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OVINOCULTURA CRESCIMENTO DA LÃ A lã é uma fibra de origem animal que constitui a capa protetora dos ovinos. É a fibra mais antiga do mundo, já que os rebanhos antecederam a colonização agrícola que originou o algodão e o linho. O conhecimento da lã é um dos pontos mais importantes e menos conhecidos em relação a produção ovina; - Raças produtoras de lã: Merino, Ideal - Existência de grande número de animais em rebanhos de base laneira. - Até quando vão existir os sintéticos com custos mais baratos? - A lã é um produto orgânico (demanda atual); - Fibra de qualidade superior; - Tendência de valorização. Merina: R$25,33Kg Ideal: R$18,67Kg Corriedale: R$7,67Kg Tipo carne: R$3,50Kg Raças de carne também produzem lã: Importante conhecer alguns aspectos relacionados com o crescimento e a produção de lã ovina. Estrutura da pele ovina: A pele compõe-se de três partes principais: epiderme, reta mucosa ou mesoderma e cutis vera ou endoderma. Abaixo da endoderma encontram-se apêndices com diferentes funções: as glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e os folículos pilosos. As glândulas sebáceas: Diferenciam-se das glândulas sudoríparas pela sua estrutura e função. Tem a forma de cacho de uva e acham-se localizadas uma de cada lado do folículo piloso, no qual abrem seu canal excretor. A secreção gordurosa, ou lanolina, por elas produzida, serve para lubrificar o canal piloso e ao mesmo tempo envolver a fibra de lã, resguardando-a da ação nociva. O tamanho dessas glândulas está em relação inversa ao diâmetro das fibras. As glândulas sudoríparas: Apresentam aspecto de um novelo cujo canal, a princípio reto, toma ao atravessar a camada papilar da endoderme a forma espiralada, abrindo-se nos poros da superfície da epiderme. As glândulas sudoríparas tem como principal função segregar em forma de suor o excesso de humor aquoso, contido nos tecidos, e também a de regular a temperatura do corpo dos animais. O suor misturado com a gordura segregada pelas glândulas sebáceas forma a suarda. O folículo piloso: Tem por função formar as células que vão constituir a lã, cabelo ou pêlo. Apresenta a forma de uma garrafa e tem a mesma constituição celular da pele, com uma única diferença de que a epiderme se acha na parte interna do bulbo, ao passo que a endoderma se encontra na parte externa. Esta disposição pode ser comparada a um dedo de luva que foi invertido. Formação de lã nos folículos: O elemento básico da produção de lã é o folículo piloso. O folículo é uma depressão da epiderme, com um bulbo bastante ativo em sua base, dentro do qual ocorre uma rápida divisão celular (mitoses): Formação de lã nos folículos: As células formadas são logos expulsadas do bulbo por novas divisões celulares de modo que uma corrente de células está saindo continuamente do folículo; Dentro das células ocorrem reações químicas que fazem com que essas endureçam e cimentem entre si. Quando se completa esse processo, as células morrem e são expulsas do folículo como fibra de lã; O endurecimento ou queratinização é essencialmente um processo no qual longas cadeias de moléculas de aminoácidos são ligadas por meio de átomos de enxofre. Formação de lã nos folículos: Na formação da fibra de lã há, portanto, dois processos essenciais: a) A multiplicação celular; b) Queratinização das células produzidas (vão se soltando, queratinizando, acumulando e sendo empurradas pelas outras células em multiplicação). A produção de células novas e a formação de queratina requer substâncias básicas que o folículo extrai da corrente sanguínea, a partir de uma densa rede de capilares que rodeiam o terço inferior do folículo. Cutícula: revestimento externo. 10% Quanto maiores e em menos quantidade – mais áspera. Quanto menores e em maior quantidade – mais macia. Cortícula: mais alongadas internamente. 90% Os folículos: Os folículos constituem usinas produtoras de lã. São invaginações da epiderme onde se origina o crescimento da fibra de lã por proliferação celular. Os primeiros folículos que se encontram na pele dos ovinos são os primários e surgem no período fetal, 40 dias após a fecundação; Folículos primários Os folículos: Eles se desenvolvem inicialmente, na linha superior do dorso, da cabeça até a cauda e na parte posterior, seguindo a direção da barriga e membros. Ao atingirem 90 dias o feto já tem o corpo todo com um tipo de folículo, que se apresenta em grupo de três (tríadas); A partir de três meses de período fetal do cordeiro que se verifica o aparecimento de folículos menores, em torno das tríadas de foliculos primários e são então denominados de folículos secundários; Os folículos secundários apresentam algumas características que os diferenciam dos primários. Apresentam formação posterior no feto se diferenciam dos primários por não possuir glândulas sudoríparas e nem músculo eretor. Além disso, as glândulas sebáceas são menores (figura a seguir); Os folículos há dois tipos de folículos: Primários Produzem lã, fibras meduladas e pêlo; possuem glândula sudorípara. Secundários Produzem lã. Muito mais do que primários. Sem músculo piloeretor. Glândula sebácea presente. 90-95 dias formação folículos secundários em torno dos primários em vida fetal. A maturação folícular: No momento do parto o cordeiros tem a sua formação completa de folículos, embora nem todos sejam funcionais. A ”maturação folicular, quer dizer o começo da atividade dos folículos”, ocorre: Primários 100 a 110 dias de vida fetal; Secundários 120 a 130 dias de vida fetal até 1 ano de vida; Maior maturação no 1/3 final de gestação e 4 primeiras semanas de vida; A alimentação durante esse período tem um papel fundamental na maturação dos folículos secundários e, portanto, na produção de lã. Se o cordeiro não é alimentado adequadamente nesse período os folículos maturam em menor proporção e todo o folículo que não matura nessa etapa, não irá mais maturar, por melhor que seja a alimentação, deixando a animal com velo mais leve, devido a sua menor densidade; A má nutrição no terço final de gestação, nas primeiras 4 semanas de vida e/ou a subalimentação que compromete o crescimento dos animais até 1 ano de vida implica na diminuição da capacidade de produção de lã do animal durante a sua vida produtiva: Problemas alimentares pode chegar a 12% a menos de lã; Partos duplos 17% a menos de lã. Posteriormente o animal tenta compensar produzindo lã mais grossa, porém nunca chegará a equilibrar a produção de um animal bem alimentado; Relação folículos secundários / folículos primários (S/P): Como vimos, os folículos não se distribuem aleatóriamente na pele dos ovinos, e sim em grupos formados por três primários (triade) rodeados por um número variado de secundários; A quantidade de secundários em torno dos primários irá determinar a relação S/P. Essa relação é importante pois irá nos indicar: a densidade do velo; a finura do fio de lã; a quantidade de lã produzida; A relação S/P é oscila entre 5 e 30, variando de acordo com fatores hereditários relacionados com a raça, com o aperfeiçoamento dessa, com a individualidade e com a nutrição recebida do feto através da ovelha. Se quer um índice SP alto. A relação s/p é importante na determinação da estrutura do velo, sendo um fator de variação entre as raças: Secundário derivado se desenvolvendo a partir do secundário original. Estrutura da fibra de lã (cutícula, cortícula e medula): A fibra de lã é constituída pela “cutícula” – primeira camadaexterna, formada por uma substância córnea de pequenas escamas, imbricadas, que se sobrepõem umas as outras, assemelhando-se as telhas de um telhado. Essa característica permite a feltragem das fibras no processo de fiação, dando a necessária resistência para o estiramento do fio. O número dessas escamas por unidade de superfície é tanto maior quanto mais finas forem as fibras. O brilho da lã também está na dependência dessas escamas: o Lãs grossas possuem escamas maiores e em menor quantidade, refletindo com mais facilidade a luz, parecendo por isso mais lustrosas; o Lãs finas possuem escamas menores e em maior quantidade, absorvendo a luz , perdendo o brilho. Estrutura da fibra de lã: A suavidade ao tato se deve também ao maior número de escamas por centímetro e, portanto, é maior em lãs finas. A segunda camada – “cortícula” – é formada por células fusiformes e longas, que dão as fibras a resistência, elasticidade e extensibilidade próprias da lã. O pêlo se diferencia da lã por apresentar uma terceira camada – “medula” – formada por grandes células modificadas contendo ar. Estrutura da fibra de lã: De acordo com a maneira com que se apresenta, a medula é classificada em quatro grupos: 1) fragmentadas; 2) descontínuas; 3) interrompida; 4) contínua; Na lã verdadeira, somente as três primeiras podem ser encontradas. Tanto os pêlos como as fibras meduladas constituem um grave defeito no velo por não terem o mesmo valor têxtil da lã isenta de medula. Ao serem trabalhadas na indústria não absorvem as tintas e dão certa aspereza ao tecido, o que muito a deprecia. Estrutura da fibra de lã: A lã grossa conhecida como “lã de cachorro”, que se observa no quarto de muitos ovinos, é quase toda ela formada por pêlos e fibras meduladas. Esse defeito é grandemente transmissível por herança, devendo pois ser evitada a reprodução de todos os animais que o apresentarem. Composição química da lã: Enquanto as fibras vegetais tem como princípio básico da sua composição química a celulose, que é um hidrato de carbono, a lã é formada por um composto protéico denominado “ceratina”. Comparando-se a fórmula química da lã com a do algodão e da seda temos: Algodão C6H10O5 Seda C24H38O8N8 Lã C42H157O15N5S15 A composição química da lã é a seguinte: Carbono 52%; Oxigênio 22 a 25%; Nitrogênio 16 a 17%; Hidrogênio 7%; Enxofre 3 a 4%. A presença de enxofre confere à fibra de lã a resistência e a elasticidade que lhe são peculiares. A fibra de lã apresenta 19 aminoácidos: Glicina, leucina, alanina, isoleucina, fenilalanina, triptofano, valina, prolina, serina, treonina, tirosina, metionina, cistina, cisteína, arginina, lisina, histidina, ácido aspártico e ácido glutâmico; Estrutura: Células corticais estão paralelas ao eixo da fibra de lã e são formadas por macrofibrilas orientadas longitudinalmente; As macrofibrilas estão rodeadas por uma substância cimentante denominada matriz, que as mantêm unidas com as microfibrilas, formando uma estrutura rígida, mas elástica, podendo se estender e contrair, quando a fibra é estirada e solta. Cada macrofibrila é constituída de uma série de microfibrilas, que por sua vez são formadas de 11 protofibrilas; As protofibrilas por sua vez estão integradas por três corpos moleculares helicoidais, denominados hélices alfa, e essas são formadas da unidade básica das proteínas, os aminoácidos. Figura a seguir Fatores que influenciam na produção de lã: Atualmente, muitos dos fatores que tendem a influenciar no ritmo de crescimento da lã tem recebido pouca atenção na prática. A compreensão adequada das bases fisiológicas e dos fatores relacionados com a produção de lã são de suma importância e resultam imprescindíveis para incrementar a eficiência da produção laneira. Fatores internos e externos que influenciam na produção de lã em um rebanho: Fatores internos: a) Idade; b) Sexo; c) Efeito materno; d) Estado fisiológico; e) Genética. Fatores externos: a) Fatores climáticos; b) nutrição Crescimento e produção de lã (fatores internos) Influencia da idade sobre a produção de lã: A máxima produção de lã ocorre entre o 2o e 3o ano de vida do animal, declinando logo após. Essa redução ocorre devido a diminuição do comprimento de mecha que ocorre devido a redução do consumo de alimento. O diâmetro varia com a idade. Aumenta até os dois anos, se mantém constante até os quatro anos e, logo após, tende a diminuir. Influencia do sexo sobre a produção de lã: Em condições iguais, as diferenças de produção entre carneiros, capões e ovelhas ocorrem devido principalmente aos seus diferentes pesos vivos. Qualidades diferentes (gestação e lactação das ovelhas). Os capões tem uma produção de lã 10% superior as ovelhas e um velo mais uniforme em termos de finura. Já os carneiros, tem uma produção de lã 20% maior que a das ovelhas e 10% maior que a dos capões. Influencia do efeito materno sobre a produção de lã: Se tem observado que animais filhos de borregas ou os nascidos em parto duplo produzem quando adultos entre 5 e 10% menos lã do que filhos de ovelhas adultas ou de partos simples. Má nutrição no terço final de gestação também influencia negativamente. Essa diferença se deve basicamente a menor presença de folículos por superfície corporal bem como a uma menor relação S/P funcional. Isso basicamente é explicado por razões de ordem nutricional (menor maturação folicular). Influencia do estado fisiológico sobre a produção de lã: A gestação e a lactação de um ou mais cordeiros tem um efeito depressivo na produção de lã da ovelha, tanto em termos quantitativos como qualitativos. A ovelha seca produz entre 4 e 12% mais lã do que as que gestaram e criaram cordeiros únicos, e estas, por sua vez, entre 4 e 12% a mais do que as que criaram dois cordeiros. Em termos gerais, a lactação influencia mais que a gestação na produção de lã da ovelha. Influencia da genética sobre a produção de lã: Diferenças individuais; Diferenças entre linhagens em uma mesma raça; Diferenças entre raças. Crescimento e produção de lã (fatores externos) Fatores climáticos e a produção de lã: Os fatores climáticos exercem efeitos indiretos sobre a produção de lã: Influencia sobre a disponibilidade e a qualidade das pastagens através do ano. O clima influencia sobre os aspectos sanitários do rebanho. Por exemplo, a alta pluviosidade influencia sobre a incidência de parasitoses, Altas precipitações lavam a suarda da lã, influenciando no peso e na qualidade dos velos. Efeito do plano nutricional sobre a produção de lã: A fibra de lã se forma a partir das células que estão se multiplicando ativamente na base do bulbo folicular. O efeito maior da nutrição sobre o volume de fibra formada é sobre o número de células que passam a formar fibra. A má nutrição diminui o número total de células no bulbo, diminui o número de mitose por unidade de tempo, o que leva a diminuição do número de células proliferadas no bulbo que passam ao cortex da fibra. Isso diminui a quantidade de lã produzida. Além disso, aspectos como a formação folicular bem como a maturação folicular são fortemente influenciados pela nutrição dos animais. Esquila e classificação da lã “Esquila ou Tosquia” é o conjunto de operações que se processam para retirar periodicamente a lã dos ovinos; Representa para o criador a colheita do agricultor. É nesse momento que se verifica a compensação havida pelo trabalho durante o ano. A tosquia é a ocasião mais indicada para o criador avaliar o progresso da sua criação e “tomada dedecisão”. É nessa oportunidade também que com mais eficiência o criador poderá selecionar os animais evitando a reprodução daqueles inferiores em qualidade e rendimento. É portanto, um ótimo momento de seleção do rebanho. (velo froucho, mecha curta, lã pigmentada ou amarelada, pêlo, lã de barriga, acapachada, sem caráter, etc.). Métodos de esquila: 1) Tesoura manual (martelo) caracteriza-se pelo baixo custo dos utensílios empregados e pela maior facilidade do seu manejo. É um método indicado para pequenos rebanhos. Um esquilador experiente em 8 horas de trabalho consegue tosquiar manualmente cerca de 30 animais; 2) Máquina de esquilar método muito mais rápido e perfeito, principalmente em se tratando de grandes rebanhos. Um esquilador a máquina consegue esquilar em um dia de trabalho entre 80 e 120 animais da raça Merino e entre 100 a 150 animais das demais raças. Sistemas de esquila: 1) Sistema crioulo trabalha-se com os animais maneados e esquila-se o velo, sendo que em seguida se desmaneia o animal e se esquila a barriga e membros (garras); 2) Sistema australiano (Tally-Hi) os animais são tosquiados sem manear e se esquila primeiro as patas e barriga e em seguida o velo. Época de esquila: A época em que se realiza a tosquia varia com a raça que se cria, com o clima da região e ainda com o amadurecimento de certas forragens nativas, cujas sementes aderem aos velos causando grande depreciação da lã; Em nossas condições a esquila ocorre normalmente entre o mês de outubro a fins de dezembro, variando com a conveniência particular de cada criador; A tosquia muito cedo (início da primavera) tem o risco da incidência de geadas e fortes temporais, o que pode levar a um choque térmico nos animais e a ocorrência de mortalidades; O momento mais recomendado para a esquila seria o inverno devido a redução do crescimento e da qualidade da fibra nesse momento. Contudo os fatores climáticos e o estado fisiológico e reprodutivo do animal são um aspectos que dificultam esse procedimento. Esquila de inverno Modo do crescimento da lã: Há variação anual na produção do folículo Nos meses de inverno se produz no máximo em torno da metade do que se produz nos meses de verão! Vantagens: - Melhora do estado das ovelhas principalmente saída de inverno e primavera - Aumento do peso ao nascer dos cordeiros - Aumento da taxa de sobrevivência dos cordeiros - Maior produção de leite – maior crescimento dos cordeiros - Facilidade para o cordeiro alcançar o úbere da mãe - Menor requerimento de mão-de-obra - Melhor manejo do cordeiro - Controle de penhez - Quantidade de lã aumentada e melhor qualidade – maior rendimento em fio. Esquila de inverno Esquila pré-parto Nova Zelândia – 1948 America Latina (escala comercial) – déc. 80 produtividade Dificuldades: Mão-de-obra especializada Fatores climáticos Estado fisiológico (1/3 final da gestação) Efeito do peso ao nascer dos cordeiros sobre a taxa de sobrevivência (extraído de Cesa, 2008) Efeito do tipo de esquila no peso médio ao nascer (adaptado de Cueto et al., 1996) Ritmo mensal médio de crescimento da fibra de lã. Janeiro 11% Maio 8% Setembro 5% Fevereiro 14% Junho 6% Outubro 7% Março 13% Julho 4% Novembro 8% Abril 11% Agosto 4% Dezembro 9% Cuidados Um dos maiores riscos que a prática da esquila pré- parto acarreta são ocasionados pelos fatores climáticos, que podem afetar os animais que não estejam em um bom estado. Devido a isso se adotam algumas praticas de precaução no manejo: Capas protetoras: diminuir o stress térmico causado por chuva e ventos Manejo tradicional: depois de esquilados os animais, antes de chuvas fortes ou tormentas se encerra o rebanho em abrigo natural ou artificial. Isso conta com a inconveniência de diminuir as horas de pastejo, o custo dos abrigos assim como a movimentação do rebanho. Esquila de pente alto: visa diminuir o risco de morte pós-esquila devido a stress climático. Existem dois tipos de pente para essa pratica: Ambos os pentes deixam uma cobertura de aproximadamente um mês de crescimento lã 1º ano de sua adoção no manejo representarão uma perda de peso, porém com as esquilas subsequentes se normalizará a média anterior. É importante dispor de recursos forrageiros necessários a fim de poder realizar esta pratica, pois a ovelha se encontra no seu período de maior requerimento nutricional no momento de realizar a esquila, e coincide com a época mais fria do ano por isso é fundamental assegurar a alimentação necessária a fim de que não só possa manter sua temperatura corporal como também desenvolver o feto sem perder condição corporal, isto é importante a fim de evitar enfermidades metabólicas como a toxemia da prenhez. Trabalhos preliminares a esquila: É de toda conveniência que sejam tomadas com o devido tempo as providências preliminares para que o trabalho de tosquia se processe sem interrupção. Os principais procedimentos são: 1) Afiar e retirar a ferrugem das tesouras, onde essa é utilizada. 2) Onde a tosquia é feita a máquina esta deve ser previamente posta em funcionamento para reaperto, lubrificação e limpeza em geral. Já deve existir uma quantidade suficiente de pentes e navalhas de reserva, devidamente afiadas; 3) Revisão das condições e limpeza de bretes e currais; 4) Aquisição preliminar de bolsas de lã, fio de papel para amarrar os velos e as bolsas, tinta ou giz para marcar os animais, remédios para passar nos cortes; 5) Limpeza prévia do rebanho retirando as cascarrias e sementes; 6) Separação do rebanho em categorias (borregos (as) capões, carneiros, ovelhas e cordeiros (as) ?????); 7) Providenciar um local para abrigo dos animais pelos quais irá ser iniciada a esquila no próximo dia; 8) Orientar a comparsa quanto a desinfecção dos equipamentos, maneias e roupas (sarna e piolho) Local para realizar a esquila: Ideal galpões cimentados ou mesmo sobre lonas ou tábuas a fim de evitar possíveis sujeiras que venham a prejudicar a qualidade das lãs. Nunca se deve realizar a esquila diretamente sobre a terra; Nunca se deve esquilar em locais que são ou foram depósitos de peles, pois estes locais podem estar contaminados principalmente de carbúnculo, gangrena gasosa e tétano. Pessoal para realizar a esquila: A tosquia pode ser realizada pelos próprios empregados dos estabelecimentos (treinados), ou por tosquiadores profissionais que trabalham geralmente em comparsas, realizando o serviço por contrato; A comparsa entra com as máquinas e/ou tesouras, e recebe o pagamento por animal esquilado, além da carne para alimentação dos tosadores; R$ 5,0 a 7,0 na última esquila Pessoal para realizar a esquila: A comparsa é composta pelos seguintes membros: 1) Agarrador e maneador; 2) Esquiladores; 3) Limpador de cancha; 4) Levantador e atador de velos; 5) Classificador; 6) Embolsador; 7) Curador; 8) Pagador de fichas (normalmente o dono); 9) Cozinheiro; 10) Empregados de apoio com os animais (da própria fazenda). Importante durante a esquila 1) Evitar o “recorte” reduz o comprimento das fibras ocasiona inconvenientes à indústria. Além disso, o esquilador estará realizando o trabalho em dobro; 2) Evitar cortes excessivos nos animais quando algum esquilador estiver cortando demais os animais, o criador deve reclamar junto ao dono da comparsa para que isso não ocorra mais. Esquiladores despreparados ou apressados, tesouras e pentes sem fios, são as principais causas de cortes; Desborde do velo: Nesta operação, se separa do velo os restos de garras (barriga, patas e cabeça)os quartos grossos (pêlos), mechas de lã manchada, pontas queimadas, etc. Atado do velo: Uma vez que o velo tenha sido desbordado se procede ao atado do velo o qual deve ser realizado com fio de papel especial. O fio que se usa deve ser sempre de papel, evitando-se outro tipo de fio que contamine ou prejudique a lã. O velo é dobrado longitudinalmente pelos dois bordos laterais e enrolado partindo da região da cola para a cabeça. Dessa forma, a lã que fica exposta é a das cruzes e paleta que apresenta as melhores características comerciais. Acondicionamento da lã: A lã deverá ser acondicionada em separado de acordo com as seguintes classes: 1) Lã de velo nos grandes rebanhos poderá ser dividido em ovelhas, capões e carneiros. 2) Lã de barriga; 3) Garras lãs das patas e cabeça; 4) Cordeiro formada pela lã de animais com menos de seis meses de idade e cujas mechas não atingiram o comprimento necessário da lã de velo; 5) Lãs com defeitos Epidêmicas (de campo), com sementes ou espinhos, terrosas, capachos, pelego, etc; 6) Lãs pretas ou com fibras pretas entremeadas no velo; 7) Lãs amareladas. Marcação do rebanho: Os ovinos, logo após a esquila, tendem a aumentar o seu deslocamento, podendo passar para propriedades lindeiras, quando a cercas não são boas. A marcação facilita a identificação dos animais. É usada para classificar o rebanho segundo a idade, sexo, parentesco, descarte, etc. É feita com tintas especiais em regiões do corpo bem visíveis, como o lombo e a paleta; Essas marcas são feitas geralmente com ferro de marcação a fogo de bovinos, molhando-se em tinta especial para marcação e aplicando-se sobre a lã; Nunca se deve aplicar piche na marcação, pois esse produto é totalmente absorvido pela lã causando grande prejuízo ao criador pelos pequenos preços que consegue alcançar pelos velos; Características do velo: Mecha é o conjunto de fibras ligadas entre si, a qual se apresenta com diferentes formas que variam com a finura, comprimento e densidade da lã: As mechas unidas constituem o velo que é toda lã que cobre o animal, excetuando-se a cabeça, os membros e a barriga. Em termos gerais, as lãs finas apresentam forma quadrada (a raça Hampshire Down também apresenta), as de finura média são compridas e com pontas e as mechas das lãs grossas apresentam forma cônica. Velo entende-se como sendo toda a lã que recobre o ovino, com exceção dos membros, barriga e cabeça. As características de maior importância que merecem ser destacadas no velo são: Extensão, Peso, Uniformidade, Limpeza e Pureza. Classificação da lã: A lã como matéria-prima, destina-se aos mais diferentes usos na sua industrialização, sendo que de acordo com as suas propriedades é muito variável a classe de fio ou tecido que ela é mais apropriada; Conclui-se, pois, da necessidade de ser feito seu agrupamento, dentro de certas classes representativas de suas características; Assim, ao dizermos que a lã está classificada como Merina ou como fina já pressupõe que se trata de um produto destinado ao fabrico de tecidos leves, ao passo que cruza grossa ou grossa se prestará para tecidos grossos ou tapetes. Sendo a lã uma fibra de origem animal, cuja produção está sujeita a várias influências que atuam não só diretamente no próprio organismo animal, mas indiretamente, sob ação do clima e das demais condições artificiais, a que são submetidos os ovinos na sua exploração, é fácil compreender a tremenda variação de características que podem resultar na lã, modificando total ou parcialmente a sua aplicação; Classificação da lã de velo: Cada país tem um sistema de classificação, mas no comércio internacional prevalece, geralmente, o critério de agrupar a lã em classes correspondentes ao seu rendimento teórico que ela pode produzir em fio, baseado na sua finura média. Esse sistema é conhecido como escala Braford. Quanto mais fina e lã (com qualidade), maior seu rendimento em fio e de melhor qualidade e valor comercial. A lã de velo é classificada pela finura, de acordo com a escala Braford, em 10 classes: (1 libra de lã = 0,4535 kg x jardas fiadas = 0,9144m). Deve-se enfatizar que o preço da lã aumenta à medida que aumenta a finura, conforme pode ser visto no gráfico abaixo: Classificação da lã quanto a qualidade: Qualidade e finura são dois termos que são muito comum de serem considerados erroneamente como sinônimos. Finura é somente uma das propriedades que determinam a classe da lã. Quando essa classe reúne em alto grau todas as propriedades como sejam, ondulações, comprimento, cor, uniformidade, resistência, etc., terá então qualidade; Em nosso meio, podemos dividir as classes de lã de velo em cinco tipos: 1) Supra lãs com grande uniformidade de finura, ondulações bem nítidas, comprimento da própria raça, resistência normal e grande limpeza que assegure a esta lã um grande rendimento depois de lavada e em fio. A produção de lã com essa qualidade no Rio Grande do Sul se estima como sendo de aproximadamente 1%; 2) Especial Esse tipo de lãs são provindas de animais de grande pureza racial e procedentes de campos de boa pastagem. “Falta-lhe pelo menos uma das propriedades” que a colocaria em igualdade com as supras; 3) Boa proveniente de rebanhos em processo de melhoramento e por tal motivo não apresentam a mesma uniformidade das anteriores. O comprimento das mechas não deve, contudo, ser inferior a ¾ do normal da raça que a produz. Apresenta ondulações irregulares, em uma mesma mecha e no velo, coloração variável e a terminação das mechas com menos qualidade. Devem apresentar-se com uma resistência apreciável e com boa suavidade; 4) Corrente neste tipo são incluídos os velos que se caracterizam pelo baixo peso, redução do comprimento para metade do normal da raça que o produz, grande desuniformidade de finura ou falta de resistência. Deve-se destacar que a falta de resistência das mechas em qualquer classe de lã, mesmo com bom comprimento, obriga sua inclusão no tipo “corrente”; 5) Mista Forma este tipo, geralmente os velos de animais velhos, doentes, etc. Estas lãs constituem o refugo, por não apresentarem nenhuma qualidade. Suas fibras não têm resistência, rebentando na maioria das vezes quando se estiram. Apresentam finura desuniforme, coloração alterada, comprimento geralmente ¼ do normal, pouca suarda. São incluídas nesse tipo lãs com péssimo aspecto e lã de animais afetados pela verminose, que lhe ocasionam completa falta de resistência. Suas ondulações são escassas e completamente desuniformes. Seu rendimento tanto em fio como depois da lavagem na indústria, é muito baixo. A figura a seguir apresenta o preço relativo pago pela lã bruta, de acordo com a finura e a qualidade: Classificação e comercialização atual da lã no RS: Atualmente existe um grande número de barracas, atravessadores, que compram a lã diretamente do produtor e revendem para os lanifícios. Nesse tipo de comercialização, a lã tem sido classificada como: 1) Lã fina; 2) Lã mista; 3) Lã de carne; 4) Borrego; 5) Garra; 6) Lã preta (mesmo preço da garra).
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