Buscar

Direito Ambiental 3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Supremo Tribunal Federal
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.757
V O T O
A SENHORA MINISTRA TATIANA FELISBERTO FRUET (RELATOR): Cuida-se de ADI proposta em face de vários dispositivos da Lei Complementar nº 140/2011, como se passa a expor.
1. Alega a autora que a referida Lei padece de inconstitucionalidade formal e material. 
2. A inconstitucionalidade formal teria ocorrido por violação do parágrafo único do art. 65 da Constituição Federal, vez que, uma vez tendo o texto sido alterado no Senado, não foi remetido à Câmara para apreciação. Assim consta na inicial:
Com efeito, uma vez alterado o conteúdo da norma no Senado, onde houve muito mais do que um simples ajuste de redação, o PLC 01/2010 deveria ter retornado para a Câmara dos Deputados aferir e votar a alteração realizada, nos termos do parágrafo único do art. 65, da Constituição. Todavia, isso não ocorreu.
3. Em relação à inconstitucionalidade material, a autora defende que vários dispositivos da lei questionada ofendem a Constituição. Em resumo:
- O art. 17 da lei questionada afrontaria o caput do art. 225 da Constituição, posto que ao limitar a defesa do meio ambiente a unte da federação, estaria violando o espírito de cooperação previsto no dispositivo constitucional. Nas palavras da autora:
O Poder Público deve ser entendido como a união de toda a estrutura administrativa de todos os entes públicos. E o art. 225 atribuiu ao Poder Público (como um todo) e não de forma segmentada, o ônus estatal de proteger o meio ambiente. O ART. 17, TAMBÉM VIOLA O ART. 23, DA CONSTITUIÇÃO, pois, a atuação segmentada afronta a ESSÊNCIA do próprio art. 23 que fixa competências comuns e NÃO EXCLUDENTES.
A postulante defende a inconstitucionalidade também do § 2º do mesmo dispositivo legal por tolhimento substancial à autoexecutoriedade do ato administrativo, rebaixando a proteção ambiental e a cooperatividade, previstas nos arts. 225 e 25, respectivamente da Carta Magna, uma vez que permite a qualquer ente determinar medidas a fim de evitar dano ambiental e comunicar o órgão competente para que sejam adotadas as providências cabíveis.
Ademais, defende a inconstitucionalidade do § 3º por violar o princípio da eficiência previsto no art. 37, CF, porquanto seria permitido a instauração de três processos idênticos sobre o mesmo fato, em face da atuação dos órgãos ambientais das três esferas da federação. Alega ainda que haveria violação dos princípios da segurança jurídica, do devido processo legal e do direito de ser processado por autoridade competente. Leia-se:
Em resumo, o art. 17 e os §§ 2º e 3º, da LC nº 140/2011 são inconstitucionais por violar: 1) a cabeça do art. 225 da Constituição que não permite o fracionamento privativo de atribuições do Poder Público para a defesa ambiental; 2) a cabeça do art. 23, da Constituição por transformar competências comuns em privativas; 3) a cabeça do art. 37, da Constituição por violar o princípio da eficiência; 4) o devido processo legal (arts. 5º LIV); 5) o princípio de que ninguém será processado senão pela autoridade competente (art. 5º LIII), 6) a segurança jurídica e a proteção da confiança e 7) o entendimento doutrinário de que não se deve rebaixar o nível de proteção das normas ambientais.
- Os art.s 7, XIII; 8, XIII e 9, XIII seriam inconstitucionais, conforme a autora, por afrontar o caput do art. 225 da Constituição que proíbe o fracionamento privativo de atribuições do Poder Público no que reporta à defesa ambiental. Alega ainda a existência de violação do caput do art. 23 uma vez que transformou as competências comuns em privativas, restringindo o controle e a fiscalização de cada ente somente ao disposto na lei.
- Seriam inconstitucionais os art. 4º, V e VI; 14, § 3º e 15 porquanto constituiriam hipóteses de transferência e delegação automática e voluntária do dever de proteção ambiental, não se justificando a inércia do ente federativo ante a um dano ambiental.
- Inconstitucional também seria o § 4º do art. 14 uma vez que cria hipótese de prorrogação automática de licença ambiental em face da mora do Poder Público, o que, segundo a autora, prejudica o dever de proteção do meio ambiente, afrontando, portanto, o art. 225, § 1º, IV da CF.
- Padeceriam de inconstitucionalidade os arts. 7, XIV; 8, XIV; 9, XIV; 20 e 21 por impedirem a atuação assertiva dos entes em prol de uma proteção ampla ao meio ambiente. Assim, ao revogarem o § 4º do art. 10 da Lei nº 6.938/813, os dispositivos limitariam materialmente as competências dos entes federativos, prejudicando a solidariedade e complementariedade da ação do Poder Público.
Os arts. 20 e 21 encontrariam a inconstitucionalidade em face da retirada da característica supletiva da União, afrontando o dever de proteger o meio ambiente disposto no art. 225 da Constituição.
- A inconstitucionalidade macularia ainda a alínea h do inciso XIV e parágrafo único do art. 7, porquanto a criação da Comissão Tripartite retiraria a competência do CONAMA, enfraquecendo o SISNAMA e incorrendo em um retrocesso por rebaixamento do nível de proteção legal. Por isso, defende: “é necessário uma declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto para determinar a extensão dessas proposições e esclarecer que elas não poderão gerar normas com direitos e obrigações novas”.
- Por fim, sustenta a inconstitucionalidade por arrastamento em face de todas as afrontas ao texto da Lei Maior o que compromete o próprio funcionamento da lei questionada.
4. A Procuradoria Geral da República se manifestou. Leia-se a ementa:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. AMBIENTAL. LEI COMPLEMENTAR 140/2011. REGULAMENTAÇÃO DA COMPETÊNCIA COMUM PARA PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE. COOPERAÇÃO INSTITUCIONAL ENTRE OS ENTES DA FEDERAÇÃO NA PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE. AUSÊNCIA DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. EMENDA DO SENADO FEDERAL DE CARÁTER REDACIONAL. DEFINIÇÃO POR LEI DAS ATRIBUIÇÕES DE CADA ESFERA POLÍTICA NO ÂMBITO DO EXERCÍCIO DE COMPETÊNCIA COMUM. 1. Não ofende o art. 65-parágrafo único da Constituição a não devolução à Casa iniciadora de projeto de lei que sofreu emenda de cunho estritamente redacional, sem alteração do conteúdo normativo. 2. É constitucional lei complementar federal que, com fundamento no art. 23-parágrafo único da Constituição, disciplina a cooperação institucional entre os entes da Federação no que se refere à competência comum de proteção do meio ambiente. 3. Afronta o princípio da vedação da proteção deficiente norma legal que determina o prevalecimento do auto de infração da autoridade competente em detrimento de autos lavrados por outros entes federativos, que confiram maior proteção ao meio ambiente. 4. Deve ser conferida interpretação conforme à Constituição ao art. 17-§3.º da LC 140/2011, no sentido de que apenas deve prevalecer o auto de infração lavrado pelo órgão que detenha originalmente a atribuição para o licenciamento caso esse tenha possibilidade real de impedir ou fazer cessar o dano Parecer pela procedência parcial do pedido.
5. Assim, o órgão manifestou-se pelo conhecimento da ação, afastando a inconstitucionalidade formal em face de a alteração ocorrida no Senado se restringir à modificação de redação.
6. Alegou que as divisões de atribuições para cada ente não geram a inconstitucionalidade.
7. Com base nos princípios da subsidiariedade e da vedação da proteção deficiente, defendeu que seja conferida interpretação conforme à Constituição para o art. 17, § 3º da lei questionada no sentido de que “apenas prevalece o auto de infração lavrado pelo órgão que detenha atribuição para o licenciamento ou autorização caso este tenha possibilidade real de impedir ou fazer cessar o dano.”.
8. Expõe que o propósito da Lei Complementar 140/2011 é assegurar o efetivo cumprimento das normas constitucionais que tratam da questão ambiental. Logo, desejando harmonizar as políticas e ações administrativas e garantir a uniformidade da política ambiental, disciplinou-se o exercício das competências comum. Portanto, não existiu a transformação da competência comum em privativa,mas tão somente se primou pelos princípios da eficiência e economicidade.
9. Refuta a inconstitucionalidade dos arts. 7, XIII; 8, XIII e 9, XIII porquanto a atribuição de competência para a realização de fiscalização e controle a todos os entes da federação está inserida no contexto do delineamento da cooperação. 
10. Contesta as alegações da autora no que reporta aos arts. 4, V e VI; 14, § 3º e 15 sob o mesmo fundamento.
11. Em relação ao art. 14, § 4º não haveria afronta à Lei Maior em razão dos princípios da segurança jurídica, da proteção e da confiança, porquanto o particular é detentor de legítima expectativa de ver seu pedido de renovação de licença apreciado em prazo razoável. Ademais, salienta que a Resolução 237/1997 do CONAMA também previa renovação tácita.
É o relatório.
1. Da Inconstitucionalidade Formal
Ocorre a inconstitucionalidade formal quando o instrumento legislativo utilizado é diferente daquele prescrito pela Constituição Federal ou ainda quando não se observa o rito determinado para o processo legislativo. Ou seja, o vício se encontra durante a elaboração da norma.
No caso, a autora alega a inconstitucionalidade fundada no fato de, após alteração pelo Senado, o projeto de lei não ter sido novamente enviado para a Câmara dos Deputados.
Ocorre que esta Corte tem posicionamento firmado no sentido de não haver inconstitucionalidade quando a alteração não implica em mudança de conteúdo, vale dizer, quando somente se refere a mudança de palavras sem que o sentido seja modificado.
Neste sentido:
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. 1. QUESTÃO DE ORDEM: PEDIDO ÚNICO DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL DE LEI. IMPOSSIBILIDADE DE EXAMINAR A CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL. 2. MÉRITO: ART. 65 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL DA LEI 8.429/1992 (LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA): INEXISTÊNCIA. 1. Questão de ordem resolvida no sentido da impossibilidade de se examinar a constitucionalidade material dos dispositivos da Lei 8.429/1992 dada a circunstância de o pedido da ação direta de inconstitucionalidade se limitar única e exclusivamente à declaração de inconstitucionalidade formal da lei, sem qualquer argumentação relativa a eventuais vícios materiais de constitucionalidade da norma. 2. Iniciado o projeto de lei na Câmara de Deputados, cabia a esta o encaminhamento à sanção do Presidente da República depois de examinada a emenda apresentada pelo Senado da República. O substitutivo aprovado no Senado da República, atuando como Casa revisora, não caracterizou novo projeto de lei a exigir uma segunda revisão. 3. Ação direta de inconstitucionalidade improcedente. (ADI 2182, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 12/05/2010, DJe-168 DIVULG 09-09-2010 PUBLIC 10-09-2010 EMENT VOL-02414-01 PP-00129 RTJ VOL-00218-01 PP-00060).
EMENTA: CONSTITUCIONAL. MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 04 DE MAIO DE 2000 (LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL). MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.980-22/2000. Lei Complementar nº 101/2000. Não-conhecimento. I - Os §§ 2º e 3º do art. 7º da LC nº 101/00 veiculam matérias que fogem à regulação por lei complementar, embora inseridas em diploma normativo dessa espécie. Logo, a suposta antinomia entre esses dispositivos e o art. 4º da Medida Provisória nº 1.980-22/00 haverá de ser resolvida segundo os princípios hermenêuticos aplicáveis à espécie, sem nenhuma conotação de natureza constitucional. Ação não conhecida. II - Ação prejudicada quanto ao inciso I do art. 30 da LC nº 101/00, dado que já expirado o prazo da norma de caráter temporário. Lei Complementar nº 101/2000. Vício formal. Inexistência. III - O parágrafo único do art. 65 da Constituição Federal só determina o retorno do projeto de lei à Casa iniciadora se a emenda parlamentar introduzida acarretar modificação no sentido da proposição jurídica. IV - Por abranger assuntos de natureza diversa, pode-se regulamentar o art. 163 da Constituição por meio de mais de uma lei complementar. Lei Complementar nº 101/200. Vícios materiais. Cautelar indeferida. V - O inciso II do § 2º do art. 4º apenas obriga Estados e Municípios a demonstrarem a viabilidade das metas programadas, em face das diretrizes traçadas pela política econômica do Governo Federal (políticas creditícia e de juros, previsões sobre inflação, etc.), o que não encontra óbice na Constituição. VI - Art. 4º, § 4º: a circunstância de certos elementos informativos deverem constar de determinado documento (Lei de Diretrizes Orçamentárias) não impede que venham eles a ser reproduzidos em outro, principalmente quando destinado à apresentação do primeiro, como simples reiteração dos argumentos nele contidos. VII - Art. 7º, caput: norma de natureza fiscal, disciplinadora da realização da receita, e não norma vinculada ao Sistema Financeiro Nacional. VIII - Art. 7º, § 1º: a obrigação do Tesouro Nacional de cobrir o resultado negativo do Banco Central do Brasil não constitui utilização de créditos ilimitados pelo Poder Público. IX - Arts. 9º, § 5º, 26, § 1º, 29, § 2º e 39, caput, incisos e parágrafos: o Banco Central do Brasil age, nos casos, como executor da política econômica, e não como órgão central do Sistema Financeiro Nacional. X - Art. 11, parágrafo único: por se tratar de transferências voluntárias, as restrições impostas aos entes beneficiários que se revelem negligentes na instituição, previsão e arrecadação de seus próprios tributos não são incompatíveis com o art. 160 da Constituição Federal. XI - Art. 14, inciso II: medida cautelar indeferida. XII - Art. 15: o dispositivo apenas torna efetivo o cumprimento do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e dos orçamentos anuais, não inibindo a abertura de créditos adicionais previstos no art. 166 da Carta Política. XIII - Art. 17 e §§ 1º a 7º: que o aumento de despesa de caráter continuado esteja condicionado à redução de despesa ou aumento de receita, também em caráter continuado, é proposição que, por achar-se em sintonia com a lógica, não pode ser obviamente considerada responsável pelo engessamento de qualquer dos Poderes de Estado ou órgãos da Administração e, portanto, ofensiva ao princípio da separação dos Poderes. Pela mesma razão, não se pode ver como atentatória ao princípio da autonomia dos entes federados. O incremento da arrecadação pelas formas indicadas no § 3º do art. 17 da LRF se reveste de previsibilidade e se presta, por isso, para um cálculo de compensação, que há de ser, tanto quanto possível, exato. XIV - Art. 18, § 1º: a norma visa a evitar que a terceirização de mão-de-obra venha a ser utilizada com o fim de ladear o limite de gasto com pessoal. Tem, ainda, o mérito de erguer um dique à contratação indiscriminada de prestadores de serviço, valorizando o servidor público e o concurso. XV - Art. 20: o art. 169 da Carta Magna não veda que se faça uma distribuição entre os Poderes dos limites de despesa com pessoal; ao contrário, para tornar eficaz o limite, há de se dividir internamente as responsabilidades. XVI - Art. 24: as exigências do art. 17 da LRF são constitucionais, daí não sofrer de nenhuma mácula o dispositivo que determina sejam atendidas essas exigências para a criação, majoração ou extensão de benefício ou serviço relativo à seguridade social. XVII - Art. 29, inciso I: não se demonstrou qual o dispositivo da Constituição que resultou malferido. XVIII - Art. 59, § 1º, inciso IV: trata-se de dispositivo que prevê mera advertência. XIX - Art. 60: ao Senado Federal incumbe, por força dos incisos VII e IX do art. 52 da Constituição Federal, fixar limites máximos, norma que não é violada enquanto os valores se situarem dentro desse âmbito. XX - Art. 68, caput: o art. 250 da Carta-Cidadã, ao prever a instituição de fundo integrado por bens, direitos e ativos de qualquer natureza, não excluiu a hipótese de os demais recursos pertencentes à previdência social, até mesmo os provenientes da arrecadação de contribuições, virem a compor o referidofundo. Ademais, nada impede que providência legislativa de caráter ordinário seja veiculada em lei complementar. Lei Complementar nº 101/2000. Interpretação conforme a Constituição. XXI - Art. 12, § 2º: medida cautelar deferida para conferir ao dispositivo legal interpretação conforme ao inciso III do art. 167 da Constituição Federal, em ordem a explicitar que a proibição não abrange operações de crédito autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo. XXII - Art. 21, inciso II: conferida interpretação conforme a Constituição, para que se entenda como limite legal o previsto em lei complementar. XXIII - Art. 72: dada interpretação conforme, para considerar a proibição contida no dispositivo legal restrita aos contratos de prestação de serviços permanentes. Lei Complementar nº 101/2000. Vícios materiais. Cautelar deferida. XXIV - Art. 9º, § 3º: hipótese de interferência indevida do Poder Executivo nos demais Poderes e no Ministério Público. XXV - Art. 23, §§ 1º e 2º: a competência cometida à lei complementar pelo § 3º do art. 169 da Constituição Federal está limitada às providências nele indicadas, o que não foi observado, ocorrendo, inclusive, ofensa ao princípio da irredutibilidade de vencimentos. Medida cautelar deferida para suspender, no § 1º do art. 23, a expressão "quanto pela redução dos valores a eles atribuídos", e, integralmente, a eficácia do § 2º do referido artigo. XXVI - Art. 56, caput: norma que contraria o inciso II do art. 71 da Carta Magna, tendo em vista que apenas as contas do Presidente da República deverão ser apreciadas pelo Congresso Nacional. XXVII - Art. 57: a referência a "contas de Poder", no § 2º do art. 57, evidencia a abrangência, no termo "contas" constante do caput do artigo, daqueles cálculos decorrentes da atividade financeira dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos, que somente poderão ser objeto de julgamento pelo Tribunal de Contas competente (inciso II do art. 71 da Constituição). Medida cautelar deferida. Medida Provisória nº 1.980-22/2000. Ação prejudicada. XXVIII - Arts. 3º, I, e 4º: diploma normativo reeditado, sem que houvesse pedido de aditamento da petição inicial após as novas edições. Ação prejudicada, nesta parte. (ADI 2238 MC, Relator(a): ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 09/08/2007, DJe-172 DIVULG 11-09-2008 PUBLIC 12-09-2008 EMENT VOL-02332-01 PP-00024 RTJ VOL-00207-03 PP-00950)
Como se denota, a questão gira em torno do art. 65, parágrafo único da Constituição que se transcreve:
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora.
A Câmara aprovou e envio para o Senado o seguinte texto:
§ 3º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, sendo nulo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que não detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput
O texto final aprovado pelo Senado teve a seguinte redação:
“§ 3º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput.
Como se infere da leitura não houve qualquer alteração significativa do sentido e alcance da norma, portanto, seu conteúdo ficou inalterado, em que pese a modificação na redação, razão pela qual não se sustenta a alegação de inconstitucionalidade formal. Logo, razão assiste a Procuradoria Geral da República.
2. Das Alegações de Inconstitucionalidade Material
a) Do Princípio da Cooperação e da Distribuição de Competências: alegada inconstitucionalidade dos arts. 17, caput e § 2º; 7º XIII; 8º XIII e 9º XIII; 4º, V e VI, 14, § 3º e 15, 20 e 21:
Cumpre esclarecer que o princípio da cooperação prega que, para melhor solução dos problemas ambientais, bem como sua prevenção, é preciso que todos os entes cooperem entre si e com a sociedade. Assim, é preciso a união de esforços entre o Poder Público e a sociedade em prol da questão ambiental.
Ele está insculpido na Declaração da Rio 92, veja-se:
Princípio 10: O melhor modo de tratar as questões ambientais é com a participação de todos os cidadãos interessados, em vários níveis. No plano nacional, toda pessoa deverá ter acesso adequado à informação sobre o ambiente de que dispõem as autoridades públicas, incluí a informação sobre os materiais e as atividades que oferecem perigo a suas comunidades, assim como a oportunidade de participar dos processos de adoção de decisões. Os Estados deverão facilitar e fomentar a sensibilização e a participação do público, colocando a informação à disposição de todos. Deverá ser proporcionado acesso efetivo aos procedimentos judiciais e administrativos, entre os quais o ressarcimento de danos e recursos pertinentes.
Como se infere da leitura, não se trata somente da responsabilidade ou da atuação do Poder Público, mas também de toda a sociedade. Em relação à atuação estatal, não há forma prescrita no art. 225 da Constituição, nem mesmo no princípio em comento, razão pela qual pode se dar sem a discriminação de competências ou com seu estabelecimento.
No caso em tela, o legislador buscou determinar a área de atuação dos entes federados, de maneira que ficou explícita a responsabilidade de cada um. Neste sentido também foi feito com a educação, em que os papéis dos entes foram separados. Isto não significa que não haja cooperação, o que existe na verdade é somente a delimitação que facilita a atuação do Poder Público nas três esferas.
Dito de outra forma: sem a delimitação de competência, todos os entes podem fazer tudo, porém, pode ocorrer de todos quedarem inerte. Uma vez sendo atribuídas as competências, o ente conhece o seu papel e entende o dever de realiza-lo. Portanto, não há que se falar em inconstitucionalidade por ofensa ao princípio em comento.
Não há que se falar em afronta à competência comum prevista no art. 23, posto que a divisão de atribuições está em consonância com a mesma, assim como ocorre no tema educação. Ademais, quis o legislador evitar possíveis conflitos de competência em matéria ambiental.
Deve-se ainda lembrar que o parágrafo único do artigo em comento prevê a fixação de normas, via Lei Complementar, objetivando a cooperação entre os entes. Portanto, entende-se que o legislador buscou dar eficácia a este dispositivo, conferindo efetividade ao chamado federalismo cooperativo.
A esse respeito, leciona Paulo José Leite Farias[footnoteRef:1]: [1: FARIAS, Paulo José Leite. Competência comum e o federalismo cooperativo na subsidiariedade do licenciamento ambiental. Avanços da Lei Complementar nº 140/2012 na proteção do meio ambiente. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/51/203/ril_v51_n203_p39.pdf. Acesso em: mar/2021.] 
Na competência comum, a própria Constituição determina que lei complementar federal fixe normas para a cooperação entre as diversas 42 Revista de Informação Legislativa esferas de poder, “tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional” (art. 23, parágrafo único), o que evidencia que essa área de administração comum não deve estar sujeita a desperdícios de esforços e à superposição de atividades, muito menos ao entrechoque de ações administrativas de órgãos entre si autônomos, mas que todos, sob a égide da lei, devem agir de maneira harmoniosa e cooperativa; o que significa, em síntese, para os poderes locais, regionais e nacionais, limitar o exercício da sua própria competência em função de regras de interligação e de coexistência com igual competência de outrasesferas de poder estatal e, até mesmo, subordinar-se à administração orgânica ou sistêmica sob o comando de um ou mais órgãos.
Logo, a norma está em harmonia com a Constituição, não havendo que se falar em inconstitucionalidade.
b) Da Inconstitucionalidade do art. 17, § 3º:
Dispõe a norma questionada:
§ 3º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput.
Da leitura do dispositivo supra, resta evidente sua não conformidade com o ordenamento jurídico pátrio, assistindo razão à parte autora. 
Todavia, havendo instrumento jurídico apto a sanar a incompatibilidade, ele deve ser utilizado em detrimento da declaração de inconstitucionalidade.
Desta forma, opina-se pela interpretação conforme à Constituição de forma que o dispositivo questionado seja assim interpretado: “§ 3º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, devendo-se comunicar o órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput para a lavratura do auto de infração ambiental”.
Não se deve permitir que norma possa implicar em dupla ou tripla punição da pessoa em face de um mesmo fato, pois isso afronta o princípio da proibição de bis in idem, além do princípio da segurança jurídica, da vedação de proteção deficiente, entre outros, mostrando-se que o dispositivo precisa se alinhar à Constituição sob pensa de ser expurgado do ordenamento pátrio.
c) Da Inconstitucionalidade do § 4º, do art. 14, da LC nº 140/2011:
Em primeiro, cumpre esclarecer que o administrado não pode ser penalizado pela ineficiência ou omissão da Administração Pública. Vale lembrar que esta tem o dever de prestar ao cidadão a assistência no tempo previsto e isso implica em responder às demandas.
Portanto, caso o particular tenha ingressado com o pedido de renovação ambiental, o órgão deve deliberar no prazo previsto. Caso não o faço, a prorrogação automática se impõe até que o órgão decida.
Não se trata de renovação de licença, mas tão somente de prorrogação até que a Administração responda ao pedido do cidadão. Tal possibilidade encontra suporte também no art. 18 da Resolução 237/97 do CONAMA.
Logo, não se está dispensando o solicitante do cumprimento das exigências, em especial da adequação ou readequação do empreendimento às normas de segurança ambiental. Trata-se de estender provisoriamente o direito até que a Administração seja capaz de cumprir com seu papel.
Neste ponto, importante o esclarecimento de Talden Farias[footnoteRef:2]: [2: Disponível em: https://www.oeco.org.br/reportagens/por-despacho-ibama-revoga-regras-do-conama-sobre-licenciamento-ambiental/. Acesso em: mar/2021.] 
Se alguém que já tinha licença ambiental pediu a prorrogação da mesma com 120 dias de antecedência, no mínimo, como diz a lei, e passando esses 120 dias o órgão ambiental não se manifesta por alguma razão, não seria razoável fechar a empresa, a fábrica, fechar o hospital, por isso é dada essa prorrogação automática. Não existe nenhuma divergência jurídica a esse respeito. No entanto, é preciso esclarecer que isso dá direito a fazer apenas aquilo que a licença anteriormente concedida já permitia. Nada a mais. Além do mais, não deixa de ser uma forma de pressionar o Poder Público em face da demora excessiva.
Ademais, no presente mês foi editado o Despacho nº 7013022/2020-GABIN, cuja ementa segue:
PRORROGAÇÃO LICENÇA AMBIENTAL ENQUANTO SE ANALISA SUA RENOVAÇÃO. REVOGAÇÃO DO ARTIGO 18, § 4º DA RESOLUÇÃO CONAMA 237/97 PELO ARTIGO 14, § 4º DA LEI COMPLEMENTAR 140/11. PRORROGAÇÃO DE QUALQUER LICENÇA AMBIENTAL, NÃO SE LIMITANDO MAIS À LICENÇA DE OPERAÇÃO. VALIDADE DA PRORROGAÇÃO OPE LEGIS DA LICENÇA PRÉVIA OU DE INSTALAÇÃO. LEI DE LIBERDADE ECONÔMICA – LLE (LEI 13.874/19) VEDA A EXIGÊNCIA DE CERTIDÕES NÃO EXPRESSAMENTE PREVISTAS EM LEI (ART. 3º, XII). INEXIGIBILIDADE DE CERTIDÃO DE OCUPAÇÃO E USO DO SOLO NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL. APLICAÇÃO GERAL (LINDB, ART. 30).
Conclui-se, então, que inexiste inconstitucionalidade no dispositivo questionado, vez que não se pode restringir ou negar o exercício de direito legítimo em razão da inércia do Poder Público.
d) Da Inconstitucionalidade da alínea “h”, do inciso XIV e parágrafo único todos do 7º, da LC nº 140/2011:
A norma questionada cria a chamada Comissão Tripartite. Ab initio, esclarece-se que são criadas as Comissões Tripartite Nacional e Estaduais, bem como a Comissão Bipartite como instrumentos de cooperação institucional com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes federativos.
Em todos os dispositivos da LC 140/2011 que tratam do assunto, exceto os relativos à composição, fica assegurada a participação de um membro do CONAMA. Logo, não há que se falar em enfraquecimento deste órgão, haja vista que sua atuação continua a existir, somente sendo criado mais um órgão para a proteção ambiental, o que facilita a cooperação entre os entes da federação.
Este não é o único instrumento de cooperação previsto na Lei questionada. O nível de proteção legal não foi diminuído, ao revés, ampliou-se. 
Na estrutura prevista na lei a cooperação é realizada de forma descentralizada, de maneira que todos os entes da federação possuem suas competências e atribuições, portanto, não seria lógico manter somente o CONAMA que é federal.
Não havendo rebaixamento do nível de proteção legal à questão ambiental, não há que se falar em retrocesso, portanto, não existe fundamento para a declaração de inconstitucionalidade.
e) Da Inconstitucionalidade por Arrastamento: 
Para que a Lei Complementar nº 140/2011 fosse declarada inconstitucional em sua totalidade, precisaria, no mínimo que vários de seus dispositivos estivem em desacordo com a Constituição Federal, o que não é o caso. Logo, não existe fundamento fático e legal para a declaração de inconstitucionalidade por arrastamento.
CONCLUSÃO
Pelo exposto, voto no sentido de se conferir interpretação conforme à Constituição para o disposto no § 3º do art. 14 da LC 1401/2011, em face da possibilidade de haver até tripla punição, o que ofende os mais caros princípios do Estado Democrático de Direito, em especial a proibição de bis in idem.
Quanto à inconstitucionalidade formal, voto no sentido de seu não reconhecimento, haja vista não ter ocorrido mudança no sentido da norma.
Por fim, em relação às demais alegações de inconstitucionalidade material, voto pelo não reconhecimento, vez que não se encontrou fundamento capaz de demonstrar a afronta a Carta Magna.

Continue navegando