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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Epidemiologia Brasil ● Acidentes como 3ª causa de morte mais comum O trauma é decorrente da atuação de energias externas contra um organismo de forma tão intensa que provoca lesões. ● Politraumatizado → lesões em 2+ sistemas de órgãos (tórax, abdome, trauma cranioencefálico, fratura de ossos longos) + uma dessas lesões causando risco de vida para o pcte Distribuição trimodal ● 1 º momento→ morte imediata (segundos a minutos) ○ 50% das mortes ○ A única coisa a ser feita é a prevenção ● 2º momento → inclui golden hour → minutos -24h → potencial de cura ○ 30% das mortes ○ ATLS ● 3º momento→ >24h→ complicações ○ 20% da mortalidade ○ Boa medicina Descrição das Fraturas Localização anatômica (terços proximal, médio e distal da diáfise, subtrocantérica, supracondiliana, de colo etc.); direção do traço de fratura (em espiral, oblíqua, transversa); se linear ou multifragmentar: não desviada ou desviada (valgo, varo, cavalgamento, desvio angular anterior e posterior e rotacional). São utilizados também outros termos mais específicos, como fratura em galho verde nas crianças, que são fraturas incompletas que deixam uma cortical intacta, e fraturas impactadas, quando a cortical penetra no osso esponjoso, como no colo umeral e no acunhamento vertebral. As fraturas podem ser também expostas, quando há comunicação com o meio externo, ou fechadas. Cinemática Biomecânica do trauma→ mecanismo do trauma. ● Se sei a biomecânica do trauma, consego prever a cinemática → o que ocorreu a partir do mecanismo do trauma. A biomecânica do trauma é o processo de vistoria do local do incidente para determinar que lesões possam ter resultado das forças e da movimentação envolvidas. Prevenção de lesões ● Pré-colisão → eventos que precedem o acidente, como ingestão de álcool, drogas, doenças pré-existentes, estado mental do doente. ● Colisão → entre um objeto em movimento e o segundo objeto (podendo estar em movimento ou não). ● Pós-colisão →após a colisão ocorre absorção da energia e o doente é traumatizado. Mecanismo de trauma ● Densidade → peso de quem está envolvido na cena e do peso dos carros. Ex.: carro de passeio e uma carreta. O carro de passeio terá um maior impacto ● Desaceleração → Velocidade entre a vítima e veículo até a velocidade 0. ● Área de contato ○ Trauma contuso → evidência mais lesões internas. → Resultante do impacto do corpo contra uma superfície. Em sua grande maioria são provocados por acidentes automobilísticos, quedas, agressões, traumas esportivos, atropelamentos ○ Trauma penetrante→ penetra a pele. 1 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Colisão de veículos Colisão automobilística ● Impacto frontal ○ Quem tiver mais rápido sofre maior impacto. ○ 2 trajetórias possíveis: trajetória por cima ou por baixo. ○ Trajetória por cima → fronte com parabrisa, tórax e abdome com volante e pescoço por compressão. ○ Trajetória por baixo: fronte em direção ao painel, lesão de joelho, tíbia e fêmur. ○ A densidade do caminhão é muito maior do que a do carro. Dessa forma, toda a energia do carrinho será absorvida pelo caminhão e devolvida para o carro. Ou seja, é bem pior. ○ Lesões esperadas: ■ Fratura de coluna cervical; ■ Tórax instável anterior; ■ Contusão miocárdica; ■ Pneumotórax; ■ Secção de aorta; ■ Lesão de baço ou fígado; ■ Fratura ou luxação de quadril e/ou de joelho e tornozelo; ■ Ejeção. ● Impacto traseiro ○ Lesões esperadas → Lesão da coluna por hiperextensão (chicote). ● Impacto lateral ○ O ocupante pode sofrer lesões de 3 formas: ■ Pelo impacto do carro ■ Pelo impacto de outros passageiros não contidos ■ Pela projeção da porta para dentro do compartimento do passageiro à medida que ela se dobra. ○ Lesões esperadas: ■ Fratura de clavícula; ■ Fratura de costelas; ■ Contusão pulmonar; ■ Pneumotórax; ■ Compressão de órgãos sólidos; ■ Entorse contralateral do pescoço; ■ Fratura de coluna cervical (flexão lateral e rotação em relação ao tronco); ■ Fratura de pelve ou acetábulo. ● Capotamento com ou sem ejeção da vítima ○ Lesões esperadas: ■ Lesões variadas derivadas dos diferentes impactos sofridos; ■ Lesões de órgãos internos mesmo com uso de restritores de segurança; ■ Ejeção. Colisões de motocicletas ● Avaliar o impacto, a velocidade dos veículos, o uso de capacete e de roupas protetoras. ● Lesões esperadas: ○ Traumatismo craniano; ○ Traumatismo raquimedular; ○ Lesões de MMII; ○ Lesões torácicas e abdominais; ○ Fraturas das extremidades inferiores. Atropelamento ● Avaliar: ○ 3 impactos no adulto: contra MMII e quadris; tronco contra capô; paciente contra o chão. 2 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Peso e atura do paciente em relação à altura do veículo. ● Lesões esperadas: ○ Traumatismo craniano ○ Traumatismo raquimedular; ○ Lesões torácicas e abdominais; ○ Fraturas das extremidades inferiores; ○ Ejeção. Na prática clínica, a taxa de aplicação de força ou tensão é a principal responsável pela magnitude da lesão óssea e tecidos moles quando ocorre a fratura, portanto traumas de baixa energia cinética são geralmente lineares e não promovem grandes deslocamentos; entretanto, maior energia cinética do trauma determinará maior cominuição e deslocamento e, por consequência, maior lesão de tecidos moles. Trauma Direto de Baixa Energia ● Provoca fratura quando incide sobre uma área pequena (chute na canela, cassetete) e projéteis de arma de fogo (PAF) de baixa velocidade, causando fratura transversa em apenas um osso quando no antebraço e perna. ● Os danos às partes moles é discreto, sem desvitalização dos fragmentos. Trauma Direto de Alta Energia ● Causa fratura tanto quando acomete área extensa (esmagamentos) quanto em áreas localizadas (PAF de alta velocidade), causando fraturas multifragmentares, com extenso dano às partes moles e desvitalização dos fragmentos ósseos. ● Considera-se PAF de alta velocidade aqueles acima de 600 m/s e de baixa velocidade até 300 m/s e entre 300 e 600 m/s seriam os de médias velocidades, embora não haja um consenso sobre esses valores. ● Fraturas por estresse, Trauma Indireto ● A força aplicada em um ponto a distância tem a resultante em outro, onde ocorre a fratura, cuja geometria sinaliza para o tipo de força aplicada: ○ Tração → Pode ser ligamentar ou muscular, provocando um traço transverso, comum nas fraturas da patela, olécrano e maléolo medial. ○ Compressão – Produz impacção ou achatamento no osso esponjoso e fratura oblíqua no osso cortical, provocada por forças de cisalhamento com resultante em torno de 45º. ○ Angulação → Produz fratura transversa. Inicia-se na convexidade onde atuam forças de tensão e pode terminar na concavidade com um traço ligeiramente oblíquo ou pequena fragmentação devido às forças de compressão deste lado. Quando as forças de compressão axial ocorrem junto com angulação, o traço típico é transverso seguido de oblíquo. Quanto maior for o componente de compressão, menor será a extensão do traço transverso e maior será o oblíquo. ○ Rotação → O osso submetido a força torcional em suas extremidades sofrerá fratura em espiral, acredita-se que por forças de tração, no local onde oferece menor resistência a este tipo de trauma. É característica nas fraturas do terço distal da diáfise da tíbia, propagando-se através da membrana interóssea até a fratura alta da fíbula. ○ Combinação de forças axial, angular e torsional → Provoca fraturas instáveis, de difícil controle com imobilização gessada. As características dessas fraturas são mais evidentes nos ossos da perna com fratura oblíqua curta na tíbia e fíbula no mesmo nível. Classificação AO Baseia-se na essência da fratura, enfatizada por Maurice Muller, e assim diferencia fraturas, possibilitando estabelecer a conduta e antecipar os resultados→ só é possível quando todos os dados da fratura estão disponíveis, com incidências radiográficas adequadas e, em alguns casos, o auxíliode tomografias computadorizadas 2 elementos para a localização anatômica ● Osso → representado por números de 1 a 9, como segue: úmero (1), antebraço (2), fêmur (3), tíbia e fíbula (4), coluna (5), pelve e acetábulo (6), mão (7), pé (8) e os ossos acessórios (9). ● Segmento no osso se for extremidade proximal (1), diáfise (2) ou extremidade distal (3), e os limites dos segmentos proximais e distais baseiam-se no quadrado de Heim, cujos lados dependem da largura do segmento. 3 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Os outros 3 elementos se relacionam com a morfologia da fratura e gravidade do trauma, começando pelo tipo de fratura na diáfise (segmento 2) e nas extremidades. ● Na diáfise, a letra A se refere à fratura simples, sem cominuição, a letra B às fraturas com cunha, mantendo contato entre os fragmentos principais após a redução, e a letra C às fraturas multifragmentares, sem contato entre os fragmentos principais. Nas extremidades (segmentos 1 e 3), a letra A para as fraturas extra-articulares, B para fraturas parcialmente articulares e C para articulares totais ● O quarto elemento (grupo) fornece maior informação sobre a energia do trauma em cada um dos tipos de fratura e consequentemente auxilia na antecipação de resultados, e é representado por três números de gravidade crescente. ● O quinto elemento (subgrupo) é pouco utilizado na prática clínica e geralmente faz menção a traumas associados que podem influenciar no resultado do tratamento. PAF TRAUMAPENETRANTE As principais são armas de fogo e arma branca ● PAF – armas de média ou alta energia ● PAB – armas de baixa energia ● Quanto mais força dissipada, maior a lesão. Lesão por arma de fogo ● Considerar: tipo da arma: meédia ou alta energia ● Distância do atirador: qnt mais perto, pior ● Trajeto do projétil ● Perfil, rolamento,, ● Com relação à distância, os disparos podem ser classificados como à queima-roupa (QR), curta distância (CD), média distância (MD) e longa distância (LD) que repercutirão nas características do orifício de entrada. Nos casos em que o disparo é efetuado com o cano encostado sobre a pele ocorre uma “explosão” dos tecidos, com uma ferida de aspecto irregular e perda de estruturas teciduais ● O grau de injúria tecidual está associado à EC adquirida pelo projétil, bem como sua capacidade de liberar essa energia aos tecidos. ● Outros fatores que influenciam na produção das lesões são a elasticidade e vascularização do tecido atingido, sua trajetória, o impacto com a vítima, bem como a composição e conformação do projétil. Esses fatores devem ser avaliados no diagnóstico da severidade das lesões faciais norteando o tratamento adequado. Lesões por arma de fogo matam duas vezes mais do que a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e três vezes mais do que dirigir embriagado, sendo a maior causa de óbitos em todas as faixas etárias desta população ● Estima-se que no Brasil, segundo dados do SUS (Sistema Único de Saúde), o custo referente a essas lesões seja da ordem de R$ 397,8 milhões. Ainda de acordo com o SUS, as lesões por arma de fogo causam cerca de 45 mil óbitos por ano, com números que crescem anualmente Balística ● Ciência que estuda o movimento dos projéteis, especialmente aqueles utilizados em armas de fogo, seu comportamento no interior delas e no meio exterior, incluindo aspectos como trajetória, impacto, marcas e capacidade de explosão, entre outros. 4 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Lesão balística → causada pela transferência de energia cinética de um projétil aos tecidos de um ser vivo, conferida pela energia final do projétil. ● Do ponto de vista de cálculo, a energia final do projétil é a resultante da subtração da energia do projétil no impacto pela energia do projétil na saída. Seu resultado representa a energia real dissipada.→Quanto maior a energia dissipada, maior será o grau de destruição local causada pelo projétil. ● Os fatores determinantes para a transferência de energia do projétil são a massa e a velocidade→ outros fatores tbm ajudam, como a estabilidade do projétil durante seu voo, a distância percorrida desde sua saída da arma de fogo, os obstáculos Classificação dos projeteis ● Baixa, média, alta e superalta energia cinética. ● Baixa energia → apresenta padrões mais simples de fratura (incompletas e espirais) e de dano às partes moles. A cobertura cutânea geralmente é adequada e não existe perda de substância tissular (músculos e tendões). A ferida de pele normalmente é puntiforme, embora nem sempre seja desta maneira. ● Moderada energia → Normalmente o padrão de fratura é mais grave (cominuição e maior área de fratura), embora a lesão de partes moles seja ainda simples, em geral sem perda de substância musculotendinosa. As feridas de pele são maiores, mas não há grande dificuldade de obter seu fechamento de forma precoce. Raramente existe a necessidade de enxertia de pele ou de rotação de retalhos. ● Alta energia → O dano aos tecidos ósseo e de partes moles é grave, podendo haver lesão neurovascular associada. Há perda cutânea maior devido à ampla área de destruição pelo PAF. A fratura é, em geral, multifragmentar e a área de fratura é grande, eventualmente havendo o sinal de “nuvem de chumbo”, produzido por estilhaços do projétil ao se chocar contra o osso. Fenômenos que ocorrem quando um projétil atinge o corpo ● Laceração →, o tecido é perfurado pelo projétil quando este o atinge, deixando uma área de necrose correspondente ao seu tamanho exato → cavidade permanente. ● Cavidade temporária → acontece poucos milissegundos após a formação da cavidade permanente e é causado pela passagem do projétil. Ocorre uma deformação radial do tecido em decorrência do aumento temporário de 4 a 6 atmosferas de pressão local, que logo após retorna ao diâmetro inicial. ○ Quando essa cavidade temporária acontece em tecidos elásticos, como vasos, músculos e nervos, eles retornam à posição inicial causando contusões, diferentemente de quando esse fenômeno ocorre no tecido ósseo, produzindo as fraturas. ● Onda de choque → onda de pressão que viaja à velocidade do som e precede o projétil, causando lesão a distância do seu trajeto Obs: ferida de saída é sempre maior que a de entrada! Frturas Mais comuns quando acomete esqueleto apendicular → trauma direto ou indireto. ● Direto → projétil se choca contra o osso, produzindo uma fratura. ○ Pode não se limitar apenas à área do impacto, propagando-se centrifugamente. ○ Também podem ser geradas áreas de cominuição e lesões causadas por fragmentos ósseos secundários, agravando a lesão causada pelo trauma inicial. ● Indireto → mais incomum → projétil não entra em contato direto com o osso, mas a fratura ocorre devido à força dissipada. ○ Em geral, as fraturas causadas apresentam padrão mais simples, sem grande fragmentação. 5 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Tipos: ● Buraco circunferencial (drill hole fracture) ○ Projétil atravessa as duas corticais opostas em um mesmo plano, não produzindo instabilidade segmentar por se tratar de uma fratura incompleta do osso. ○ Não há propagação do traço de fratura inicial, havendo radiograficamente uma imagem pontual, ovoide ou circunferencial, correspondente ao trajeto do projétil através do osso. ○ Ocorre predominantemente em regiões metafisárias dos ossos longos ou em ossos mais esponjosos ● Unicortical (divot fracture) ○ Lesões unicorticais que ocorrem nas regiões metadiafisárias dos ossos longos. ○ Trajeto do projétil é excentricamente localizado, gerando uma lacuna óssea, sem que o contato cortical entre os segmentos proximal e distal seja perdido. ○ Fratura em geral estável por ser incompleta. ○ Está associada a uma lesão de partes moles mais extensa que a observada no tipo anterior. ● Espiral ○ Causada em geral pelo mesmo mecanismo do tipo anterior, com energia cinética maior, gerando a continuidade do traço de fratura de forma completa.● Cominutiva ○ Padrão multifragmentar em geral associado a projéteis de alta energia 6
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