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Filtração, reabsorção, secreção e excreção renal

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Os Rins
Vanessa Silva | Fisiologia Renal| 
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Funções dos rins
1. Regulação do volume do líquido extracelular e da pressão arterial – Diminui o volume do liquido extracelular, diminui a pressão arterial, logo, diminui a excreção renal para conservar os líquidos corpóreos.
2. Regulação da osmolalidade – Integrado com o comportamento da sede.
3. Manutenção do equilíbrio iônico – Principalmente através do Na+/.
OBS: Função + importante dos rins.
4. Regulação homeostática do PH – 3ª linha de defesa.
5. Excreção de resíduos- Remoção de produtos do metabolismo e xenobiótico.
6. Produção de hormônios - Sintetizam eritropoetina, renina e enzimas conversora da vitamina D3.
Deve-se perder quase ¾ das funções renais antes que a homeostasia comece a ser afetada.
Visão geral do rins
Rins filtram cerca de 180 L de sangue por dia.
Volume médio de urina excretada é 1,5 L.
Processos renais: 
1. Filtração – Movimento do sangue para o lúmen. 
2. Reabsorção – Do lúmen para o sangue.
3. Secreção – Do sangue para o lúmen.
4. Excreção – Do lúmen para fora do corpo.
filtração
A filtração do plasma para dentro dos túbulos renais é o 1º passo na formação da urina.
Ocorre no corpúsculo renal.
Processo relativamente inespecífico gera um filtrado, cuja composição é igual à do plasma menos a maioria das proteínas plasmáticas.
Sob condições normais, as células sanguíneas permanecem no capilar.
 Filtrado é composto apenas de água e de solutos dissolvidos.
Apenas cerca de 1/5 do plasma que flui ao longo dos rins é filtrado para dentro dos néfrons. 
Os 4/5 restantes do plasma, juntamente com a maior parte das proteínas plasmáticas e das células sanguíneas, passa para os capilares peritubulares.
OBS: % do volume total do plasma que é filtrada para dentro do túbulo é denominada fração de filtração.
bARREIRAS DE FILTRAÇÃO glomerular
As substâncias que deixam o plasma precisam passar através de três barreiras de filtração antes de entrarem no lúmen tubular
1. Endotélio do capilar glomerular
2. Lâmina basal (membrana basal) 
3. Epitélio da cápsula de Bowman
	Endotélio capilar
	Lamina Basal
	Epitélio da Capsula de Bowman
	1ª barreira
	2ª barreira
	3ª barreira
	Capilares fenestrados com poros carregados (-).
	Camada acelular de matriz extracelular
Glicoproteínas carregadas (-), colágenos e outras proteínas.
	Porção epitelial da cápsula.
Formado por podócitos. Possuem prolongamentos – pedicelos 1ª e 2ª, envolvem os capilares.
Entre eles – fendas de filtração
	Impedem a passagem de células sanguíneas e ajuda a repelir proteínas plasmáticas carregadas (-).
	“Peneira grossa”
Repele a maioria das proteínas plasmáticas do líquido que é filtrado através dela.
	Restringe a passagem de proteínas
As substancias filtradas passam através dos poros endoteliais e das fendas de filtração.
OBS: Existem células mesangiais entre e ao redor dos capilares sanguíneos, são células contrateis, e por essa característica, alteram o fluxo sanguíneo pelos capilares.
PRESSÃO NOS CAPILARES CAUSA A FILTRAÇÃO
A filtração através das paredes dos capilares glomerulares é determinada por três tipos de pressão:
1. Pressão do capilar sanguíneo (P hidrostática)
2. Pressão coloidosmótica (P. oncótica)
3. Pressão do fluído capsular (P. Hidrostática Capsular)
	P. Hidrostática
Sanguínea
	P. Coloidosmótica
	P. do fluido capsular
	Força exercida pelos líquidos que tende a expulsar o líquido de seu compartimento.
Força a passagem de fluido através do seu endotélio fenestrado.
	Pressão osmótica gerada pelas proteínas no plasma sanguíneo especialmente pela albumina e pelas globulinas. 
OBS: Não tem proteínas no líquido da Capsula de Bowman).
	Pressão exercida devido a presença de fluído no interior da Capsula de Bowman.
	A pressão sanguínea nos capilares é de 55 mmHg, em média, favorecendo a filtração.
	O gradiente de pressão é em média, de 30 mmHg, opondo-se a filtração.
	Em média, de 15 mmHg, opondo-se à filtração.
OBS: Pressão Hidrostática Sanguínea cai à medida que o sangue flui através dos capilares, mas ela ainda permanece maior do que as pressões que se opõem a ela. Como resultado, a filtração ocorre ao longo de quase todo o comprimento dos capilares glomerulares.
 Taxa de Filtração Glomerular (TFG) = volume de fluido que é filtrado para dentro da cápsula de Bowman por unidade de tempo.
A TFG média é de 125 mL/min, ou de 180 L/dia.
Considerando-se que o volume plasmático total é de apenas cerca de 3 litros, isso significa que os rins filtram todo o volume plasmático 60 vezes por dia, ou 2,5 vezes a cada hora.
TFG é influenciada por dois fatores:
1. Pressão de filtração resultante - determinada ´pelo fluxo sanguíneo renal e pela pressão arterial.
2. Coeficiente de filtração – dois componentes: área de superfície dos capilares glomerulares e a permeabilidade da interface entre capilar e cápsula de Bowman.
Nesse aspecto, a filtração glomerular é semelhante às trocas de gases nos alvéolos, em que a taxa da troca gasosa depende da diferença entre as pressões parciais dos gases, da área de superfície dos alvéolos e da permeabilidade da barreira de difusão alvéolo-capilar.
A tfg É RELATIVAMENTE CONSTANTE
A pressão arterial fornece a pressão hidrostática, que impulsiona a filtração glomerular. Logo, parece razoável assumir que se a pressão arterial aumentasse, a TFG aumentaria, e se a pressão arterial diminuísse, a TFG diminuiria. 
Entretanto, esse geralmente não é o caso. Em vez disso, a TFG é notavelmente constante em uma ampla faixa de pressões arteriais. Contanto que a pressão arterial média do sangue fique entre 80 e 180 mmHg, a TFG é, em média, de 180 L/dia.
A TFG é controlada primariamente pela regulação do fluxo sanguíneo através das arteríolas renais. O efeito do aumento da resistência sobre a TFG, entretanto, depende de onde a mudança na resistência ocorre.
A maior parte da regulação ocorre na arteríola aferente.
A TFG ESTÁ SUJEITA A AUTORREGULAÇÃO
A autorregulação da TFG é um processo de controle local, no qual o rim mantém uma TFG relativamente constante frente às flutuações normais da pressão arterial. 
Uma função importante da autorregulação da TFG é proteger as barreiras de filtração da pressão arterial alta que pode danificá-las.
Resposta Miogênica
A resposta miogênica da arteríola aferente é similar à autorregulação em outras arteríolas sistêmicas. 
Quando o músculo liso da parede da arteríola estira, devido ao aumento da pressão arterial, canais iônicos sensíveis ao estiramento se abrem, e as células musculares despolarizam. A despolarização leva à abertura de canais de Ca2+ dependentes de voltagem, e o músculo liso vascular se contrai. A vasoconstrição aumenta a resistência ao fluxo e leva a uma redução no fluxo sanguíneo através das arteríolas. A redução do fluxo sanguíneo diminui a pressão de filtração no glomérulo.
Se a pressão arterial diminui, o tônus de contração arteriolar desaparece, e a arteríola torna-se maximamente dilatada. 
A vasodilatação não é tão eficaz em manter a TFG como a vasoconstrição.
Quando a pressão arterial média diminui para menos de 80 mmHg, a arteríola aferente fica bastante relaxada e a TFG diminui. Esse decréscimo é adaptativo, pois se menos plasma é filtrado, o potencial para a perda de líquido na urina diminui. 
Em outras palavras, um decréscimo na TFG ajuda o corpo a conservar o volume sanguíneo.
Retroalimentação Tubuloglomerular
Via de controle local, na qual o fluxo de líquido através dos túbulos renais altera a TFG.
A configuração torcida do néfron faz a porção final do ramo espesso ascendente da alça de Henle passar entre as arteríolas aferente e eferente. As paredes tubulares e arteorilares são modificadas nessa região em que elas entram em contato umas com as outras, e, juntas, formam o aparelho justaglomerular.
A parede da arteríola aferente adjacente a ela possui células musculares lisas especializadas, chamadas de células granulares (também conhecidas como células justaglomerulares ou células JG).
Quando o NaCl que passa pela mácula densa aumenta, como resultado da TFG aumentada, as células da mácula
densa enviam sinais parácrinos à arteríola aferente vizinha. A arteríola aferente se contrai, aumentando a resistência e diminuindo a TFG.
A comunicação parácrina entre a mácula densa e a arteríola aferente é complexa, e os detalhes ainda estão sendo estudados. Experimentos mostram que muitos sinalizadores parácrinos, incluindo ATP, adenosina e óxido nítrico, passam da mácula densa para a arteríola como parte da retroalimentação tubuloglomerular.
HORMONIOS E NEURONIOS AUTONOMICOS TAMBÉM INFLUENCIAM A TFG
Os hormônios e o sistema nervoso autônomo alteram a TFG de duas maneiras:
1. Mudando a resistência das arteríolas 
2. Alterando o coeficiente de filtração
Controle Neural da TFG
 Mediado pelos neurônios simpáticos que inervam as arteríolas aferente e eferente.
A inervação simpática via receptores alfa no músculo liso vascular causa vasoconstrição. Se a atividade simpática é moderada, há um pequeno efeito na TFG. Entretanto, se a pressão arterial sistêmica cai abruptamente, como ocorre em uma hemorragia ou em uma desidratação grave, a vasoconstrição das arteríolas induzida pelo sistema nervoso simpático diminui a TFG e o fluxo sanguíneo renal. Essa é uma resposta adaptativa que visa conservar o volume de líquido corporal.
Influencia Hormonal
Angiotensina II, um potente vasoconstritor
Prostaglandinas, que atuam como vasodilatadoras
Esses mesmos hormônios podem afetar o coeficiente de filtração devido à sua atuação sobre os podócitos ou sobre as células mesangiais. 
Os podócitos alteram o tamanho das fendas de filtração glomerular. Se as fendas se alargam, ocorre um aumento na área de superfície disponível para a filtração, e a TFG aumenta. 
A contração das células mesangiais evidentemente altera a área de superfície do capilar glomerular disponível para a filtração.
reabsorção
A cada dia, 180 L de líquido são filtrados dos capilares glomerulares para dentro dos túbulos renais, todavia, apenas cerca de 1,5 L é excretado na urina. 
Assim, mais de 99% do líquido que entra nos túbulos é reabsorvido para o sangue à medida que o filtrado percorre os néfrons.
A maior parte dessa reabsorção ocorre no túbulo proximal.
Quantidade menor de reabsorção nos segmentos distais do néfron. 
A reabsorção no néfron distal é finamente regulada, possibilitando aos rins reabsorverem seletivamente íons e água de acordo com as necessidades do organismo para a manutenção da homeostasia.
Uma questão que você pode estar se perguntando é: “Por que se preocupar em filtrar 180 L/dia e depois reabsorver 99% disso? Por que não simplesmente filtrar e excretar o 1% que precisa ser eliminado?”. 
Existem duas razões:
1. Muitas substâncias exógenas são filtradas nos túbulos, mas não são reabsorvidas para o sangue. A alta taxa diária de filtração ajuda a retirar essas substâncias do plasma muito rapidamente.
2. A filtração de íons e água para dentro dos túbulos simplifica a sua regulação.
Muitos nutrientes pequenos, como a glicose e intermediários do ciclo do ácido cítrico, são filtrados, porém são reabsorvidos de maneira muito eficiente no túbulo proximal.
A reabsorção pode ser ativa ou passiva
A reabsorção de água e solutos do lúmen tubular para o líquido extracelular depende de transporte ativo.
O filtrado que flui da cápsula de Bowman para o túbulo proximal tem a mesma concentração de solutos do líquido extracelular. Portanto, para transportar soluto para fora do lúmen, as células tubulares precisam usar transporte ativo para criar gradientes de concentração ou eletroquímicos. 
A água segue osmoticamente os solutos, à medida que eles são reabsorvidos.
O transporte ativo de Na+ do lúmen tubular para o líquido extracelular cria um gradiente elétrico transepitelial, no qual o lúmen é mais negativo do que o LEC. Os ânions (íons negativos), então, seguem o Na+ positivamente carregado para fora do lúmen. A saída de Na+ e de ânions do lúmen para o LEC dilui o fluido luminal e aumenta a concentração do LEC, de forma que a água deixa o túbulo renal por osmose.
A redução do volume do lúmen tubular aumenta a concentração de solutos (incluindo K+, Ca2+ e ureia) que permaneceram no filtrado: a mesma quantidade de soluto em um volume menor equivale a uma concentração mais alta de soluto. Uma vez que as concentrações de soluto no lúmen são mais altas do que as concentrações de soluto no líquido extracelular, os solutos difundem-se para fora do lúmen se o epitélio do túbulo for permeável a eles.
A reabsorção envolve:
Transporte Transepitelial (transcelular) - as substâncias atravessam as membranas apical e basolateral das células tubulares epiteliais para chegar ao líquido intersticial.
Transporte Paracelular - as substâncias passam através de junções celulares entre células vizinhas. 
O caminho seguido pelo soluto depende da permeabilidade das junções epiteliais e do seu gradiente eletroquímico.
Para solutos que se movem através do transporte transepitelial, suas concentrações ou seus gradientes eletroquímicos determinam seus mecanismos de transporte. 
Solutos que se movem a favor do seu gradiente de concentração usam canais de vazamento ou carreadores de difusão facilitada para cruzarem a membrana celular. As moléculas que necessitam se deslocar contra seu gradiente de concentração são transportadas por mecanismos de transporte ativo primário ou indiretos (normalmente secundários).
Transporte Ativo do Sódio
A reabsorção ativa de Na+ é a força motriz primária para a maior parte dos mecanismos de reabsorção renal.
A composição do filtrado que entra no túbulo proximal é semelhante à composição iônica plasmática, com uma concentração maior de Na+ do que a encontrada nas células. Dessa forma, o Na+ presente no filtrado pode entrar nas células tubulares passivamente, de acordo com seu gradiente eletroquímico.
O transporte apical do Na+ utiliza várias proteínas transportadoras por simporte e antiporte ou de canais de vazamento abertos. 
No túbulo proximal, o trocador Na+H+ (NHE) desempenha um papel fundamental na reabsorção do Na+, assim como o canal de Na+ epitelial (ENaC) na membrana apical. 
Uma vez no interior da célula tubular, o Na+ é ativamente transportado para seu exterior através da membrana basolateral em uma troca com o K+ pela Na+-K+-ATPase. Um canal de vazamento de K+ impede o acúmulo de K+ no interior da célula. 
OBS: 3 moléculas de sódio para fora, e 2 íons potássio para dentro.
O resultado final é a reabsorção de Na+ através do epitélio tubular. 
Transporte ativo secundário: simporte com sódio
O transporte ativo secundário acoplado ao sódio é responsável pela reabsorção de muitas substâncias, incluindo a glicose, aminoácidos, íons e vários metabólitos orgânicos. 
Reabsorção de glicose acoplada ao Na+ através do epitélio do túbulo proximal
A membrana apical contém o cotransportador de Na+-glicose (SGLT) que leva a glicose para o citoplasma contra seu gradiente de concentração através do uso da energia do Na+, que se move a favor de seu gradiente eletroquímico. Na superfície basolateral da célula, o Na+ é bombeado para fora pela Na+-K+-ATPase, ao passo que a glicose se difunde para fora através de um mecanismo de difusão facilitada envolvendo o uso de transportadores GLUT. O mesmo padrão básico é utilizado por outras moléculas que são transportadas acopladas ao Na+: uma proteína de simporte apical e um carreador para difusão facilitada ou um trocador iônico na membrana basolateral. 
Outras moléculas que são reabsorvidas por mecanismos similares incluem os aminoácidos, o lactato, intermediários do ciclo do ácido cítrico, como o alfa-cetoglutarato (alfaCG), e íons, como o fosfato e o sulfato. 
Alguns dos transportadores apicais utilizam o H+ no lugar do Na+.
Reabsorção Passiva: Ureia
Ureia se desloca através das junções celulares epiteliais por difusão, se houver um gradiente de concentração da ureia.
Inicialmente, as concentrações de ureia no filtrado e no líquido extracelular são iguais. Entretanto, o transporte ativo de Na+ e de outros solutos para fora do lúmen tubular proximal gera um gradiente de concentração.
Quando o Na+ e
outros solutos são reabsorvidos no túbulo proximal, a transferência de partículas osmoticamente ativas torna o líquido extracelular mais concentrado que o filtrado que permaneceu no lúmen tubular. 
Em resposta ao gradiente osmótico, a água move-se por osmose através do epitélio. Até esse ponto, nenhuma molécula de ureia foi transportada para fora do lúmen, uma vez que não havia nenhum gradiente de concentração da ureia. 
Quando a água é reabsorvida, a concentração de ureia no lúmen tubular aumenta – a mesma quantidade de ureia está presente em um volume menor de água. Uma vez que o gradiente de concentração de ureia existe, a ureia move-se do lúmen tubular para o líquido extracelular, sendo transportada através das células ou pela via paracelular.
Endocitose: Proteínas Plasmáticas
A filtração do plasma nos glomérulos normalmente deixa a maior parte das proteínas plasmáticas no sangue, mas algumas proteínas menores e peptídeos podem passar através da barreira de filtração. 
A maioria das proteínas filtradas é removida do filtrado no túbulo proximal, de forma que normalmente apenas traços de proteínas aparecem na urina. 
Mesmo sendo pequenas, as proteínas filtradas são muito grandes para serem reabsorvidas pelos transportadores ou por canais. 
A maior parte delas entra nas células do túbulo proximal por endocitose mediada por receptores na membrana apical. 
Uma vez no interior das células, as proteínas são digeridas nos lisossomos. Os aminoácidos resultantes são transportados através da membrana basolateral e absorvidos no sangue. 
A digestão renal de pequenas proteínas filtradas, na verdade, é um método importante pelo qual peptídeos sinalizadores podem ser removidos da circulação.
O TRANSPORTE RENAL PODE ATINGIR SATURAÇÃO
A maior parte dos transportes no néfron usa proteínas de membrana e exibe as três características do transporte mediado: 
1. Saturação
2. Especificidade 
3. Competição
Saturação
Refere-se à taxa de transporte máximo, que ocorre quando todos os transportadores disponíveis estão ocupados pelos substratos.
Se as moléculas de glicose são filtradas mais rapidamente para dentro do túbulo do que os transportadores de glicose podem as transportar, parte da glicose permanece no lúmen tubular e é excretada na urina.
A concentração plasmática, na qual a glicose começa a aparecer na urina, é denominada limiar renal para a glicose.
A excreção de glicose na urina é chamada de glicosúria e, em geral, indica a presença de uma concentração de glicose elevada no sangue.
AS PRESSÕES NOS CAPILARES PERITUBULARES FAVORECEM A REABSORÇÃO
A reabsorção refere-se ao movimento de solutos e água do lúmen tubular para o líquido intersticial.
A pressão hidrostática que existe ao longo de toda a extensão dos capilares peritubulares é menor do que a pressão coloidosmótica, de modo que a pressão resultante favorece a reabsorção.
Os capilares peritubulares têm uma pressão hidrostática média de 10 mmHg (em contraste com os capilares glomerulares, em que a pressão hidrostática média é de 55 mmHg). 
A pressão coloidosmótica, que favorece o movimento do líquido para dentro dos capilares, é de 30 mmHg. Como resultado, o gradiente de pressão nos capilares peritubulares é de 20 mmHg, favorecendo a absorção do líquido para dentro dos capilares. 
O líquido que é reabsorvido passa dos capilares para a circulação venosa e retorna ao coração.
	Resumindo ...
Túbulo Contorcido Proximal
Reabsorve cerca de 65% da carga filtrada de água e sódio.
Reabsorve: sódio, cloro, bicarbonato, potássio, água, glicose e aminoácidos.
OBS: Secreta H+ e reabsorve íon bicarbonato (as trocas envolvem Na).
Alça de Henle
20-25% de sódio, cloro e água.
Porção Descendente da Alça de Henle
Reabsorção de água.
Porção Ascendente da Alça de Henle
Reabsorção de sódio, cloro, potássio (25% da reabsorção de Na+ e K+ . Impermeável a água.
Túbulo Distal
Reabsorve de 8 a 10% de água e sódio.
Ducto Coletor
Reabsorve água e soluto.
Tem manejo entre K+ e H+ (as trocas não envolvem Na+).
SECREÇÃO
É a transferência de moléculas do líquido extracelular para o lúmen do néfron.
A secreção, assim como a reabsorção, depende principalmente de sistemas de transporte de membrana.
A secreção de K+ e H+ pelo néfron distal é importante na regulação da homeostasia desses íons.
Muitos compostos orgânicos são secretados. Esses compostos incluem tanto metabólitos produzidos no corpo quanto substâncias provenientes do meio externo, conhecidas como xenobióticos.
A secreção torna o néfron capaz de aumentar a excreção de uma substância.
A secreção é um processo ativo, uma vez que requer transporte de substratos contra seus gradientes de concentração. 
A maioria dos compostos orgânicos é secretada através do epitélio do túbulo proximal para o interior do lúmen tubular por transporte ativo secundário.
Os transportadores responsáveis pela secreção de solutos orgânicos apresentam pouca especifidade. 
A família do transportador de ânions orgânicos (OAT), é capaz de transportar uma grande variedade de ânions endógenos e exógenos, desde sais biliares até benzoato, utilizado como conservante em refrigerantes, salicilato, proveniente do ácido acetilsalicílico, e o adoçante artificial sacarina. 
A secreção de ânions orgânicos pelo OAT é um exemplo de transporte ativo terciário, em que o uso da energia do ATP é removido em duas etapas do OAT. 
A primeira etapa desse processo, que é um transporte ativo direto, o túbulo proximal usa ATP para manter a baixa concentração intracelular de Na+. 
Na segunda etapa, o gradiente de Na+ é, então, usado para concentrar o dicarboxilato dentro da célula tubular, utilizando um cotransportador Na+-dicarboxilato, chamado de NaDC. O NaDC é encontrado tanto na membrana apical quanto na membrana basolateral das células do túbulo proximal. Dicarboxilatos são as formas iônicas dos ácidos dicarboxílicos, que possuem dois grupos (OCOOH). A maior parte dos intermediários do ciclo do ácido cítrico, incluindo o citrato, o oxaloacetato e o alfa-cetoglutarato (alfaCG), são dicarboxilatos.
A concentração de dicarboxilato dentro da célula tubular determina o terceiro passo da secreção de ânions orgânicos. O OAT é um transportador ativo indireto, que utiliza o movimento do dicarboxilato a favor do seu gradiente de concentração para deslocar um ânion orgânico contra o seu gradiente, transferindo-o para o interior da célula. No passo final, uma vez que o ânion orgânico está concentrado no interior da célula tubular, ele pode ser facilmente transportado por difusão facilitada para o interior do lúmen tubular.
A COMPETIÇÃO DIMINUI A SECREÇÃO DE PENICILINA
A ampla especificidade dos transportadores de ânions orgânicos significa que diferentes substratos podem competir pelos sítios de ligação do transportador. 
Um exemplo interessante e importante de uma molécula orgânica secretada pelo OAT é o antibiótico penicilina.
A secreção renal é tão eficiente em retirar moléculas estranhas do sangue que, após 3 a 4 horas de a dose de penicilina ter sido administrada, cerca de 80% são excretadas na urina.
Contudo, essa não era uma solução satisfatória, e, assim, os pesquisadores buscaram um meio de reduzir a velocidade de secreção da penicilina. Eles esperavam encontrar uma molécula que poderia competir com a penicilina pelos sítios de ligação do transportador de ânions orgânicos, responsável por sua secreção. Desse modo, quando apresentado a ambos os fármacos, o transportador se ligaria preferencialmente ao competidor e o secretaria, deixando a penicilina no sangue. 
A resposta foi a descoberta de um composto sintético, chamado de probenecida. Quando a probenecida é administrada concomitantemente com a penicilina, o transportador remove preferencialmente a probenecida, prolongando a atividade da penicilina no corpo. Quando a penicilina passou a ser produzida sinteticamente e o seu fornecimento não era mais um problema, o uso da probenecida diminuiu.
	OBS: Só acontece secreção no túbulo proximal (H+ e NH3+) e túbulo distal (K+ e H+).
EXCREÇÃO
A produção de urina é o resultado
de todos os processos que ocorrem no rim.
Quando o líquido chega ao final do néfron, ele apresenta pouca semelhança com o líquido que foi filtrado para a cápsula de Bowman. Glicose, aminoácidos e metabólitos úteis desaparecem, tendo sido reabsorvidos para dentro do sangue, e os resíduos orgânicos estão mais concentrados.
A concentração de íons e água na urina é extremamente variável, dependendo do estado do corpo.
Embora a excreção nos diga o que o corpo está eliminando, a excreção por si só não pode nos dar detalhes da função renal.
	EXCREÇÃO = FILTRAÇÃO – REABSORÇÃO + SECREÇÃO
Apenas a taxa de excreção de uma substância não nos diz nada sobre como o rim maneja essa substância. 
A taxa de excreção de uma substância depende: 
1. Taxa de filtração da substância 
2. De se a substância é reabsorvida, secretada ou ambas, enquanto ela passa ao longo do túbulo renal. 
REFERENCIAS
Fisiologia Humana – Uma Abordagem Integrada. Silverthorn – 7ª ed., 2017.

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