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CURSO: DIREITO TURMA: CCJ0040 PROVA TRABALHO GRAU DISCIPLINA: PROCESS0 PENAL 1 AVALIAÇÃO: AV1 PROFESSOR ULISSES PESSÔA MATRÍCULA: DATA: 06/10/2020 NOME DO ALUNO: Maíra Nepomuceno Conde Corrêa UNIDADE: Dorival Caymmi OBSERVAÇÕES: (1) A prova é INDIVIDUAL, sendo permitida apenas a consulta à legislação seca. Não será admitida consulta a materiais eletrônicos, como tablets, celulares, notebooks e similares, sendo retirada a prova do aluno que os utilize, conferindose grau zero à prova (2) As respostas deverão ser feitas em caneta preta ou azul, não serão consideradas respostas a lápis. (3) As respostas discursivas deverão ser dadas estritamente nos espaços a ela destinados, não sendo consideradas quaisquer outras. (4) Todas as questões discursivas deverão ser fundamentadas. (5) As questões de múltipla escolha não precisam ser justificadas e deverão ser marcadas também na folha de respostas. (6) A interpretação da questão também faz parte da avaliação. 1- (2,0 PONTOS) É sempre importante estudar a natureza jurídica do processo penal. Neste sentido, existem as teorias que fundamentam a teoria geral do processo penal. Assim, disserte sobre a teoria da situação jurídica, perfazendo uma relação com a teoria da relatividade geral e, ademais, demonstre no contexto do processo, a importância de refletir sobre ambas na prática processual. Resposta : Na Teoria da Situação Jurídica, James Goldschmidt critica a idéia de que o processo seja uma relação jurídica, afirmando que o processo é uma situação jurídica,ou seja, “o estado de uma pessoa frente aos seus direitos, sob o ponto de vista de uma sentença judicial, que se espera com fundamento nas normas jurídicas”. Nesta teoria,as partes do processo estão sujeitas a jurisdição e o juiz se apresenta no processo por dever funcional. Neste ponto de vista,eles não se relacionam. Em suma, procurou mostrar que no processo inexistiam direitos e deveres , mas sim expectativas, possibilidades e ônus, considerando a situação processual com o “estado generalizado de incerteza”,ou seja,esta é a relação com a teoria da relatividade geral. 2- (2,0 PONTOS) O tema princípios é de suma importância dentro de qualquer ramo do Direito, o que não seria diferente no Processo Penal. Muitos são os princípios que corroboram o estudo do prático e teórico do Processo Penal e a sua análise se faz crucial para o desenvolvimento da prática criminal. Nesse sentido, discorra sobre o princípio da presunção de inocência, traga as discussões e diferentes correntes que a corroboram e como o tema está salientado junto ao Supremo Tribunal Federal, de acordo, evidentemente, com a jurisprudência deste Tribunal, alinhado ao que fora discutido em sala de aula. Resposta : O Princípio da Presunção de Inocência, responsável por tutelar a liberdade dos indivíduos, está previsto no Art. 5º da CF 88,enuncia que “ Ninguém será considerado culpado até trânsito em julgado de sentença penal condenatória.”. Em termos jurídicos, esse princípio se desdobra em duas vertentes: Como regra de tratamento (no sentido em que o acusado deve ser tratado como inocente durante todo o decorrer do processo até o trânsito em julgado) e como regra probatória (no sentido em que o encargo de provar as acusações é inteiramente do acusador, não podendo recair o ônus para o acusado de provar sua inocência.) Desde 2009, o STF vinha se posicionando no sentido de ser vedada a execução antecipada da pena, mas, em decisão do julgamento de Habeas Corpus 126292 SP, fixou o entendimento de que a execução penal condenatória após a confirmação da sentença em segundo grau não ofende a presunção de inocência, mesmo pendente o julgamento de recursos constitucionais. O atual entendimento é que a execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência. 3- (2,0 PONTO) O inquérito policial é peça extremamente importante para o desenvolvimento do Estado Democrático de Direito e, sendo realizado de qualquer maneira, injustiças podem ser cometidas. Assim, numa primeira proposição, disserte sobre o que é o inquérito e sua natureza jurídica. Num segundo momento, imagine que o Delegado esteja desenvolvendo, normalmente, suas atividades e se depara com uma prisão em flagrante. Com base neste fato, pode o delegado simplesmente deixar de lavar o auto de prisão em flagrante? Se sim, discorra sobre tal indagação; se não, da mesma forma, fundamente tal negativa. Resposta : Inquérito policial é o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária para a apuração de uma infração penal e sua autoria,a fim que o titular da ação possa ingressar em juízo. O inquérito policial é de natureza administrativa,de caráter inquisitivo. Ele é pré-processual,ou seja,caso haja uma eventual irregularidade na investigação,não acarreta na nulidade do processo. A prisão em flagrante, segundo exegese dos artigos 301 e 302 do Código de Processo Penal, é modalidade de prisão cautelar que pode ser determinada por qualquer pessoa contra alguém que esteja praticando um crime, ou que acabou de praticá-lo; que seja perseguido logo após a prática delitiva ou que tenha sido encontrado com objetos que façam presumir a prática delitiva.De tal modo, a prisão em flagrante não depende de ordem escrita da autoridade competente (artigo 283 do Código de Processo Penal e inciso LXI do artigo 5º da Carta Maior), uma vez que qualquer um do povo poderá (facultatividade) e a autoridade policial deverá (obrigatoriedade inerente da função) prender quem estiver em estado de flagrância. Diante do caso descrito na questão, caso o delegado deixe de prender para saciar interesse próprio, incorrerá no crime de prevaricação (artigo 319 do Código Penal). Contudo,existe ainda o entendimento que o delegado de Polícia pode e deve relaxar a prisão em flagrante, com fulcro no art. 304, § 1.º, interpretado a contrario sensu, correspondente ao primeiro contraste de legalidade obrigatório, quando não estiverem presentes algumas condições somente passíveis de verificação ao final da formalização do auto, como, por exemplo, o convencimento, pela prova testemunhal colhida, de que o preso não é o autor do delito, ou, ainda, quando chega à conclusão que o fato é atípico. 4 - (2,0 PONTOS) Realmente, o processo penal tem transmudado, consideravelmente, e a sua visão, tanto teórica quanto prática, tem tomado novos rumos, de tal maneira, que, percebe-se, um objetivo equilibrado quanto às partes dentro do processo, vislumbrando, portanto, uma estabilidade processual, sem um privilégio de um jogador processual em detrimento do outro e, a reboque, o juiz na condição que deve ter,qual seja, um servidor espectador da prova desenvolvida em contraditório e com diametral imparcialidade. Nesta máxima, desenvolva, fundamentadamente, o sistema acusatório, fazendo uma relação com o juiz das garantias, introduzido pela lei 13964/19 e demonstrando a importância deste último dentro do inquérito policial, trazendo as possíveis benesses de sua aplicação para a fase de juízo. Resposta : Com origem no Direito Grego, no sistema acusatório há uma nítida separação das funções acusar, defender e julgar, conferidas a partes distintas com igualdade de condições na relação processual. Suas principais características são: a separação rígida entre o juiz e a acusação, a paridade entre acusação e defesa, a publicidade e a oralidade do julgamento. Neste sistema, os princípios do contraditório, da presunção de inocência e da ampla defesa conduzem todo o processo. Na fase preliminar investigativa, o juiz deve ser chamado para garantir apenas que os direitos fundamentais do acusado estão sendo preservados, se abstendo de produzir prova de ofício. Na fase processual, admite-se que o magistrado tenha poderes instrutórios, mas essa iniciativa deve ser em caráter de exceção, como atividade complementar à atuação das partes. Pelo exposto, observa-se que o sistema acusatório tem comoprincipais características a separação das funções de acusar e julgar, como também a gestão da prova fica a cargo das partes, não cabendo ao juiz gerir a produção probatória, mantendo-se como um terceiro imparcial, buscando desta forma democratizar o processo, colocando-o no horizonte constitucional.
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