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Laís Silva Rios Saad + Aline Custódio Silva | Ginecologia e Obstetrícia Avaliação pré concepcional A avaliação pré-concepcional é a consulta que o casal faz antes de uma gravidez para identificar fatores de risco ou doenças que possam alterar a evolução normal de uma futura gestação. Deve incluir anamnese e exame físico (EF), com exame ginecológico e exames laboratoriais. Informações como problemas de saúde prévios e atuais, história obstétrica, uso de medicamentos, consumo de álcool, tabaco ou drogas, distúrbios da tireoide, doença sexualmente transmissível, doenças hereditárias etc são essenciais para prevenir complicações na gestação. Exame geral: avaliar a PA, o peso e a altura, realizar EF das mamas e preventivo de CA de útero (faz 1 vez/ano e após de 2a consecutivos normais, se realiza 1x a cada 3) Orientações: Estado nutricional → praticas alimentares saudáveis Risco do tabagismo e alcoolismo, assim como outras drogas Uso de medicamentos → substituição ou corte de uso Avaliação das condições de trabalho e tóxicos ambientas Adm prévia de ácido fólico para prevenir anormalidades congênitas do tubo neural (5mg/dia, durante 60 a 90 dias antes da concepção Investigação de rubéola e hepatite B. Nos casos negativos, providenciar a imunização previamente à gestação. Investigação da toxoplasmose Investigação HIV/Aids – oferecer teste anti-HIV. Se negativo, orientar sobre os cuidados preventivos e se positivo, orientar sobre os tratamentos disponíveis Investigação quanto à: sífilis, diabetes mellitus, hipertensão arterial crônica, epilepsia, infecção por hepatite B ou C Pré-natal na atenção básica DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ: realizado pelo teste imunológico da gravidez (TIG) quando há um atraso menstrual igual ou maior que 15 dias. O beta-HCG também é um diagnóstico precoce da gravidez que pode ser detectado no sangue periférico entre 8 a 11 dias após a concepção. Sinais de presunção Sinais de probabilidade Sinais de certeza Atraso menstrual Náuseas, vômitos, sonolência Tubérculos de Montgomery Rede de Haller Hipersensibilidade dos mamilos e ↑ do vol. das mamas Amolecimento do colo uterina Paredes vaginais aumentadas Aumento da vascularização Positividade da fração B- HCG Achados uterinos Batimentos cardíacos fetais Movimentos fetais (de 18 a 20 sem) pela USG Após a confirmação: deve-se fornecer o cartão da gestante, o calendário vacinal necessário e ser feita a solicitação de exames de rotina. Calendário de consultas: o total deverá ser de no mínimo 6 consultas, com acompanhamento intercalado de médico/enfermeiro. Sempre que possível: Até 28ª semana – mensalmente Da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente Roteiro da primeira consulta: acolher a gestante, sanar dúvidas, orientar sobre alimentação, habito intestinal e urinário, explicar o funcionamento do pré- natal, realizar o cadastro no SISPRENATAL, preencher cartão da gestante e realizar testes rápidos se não houve realização de avaliação pré-concepcional. As anotações devem ser feitas no prontuário da unidade e no Cartão da Gestante. PRÉ-NATAL Laís Silva Rios Saad + Aline Custódio Silva | Ginecologia e Obstetrícia 1. Anamnese completa 2. Histórico de vacinação 3. Avaliação nutricional 4. Exame físico geral e específico (ginecológico-obstétrico) 5. Solicitação de exames 6. Prescrição de suplementação 7. Avaliação do risco gestacional Tabela 1 - Exames a serem solicitados na primeira consulta Parasitológico de fezes (se houver indicação) Eletroforese de hemoglobina (se negra, antecedentes familiares de anemia falcif. ou história de anemia crônica) Teste rápido de triagem para sífilis | VDRL/RPR Tipagem sanguínea e fator Rh Coombs indireto (se for Rh negativo) Glicemia de jejum Hemograma Teste rápido Anti-HIV Toxoplasmose IgM e IgG Sorologia para hepatite B Urina Tipo 1 USG (não é obrigatório), para verificar a IG Citopatológico de colo de útero (se necessário); Exame da secreção vaginal (se houver indicação) INTERPRETAÇÃO DOS EXAMES Hemoglobina Hemoglobina > 11g/dl (ausência de anemia) → suplementação de rotina. Hb entre 8g/dl e 11g/dl (anemia leve/moderada) → 200mg de Sulfato Ferroso (40mg de ferro elementar) por 30 a 60dias. Hb < 8g/dl (anemia grave) → referenciar para pré-natal de alto risco Glicemia Entre 85-90 mg/dl e sem FR: normal Entre 85-90 mg/dl com FR ou entre 90-110 mg/dl: rastreamento positivo Glicemia > 100 mg/dl: repetir exame para diagnóstico de diabetes gestacional Rastreamento positivo → orientar medidas de prevenção primária (alimentação saudável e atividade física regular) e realizar TOTG entre a 24ª e 28ª semana. TOTG (24ª semana a 28ª semana) O exame deve ser feito em jejum e 2h depois de sobrecarga de 75g de glicose anidro Diagnóstico de DMG: se em jejum >110mg/dl e após 2h > 140mg/dl: Conduta: orientar medidas de prevenção primária, encaminhar ao alto risco e manter acompanhamento na UBS. Urina tipo 1 Leucocitúria: > 10.000 cels./ml ou 5 cels/campo. Se possível realizar urocultura para confirmar ITU, caso contrário, tratar empiricamente Hematúria: > 10.000 cels./ml ou entre 3 a 5 hemácias/campo. Sem ITU e sangramento genital com proteína maciça ou traço em dois exames seguidos – referir ao alto risco Proteinúria: alterado > 10mg/dl e maciça >30mg/dl Traços proteinúria, sem HAS: repetir o exame em 15d, se mantiver encaminhar para o alto risco. Traços de proteinúria com HAS ou proteinúria maciça: referir para alto risco. Urocultura e antibiograma Urocultura negativa: < 10.000 UFC/ml Urocultura positiva: > 10.000 UFC/ml Urocultura positiva e gestante não sintomática ou com ITU não complicada: tratar de acordo com antibiograma. Caso não seja possível, iniciar ATB de forma empírica, sendo os de escolha: Nitrofurantoína 100mg – 1cp 6/6/h por 10 dias (evitar após 36sem) Cefalexina 500mg – 1cp 8/8h por 7 a 10 dias Amoxacilina-clavulonato 500mg – 1cp 8/8h por 7 a 10 dia Antibiograma: determina quais ATB podem ser usados no tratamento Teste rápido para sífilis (treponêmico) e VDRL (não treponêmico) Teste rápido não reagente e VDRL negativo: normal Teste rápido reagente e VDRL positivo: verificar titulação para confirmar sífilis idade materna 35 anos; sobrepeso, obesidade ou ganho de peso excessivo na gestação atual; deposição central excessiva de gordura corporal; baixa estatura (<1,5m); crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, síndromes hipertensivas na gestação na gravidez atual; antecedentes obstétricos de abortamento de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal, macrossomia (>4.500g) ou DMG; história familiar de DM em parentes de 1ºgrau; síndrome do ovário policístico. Laís Silva Rios Saad + Aline Custódio Silva | Ginecologia e Obstetrícia Iniciar o tratamento com primeira dose de Penicilina Benzatina e realizar VDRL para ver titulação. Sífilis primária, secundária e latente recente: 2.400.000 UI de Penicilina Benzatina, IM em dose única (sendo 1.200.000 UI de cada lado). Sífilis latente tardia e terciária: 2.400.000 UI de Penicilina Benzatina, intramuscular, semanal durante 3 semanas (dose total: 7.200.000 UI) Acompanhar VDRL mensal até o parto e depois a cada 3 meses até 12 meses do tratamento. Teste rápido para HIV e sorologia (Anti HIV I e II) Teste rápido não reagente e Anti HIV I e II negativos: normal Teste rápido reagente e sorologia positiva: confirmar HIV positivo Encaminhar gestante para o alto risco e manter acompanhamento na UBS. Toda gestante HIV + deve receber TARV durante a gestação para profilaxia da transmissão vertical e tratamento da infecção. HBsAg HBsAg não reagente: normal Esquema vacinal desconhecido ou incompleto, deve-se iniciar ou completar o esquemavacinal após o 3ºtrimestre HBsAg reagente: solicitar HBeAg e transaminases (TGO/TGP) Encaminhar ao alto risco Toxoplasmose IgM e IgG IgM e IgG não reagentes: gestante suscetível – orientar medidas de prevenção IgM não reagente e IgG reagente: doença prévia IgM reagente e IgG não reagentes: doença recente ou IgM falso positivo Iniciar imediatamente tto (espiramicina) e repetir sorologia em 3 semanas. Se IgM negativo suspender tratamento, se positivo confirma-se infecção Infecção aguda antes de 30º sem: espiramicina 1g (3.000.000 UI) de 8/8h, VO, até o final da gravidez. Infecção aguda após 30º sem: tratamento tríplice materno: pirimetamina 25mg, 12/12h + sulfadiazina 1.500mg, 12/12h + ácido folínico 10mg/dia IgM e IgG reagentes: avaliar avidez do IgG e idade gestacional Avidez IgG fraca ou >16sem: possibilidade de infecção durante a gestação Avidez IgG forte ou <16sem: infecção adquirida antes da gestação Eletroforese de hemoglobina HbAA: sem doença falciforme HbAS: heterozigose para Hb S ou traço falciforme, mas sem doença Orientações genéticas pela equipe e dar continuidade no pré-natal na AB HbAC: heterozigose para Hb C, mas sem doença HbSS ou HbSC: doença falciforme Devem ser encaminhadas para o alto risco Parasitológico de fezes (quando anemia presente ou manifestações sugestivas) Negativo: ausência de parasitose Positivo: conforme descrição de parasitos Parasitoses intestinais só devem ser tratadas quando o QC é exuberante ou infecções são maciças, não sendo recomendado o tto durante o 1º trimestre. Orientar sempre medidas profiláticas Consultas subsequentes: Anamnese atual, sempre pesquisar sobre as queixas mais comuns na gestação Exame físico direcionado / ginecológico + PA Avaliação do calendário vacinal Avaliação dos resultados dos exames complementares Atualização do cartão da gestante Calculo e anotações da IG Calculo do IMC, anotar no gráfico para monitoramento do ganho de peso gestacional Pesquisa de edema – região perimaleolar, pré-tibial, sacro e MMSS Avaliação dos movimentos observados pela mulher ou detectados pelo exame Teste de estimulo sonoro simplificado (Tess), se houver indicação clínica PALPAÇÃO OBSTÉTRICA E MEDIDA UTERINA: realizada antes da medida do colo uterino, porque consiste em 4 fases (delimitação do fundo de útero, situação fetal, Laís Silva Rios Saad + Aline Custódio Silva | Ginecologia e Obstetrícia dorso fetal e apresentação fetal), e ao delimitar o fundo do útero depois fica mais fácil para poder medir a altura uterina. Medida uterina: sínfise púbica até o fundo do útero. Ausculta fetal: entre 120 e 160 bpm. Feita com o sonar a partir de 12 semanas e com o pinard a partir de 20 semanas, realizada após palpação obstétrica no quadrante de melhor ausculta. ULTRASSONOGRAFIA NA GESTAÇÃO: a rede cegonha preconiza 1 USG obstétrica por gestante de risco habitual. 1º TRIMESTRE USG transvaginal Pode auxiliar no dgx oportuno das gestações múltiplas, na datação mais acurada da IG, ↓ o núm. de induções por gestação prolongada, além de evidenciar a viabilidade fetal. Nestes casos, preferencialmente, deve ser realizada por via transvaginal. Translucência nucal (TN) Entre a 11ª e a 13ª semana, a medida da TN pode id casos de trissomia do cromossomo 21. Mas, a indicação deste exame deve estar sempre sujeita à disponibilidade local de recursos e ao desejo dos pais de realizar o exame. 2º TRIMESTRE USG morfológica Entre 18 e 22 semanas, os órgãos fetais já estão formados e são de visualização + precisa, assim, este é o momento adequado para fazer o rastreamento de malformações, caso se opte por fazê-lo. 3º TRIMESTRE USG obstétrica simples Não há benefícios da ultrassonografia de rotina em gestações de baixo risco após a 24ª semana de gravidez. Se suspeita da alteração do crescimento fetal, por exemplo, quando a medida da AFU está do esperado, a USG pode ser ferramenta útil na avaliação. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E ORIENTAÇÃO ALIMENTAR DURANTE O PRÉ NATAL A avaliação do estado nutricional permite a classificação do IMC por semana gestacional, recomenda-se que ela seja pesada em todas as consultas. Colher histórico de desnutrição, sobrepeso, obesidade, cirurgia bariátrica, transtornos alimentares, carências nutricionais, RN com baixo peso ao nascer. Baixo peso (BP): investigar história alimentar, hiperêmese infecções, parasitoses, anemias e doenças debilitantes. Orientar visando à promoção do peso adequado e de hábitos alimentares saudáveis. Remarcar a consulta em intervalo menor do que o fixado no calendário habitual. Peso Adequado (A): siga o calendário habitual. Explique à gestante que seu peso está adequado para a idade gestacional. Dê-lhe orientação nutricional, visando à manutenção do peso adequado e à promoção de hábitos alimentares saudáveis; Sobrepeso e obesidade (S e O): investigar obesidade pré-gestacional, casos de edema, polidrâmnio, macrossomia e gravidez múltipla. Orientar visando a promoção do peso adequado e de hábitos alimentares saudáveis, ressaltando que, no período gestacional, não se deve perder peso, é desejável mantê-lo. Remarcar a consulta em intervalo menor do que o fixado no calendário habitual. RECOMENDAÇÕES PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA GESTANTES Mínimo de 3 refeições por dia e dois lanches saudáveis; evitar ficar mais de 3hrs sem comer; beber pelo menos 2 litros de água por dia; evitar pular refeições ou beliscar durante as refeições; mastigar lentamente; evitar consumir líquidos durante as refeições; evitar deitar logo após as refeições; incentivar o consumo de cereais integrais pela quantidade de fibras; consumir três porções de legumes e verduras; consumir frutas; evitar gorduras, carnes cruas ou mal passadas, café/achocolatado com leite Laís Silva Rios Saad + Aline Custódio Silva | Ginecologia e Obstetrícia Suplementação na gestação: Sulfato ferroso 200 mg (ferro elementar 40 mg) Para prevenção de baixos níveis de hemoglobina no parto e puerpério. Um comprimido ao dia, uma hora antes do almoço, de preferência com sucos cítricos do início da gestação até o terceiro mês pós-parto. OBS: no pós-aborto também. Ácido Fólico 0.4mg Um comprimido ao dia até o final da gestação. Nos casos de anemia, até a cura e durante o puerpério . Vitamina A Atua no sistema imunológico e no bom funcionamento da visão. Ocorre em todos os estados da região nordeste e municípios de minas gerais. Nessas regiões, toda puérpera no pós-parto imediato, ainda na maternidade, deve receber uma megadose de 200.000 UI de vitamina A. Fatores de risco para gravidez atual: P/ iniciar as atividades do controle do pré-natal, é necessário identificar os riscos a que cada gestante está exposta. É indispensável que esta avaliação do risco aconteça em toda consulta. Idade menor que 15 e maior que 35 anos; Ocupação: esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, estresse; Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, principalmente em se tratando de adolescente; Situação conjugal insegura; Baixa escolaridade (menor que cinco anos de estudo regular); Condições ambientais desfavoráveis; Altura menor que 1,45m; Peso menor que 45kg e maior que 75kg; Dependência de drogas lícitas ou ilícitas; História reprodutiva anterior com risco; Intercorrências clínicas crônicas; Doenças obstétricas na gravidez atual. Após a identificação de um ou mais destes fatores, a gestante deverá ser tratada na UBS; os casos não previstos para tratamento na UBS, deverão ser encaminhados para a atenção especializada que, após a avaliação, deverão devolver a paciente para a atenção básica ou, dependendo da recomendação, continuar no centro de referênciapara gestação de alto risco. SEGUIMENTO DAS GESTAÇÕES DE ALTO RISCO O intuito da assistência pré-natal de alto risco é interferir no curso de uma gestação que possui maior chance de ter um resultado desfavorável, de maneira a ↓ o risco ao qual estão expostos a gestante e o feto, ou reduzir suas possíveis consequências adversas. A equipe de saúde que irá realizar o seguimento deve levar em consideração continuamente: Avaliação clínica completa e detalhada; Avaliação obstétrica, estabelecendo a IG e avaliando o crescimento as condições de vitalidade e maturidade do feto; Repercussões mútuas entre as condições clínicas da gestante e a gravidez; Determinação da via de parto e o momento ideal para o acontecimento; Aspectos emocionais e psicossociais para melhor acompanhamento. Pré-natal na pandemia PRÉ-NATAL em tempos de covid-19: quando possível, as equipes de APS podem praticar teleatendimento em parte do pré-natal e, se não houver essa possibilidade, em seu lugar, poderá ser feito contato por telefone para dar seguimento e orientações às gestantes. As consultas presenciais devem concentrar-se em gestantes de risco habitual, na seguinte cronologia: 11°-14° semanas, 20°-22° semanas, 26°-28° semanas, 32° semana, 35° semana, 37° semana, 39° semana e, após isso, semanalmente até o parto Para ↓ dos deslocamentos das pacientes, teleconsultas devem ser realizadas nas seguintes idades gestacionais: abaixo de 11 semanas (obtenção da história clínica e orientações sobre como será realizado o seguimento pré-natal), entre 16-18 semanas, com 32, 38 semanas e após a alta hospitalar. Laís Silva Rios Saad + Aline Custódio Silva | Ginecologia e Obstetrícia O pós-parto ou puerpério, inicia-se após o nascimento do e a saída da placenta. Nesse período, podem surgir problemas de saúde ainda relacionados à gravidez, responsáveis por sequelas ou até mesmo óbito de mulheres. Assim, há necessidade de uma consulta de controle no pós-parto até 42 dias após o final da gestação Didaticamente, o puerpério se divide em: Imediato (do 1º ao 10º dia após o parto) Tardio (do 11 ao 45º dia após o parto) Remoto (após o 45º dia após o parto) QUEIXAS COMUNS NO PUERPÉRIO Temperatura: fenômenos fisiológicos como ingurgitamento mamário relacionado à apojadura justificam discreta ↑ da Tº por volta do 3° d, cuja duração de até 48h. Dor abdominal: tipo cólica, exacerbada durante as mamadas, de maior intensidade durante a 1ªsem. Decorrente de contrações uterinas por ação local da ocitocina, liberada na hipófise posterior pelo reflexo de sucção mamilar Lóquios: secreção vaginal pós-parto composta por sangue, fragmentos deciduais, bactérias, exsudatos e transudatos vaginais. apresenta odor forte e característico, com volume e aspecto influenciados por gradual redução do conteúdo hemático Aparelho urinário: edema e lesões traumáticas da uretra e bexiga acarretando em retenção urinária. Aparelho digestivo: comum o retardo da primeira evacuação, pelo relaxamento da musculatura abdominal perineal, assim como pelo desconforto em casos de episiorrafia e hemorroidas Alterações psíquicas: crises de choro por instabilidade emocional, com marcantes mudanças de humor Mamas: o colostro já pode estar presente desde a 2º metade da gravidez, ou no mais tardar nos primeiros dias pós-parto. Apojadura com ingurgitamento mamário por volta do 3º dia. Intercorrências com a mama no pós parto Consulta puerperal: verificar tanto aspectos físicos quanto emocionais Na anamnese: indagar sobre as condições da gestação e do atendimento ao parto, colher dados do parto, se houveram intercorrências na gestação, parto ou puerpério, se recebeu aconselhamento e realizou testagem para sífilis durante pré-natal e/ou parto, sobre uso de medicamentos, indagar sobre as dificuldades no aleitamento, reforçando os pontos positivos, além de questionar sobre alimentação, sono, atividades, dor, fluxo vaginal, sangramento, queixas urinárias e febre. Planejamento familiar (desejo de ter mais filhos, de usar método contraceptivo, os métodos já utilizados e os de preferência) Condição psicoemocional (estado de humor, preocupações, desânimo) Condição social (pessoas de apoio, enxoval do bebê, condições para o atendimento das necessidades básicas) Avaliação clínico-ginecológica: verificar sinais vitais, além de: Estado geral: pele e mucosas, edema, cicatriz, membros inferiores. Examine mamas: ingurgitamento, sinais flogísticos, cicatrizes, fissuras) Examine abdome: condição do útero e se há dor à palpação Períneo e genitais externos: sinais de infecção e presença dos lóquios Observar vínculo mãe-filho Observe, avalie e corrija se necessário a mamada Orientações e condutas: cuidado com as mamas reforçando a importância do aleitamento materno, informações sobre contracepção e cuidados com RN. Além disso, lembrar-se do Sulfato Ferroso 40mg até 3 meses depois do parto. Saúde mental no puerpério: deve-se dar especial atenção às condições psíquicas e sociais da mulher neste momento, porque nesse período há muita ansiedade com a chegada do bebê, o que pode ocasionar sintomas depressivos. Puerpério alteração psíquica leve e transitória que se inicia no 3º até o 4º dia do puerpério. Os sintomas são choro, flutuação de humor, irritabilidade, fadiga, tristeza, insônia, dificuldade de concentração, ansiedade relacionada ao bebê. A remissão é espontânea demorando de uma semana a 10 dias. transtorno psíquico de moderado a severo, com início insidioso na 2º a 3º semana do puerpério. Os sintomas são tristeza, choro fácil, desalento, abatimento, labilidade, anorexia, náuseas, insônia inicial e pesadelos, ideias suicidas, perda do interesse sexual. O prognóstico tem relação com o diagnóstico precoce e intervenções adequadas. Laís Silva Rios Saad + Aline Custódio Silva | Ginecologia e Obstetrícia Anticoncepção x Puerpério Par a escolha do método contraceptivo, deve-se considerar o tempo decorrido desde o parto, o padrão da amamentação, o retorno ou não da menstruação e os possíveis efeitos dos anticoncepcionais hormonais sobre a lactação e o lactente. Durante os primeiros seis meses de pós-parto, a amamentação exclusiva à livre demanda, com amenorréia, está associada à diminuição da fertilidade. DIU: pode ser inserido imediatamente após o parto ou somente após 4 semanas (e é contraindicado em casos que cursaram com infecção puerperal até 3m após a cura) ANTICONCEPCIONAL HORMONAL: os de VO somente com progesterona, podem ser utilizados pela lactente, sendo iniciado 6 semanas após o parto. Os injetáveis trimestrais - acetato de medroxiprogesterona 150mg/ml - podem ser utilizados pela lactente e deve ser iniciado 6 semanas após o parto Os que são combinados - contendo também estrogênio – tanto de via oral quanto injetável mensal, interferem na quantidade e qualidade do leite materno distúrbio de humor psicótico, com apresentação de perturbações mentais graves. Tem início abrupto nas duas ou três semanas após o parto. O quadro clínico é de confusão mental, alucinações ou delírios, agitação psicomotora, angústia, pensamentos de machucar o bebê, insônia. Sintomas evoluem para forma maníacas, melancólicas ou catatônicas. Pode evoluir mais tarde para depressão. O prognóstico depende da detecção precoce e intervenções adequadas.