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ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 microbiologia e imunologia 1. citologia e fisiologia bacterianas O corpo humano possui mais célula bacteriana do que célula própria (com o próprio DNA), e sem elas seria inviável viver. O momento de inicio de colonização dessas bactérias, é a partir da ruptura da bolsa amniótica. O nosso corpo é composto por células, e as bactérias também são células, porém mais “precárias”, isso pois são procariotas, ou seja, não possuem carioteca. Além disso, a única organela presente é o ribossomo. Sobre a citologia das bactérias, o material genético de uma célula pode ser cromossômico ou plasmídeo, e esse é o caso das bactérias. Esse plasmídeo é responsável por uma troca de informação pelas bactérias extremamente importante. Uma estrutura muito própria das bactérias é a parede celular. Ela fica fora da membrana e está diretamente relacionada a uma proteção principalmente contra a lise osmótica, ou seja, resiste a pressões ambientais que poderiam destruir a estrutura bacteriana. Essa parede celular e composta basicamente de açúcar e proteína, ou seja, dissacarídeos entremeados por peptídeos, também chamada de peptidoglicano. As bactérias GRAM positivas possuem uma parede celular bem mais espessa em relação a GRAM negativa. A GRAM negativa, além da parede celular fina de peptidoglicanos, possui uma segunda camada que é composta por peptidoglicano e endotoxina (toxina que faz parte da bactéria, diferente da exotoxina, que é liberada para fora). Essa camada de peptidoglicano + endotoxina é a camada mais externa. Esse nome de GRAM positiva e negativa surgiu a partir do microbiologista Gram, que percebeu que alguns microrganismos que se coravam na presença de cristal violeta, ao tentar descorar, eles retinham o corante. Esses que retinham, ou seja, que a cor não saia, foram chamados de GRAM positivos, pois a camada de peptídoglicano retinha essa coloração. As bactérias também podem ser dividas através de seus formatos, podendo ser bacilos, estreptococos, estafilococos, entre outros. A membrana da bactéria será a responsável por fazer a fosforilação oxidativa, para gerar energia, já que a bactéria não possui mitocôndrias. Fora isso, a membrana age normalmente como em indivíduos eucariotos. Algumas bactérias possuem fimbrias ou pili, que são estruturas de adesão, para favorecer a fixação da bactéria na célula humana. Existe um tipo de pili que é chamado de pili sexual, em que ocorre troca de material genético entre as células. Outra estrutura exclusiva das bactérias é a capsula, uma estrutura polissacarídea firmemente aderida à parede celular, que protege a bactéria de ser vista pelo sistema imune, ou seja, aumenta o poder invasivo da bactéria. Os flagelos, outra estrutura típica bacteriana, estão relacionados a motilidade. Os esporos bacterianos (endósporos) são uma estrutura proteica de resistência, podendo ser contra calor, falta de nutrientes, alterações de pH e agentes químicos. Sobre a fisiologia bacteriana, a célula se divide através de divisão binaria, e cada tipo bacteriano demora um tempo diferente de outro para se dividir. Existem 3 fases de crescimento bacteriano: fase LAG (produção de material para se dividir), fase LOG (aumento exponencial da população), fase estacionária (período de equilíbrio, em que a multiplicação continua, mas também ocorre morte) e fase de morte (ativação de enzimas que lizam a parede celular). Existem fatores físicos e químicos que influenciam o crescimento bacteriano, como temperatura, pH, quantidade de carbono e nitrogênio, pressão osmóticas, entre outros fatores. Quanto a temperatura, as bactérias mesófilas são as que se comportam melhor em torno de 35ºC, ou seja, na temperatura do corpo humano. As bactérias trocam material genético por diferentes mecanismos de transferências. A primeira, conjugação, é a que ocorre através do pili sexual. Uma outra forma, que é a mais perigosa em termo de contaminação, é a transformação, em que o microrganismo capta fragmentos de DNA na natureza. A transposon permite a comunicação entre plasmídeo e cromossomo. Por ultimo também existe a transdução, porem é mais utilizada por vírus. Esses mecanismos possuem papel importante na questão de resistência bacteriana, já que assim o material genético está sempre sendo trocado entre organismos diferentes. 2. microbiota anfibiôntica humana e mecanismos de patogenicidade bacteriana Microbiota humana é o conjunto de microrganismos que vivem no corpo de um individuo, em que estabelece relações adaptativas e de sobrevivência. Essa microbiota é composta de microrganismos comensais, que não nos trazem nenhum tipo de prejuízo, pelo contrario, trazem diversos benefícios e habitam nossa pele e nossas mucosas, podendo viver por alguns dias, semanas ou anos no corpo. As microbiotas permanentes ou residentes são microrganismos que se estabelecem ao longo da vida, colonizando o hospedeiro, e não causam doenças em condições normais. As microbiotas transitórias são os microrganismos que não se estabelecem por longo tempo, ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 podendo ficar horas, dias ou semanas. Podem ser não patogênicas ou possivelmente patogênicas. Essas microbiotas variam de acordo com o sitio anatômico, por exemplo, na pele as bactérias que predominam são estafilococos GRAM positivos, já no intestino o predomínio é dos bacilos ou bastonetes. Algumas regiões do corpo não possuem bactérias, como o sistema nervoso central, sangue e alvéolos pulmonares, e essas regiões são chamadas de sítios estéreis. Durante a gestação, o feto não possui nenhum tipo de microbiota, já que a vida intrauterina é um estado microbiológico estéril. A colonização se inicia durante o parto. Recém-nascidos de cesariana e parto normal possuem microbiotas diferentes, mas ao longo da vida eles adquirem os mesmos. Após o parto, o bebe adquire microbiotas através de diversas atividades diárias, principalmente da alimentação. As microbiotas trazem diversos benefícios para o corpo, como previne a colonização de organismos por bactérias patogênicas, produzem algumas substâncias que dificultam a invasão por outras espécies, produzem vitaminas B e K em quantidades suficientes para compensar uma dieta deficiente nessas vitaminas e auxiliam o sistema imune na apresentação de antígenos. As microbiotas podem nos causar doenças em caso de quebra das nossas defesas físicas, químicas ou biológicas, em indivíduos imunodeprimidos, e por último, quando essas bactérias da microbiota saem do seu sitio anatômico normal para algum outro local do corpo. Alguns conceitos básicos sobre microrganismos e mecanismos de patogênese são: patógeno (microrganismo que vive na superfície ou no interior do hospedeiro causando danos), patogenecidade (capacidade do microrganismo provocar danos no hospedeiro) e virulência (grau de patogenecidade). Fatores como defesa imunológica do hospedeiro, defesas físicas do hospedeiro, fatores de virulência e número de microrganismos influenciam a patogenecidade. Os fatores de virulência se alteram dependendo da adesão, invasão e cápsula de cada diferente bactéria. A capacidade de adesão facilita a fixação da bactéria nas diferentes régios do corpo, como intestino e epitélio; e a cápsula favorece a capacidade invasiva do microrganismo. 3. controle do crescimento microbiano Esse controle serve para prevenir que ocorra algum tipo de infecção no paciente. A infecção cruzada é a troca de microrganismos presentes no meio em que vivemos, que estarão colonizando nossa microbiota. O grande problema da infecção cruzada é que uma bactéria pode contaminar algum individuo que possua alguma “fraqueza” para combater esses microrganismos, como por exemplo indivíduos imunodeprimidos, e isso pode levar a diversos problemas, chegando a morte. Esse conceito de infecção surgiu em 1847 a partir do medico Semelweiss que percebeuque mais mortes ocorriam nos partos que eram realizados por estudantes de medicina, que estavam em constante contato com cadáveres e não lavavam as mãos antes de realizar o parto. Mais tarde, em 1867, Joseph Lister se tornou pioneiro nas técnicas de antissepsia nas cirurgias, e começou a instituir o uso de fenol nas salas cirúrgicas. É importante ressaltar que o controle do crescimento microbiano pode prevenir o aparecimento de doenças, a deterioração de alimentos e a contaminação de águas, medicamentos e cosméticos. Alguns termos importantes sobre essa questão são: esterilização (destruição de todas as formas de vida microbiana, incluindo esporos de bactérias e fungos); desinfecção (termo para superfície inanimada, destruição das formas vegetativas de microrganismos sem que ocorra a destruição de esporos); antissepsia (inibição do crescimento ou destruição de microrganismos sobre uma superfície de tecidos vivos); degermação (remoção mecânica de microrganismos de uma superfície de tecidos vivos, por exemplo na lavagem de mãos) e por fim sanitização (utilizado em saúde publica para indicar redução microbiana a níveis de segurança). Para fazer esse controle de crescimento microbiano, são utilizados alguns métodos, divididos em físicos (temperatura, radiação, filtração, dessecação e vibração ultrassônica) e químicos (desinfetantes, antissépticos e preservativos usados em alimentos). Esses dois tipos podem fazer tanto a inibição do crescimento (bacteriostáticos) quanto destruição do microrganismo (bactericidas). As baixas temperaturas causam diminuição na taxa de crescimento e de atividade enzimática, mas o método mais utilizado são as altas temperaturas, principalmente o calor seco. Ele causa morte por oxidação dos constituintes celulares e desnaturação de proteínas e ácidos nucleicos. Nos laboratórios de microbiologia, a maneira de usar o calor seco é através da chama do Bico de Bunsen, e nos hospitais ocorre através da incineração e forno de Pasteur. Ação do calor sobre o microrganismo ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 Outra maneira de usar o calor é o calor úmido, que age desnaturando proteínas e rompendo membranas dos microrganismos. É um processo muito eficiente devido ao maior poder de penetração por causa do vapor d’água. Esse método faz a desinfecção, mas só consegue fazer a esterilização (destruir esporos) se for utilizada uma autoclave, que adiciona pressão. Ainda dentro dos métodos físicos, a radiação também é utilizada para fazer controle do crescimento. Pode ser através de raios X e gama, que possuem alto poder de penetração, ou raios ultravioletas, possuindo baixo poder de penetração. A filtração também é um método físico, que é utilizada para materiais que não podem ser auto clavados, como plasma, vitaminas e anestésicos. Esse método ocorre a partir da retenção física de microrganismos em membranas de ésteres de celulose, ou a partir da filtração do ar, usado em cabines de segurança biológica. Sobre os métodos químicos, os desinfetantes são alguns deles, em especial o álcool 70%, que pode tanto ser desinfetante quanto antisséptico. Sobre a higiene das mãos, ela pode ser feita do jeito simples, com água e sabão, ou através da fricção antisséptica, com o álcool. Outro agente químico importante são os halogênios, o iodo e os iodóforos, que são eficientes contra GRAM positivos e negativos e muitos endósporos. É utilizado principalmente como antissepsia e preparação da pele antes de procedimentos cirúrgicos. Em caso de escovação cirúrgica, as biguanidas (clorexidina) são utilizadas, e são eficazes principalmente contra as GRAM positivas, principais que compõem a microbiota da pele. Por ultimo, alguns gases também são utilizados, como o oxido de etileno, que atua na esterilização de material cirúrgico termo lábeis (fios de sutura, luvas, cateteres e seringas). 4. resposta imune: a importância da imunologia na saúde Em termos de significado histórico, imunidade surge com um sentido de proteção contra doenças, mais especificamente contra doenças infecciosas. O sistema imune é o conjunto de células e moléculas responsáveis pela conservação da homeostasia tecidual através do reconhecimento de padrões de injuria celular e manutenção do própria, ou seja, de células próprias. Esse sistema está relacionado a defesa contra infecções, tumores, depuração de células mortas (dar espaço para nova células), reparo tecidual, reação a transplantes e inflamação patológica. A imunologia surge no século XVIII, mais especificamente em 1796, com Edward Jenner, que observa que ordenadoras de vacas, que entram em contato com a varíola bovina estão protegidas contra a varíola humana. Com isso, ele comprova a eficácia de inoculação de crostas de lesões de pacientes com varíola como proteção. Na época, a varíola matava 400.000 europeus a cada ano, e graças a uma campanha de vacinação maciça, organizada pela OMS, a varíola hoje em dia é a única enfermidade humana erradicada na face da terra. Inclusive, as duas maiores contribuições da OMS para a saúde pública nos últimos 100 anos foram saneamento básico e vacinação. A vacinação é o processo que estimula as respostas imunes adaptativas protetoras por exposição a componentes não patogênicos. O processo inflamatório possui 5 pilares: calor, rubor, tumor (inchaço), dor e perda de função. É importante saber que não há processo imune sem uma base de inflamação maciça. As doenças de hipersensibilidade, como a rinite alérgica, são reações indesejáveis exacerbadas contra substancias inócuoas, que para a maioria dos indivíduos não gera resposta. Existem dois tipos de reatividade: imunidade, que ocorre resposta protetora contra agentes patogênicos, e a alergia, em que ocorre reatividade alterada. Na década de 50, Lewis Thomas desenvolveu a hipótese que o sistema imunológico teria a capacidade de reconhecer e eliminar células tumorais geradas durante um processo de transformação celular maligna. Por isso, o câncer seria muito mais comum sem uma resposta imunológica eficiente. ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 5. antimicrobianos A história da antibioticoterapia começou com a descoberta da penicilina por Alexander Fleming, em 1928. Logo em 1939, começou a ocorrer a produção em larga escala do medicamento para fins terapêuticos, usada principalmente em soldados da 2ª guerra que estavam tendo diversas infecções. Alguns conceitos importantes ao se falar sobre antimicrobianos é a diferença entre antibióticos e quimioterápicos. O antibiótico é uma substancia produzida por um ser vivo, enquanto os quimioterápicos são produzidos em laboratórios, são estéticos. Ou seja, a penicilina se encaixa no conceito de antibiótico, já que é produzida por um fungo. Outra diferença é entre bactericidas e bacteriostáticos, já que o primeiro mata a bactéria, e o segundo impede seu crescimento. Por ultimo, a diferença entre sinergismo e antagonismo de antimicrobianos é grande, pois o primeiro é a ação potencializada de mais de um antimicrobiano usados juntos, ou seja, é ótimo, e o segundo é algo ruim, já que um antimicrobiano pode impedir o outro de funcionar. Um antimicrobiano “ideal” seria o com as seguintes características: ação bactericida; toxicidade seletiva (só age em células que causam a infecção); espectro de ação amplo (funciona com vários microrganismos, sejam GRAM positivo ou negativo); menor CMI (concentração mínima inibitória); maior nível no local da infecção; comodidade posológica e por fim, baixo custo. A toxicidade seletiva é relacionada ao alvo molecular das drogas antimicrobianas na célula bacteriana, como parede celular, síntese proteica e síntese de ácidos nucleicos. © Antimicrobianos inibidores da síntese de parede celular Alguns antimicrobianos são inibidores da síntese da parede celular. As ligações cruzadas da parede, que conferem sua rigidez, são catalisadaspelas enzimas transpeptidases (PBPs). Os antimicrobianos beta- lactâmicos fazem a inibição da transpeptidase na etapa final da síntese do peptideoglicano. Já os glicopeptideos fazem a inibição da ligação entre os polímeros de NAN- NAG (que formam a espinha dorsal da parede celular). Eles não conseguem atravessar a membrana externa da GRAM negativas, logo são usados apenas para GRAM positivas. Eles são utilizados por exemplo como alternativa para S. aureus resistentes a penicilina, ou para indivíduos com alergia a penicilina. A bacitracina e a fosfomicina também são inibidores da síntese de parede, sendo que a primeira impede transporte de monômeros NAM e NAG pela membrana plasmática, e a segunda inibe a síntese dos monômeros de NAM e NAG. © Antimicrobianos inibidores da síntese de proteínas Outros antimicrobianos são inibidores da síntese de proteínas, como os aminoglicosídeos que competem pelo RNAt (potentes para GRAM negativas), e as tetraciclinas, que impedem a chegada de um novo RNAt (amplo espectro). Outros inibidores são os macrolideos e a clindamicina, que impedem a etapa de translocação (amplo espectro e meia vida prolongada), e o cloranfenicol, que impede alongamento da cadeia por inibir peptidil-transferase. © Antimicrobianos inibidores da síntese de folato (antimetabólitos) Os inibidores da síntese do folato são: sulfonamidas, utilizados como bacteriostáticos, inibem o metabolismo do acido fólico por mecanismo competitivo. © Antimicrobianos inibidores da replicação do DNA Os inibidores da replicação do DNA são: quilonas, que inibem a atividade da DNA girase e são muito utilizadas em infecções urinarias; metronidazol que sofre redução e gera produtos que se intercalam no DNA (quebra da molécula), e as rifampicinas que fazem bloqueio da transcrição do DNA. © Antimicrobianos que interferem na permeabilidade da membrana As polimixinas interagem com a membrana celular das bactérias, retirando cálcio e magnésio, necessários para sua estabilidade. Resulta em aumento de permeabilidade da membrana, com rápida perda de conteúdo celular e morte da bactéria. A resistência aso antimicrobianos surgiu a partir de o momento que a penicilina começou a ser utilizada. Hoje em dia é importante se entender o conceito de “One Health”, que propõe a ideia de que não adianta se preocupar somente com a utilização dentro dos hospitais ou comunidades, e não se preocupar com sua utilização desnecessária na agricultura, pecuária, piscicultura, etc. Essa resistência surge através da prescrição de antimicrobianos, mesmo que seja uma única vez, através de pacientes que não seguem a recomendação de médicos, uso desnecessário de antibióticos na agricultura, baixo controle de infecção em hospitais e clinicas, poucas praticas de higiene e saneamento e falta de testes rápidos nos laboratórios. Esse conceito de One Health é muito ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 importante e vai além da questão de antimicrobianos, chegando a questões como a origem do Corona vírus, por exemplo. Relacionado a isso, o conceito de bactérias multirresistentes ou “Super bactérias” surgiu. Existem alguns testes qualitativos que mostram se a bactéria é resistente aos antimicrobianos, feito da seguinte forma: A resistência bacteriana aos beta-lactamicos é muito discutida hoje em dia. O principal mecanismo dessa resistência é a produção de beta-lactamases, que clivam os anéis beta-lactamicos. 5. cocos piogênicos: streptococcus e staphylococcus Os streptococcus são cocos que se organizam em cadeias ou fileiras, e staphylococcus se organizam em forma de cachos © Streptococcus sp Os Streptococcus sp são cocos GRAM positivos dispostos em cadeias ou pares. É um gênero extenso com varias espécies, em que algumas causam infecções em humanos e outras em outros animais, e a maioria é anaeróbia facultativa. Algumas espécies dentro desse gênero fazem parte da microbiota humana normal, no entanto varias são responsáveis por inúmeras doenças. Como se trata de um gênero que possui diversas espécies, precisa-se de alguns critérios para classificar cada uma. A primeira é a classificação de acordo com o tipo de hemólise, em que os beta-hemolíticos causam a hemólise total, alfa- hemolíticos causam a hemólise parcial e não-hemolíticos não causam hemólise. Um outro tipo de classificação é baseado em carboidratos que diferentes espécies apresentam ou não em sua parede celular, em que os que causam doenças em humanos se encontram nos grupos A, B, C, D, F e G. A espécie Streptococcus pyogenes é uma bactéria que eventualmente pode ser encontrada na nossa microbiota. Sua classificação é beta-hemolítico do grupo A, e está relacionada a algumas doenças como erisipela, celulite, impetigo, septicemia por infecção cirúrgica, faringite estreptocócica, glomerulonefrite, febre reumática e escarlatina. As estruturas antigênicas e fatores de virulência dessa bactéria são: proteína M – antifagocitária (mimetismo com proteínas do tecido cardíaco); estreptoquinase (dissolução de coágulos); Dnase (reduz viscosidade do abscesso); hialuronidase (fator de disseminação). A espécie Streptococcus agalactiae também é beta- hemolítico, mas do grupo B. Ele é colonizador eventual do trato geniturinário, e pode ser assintomático, porem principalmente nos recém-nascidos de parto natural, pode desenvolver septicemia, pneumonia e meningite neonatal. O ideal para evitar esse quadro seria uma triagem nas gestantes para possível tratamento e prevenção do bebe. A espécie Streptococcus pneumoniae são GRAM positivas encapsuladas (importante fator de virulência) e normalmente alfa-hemolítico. São habitantes do trato respiratório superior dos humanos, podendo provocar pneumonia, sinusite, otite, bronquite, pneumonia e meningite. ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 O grupo viridans de estreptococos alfa-hemolítico coloniza a nossa microbiota oral. Algumas espécies desse grupo são Streptococcus mutans, Streptococcus salivarius e Streptococcus sanguinis. Pode causar endocardite subaguda. © Staphylococcus São cocos GRAM positivos organizados em cachos, colonizadores de praticamente todos os animais e habitam a pele e mucosas. Compreende mais de 35 espécies, sendo as de maior importância clinica: S. aureus (coagulase +, normalmente patogênica); S. epermidis (coagulase -, flora normal humana, associado a infecções por dispositivos ou aparelhos implantados e em imunossuprimidos) e S. saprophyticus (coagulase -, segunda causa mais comum de infecções do trato urinário em mulheres jovens). A espécie Staphylococcus aureus é a única que tem positivo para catalase e coagulase. Seu nicho preferencial é a região nasal anterior, mas pode habitar toda a pele. Pode ser habitante transitório ou permanente da microbiota da pele, e cerca de 10 a 40% dos adultos são carreadores nasais. Os fatores de virulência são: presença de capsula e proteína A que inibem fagocitose; presença de peptideoglicano e acido lipoteicóico relacionados a aderência; produz diversas enzimas como coagulase, catalase e lipases; produz citotoxinas relacionadas a destruição de células e possui toxina de síndrome do choque toxico (superantígeno). A grande maioria das cepas trazem uma resistência natural aos beta-lactâmicos, por isso não adianta usar a penicilina pura, por exemplo. A cepa MRSA é resistente à meticilina, e a VRSA é resistente à vancomicina. Algumas doenças causadas pelo S aureus são foliculite (inflamação do folículo piloso), furunculose (extensão da foliculite formando um abscesso com presença de bastante pus e fibrina), síndrome da pele escaldada e síndrome do choque toxico. A espécie Staphylococcus epidermidis é membro da microbiota anfibiôntica, presente na pele e mucosas. Está associado a infecção de cateteres, próteses e endocardite subaguda. Já a Staphylococcus saprophyticus está presente namucosa retal e urogenital, e é a segunda causa de ITU (infecção do trato urinário) não complicada nas mulheres. 6. resposta imune inata mediada por células O sistema imunológico é subdividido entre imunidade inata e imunidade adquirida Os elementos da resposta imune inata são: as barreiras epiteliais, células fagociticos (neutrófilo e macrófago), células dendríticas, células NK e complementos. Essas células respondem logo nas primeiras horas após estimulo, ou seja, após contato com qualquer microrganismo. Para saber se é resposta imune inata ou adquirida é só perceber qual célula está participando do processo. Se não for um linfócito, tanto B quanto T, é uma resposta imune inata. As barreiras epiteliais são células epiteliais com interações fortes (pele, mucosas gastrointestinais, broncopulmonar) e impedem a entrada de microrganismos. As células epiteliais produzem peptídeos antimicrobianos que ajudam a controlar a colonização por microrganismos, por exemplo o suco gástrico. Os linfócitos intraepiteliais reconhecem componentes microbianos, protegendo contra ruptura ou lesão do epitélio. Os fagócitos circulantes ou teciduais podem ser os neutrófilos ou macrófagos. Os neutrófilos estão abundantes no sangue e são recrutados para o local da infecção, onde fagocitam o microrganismo. Os macrófagos estão no sangue em formato de monócitos, e quando chegam ao local de infecção, se diferenciam em macrófagos. Os neutrófilos não conseguem apresentar anfígenos, enquanto os macrófagos conseguem, por isso são chamados de APC’s. O processo de fagocitose ocorre da seguinte maneira: OBS: o pus é resultado da morte de leucócitos, como os neutrófilos. ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 O macrófago pode ser de dois tipos: M1 e M2. O macrófago do tipo M1 tem a função de exercer o papel microbicida, ou seja, vai fagocitar e eliminar o patógeno. Eles também produzem elementos que ativam a inflamação, o que ativa um recrutamento de mais células ao local, para a destruição dos microrganismos. Já o macrófago M2 possui ação anti-inflamatória e reparadora, para cicatrização do tecido que teoricamente foi destruído. O ambiente onde esse monócito chega é o que determina se ele vai seguir o caminho do macrófago M1 ou M2. Para levar o M1, o ambiente deve ser rico em microrganismos e IFN-gama, e para levar ao M2 deve ser pobre em microrganismos e rico em IL-4. As células dendríticas são células fagociticas com prolongamentos que parecem dendritos, e normalmente são encontradas em tecidos epiteliais. Sua principal função é fagocitar e apresentar os antígenos para outras células destruírem. As células NK (natural killer) não fazem fagocitose, elas possuem função de realizar a citotoxicidade, ou seja, matam células danificadas ou infectadas, induzindo a apoptose celular. Além disso, ela também induz a morte de microrganismos já fagocitados. As células NK atuam da seguinte maneira: Por último o mastócito é outra célula da resposta imune inata, que possui grânulos, e é um dos principais componentes que desencadeia as respostas alérgicas. Também está envolvida no processo inflamatório. Os PAMPs são padrões de moléculas associados a patógenos. Estão presentes em todos os patógenos, bactérias, vírus, etc. Já os DAMPs são padrões moleculares associados ao dano molecular. A partir da identificação desses padrões, as células do sistema imune inato são ativadas. ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 7. resposta imune inata mediada por moléculas solúveis As células do sistema imune inato reconhecem padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs), que estão presentes em organismos infecciosos, sendo reconhecidos como infeciosos e não-próprio. Os padrões moleculares associados a dano (DAMPs) são substancias proteicas, do núcleo ou citosol, e não proteicas, ATP, DNA e heparina, que estimulam a imunidade inata. São liberadas por células mortas ou danificadas, em casos de infecções, queimaduras, toxinas. Infecção é quando ocorre uma inflamação gerada por microrganismo, enquanto inflamação pode ser gerada apenas por danos celulares, como em queimaduras. As proteínas do sistema complemento são produzidas no fígado, e na presença de um patógeno são ativadas em cascata. A via pode se iniciar de 3 maneiras diferentes: via alternativa, via clássica e via das lectinas. Seja qual for a via iniciada, o processo vai ser sempre o mesmo, mostrado na imagem a seguir. Quando a bactéria entre no organismo, ela expressa PAMPs na sua superfície, e quem reconhece esses PAMPs são os receptores de PRR. O macrófago que tem esse receptor consegue fazer a fagocitose. Porem, se o patógeno estiver recoberto de C3B, o macrófago irá reconhecer mais facilmente, e realizar a fagocitose. Resumindo, as funções efetoras do sistema complemento são causar inflamação (recrutamento de leucócitos, C3A) e opsonização (facilitar a fagocitose, C3B) e lise do microrganismo. C3A e C5A fazem a quimiotaxia. Quando se encontra níveis altos de PCR no sangue (proteína C reativa), significa que o corpo está com algum processo inflamatório, já que essa proteína participa da resposta imune contra inflamações. 8. IRAS – infecções relacionadas à assistência a saúde Os avanços na medicina trouxeram ganhos importantes nos cuidados com a saúde, porem isso trouxe maior risco associado a infecções. O diagnostico das IRAS passa desde as evidencias clinicas, com observação direta do paciente e analise de seu prontuário, ate resultados de exames laboratoriais, como exames microbiológicos, pesquisa de antígenos e anticorpos, e evidencias de estudos de métodos de imagem. Os critérios para definição de infecção hospitalar são: 1. Toda manifestação clinica que aparecer a partir de 72 horas após a admissão, caso não conheça período de incubação do microrganismo e não houver evidencia ou dado de infecção no momento da internação 2. Toda infecção manifestada antes de 72 horas de internação, quando forem associadas a procedimentos terapêuticos e/ou diagnósticos realizados neste período 3. pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são considerados portadores de infecção hospitalar do hospital de origem 4. As infecções no recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas por via transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota superior a 24 horas © Diagnóstico de infecção hospitalar 1. Evidências clínicas: observação direta do paciente e análise de seu prontuário 2. Resultados de exames laboratoriais: exames microbiológicos, pesquisa de antígenos e anticorpos 3. Evidências de estudos de métodos de imagem © Uso de antimicrobianos ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 © Bactérias comumente associadas a IRAS 1. Gram-positivas: Associadas a bacteremias, endocardites, meningites, pneumonias, septicemias e outras infecções graves. Enterococcus faecalis; Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis 2. Gram-negativas: Associadas a bacteremias, pneumonias, infecções do trato urinário, infecções de ferida, peritonite, septicemia. Acinetobacter spp; Escherichia coli; Pseudomonas aeruginosa; Klebsiella pneumoniae; Serratia spp e Enterobacter spp © Fonte Endógena X Fonte Exógena
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