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Contrarrazões Eleitorais

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3) Contra-razões (Tema: propaganda irregular em árvore).
Exm°. Dr. Juiz Eleitoral da Propaganda no Município de _______.
Procedimento n° ______.
 O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, através do Promotor Eleitoral que
esta subscreve, no uso de suas atribuições, vem, respeitosamente, apresentar
 CONTRA-RAZÕES
ao recurso interposto às fls. ___, aduzindo o seguinte.
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
DD. PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
 O r. recurso defensivo se consubstancia, basicamente, na alegação de que a
douta e sábia sentença judicial de fls. ___, não acolheu a argumentação concernente a
ausência de conhecimento por parte do Recorrente da propaganda irregular presa em árvore,
que teria sido ato espontâneo de simpatizantes.
 Perscruta-se de forma inequívoca o acerto da decisão monocrática.
 O Apelante não está sendo julgado por crime eleitoral, onde se exige, segundo
a melhor jurisprudência, o dolo específico e a prova inconcussa, incontroversa do nexo causal
entre sua conduta e o crime praticado, inclusive, diante do princípio básico da
responsabilidade objetiva, que em direito penal é inadmitida.
 Quanto à propaganda política eleitoral em questão, verifica-se, de forma
inquestionável, o acerto da decisão monocrática, pois, segundo o princípio da
responsabilidade solidária, toda a propaganda é realizada pelos partidos e por eles paga nos
excessos dos candidatos.
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 O fato do Apelante ter orientado a militância no sentido de não afixar em
árvores a propaganda eleitoral irregular apreendida, não descaracteriza sua responsabilidade,
considerando que fica cabalmente demonstrada sua participação no evento na medida em que
não soube controlar seus cabos-eleitorais.
 Surge, ao nosso sentir, uma relação individual entre o Apelante e o
cabo-eleitoral que é estranha a Justiça Eleitoral, pois traria uma presunção de inversão do ônus
da prova e das regras do artigo 333 do Código de Processo Civil, aplicáveis, subsidiariamente,
nos procedimentos administrativos e processos não penais eleitorais.
 O ônus da prova quanto ao fato modificativo cabe ao Apelante, e não, à
fiscalização eleitoral que fez a autuação infracional de forma regular e em cumprimento aos
ditames da lei.
 Impende observar que a propaganda é irregular, sendo esse FATO
INCONTROVERSO (artigo 334, inciso III, do C.P.C.), constituindo objeto da prova.
O raciocínio fático rama para a inevitável conclusão de que o Apelante, além
de se beneficiar dessa "democrática forma de propaganda", não exerceu controle efetivo sobre
os cabos-eleitorais previamente orientados para saírem difundindo sua propaganda política
eleitoral.
 A árvore compõe o logradouro público, cuja conceituação compreende
também as calçadas, sarjetas, paredes, pontes, viadutos, abrigos em pontos de transporte
coletivos, etc.
 Uma árvore plantada em local público constitui bem de uso comum, pelo que
não se tolera sua utilização para publicidade eleitoral. Aliás, senso elementar condenaria a
pretensão, para não se falar da agressão à ecologia.
 Incide a hipótese vertente na moldura infracional do artigo 37 caput da Lei n°
9.504/97 c/c artigo 13, §3º da Resolução n° 22718/08 do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral.
 Trata-se a propaganda de “uma técnica de apresentação, argumentos e
opiniões ao público, de tal modo organizada e estruturada para induzir conclusões ou pontos
de vista favoráveis aos seus enunciantes. É um poderoso instrumento de conquistar a adesão
de outras pessoas, sugerindo-lhes idéias que são semelhantes àquelas expostas pelos
propagandistas”.
 A propaganda política é utilizada para o fim de favorecer a conquista dos
cargos políticos pelos candidatos interessados, fortalecendo-lhes a imagem perante o
eleitorado, sedimentar a força do governo constituído, ou minar-lhes a base, segundo as
perspectivas dos seus pontos de sustentação, ou de contestação. (professor Pinto Ferreira "in"
Código Eleitoral Comentado.Ed. Saraiva, 3ª edição/91, página 258).
 Caracterizada na autuação infracional, a propaganda eleitoral e sua irregular
afixação, bem como a responsabilidade do Apelante in elegendo de seus cabos-eleitorais,
entendemos que deve ser integralmente confirmada a decisão, até porque existem outros
procedimentos semelhantes ao caso concreto, tais como: ____, todos da fiscalização da
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propaganda eleitoral que resultaram em sucessivas autuações em datas posteriores, tendo o
Apelante ciência da irregularidade desde a primeira autuação e, ainda assim, persistiu na
infração à legislação eleitoral.
 Desta forma, requer o desprovimento do recurso interposto com a
manutenência da sábia e culta decisão recorrida.
Ita Speratur.
Local e data.
 Promotor Eleitoral
4) Contra-razões (Tema: filiação partidária – duplicidade).
 Exm°. Dr. Juiz de Direito da ___ª Zona Eleitoral de __________.
Processo n° _______.
 O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, através do Promotor Eleitoral
que esta subscreve, no uso de suas atribuições legais, vem apresentar
 CONTRA-RAZÕES
 ao r. recurso de fls. __ dos autos, aduzindo, em síntese, o seguinte:
 EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL
 DD. PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL.
 A Lei n° 9.096, de 19 de setembro de 1995, estabeleceu no artigo 19,
diferentemente da lei anterior que regulava a matéria, que seja enviada na primeira semana
dos meses de maio e dezembro de cada ano, apenas uma relação com os nomes dos filiados ao
Partido Político, constando o número dos títulos eleitorais e das seções em que estão inscritos
os eleitores, arquivando-se e publicando-se. Dessa forma, dá-se ampla possibilidade de
impugnação e cumpre-se, fielmente, o requisito da condição jurídica-constitucional da
elegibilidade dos candidatos.
 Na omissão do Partido nessas providências, fica prevalecendo a relação de
filiados anteriormente encaminhada à Justiça Eleitoral, mas ressalva-se a possibilidade do
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aspirante ao mandato eletivo ou prejudicados requererem diretamente ao Juiz da Zona
Eleitoral para que supra a falha do órgão partidário.
 Outrossim, perscruta-se que essa ressalva se subsume nas hipóteses de desídia
ou má-fé.
 O requerente não faz prova da má-fé do Partido, mas apenas da desídia em
cumprir o determinado pela legislação eleitoral.
 A Resolução n° 442/96 do Egrégio Tribunal Regional Eleitoral, dispõe sobre
os procedimentos relativos à filiação partidária.
 Compreende-se, na norma regulamentar, que os cartórios eleitorais terão pasta
própria para cada Partido, onde, dentre outras relações, serão arquivadas as relações de
filiados.
 Inclusive, quando ocorrer uma hipótese de desfiliação, a mesma deve ser
comunicada ao partido e ao juiz, arquivando-se em pasta própria.
 Disciplina a norma regulamentar que a relação de filiados e desfiliados prevista
na Lei n° 9.096/95, deverá SER APRESENTADA EM DUAS VIAS, CONTENDO O NOME
DE TODOS OS FILIADOS, NÚMERO DE INSCRIÇÃO ELEITORAL, SEÇÃO EM QUE
SÃO INSCRITOS E A DATA DO DEFERIMENTO DAS RESPECTIVAS FILIAÇÕES.
 Ainda prevê a norma que as relações novas são confrontadas com as anteriores
para fins de alterações que devem ser efetivadas.
 Faz-se verdadeira análise em cartório quanto à regularidade do nome, número
de inscrição, seção e, principalmente, se a DATA DE FILIAÇÃO CORRESPONDE AO
PERÍODOPOSTERIOR A ENTREGA DA ÚLTIMA RELAÇÃO, EVITANDO-SE A
DUPLICIDADE DE FILIAÇÃO.
 Essa verificação também se utiliza do cadastro geral de eleitores da Zona
Eleitoral, ou folhas de votação do último pleito e espelhos de atualização BATCH.
 Cediço também que o cartório digitará as filiações novas, regulares e
regularizadas, no programa de filiados, e fará o encaminhamento do respectivo disquete para a
Secretaria de Informática do Egrégio Tribunal Regional Eleitoral.
 De fato a inércia do Partido Político em não cumprir a Resolução
supra-mencionada, prejudica a recorrente, pois é condição de elegibilidade a filiação partidária
pelo menos um ano antes do pleito eleitoral, das eleições.
 Não se desconhece que a recorrente assinou a ficha de filiação partidária,
preenchendo um dos requisitos da norma estatutária do Partido, conforme documento agora
juntado nas razões recursais, fls. __.
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 Inegavelmente que a juntada aos autos da ficha de filiação partidária em cópia
reprográfica altera a relação jurídica do pedido anteriormente formulado, pois se apresenta
como fato novo, prova superveniente.
 A alteração se dá a favor da postulação recursal, pois, segundo a maioria da
jurisprudência do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral, a comprovação da condição de filiado
por ficha de filiação satisfaz à condição de elegibilidade, mesmo que o nome do aspirante à
candidato não conste da relação enviada pelo partido à Justiça Eleitoral. 
 Os r. acórdãos seguiram o entendimento de que a comprovação da condição de
filiação se faz com a juntada aos autos da ficha de filiação partidária e, consequente certidão
cartorária, além de que afasta-se a inelegibilidade constitucional com a argumentação jurídica
fincada na não consagração de prejuízo ao aspirante de mandato eletivo nessas hipóteses.
 Realmente a questão é de prova e a prova foi feita tardiamente, apenas em
razões recursais pela juntada da ficha de filiação partidária que possui valoração jurídica
diversa do r. livro de nome de filiados ao Partido que se principia às fls. __, datado de ___.
 A lista de filiados encaminhada ao cartório eleitoral é de suma importância ao
direito eleitoral, pois implica, inclusive, na adequação do verbete sumular n° 14 do Tribunal
Superior Eleitoral, pois a duplicidade de filiação tratada no parágrafo único do artigo 22 da
Lei n° 9.096/95 somente fica caracterizada caso a nova filiação ocorra após a remessa das
listas dos novos filiados previstas no parágrafo único do artigo 58 da referida lei.
 Todavia, a questão da prova altera substancialmente a relação existente,
trilhando rumo seguro ao acolhimento da pretensão recursal, pois está a recorrente inscrita no
Partido ______ desde _______, fls. __.
 Diante do r. juízo de retratação subsumido no dispositivo do parágrafo sexto
do artigo 267 do Código Eleitoral, opino que seja reconsiderada a douta decisão de fls. ___,
deferindo-se o pedido de filiação partidária e expedindo-se a certidão para fins de instrução ao
requerimento de registro de candidatura no Tribunal Regional Eleitoral, não havendo
seguimento ao recurso.
 Dessa forma, manifesto-me pelo conhecimento e provimento recursal na forma
da lei, acaso não acolhido o douto juízo de reconsideração sobre o tema fático-jurídico
perfilhado no recurso diante da prova nova apresentada .
 Local e data.
Promotor eleitoral

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