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39 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Unidade II 5 CONTABILIDADE PÚBLICA Utilizando os dispositivos da Lei n. 4.320/1964 – Título IX, que trata de contabilidade pública, podemos dizer que a contabilidade pública é o ramo da contabilidade geral que registra e controla os atos e fatos da administração pública em todos os seus níveis, demonstra o patrimônio público e suas variações, bem como o responsável pela elaboração dos relatórios exigidos pela mesma lei para a prestação de contas da execução do orçamento. Dessa forma, uma definição que pode ser dada é que a contabilidade pública é o ramo da ciência contábil que aplica os princípios e as normas contábeis no processo de geração, elaboração e divulgação de informações direcionados à gestão de entidades públicas. Então temos que o objetivo da contabilidade aplicada ao setor público é fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão, à adequada prestação de contas e ao necessário suporte para a instrumentalização do controle social. Patrimônio público e bens públicos Como ciência, a contabilidade tem como objeto de estudo o patrimônio e, no caso da contabilidade pública, o patrimônio público. De acordo com o Manual de contabilidade aplicada ao setor público (BRASIL, 2018), o patrimônio público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador e represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações. Corroborando com a ideia de que bens fazem parte do patrimônio público, faz-se necessária uma distinção para um melhor entendimento e classificação no setor público, os quais são: • Bens móveis: são aqueles bens que têm existência material e que podem ser transportados sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. São exemplos de bens móveis as máquinas, aparelhos, equipamentos, ferramentas, bens de informática, móveis e utensílios, materiais culturais, educacionais, veículos, bens móveis em andamento, dentre outros. 40 Unidade II • Bens imóveis: são os bens vinculados ao terreno (solo) que não podem ser retirados sem destruição ou danos. São exemplos desse tipo de bem os imóveis residenciais, comerciais, edifícios, terrenos, aeroportos, pontes, viadutos, obras em andamento, hospitais, entre outros. Esses bens imóveis por sua vez têm sua definição pela Lei n. 10.406/2002, Código Civil, como sendo todos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno. Referida lei ainda classifica os bens públicos como: • Bens de uso comum do povo: são aqueles que a comunidade utiliza diretamente e sem intermediário. Por exemplo: praças, ruas, parques, rios etc. Não são contabilizáveis. Não são inventariados e não podem ser alienados. Somente sofrerão lançamentos orçamentários e financeiros na conta de investimentos. • Bens de uso especiais: são para uso do público, porém há necessidade de alguém para tornar isso possível. Por exemplo: biblioteca, escola, creche etc. São utilizados para o Estado prestar um serviço público. São contabilizados, ou seja, sofrem lançamentos orçamentários e financeiros na conta de Investimentos além de lançamentos patrimoniais. Devem ser objeto de registro de imóvel em nome da Instituição, tendo obrigatoriamente a afetação da área pública e seu respectivo registro. Via de regra, são inalienáveis. • Bens dominicais (dominiais): são os bens sobre os quais o Estado tem a posse e o domínio. Por exemplo: bens destinados à reforma agrária, armazéns, glebas, casas, apartamentos, terrenos, lojas. Podem ser utilizados para qualquer fim. Estão sujeitos à contabilização. São inventariados. Podem ser alienados conforme a Lei e podem produzir rendas. Para os demais itens que compõem o patrimônio público (os direitos e as obrigações) não há a necessidade de um detalhamento ou caracterização específica para o setor público, uma vez que para esses itens patrimoniais a contabilidade aplicada ao setor público se equipara à contabilidade aplicada aos demais setores. Reforçando que a contabilidade aplicada ao setor público tem por objetivo evidenciar a situação econômica, financeira e patrimonial de todos que, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem patrimônio público pertencentes ou confiados às entidades públicas de forma a permitir, entre outras coisas, o controle sobre a administração pública. Dessa forma, os serviços da contabilidade são organizados a permitir o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros (Lei n. 4.320/1964, art. 85). Nesse caso, podemos deduzir que tal organização tem a finalidade de controle. 41 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL 5.1 Controle nas entidades públicas O controle tem a finalidade de garantir que os agentes públicos estejam exercendo a função administrativa de acordo com os princípios e normas contábeis. Assim, na administração pública, a fiscalização contábil, financeira, operacional e patrimonial dos órgãos públicos é realizada pelo controle interno e controle externo, como em qualquer entidade bem gerida. 5.1.1 Controle interno No controle interno nas entidades de direito público, ressalvadas as competências dos Tribunais de Contas ou órgãos equivalentes, a tomada de contas dos agentes responsáveis por bens ou dinheiros públicos é realizada com base nos serviços de contabilidade por meio dos Relatórios Contábeis de Propósito Geral (RCPG) com o objetivo de garantir o cumprimento das normas e comprovar a legalidade dos atos da administração, bem como avaliar os resultados quanto à eficiência e à eficácia dos atos. 5.1.2 Controle externo O controle externo é exercido de várias formas, diretamente pela sociedade, por meio do acompanhamento de obras e serviços, e/ou indiretamente, pela promotoria pública ou pelo poder legislativo. As fiscalizações contábil, financeira e orçamentária serão exercidas pelo Congresso Nacional; na União, terá como órgão auxiliar, quando das fiscalizações contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, o Tribunal de Contas da União, nos termos da Carta Constitucional. Nos estados e nos municípios, os Poderes Legislativos têm como órgãos auxiliares para tal tarefa os Tribunais de Contas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e suas atribuições, no que couber, o que nesses artigos estiver disposto, cabendo à Constituição dos Estados e do Distrito Federal e à Lei Orgânica dos Municípios disporem sobre os respectivos Tribunais. 5.2 Regimes contábeis A contabilidade aplicada ao setor público, assim como qualquer outro ramo da ciência contábil, obedece aos princípios fundamentais de contabilidade, em que se aplica o princípio da competência em sua integralidade, ou seja, tanto na receita quanto na despesa. Porém, durante muito tempo, foi possível encontrar na literatura disponível que o regime contábil utilizado para contabilidade aplicada ao setor público era o regime misto, que preconizava o regime de competência para as despesas e o regime de caixa para a receita. Tal interpretação foi baseada no art. 35 da Lei 4.320/1964, que apresenta a seguinte redação: 42 Unidade II Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I – as receitas nele arrecadadas. II – as despesas nele legalmente empenhadas. Na verdade, o art. 35 refere-se ao regime orçamentário e não ao regime contábil, pois a contabilidade é tratada em título específico,no qual determina-se que as variações patrimoniais devem ser evidenciadas, sejam elas independentes ou resultantes da execução orçamentária. Se analisarmos o enfoque patrimonial, devemos observar o art. 85 da Lei n. 4.320/1964, que diz: Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o levantamento dos Balanços Gerais, a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros. Observa-se que, além do registro dos fatos ligados à execução orçamentária, exige-se a evidenciação dos fatos ligados à administração financeira e patrimonial, exigindo que os fatos modificativos sejam levados à conta de resultado e que as informações contábeis permitam o conhecimento da composição patrimonial e dos resultados econômicos e financeiros de determinado exercício. Portanto, com o objetivo de evidenciar o impacto orçamentário que será demonstrado no balanço orçamentário, deve-se respeitar o exigido pelo art. 35 da Lei n. 4.320/1964, ou seja, utilizar o regime de caixa para as receitas e o regime de competência para as despesas. Já com o objetivo de evidenciar o impacto no patrimônio nos balanços patrimonial e financeiro, deve-se atender os princípios contábeis em que o registro da receita e das despesas ocorrem em função do fato gerador. 5.3 Exercícios contábeis x exercício social (períodos) Na contabilidade, é comum usar o termo exercício social que diz respeito ao período em que as empresas devem elaborar as suas demonstrações contábeis que, normalmente, tem duração de um ano (12 meses) e, em geral, coincide com o ano civil (entre 1º de janeiro e 31 de dezembro). Na contabilidade aplicada ao setor público, as demonstrações também seguem esse padrão, porém a Lei n. 4.320/1964, no que tange a questões orçamentárias, determina que o exercício financeiro coincidirá como o ano civil. Tal determinação tem relação direta com a execução da Lei Orçamentária Anual. 43 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL 5.4 Orçamento público Entre as diversas definições de orçamento público, a encontrada em Ferreira (1986, p. 1230) é: O cálculo da receita que se deve arrecadar num exercício financeiro e das despesas que devem ser feitas pela administração pública, organizado obrigatoriamente pelo executivo e submetido à aprovação das respectivas câmaras legislativas. Tal definição, que talvez seja a que melhor retrate esse instrumento, direciona os atos que o governo deverá implementar para que possa cumprir as suas atividades administrativas. Por tratar-se de uma imposição legal, tendo em vista que sua exigência está descrita na forma da lei, podemos chegar à conclusão que o orçamento público representa um instrumento gerencial de administração pública, que visa atender as necessidades da sociedade em um determinado período, levando em consideração as ações da gestão pública. O planejamento do orçamento público é feito pela administração pública por meio de planos e programas de trabalho por ela desenvolvidos pela planificação das receitas a serem obtidas e pelas despesas a serem efetuados, objetivando a continuidade e a melhoria quantitativa e qualitativa dos serviços prestados à sociedade. A metodologia utilizada no Brasil é a denominada de orçamento-programa, definido como um plano de trabalho expresso por um conjunto de ações a realizar e pela identificação dos recursos necessários para a sua execução. Observação Orçamento público constitui-se em instrumento de ação do governo que articula um conjunto de ações para atingir um objeto comum preestabelecido, mensurado por indicadores, visando à solução de um problema, atendendo a necessidade da sociedade. Exemplo: para ampliar uma estrada de um pequeno município, o orçamento por programa permite: diagnosticar o problema; apresentar a solução; definir o objetivo; estabelecer as atividades; e determinar recursos humanos, materiais, unidades e financeiros. Segundo o Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público (BRASIL, 2018, p. 95): A Lei n. 4.320/1964, apesar de não instituir formalmente o orçamento- programa, introduziu em seus dispositivos a necessidade de o orçamento evidenciar os programas de governo. 44 Unidade II Art. 2°. A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos aos princípios de unidade, universalidade e anualidade. A partir da edição da Portaria MOG n. 42/1999 aplicada à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, passou a ser obrigatória a identificação, nas leis orçamentárias, das ações em termos de funções, subfunções, programas, projetos, atividades e operações especiais: Art. 4. Nas leis orçamentárias e nos balanços, as ações serão identificadas em termos de funções, subfunções, programas, projetos, atividades e operações especiais. Dessa forma, é consolidada a importância da elaboração do orçamento por programa com a visão de que o legislativo aprova as ações de governo buscando a aplicação efetiva do gasto, e não necessariamente os itens de gastos. A ideia é mostrar à população e ao legislativo o que será realizado em um determinado período, por meio de programas e ações e quanto eles irão custar à sociedade e não o de apresentar apenas objetos de gastos que isoladamente não garantem a transparência necessária. Observa-se que por meio dessa classificação, evidencia-se como a administração pública está efetuando os gastos para atingir determinados fins. A fundamentação legal para o orçamento público está disposta nas seguintes legislações: • Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988, nos seus arts. 165 a 169 sob o título “Orçamentos”. • Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964. • Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. • Portaria MOG n. 42, de 14 de abril de 1999. • Portaria SOF n. 1, de 19 de fevereiro de 2001. • Portaria Interministerial n. 163, de 4 de maio de 2001. • Portaria SOF n. 23, de 4 de maio de 2017. 45 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL 5.4.1 Princípios orçamentários Na elaboração do orçamento público, uma série de normas e regras, chamadas de princípios orçamentários básicos, devem ser seguidas nos processos orçamentários. Tais princípios orçamentários visam estabelecer regras básicas, a fim de conferir racionalidade, eficiência e transparência aos processos de elaboração, execução e controle do orçamento público. Esses princípios são válidos para todos os Poderes e para todos os entes federativos - União, estados, Distrito Federal e municípios –, e são estabelecidos e disciplinados tanto por normas constitucionais e infraconstitucionais quanto pela doutrina (BRASIL, 2018). Os princípios que integram o Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público (BRASIL, 2018) e cuja existência e aplicação derivam de normas jurídicas, são os seguintes: Unidade ou totalidade Previsto no caput do art. 2º da Lei n. 4.320/1964, determina existência de orçamento único para cada um dos entes federados – União, estados, Distrito Federal e municípios – com a finalidade de se evitarem múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política. Dessa forma, todas as receitas previstas e despesas fixadas, em cada exercício financeiro, devem integrar um único documento legal dentro de cada esfera federativa. Esse documento é a Lei Orçamentária Anual (LOA). Universalidade Estabelecido no caput do art. 2º da Lei n. 4.320/1964, recepcionado e normatizado pelo § 5º do art. 165 da Constituição Federal, determina que a LOA de cada ente federado deverá conter todas as receitas e despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo poder público. Anualidade ou periodicidade Descrito pelo caput do art. 2º da Lei n. 4.320/1964, delimita o exercício financeiro orçamentário queconsiste no período no qual a previsão das receitas e a fixação das despesas registradas na LOA irão se referir. Segundo o art. 34 da Lei n. 4.320/1964, o exercício financeiro coincidirá com o ano civil, ou seja, de 1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano. Exclusividade Previsto no § 8º do art. 165 da Constituição Federal, estabelece que a LOA não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa. Ressalvam-se dessa proibição a autorização para abertura de crédito suplementar e a contratação de operações de crédito, nos termos da lei. 46 Unidade II Orçamento bruto Previsto pelo art. 6º da Lei n. 4.320/ 1964, obriga registrarem-se receitas e despesas na LOA pelo valor total e bruto, vedadas quaisquer deduções. Legalidade Apresenta o mesmo fundamento do princípio da legalidade aplicado à administração pública, segundo o qual cabe ao poder público fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei expressamente autorizar, ou seja, subordina-se aos ditames da lei. A Constituição Federal de 1988, no art. 37, estabelece os princípios explícitos da administração pública, entre os quais o da legalidade, no seu art. 165, estabelece a necessidade de formalização legal das leis orçamentárias: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; II – as diretrizes orçamentárias; III – os orçamentos anuais. Publicidade Princípio básico da atividade da administração pública no regime democrático, está previsto no caput do art. 37 da Constituição Federal de 1988. Diz que o conteúdo orçamentário deve ser divulgado (publicado) nos veículos oficiais de comunicação para o conhecimento do público e para eficácia de sua validação. Justifica-se especialmente pelo fato de o orçamento ser fixado em lei, sendo esta a que autoriza aos Poderes a execução de suas despesas. Transparência Aplica-se também ao orçamento público, pelas disposições contidas nos arts. 48, 48-A e 49 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que determina ao governo, por exemplo: divulgar o orçamento público de forma ampla à sociedade; publicar relatórios sobre a execução orçamentária e a gestão fiscal; disponibilizar, para qualquer pessoa, informações sobre a arrecadação da receita e a execução da despesa. Não vinculação (não afetação) da receita de impostos Todas as receitas orçamentárias devem ser recolhidas no Caixa Único do Tesouro, sem qualquer vinculação em termos de destinação. O inciso IV do art. 167 da CF/1988 veda vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, salvo exceções estabelecidas pela própria Constituição Federal. 47 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL São exemplos de ressalvas estabelecidas pela Constituição as relacionadas à repartição do produto da arrecadação dos impostos aos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e Fundos de Participação dos Municípios (FPM), Fundos de Desenvolvimento das Regiões Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO), bem como à destinação de recursos para as áreas de saúde e educação, além do oferecimento de garantias às operações de crédito por antecipação de receitas. 5.4.2 Ciclo orçamentário O ciclo orçamentário pode ser entendido como um processo contínuo, dinâmico e flexível, por meio do qual se elabora, aprova, executa, controla e avalia os programas do setor público nos aspectos físico e financeiro referentes ao período de tempo em que se processam as atividades típicas do orçamento público. Segundo Ávila, Bächtold e Vieira (2011, p. 51): Faz-se necessário ressaltar que o ciclo orçamentário não se confunde com o exercício financeiro. Este, na realidade, é o período durante o qual se executa o orçamento, correspondendo, portanto, a uma das fases do ciclo orçamentário. O ciclo orçamentário é um período muito maior, iniciando com o processo de elaboração do orçamento, passando pela execução e encerramento com o controle. Na opinião de Peixoto e Tiburcio (2016), o ciclo orçamentário deve ser entendido como um processo dinâmico e contínuo, com várias etapas articuladas entre si, por meio das quais sucessivos orçamentos são discutidos, elaborados, aprovados, executados, avaliados e julgados. Esse ciclo tem início com a elaboração do Plano Plurianual (PPA) e se encerra com o julgamento da última prestação de contas do Poder Executivo pelo Poder Legislativo. AprovaçãoCiclo orçamentário Elaboração Execução Avaliação Figura 2 – Ciclo orçamentário 48 Unidade II A maioria dos autores adota como fases do ciclo orçamentário as seguintes: elaboração, apreciação legislativa, execução e acompanhamento, controle e avaliação, quando, então, se inicia o ciclo seguinte. • Elaboração: compete ao Poder Executivo em conformidade com o disposto na lei. Consiste na fase do planejamento e compreende a fixação de objetivos concretos para o período considerado, bem como o cálculo do montante dos recursos humanos, materiais e financeiros, necessários à sua materialização e concretização. Essa fase acaba com a entrega da proposta ao poder legislativo. • Apreciação legislativa (estudo e aprovação): compete ao Poder Legislativo, por meio de comissões, discutir as propostas enviadas pelo Poder Executivo com o objetivo de aprová-las, podendo incluir emendas desde que atendam alguns critérios como serem compatíveis com a proposta enviada ou relacionadas à correção de erros e omissões. Após finalizados tais processos e aprovadas as propostas, elas devem ser encaminhadas novamente ao Poder Executivo. • Execução e acompanhamento (fiscalização): compete ao Poder Executivo e consiste no período em que a proposta, já convertida em lei, será posta em prática com a finalidade de concretização dos objetivos e metas determinados para o setor público e implica a mobilização de recursos humanos, materiais e financeiros. • Controle e avaliação: compete ao Poder Executivo e Legislativo concomitantemente, em que são produzidos os demonstrativos (RCPG) durante a execução. Estes, por sua vez, são apreciados e auditados pelos órgãos auxiliares do Poder Legislativo (ex. Tribunal de Contas) e as contas jugadas pelo parlamento com base na eficiência com que se realizam as ações empregadas e o grau de racionalização na utilização dos recursos correspondentes. Cabe ressaltar que essas fases devem ser aplicadas a cada exercício financeiro. Lembrete A contabilidade proporciona à administração pública as informações e o controle, os quais devem abastecê-la com dados de todo o processo de planejamento e orçamento que compõem o ciclo orçamentário (elaboração, análise e aprovação, execução e avaliação). 5.4.3 Elaboração das propostas orçamentárias O modelo orçamentário para a gestão do dinheiro público no Brasil possui como base o art. 165 da Constituição Federal de 1988, como inclusive já descrito no princípio da legalidade. Esse modelo é aplicado a todos os poderes (executivo, legislativo e judiciário) e nas três esferas de governo (Federal, estadual/distrital e municipal) e se divide como a seguir. 49 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Plano Plurianual (PPA) O PPA define as diretrizes (macro-objetivos), os objetivos (resultados pretendidos) e as metas (termos quantitativos) de médio prazo (quatro anos) da administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem ser incluído no PPA. A vigência de cada PPA inicia no segundo ano de mandato presidencial, terminando ao fim do primeiro ano do mandato seguinte. Sempre que necessário, o Executivo pode enviar projetos de revisão do PPA em vigor. Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) A LDO estabelece as metas e prioridades da administração pública, incluindo as despesas de capital para o exercício subsequente, orienta a elaboração da lei orçamentária anual, dispõe sobre os critérios e a forma de limitação de empenho, entre outrasfunções. O projeto de LDO tem a finalidade de nortear a elaboração dos orçamentos anuais, compreendidos aqui o orçamento fiscal, o orçamento de investimentos das empresas e o orçamento da seguridade social, de forma a adequá-los às diretrizes, objetivos e metas da administração pública, estabelecidas no plano plurianual. Lei Orçamentária Anual (LOA) A LOA é o orçamento propriamente dito, uma lei que estima as receitas e fixa as despesas públicas para o período de um exercício financeiro. Trata-se do instrumento utilizado para a consequente materialização do conjunto de ações e objetivos que foram planejados pelas LDO e PPA, visando ao melhor atendimento e bem-estar da coletividade. Saiba mais O site a seguir pode propiciar uma inter-relação com os conteúdos aqui abordados: GONTIJO, V. Orçamento da união. Câmara dos Deputados, [s.d.]. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/cidadao/ entenda/cursopo/planejamento. Acesso em: 15 set. 2020. 50 Unidade II Créditos adicionais Como em todo planejamento, o momento de sua execução pode exigir adaptações e ajustes por situações subdimensionadas ou imprevistas. Para isso que existem os créditos adicionais ao orçamento. Esses créditos são autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na LOA e, uma vez aprovados, incorporam-se ao orçamento do exercício. Os créditos adicionais são classificados em: suplementares (destinados a reforço de dotação orçamentária), especiais (destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica) e extraordinários (destinados a despesas imprevisíveis e urgentes na época do planejamento). Discussão, votação e aprovação da LOA Discussão, votação e aprovação da LDO Execução orçamentária Avaliação e controle da execução orçamentária Discussão, votação e aprovação da PPA Elaboração da LOA Elaboração da LDO Elaboração da PPA Discussão, votação e aprovação AvaliaçãoElaboração Execução Figura 3 – Ciclo/processo orçamentário Inter-relação PPA, LDO e LOA Em cumprimento ao artigo 5º da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Projeto de Lei Orçamentária Anual deverá ser elaborado de forma compatível com o plano plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Quando for encaminhado ao Poder Legislativo, o Projeto de Lei Orçamentária Anual deverá conter, em anexo, o demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e as metas constantes do Anexo de Metas Fiscais, que é parte integrante da LDO. A figura seguinte sintetiza a relação entre os instrumentos legais. Esses três instrumentos do planejamento orçamentário possuem vigência temporária distinta. Contudo, a LOA e a LDO são para o período de um ano, ao passo que o PPA será para quatro anos. Define estratégias, diretrizes e metas da administração pública para o período de quatro anos Regras para elaborar e executar o orçamento do ano seguinte Define prioridades e metas do governo Estima as receitas e programa as despesas de cada ano de acordo com as prioridades do PPA e as regras estabelecidas pela LDO Plano Plurianual (PPA) Lei Orçamentária Anual (LOA) Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) Figura 4 – Inter-relação das Leis Orçamentárias (PPA, LDO e LOA) 51 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Saiba mais Sobre orçamento público, veja a série de vídeos elaborados pelo senado: https://www12.senado.leg.br/orcamentofacil 5.4.4 Receita pública Receita pública constitui-se em todo recurso obtido pelo Estado para atender às despesas públicas, ou seja, configura tudo que entra aos cofres públicos para fazer face aos dispêndios (despesas). Ela é representada pelos ingressos ou embolsos (fontes/origens) de recursos financeiros que serão aplicados na aquisição de bens e serviços, visando a prestação de serviços públicos à coletividade. Segundo o MCASP (BRASIL, 2018), para fins contábeis, quanto ao impacto na situação patrimonial líquida, a receita pode ser efetiva ou não efetiva, sendo: a) Receita orçamentária efetiva aquela em que os ingressos de disponibilidade de recursos não foram precedidos de registro de reconhecimento do direito e não constituem obrigações correspondentes. b) Receita orçamentária não efetiva é aquela em que os ingressos de disponibilidades de recursos foram precedidos de registro do reconhecimento do direito ou constituem obrigações correspondentes, como é o caso das operações de crédito. Ainda segundo o MCASP (BRASIL, 2018), para fins orçamentários as receitas públicas se desdobram em receitas orçamentárias, quando representam disponibilidades de recursos, e ingressos extraorçamentários, quando significam entradas compensatórias. Ingressos extraorçamentários Receitas orçamentárias Ingresso de valores nos cofres públicos Figura 5 Essa subdivisão leva em consideração a relação que a Receita tem em referência à participação no orçamento. Portanto, de maneira geral, podemos verificar que, pela própria nomenclatura, uma das divisões será contemplada no orçamento (prevista na LOA) enquanto a outra não estará descrita no orçamento (não prevista na LOA). 52 Unidade II Lembrete Ingressos extraorçamentários são recursos financeiros de caráter temporário, do qual o Estado é mero agente depositário. Sua devolução não se sujeita à autorização legislativa, portanto, não integram a Lei Orçamentária Anual (LOA). Por serem constituídos por ativos e passivos exigíveis, os ingressos extraorçamentários, em geral, não têm reflexos no Patrimônio Líquido da Entidade. 5.4.4.1 Receita orçamentária São disponibilidades de recursos financeiros que ingressam durante o exercício e que aumentam o saldo financeiro da instituição. Essas receitas pertencem ao Estado, transitam pelo patrimônio do poder público e, geralmente, por força do princípio orçamentário da universalidade, estão previstas na LOA. Nesse contexto, embora haja obrigatoriedade de a LOA registrar a previsão de arrecadação, a mera ausência formal do registro dessa previsão, no citado documento legal, não lhes retira o caráter de orçamentárias, haja visto o art. 57 da Lei n. 4.320, de 1964, determinar classificar-se como receita orçamentária toda receita arrecadada que porventura represente ingressos financeiros orçamentários, inclusive se provenientes de operações de crédito, exceto: operações de crédito por antecipação de receita (ARO), emissões de papel moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros. Classificação da receita orçamentária A classificação da receita orçamentária é de utilização obrigatória para todos os entes da Federação, sendo facultado seu desdobramento para atendimento das respectivas peculiaridades. Nesse sentido, as receitas orçamentárias são classificadas segundo os seguintes critérios: • natureza; • fonte/destinação de recursos; • indicação de resultado primário. Essas receitas também podem ser classificadas quanto à procedência em originárias e derivadas. Porém, essa classificação possui uso acadêmico e não é normatizada; portanto, não é utilizada como classificador oficial da receita pelo poder público. Receitas públicas originárias seriam aquelas arrecadadas por meio da exploração de atividades econômicas pela administração pública. Resultariam de rendas do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado (Ex.: venda de produtos e renda com aluguéis). 53 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Receitas públicas derivadas seriam as receitas obtidas pelo poder público por meio da soberania estatal. Decorreriam de imposição constitucional ou legal e, por isso, auferidas de forma impositiva (Ex.: as receitas tributárias e as de contribuições especiais). Classificação da receita orçamentária por natureza A natureza de receita é a menor célula de informação no contexto orçamentário para as receitas públicas; por isso, contém todas as informações necessárias para as devidas alocações orçamentárias. O § 1º, art. 8º, da Lei n. 4.320/1964 define que os itensda discriminação da receita, mencionados no art. 11 dessa lei, serão identificados por números de código decimal. Convencionou-se denominar esse código de natureza de receita. Essa estrutura de códigos está disposta de forma a proporcionar extração de informações imediatas, a fim de prover celeridade, simplicidade e transparência, sem a necessidade de qualquer procedimento paralelo para concatenar dados. Quadro 2 – Codificação da receita orçamentária C O E DDDD T Categoria econômica Origem Espécie Desdobramento para identificação de peculiaridades da receita Tipo Fonte: Brasil (2018, p. 33). Quando, por exemplo, o imposto de renda de pessoa física é recolhido, aloca-se a receita pública correspondente na natureza de receita código “1.1.1.3.01.1.1“, segundo o esquema a seguir: 1 1 1 3.01.1 1 Categoria econômica Origem Espécie Desdobramento para identificação de peculiaridades Tipo Principal Imposto sobre a renda de pessoa física - IRPF Impostos Impostos, taxas e contribuições de melhoria Receita corrente Figura 6 54 Unidade II Categoria econômica Os §§ 1º e 2º, do art. 11 da Lei n. 4.320/1964, classificam as receitas orçamentárias em receitas correntes e receitas de capital. Quadro 3 – Categoria econômica da Receita 1. Receitas correntes 7. Receitas correntes intraorçamentárias 2. Receitas de capital 8. Receitas de capital intraorçamentárias Fonte: Brasil (2018, p. 35). Receitas orçamentárias correntes são arrecadadas dentro do exercício financeiro, aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e constituem instrumento para financiar os objetivos definidos nos programas e ações orçamentários, com vistas a satisfazer finalidades públicas. Receitas orçamentárias de capital são arrecadadas dentro do exercício financeiro, aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e são instrumentos de financiamento dos programas e ações orçamentários, a fim de se atingirem as finalidades públicas. Porém, de forma diversa das receitas correntes, as receitas de capital em geral não provocam efeito sobre o patrimônio líquido. Receitas de operações intraorçamentárias são aquelas realizadas entre órgãos e demais entidades da administração pública integrantes do orçamento fiscal e do orçamento da seguridade social do mesmo ente federativo; por isso, não representam novas entradas de recursos nos cofres públicos do ente, apenas movimentação de receitas entre seus órgãos. Dessa forma, a fim de se evitar a dupla contagem dos valores financeiros objeto de operações intraorçamentárias na consolidação das contas públicas, a Portaria Interministerial STN/SOF n. 338/2006 incluiu as receitas correntes intraorçamentárias e receitas de capital intraorçamentárias, representadas, respectivamente, pelos códigos 7 e 8 em suas categorias econômicas. Essas classificações, segundo disposto pela Portaria que as criou, não constituem novas categorias econômicas de receita, apenas especificações das categorias econômicas receita corrente e receita de capital. Origem da receita A origem é o detalhamento das categorias econômicas receitas correntes e receitas de capital, com vistas a identificar a procedência das receitas quando ingressam nos cofres públicos. Os códigos da origem para as receitas correntes e de capital, de acordo com a Lei n. 4.320/1964, são: 55 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Quadro 4 – Origem da receita 1. Receitas correntes 7. Receitas correntes intraorçamentárias 2. Receitas de capital 8. Receitas de capital intraorçamentárias 1. Impostos, taxas e contribuições de melhoria 1. Operações de crédito 2. Contribuições 2. Alienação de bens 3. Receita patrimonial 3. Amortização de empréstimos 4. Receita agropecuária 4. Transferências de capital 5. Receita industrial 9. Outras receitas de capital 6. Receita de serviço 7. Transferências correntes 8. Outras receitas correntes Fonte: Brasil (2018, p. 35). Origens que compõem as receitas correntes Impostos, taxas e contribuições de melhoria são decorrentes da arrecadação dos tributos previstos no art. 145 da Constituição Federal. Contribuições são oriundas das contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, conforme preceitua o art. 149 da CF. Receita patrimonial é proveniente da fruição de patrimônio pertencente ao ente público, tais como as decorrentes de aluguéis, dividendos, compensações financeiras/royalties, concessões, entre outras. Receita agropecuária trata-se de receitas de atividades de exploração ordenada dos recursos naturais vegetais em ambiente natural e protegido. Compreende as atividades de cultivo agrícola, de cultivo de espécies florestais para produção de madeira, celulose e para proteção ambiental, de extração de madeira em florestas nativas, de coleta de produtos vegetais, além do cultivo de produtos agrícolas. Receita industrial é proveniente de atividades industriais exercidas pelo ente público, tais como a extração e o beneficiamento de matérias-primas, a produção e a comercialização de bens relacionados às indústrias mecânica, química e de transformação em geral. Receita de serviços decorre da prestação de serviços por parte do ente público, tais como comércio, transporte, comunicação, serviços hospitalares, armazenagem, serviços recreativos, culturais etc. Tais serviços são remunerados mediante preço público, também chamado de tarifa. 56 Unidade II Transferências correntes são provenientes do recebimento de recursos financeiros de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas de manutenção ou funcionamento que não impliquem contraprestação direta em bens e serviços a quem efetuou essa transferência. Por outro lado, a utilização dos recursos recebidos vincula-se à determinação constitucional ou legal, ou ao objeto pactuado. Tais transferências ocorrem entre entidades públicas de diferentes esferas ou entre entidades públicas e instituições privadas. Outras receitas correntes constituem-se pelas receitas cujas características não permitam o enquadramento nas demais classificações da receita corrente, tais como indenizações, restituições, ressarcimentos, multas previstas em legislações específicas, entre outras. Origens que compõem as receitas de capital Operações de crédito são recursos financeiros oriundos da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos em entidades públicas ou privadas, internas ou externas. Alienação de bens são ingressos financeiros provenientes da alienação de bens móveis, imóveis ou intangíveis de propriedade do ente público. O art. 44 da LRF veda a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos. Amortização de empréstimos trata-se dos ingressos financeiros provenientes da amortização de financiamentos ou empréstimos que o ente público haja previamente concedido. Embora a amortização do empréstimo seja origem da categoria econômica Receitas de Capital, os juros recebidos associados ao empréstimo são classificados em: receitas correntes; de serviços; serviços e atividades financeiras; retorno de operações, juros e encargos financeiros, pois os juros representam a remuneração do capital. Transferências de capital são recursos financeiros recebidos de outras pessoas, de direito público ou privado, destinados a atender despesas com investimentos ou inversões financeiras, independentemente da contraprestação direta a quem efetuou essa transferência. Por outro lado, a utilização dos recursos recebidos vincula-se ao objeto pactuado. Tais transferências ocorrem entre entidades públicas de diferentes esferas ou entre entidades públicas e instituições privadas. Quanto a outras receitas de capital, registram-se nessa origem receitas cujas característicasnão permitam o enquadramento nas demais classificações da receita de capital, tais como resultado do Banco Central, remuneração das disponibilidades do Tesouro, entre outras. 5.4.4.2 Espécie É o nível de classificação vinculado à origem, que permite qualificar com maior detalhe o fato gerador das receitas. Por exemplo, dentro da origem contribuições, identifica-se as espécies contribuições 57 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL sociais, contribuições econômicas, contribuições para entidades privadas de serviço social e de formação profissional e contribuição para custeio de iluminação pública. Desdobramentos para identificação de peculiaridades da receita Na nova estrutura de codificação foram reservados quatro dígitos para desdobramentos com o objetivo de identificar as particularidades de cada receita, caso seja necessário. Assim, esses dígitos podem ou não ser utilizados, observando-se a necessidade de especificação do recurso. Tipo O tipo, correspondente ao último dígito na natureza de receita, tem a finalidade de identificar o tipo de arrecadação a que se refere aquela natureza, sendo efetuado por meio do uso dos tipos de receita identificados por descrição padrão dos códigos interpostos por portaria interministerial. Classificação da receita orçamentária por fonte/destinação de recursos Segundo o MCASP (BRASIL, 2018) a classificação orçamentária por fontes/destinações de recursos tem o objetivo de identificar as fontes de financiamento dos gastos públicos, ou seja, fazer associação da receita orçamentária com uma despesa orçamentária de forma a evidenciar os meios para se atingir os objetivos públicos. Para a receita orçamentária, esse código tem a finalidade de indicar a destinação de recursos para a realização de determinadas despesas orçamentárias. Para a despesa orçamentária, identifica a origem dos recursos que estão sendo utilizados. Ressalte-se que esse mecanismo de fonte/destinação de recursos é obrigatório, devido aos mandamentos constantes da Lei Complementar n. 101/2000 (LRF). Classificação da receita orçamentária para indicação de resultado primário Essa classificação orçamentária da receita não tem caráter obrigatório para todos os entes e foi instituída para a União com o objetivo de identificar quais são as receitas e as despesas que compõem o resultado primário do Governo Federal, que é representado pela diferença entre as receitas primárias e as despesas primárias. 58 Unidade II Tabela 1 – Origens e espécies de receitas orçamentárias Categoria econômica, origens e espécies das receitas correntes Categoria econômica Origem Espécie Código a partir de: 1. Receitas correntes 7. Receitas correntes intraorçamentárias 1. Impostos, taxas e contribuições de melhoria 1. Impostos 1.1.1.0.00.0.0 2. Taxas 1.1.2.0.00.0.0 3. Contribuições de melhorias 1.1.3.0.00.0.0 2. Receita de contribuições 1. Sociais 1.2.1.0.00.0.0 2. Econômicas 1.2.2.0.00.0.0 3. Receita patrimonial 1. Exploração patrimônio 1.3.1.0.00.0.0 2. Valores mobiliários 1.3.2.0.00.0.0 4. Receita agropecuária 0. Agropecuária 1.4.0.0.00.0.0 5. Receita industrial 0. Industrial 1.5.0.0.00.0.0 6. Receita de serviços 1. Serviços administrativos e gerais 1.6.1.0.00.0.0 2. Serviços e atividades referentes a navegação e transporte 1.6.2.0.00.0.0 7. Transferências correntes 1. Transferências da união e de suas entidades 1.7.1.0.00.0.0 3. Transferência dos municípios e suas entidades 1.7.3.0.00.0.0 9. Outras receitas correntes 1. Multas administrativas 1.9.1.0.00.0.0 2. Indenizações, restituições e ressarcimentos 1.9.2.0.00.0.0 Categoria econômica, origens e espécies das receitas de capital Categoria econômica Origem Espécie Código a partir de: 2. Receitas de capital 8. Receitas de capital intraorçamentárias 1. Operações de crédito 1. Internas 2.1.1.0.00.0.0 2. Externas 2.1.2.0.00.0.0 2. Alienação de bens 1. Bens móveis 2.2.1.0.00.0.0 2. Bens imóveis 2.2.2.0.00.0.0 3. Amortização de empréstimos 0. Amortização 2.3.0.0.00.0.0 4. Transferências de capital 1. Transferências da União e suas entidades 2.4.1.0.00.0.0 4. Transferências de instituições privadas 2.4.5.0.00.0.0 9. Outras receitas de capital 1. Integralização do capital social 2.9.1.0.00.0.0 2. Resultado do banco central 2.9.2.0.00.0.0 Adaptada de: Brasil (2018). 5.4.4.3 Etapas (estágios) da receita orçamentária São as etapas ou operações que as entidades responsáveis pela receita pública devem realizar ou percorrer para que ela seja efetivada. Dessa forma, seguem a ordem de ocorrência dos fenômenos econômicos, levando-se em consideração o modelo de orçamento existente no País. A ordem sistemática inicia-se com a etapa de previsão e termina com a de recolhimento. 59 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Planejamento Execução Lançamento Arrecadação RecolhimentoPrevisão Figura 7 – Estágios da receita orçamentária Observação Exceção às etapas da receita: nem todas as etapas citadas ocorrem para todos os tipos de receitas orçamentárias. Pode ocorrer arrecadação de receitas não previstas e das que não foram lançadas, como é o caso de uma doação em espécie recebida pelos entes públicos. Previsão A previsão é a estimativa de quanto se espera arrecadar durante o exercício financeiro. Implica planejar e estimar a arrecadação das receitas orçamentárias que constarão na proposta orçamentária em conformidade, com as disposições constantes na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em especial o art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas (BRASIL, 2000). A previsão de receitas é a etapa que antecede à fixação do montante de despesas que irão constar nas leis de orçamento, além de ser base para se estimar as necessidades de financiamento do governo. Lançamento O lançamento é um mero ato administrativo que identifica o devedor ou a pessoa do contribuinte, ou seja, lança-se quem irá pagar o crédito tributário e é também utilizado no caso dos direitos líquidos e acertos a que o governo faça jus por força de lei. No caso específico dos tributos o art. 142 do Código Tributário Nacional, estabelece que o lançamento é o procedimento administrativo que verifica a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determina a matéria tributável, calcula o montante do tributo devido, identifica o sujeito passivo e, sendo o caso, propõe a aplicação da penalidade cabível. 60 Unidade II Ainda de acordo com o art. 52 da Lei n. 4.320/1964, são objeto de lançamento as rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato. Arrecadação A arrecadação da receita está ligada aos pagamentos realizados. É momento em que os contribuintes comparecem perante os agentes arrecadadores a fim de liquidarem suas obrigações com o Estado. Corresponde à entrega dos recursos devidos ao Tesouro Nacional pelos contribuintes ou devedores, por meio dos agentes arrecadadores ou instituições financeiras autorizadas pelo ente. Recolhimento O recolhimento compreende a entrega do produto da arrecadação pelos agentes arrecadadores ao Tesouro Nacional, responsável pela administração e controle da arrecadação e pela programação financeira, observando-se o princípio da unidade de tesouraria ou de caixa. Destinação RecolhimentoLançamento ArrecadaçãoPrevisão Unidade de CaixaBancosCaixas Classificação por Natureza da Receita Figura 8 – Ordem das etapas da receita pública orçamentária 6 DESPESAS PÚBLICAS A despesa pública é o conjunto de dispêndios (gastos) realizados pelos entes públicos para o funcionamento e manutenção dos serviços públicos prestados à sociedade. Alguns autores a definem como sendo o conjunto de dispêndiosdo Estado ou de outra pessoa de direito público, destinados para o funcionamento efetivo dos serviços públicos. Assim como nas receitas e para fins contábeis, as despesas públicas são classificadas quanto ao impacto na situação patrimonial líquida em (BRASIL, 2018): • Despesa orçamentária efetiva: aquela que, no momento de sua realização, reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil modificativo diminutivo. 61 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL • Despesa orçamentária não efetiva: aquela que, no momento da sua realização, não reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil permutativo. Ainda segundo o MCASP (BRASIL, 2018), para fins orçamentários, as despesas públicas se desdobram em despesas orçamentárias, quando representam a autorização de utilização de recursos financeiros que depende de autorização legislativa para ser efetivada, e dispêndios extraorçamentários, quando representam saídas de valores arrecadados de forma compensatória (receitas extraorçamentárias) e que não depende de autorização legislativa. 6.1 Despesa orçamentária A despesa orçamentária é o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para o funcionamento e manutenção dos serviços públicos prestados à sociedade que necessitam de autorização legislativa (Lei Orçamentária Anual – LOA) para poder ser realizada, ou seja, devem figurar no orçamento público, para que se possa efetivamente realizar o gasto. 6.1.1 Classificação da despesa orçamentária A classificação das despesas segue critério que possibilitem sua compreensão, propiciando informações para atender as mais diversas necessidades dos usuários, sendo assim, no modelo adotado no Brasil, elas são classificadas em: Classificação institucional A classificação institucional reflete as estruturas organizacional e administrativa de alocação de crédito e está estruturada em dois níveis hierárquicos: • Unidade orçamentária: representa o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias. • Órgãos orçamentários: correspondem a agrupamentos de unidades orçamentárias. Cabe ressaltar que um órgão orçamentário ou uma unidade orçamentária não corresponde necessariamente a uma estrutura administrativa. Classificação funcional A classificação funcional as segrega em função e subfunção. O que permite a vinculação das despesas a objetivos específico do governo. Tais objetivos são viabilizados pelos Programas de Governo. • Função: pode ser traduzida como o maior nível de agregação das diversas áreas de atuação do setor público, a qual está quase sempre relacionada com a missão institucional do órgão. 62 Unidade II • Subfunção: representa um nível de agregação imediatamente inferior à função e deve evidenciar a natureza de cada área da atuação governamental. Classificação por estrutura programática Toda ação do Governo está estruturada em programas orientados para a realização dos objetivos estratégicos definidos no Plano Plurianual (PPA) para o período de quatro anos. • Programa: pode ser entendido como o instrumento de organização da atuação governamental, pois articula um conjunto de ações que concorrem para um objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores fixados no PPA, visando à solução de um problema ou ao atendimento de uma necessidade ou demanda da coletividade. • Ação: são operações das quais resultam produtos (bens ou serviços), que contribuem para atender ao objetivo de um programa. Incluem-se também no conceito de ação as transferências obrigatórias ou voluntárias a outros entes da Federação e a pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsídios, subvenções, auxílios, contribuições e financiamentos, entre outros. As ações, conforme suas características podem ser classificadas como atividades, projetos ou operações especiais (BRASIL, 2020). — Atividade: é um instrumento de programação utilizado para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto ou serviço necessário à manutenção da ação de Governo. Exemplo: “fiscalização e monitoramento das operadoras de planos e seguros privados de assistência à saúde”. — Projeto: é um instrumento de programação utilizado para alcançar o objetivo de um programa envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de Governo. Exemplo: “implantação da rede nacional de bancos de leite humano”. — Operação especial: despesas que não contribuem para a manutenção, expansão ou aperfeiçoamento das ações de governo, das quais não resulta um produto, e não gera contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. • Subtítulo/localizador de gasto: representa o menor nível de categoria de programação e será detalhado por esfera orçamentária (fiscal, seguridade e investimento), grupo de natureza de despesa, modalidade de aplicação, identificador de resultado primário, identificador de uso e fonte de recursos, sendo o produto e a unidade de medida os mesmos da ação orçamentária. No caso da União, as atividades, projetos e operações especiais são detalhadas em subtítulos, utilizados especialmente para especificar a localização física da ação, não podendo haver, por conseguinte, alteração da finalidade da ação, do produto e das metas estabelecidas. 63 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL • Componentes da programação física: meta física é a quantidade de produto a ser ofertado por ação, de forma regionalizada, se for o caso, num determinado período e instituída para cada ano. As metas físicas são indicadas em nível de subtítulo e agregadas segundo os respectivos projetos, atividades ou operações especiais. 6.1.2 Classificação da despesa orçamentária por natureza A natureza da despesa tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da mesma esfera de Governo ou por outro ente da Federação e suas respectivas entidades, e objetiva possibilitar a eliminação da dupla contagem dos recursos transferidos ou descentralizados. A classificação da despesa orçamentária, segundo a sua natureza, compõe-se dos seguintes itens. Estrutura da natureza da despesa orçamentária Tratam da classificação da despesa por categoria econômica e elementos e estabelece que os itens da discriminação da despesa orçamentária serão identificados por número de código decimal. O conjunto de informações que formam o código é conhecido como classificação por natureza da despesa e informa a categoria econômica da despesa, o grupo a que ela pertence, a modalidade de aplicação e o elemento. Essa estrutura deve ser observada na execução orçamentária de todas as esferas de governo. Segundo o MTO (BRASIL, 2020), o campo que se refere à natureza da despesa contém um código composto de oito algarismos, sendo que o 1º dígito representa a categoria econômica, o 2º o grupo de natureza da despesa, o 3º e o 4º dígitos representam a modalidade de aplicação, o 5º e o 6º o elemento de despesa e o 7º e o 8º dígitos representam o desdobramento facultativo do elemento de despesa (subelemento): Quadro 5 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º Categoria econômica Grupo de natureza de despesa Modalidade de aplicação Elemento de despesa Subelemento Fonte: Brasil (2019). Por categoria econômica: a despesa orçamentária, assim como a receita orçamentária, é classificada em duas categorias econômicas. O artigo 12 da Lei n. 4.320/1964 classifica a despesa nas seguintes categorias econômicas: • Despesas correntes. • Despesas de capital. 64 Unidade II Essa classificação das categorias econômicas tende a direcionar os desembolsos financeiros respeitando as categorias, ou seja, as receitas correntes devem ser utilizadas para gastos relacionados nas despesas correntes, assim como as receitas de capital precisam suprir as despesas de capital.• Despesas correntes: são aquelas que não contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital, ou seja, referem-se aos gastos operacionais da administração pública para a manutenção da máquina administrativa. • Despesas de capital: são aquelas que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital, como a criação de novos bens de capital ou mesmo de adquirir bens de capital em uso pelo Estado. Pode-se afirmar que elas representam aumento do patrimônio público ou que tem por objetivo cobrir os gastos públicos. Por grupo de natureza da despesa (GND): é um agregador de elemento de despesa com as mesmas características quanto ao objeto de gasto, conforme a seguir: • Pessoal e encargos sociais: despesas orçamentárias com pessoal ativo e inativo e pensionistas, relativas a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias. • Juros e encargos da dívida: despesas orçamentárias com o pagamento de juros, comissões e outros encargos de operações de crédito internas e externas contratadas, bem como da dívida pública mobiliária. • Outras despesas correntes: despesas orçamentárias com aquisição de material de consumo, pagamento de diárias, contribuições, subvenções, auxílio-alimentação, auxílio-transporte, além de outras despesas da categoria econômica “despesas correntes” não classificáveis nos demais grupos de natureza de despesa. • Investimentos: despesas orçamentárias com o planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados necessários à realização delas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente. • Inversões financeiras: despesas orçamentárias com a aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização; aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital; e com a constituição ou aumento do capital de empresas, além de outras despesas classificáveis nesse grupo. • Amortização da dívida: despesas orçamentárias com o pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualização monetária ou cambial da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária. Por modalidade de aplicação: tem a finalidade de indicar se os recursos são aplicados diretamente pelo órgão ou se o recurso é proveniente de transferência de outro órgão, eliminando assim a duplicação na contagem dos recursos transferidos ou descentralizados. 65 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Quadro 6 – Códigos e modalidades de aplicação Modalidade de aplicação 20 Transferências à União 22 Execução orçamentária delegada à União 30 Transferências a estados e ao Distrito Federal 31 Transferências a estados e ao Distrito Federal – Fundo a Fundo 32 Execução orçamentária delegada a estados e ao Distrito Federal 35 Transferências fundo a fundo aos estados e ao Distrito Federal à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar n. 141, de 2012 36 Transferências fundo a fundo aos estados e ao Distrito Federal à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar n. 141, de 2012 40 Transferências a municípios 41 Transferências a municípios – fundo a fundo 42 Execução orçamentária delegada a municípios 45 Transferências fundo a fundo aos municípios à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar n. 141, de 2012 46 Transferências fundo a fundo aos municípios à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar n. 141, de 2012 50 Transferências a instituições privadas sem fins lucrativos 60 Transferências a instituições privadas com fins lucrativos 67 Execução de contrato de parceria público-privada – PPP 70 Transferências a instituições multigovernamentais 71 Transferências a consórcios públicos mediante contrato de rateio 72 Execução orçamentária delegada a consórcios públicos 73 Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato de rateio à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar n. 141, de 2012 74 Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato de rateio à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar n. 141, de 2012 75 Transferências a Instituições multigovernamentais à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar n. 141, de 2012 76 Transferências a instituições multigovernamentais à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar n. 141, de 2012 80 Transferências ao exterior 90 Aplicações diretas 91 Aplicação direta decorrente de operação entre órgãos, fundos e entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social 92 Aplicação direta de recursos recebidos de outros entes da federação decorrentes de delegação ou descentralização 93 Aplicação direta decorrente de operação de órgãos, fundos e entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social com consórcio público do qual o ente participe 94 Aplicação direta decorrente de operação de órgãos, fundos e entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social com consórcio público do qual o ente não participe 95 Aplicação direta à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar n. 141, de 2012 96 Aplicação direta à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar n. 141, de 2012 99 A definir Fonte: Brasil (2019). 66 Unidade II Por elemento de despesa orçamentária: tem a finalidade de identificar os objetos de gasto que a administração pública utiliza para atingir suas finalidades e é o último nível de detalhamento da despesa obrigatório uma vez que o desdobramento (subelemento) é facultativo. A relação dos elementos de despesa apresentada a seguir não contempla todas as despesas a eles inerentes: Quadro 7 Elementos de despesa 01 Aposentadorias do RPPS, reserva remunerada e reformas dos militares 03 Pensões do RPPS e do militar 04 Contratação por tempo determinado 05 Outros benefícios previdenciários do servidor ou do militar 06 Benefício mensal ao deficiente e ao idoso 07 Contribuição a entidades fechadas de previdência 08 Outros benefícios assistenciais do servidor ou do militar 10 Seguro desemprego e abono salarial 11 Vencimentos e vantagens fixas – pessoal civil 12 Vencimentos e vantagens fixas – pessoal militar 13 Obrigações patronais 14 Diárias – civil 15 Diárias – militar 16 Outras despesas variáveis – pessoal civil 17 Outras despesas variáveis – pessoal militar 18 Auxílio financeiro a estudantes 19 Auxílio-fardamento 20 Auxílio financeiro a pesquisadores 21 Juros sobre a dívida por contrato 22 Outros encargos sobre a dívida por contrato 23 Juros, deságios e descontos da dívida mobiliária 24 Outros encargos sobre a dívida mobiliária 25 Encargos sobre operações de crédito por antecipação da receita 26 Obrigações decorrentes de política monetária 27 Encargos pela honra de avais, garantias, seguros e similares 28 Remuneração de cotas de fundos autárquicos 29 Distribuição de resultado de empresas estatais dependentes 30 Material de consumo 31 Premiações culturais, artísticas, científicas, desportivas e outras 32 Material, bem ou serviço para distribuição gratuita 33 Passagens e despesas com locomoção 34 Outras despesas de pessoal decorrentes de contratos de terceirização 67 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Elementos de despesa 35 Serviços de consultoria 36 Outros serviços de terceiros – pessoa física 37 Locação de mão de obra 38 Arrendamento mercantil 39 Outros serviços de terceiros – pessoa jurídica 40 Serviços de tecnologia da informação e comunicação – pessoa jurídica 41 Contribuições 42 Auxílios 43 Subvenções sociais 45 Subvenções econômicas 46 Auxílio-alimentação 47 Obrigações tributárias e contributivas 48 Outros auxílios financeiros apessoas físicas 49 Auxílio-transporte 51 Obras e instalações 52 Equipamentos e material permanente 53 Aposentadorias do RGPS – área rural 54 Aposentadorias do RGPS – área urbana 55 Pensões do RGPS – área rural 56 Pensões do RGPS – área urbana 57 Outros benefícios do RGPS – área rural 58 Outros benefícios do RGPS – área urbana 59 Pensões especiais 61 Aquisição de imóveis 62 Aquisição de produtos para revenda 63 Aquisição de títulos de crédito 64 Aquisição de títulos representativos de capital já integralizado 65 Constituição ou aumento de capital de empresas 66 Concessão de empréstimos e financiamentos 67 Depósitos compulsórios 70 Rateio pela participação em consórcio público 71 Principal da dívida contratual resgatado 72 Principal da dívida mobiliária resgatado 73 Correção monetária ou cambial da dívida contratual resgatada 74 Correção monetária ou cambial da dívida mobiliária resgatada 75 Correção monetária da dívida de operações de crédito por antecipação de receita 76 Principal corrigido da dívida mobiliária refinanciado 77 Principal corrigido da dívida contratual refinanciado 81 Distribuição constitucional ou legal de receitas 82 Aporte de recursos pelo parceiro público em favor do parceiro privado decorrente de contrato de parceria público-privada – PPP 68 Unidade II Elementos de despesa 83 Despesas decorrentes de contrato de parceria público-privada – PPP, exceto subvenções econômicas, aporte e fundo garantidor 84 Despesas decorrentes da participação em fundos, organismos, ou entidades assemelhadas, nacionais e internacionais 91 Sentenças judiciais 92 Despesas de exercícios anteriores 93 Indenizações e restituições 94 Indenizações e restituições trabalhistas 95 Indenização pela execução de trabalhos de campo 96 Ressarcimento de despesas de pessoal requisitado 97 Aporte para cobertura do déficit atuarial do RPPS 98 Compensações ao RGPS 99 A classificar Fonte: Brasil (2019). 6.2 Despesa extraorçamentária É a despesa que não consta da lei do orçamento (LOA), ou seja, não está vinculada a uma autorização legislativa. Sua realização não se vincula à execução orçamentária, compreendendo as diversas saídas compensatórias no ativo e no passivo financeiro decorrentes de levantamento de depósitos, cauções, pagamento de restos a pagar, resgate de operações de crédito por antecipação da receita, bem como quaisquer valores que se revistam de características de simples transitoriedade, recebidos anteriormente e que, na oportunidade, constituíram receitas extraorçamentárias. A seguir são detalhados os principais eventos de natureza extraorçamentária. • Devolução de valores de terceiros (caução/depósitos): as cauções/depósitos constituem garantias fornecidas pelo contratado e têm como objetivo assegurar a execução do contrato celebrado com o poder público. Ao término do contrato, se cumprido com todas as obrigações, o valor será devolvido, registrando-se a baixa da exigibilidade do passivo financeiro surgida com o seu recebimento. • Recolhimento de consignações/retenções: as consignações são valores retidos (descontados) das despesas orçamentárias por força da lei, contratos, acordos etc. que ficam nos cofres públicos para posterior recolhimento à instituição pública ou privada. • Pagamento das operações de crédito por antecipação de receita orçamentária (ARO): pagamento de antecipações de receitas orçamentárias para atender a insuficiência de caixa tomada dentro do exercício financeiro para suprir déficit financeiro e deverá ser quitada até o dia 10 de dezembro de cada ano. Tais pagamentos não necessitam de autorização orçamentária. 69 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL • Pagamentos de salário-família, salário-maternidade e auxílio-natalidade: os benefícios da Previdência Social adiantados pelo empregador, por força de lei, têm natureza extraorçamentária e, posteriormente, serão objeto de compensação ou restituição. • Pagamento de restos a pagar: são as saídas para pagamentos de despesas de exercícios anteriores. O seu pagamento deverá ser efetuado nos próximos exercícios por meio de despesa extraorçamentária, não podendo ser orçamentária, pois já foi apropriada na execução orçamentária do exercício anterior. 6.3 Créditos adicionais De acordo com art. 40 da Lei n. 4.320/1964, os créditos adicionais são autorizações de despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento. Os créditos adicionais são abertos durante a execução do orçamento para a efetivação de ajustes ou adição de novas dotações orçamentárias não consignadas na LOA. São requeridos considerando que, durante o exercício financeiro, ocorram fatos novos que provocam o surgimento de novas necessidades e/ou ampliam as existentes, há necessidade de se redimensionar o planejamento anterior, definindo novas autorizações para a execução dos programas de trabalho. Observação Sempre que ocorre a criação de um crédito adicional, será necessário que haja recursos disponíveis, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal (BRASIL, 2000). Os créditos adicionais classificam-se em: • Suplementares: destinados a reforço de dotação orçamentária já existente, geralmente ao nível de grupos de despesas por natureza insuficiente, isto é, haverá uma complementação direta de um tipo de despesa que já havia sido discriminada no orçamento público. • Especiais: destinados para despesas que não estavam relacionadas no orçamento e são para a cobertura de despesas eventuais ou essenciais e, por isso mesmo, não consideradas no orçamento. • Extraordinários: destinados somente a atender despesas imprevisíveis e urgentes como em casos de guerra, comoção interna ou calamidade pública. Os créditos suplementares e especiais dependem de autorização legislativa, ao passo que os extraordinários são abertos por decreto do Executivo, que deles dará ciência imediata ao Legislativo. Os créditos adicionais, uma vez aprovados, incorporam-se ao orçamento do exercício. 70 Unidade II 6.3.1 Recursos para a abertura de créditos adicionais Os créditos suplementares e especiais somente poderão ser abertos se houver recursos para lastrear a despesa, mediante prévia exposição justificativa. Ressalte-se que os créditos extraordinários estão excetuados da exigência legal quanto à existência de recursos disponíveis, mas a sua abertura deve ser precedida do reconhecimento expresso de uma das situações que o justifiquem. Consideram-se recursos disponíveis para fins de abertura de créditos suplementares e especiais, conforme disposto no §1º do art. 43 da Lei n. 4.320/1964: • o superávit financeiro apurado no Balanço Patrimonial do exercício anterior; • os provenientes de excesso de arrecadação; • os resultantes da anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou créditos adicionais, autorizados em Lei; • o produto de operações de crédito autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao poder executivo realizá-las. 6.4 Etapas (estágios) da despesa orçamentária Não há um consenso na literatura sobre as etapas (estágios) da despesa orçamentária. O que se pode definir é que são as etapas que devem ser observadas na realização da despesa pública. O MCASP (BRASIL, 2019) divide-as em etapas do planejamento (fixação da despesa, descentralização de créditos orçamentários e programação orçamentária e financeira e processo de licitação e contratação) e etapas de execução (empenho, em liquidação, liquidação e pagamento). Segue o detalhamento das etapas do planejamento e de execução, segundo o MCASP (BRASIL, 2019). 6.4.1 Planejamento A etapa do planejamento abrange, de modo geral, toda a análise para a formulação do plano e ações governamentais que servirão de base para a fixação da despesa orçamentária, a descentralização/ movimentação de créditos, a programação orçamentária e financeira e o processo de licitação e contratação. Fixação da despesa A fixação da despesa refere-se aos limites de gastos, incluídosnas leis orçamentárias com base nas receitas previstas, a serem efetuados pelas entidades públicas. A fixação da despesa orçamentária insere-se no processo de planejamento e compreende a adoção de medidas em direção a uma situação idealizada, tendo em vista os recursos disponíveis e observando as diretrizes e prioridades traçadas pelo governo. 71 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL O processo da fixação da despesa orçamentária é concluído com a autorização dada pelo poder legislativo por meio da lei orçamentária anual, ressalvadas as eventuais aberturas de créditos adicionais no decorrer da vigência do orçamento. Descentralizações de créditos orçamentários As descentralizações de créditos orçamentários ocorrem quando for efetuada movimentação de parte do orçamento, mantidas as classificações institucional, funcional, programática e econômica, para que outras unidades administrativas possam executar a despesa orçamentária. As descentralizações de créditos orçamentários não se confundem com transferências e transposição, pois: • Não modificam a programação ou o valor de suas dotações orçamentárias (créditos adicionais); • Não alteram a unidade orçamentária (classificação institucional) detentora do crédito orçamentário aprovado na lei orçamentária ou em créditos adicionais. Programação orçamentária e financeira A programação orçamentária e financeira consiste na compatibilização do fluxo dos pagamentos com o fluxo dos recebimentos, visando ao ajuste da despesa fixada às novas projeções de resultados e da arrecadação. A LRF definiu procedimentos para auxiliar a programação orçamentária e financeira nos arts 8º e 9º: Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4º, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso. [...] Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. Processo de licitação e contratação O processo de licitação compreende um conjunto de procedimentos administrativos que objetivam adquirir materiais, contratar obras e serviços, alienar ou ceder bens a terceiros, bem como fazer concessões de serviços públicos com as melhores condições para o Estado, observando os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e de outros que lhe são correlatos. 72 Unidade II A Constituição Federal de 1988 estabelece a observância do processo de licitação pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, conforme disposto no art. 37, inciso XXI: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. A Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, estabelecendo normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações. 6.4.2 Execução A execução da despesa orçamentária se dá em três estágios, na forma prevista na Lei n. 4.320/1964: empenho, liquidação e pagamento. 6.4.2.1 Empenho Empenho, segundo o art. 58 da Lei n. 4.320/1964, é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado a obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Consiste na reserva de dotação orçamentária para um fim específico. O empenho será formalizado mediante a emissão de um documento denominado nota de empenho, no qual deve constar o nome do credor, a especificação do credor e a importância da despesa, bem como os demais dados necessários ao controle da execução orçamentária. Embora o art. 61 da Lei n. 4.320/1964 estabeleça a obrigatoriedade do nome do credor na nota de empenho, em alguns casos, como na folha de pagamento, torna-se impraticável a emissão de um empenho para cada credor, tendo em vista o número excessivo de credores (servidores). Caso não seja necessária a impressão da nota de empenho, ele ficará arquivado em banco de dados, em tela com formatação própria e modelo oficial, a ser elaborado por cada ente da Federação em atendimento às suas peculiaridades. 73 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Quando o valor empenhado for insuficiente para atender à despesa a ser realizada, o empenho poderá ser reforçado. Caso o valor do empenho exceda o montante da despesa realizada, o empenho deverá ser anulado parcialmente. Será anulado totalmente quando o objeto do contrato não tiver sido cumprido, ou ainda, no caso de ter sido emitido incorretamente. Os empenhos podem ser classificados em: • Ordinário: é o tipo de empenho utilizado para as despesas de valor fixo e previamente determinado, cujo pagamento deva ocorrer de uma só vez. • Estimativo: é o tipo de empenho utilizado para as despesas cujo montante não se pode determinar previamente, tais como serviços de fornecimento de água e energia elétrica, aquisição de combustíveis e lubrificantes e outros. • Global: é o tipo de empenho utilizado para despesas contratuais ou outras de valor determinado, sujeitas a parcelamento, como, por exemplo, os compromissos decorrentes de aluguéis. Anulação dos empenhos O empenho da despesa não liquidada será considerado, em 31 de dezembro, anulado, exceto se: • Vigente o prazo para cumprimento da obrigação. • Interesse da administração exigir o cumprimento da obrigação. • Transferências às instituições públicas e privadas. • Compromisso assumido no exterior. No decorrer do exercício, poderá ocorrer a anulação de empenho por: • Erro na emissão do empenho. • Serviço contratado não realizado. • Material encomendado não entregue. 6.4.2.2 Em liquidação Essa fase não consta na Lei n. 6.432/1964 e foi introduzida com o advento do plano de contas aplicado ao setor público em função de se tornar possível o processo de convergência às normas contábeis internacionais, IPSAS. Isso demonstra-se com a desvinculação do reconhecimento do fato gerador da execução orçamentária, empenho ou liquidação da despesa. 74 Unidade II Ao incluir essa fase da execução da despesa – em liquidação –, busca-se o registro contábil no patrimônio de acordo com a ocorrência do fato gerador, não do empenho. Essa regra possibilita a separação entre os empenhos não liquidados que possuem fato gerador dos que não possuem, evitando assim a dupla contagem para fins de apuração do passivo financeiro. Quanto aos demais lançamentos no sistema orçamentário e de controle, permanecem conforme a Lei n. 4.320/1964. 6.4.2.3 Liquidação Conforme dispõe o art. 63 da Lei n. 4.320/1964, a liquidação consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito e tem por objetivo apurar: § 1º Essa verificação tem por fim apurar: I – a origem e o objeto do que se deve pagar; II – a