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FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES O contexto de Homero era rural. A escrita ainda não era o principal instrumento de valores. Já no momento de Socrates, Platão e Aristoteles, a cidade detém o protagonismo e toda a vida social e jurídica circula em torno dela. Em Homero, o rei governa com seus ministros e generais. Em Platão, Aristóteles, Péricles o governo da cidade é colegiado. A cidade é governada por um conselho composto por chefes de clã, cada um responsável por um bairro da cidade. O conselho é nomeado Bulé. Os membros da bulé eram homens, normalmente velhos e que ficariam ali até a morte. Apesar de não refletir toda a população, a bulé é um primórdio da democracia. Sócrates constitui sua filosofia a partir de diálogos. Sócrates, assim como Homero, nunca escreveu. Platão foi seguidor de Sócrates e colocou no papel os debates dos alunos de Sócrates. Sócrates era odiado pela elite ateniense. Fazendo a maiêutica, questionando a tudo e a todos e especialmente fazendo com que os jovens questionassem as instituições. Foi condenado a beber veneno. Tales de Mileto, por sua vez, foi condenado a morrer sepultado: amarrado, em uma cova de 2m, repleta de fezes humanas. Para Platão, o filosofo deve observar o mundo das ideias e interpretá-la. Três livros são importantes: As Leis, O Político e A República. Neles, o pensamento socrático se mistura com o pensamento platônico. A República é a narrativa de Platão dos diálogos de Socrates e seus seguidores, dos quais Platão fazia parte. Em A Republica, de Platão, temos o retrato fiel de como funcionavam as concepções políticas e jurídicas dos Gregos, posteriormente a Sófocles. Para Platão, existem dois universos políticos diferentes. O direito do mundo dos homens, imperfeito e um direito perfeito em sua essência, que faz o cosmos girar, o direito que diz a ordem natural das coisas, de natureza cósmica, anterior as nossas vidas, mas dentro de nossa essência já tivemos contato com esse direito, logo recebemos intuições acerca dele: o direito do mundo das ideias. Se nosso direito é imperfeito, como podemos aproxima-lo ao direito das ideias? A resposta é ter um rei iluminado, filósofo, que compreenda as nuances da ordem perfeita e que tente aproximar nosso direito instintivo a ele. Toda construção teórica socrática- platônica é idealizada e feita em abstrações. A republica que eles apresentam nunca existiu, eles desenham nas nuvens a arquitetura do que seria uma republica ideal. A proposta socrática- platônica é de uma utopia. Aristoteles por sua vez, usa modelos concretos. O pensamento socrático é muito mais de desconstrução, enquanto o pensamento platônico é mais analítico. Platão se preocupa em olhar para o mundo das ideias e traduzi-lo, em analisar. Sócrates é mais corrosivo, gera provocações. Platão acredita que a virtude está relacionada ao mundo público. As FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO crianças, por exemplo, são responsabilidade de todos. Platão é aquele que reproduz as falas de Socrates em diversos livros, as vezes misturando com suas próprias falas, ou ainda escrevendo obras apenas com seu pensamento, oferece a visão de mundo abstrata, idealizada, com formas pré concebidas, a visão do "dever ser". Aristoteles fornece também uma visão de mundo, só que pautada naquilo que se é, utilizando vários modelos diferentes, em situações concretas. O filósofo é colocado como uma figura que deseja o melhor para a sociedade. O pensamento socrático é muito mais de desconstrução, enquanto o pensamento platônico é mais analítico. Platão se preocupa em olhar para o mundo das ideias e traduzi-lo, em analisar. Sócrates é mais corrosivo, gera provocações. Platão acredita que a virtude está relacionada ao mundo público. As crianças, por exemplo, são responsabilidade de todos. Platão é aquele que reproduz as falas de Socrates em diversos livros, as vezes misturando com suas próprias falas, ou ainda escrevendo obras apenas com seu pensamento, oferece a visão de mundo abstrata, idealizada, com formas pré concebidas, a visão do "dever ser". Aristoteles fornece também uma visão de mundo, só que pautada naquilo que se é, utilizando vários modelos diferentes, em situações concretas. Leon Duguit é um aristotélico, pois ele se baseia no ser, nas relações humanas. Kelsen por sua vez é platônico, pois se baseia na abstração. O direito natural de Aristóteles tem alguns elementos semelhantes ao direito cósmico, contudo ele não vem de um mundo idealizado, ele está dentro do ser humano. É uma necessidade de estar em relação com a comunidade. Aristóteles era antropocêntrico, o que fazia com ele fosse repudiado na Idade Média. O direito natural pode ser identificado pelo filósofo, extraindo o que a comunidade expressa como direito. O direito natural vem com um preceito, o que diz como devo me comportar, por exemplo quando casados o homem e a mulher não devem trair. Por outro lado, a sanção não é expressa. A função do filósofo é ler o preceito e encontrar sanções que sejam justas, proporcionais e razoáveis para cada violação do comportamento. O direito natural é ordenamento. O direito que cria a sanção, por sua vez, não é natural pois não está escrito nas relações humanas, é o filósofo que o cria. O direito que sanciona é o direito positivo. A lei positiva deve refinar as sanções. Platão tira do indivíduo a possibilidade de legislar, pois o direito está pronto no cosmos. Em Aristóteles, existe sim um direito pronto (direito natural), mas também existe um direito feito pelo homem (direito positivo). O direito positivo aperfeiçoa o direito natural. O direito positivo fixa as sanções para que elas sejam padronizadas, pois os conselheiros (juízes) não possuíam formação filosófica. Esse direito nasce através de Péricles, que fixa placas em Atenas com as regras. FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO A teoria das leis positivas em Platão Platão estudou na escola de Sócrates, trabalhou em Atenas e fundou sua própria escola, com a simpatia da comunidade local. Possui uma antipatia a lei escrita, pois ela nunca abarcaria num conjunto de palavras a complexidade da lei cósmica do mundo ideal e a lei escrita é rígida quando deveria ser móvel. Platão aprova um modelo de norma flexível. Para ele, o filósofo poderá corrigir essa situação, interpretando a lei escrita com base na lei ideal, corrigindo suas injustiças. O governante e o legislador precisa ser filósofo. Existe em Platão uma ideia de constituição, o conjunto de normas e institutos que regem um povo. Ela não é escrita, é magmática, está no meio das pessoas e diz como os indivíduos devem se comportar dentro de cada situação. Platão compreende que apenas o filósofo legislador pode dar justiça. O mito da caverna de Platão O mito da caverna: indivíduos aprisionados em uma caverna, todos de costas para a entrada da caverna, vendo apenas o reflexo do que existe lá fora, pelas sombras. O mundo fora da caverna é o das ideias, enquanto o de dentro é o mundo dos sentidos. Teoria jurídica de Aristóteles A teoria aristotélica não é abstrata. Apesar de ter sido aluno de Platão, não foi escolhido como seu sucessor. Esta decepção faz com que ele abandone Atenas e vague por vários reinos, instruindo vários príncipes. A obra de Aristóteles reflete a experiência de vida adquirida em sua jornada através dos diversos reinos, possui quatro livros: I. A política II. A constituição dos Atenienses III. A retórica IV. Ética a Nicômaco Liceu é a escola de Aristóteles, criada com base na escola platônica, mas com teorias diferentes. Aristóteles valoriza os costumes, o direitoconsuetudinário. Podemos observar que Leon Duguit é seguidor do pensamento aristotélico. Aristóteles extraíra das relações humanas o direito, para interpretar a norma escrita. Naturalmente na vida social, o direito emerge e assim o filósofo observando o costume torna-se capaz de atualizar a norma escrita. O ponto de referência da justiça deve ser a lei escrita e o ponto de chegada o costume. Em Aristóteles, a virtude deve buscar dar a cada um o que é seu, de maneira proporcional, segundo sua condição social. A distribuição dos bens, baseada na premissa acima citada, reflete o direito público. FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO Sócrates Platão Aristóteles Onde e quando Atenas – Grécia 470 – 399 a.C. Atenas – Grécia 428 – 347 a.C. Estágira – Grécia 384 – 322 a.C. Quem era Um dos fundadores da filosofia ocidental Discípulo de Sócrates Discípulo de Platão Linha de pensamento Autoconhecimento e sabedoria, só sei que nada sei Mundo das ideias, idealista Mundo material, realista Contribuições para o direito Instituição da ética como parâmetro para as ações humanas; defendia que o direito serviria para manutenção da ordem na Polis, logo, o homem deveria zelar pela lei e pela ordem Defesa do projeto de que os cidadãos deveriam eleger aqueles que exerceriam a política; antecipação do princípio de legalidade; institui que as penas são uma forma de depurar a sociedade; coloca a justiça como um ideal de igualdade. O direito não deve ser definido pela ideia de justiça, mas sim a justiça deve ser decretada em função do direito princípio da igualdade entre os iguais; introdução da retórica como forma de diálogo; comparação da justiça com a amizade.