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PTG 7º SEMESTRE CONCLUÍDO

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP
 Centro de Educação a Distância
Sistema de Ensino Presencial Conectado
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL 
ANDRESSA CARVALHO PESSOA RA: 2360195807
DEYVISON RAFAEL FERNANDES ALVES RA: 2360165807
EVILIS GABRIELLA Teixeira Pereira RA: 2360339108
MARIA LEIDIANE DA SILVA RA: 2360164607
MARIA MANUELA SILVA PEIXOTO RA: 2360165907
MOSANIELE FERREIRA DOS SANTOS RA: 2360164207
VANESSA VIANA DE AQUINO HOLANDA RA: 2360194907
Espaços Sócio-ocupacionais e a Questão Social em Tempos de Pandemia de Covid-19 no Brasil
PAU DOS FERROS - RN
2020
ANDRESSA CARVALHO PESSOA RA: 2360195807
DEYVISON RAFAEL FERNANDES ALVES RA: 2360165807
EVILIS GABRIELLA Teixeira Pereira RA: 2360339108
 MARIA LEIDIANE DA SILVA RA: 2360164607
MARIA MANUELA SILVA PEIXOTO RA: 2360165907
MOSANIELE FERREIRA DOS SANTOS RA: 2360164207
VANESSA VIANA DE AQUINO HOLANDA RA: 2360194907
Espaços Sócio-ocupacionais e a Questão Social em Tempos de Pandemia de Covid-19 no Brasil
Produção textual grupal apresentado à Universidade Anhanguera - UNIDERP, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
PAU DOS FERROS - RN
2020
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	6
2. DESENVOLVIMENTO	9
3.	CONSIDERAÇÕES FINAIS	17
4. REFERÊNCIAS	19
19
1. INTRODUÇÃO
Vivenciamos, na atualidade, a pandemia mundial do novo coronavírus (Covid-19), consiste em uma crise sanitária que se soma à crise do capital, que já vinha sendo vivenciada mundialmente, o que catalisou e escancarou as desigualdades estruturais, assim como as dificuldades de atendimento à população com o recorrente desmonte e desfinanciamento das políticas sociais pelo projeto neoliberal. Assim como em outros períodos da história mundial, a crise do capital, dessa vez somada à sanitária, ocasiona proposições de mudanças na organização das políticas públicas e modificações no mundo do trabalho, que visam a recuperar as taxas de lucro do capital e repercutem de modo perverso nas condições de vida e trabalho da população e de categorias profissionais, ou seja, do conjunto da classe trabalhadora. O ineditismo desse novo coronavírus adensou também a necessidade de nos debruçarmos sobre velhas questões para o Serviço Social brasileiro, das quais se destacam aquelas que se referem às nossas especificidades, competências e compromissos éticos. 
Importante enfatizar que a situação, inicialmente temporária, que levaria um menor tempo para se resolver, tem se prolongado, seja pela ausência de políticas para enfrentá-la, como assistimos no Brasil, seja porque, frente às medidas de relaxamento do distanciamento social, outros países vêm enfrentando novas ondas de contágio. A ânsia pelo fim do isolamento social, abertura de comércios e serviços e retorno das atividades presenciais, sem evidências de retração do contágio, adoecimento e letalidade do coronavírus, exemplifica o quanto a exploração do trabalho é necessária para a valorização do capital. 
A estratégia do capital é, portanto, aumentar os níveis de produtividade e o controle sobre os resultados esperados, flexibilizar os limites de exploração, atacar e destruir os direitos das/os trabalhadoras/es e empreender esforços para retirar do horizonte qualquer perspectiva emancipatória. O teletrabalho ou trabalho remoto se insere como um dos experimentos para intensificar a exploração do trabalho e dificultar a organização política da classe trabalhadora. Tal cenário tem indicado que pensar em respostas pautadas somente na aposta de que este contexto está próximo de chegar ao fim pode não ser suficiente. Precisamos pensar em saídas e proposições consistentes, que respondam às demandas de médio e longo prazo.
A pandemia acelerou o processo de entrada das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no trabalho profissional de assistentes sociais, algo que já estava sendo gradualmente incorporado e vinha nos desafiando, diante das metamorfoses do mundo do trabalho. A introdução das TICs e dos meios remotos repercute nos processos de trabalho em que nos inserimos, na relação com outras profissões e trabalhadores/as, na relação com usuários/as e nas condições éticas e técnicas de trabalho, por exemplo, para trazer algumas das questões levantadas até o momento.
Notadamente, o teletrabalho não vai se apresentar do mesmo modo em todos os espaços sócio-ocupacionais em que o Serviço Social está inserido e, em alguns locais, ele sequer chegou a ser colocado como possibilidade, sendo adotadas outras medidas de redução do contágio, como a organização de rodízios, redução da jornada presencial e reivindicação por concessão de equipamentos de proteção individual (EPIs) e equipamentos de proteção coletiva (EPCs), além de treinamento adequado para seu uso.
Identificamos que, nas políticas de assistência social e saúde, a principal questão tem sido assegurar condições de trabalho frente à precariedade, à ausência de EPIs, à intensificação das demandas e à fragilidade dos vínculos de trabalho decorrentes das contratações temporárias e urgentes. Nos serviços presenciais, algumas atividades foram consideradas não essenciais e, desse modo, foram suspensas. Já no trabalho remoto, as principais demandas advêm dos Tribunais de Justiça (TJs), Ministério Público (MP), Defensorias Públicas, Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e educação.
Trazemos, nesse debate, alguns elementos, demandas/particularidades que apareceram para o CFESS por determinadas áreas, em relação ao teletrabalho ou teleperícia, porém visando a dialogar com a profissão em uma perspectiva da totalidade. Buscamos trazer aspectos relacionados às atribuições e competências, condições éticas e técnicas de trabalho e à defesa das políticas sociais e do trabalho profissional, relacionadas às demandas que têm chegado às comissões do CFESS.
 Afirmamos que muitas consultas e processos orientativos referentes a elas estão em construção e essa nota não pretende esgotar todas, mas contribuir com o processo reflexivo junto à categoria de assistentes sociais, já que muitas demandas se apresentam de forma imediata. Nesse trabalho, buscaremos apontar ainda elementos referentes à realização do estudo social e emissão de opinião técnica via teletrabalho.
A perspectiva é apresentar reflexões sobre os impactos dessas mudanças no mundo do trabalho. Mudanças que se intensificaram com a pandemia e incidem sobre o cotidiano profissional, além de oferecer alguns elementos para que as particularidades de cada espaço sócio-ocupacional possam ser reconhecidas e debatidas entre os/as assistentes sociais, a fim de produzir planos de trabalho que possam atender às demandas do tempo presente e, ao mesmo tempo, implementar estratégias de defesa das atribuições e competências profissionais na oferta de serviços sociais à sociedade brasileira. 
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que as populações mais pobres serão as mais atingidas pelo novo Coronavírus (Covid-19). No Brasil, a maioria da população não tem acesso à políticas sociais de qualidade. Apesar de o sistema de saúde ser público, há desigualdade no acesso. A maioria da população brasileira não possui acesso a condições para o confinamento e higiene adequada, estando, assim, mais exposta à proliferação e contaminação.
Em declarações feitas por algumas autoridades, tem sido apontado o confinamento da população em situação de rua em grandes estádios, com a finalidade de tirá-la da rua. Essa proposta não contribuiu para a resolução da pandemia e da proteção dessa população, além de violar os seus direitos humanos básicos e, ainda, colocar em risco os/as trabalhadores/as. Tal proposta requer do/a profissional um posicionamento crítico a favor da vida. Precisamos cobrar das autoridades que assegurem o direito igualitário à população que é desprovida de condições dignas de vida, bem como na defesa das condições dignas de trabalho. 
Nossa atuação profissionalé fundamental, nesse momento, para que a população tenha acesso aos serviços de saúde, assistência e previdência social, além de benefícios eventuais que serão essenciais para a manutenção da vida da população mais empobrecida. Os(as) assistentes sociais, estiveram sempre na luta por uma sociedade mais justa e igualitária e não podem, nesse momento, recuar das nossas defesas e das nossas funções. Sigamos na luta em defesa da vida.
2. DESENVOLVIMENTO
 A assessoria e consultoria no serviço social é um tema recente, não há muitos estudos sobre esse assunto na literatura do serviço social. Apesar de ser um tema recente na literatura, ele emergiu há algumas décadas como prática assinalada na bibliografia de pioneiros da profissão.
 De acordo com a lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993, que regulamenta a profissão do assistente social, com relação a assessoria e consultoria nos artigos 4º e 5º refere-se as competências e atribuições do profissional:
Art. 4º Constituem competências do assistente social:
VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo;
IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade. 
Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social: 
II - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social. 
 A demanda por assessoria e consultoria não se justifica apenas por amadurecimento intelectual no Serviço Social, mas também por questões conjunturais que permeiam a sociedade brasileira. Entre essas questões está a que vivenciamos atualmente, a pandemia por Covid-19.
 Desse modo, devemos destacar que o Serviço Social é uma profissão essencial nesse momento histórico, em que a defesa de direitos sociais, econômicos, trabalhistas, previdenciários, etc. é urgente e imperiosa. É um compromisso ético a atuação em contextos de calamidade pública e, por se tratar de uma situação inédita, é necessário ter uma reflexão coletiva, ágil e responsável para compreender as responsabilidades de cada espaço sócio-ocupacional, das condições éticas, técnicas e sanitárias desses locais e, também, ofertas em termos de direitos sociais a que a população deve ter acesso. 
 Nesse contexto, surge a possibilidade de atuação do assistente social, oferecendo assessoria e consultoria à administração pública, seja ela direta ou indireta. 
 No campo da consultoria, o assistente social pode traçar medidas e estratégias para fornecer informação à população, ou à entidade a que presta serviço, a respeito do acesso aos serviços públicos, informações oficiais sobre a doença, sua prevenção e tratamento e, principalmente, na defesa pela viabilização de acesso aos programas, serviços e benefícios sociais. Pode ainda fornecer dados em consultoria sobre os indicadores socioeconômicos e demais referenciais teóricos e científicos que auxilie na resolução do problema apresentado.
 No âmbito da assessoria, pode atuar junto à administração para promover a criação de mecanismos que venham desburocratizar a relação das instituições/órgãos com os usuários dos serviços ofertados, desde o diagnóstico até o tratamento da Covid-19, por exemplo. O assistente social pode ainda auxiliar na identificação das necessidades administrativas e, quando necessário, requisitar às instituições ou órgãos os equipamentos de proteção individual e coletiva, ofertar treinamento sobre o Covid-19 e os meios de proteção/prevenção em conjunto com equipes multidisciplinares, requisitar atenção especial sobre as campanhas de vacinação (principalmente contra gripe), acompanhar a retomada gradual de determinadas atividades e construir respostas emergenciais diante dos acontecimentos que possam surgir repentinamente. De modo geral, identificar os aspectos econômicos, políticos, culturais, sociais que atravessam o processo saúde-doença para assim mobilizar recursos para o seu enfrentamento. Para isso, o diálogo com os segmentos da administração (direta ou indireta) e de fundamental importância. 
 Ao longo dos anos, percebemos que, os assistentes sociais, em específico ao nosso estudo, convivem com um cotidiano que é atravessado por grandes transformações, tanto de ordem material, quanto ideológica; mudanças essas que se refletem nos domínios da realidade social, econômica, política e cultural, muitas vezes até dificultando ou impossibilitando seu trabalho. 
 Assim, cabe destacar que, dentre outras especificidades, cabe necessidade de contribuir com a condução do trabalho da fiscalização, e reconhecendo que, não se pode se concentrar apenas em definições antigas, como também, observar as necessárias mudanças em leis e atos ao longo do tempo, as competências e atribuições privativas dos/as assistentes sociais devem ser apreendidas nas condições históricas do mundo do trabalho sob o sistema do capital, o qual vem sofrendo alterações, principalmente econômicas e político-sociais. Por sua vez, torna-se pertinente observar, constantemente, as características próprias de casa local se vai atuar, bem como, as necessidades e grupos que se estará desenvolvimento cada atividade, projeto e ação.
 Contudo, embora relevantes, as definições legal e normativa das atribuições e competências profissionais não são suficientes para garantir legitimidade social frente aos/às empregadores/as e, principalmente, na relação com os/ as usuários/as dos serviços sociais. Sendo assim, é primordial um trabalho coletivo, não só dos profissionais acima mencionados, como também de outras áreas, que possibilite ações mais concretas e de resultados exitosos com mais agilidade, além de auxiliar em possíveis transtornos que possam ocorrer durante as atividades desenvolvidas pelos assistentes em seus campos de atuações, seja eles quais forem, de acordo com suas definições prévias em cada empresa que se localizem.
 Os conselhos gestores tornaram-se instituições importantes no âmbito das políticas públicas a partir da constituição federal de 1988. A expansão dos conselhos aconteceu pelos municípios e estados brasileiros, mas essa expansão quantitativa dos conselhos gestores não significou necessariamente o sucesso dessa nova institucionalidade na superação dos desafios a ela interpostos. O aspecto qualitativo ainda é desalentador, diversas são as deficiências quanto a representatividade, a capacidade de deliberar, impor suas decisões e controlar as ações do governo.
 Entre os modelos democráticos, a democracia representativa tornou-se aquela que foi exequível nas sociedades contemporânea devido, fundamentalmente, as justificativas de ordem demográfica e de complexificação do escopo. O inevitável instituto da representação, no entanto, não é privado de problemas.
 Dentre alguns dos problemas podemos descrever: a possível diferença entre a visão do representante e do representado, decorrentes, em especial, do acesso às informações e dos processos cognitivos, além de questões funcionais relativas à própria divisão de trabalho que naturalmente existe entre representantes e representados.
 Outro ponto de destaque é que a correspondência entre representação e responsividade somente ocorreria se o eleitor tivesse as informações necessárias para escolher a política que concretizasse seus interesses, processasse corretamente essas informações e se o governo fosse competente para implantá-las. Certamente, algumas dessas condições podem não estar presentes, permitindo uma dissonância entre a representação e a responsividade.
 Assim, ainda que a democracia representativa tenha se tornado inevitável nas sociedades contemporâneas, o instituto da representação pode, de fato, impingir uma série de obstáculosà soberania popular, decorrentes, sobretudo, de assimetria de informações, deliberada ou não, entre representantes e representados, de insuficiências de capacidade cognitiva dos atores e da imperfeição dos instrumentos de sanção destinados a controlar a relação de representação.
 Essas críticas e considerações, associadas ao fraco desempenho social, político e econômico de vários regimes democráticos, fortalecem a defesa de modelos democráticos alternativos, como a democracia direta e outras formas de envolvimento da sociedade, que visam ao aprofundamento do conteúdo democrático e à ampliação, além do político, dos âmbitos sob deliberação popular. Os conselhos gestores, por exemplo, com o envolvimento direto da sociedade civil na gestão das políticas públicas, representam uma resposta ou uma alternativa a esse sistema representativo clássico.
 No entanto, também devido a questões de ordem demográfica, a participação da sociedade civil, nos conselhos gestores, também se faz por meio de representantes. Dessa forma, cabe perguntar em que medida o modelo de democracia representativa de designação e controle dos conselheiros da sociedade civil enfrenta e supera os problemas (ou “déficits”) de representação usualmente discutidos quanto às instituições setorial: instâncias participativas municipais e de escopo singular possuem maior potencial democrático do que instâncias nacionais de amplitude temática mais abrangente. 
 Em qualquer caso, a realização desse potencial condiciona-se a arranjos institucionais que viabilizem os incentivos para assegurar a legitimidade tanto dos representantes da sociedade civil como do governo, o processo deliberativo igualitário e a disponibilidade dos instrumentos de enforcement das decisões do conselho.
 Atualmente, mais uma nova praga assusta as cidades e coloca os cidadãos de prontidão. Trata-se do Covid-19, o novo Coronavírus, doença infecciosa que ocupa horas e horas do noticiário da imprensa e dos meios digitais nas redes sociais com suas consequências nos diferentes territórios e segmentos sociais.
 Como supramencionado, a pandemia do Covid-19 é o principal assunto global do momento afetando a todos direta ou indiretamente, em particular, em Fortaleza CE, aqueles que vivem em condições precárias na extensa faixa periférica que avança pelo espaço metropolitano e com extrema velocidade se territorializa em diferentes direções no espaço Cearense, se interiorizando. 
 Um complexo xadrez geopolítico insere esta pandemia no contexto de bruscas mudanças no cotidiano globalizado. Tendo como objetivo maior explicitar as consequências do Covid-19 no território brasileiro e em particular no Estado do Ceará, com ênfase em Fortaleza, sem perder de vista a intrínseca relação com o desenvolvimento do capitalismo e as desigualdades e contradições a este inerentes, realizou-se pesquisa bibliográfica e estatística com construção de mapas, gráficos e tabelas que permitiram a territorialização e evolução temporal comparativa. Dentre os resultados, tem-se que o Ceará é o terceiro Estado em número de casos. Isto deve-se não somente a intensificação destes, mas à rapidez da testagem, favorecendo a continuidade de implementação do plano Estadual estratégico. Na escala Estadual a concentração maior ocorre na capital, em bairros com maior IDH, onde residem pessoas de classe média e alta, sendo os demais casos na região metropolitana e interior do Estado com tendência para velocidade de difusão menos concentrada nos municípios do Estado. A Regional II que se sobressai na capital é marcada pela segregação social e espacial, aspecto emblemático da cidade de Fortaleza. Soma-se a isto, o fato do Coronavírus vir rapidamente se propagando para outros bairros da cidade, agravando ainda mais as precárias condições de moradia das periferias com desigual acesso às redes de abastecimento de água e esgotamento sanitário, atingindo notadamente os mais vulneráveis que são em maior número, o que é motivo de intensa preocupação, uma vez que o serviço de saúde não comportará tamanha demanda em curto espaço de tempo. Conclui-se que o Coronavírus é mais que uma crise pandêmica, é também social, econômica, espacial, e, notadamente uma questão geopolítica, de luta de classes e aprofundamento do capitalismo em sua versão mais perversa.
 As políticas neoliberais implementadas por mais de três décadas, ampliaram, por um lado, o subemprego, a informalidade e a precarização, e, por outro, intensificaram, nos termos de Mandel (1985), a super capitalização, isto é, a permeabilidade do capital por todas as áreas da vida social, transformando direitos em mercadorias.
 A chegada do Covid-19 evidencia que o vírus mais perigoso espalhado por todo planeta é, efetivamente, a articulação entre a reestruturação produtiva e as políticas neoliberais que fragilizaram o trabalho e desmontaram o direito social mundo afora. O caminho da “prática profissional” é abrir o campo de possibilidades para decifrar as armadilhas do real, penetrar em suas múltiplas determinações e capacitar profissionais assistentes sociais para atuarem na reversão do quadro sistemático de negação dos direitos sociais. Esta capacitação exige rigor teórico-metodológico, já adensado nos currículos plenos dos cursos de Serviço Social, para decifrar as armadilhas da chamada questão social em tempos de “capital fetiche”, às quais vêm sendo denunciadas por autores expressivos na literatura do Serviço Social.
 Constatamos que as relações sociais estão, progressivamente, se coisificando e, para isso a análise de Iamamoto (2015) é rica e cheia de possibilidades para fortalecer os fundamentos da formação profissional em Serviço Social e, qualificar o trabalho (vivo) do assistente social na divisão social e técnica do trabalho, no contexto do capitalismo faz necessário, ou seja, em sua configuração mais nefasta às conquistas da classe trabalhadora. Fenômenos como desemprego, violência e precarização das condições de reprodução social e aprofundamento do ideário neoliberal vêm desafiando o conhecimento, a vontade política na busca pela consolidação da democracia e a garantia do acesso a direitos sociais para amplos segmentos de trabalhadores, em escala planetária. A busca por “explicações”, para estes e outros fenômenos supracitados, exige a identificação das temporalidades históricas onde emergem. 
 Fundos Nacionais, estaduais e municipais de assistência social que permitiu, pela via do cofinancimento federal, expandir a rede de serviços. A organização dos serviços se dá em função de níveis de proteção social: a proteção social básica (PSB), e tem como equipamento social os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS); e a Proteção Social Especial (PSE), que engloba serviços que podem ser de média complexidade, comumente executados pelos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS); Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) e Centros-dia de Referência para Pessoas com deficiência em situação de dependência e suas famílias; e alta complexidade, que compreende serviços que envolvem um aparato institucional mais complexo, como: Casa-lar, Abrigo Institucional, república, casa de passagem, albergue, família substituta, família acolhedora, Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de Emergências, etc.
 Na década que compreende o período de 2004 a 2014, durante os governos petistas, a assistência social brasileira consolidou um movimento importante de institucionalização, normatização e regulamentação. Mesmo considerados os avanços, os ensinamentos da centralidade do corte fiscalista e seletivo dos programas assistenciais de alívio à pobreza, centrado na transferência de renda, foram expressivos. Distribuição de alimentos e itens de higiene e limpeza para famílias vulneráveis, ampliação dos valores repassados às famílias através do Programa Bolsa Família (BF) e garantir que pessoas em situaçãode rua tenham condições adequadas emergenciais, neste momento de habitação nos tempos de pandemia. 
 O campo de atuação do assistente social acompanha a diversidade de cenários em que se estrutura a sociedade, principalmente, no que tange as situações de conflitos de cada grupo. Desse modo, cabe ao profissional de Serviço Social formular, executar, programas, projetos sociais e planos a partir do estudo e análise da realidade em questão ao qual os grupos estão inseridos, propondo políticas públicas que contribuam para garantir os direitos sociais dos cidadãos. 
 Diante da grave crise da Covid-19, de calamidade pública global, ocorreu o agravamento da questão social em diversos aspectos colocando, expondo uma triste realidade, onde o governo com a falsa promessa da contrarreforma, beneficiou o grande capital em desfavor dos interesses e necessidades da população. 
 Nesse cenário, atualmente para bem atuar nos problemas sociais que afetam a qualidade de vida das classes sociais empobrecidas, o assistente social deve primar pela efetivação de direitos assegurados pela legislação vigente, necessitando dominar conhecimentos científicos e instrumentos técnicos, para melhor identificar os problemas da realidade no qual está inserido, buscando intervir, de forma propositiva, transformadora e emancipatória, promovendo a qualidade de vida dos usuários de seus serviços frente as questões sociais presentes.
 A tensão gerada pela contradição da acumulação do capital em detrimento aos direitos de cidadania da classe trabalhadora, estimulados por essas reformas, originou um discurso que tem desqualificado as classes historicamente vulnerabilizadas, levando o discurso burguês ao centro e os trabalhadores, periféricos e pobres a margem da sociedade. 
 Neste cenário, a ocupação dos espaços ocupacionais pelo assistente social tem se tornado cada vez mais desafiador, pois, essas contrarreformas neoliberais, não só fragilizaram, como agravaram, a já problemática operacionalização dos sistemas públicos como: SUS, SUAS e Previdência Social. Esse desmonte das políticas de seguridade social, tem demandado do assistente social uma práxis inovadores, porém, sempre sustentada nos pressupostos teóricos, metodológicos do serviço social, principalmente neste momento em que as ações emergenciais e de prevenção devem garantir proteção social a classe trabalhadora, inclusive aos assistentes sociais, por meio de seguranças afiançadas no âmbito do SUAS quais sejam imperativas na realização do trabalho social frente as demandas da população em seus territórios.
 Desta forma, o compromisso desse profissional deve se pautar pela superação da exploração do capital em nome do compromisso pelos direitos de cidadania sob uma ótica social que nos revele uma outra realidade diferente do acumulo do capital. 
 Por tudo isso, diante de um quadro de calamidade pública como o da Covid-19, o assistente social deve, portanto, está sempre atento no sentido de interpretar corretamente as questões sociais, que se mostram, muitas vezes, conflitantes, além de estar atento, as relações humanas e aos vínculos sociais que poderão ocorrer mediante atuação junto aos sujeitos sociais. É valido ressaltar que aliado a essa realidade, o profissional deve buscar informações e dados concretos a respeito da sociedade e seus conflitos. A realização de legislação especifica é fundamental para subsidiar o trabalho social, objetivando a efetivação de sua ação dentro da problemática identificada.
3. CONsiderações finais
O contexto imponderável como se caracteriza o de uma pandemia, exige das assistentes sociais competência teórico-política para compreender a situação de crise humanitária e sua relação com a sociabilidade capitalista e intervir nesta realidade, segundo os fundamentos do Serviço Social. 
A pandemia de Covid-19 acirrou as expressões da “questão social”, mas também ratificou a necessidade de adensamento de debates nossos na emissão de documentos, reafirmando nossa defesa de estudos socioeconômicos, pareceres sociais, como instrumentos de ampliação dos direitos humanos, da democracia, da justiça e da liberdade. 
Nossa responsabilidade ética está vinculada às legitimas demandas da população usuária e qualidade dos serviços prestados, sendo necessário que nossa autonomia profissional seja resguardada e que tenhamos capacidade propositiva e crítica diante desse novo contexto. Para tanto, referendamos a importância da pesquisa, estudo, atualização constante, e reforçamos a construção coletiva de planos de trabalho, a educação permanente e a formação continuada e reflexiva sobre nossas ações, finalidades e instrumentais. 
A dimensão educativa e pedagógica, compreendida como importante atividade do Serviço Social, não pode ser substituída por automação, repetição e padronização. Que possamos construir respostas profissionais coletivamente, não reforçando a hierarquização entre os serviços e delegando para outro/a o que é responsabilidade da área sócio-ocupacional que ocupamos.
Apontamos que existem limitações que podem ser intransponíveis à realização de estudos sociais com a finalidade de emissão de opinião técnica à distância, considerando as responsabilidades inerentes na realização do estudo, as condições éticas e técnicas de trabalho e seus impactos sobre a vida dos sujeitos envolvidos. Por sua vez, a inércia frente às situações apresentadas também pode implicar em prejuízos, no que se refere à garantia de direitos humanos. Dessa forma, é necessário o debate coletivo sobre os limites e possibilidades do trabalho, considerando as contradições do sistema capitalista, que se expressam nas instituições onde atuamos, e que aparecem ainda mais latentes nesse contexto de crise sanitária.
Fizemos ponderações, ainda, sobre as questões que têm impactos na qualidade do serviço prestado, como as dificuldades de acesso do/a usuário/a à internet, as dificuldades de apreensão da realidade e aquelas relacionadas ao sigilo profissional. Nesse sentido, reiteramos que o desenvolvimento do trabalho no Serviço Social prescinde do contato com os/as usuários/as e que, neste momento, o teletrabalho é entendido como uma excepcionalidade, o que requer o respeito à autonomia profissional e às decisões de caráter técnico-profissional, ou seja, a forma de atendimento mais adequado, em cada situação, deve passar pela análise dos/as próprios/as assistentes sociais. Reafirmamos sempre a garantia e viabilização de direitos para as/os assistentes sociais, o conjunto das/os trabalhadoras/es e usuárias/os das políticas e serviços.
Consideramos, ainda, que o debate coletivo, nos diversos estados, equipes, espaços sócioocupacionais, fóruns organizativos, considere os desafios e limites do teletrabalho, bem como indicamos a construção de subsídios ou protocolos de segurança de retorno ao trabalho presencial, para quando houver condições adequadas para tal situação, de acordo com a realidade. 
Por fim, entendemos que a organização política da categoria junto aos/às demais trabalhadores/as e articulada aos sindicatos é fundamental para constituir formas de enfrentamento e imposição de limites à exploração, em especial para o debate sobre o teletrabalho e sua conexão com as requisições de maiores índices de produtividade. O teletrabalho aparece como uma das novas configurações do mundo do trabalho e como uma tendência que parece estar no horizonte das lutas sociais deste e do próximo período, e que demanda uma agenda de debates e de organização coletiva sobre condições de trabalho, a natureza do trabalho desenvolvido, isonomia em relação ao trabalho presencial, saúde do/a trabalhador/a e qualidade dos serviços prestados à população, para que nossas atividades não sofram descontinuidade. 
4. REFERÊNCIAS bibliográficas 
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Código de Ética do Assistente Social e Lei 8.662/93 (10ª edição, revista e atualizada). Brasília: CFESS, 2012.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Nota sobre ConsultoriaOrganizacional: particularidades e contradições do trabalho profissional à distância. Brasília: CFESS, 2019. (Documento interno encaminhado aos CRESS por meio do ofício 56/2019)
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Sistematização e análise de registros da opinião técnica emitida pela/o assistente social em relatórios, laudos e pareceres, objeto de denúncias éticas presentes em recursos disciplinares julgados pelo CFESS. Brasilia, 2020. Disponivel em: http://www.cfess.org.br/arquivos/registros-opiniao-tecnica.pdf 
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Nota da Comissão de Orientação e Fiscalização Profissional do CFESS (Cofi/CFESS) em relação à Resolução CNJ nº 317, de 30 de abril de 2020. Disponível em: http://www.cfess.org.br/visualizar/noticia/cod/1702
GOMES. Eduardo Granha Magalhaes. Conselhos gestores de políticas públicas: aspectos teóricos sobre o potencial de controle social democrático e eficiente. 2015. Disponível em https://www.scielo.br/pdf/cebape/v13n4/1679-3951-cebape-13-04-00894.pdf
MATOS, Maurilio Castro de. Assessoria, consultoria, auditoria e supervisão técnica. In: CFESS/ABEPSS. Serviço Social: Direitos Sociais e Competências Profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009. Disponível em http://www.cressrn.org.br/files/arquivos/ZK2736DP7w8MI96Qb63f.pdf Acesso em 20 de julho de 2020.
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