Febre e dor: paracetamol ou dipirona • Erupções: anti-histaminicos • Evitas AAS e AINES por suspeita de dengue associada e risco hemorragico • Óbitos de gestantes e manifestações atípicas devem ser notificadas imediatamente, enquanto os demais casos devem ser notificados semanalmente Dengue É uma doença espectral de notificação compulsória transmitida pelo Aedes aegypti e causada por um arbovírus do gênero Flavivirus que possui 5 sorotipos (o 1 é o mais comum e o 2 é o mais grave). QUADRO CLÍNICO MANIFESTAÇÕES CLINICOLABORATORIAIS • Febre alta (39º/ 40ºC) de inicio abrupto durante 2- 7 dias • Cefaleia • Mialgia • Artralgia • Prostração dor retro-orbitária • Exantema • Prurido cutâneo • Falta de apetite, náusea e vomito • Pode ocorrer petéquias (microssangramento),epistaxe, gengivorragia e trombocitopenia como manifestações hemorrágicas • Prova do laço pode ser + PROVA DO LAÇO A prova do laço tem como objetivo verificar a fragilidade capilar e é obrigatório em todo paciente com suspeita de dengue e que não apresentem sangramento espontâneo. Ela consiste em: 1. Desenhar um quadrado de 2,5 cm de lado no antebraço do paciente 2. Verificar PA (deitado ou sentado) 3. Calcular: (PAS+PAD)/2 4. Insuflar novamente o manguito até o valor médio e manter por 5 minutos (em crianças, apenas 3 min) ou até o aparecimento de petéquias ou equimoses 5. Contar o número de petéquias no quadrado 6. Teste +: 20 ou mais petéquias em adulto ou 10 ou mais petéquias em crianças- indica microsangramento e fragilidade capilar 7. Pode ser negativa em obesos e durante choque Mais tardiamente... (3º-7º dia) • Diminuição de plaquetas precede extravasamento do plasma (pode causar derrame pleural e ascite) • Aumento do nível de hematócrito (reflete grau de extravasamento do plasma) • Leucopenia progressiva • Choque (4º -5º dia) precedido de sinais de alarme SINAIS DE ALARME: • Dor abdominal intensa e continua • Vômitos persistentes • Hipotensão postural • Hepatomegalia dolorosa • Sangramento em mucosas • Hemorragias • Sonolência/ irritabilidade • Hipotermia • Queda abrupta de plaquetas • Aumento progressivo do hematocrito • Desconforto respiratório DENGUE HEMORRAGICA DENGUE HEMORRÁGICA: A formação do complexo antígeno-anticorpo altera a permeabilidade vascular, causa edema e alterações na coagulação. Porém, em alguns casos essa resposta é amplificada, de modo que o paciente passa a ter grande extravasamento de proteínas, perda de volume e plaquetopenia importante. Essa manifestação pode- se dar devido à virulência, infecções sequenciais por diferentes sorotipos ou fatores individuais (crianças, enfermidades crônicas...). O choque na dengue hemorrágica se dá pelas seguintes características: • Diminuição da PA • Pulso rápido e fraco • Extremidades frias • Sudorese • Demora no preenchimento capilar OBS: o choque prolongado gera pouca perfusão dos órgãos, podendo causar comprometimento destes (hepatites, encefalites...) e acidose metabólica, devendo-se verificar a hemoconcentração e plaquetopenia. DIAGNÓSTICO • Exame inespecífico: Hemograma completo para avaliar hemoconcentração • Isolamento viral (padrão-ouro): analisar amostra de sangue, líquor ou vísceras até 5º dia após aparecimento dos sintomas (viremia • Detecção de antígenos NS1 (teste rápido) até o 3º dia • Sorologia ELISA (rotina): captura de IgM por ELISA para o VDEN a partir do 5º dia de doença (se der negativo, repetir depois de 11 a 30 dias) OBS: QUANDO DEVEMOS SOLICITAR EXAMES ESPECÍFICOS? • Para todos os suspeitos em período não epidêmico • Para casos graves e quando há dúvidas em períodos epidêmicos TRATAMENTO • Não especifico • Suporte hemodinâmico • Usar paracetamol* ou dipirona no lugar de AINES ESTADIAMENTO CLÍNICO DA DOENÇA No atendimento de um paciente com suspeita de dengue, primeiro verifica-se se tem sinal de alarme ou gravidade. Se sim, observa-se se é dengue grave (grupo D) ou não (grupo C). Se não, observa-se se há alguma condição clínica especial, risco social ou comorbidades (gestantes, idosos, HA, DCV, DM, DPOC, doenças hematológicas, DRC, hepatopatias...). GRUPO A: ATENDIMENTO DE ACORDO COM HORÁRIO DECHEGADA • Sem sinais de alarme • Sem condição especial, risco social ou comorbidade • Prova de laço negativa • Acompanhamento ambulatorial GRUPO B: PRIORIDADE NÃO URGENTE • Sem sinais de alarme • Com condição especial, risco social ou comorbidade • Em leito de observação até resultado dos exames e reavaliação clínica GRUPO C: URGÊNCIA, ATENDIMENTO O MAIS RAPIDO POSSIVEL • Presença de um ou mais sinais de alarme: dor abdominal, vomito, acumulo de liquido, hipotensão postural, hepatomegalia, sangramento da mucosa, letargia/ irritabilidade, aumento do hematócrito • Sem hipotensão • Com ou sem sangramento • Em leito de internação até estabilização GRUPO D: EMERGÊNCIA, ATENDIMENTO IMEDIATO • Presença de um ou mais sinais de hipotensão ou choque: extravasamento grave do plasma, evidenciado por taquicardia, extremidades frias, pulso fraco e piliforme, preenchimento capilar lento, taquipneia, hipotensão, cianose • Sangramento grave • Comprometimento grave dos órgãos • Em leito de emergência CONDUTA PARA GRUPO A • Acompanhamento ambulatorial • Hidratação VO • Paracetamol e/ou dipirona para os sintomáticos • Preencher “cartão da dengue” • Repouso • Notificação • Orientar retorno • Não é necessário exames específicos para condução clínica. Sua condução deve ser orientada de acordo coma a epidemiologia CONDUTA PARA GRUPO B • Prova de laço positiva ou petéquias espontâneas • Diagnostico: hemograma completo em todo paciente com coleta no inicio do atendimento e entrega do resultado 2-4 horas depois e requisitar outros exames de acordo com a condição clinica associada • Se hematócrito tiver normal, usa-se a conduta para grupo A, se não, conduta para grupo C. • SEMPRE usar paracetamol em gravidas! CONDUTA PARA GRUPO C • Internação por no mínimo 48 horas • Reposição volêmica: hidratação IV o ADULTO: 20 mL/Kg/h em duas horas e posterior reavaliação do hematócrito. Se não houver melhora, repetir ate 3 vezes a fase de expansão. Se não houver melhora de novo, conduzir como grupo D. Se houver melhora, iniciar fase de manutenção: 25 ml/Kg em 6 horas – 25 ml/Kg em 8 horas (sendo 1/3 com soro fisiológico e 2/3 com soro glicosado) • Exames: hemograma completo, dosagem de albumina sérica e transaminases, exames de imagem do abdome (RX e USG) (derrames cavitários), glicose, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, TPAE, ecocardiograma • Preenchimento dos critérios de alta (estabilização hemodinâmica, ausência de febre, hematócrito normal e estável e elevação do nível de plaquetas)- seguir orientação do grupo B CONDUTA PARA GRUPO D • Exames específicos obrigatórios • Exames inespecíficos : hemograma, dosagem de albumina serica e transaminases, exames de imagem do abdome, glicose, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, TPAE, ecocardiograma • Leito de terapia intensiva • Hidratação IV rápida o Solução salina isotônica 20 ml/Kg em até 20 minutos- se necessário, repetir em até 3 vezes e reavaliar clinicamente de 15-30 minutos e reavaliar o hematócrito em 2 horas CRITÉRIOS DE ALTA • Estabilização hemodinâmica por 48 h • Ausência de febre por 48 h • Melhora visível do quadro clinico • Hematócrito normal e estável por 24 h • Plaquetas em elevação e acima de 50 000/mm3 • Ausência de sintomas respiratórios
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