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Professora: Ruth Kelly Disciplina: Enfermagem em Neonatologia e Pediatria Nos últimos anos observou-se no mundo um decréscimo na mortalidade infantil - crianças menores de 5 anos, principalmente no período pós-natal. A mortalidade neonatal, entretanto, mantém-se elevada, corresponde com cerca de 70 % dos óbitos infantis e ela ocorre principalmente nos primeiros seis dias de vida, associada a recém- nascidos de baixo risco com peso superior a 2,5 Kg e sem anomalias congênitas associadas. 25.033 mortes 0-6 dias com asfixia sem malformações 5.209 mortes 0-6 dias com Síndrome de Aspiração de Mecônio (SAM). 2 RN ≥2500g sem malformações morrem ao dia no Brasil com SAM. O Brasil é o 10o pais do mundo em número de nascidos vivos prematuros (menores de 37 semanas) e 16o na mortalidade decorrentes de complicações relacionadas a prematuridade, segundos dados da Organização Mundial de Saúde. A maioria desses bebes prematuros necessita de auxilio durante a transição e adaptação a vida extra-uterina. Dos bebes nascidos entre 23 a 34 semanas, 62 % receberam ventilação com máscara logo ao nascer, para prematuros extremos de 22 a 28 semanas, cerca de 67 % receberam ventilação com ventilação positiva, 8 % massagem cardíaca e 5 % medicações na sala de parto. As evidências publicadas quanto à aspiração traqueal de RN não vigorosos com líquido meconial são insuficientes para decidir pela indicação ou não da aspiração traqueal (ILCOR/2015). Consiste em práticas de cuidado imediato, devendo ser iniciadas dentro do primeiro minuto de vida (Minuto de Ouro) que tem por objetivo favorecer a transição bem sucedida da vida intrauterina. Quadro 1: Condições Antenatais e Fatores Relacionados ao Parto associados a necessidade de reanimação neonatal ao nascer Condições Antenatais Idade < 16 anos e > 35 anos Diabetes Síndromes Hipertensivas Doenças Maternas Infecção Materna Aloimunização ou Anemia Fetal Uso de Medicações Uso de Drogas Ilícitas óbito Fetal ou Neonatal Anterior Ausência de Cuidado Pré-Natal Idade Gestacional < 39 semanas ou > 41 semanas Gestação Múltipla Rotura Prematura de Membranas Polidrâmnio ou Oligoâmnio Diminuição da atividadeFetal Sangramento no 2 o e 3 o Trimestre Discrepância de Idade Gestacional e Peso Hidropsia Fetal Malformação Fetal Fatores Relacionados ao Parto Parto Cesáreo Uso de fórcipe ou extração a vácuo Apresentação não cefálica Trabalho de Parto Prematuro Parto Taquitócico Corioamnionite Rotura de Membranas > 18 horas Trabalho de Parto > 24 horas Segundo Estágio do Parto > 2 horas Padrão Anormal de Frequência Cardíaca Fetal Anestesia Geral Hipertonia Geral Hipertonia Uterina Líquido Amniótico Meconial Prolapso ou Rotura de Cordão Nó Verdadeira de Cordão Uso de Opióides 4 horas anteriores ao parto Descolamento Prematuro da Placenta Placenta Prévia Sangramento Intraparto Significante Quadro 2: Check-list de Material necessário em cada mesa de Reanimação Neonatal 1. Avaliação do recém-nascido Termômetro digital clínico (manter temperatura do RN 36,5 a 37,5 o C) Termômetro de Parede (manter temperatura da sala de 23 a 26 o C) Estetoscópio Neonatal Oxímetro de pulso com sensor neonatal Monitor Cardíaco de 3 vias com eletrodos Bandagem elástica não adesiva 2. Manutenção da Temperatura Mesa de Reanimação com acesso em 3 lados com fonte de calor radiante 2 Campos cirúrgicos para recepção do RN e para trocar campos úmidos 1 saco de polietileno de 30 cm x 50 cm (recortar gola para servir de touca plástica) Touca de algodão ou lã Colchão Térmico Químico 3. Aspiração de Vias aéreas Aspirador a Vácuo com manômetro e mangueira de látex 1 sonda traqueal de cada tamanho: N o 6, 8 e 10 1 dispositivo transparente para aspiração de mecônio 4. Ventilação Fonte de Oxigênio com mangueira de látex Fonte de Ar comprimidocom mangueira de látex Misturador de Gases (Blender) com Fluxômetro graduado em Litros Balão autoinflável com válvula de segurança 40 mmHg e reservatório de O2 Ventilador manual em T com circuito completo (mangueira e tubo corrugado com peca T) Máscara redonda com coxim de cada tamanho (N o 00, 0 e 1) Máscara Laríngea N o 1 5. Intubação 1 Laringoscópio infantil com lâminas retas de cada tamanho (N o 00, 0 e 1) 1 fio-guia para intubação Cânulas traqueais sem cuff, mínimo de 2 de cada tamanho (N o 2,5/ 3,0/ 3,5/ 4,0 mm) Fitas adesivas para fixação da cânula no RN 2 Pilhas AA + 2 pilhas AA sobressalentes e 1 lâmpada de laringoscópio sobressalente Nos casos com 3 respostas afirmativas, o bebê será considerado com boa vitalidade e o clampeamento do cordão umbilical deverá ser realizado em tempo oportuno: 1 a 3 min para RN maior de 34 semanas 30-60 segundos para RN menor ou igual a 34 semanas RN que precisa de reanimação: clampear imediatamente o cordão, pois as evidências são insuficientes para recomendar clampeamento tardio nessa situação ASSISTÊNCIA AO RN NA SALA DE PARTO O tempo máximo para realização destes procedimentos e 30 segundos. ASSISTÊNCIA AO RN NA SALA DE PARTO Manter normotermia 36,5-37,5ºC ; RN termo e pré-termo: temperatura da sala de parto 23- 25ºC; campos aquecidos e fonte de calor radiante RN termo: secar e desprezar campos úmidos RN pré-termo: envolver o corpo no saco plástico sem secar; touca; colchão térmico no pré-termo <1000g . ASSISTÊNCIA AO RN NA SALA DE PARTO AVALIAR FC E RESPIRAÇÃO A frequência cardíaca é o principal parâmetro que determina a indicação e a eficácia da reanimação. RN termo e pré-termo: avaliação inicial da frequência cardíaca com estetoscópio. Após início da ventilação com pressão positiva, considerar a monitoração da FC por ECG (3 eletrodos) – evidências indicam que a ausculta do precórdio e a oximetria de pulso podem subestimar a FC nos 1os minutos após o nascimento. MONITORIZAÇÃO DO RN NA SALA DE PARTO VENTILAÇÃO A ventilação pulmonar é o procedimento mais simples, importante e efetivo na reanimação do RN ao nascimento! A ventilação com pressão positiva não invasiva com máscara, desde que feita com a técnica correta (com ênfase na adaptação da máscara à face), promove a melhora de nove em cada 10 RN com indicação de ventilação VENTILAÇÃO Ventilação com pressão positiva A ventilação pulmonar é o procedimento mais simples, importante e efetivo na reanimação do RN! Equipamento para Ventilação Balão autoinflável: baixo custo e não precisa de fonte de gás. Não dá PEEP (pressão positiva expiratória final) confiável e não permite CPAP(Continue Positive Airway Pressure). Ventilador Mecânico Manual em T: fácil de usar, oferece PEEP e CPAP. Precisa de fonte de gás pressurizada e tem custo mais elevado. Recomenda-se o uso do Ventilador Mecânico Manual em T se o nascimento ocorrer em local com infraestrutura. MODO DE VENTILAR 40-60 movimentos/minuto Pressão: suficiente para normalizar a FC Não usar insuflação sustentada (1ª ventilação >5 segundos) fora de protocolos de pesquisa. Os estudos usaram estratégias diversas e não mostraram redução de desfechos em longo prazo. Parece haver fechamento da glote em resposta à insuflação sustentada. OXIGÊNIO NA VENTILAÇÃO RN termo: iniciar com ar ambiente RN pré-termo: iniciar com 21-30% O uso de [O2] >60% é extremamente raro e deve ser desencorajado. Diante da não melhora com ventilação em 21-30%, SEMPRE corrigir a técnica antes de aumentar a [O2]. INTUBAÇÃO TRAQUEAL Ventilação com máscara não efetiva/prolongada Necessidade de compressões cardíaca Suspeita ou presença de hérnia diafragmática Necessidade de aspiração traqueal em RN não vigoroso e com líquido amniótico meconial? MASSAGEM CARDÍACA Massagem coordenada à ventilação – 3:1 (intubado) Terço inferior do esterno Técnica dos 2 polegares (sobrepostos) comas mãos envolvendo o tórax é a mais efetiva para manter o débito cardíaco Equipe: quem massageia fica atrás do RN e quem ventila se desloca para o lado MASSAGEM CARDÍACA X VENTILAÇÃO NO RN 3:1( massagens cardíacas : ventilação) MEDICAÇÕES O uso de adrenalina está indicado se FC <60 bpm após 30 segundos de ventilação com insuflação pulmonar por cânula traqueal e mais 60 segundos de massagem cardíaca coordenada com a ventilação e oxigênio a 100%. Uma dose endotraqueal de adrenalina pode ser feita, mas se não houver melhora imediata, administrar a 2ª dose por cateter umbilical venoso. O cateterismo é uma emergência. MEDICAÇÕES REANIMAÇÃO PROLONGADA Apgar = zero aos 10 minutos é um forte preditor de mortalidade e morbidade em RN termo e pré-termo tardio. Em RN com Apgar = zero após 10 min. de reanimação, se a frequência cardíaca não é detectada, é razoável interromper a reanimação. Entretanto, a decisão de continuar ou interromper a reanimação precisa ser individualizada. REFERÊNCIAS Reanimação do recém nascido > 34 semanas em sala de parto: Diretrizes 2016 da Sociedade Brasileira de Pediatria. Available from: http:// www.sbp.com.br/reanimacao Reanimação do recém nascido < 34 semanas em sala de parto: Diretrizes 2016 da Sociedade Brasileira de Pediatria. Available from: http:// www.sbp.com.br/reanimacao Wyckoff MH et al. Part 13: Neonatal Resuscitation: 2015 American Heart Association Guidelines Update for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation 132 (18 Suppl 2): S 543, 2015 http://www.sbp.com.br/reanimacao http://www.sbp.com.br/reanimacao
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