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1 Anatomia do Tronco Encefálico O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se ventralmente ao cerebelo. Ele se situa sobre a parte basal do osso occipital, ocupando o espaço mais anterior da fossa intracraniana posterior, se estendendo desde a medula até o diencéfalo. Na sua constituição entram corpos de neurônios que se agrupam em núcleos e fibras nervosas que, por sua vez, se agrupam em feixes denominados tratos, fascículos ou lemniscos. Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco encefálico. O tronco encefálico se divide em bulbo, situado caudalmente, mesencéfalo, situado cranialmente, e ponte, situada entre ambos. Bulbo O bulbo ou medula oblonga tem a forma de um tronco de cone cuja extremidade menor continua caudalmente com a medula espinal. O seu limite superior se faz em um sulco horizontal, o sulco bulbo-pontino, que corresponde a margem inferior da ponte. A superfície do bulbo é percorrida longitudinalmente por sulcos que continuam com os sulcos da medula. Estes sulcos delimitam as áreas anterior (ventral), lateral e posterior (dorsal) do bulbo. Na área ventral do bulbo observa-se a fissura mediana anterior, e de cada lado dela existe 2 uma eminência alongada, a pirâmide bulbar, formada por um feixe compacto de fibras nervosas descendentes que ligam as áreas motoras do cérebro aos neurônios motores da medula. Essa fissura termina cranialmente em uma depressão denominada forame cego. Na parte caudal fibras deste trato cruzam obliquamente o plano mediano em feixes interdigitados que obliteram a fissura mediana anterior e constituem a decussação das pirâmides (vermelho). Entre os sulcos lateral anterior e lateral posterior, temos a área lateral do bulbo, onde se observa uma eminência oval, a oliva (estrelas), formada por uma grande massa de substância cinzenta. Elas se ligam ao cerebelo pelas fibras olivo-cerebelares formadas pelo seu próprio núcleo. Elas estão envolvidas na aprendizagem motora. Ventralmente à oliva emergem, do sulco lateral anterior, os filamentos radiculares do nervo hipoglosso. Do sulco lateral posterior emergem os filamentos radiculares, que se unem para formar os nervos glossofaríngeo e vago, além dos filamentos que constituem a raiz craniana ou bulbar do nervo acessório, a qual se une com a raiz espinal, proveniente da medula. A metade caudal do bulbo ou porção fechada do bulbo é percorrida por um estreito canal, continuação direta do canal central da medula. Este canal se abre para formar o IV ventrículo, cujo assoalho é, em parte, constituído pela 3 metade rostral, ou porção aberta do bulbo. No óbex, a margem inferior do IV ventrículo, o sulco mediano posterior, divide-se para formar os limites inferiores desse ventrículo. O sulco mediano posterior termina a meia altura do bulbo e contribui para a formação dos limites laterais do IV ventrículo. Entre esse sulco e o sulco lateral posterior está situada a área posterior do bulbo, continuação do funículo posterior da medula e, como este, dividida em fascículo grácil e cuneiforme pelo sulco intermédio posterior, os quais estão envolvidos com propriocepção consciente (localização espacial do corpo) e a sensibilidade vibratória. Em virtude do aparecimento do IV ventrículo, os tubérculos do núcleo grácil e do núcleo cuneiforme afastam-se lateralmente como dois ramos de um V e gradualmente continuam para cima com o pedúnculo cerebelar inferior formado por um grosso feixe de fibras que fletem dorsalmente para penetrar no cerebelo. Ponte Ponte é a parte do tronco encefálico interposta entre o bulbo e o mesencéfalo. Está situada ventralmente ao cerebelo e repousa sobre a parte basilar do osso occipital e o dorso da sela túrcica do esfenoide. Ela forma a metade superior do pavimento do IV ventrículo, possui diversos núcleos de importantes nervos cranianos (trigêmeo, motor ocular externo, facial e auditivo) e serve como condutor para importantes vias ascendentes e descendentes. Sua base, situada ventralmente, apresenta estriação transversal em virtude da presença de numerosos feixes de fibras transversais que o percorrem. Estas fibras convergem de cada lado para formar um volumoso feixe, o pedúnculo cerebelar médio, que penetra no hemisfério cerebelar correspondente. No limite entre a ponte e o pedúnculo cerebelar médio, emerge o nervo trigêmeo, V par craniano. Percorrendo longitudinalmente a superfície ventral da ponte existe um sulco, o sulco basilar, que aloja a artéria basilar. 4 A parte ventral da ponte é separada do bulbo pelo sulco bulbo-pontino, de onde emergem de cada lado, a partir da linha mediana, o VI (nervo abducente), o VII (nervo facial) e o VIII (nervo vestibulococlear) pares cranianos. A parte dorsal da ponte não apresenta linha de demarcação com a parte dorsal da porção aberta do bulbo, constituindo, ambas, o assoalho do IV ventrículo. A ponte possui dois tipos de tratos, os transversos, que passam pelo meio dos pedúnculos cerebelares e conectam a ponte com o cerebelo, e os longitudinais, que conectam a medula espinal ao tronco encefálico superior, possuem as vias sensoriais e motoras, e possuem os tratos cortico- pontino e cortico-bulbar. Mesencéfalo O mesencéfalo interpõe-se entre a ponte e o diencéfalo. É atravessado por um estreito canal, o aqueduto cerebral (de Sylvius), que une o III e o IV ventrículo. Separa-se da ponte pelo sulco pontomesencefálico, ou pontino superior, e do cérebro por um plano que liga os corpos mamilares a comissura posterior. A parte do mesencéfalo situada dorsalmente ao aqueduto é o teto do mesencéfalo. Ventralmente ao teto estão os dois pedúnculos cerebrais que, por sua vez, se dividem em uma parte dorsal, predominantemente celular, o tegmento e outra ventral, formada de fibras longitudinais, a base do pedúnculo. No sentido transversal ele é constituído por 3 partes: porção dorsal ou teto do mesencéfalo, porção central ou tegmento do mesencéfalo, e porção ventral ou base do mesencéfalo (formada pelos pedúnculos cerebrais). Correspondendo à substância negra na superfície do mesencéfalo, existem dois sulcos longitudinais: um lateral, sulco lateral do mesencéfalo, e outro medial, sulco medial do pedúnculo cerebral. Do sulco medial emerge o nervo oculomotor, III par craniano. Teto do Mesencéfalo Em visão dorsal, o teto do mesencéfalo apresenta quatro eminências arredondadas, 5 os colículos superiores e inferiores, que compõem a lâmina quadrigêmea. Os colículos superiores estão separados dos inferiores pelo sulco transverso e o sulco ântero-posterior separa os do lado esquerdo dos do lado direito. Sendo que na extremidade superior do sulco ântero-posterior encontra- se a glândula pineal. Caudalmente a cada colículo inferior emerge o IV par craniano, nervo troclear. Os colículos se ligam a pequenas eminências ovais do diencéfalo, os corpos geniculados, através de estruturas alongadas que são feixes de fibras nervosas denominados braços dos colículos. O colículo inferior se liga ao corpo geniculado medial pelo braço do colículo inferior, e faz parte da via auditiva. O colículo superior se liga ao corpo geniculado lateral pelo braço do colículo superior, e faz parte da via óptica. Os colículos superiores participam das reações de orientação sensório-motora, isto é, as que posicionam os olhos e a cabeça em relação aos estímulos que provém do ambiente. Já os colículos inferiores recebem aferências do lemnisco lateral para o corpo geniculado medial, fazendo parte da via auditiva. Pedúnculos cerebrais Vistos ventralmente, os pedúnculos cerebrais aparecem como dois grandes feixes de fibras que surgem na borda superiorda ponte e divergem cranialmente para penetrar profundamente no cérebro. Delimitando, assim, uma profunda depressão triangular, a fossa interpeduncular, limitada anteriormente por duas eminências pertencentes ao diencéfalo, os corpos mamilares. Ela é atravessada por pequenos orifícios onde passam vasos, podendo denominar-se substância perfurada posterior.
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