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Monografia Psi Trnsito

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO 
 
 
 
ANA MARIA SOARES MAIA 
 
 
 
 
 
 
 
A ANSIEDADE DO CANDIDATO À RENOVAÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE 
HABILITAÇÃO FRENTE Á AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA CIDADE DE 
FORTALEZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACEIÓ - AL 
2014
 
 
UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO 
 
 
 
 
ANA MARIA SOARES MAIA 
 
 
 
 
A ANSIEDADE DO CANDIDATO À RENOVAÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL 
DE HABILITAÇÃO FRENTE Á AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA CIDADE DE 
FORTALEZA 
 
 
 
 
Monografia Apresentada a 
Universidade Paulista/UNIP, 
Como Parte dos Requisitos 
Necessários Para A Conclusão 
do Curso de Pós-Graduação 
“Lato Sensu” Em Psicologia do 
Trânsito. 
 
 
 
 Orientador: 
 
 
 
 
 
 
MACEIÓ - AL 
2014 
 
 
ANA MARIA SOARES MAIA 
 
 
 
A ANSIEDADE DO CANDIDATO À RENOVAÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL 
DE HABILITAÇÃO FRENTE Á AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA CIDADE DE 
FORTALEZA 
 
 
 
Monografia Apresentada a 
Universidade Paulista/UNIP, 
Como Parte dos Requisitos 
Necessários Para A Conclusão 
do Curso de Pós-Graduação 
“Lato Sensu” Em Psicologia do 
Trânsito. 
 
 
 
APROVADO EM ____/____/____ 
 
 
 
____________________________________ 
 
ORIENTADOR: 
 
 
 
____________________________________ 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
____________________________________ 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
À Deus, pelo dom da minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus por se fazer presente durante toda a minha caminhada. 
Ao meu pai, por seu apoio e amor incondicional. 
À minha mãe, viva em meu coração. 
Ao meu marido, meu grande amor e porto seguro. 
À minha filha, pelo sorriso que transforma meu dia. 
À minha sogra, pelo exemplo de dedicação à Psicologia. 
Aos meus familiares, professores, amigos de profissão, amigos de infância, 
obrigada por acreditarem nos meus sonhos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
”Foi o tempo que dedicastes à tua rosa que a 
fez tão importante” 
 
Antoine de Saint-Exupéry. 
 
 
 
RESUMO 
 
A sociedade moderna, principalmente os moradores das áreas urbanas, vive 
sob pressão dos diversos compromissos e também das complicações impostas 
pela malha urbana. A ansiedade é um dos fatores psicológicos que são 
diagnosticados diante dessa realidade e, por vezes, pode se tornar 
determinante na tomada de decisão diante do trânsito. Nesse contexto, esse 
trabalho objetiva-se a avaliar a ansiedade e conhecimento sobre os testes de 
Avaliação Psicológica (AP), aplicados pelo DETRAN, dos condutores 
candidatos a renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na cidade 
de Fortaleza. O instrumento de coleta de dados foi um questionário composto 
por cinco perguntas, sobre a ansiedade do candidato perante a Avaliação 
Psicológica, e também sobre o conhecimento dos mesmos com relação a esse 
instrumento. Os resultados apontam que os candidatos, em sua maioria, não 
se consideram pessoas ansiosas (60%), mas diante dessa situação, 37% 
afirmaram apresentarem medo, 23% inquietação, 17% inibição e impulsividade, 
cada, e 7% insegurança, como sintomas psicológicos de ansiedade. Todos os 
candidatos afirmaram considerar a AP importante para o processo de 
renovação da CNH, mesmo que, 57% desses entrevistados não possuam 
nenhum conhecimento sobre os testes aplicados pelo DETRAN, e também que 
67% não temam ser reprovados nesse processo. Chegamos à conclusão de 
que a maioria dos entrevistados não se considera ansiosos diante do processo 
de renovação da CNH, e também desconhecem a importância da AP, todavia, 
consideram importante o instrumento para renovação da CNH. Recomendamos 
que novos trabalhos sejam realizados nessa linha de pesquisa para que se 
possa avaliar o nível de conhecimento da população sobre a importância da AP 
para o trânsito. É importante que também sejam desenvolvidas campanhas 
educativas de educação para o trânsito no intuito de melhorar as informações 
nesse âmbito. 
 
 
Palavras-chave: Ansiedade, Avaliação Psicológica, Carteira Nacional de 
Habilitação, Trânsito 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Modern society, especially urban residents, lives under pressure from various 
commitments and also the complications imposed by the urban fabric. Anxiety 
is one of the psychological factors that are diagnosed before this reality and 
sometimes can become decisive in decision making on the go. In this context, 
this study aims to assess the knowledge and anxiety about tests of 
Psychological Assessment (PA), applied by the DETRAN, candidate drivers 
renewal of Driver's License (DL) in the city of Fortaleza. The data collection 
instrument was a questionnaire consisting of five questions about the 
candidate's anxiety before the Psychological Assessment, and also on a 
knowledge of them regarding this instrument. The results show that candidates, 
mostly, do not consider themselves anxious people (60%), but in this situation, 
37% reported experiencing fear, anxiety 23%, 17% inhibition and impulsivity, 
each, and 7% insecurity, as psychological symptoms of anxiety. All candidates 
said they consider important to the process of renewal of DL PA, even though 
57% of those surveyed do not have any knowledge about the tests applied by 
the DETRAN, and also 67% fear not being deprecated in this process. We 
concluded that the majority of respondents did not consider themselves anxious 
before the renewal process of DL, and also unaware of the importance of the 
AP, however, important to consider the instrument to renew the DL. We 
recommend that further work be done in this line of research to be able to 
assess the level of knowledge of the population about the importance of PA for 
transit. It is also important that educational campaigns for traffic education in 
order to improve the information in this framework are developed. 
 
Keyword: Anxiety, Psychological Assessment, Driver's License, Traffic 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Gráfico 1 Nível de escolaridade dos entrevistados, candidatos a 
renovação da CNH......................................................................31 
Gráfico 2 Profissão dos entrevistados, candidatos a renovação da 
CNH..............................................................................................32 
Gráfico 3 Estado civil dos entrevistados, candidatos a renovação da 
CNH..............................................................................................32 
Gráfico 4 Faixa etária dos entrevistados, candidatos a renovação da 
CNH..............................................................................................33 
Gráfico 5 Tempo de CNH dos entrevistados, candidatos a renovação da 
CNH..............................................................................................34 
Gráfico 6 Categoria da CNH dos entrevistados, candidatos a renovação da 
CNH................................................................................................35 
Gráfico 7 Opinião dos entrevistados, candidatos a renovação da CNH, a 
sua ansiedade...............................................................................35 
Gráfico 8 Sintomas psicológicos apresentados pelos entrevistados diante 
da ansiedade...............................................................................37 
Gráfico 9 Conhecimento dos entrevistados sobre os testes psicológicos 
aplicados pelo Detran................................................................38 
Gráfico 10 Resposta dos entrevistados a temer a reprovação na Avaliação 
Psicológica....................................................................................38 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................112. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................13 
2.1 A Psicologia no contexto do Trânsito.....................................................13 
2.2 O Trânsito...................................................................................................15 
2.3 A Psicologia do Trânsito e o Exame Psicológico...................................16 
2.4 Agressividade no Trânsito........................................................................20 
2.5 O Trânsito em Fortaleza............................................................................25 
2.6 A ansiedade na avaliação psicológica do trânsito.................................25 
3. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................29 
3.1Ética.............................................................................................................29 
3.2Tipo de Pesquisa........................................................................................29 
3.3Universo.......................................................................................................29 
3.4 Sujeitos e Amostra....................................................................................30 
3.5 Instrumento de Coleta de Dados..............................................................30 
3.6 Procedimentos para Coleta de Dados.....................................................30 
3.7 Procedimentos para Análise dos Dados.................................................30 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................31 
5. CONCLUSÃO................................................................................................39 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................40 
ANEXO..............................................................................................................43 
APENDICE........................................................................................................44 
 
 
 
11 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
Nossa sociedade é predominantemente urbana, mais da metade da 
população do mundo vive em uma metrópole e, em 2050, é muito provável que 
esse contingente chegue a dois terços (LINDENBERG, 2014). 
Estudos indicam que memória e a atenção podem ser prejudicadas por 
ambientes urbanos. Pessoas que moram em metrópoles têm maior propensão 
a sofrer de ansiedade e depressão; o risco de desenvolver esquizofrenia 
também aumenta consideravelmente. Pesquisas apontam que a probabilidade 
de desenvolver algum transtorno emocional grave é de duas a três vezes maior 
em crianças nascidas em ambiente urbano do que em parentes que vivem no 
interior ou em regiões mais periféricas (LINDENBERG, 2014). 
O trânsito nas áreas urbanas é bastante complexo e expõe os seus 
protagonistas a níveis elevados de estresse, que por vezes causam alterações 
comportamentais desses. 
Na vivência das situações geradas pelo ato de transitar é despertado um 
determinado nível de ansiedade nos indivíduos, que varia de acordo com cada 
um, em virtude de um sentimento de perigo despertado pelas circunstâncias da 
via, do veículo ou do homem (VIECILI, 2003). 
A Avaliação Psicológica é um instrumento que busca identificar 
distúrbios comportamentais visando diminuir a violência do trânsito através da 
correção do problema ou não concessão da CNH ou renovação do condutor. 
Diversas pesquisas comprovam que há um desconhecimento dos testes 
utilizados pelos órgãos competentes em avaliar os fatores psicológicos dos 
condutores pela população geral, condutores ou não. 
No entanto, na literatura não são encontrados estudos suficientes que 
relacionem a ansiedade com o processo para obtenção ou renovação da CNH. 
Esta pesquisa mediu a ansiedade do candidato momentos antes do 
mesmo se submeter à avaliação psicológica para fins de renovação da CNH. 
Também foi avaliado o conhecimento dos candidatos à renovação da CNH com 
relação aos testes psicológicos impostos pelo DETRAN no intuito de identificar 
distúrbios comportamentais nos condutores ou candidatos à primeira 
habilitação. 
12 
 
Adotou-se como metodologia de pesquisa a revisão de literatura, 
concretizada por meio de leitura de livros, artigos, periódicos, textos e apostilas 
sobre o tema. Também foi realizada, como forma de enriquecer o referencial 
teórico, uma pesquisa de campo com aplicação de questionário junto a uma 
população de motoristas, com o propósito de identificar características de 
ansiedade. 
 
13 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
2.1 A Psicologia no contexto do Trânsito 
 
 
O presente trabalho propõe-se abordar a ansiedade frente à avaliação 
psicológica de candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) como 
forma de preencher uma lacuna de conhecimentos existente na área e assim 
contribuir para a construção de um trânsito mais humano e seguro. 
Para tal, faz-se necessário situar o momento em que a psicologia foi 
aplicada ao estudo dos transportes terrestres, tendo sido inicialmente 
empregada nas ferrovias e, posteriormente, à circulação sobre rodas em 
meados do século XX, mais precisamente na década de 1920. Nesse período, 
se deu a gestação da Psicologia científica no Brasil e foram criadas as 
condições iniciais para o desenvolvimento da mesma como ciência e profissão. 
A evolução da psicologia do trânsito no Brasil pode ser compreendida 
em quatro grandes etapas sendo elas: o período das primeiras aplicações de 
técnicas de exame psicológico até a regulamentação da psicologia como 
profissão, a consolidação da Psicologia do Trânsito como disciplina científica, o 
desenvolvimento da psicologia do trânsito em vários âmbitos como também 
sua presença marcante no meio interdisciplinar e a aprovação do Código de 
Trânsito Brasileiro (Lei 9.503, de 23/09/97) que proporcionou uma maior 
sensibilização da sociedade e dos próprios psicólogos do trânsito na discussão 
sobre políticas públicas de saúde, educação e segurança relacionadas à 
circulação humana. 
Vale ressaltar nesse contexto o setor de transportes como origem do 
campo de atuação da psicologia do trânsito, sendo esse um dos primeiros 
setores do mundo social do trabalho em que houve a aplicação da Psicologia, 
realizada ainda por profissionais não especializados, mas precursores neste 
tipo de empreendimento onde se pode destacar a figura do engenheiro Roberto 
Mange na seleção e orientação de ferroviários, em São Paulo, que se 
constituiu num marco potencial ao desenvolvimento da Psicologia do Trânsito. 
14 
 
O ano de 1962 marcou a história da psicologia do trânsito, pois a partir 
desse momento uma lei federal tornou obrigatória a realização de exame 
psicotécnico por todas as pessoas que requisitassem a carteira de motorista. 
Desde então, a avaliação psicológica no contexto do trânsito tem sido o centro 
de várias discussões que visam estudar os procedimentos e instrumentos que 
vêm sendo empregados para avaliação de candidatos à carteira de habilitação. 
Desde seu início, o processo de avaliação psicológica para o trânsito foi 
designado "Exame psicotécnico", entretanto, a partir da publicação do novo 
Código Brasileiro de Trânsito de 1998, a expressão foi substituída por 
"Avaliação psicológica pericial". 
De acordo com a resolução CONTRAN nº 168/2004, a avaliação 
psicológica é sempre uma exigência: na obtenção da CNH, na renovação da 
mesma, caso o condutor exerça serviço remunerado de transporte de pessoas 
ou bens, na substituição do documento de habilitação obtido em país 
estrangeiro; ou, ainda, por exigência do perito examinador. 
A partir de então, importantes mudanças ocorreram em relação à 
capacitação do profissional para trabalhar na área. Entre elas destaca-se o fato 
de as avaliações passarem a ser realizadas somente por psicólogos que 
possuíssem curso de capacitação específicopara a função de perito 
examinador de trânsito com carga horária mínima de 120 horas/aula. Essas 
mudanças têm feito com que essa área venha se firmando, cada vez mais, 
como uma especialização da psicologia. 
O DETRAN é parte integrante do Sistema Nacional de Trânsito e foi 
criado em 21 de setembro de 1966 pelo Decreto-lei 5.108 que instituiu o 
segundo Código Nacional de Trânsito. Em 23 de fevereiro de 1967, aquele 
decreto foi alterado pelo Decreto-lei nº 237, sendo efetivamente regulamentado 
em 16 de janeiro de 1968, por meio do Decreto-lei 62.127. Devido essa nova 
organização do sistema de trânsito, cada estado brasileiro procedeu à criação 
do seu DETRAN, seja pela estruturação do serviço que anteriormente não 
existia, seja pela reestruturação do serviço administrativo de trânsito existente 
(segue algumas denominações antigas dos serviços de trânsito dos estados: 
Diretoria do Serviço de Trânsito em São Paulo, Serviço de Trânsito no Rio de 
Janeiro, Departamento do Serviço de Trânsito no Paraná, Serviço Estadual de 
15 
 
Trânsito em Belo Horizonte). Esta modificação ocorreu na maioria dos estados 
nas décadas de 1960 e 1970. 
De acordo com aquela regulamentação, os Departamentos de Trânsito 
deveriam dispor de uma série de serviços a fim de realizar suas atribuições, 
dentre eles o serviço médico e psicotécnico. Esta exigência reconheceu a 
importância dos fatores psicológicos na segurança viária, principalmente para 
serem avaliados no processo de habilitação; além do mais, ampliou o mercado 
de trabalho para o psicólogo, cuja profissão havia sido regulamentada em 
1964. 
Os Departamentos de Trânsito (DETRANs) assumiram, e ainda 
assumem, um importante papel na institucionalização e expansão da psicologia 
brasileira enquanto profissão, ao abrir espaço para o trabalho dos psicólogos e, 
mais recentemente, por meio do credenciamento de profissionais e clínicas de 
psicologia terceirizadas, devido ao aumento da demanda pela carteira de 
habilitação. Em função disso, poucos estados possuem atualmente apenas 
uma clínica conveniada (p.ex., Rio Grande do Norte e Ceará) e/ou os próprios 
psicólogos dos DETRANs realizam a avaliação psicológica. 
É importante ressaltar que o século XXI apresenta-se como um período 
onde se faz urgente a construção de novas referências e pesquisas 
cientificamente comprometidas para que a psicologia possa progredir nas 
questões relativas à circulação humana. 
 
 
2.2 O Trânsito 
 
 
A psicologia do trânsito é uma "área da psicologia que investiga os 
comportamentos humanos no trânsito, os fatores e processos externos e 
internos, conscientes e inconscientes que os provocam e o alteram" (Conselho 
Federal de Psicologia, 2000, p. 10). 
Ferreira (1986) compreende trânsito como “movimento, circulação, 
afluência de pessoas ou de veículos; tráfego” (p.1702). De acordo com 
Rozestraten (1988), o sistema de trânsito funciona por uma série bastante 
extensa de normas e construções e é composto de vários subsistemas, dentre 
16 
 
os quais se destaca: o homem, a via e o veículo. O homem é o sistema mais 
complexo e, portanto, tem maior chance de desorganizar o sistema como um 
todo. 
Plonka (2000) aponta o trânsito como um sistema muito abrangente para 
ser trabalhado de forma tão restrita e com atuações superficiais. O tema deve 
ser aprofundado não somente por psicólogos atuantes na área do trânsito, mas 
por todos os psicólogos, levando-se em consideração que essa área se 
relaciona com diversas outras da psicologia como a área clínica, a área 
organizacional, a área social/comunitária e a área escolar. 
 
 
2.3 A Psicologia do Trânsito e o Exame Psicológico 
 
 
Rozestraten (1988) afirma que a metodologia usada no estudo da 
psicologia do trânsito é científica à medida que procura descobrir relações 
existentes entre estímulos e comportamentos. O autor indica que a obtenção 
do grau de veracidade científica depende principalmente de três fatores: o grau 
de controle que se tem sobre os estímulos; a relação que o estímulo tem com a 
realidade do trânsito e o tamanho da amostra e sua adequação em relação ao 
problema estudado. Segundo o autor, o acidente pode ser visto como o mote 
para o estudo da psicologia do trânsito. O comportamento humano é o principal 
propiciador dos acidentes de trânsito, por isso, convém estudar as causas de 
seu mau funcionamento e quais as ações que podem levar a um 
desajustamento do sistema homem-veículo-via, como a ansiedade por 
exemplo. 
Alchiere (1999) cita que o exame psicológico no trânsito para obtenção 
de carteira de motorista sempre foi obrigatório e, para a maioria das pessoas, 
esse exame é sinônimo de psicotécnico. O autor esclarece que o primeiro 
registro de obrigatoriedade nos exames psicológicos foi na avaliação para o 
ingresso nas forças armadas de oficiais alemães, em 1927. 
De acordo com o autor supracitado, há uma diferença entre exame 
psicotécnico e avaliação psicológica. O primeiro traz uma definição de “uma 
forma de avaliação psicológica obrigatória, presente nas seleções de pessoal, 
17 
 
nos concursos públicos e nos exames psicológicos para obtenção da CNH”. 
Por sua vez, a avaliação psicológica é definida por Alchiere (1999) como sendo 
“associada ao trabalho clínico e diagnóstico limitada na grande maioria dos 
casos numa atividade individual” (p. 208). O termo psicotécnico tende a ser 
substituído por avaliação psicológica. 
Campos (1951) assinala que na história da psicologia há tentativas de 
atenuar os acidentes de trânsito com o emprego da seleção por meio de testes 
psicológicos. A primeira experiência nesse intuito foi realizada em 1912 pelo 
alemão Hugo Munsterberg, radicado nos Estados Unidos. Paulatinamente, os 
métodos de seleção foram aperfeiçoados por Tramm na Alemanha, Lahy na 
França, Mira na Espanha e Viteles nos Estados Unidos. 
É importante, entretanto atentar para o que assevera Hantower (1986) 
quando afirma que “nem todos os motoristas que se envolvem em acidentes 
com falhas humanas apresentam traços que podem ser detectados em testes 
psicológicos” (p.26). A autora comenta que a avaliação psicológica só é capaz 
de localizar pessoas claramente inaptas para dirigir, pois os testes não 
permitem avaliações precisas e só podem eliminar (temporariamente) 
candidatos no extremo da curva de aptidão. 
Torna-se, portanto, indispensável refletir acerca das condições em que 
os testes têm sido aplicados atualmente nos mais diversos espaços onde se 
fazem presentes. Alves (1999) menciona a má qualidade dos exames 
realizados, em que os testes não são aplicados em condições ambientais 
favoráveis, os aplicadores não são psicólogos ou estagiários de psicologia e há 
erros na aplicação dos mesmos. Weschler (1999) afirma: 
 
Infelizmente, muitos psicólogos responsabilizam à 
situação econômica do país ao se submeterem a 
condições pouco éticas na prática do exame 
psicotécnico. Vários exemplos podem ser dados destas 
condições, como o uso de instrumentos fotocopiados ou 
deteriorados, ambientes e mobiliários inadequados para 
uma avaliação psicológica etc. Mais grave ainda é 
quando o psicólogo aceita a situação de delegar a tarefa 
da avaliação psicológica para outra pessoa que não 
possua a formação em psicologia, o que desvaloriza 
totalmente a prática da profissão e traz danos 
irremediáveis para a vida do indivíduo avaliado”. 
(Weschler, 1999, p. 231 e 232) 
 
18 
 
A mesma opinião é compartilhada por Hatakka (2003) quando aponta a 
existência de incertezas acerca dos ganhos em segurança, garantia de 
qualidade e quanto à efetividade e validade de tal atividade psicológica, já que 
uma das dificuldades da área diz respeito aos poucos estudos que são 
realizados, principalmente no que se refere aos instrumentos psicológicos 
utilizados no contexto do trânsito, não específicos para esse fim. Santos (2011) 
aponta, com respeito à avaliação psicológica, as váriascríticas referentes à 
forma como podem ser realizadas, minimizando ou até desconsiderando o 
impacto que causam nas pessoas a ela submetidas, sendo essa ideia de 
incerteza associada a falta de controlabilidade vinculadas à avaliação 
psicológica no trânsito uma razão para o aumento da ansiedade dos 
candidatos ao se submeterem à mesma. Apesar de os instrumentos utilizados 
para a avaliação pericial terem recebido um parecer favorável do CFP, 
determinado pela Resolução no 025/2001, esse fato isolado não é suficiente 
para garantir que esses instrumentos tenham validade para o contexto 
específico do trânsito, conforme enfatiza Wechsler (2001) ao afirmar que testes 
psicológicos têm sido utilizados na área de seleção de motoristas, mas não têm 
caminhado junto à pesquisa e produção de material para esse uso. A 
dificuldade em realizar essa avaliação de forma confiável ocorre, segundo 
Rozestraten (2000), em parte pelo fato de que o psicólogo de trânsito é 
considerado muitas vezes como mero aplicador de testes, enquanto deveria, 
pelo menos, questionar a fidedignidade e validade desses instrumentos em 
relação ao motorista. 
Sampaio e Nakano (2011) consideram como princípio o fato de que 
conduzir um veículo não é um direito do cidadão, mas uma concessão, que 
pode ser feita desde que ele atenda a diversos critérios, como ter condições 
físicas e características psicológicas adequadas às categorias da Carteira 
Nacional de Habilitação (conforme a complexidade e o tipo de veículo), 
conhecer as leis de trânsito e ter noções de mecânica e domínio veicular 
(Governo Federal, 1998). Nesse contexto, as investigações dos fenômenos 
psicológicos, ou seja, tanto das capacidades gerais como das específicas do 
indivíduo, são de suma importância, pois facilitam indicadores que auxiliam o 
processo de tomada de decisões em relação às condições que determinam se 
o sujeito encontra-se apto ou inapto para dirigir naquele dado momento. 
19 
 
Considerando esse fato, uma dificuldade observada pelos profissionais 
que utilizam a avaliação psicológica no trânsito refere-se à falta de critérios 
para considerar um candidato apto, inapto ou mesmo temporariamente inapto 
(LAMOUNIER; RUEDA, 2005). Tal situação deriva da inexistência de um perfil 
claramente definido para a função do motorista. Gerhard (2003) corrobora essa 
percepção afirmando que, se existisse um perfil definido que apontasse a 
propensão a acidentes, "deveríamos ser capazes de responder a uma simples 
questão: quais seriam as características peculiares dos motoristas propensos a 
acidentes?". Contudo, esse questionamento, até o momento, continua sem 
resposta. Nesse sentido, Risser (2003) salienta que o caminho de validação 
desse processo passaria pela definição de como os motoristas deveriam se 
comportar (imaginar algo como um "perfil", semelhante ao "perfil profissional" 
produzido na psicologia do trabalho), verificando posteriormente se as pessoas 
testadas se comportam de acordo com esse perfil e se esse comportamento é 
eficiente em relação aos acidentes (de forma que as pessoas com resultados 
satisfatórios nos testes deveriam ter bom êxito em relação a não se envolver 
em acidentes). Risser (2003) ainda coloca uma questão, para ele difícil de 
responder: "um bom desempenho no diagnóstico e seleção de motoristas 
teoricamente aumenta a segurança no trânsito e um desempenho ruim tem 
influência negativa sobre a segurança no trânsito?". Seguindo o mesmo 
raciocínio, Aberg (2003) ainda discute se seria possível identificar pessoas 
perigosas com base nas informações obtidas por testes e, supondo que isso 
seja possível, questiona se essa informação pode ser usada para ações 
preventivas em nível individual. 
Duarte (2011) propõe, nesse caso, pesquisar o perfil psicológico de 
condutores que cometem muitas infrações, ou que se envolvem 
sistematicamente em acidentes, e contrastá-lo com o perfil dos motoristas cujo 
comportamento no trânsito pode ser considerado exemplar. 
Ao pesquisarem variáveis de personalidade relacionadas a acidentes de 
trânsito, como mudanças de vida, subjetividade, estresse físico, agressão, 
ansiedade e abuso de álcool, Selzer e Vinokur (1974) concluíram que o único 
fator de correlação altamente significativo foi a agressão, embora tenham 
identificado outros fatores, tais como mudanças de vida e estresse, com 
correlações também significativas. “Para autores de orientação psicanalítica, o 
20 
 
automóvel é um instrumento autodestruidor ideal, sobretudo para os indivíduos 
que pretendem camuflar sua motivação suicida” (Dotta, 1998, p.83). Quando 
um motorista dirige seu veículo em velocidade acima do permitido, está 
cometendo uma infração considerada gravíssima e que o torna suscetível a 
sofrer algum tipo de acidente. Esse motorista geralmente está consciente dos 
riscos que corre, mas, provavelmente, não está consciente dos motivos 
inconscientes, que o levam a correr esse risco. 
 
 
2.4 Agressividade no Trânsito 
 
 
Minicucci (s.a) aponta que a agressividade, sob um olhar psicanalítico, 
apresenta elementos inconscientes que envolvem sentimento de autopunição e 
que podem, como fator de personalidade, predispor a pessoa a acidentes. 
Nesse sentido, o desejo de destruir um carro pode representar o próprio desejo 
de destruir-se. Daí a relevância de se pensar acerca dos critérios utilizados na 
escolha dos testes que serão aplicados nos candidatos à carteira de 
habilitação. Duarte (2011) instiga a inquietação que ronda essa problemática 
questionando: serão os testes psicológicos atualmente utilizados sensíveis 
suficientes para detectar essas condutas? São eficazes e eficientes esses 
instrumentos psicológicos aplicados para avaliação psicológica na obtenção da 
Carteira Nacional de Habilitação? Ou são essas exigências meras 
formalidades? 
Silva (2008) apresenta a resolução CONTRAN Nº 267, de 15 de 
fevereiro de 2008, que revogou a resolução nº 080/94 e que indica seis 
processos psíquicos que devem ser aferidos por métodos e técnicas 
psicológicas, a saber: tomada de informação, processamento de informação, 
tomada de decisão, comportamento, auto avaliação do comportamento e traços 
de personalidade. Podem ser utilizadas técnicas e instrumentos, tais como 
entrevistas diretas e individuais, testes psicológicos, dinâmicas de grupo, 
escuta e intervenções verbais. Ao final do processo, o candidato poderá ser 
considerado apto, quando apresentar desempenho condizente para a 
condução de veículo automotor, inapto temporário, quando não apresentar 
21 
 
desempenho condizente para a condução de veículo automotor, porém, 
passível de adequação, ou, ainda, inapto, quando não apresentar desempenho 
condizente para a condução de veículo automotor. A referida resolução 
ressalta ainda que todos os documentos utilizados na avaliação psicológica 
deverão ser arquivados conforme determinação do CFP. 
Esse autor aponta que o impacto dessa resolução pode ser observado, 
por exemplo, em algumas mudanças na nomenclatura dos processos psíquicos 
avaliados, no aumento da carga horária do curso de Capacitação para 
Psicólogo Perito Examinador de Trânsito, nos requisitos necessários ao 
credenciamento junto aos DETRANS e, também, na expressão do resultado da 
avaliação psicológica. 
Em uma tentativa de solucionar a dificuldade da inexistência de um perfil 
descritor do motorista, o Conselho Federal de Psicologia (2000, p. 3), com a 
Resolução CFP no 012/2000, realizou uma tentativa de sistematização mais 
objetiva das características do condutor que é submetido à avaliação pericial, 
embora reconhecendo "a impossibilidade de estabelecer um perfil diferenciado 
para condutores amadores e profissionais, o que será objeto de investigações 
futuras". Nessa resolução, ficou determinado que o perfil psicológico do 
candidato à CNH e do condutor de veículos automotores deve considerar: nível 
intelectual capazde analisar, sintetizar e estabelecer julgamento diante de 
situações problemáticas (somente para as categorias C, D e E), nível de 
atenção capaz de discriminar estímulos e situações adequados para a 
execução das atividades relacionadas à condução de veículos, nível 
psicomotor capaz de satisfazer as condições práticas de coordenação entre as 
funções psicológicas e audiovisiomotoras, personalidade, respeitando as 
características de adequação exigidas por cada categoria e nível psicofísico, 
considerando a possibilidade de adaptação dos veículos automotores para os 
deficientes físicos. Nota-se que a resolução citada não determina quais seriam 
esses "níveis capazes" e não faz menção aos pontos de corte que deveriam 
ser adotados (SAMPAIO; NAKANO, 2011). 
Christ (2003) apoia que os padrões de desempenho estabelecidos 
devem se ajustar de acordo com a atividade que o motorista irá realizar: dirigir 
sem passageiros exige menos do que dirigir um ônibus de transporte coletivo, 
de modo que atender a padrões de desempenho não seria, no entanto, uma 
22 
 
precondição suficiente para dirigir adequadamente. Essas precondições 
resultariam, para o autor, de uma rede complexa que envolve capacidades, 
atitudes e hábitos, de forma que um procedimento de seleção deveria também 
buscar avaliar os riscos de segurança que resultam dessas interações. 
De acordo com Christ (2003), essas complexas interações dificilmente 
são totalmente definidas por coeficientes matemáticos fornecidos pelos testes, 
mas estes se tornam úteis na medida em que auxiliam no estabelecimento de 
uma suposição detalhada sobre o que é importante para um comportamento 
adequado. Como exemplo cita o fato de que os testes psicológicos de 
desempenho e os testes de personalidade são uma boa fonte de informação, 
uma vez que uma personalidade bem equilibrada é um alicerce para um 
comportamento adequado em geral e também no trânsito. 
Entretanto, outros autores chamam a atenção para o fato de que poucos 
estudos levam a uma comprovação de que uma pessoa com determinado traço 
de personalidade vai necessariamente apresentar esses comportamentos no 
trânsito, de maneira que a utilização desses instrumentos também não tem um 
caráter preditivo de envolvimento dessas pessoas em acidentes de trânsito 
(Rozestraten, 2000). Opinião similar é defendida por Silva e Alchieri (2007) ao 
afirmarem que as pesquisas sobre a personalidade de motoristas são escassas 
e superficiais, de forma que um avanço na área só será possível por meio dos 
seguintes fatores: desenvolvimento de melhores instrumentos de avaliação e 
de “perfil de motoristas”, amostra mais representativa da população investigada 
e ação conjunta ou parcerias entre instituições de ensino, responsáveis pelo 
transporte coletivo e individual e empresas de transporte. 
Os problemas que envolvem a escassez de estudos sobre a utilização 
dos testes psicológicos não são os únicos. Os obstáculos advindos da falta de 
adequação dos instrumentos, em razão principalmente da carência de 
pesquisas que comprovem sua eficácia nesse contexto, é outro fato que tem 
chamado a atenção nas análises sobre a avaliação no contexto do trânsito. 
Segundo Silva e Alchieri (2008) a composição da amostra apresenta-se 
inadequada, já que a maior parte dos estudos desenvolvidos baseia-se em 
amostras de candidatos à habilitação apenas, isto é, de pessoas não 
habilitadas. Essa verificação levanta um questionamento: "Como avaliar os 
candidatos a condutores com base em uma tabela cujos dados foram obtidos 
23 
 
com pessoas não habilitadas?". Segundo esses autores, há poucas referências 
acerca de motoristas profissionais, motoristas acidentados, infratores e 
motoristas já habilitados, mas não profissionais. Hatakka (2003) ratifica essa 
preocupação e acrescenta que os efeitos e as predições levados em 
consideração não deveriam ser limitados somente por relações com acidentes, 
como é feito na maioria dos estudos internacionais. Para o autor, os acidentes 
não podem ser usados como medidas precisas por causa principalmente de 
questões como sub-registros e a qualidade não satisfatória dos bancos de 
dados. De acordo com Risser (2003), o critério de acidente não seria válido e 
fidedigno por si só. 
Outro ponto fundamental diz respeito à teoria que embasa o instrumento 
psicológico. Adánez e Oakland (1999) ressaltam que o início de um 
instrumento é caracterizado pela teoria que o embasa, que sustenta sua ação e 
dá sentido à interpretação que se faz de seus resultados. Alchieri e Noronha 
(2011) asseguram ainda que sem representar uma definição teórica, os 
resultados de um teste serão simplesmente números absolutos, sem 
interpretação psicológica. Assim, um ponto crucial na leitura de um manual de 
teste é a exposição da revisão teórica do fenômeno psicológico que o autor ou 
a editora apresentam. 
Alchieri e Noronha (2011) acrescentam que sem conhecer as teorias e 
suas recentes avaliações o profissional fica impotente diante do resultado da 
avaliação e não pode realmente ter certeza sobre o que o teste está medindo. 
Sob essa mesma perspectiva deve ser reconhecida a validade do teste. 
Os autores supracitados discorrem que a validade é a maneira de 
compararmos a medida obtida de outra forma com aquela resultante do teste 
que empregamos. Assim, quando um teste é construído o autor deve 
prioritariamente definir o que ele está pretendendo avaliar, ao que se denomina 
validade de construto, caracterizar o que está medindo neste conceito, que é a 
validade de conteúdo, e, por fim, como ele opera a comparação desta medida 
com outro indicador, a validade de critério. 
Eles prosseguem expondo que outro ponto a ser analisado para que se 
utilize um determinado teste em uma dada avaliação é o grau com que ele 
mede sem variar na medida. A essa propriedade dá-se o nome de 
fidedignidade. Ela se refere a estabilidade que o teste tem em manter o seu 
24 
 
resultado depois de um certo tempo. Vale ressaltar que todos os testes devem 
apresentar esses indicadores (validade e precisão) e as estratégias ou formas 
empregadas pelo autor para sua avaliação. Sem esses critérios não é possível 
dizer se o teste difere de qualquer outro, como por exemplo, daqueles 
apresentados habitualmente em revistas. 
Por fim, Alchieri e Noronha (2011) destacam a padronização do 
instrumento, ou seja, as condições padronizadas na pesquisa pelo autor e 
definidas para a aplicação do teste (instruções), para operacionalizar o material 
(tipos de materiais necessários) e, aquela mais conhecida dos psicólogos, a 
padronização dos resultados (a correção e as normas ou tabelas de normas). 
Entretanto, o mais importante é ter o conhecimento sobre qual amostra o autor 
se baseou para afirmar que o resultado é fiel ao que se propõe medir. As 
amostras devem ser representativas da população no que diz respeito à 
cultura, idade, sexo, nível de escolaridade, procedência, níveis 
socioeconômicos e, sobretudo, devem ser atuais. 
Não se deve conceber, assevera Alchieri e Noronha (2011), que uma 
avaliação seja embasada em instrumentos psicológicos não adaptados ou com 
normas desatualizadas. Caso o manual de um instrumento não apresente as 
normas apropriadas para a população que se está testando, é indicado que o 
profissional pondere a sua utilização. 
A questão da qualidade dos testes vem sendo repensada por 
pesquisadores, órgãos e instituições que se dedicam ao estudo da avaliação 
psicológica no Brasil. Na última década, os avanços têm sido notórios, embora 
modificações ainda se façam necessárias. Especialmente no que se refere à 
qualidade dos testes, o Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2001, 2003) tem 
se mobilizado em um processo de análise dos instrumentos disponíveis no 
mercado psicológico nacional (ALCHIERI E NORONHA, 2011). 
Indo além do exame psicológico, Rozestraten (1988) adverte que a 
psicologia do trânsito éum estudo científico do comportamento dos usuários, 
construtores, fiscais e mantenedores dos diferentes ambientes públicos e, de 
modo geral, de todos os comportamentos relacionados com o trânsito. 
Nenhuma sociedade consegue agir com eficácia sobre a complexa 
problemática de trânsito sem aperfeiçoar seus profissionais no sentido de 
prepará-los para compreenderem e atuarem na educação dos usuários de 
25 
 
forma preventiva, ao invés de focalizar suas ações exclusivamente na questão 
corretiva. 
 
 
2.5 O Trânsito em Fortaleza 
 
 
Lima (2001) cita a pesquisa “Trânsito de Fortaleza nos últimos dez anos” 
realizada em Fortaleza, capital do estado do Ceará, que traz dois dados 
estatísticos importantes: a violência no trânsito nos finais de semana motivada 
pelo consumo de álcool e os chamados “pontos negros”, denominação de 
locais onde corriqueiramente ocorre elevado número de acidentes. Para os 
que insistem em dirigir alcoolizados, o novo Código Nacional de Trânsito prevê 
apreensão da Carteira de Habilitação, apreensão do veículo, multas altas, entre 
outros procedimentos. No entanto, sabe-se que a capital do Ceará é uma 
cidade praiana, festeira, possui uma realidade específica e, portanto, necessita 
de um trabalho de orientação e fiscalização mais rigorosa no que diz respeito 
ao uso da direção nos finais de semana, principalmente nos típicos pontos de 
encontro semanais (praias, casas de show, dentre outros). É importante a 
realização de blitze, num primeiro momento, educativas e, posteriormente, 
punitivas, bem como ações educativas que visem à conscientização popular 
sobre a construção coletiva de um trânsito mais seguro para todos no decorrer 
de todo o ano e não somente durante a Semana do Trânsito, como geralmente 
ocorre. 
 
 
2.6 A ansiedade na avaliação psicológica do trânsito 
 
 
 A ansiedade é um estado potencialmente ameaçador que, quando 
enfrentado, pode levar o indivíduo a apresentar respostas eficientes de luta, 
fuga ou mecanismo psicológico de defesa para abrandá-lo. Em transtorno de 
ansiedade, de acordo com o CID-10, há uma variabilidade grande dos sintomas 
dominantes, estando entre as queixas comuns e contínuas as palpitações, 
26 
 
tremores, sudorese, nervosismo, desconforto epigástrico, tensão muscular, 
sensação de cabeça leve e tonturas, além de uma série de outras sensações. 
O DSM-IV apresenta como sintomas de ansiedade a irritabilidade, perturbação 
de sono ou sono insatisfatório, fatigabilidade, inquietude ou sensação de estar 
com os nervos à flor da pele, tensão muscular e dificuldade em concentrar-se 
ou sensação de branco na mente. Aponta, ainda, que a ansiedade, a 
preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento significativo ou prejuízo 
no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da 
vida do indivíduo. 
A ansiedade possui correspondentes psicológicos e fisiológicos. Com 
relação aos efeitos da ansiedade no contexto psicológico observa-se confusões 
e distorções perceptivas que podem comprometer o aprendizado, a 
concentração, a memória e, dessa forma, dificultar a capacidade de associação 
(Kaplan e Sadock, 1993, p. 414). No caso de um estímulo ser percebido de 
forma distorcida em virtude de uma descarga ansiógena, Viecili (2011) afirma 
que as soluções encontradas pelo indivíduo para a situação dada estarão 
baseadas na percepção errônea do real, levando a uma ação que pode não ser 
a mais adequada na situação de trânsito. 
A autora afirma ainda que a ansiedade leva a uma alteração dos 
processos psíquicos. Uma forte descarga de ansiedade pode provocar 
problemas de memória e o motorista ou pedestre pode ficar sem saber se 
comportar frente à situação, pode provocar distorções da atenção deslocando o 
foco e levando a distrações; os objetos ou situações podem ser percebidos 
como próximos ou distantes, rápidos ou lentos demais, diferentemente do que 
de fato o são. Pode-se inferir com isso que uma descarga ansiógena pode 
provocar reações inadequadas no âmbito dos processos psicológicos: 
pensamento, percepção, memória, aprendizagem, atenção. 
De acordo com May (1980), a ansiedade é um termo que se refere a 
uma relação de impotência, incerteza e falta de controlabilidade existente entre 
a pessoa e o ambiente ameaçador, e os processos neurofisiológicos 
decorrentes dessa relação. O mesmo autor diz ainda que a ansiedade constitui 
a experiência subjetiva do organismo numa condição catastrófica, que surge na 
medida em que o indivíduo, diante a uma situação, não dá conta das exigên-
cias de seu meio e sente uma ameaça à sua existência ou aos valores que 
27 
 
julga essenciais. O autor diz ainda que a ansiedade é um sentimento que 
acompanha um sentido geral de perigo, advertindo as pessoas de que há algo 
a ser temido. Refere-se a uma inquietação que pode traduzir-se em 
manifestações de ordem fisiológica e de ordem cognitiva. 
A avaliação psicológica obrigatória para fins de renovação da CNH de 
condutores profissionais pode se apresentar aos mesmos sob uma percepção 
de perigo. Para May (1980), a natureza da ansiedade pode ser entendida 
quando se indaga o que é ameaçado na experiência que produz ansiedade, no 
caso dos condutores em questão o que está ameaçado é o trabalho, fonte de 
renda dele e da família. O homem primitivo vivenciava a ansiedade como uma 
advertência de ameaça a sua vida, uma vez que animais selvagens rondavam 
o seu ambiente em busca de alimento. A ansiedade desempenhou um papel 
importante no desenvolvimento da capacidade de nossos antepassados para 
pensar e criar símbolos e ferramentas que ampliassem seu alcance protetor. 
Atualmente, as ameaças não se encontram nos dentes e garras de 
animais carnívoros, mas no plano psicológico, e, portanto, intangível. Já não se 
é presa fácil de tigres e leões, mas vítima de danos causados ao amor-próprio 
ou da ameaça de derrota frente aos desafios que se apresentam. A forma de 
ansiedade mudou, mas a experiência mantém-se praticamente a mesma. 
May (1980) afirma que a ansiedade tem um significado. Embora parte desse 
significado possa ser destrutiva, outra parte pode também ser construtiva. 
Viecili (2011) aborda a presença da ansiedade podendo ocorrer de duas 
formas distintas, sendo elas: normal e patológica. A ansiedade normal e 
patológica distinguem-se pelo tipo e efeito no comportamento do indivíduo 
(Kaplan e Sadock, 1993; Masci, 1999). Dessa forma, a avaliação depende da 
proporcionalidade que são apresentados o perigo e o grau de paralisação da 
pessoa frente à situação. “A boa ansiedade é proporcional às dificuldades e, 
promove o enfrentamento saudável”. A má ansiedade é desproporcional à 
dificuldade e/ou improdutiva diante das dificuldades” (Masci, 1999). Assim 
sendo, a “boa ansiedade” tem funções adaptativas que facilitam e protegem o 
indivíduo. Ela pode agir como um alerta a uma situação de ameaça interna ou 
externa, proporcionando a preservação, preparando o organismo para ações 
visando extrair ou minimizar a ameaça. A ansiedade é essencial à condição 
humana. Sem ela falta a vitalidade primordial à existência humana, aquela que 
28 
 
impulsiona, que alivia o tédio, aguça a sensibilidade e garante a presença da 
tensão, necessária à vida. Quando deixa de existir ansiedade, a luta finda e a 
depressão pode sobrevir. De acordo com May (1980) a ansiedade é a 
experiência do Ser afirmando-se contra o Não – Ser e, sob essa perspectiva, 
buscamos compreender como a ansiedade se apresenta nos condutores 
profissionais que serão avaliados psicologicamente no DETRAN de Fortaleza, 
se impulsionando ou paralisando, contribuindo ou dificultando nesse processo 
que obrigatoriamente antecede à renovação da CNH. 
De acordo com Viecili (2011), dentre os comportamentos emocionais do 
homem, a ansiedade aparece como um fator relevante na situação de trânsito 
por intervir na capacidade cognitiva e perceptual dos indivíduos.Os estudos 
sobre a ansiedade ganharam destaque no âmbito da ansiedade pela 
necessidade de explicar a natureza dos comportamentos ansiógenos. 
 
 
 
29 
 
3. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 
3.1 Ética 
 
 
A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas 
fundamentais conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 
196/96 do Decreto nº 93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as 
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres 
humanos: 
A identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme 
apregoa a Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário 
identificar-se ao responder o questionário. Todos assinaram o Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram entrevistados 30 condutores 
da cidade de Fortaleza que estavam no processo de renovação de CNH. 
 
 
3.2 Tipo de Pesquisa 
 
 
O trabalho foi realizado com uma pesquisa de campo, coleta de dados 
(questionário em anexo), e levantamento bibliográfico que fomentará dados 
qualitativos por meio da revisão bibliográfica. 
 
 
 
3.3 Universo 
 
 
O presente estudo abrangeu os condutores da cidade de Fortaleza-CE. 
A pesquisa se deu numa clínica credenciada pelo Detran/CE. 
 
 
30 
 
3.4 Sujeitos da Amostra 
 
 
A amostra foi composta por condutores, de diversas categorias, que se 
dirigiram a clínica para uma das etapas do processo de renovação de CNH. 
 
 
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados 
 
 
Construiu-se um instrumento estruturado, um questionário com 
perguntas objetivas de múltipla escolha. O questionário era composto por cinco 
perguntas, sobre a ansiedade do candidato perante a Avaliação Psicológica, e 
também sobre o conhecimento dos mesmos com relação essa Avaliação. 
 
 
3.6 Plano para Coleta dos Dados 
 
 
Ao chegarem à clínica os alunos fizeram os procedimentos rotineiros 
para renovação da CNH e foram convidados a responder o questionário da 
presente pesquisa. Em seguida, os alunos assinaram o TCLE e responderam o 
questionário. 
 
 
3.7 Plano para a Análise dos Dados 
 
 
Os dados foram digitalizados e analisados com auxílio de um software 
de planilha eletrônica para o tratamento estatístico. Quanto a parte qualitativa 
recorreu - se a análise de conteúdo enquanto técnica para dar sentido as falas 
dos sujeitos entrevistados. 
 
 
31 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
O presente item apresenta os resultados da pesquisa realizada em 
Fortaleza-CE com os candidatos a renovação da CNH. A pesquisa objetiva-se 
a avaliar a ansiedade e o conhecimento dos candidatos com relação a 
Avaliação Psicológica. 
Os condutores participantes são todos do sexo masculino, com faixa 
etária predominante de 31 a 50 anos, e grande parte é casado, possui o ensino 
médio, CNH categoria AB e são motoristas. 
O Gráfico 1 mostra as informações dos candidatos relativas ao grau de 
escolaridade. Com base nos dados notamos que, 63% dos candidatos 
possuem o ensino médio, 23% o ensino fundamental e apenas 14% o ensino 
superior. 
 
Gráfico 1. Nível de escolaridade dos entrevistados, candidatos à renovação da 
CNH 
 
 
 
Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014 
 
 
O Gráfico 2 mostra a grande quantidades de candidatos que possuem 
como profissão motorista (63%), sendo os demais candidatos de profissões 
variadas, tais como, entregador, vigia, cobrador, etc. 
24%
63%
13%
Fundamental
Médio
Superior
32 
 
Gráfico 2. Profissão dos entrevistados, candidatos à renovação da CNH 
 
 
 
Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014 
 
 
A leitura do Gráfico 3 nos mostra que 60% dos entrevistados são 
casados, 33% solteiros e apenas 7% são divorciados. 
 
 
Gráfico 3. Estado civil dos entrevistados, candidatos à renovação da CNH 
 
 
 
Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014 
 
63%
37%
Motorista
Outros
33%
60%
7%
Solteiro
Casado
Divorciado
33 
 
Com relação à faixa etária dos entrevistados, 57 % estão enquadrados 
na faixa entre 31 e 50 anos, 23% têm acima de 50 anos, 13 estão na faixa 
entre 22 e 30 anos e os 7% restantes estão na faixa entre 18 e 21 anos 
(Gráfico 4). As informações do Gráfico 4 mostram que os dados dos 
condutores a renovação são opostos aos de primeira habilitação. A faixa etária 
de predominância, na maioria dos trabalhos que abordam a importância da 
Avaliação Psicológica para primeira Habilitação, é de 18 a 21 enquanto a 
registrada nessa pesquisa, com candidatos a renovação, foi de 31 a 50. 
 
 
Gráfico 4. Faixa etária dos entrevistados, candidatos à renovação da CNH 
 
 
 
Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014 
 
 
O Gráfico 5 mostra os dados dos entrevistados com relação ao tempo de 
habilitação. Notamos que 57% dos candidatos já possuem habilitação a mais 
de 6 anos, porém a menos de 10. 17% dos entrevistados possuem mais de 10 
anos de CNH, 16% tem a carta entre 3 e 5 anos e 10% a menos de 3 anos. É 
notório que a menor percentagem de renovações são daqueles condutores que 
menos anos tem de CNH. 
 
 
7%
13%
57%
23%
18 - 21 22 - 30 31 - 50 > 50
34 
 
Gráfico 5. Tempo de CNH dos entrevistados, candidatos à renovação da CNH 
 
 
 
Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014 
 
 
Quanto a categoria da CNH dos entrevistados nessa pesquisa, o Gráfico 
6 mostra as percentagens da distribuição entre as categorias. Notamos que a 
maior percentagem tem CNH categoria AB (47%), seguido pela categoria AD 
(20%). Com 10% estão às categorias D e E, seguidas por A (7%), AE e B, cada 
uma com 3%. 
Nessas circunstâncias, notamos que a maioria dos candidatos almeja de 
imediato, a classificação para a categoria C, uma vez que esses candidatos 
possuem CNH categoria AB. 
Com as informações do Gráfico 6 são encerradas as informações 
relativas a dados pessoais dos usuários. Nos próximos gráficos serão 
discutidos as informações relativas a pesquisa propriamente dita, ou seja, 
levantamentos sobre a ansiedade e conhecimento dos entrevistados com 
relação a Avaliação Psicológica. 
 
 
 
 
 
10%
17%
56%
17%
< 3anos 3 a 5 anos 6 a 10 anos > 10 anos
35 
 
Gráfico 6. Categoria da CNH dos entrevistados, candidatos a renovação da 
CNH 
 
 
 
Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014 
 
O Gráfico 7 mostra as respostas dos entrevistados pelo fato de serem 
ansiosos. 60% dos entrevistados não se consideram pessoas ansiosas, 
enquanto 40% disseram ser ansiosas. 
 
Gráfico 7. Opinião dos entrevistados, candidatos à renovação da CNH, quanto 
a sua ansiedade 
 
 
Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014 
7%
47%
20%
3%
3%
10%
10%
A AB AD AE B D E
40%
60%
SIM
NÃO
36 
 
Diversos trabalhos apontam que grande parte dos motoristas que 
dirigem nas grandes cidades estão propensos a apresentar um comportamento 
ansioso na direção veicular, que pode ser identificado através de reações ou 
situações de tomadas de decisões no trânsito, fato provocado, nos dias atuais, 
pelos fatores que envolvem a vida moderna como a pressa, agitação, horários 
a serem cumpridos e tensão (Batista, 2012). 
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais (DSM IV, 2002) – ansiedade é uma sensação desagradável de 
apreensão e inquietação, acompanhada pelos sintomas corporais como 
taquicardia, sudorese, tremores, palpitações, mãos frias, dentre outros. É um 
sinal de alerta que serve para avisar sobre um perigo iminente, podendo ser 
uma resposta normal ou patológica, dependendo de sua intensidade e duração. 
O Gráfico 8 apresenta a reação dos entrevistados ao se sentirem 
ansiosos. Notamos que 37% dos entrevistados reagem com medo às situações 
diante da ansiedade. 
A inquietação foi o segundo sintoma psicológico apresentado pelos 
entrevistados diante da ansiedade, seguido pela impulsividade e inibição, 
ambas com 17%, e em menor quantidade, 6%, a insegurança. 
Resultados do trabalho de Batista (2012), afirmam que os principais 
sintomas psicológicos apresentadospelos entrevistados ansiosos foram 
nervosismo e agitação, ambas com 40%, seguidas por medo e afobação, 
ambas com 10%. 
Quando indagados sobre a importância da Avaliação Psicológica no 
processo de renovação da CNH, 100% dos candidatos afirmaram que está 
ferramenta é de grande importância. 
Segundo Batista (2012), a avaliação psicológica é dinâmica e configura-
se fonte de informações de caráter explicativo sobre os fenômenos 
psicológicos, com o propósito de subsidiar os trabalhos nos diferentes campos 
de atuação do psicólogo. 
“Trata-se de um estudo que requer um planejamento prévio e cuidadoso, 
de acordo com a demanda e os fins aos quais a avaliação destina-se” (CFP, 
2007, p.05). 
37 
 
No âmbito do trânsito, geralmente, o intuito da avaliação psicológica é a 
previsão de comportamento inadequado a partir de variáveis psicológicas 
levantadas pelos testes. 
 
Gráfico 8. Sintomas psicológicos apresentados pelos entrevistados diante da 
ansiedade 
 
 
 
Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014 
 
 
Apesar de 100% dos candidatos afirmarem que a Avaliação Psicológica 
é de grande importância para o processo de renovação da CNH, 57% dos 
deles afirmaram não saber nada sobre os testes psicológicos utilizados no 
Detran (Gráfico 9). 
Outro ponto que nos chama atenção, é o resultado das entrevistas 
realizadas com relação aos usuários temerem a reprovação na Avaliação 
Psicológica, quase 70% afirmou não temer a reprovação (Gráfico 10). 
 
 
 
 
 
 
37%
23%
16%
7%
17%
Medo Inquieto Impulsividade Insegurança Inibição
38 
 
Gráfico 9. Conhecimento dos entrevistados sobre os testes psicológicos 
aplicados pelo Detran 
 
 
 
Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014 
 
 
Gráfico 10. Respostas dos entrevistados quanto ao temor da reprovação na 
Avaliação Psicológica 
 
 
 
Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014 
 
 
57%
33%
7%
3%
Nada
Informações de Terceiros
Informações Coletadas da
Internet
Sem Resposta
33%
67%
SIM NÃO
39 
 
5. CONCLUSÃO 
 
 
Dentro do contexto geral podemos afirmar que os condutores 
participantes são todos do sexo masculino, com faixa etária predominante de 
31 a 50 anos, e grande parte é casado, possui o ensino médio, CNH categoria 
AB e são motoristas. 
Diante dos resultados apresentados no item anterior, notamos que 
quanto aos objetivos específicos da pesquisa, os candidatos, em sua maioria 
não se consideram pessoas ansiosas (60%), mas diante dessa situação, 37% 
afirmaram apresentarem medo, 23% inquietação, 17% inibição e impulsividade, 
cada, e 7% insegurança, como sintomas psicológicos de ansiedade. 
Sobre a importância da Avaliação Psicológica, 100% dos candidatos 
afirmaram considerá-la importante para o processo de renovação da CNH, 
mesmo que, 57% desses entrevistados não possuam nenhum conhecimento 
sobre os testes aplicados pelo Detran, e também que 67% não temam ser 
reprovados nesse processo. 
Notamos que o desconhecimento do processo da Avaliação Psicológica 
é bastante expressivo para os candidatos a renovação da CNH, mesmo esse 
sendo uma ferramenta de grande importância para identificar distúrbios 
comportamentais dos condutores e assim evitar algumas ações que são 
potenciais a causar acidentes de trânsito. 
Com relação à ansiedade dos condutores entrevistados, apesar de 
afirmarem não ser ansiosos, diante dessas reações apresentam reações que 
podem levar a inibição de tomadas de decisões corretas para evitar acidentes, 
ou ainda a propiciarem situações perigosas. 
Recomenda-se que outros trabalhos sejam realizados para avaliar em 
maior quantidade e com outros instrumentos a ansiedade dos condutores, não 
apenas candidatos a renovação, mas os de primeira habilitação. Também seria 
interessante e de extrema importância, campanhas informativas sobre a 
importância dos testes psicológicos aplicados pelo Detran. 
 
 
40 
 
 
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43 
 
ANEXO 
 
 
 
44 
 
APÊNDICE 
 
 
 
 
45

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