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CASOS CLÍNICOS Departamento de Farmácia Disciplina: Toxicologia Clínica Estudo Dirigido sobre Animais Peçonhentos Caso Clínico 1 - Paciente de 19 anos, masculino, garçom, estava na beira de uma represa pescando quando foi picado por serpente em dorso de hálux D. Não soube reconhecer o animal. No local sentiu dor, visualizou apenas um ponto de picada com discreto sangramento. Cerca de 30 minutos após notou inchaço do pé e tornozelo, com área escura ao redor do local da picada. Nesse momento, amarrou a perna com um pedaço de pano, no 1/3 distal da perna e caminhou até a Unidade Básica de Saúde, onde chegou cerca de duas horas após, com edema até o meio da perna. Ao exame físico apresentava- se taquicárdico (FC= 112 bpm) e levemente hipertenso (PA= 140x90 mmHg). Foi medicado com analgésico EV devido à dor intensa e retirado o torniquete. Permaneceu em observação clínica sendo transferido para o hospital municipal somente 6 horas depois por não haver ambulância disponível. Manteve-se consciente durante todo o tempo, queixando-se de dor no membro picado; no trajeto notou aparecimento de sangue na boca. Chegou ao hospital consciente, porém pálido, mantendo sinais vitais normais. O exame físico mostrou gengivorragia discreta, edema 3+/4+ (do pé à coxa), equimose difusa até a virilha, dor nos segmentos edemaciados, e bolhas com conteúdo serossanguinolento em torno do local da picada. Exames laboratoriais evidenciavam sangue incoagulável. Como não havia identificado o animal causador do acidente, o médico optou por administrar 12 ampolas de soro antiofídico (botrópico-crotálico) diluídas em 200 ml de soro fisiológico. Quando faltavam 50 mL para o término da soroterapia, o paciente começou a apresentar coceira na barriga e tosse seca. A enfermeira foi chamada para atender a intercorrência, uma vez que o médico havia saído para atender emergência no ambulatório. A soroterapia foi suspensa até que as manifestações cedessem completamente após duas horas. No dia seguinte, as provas de coagulação se normalizaram, porém, o paciente teve piora do quadro local, iniciando um quadro febril no 3° dia. Permaneceu internado para tratamento desta complicação e acompanhamento cirúrgico que resultou na amputação do pé, no 17° dia. Recebeu alta 25 dias após a internação. Questões: a) De que tipo de acidente ofídico trata o caso em questão? R- Botrópico. Dentre as ações fisiopatológicas abaixo, assinale aquelas que permitiram o diagnóstico do envenenamento caracterizando-as pelas manifestações clínico laboratoriais correspondentes e apresentadas pelo paciente: ATIVIDADE MANIFESTAÇÃO(ES) APRESENTADA(S) PELO PACIENTE (x ) Inflamatória Presença de lesão endotelial e necrose no local da picada, que apontam liberação de mediadores inflamatórios (x ) Coagulante Acontece devido a atividade do tipo trombina, que converte o fibrinogênio em fibrina, e o consumo do fibrinogênio pode causar um quadro de incoagulabilidade sanguínea. ( ) Miotóxica (x ) Hemorrágica Em casos de acidente botrópico, verifica-se comumente sangramentos em pele e mucosas, por exemplo, a gengivorragia apresentada, além da presença de equimose. ( ) Neurotóxica b) Comente o caso e aponte os fatores que influenciaram o seu desfecho: O paciente passou cerca de 2 horas até receber atendimento adequado na Unidade Básica de Saúde. Durante este intervalo de tempo, o mesmo estava com um pedaço de pano, no 1/3 distal da perna, o que interfere na circulação sanguínea, podendo produzir necrose. Ademais, há a própria gravidade do acidente ofídico, que pode levar a sinais de isquemia local devido a compressão dos feixes vásculo-nervosos, em decorrência do edema apresentado. Caso Clínico 2 - Um paciente deu entrada no serviço de emergência alegando acidente por serpente há quatro horas, mas, não trouxe o animal. No local atingido (face lateral do pé esquerdo), observam- se as marcas das duas presas, sem edema e eritema discreto. Os exames laboratoriais mostravam: coagulograma normal, elevação de CK (creatinoquinase) e hemoglobinúria (+++). Clinicamente, o paciente queixava-se de mialgia generalizada e apresentava a manifestação abaixo (fascies neurotóxica). Com base no caso clínico acima responda as questões de nº 2.a, 2b e 2.c 2.a Relacione o aparecimento dessas manifestações, com base nas ações do veneno: a. Rabdomiólise ( c ) ocorre devido à ação neurotóxica do veneno que impede a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular b. Mialgia (a ) trata-se de mioglobinúria devido à ação miotóxica do veneno c. Fácies Miasténicas ( b ) devido à ação miotóxica do veneno que causa rabdomiólise e causa dor muscular. 2b. O quadro apresentado pelo paciente sugere acidente: a.Botrópico. b.Elapídico. c.Crotálico. d.Escorpiônico. e.Coleópteros. 2c. Assinale a alternativa correta para o tratamento específico neste tipo de agravo. a. Soro Antibotrópico. b. Soro Antielapídico. c. Soro Antilonômico d. Soro Anticrotálico e. Soro Antiaraquidônico Caso Clínico 3 - Um menino de 7 anos, foi picado por escorpião amarelo em hálux D ao calçar o sapato. Poucos minutos depois, a mãe levou-o à farmácia onde recebeu um antialérgico e um analgésico comum. Depois de 2 horas, ainda com muita dor, procurou uma UBS. No caminho, a criança apresentou náuseas, agitação desproporcional à intensidade da dor e sudorese profusa. Ao chegar à UBS, 3 horas após o acidente, estava pálido e agitado, sem lesão no local da picada e com diminuição da dor. Permaneceu em observação, mas, evoluiu com vômitos, taquidispneia e sonolência. Foi encaminhada ao hospital de referência, com sialorreia intensa e palidez cutânea generalizada, chegando após uma hora. Iniciada a terapia com soro antiescorpiônico evoluiu, poucos minutos depois, com parada cardiorrespiratória irreversível às manobras de ressuscitação. Assinales as alternativas que poderiam ter determinado a evolução do quadro. a. A idade do paciente. b. A espécie (T. serrulatus). c. O tempo decorrido entre o acidente e a soroterapia. d. Todas as alternativas estão CORRETAS. e. Todas as alternativas estão ERRADAS. QUESTÕES 1° Quesito- A ASSOCIAÇÃO mais adequada quanto à gravidade nos envenenamentos por animais peçonhentos é: SINAL / SINTOMA ANIMAL a mioglobinúria 1 Tityus serrulatus b síndrome compartimental 2 Crotalus c anemia hemolítica 3 Lonomia d síndrome hemorrágica 4 Loxosceles e edema agudo de pulmão 5 Bothrops RESPOSTA: a-2, b-5, c-4, d-3, e-1 2° Quesito - Qual o tipo de tratamento você indicaria nos acidentes escorpiônicos com alterações sistêmicas do tipo taquicardia, sudorese e vômitos: a. Tratamento Específico - Soro antibotrópico (SAB). b.Tratamento Específico Soro antiaracnídico (SAAr) ou antiescorpiônico (SAEs). c.Tratamento Específico – apenas o soro ou antiescorpiônico (SAEs). d.Administração de anestésicos sem vasoconstrictor, tipo lidocaína 2%, injetados no local da picada ou por bloqueio. e.Administração de analgésicos por via oral ou parenteral, dependendo da dor. 3° Quesito - Sobre os princípios da SOROTERAPIA nos envenenamentos ofídicos, assinale as alternativas CORRETAS, nas questões 3a e 3b. 3a - Uma vez indicada, a soroterapia deve ser administrada o mais brevemente possível. a. A dose utilizada não é igual para adultos, mulheres grávidas e crianças e depende da gravidade do caso. b. O soro deve ser administrado em dose única. c. O antiveneno nunca deve ser administrado diluído em Soro Fisiológico ou Soro Glicosado. d. No Brasil, assume-se que a recuperação dos parâmetros da coagulação deve ocorrer nas primeira 24 horas após o termino da administração do soro. e. Nos acidentes por serpentes cuja as manifestações sistêmicas são decorrentes de atividades mio e neurotóxicas, como nos acidentes Crotálicos e Elapídicos, deve ser repetida a dose inicialmente administrada. 3b - Atualmente, a via adequada para a administração dos soros antipeçonhentos é: a. Subcutânea. b. Intramuscular. c. Dérmica. d. Endovenosa. e. Região anterior da coxa ou na fase internaou externa. 4°Quesito Enquanto estava trabalhando no roçado, M.P.T., 40 anos, sexo feminino, foi picada por uma serpente desconhecida em pé esquerdo. A paciente foi socorrida e levada ao hospital de referência mais próximo em menos de 2h. Ao ser examinada, apresentava dois pontos de inoculação visíveis, dor, equimose local e edema (++/++++) em 1 segmento. Negou patologias prévias, alergias ou uso de medicamentos, referindo estar com leve cefaleia e sentir “gosto de sangue na boca”. Os exames laboratoriais revelaram que a mesma estava com alterações no coagulograma I e II, com resultados incoaguláveis. Diante dos achados, marque a alternativa correta sobre o diagnóstico do caso e a conduta soroterápica a ser tomada: a) Acidente botrópico, classificado como quadro leve, sendo indicado o uso de 3 ampolas de SAB. b) Acidente crotálico, classificado como quadro moderado, sendo indicado o uso de 10 ampolas de SAC. c) Acidente elapídico, classificado como quadro moderado, sendo indicado o uso de 5 ampolas de SAEla. d) Acidente botrópico, classificado como quadro grave, sendo indicado o uso de 12 ampolas de SAB. e) Acidente crotálico, classificado com quadro grave, sendo indicado o uso de 20 ampolas de SAB.