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Victor Lima FISIOPATOLÓGIA Victor Lima 1 1 Introdução DEFINIÇÃO uma lesão tecidual decorrente de trauma térmico, elétrico, químico ou radioativo, que destrói parcialmente ou totalmente a pele e seus anexos, podendo alcançar camadas mais profundas como o tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos. ATENDIMENTO PRIMÁRIO • Paciente com nível baixo de consciência deve ser realizado uma intubação; • Raros os casos que queimaduras causadas por de descargas elétricas e/ou intoxicação grave por monóxido de carbono(CO), em raros casos necessita de ressuscitação cardiorrespiratório • Irrigar corpo com água a temperatura ambiente; • Acesso venoso • Deve-se estimar a superfície queimada pela regra de Wallece (regra dos nove) e a assim fazer a reposição volêmica por meio do Ringer lactato através da fórmula de Parkland(peso X Porcentagem de área queimada / 8) , ministradas após as oito primeiras horas após a queimadura Endotraquial PORCENTAGEM DAS ÁREAS QUEIMADAS( Wallece) FÓRMULA DE PARKLAND Para queimaduras de 2º e 3º graus Victor Lima FISIOPATOLÓGIA Victor Lima 2 CONSEQUÊNCIAS NA PELE A lâmina Basal que divide a epiderme da derme delimita até onde o tecido é lesado e tem condições de se regenerar sem ter perdas de funções fisiológicas. Assim, quando se é lesado a derme a comprometimento do folículo piloso, das glândulas e há a cicatrização do local. Dessa forma, tem-se a lesão e a pele: 2. Graus de queimadura 1ºGrau • Compromete somente a epiderme; • Apresenta eritema, rubor, dor; • Não há formação de bolhas(flictena); • Evolui com descamação em poucos dias; • Regride sem cicatrizes; • Há pouca repercussão sistêmica; 2º Grau Victor Lima FISIOPATOLÓGIA Victor Lima 3 • Compromete totalmente a epiderme e parte da derme; • Apresenta dor, eritema, edema, bolhas(flictena), erosão e ulceração; • Há regeneração espontânea; • A cicatrização é mais lenta (2 ~4 semanas); • Pode deixar sequelas, como discromia(superficial)[ alteração na pigmentação] e cicatrização; 3º Grau • Acomete todos as camadas da pele, inclusive a subcutânea, podendo lesar tendões, ligamentos, ossos e músculos; • É indolor (mas como vem com queimaduras de 2ºgrau contém dor)- indolor pois perdeu os sensores de dor; • Causa lesão branca ou marrom, seca, dura e inelástica(branca nacarada); • Não há regeneração espontânea, necessário enxerto • Eventualmente pode cicatrizar, porém com retração das bordas • Se necessário uma Escarotomia – retirada de tecido duro, auxiliado na liberação de pressão 4ª Grau • Acometem toda a espessura da pele, tecido celular subcutâneo e alcançam tecidos profundos como músculo e ossos. Exemplo típico é a queimadura elétrica; • Prejudica ossos, articulações( extensoras e flexão). OBS: • Sinequias: quando um tecido adere a outro; • O grau da queimadura que confere pior ou menos pior prognóstico • Por passar hipovolemia o paciente estar “chocado” 3. Fisiopatologia das Lesões Térmicas → Aumento da permeabilidade capilar; → Extravasamento de plasma para o extracelular; → Edema 36 horas; → Hipovolemia; → Vasoconstrição; → Hemoconcentração; → Aumento da frequência cardíaca; → Alterações cardíacas; → Histamina,serotonina, prostaglandina,cininas → Diminuição da pressão oncótica intravascular; → Aumento da pressão coloide extravascular; → Aumento da viscosidade do sangue sanguínea; → Desnutrição e diminuição da meia-vida de células vermelhas 4. Alterações Fisiológicas Alterações Hemodinâmicas → Liberação de substâncias vasoativas; → Perda de líquidos e proteínas para extravascular; → Edema (36 a 48 horas); → Diminuição do débito cardíaco Alterações Hematológicas → Perda de plasma inicial; → Perda da massa eritrocitária (8 a 12% ao dia); → Desvio do metabolismo proteico-menor produção de hemácias- maior produção de fibras para cicatrização( reepitelização) Victor Lima FISIOPATOLÓGIA Victor Lima 4 Alterações Endócrinas → Inicialmente se tem: níveis elevados de glucagon cortisol e catecolaminas e níveis diminuídos de insulina e tri-iodotirosina ( T3) → Após hidratação: inversão e inicio do anabolismo Alteração gástricas → Íleo paralítico- mais de 25% de área queimada ( devido a vasoconstrição do estado chocado do paciente) → 3º ao 5º dia retoma a peristalse Alterações Imunológicas → Principal causa de morte – infecção.; → Perda da barreira natural da pele → Necrose → Depressão imunológica 5. Vias áreas EVIDÊNCIAS DE ENVOLVIMENTO DA VIA AÉREA INTOXICAÃO POR MONOÓXIDO DE CARBONO O CO possui uma afinidade pela hemoglobina 240 vezes superior ao do oxigênio. As manifestações clínicas da intoxicação estão na dependência dos níveis de carboxi- hemoglobina (COHb) no sangue, que por sua vez, estão diretamente relacionados ao tempo de exposição a fumaça: REPOSIÇÃO VOLÊMICA A reposição volêmica, se ainda não iniciada no atendimento pré-hospitalar, deve começar com Ringer lactato conforme a fórmula: peso x SCQ/8, por hora. É aconselhável passagem de cateter vesical de Foley para a medida da diurese horária, que representa o melhor parâmetro para acompanharmos a reposição de volume. O débito urinário deve ser mantido em torno de 0,5 a 1 ml/kg/h e em 1 ml/kg/h em crianças com 30 kg ou menos. 6. Resposta Imune Ocorre na área queimada, a produção de Fator Necrose Tumural-Alfa (TNF-alfa), Interleucinas-1 (IL- 1) e interleucinas- 6 (IL-6 ) As Interleucinas 1 e 6 promovem a quimioativação dos neutrófilos e em especial a 6 promoverá a síntese proteica Os níveis de interleucinas- 2 encontram deprimidos comprometendo a resposta imune Victor Lima FISIOPATOLÓGIA Victor Lima 5 7. Tratamento QUEIMADURA PARCIAL O primeiro atendimento deve consistir de: → Anamnese: como, quando, onde e com o que ocorreu a queimadura; → Analgesia; → Comprovação da imunização antitetânica; → Limpeza da superfície queimada com clorexidine 1%; → Curativo primário não aderente com murim com AGE; · → Curativo secundário absorvente com chumaços de gaze; · → Curativo terciário com ataduras e/ou talas para conforto. As bolhas íntegras quando presentes no primeiro curativo, se o tempo decorrido da queimadura até o atendimento for menor que 1 hora: devem ser aspiradas com agulha fina estéril, mantendo-se íntegra a epiderme como uma cobertura biológica à derme queimada, já que a retirada do líquido da flictena remove também os mediadores inflamatórios presentes, minimizando a dor e evitando o aprofundamento da lesão; se maior que 1 hora: manter a flictena íntegra; se a flictena estiver rota: fazer o desbridamento da pele excedente. Após 48 horas o curativo deve ser trocado com degermação da superfície queimada e curativo fechado com sulfadiazina de prata creme ou, preferencialmente, por coberturas que permaneçam por 5 a 7 dias, evitando a troca freqüente, pois dessa forma, os queratinócitos diferenciados a partir da membrana basal não são removidos, mantendo o processo de reepitelização. É recomendável que os QUEIMADURA TOTAL O tecido queimado deve ser tratado com degermação – balneoterapia diária com clorexidina 1% – e uso de agentes antimicrobianos como sulfadiazina de prata para evitar a proliferação bacteriana no tecido queimado. Concentrações muito baixas são letais para a maioria dos microrganismos, agindo na membrana celular e na parede celular bacteriana. Após o enxágüe da clorexidina, ela é aplicada em uma camada fina, sobre a superfície queimada. O tratamento deve ser contínuo, com aplicação 1 vez ao dia, após o banho. Está sempre indicada a excisão e enxertiade pele, portanto o usuário deverá ser encaminhado ao hospital para a realização do procedimento.
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