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Universidade Federal Rural do SemiÁrido – UFERSA 1 Prof. Zilvam Melo – Química Orgânica I 1. O Átomo de Carbono e a Química Orgânica A característica mais importante do átomo de carbono, que o distingue de todos os demais elementos (exceto o silício) e que explica seu papel fundamental na origem e evolução da vida, é sua capacidade de compartilhar elétrons com outros átomos de carbono para formar ligações covalentes estáveis carbono‐carbono. Este simples fenômeno é a base da Química Orgânica e é chamado de encadeamento. Isso permite a formação de inúmeras estruturas, inclusive com a participação de outros átomos como: hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e outros. Apenas poucos elementos que possuem quatro elétrons em sua camada de valência são capazes de formar ligações covalentes de forma repetitiva com o mesmo elemento. De todos os outros elementos, somente o silício, de forma análoga ao carbono, pode formar tais ligações de forma estável. No entanto, compostos contendo ligações silício‐silício não resistem à atmosfera oxigenada da Terra, oxidando‐se para formar sílica (SiO2), o constituinte principal da areia e do quartzo, materiais incapazes de sustentar a vida. Assim, pelo menos na Terra, apenas o carbono é capaz de fornecer a “espinha dorsal” dos componentes moleculares dos seres vivos. 2. Carga Formal Uma vez que os átomos e elétrons estão no seu respectivo lugar, cada átomo deve ser examinado para ver quando uma carga pode ser designada para ele. Uma carga positiva ou negativa designada a um átomo é chamada carga formal. A carga formal trata‐se simplesmente de um método de contabilização para cargas elétricas, e a soma de todas as cargas formais é igual a carga total na molécula ou íon. Por exemplo, o átomo de oxigênio no íon hidrônio tem carga formal +1, o átomo de oxigênio no íon hidróxido tem carga forma ‐1, e o átomo de oxigênio na água tem carga formal zero. Uma carga formal é a diferença entre o número de elétrons de valência que um átomo tem quando não está ligado a nenhum outro átomo e o número de elétrons que “possui” quando está ligado a outro átomo. Assim, pela equação abaixo podemos obter a carga forma para todos os átomos: ࢇ࢘ࢍࢇ ࢌ࢘ࢇ ൌ ݊ ݀݁ ݈݁éݐݎ݊ݏ ݀݁ ݒ݈ܽ݁݊ܿ݅ܽ െ ሺ 1 2 ݊ ݀݁ ݈݁éݐݎ݊ݏ ݁݉ ݈݅݃ܽçã ݊ ݀݁ ݈݁éݐݎ݊ݏ ݈݅ݒݎ݁ݏሻ Por exemplo: no íon amônio (NH4+) o nitrogênio apresenta cinco elétrons de valência, nenhum elétrons não compartilhado e oito elétrons formando quatro ligações, assim temos que: ࢇ࢘ࢍࢇ ࢌ࢘ࢇ ൌ 5 െ ൬0 1 2 8൰ Universidade Federal Rural do SemiÁrido – UFERSA 2 Prof. Zilvam Melo – Química Orgânica I ࢇ࢘ࢍࢇ ࢌ࢘ࢇ ൌ 5 െ 4 ࢉࢇ࢘ࢍࢇ ࢌ࢘ࢇ ൌ 1 Portanto a carga formal do nitrogênio no NH4+ é +1. Se usarmos o mesmo raciocínio para calcular as cargas formais dos átomos de hidrogênio veremos que sua carga formal é zero. Ao fazer o somatório de todas as cargas formais no NH4+ constataremos que a carga positiva deste íon se deve à carga formal do nitrogênio. 3. Representação de Fórmulas Estruturais Os químicos orgânicos usam várias maneiras para escrever fórmulas estruturais. Dependendo do que se queira avaliar torna‐se mais conveniente escolher uma ou outro tipo de estrutura. 3.1 Fórmula Estrutural de Lewis Estruturas de Lewis mostram os átomos sendo representados pelos seus respectivos símbolos químicos e os elétrons de valência sendo representados por pontos. Os elétrons de valência são utilizados em ligações são chamados elétrons nãocompartilhados ou pares de elétrons livre. CH H H O C H H H Os elétrons compartilhados entre dois átomos para a formação de uma ligação covalente são chamados Pares de elétrons de ligação. 3.2 Fórmula Estrutural de Traço Na fórmula de traço substituí‐se os elétrons compartilhados em ligações por traços. Estes, por sua vez, indicam uma ligação covalente. OC C H H H H H H Universidade Federal Rural do SemiÁrido – UFERSA 3 Prof. Zilvam Melo – Química Orgânica I Algumas vezes omitem‐se também os pares de elétrons não‐compartilhados. Entretanto, quando escrevermos as reações orgânicas é necessário incluir os pares de elétrons não‐ compartilhados quando eles participam. 3.3 Fórmula Estrutural Condensada Nas fórmulas estruturais condensadas todos os átomos de hidrogênio que são ligados a um carbono particular são normalmente escritos imediatamente depois do carbono. Os carbonos são também escritos imediatamente depois do seu carbono vizinho. H C C C C H H H Cl H H H H H CH3CHCH2CH3 CH3CHClCH2CH3 Fórmulas condensadasFórmula de traço Cl 3.4 Fórmula de linha de ligação Nas fórmulas de linhas de ligação cada ponto de interseção de duas ou mais linhas e o final de uma linha representam um átomo de carbono. Assumimos que o número de átomos de hidrogênios, necessários para satisfazer a valência do carbono, estão presentes, mas não os escrevemos. Outros átomos, por exemplo, O, Cl, N e etc devem ser escritos. OH O 3.5 Modelo de Bola e Vareta Nas fórmulas de bolas e varetas os átomos são representados pelas bolas e as ligações pelas varetas. Cada cor da bola indica um átomo diferente. Estas fórmulas são úteis para Universidade Federal Rural do SemiÁrido – UFERSA 4 Prof. Zilvam Melo – Química Orgânica I representarmos uma molécula em três dimensões. 4. Classificação dos Átomos de Carbono Os átomos de carbono podem ser classificados em: 4.1 Carbono Primário Ocorre quando um átomo de carbono se liga a outro átomo de carbono. H3C CH3 Primário 4.2 Carbono Secundário Ocorre quando um átomo de carbono se liga a dois outros átomos de carbono diferentes. H3C H2 C Primário CH3 Secundário Primário Universidade Federal Rural do SemiÁrido – UFERSA 5 Prof. Zilvam Melo – Química Orgânica I 4.3 Carbono Terciário Ocorre quando um átomo de carbono se liga a três outros átomos de carbono diferentes. H3C CH Primário CH3 Secundário Primário CH3 4.4 Carbono Quaternário Ocorre quando átomo de carbono se liga a quatro outros átomos de carbono diferentes. H3C C H2 C H C CH3 Primário Secundário Primário Primário Secundário CH3 CH3 CH3 Primário Primário 5. Organização Estrutural dos Compostos Orgânicos (Cadeias Carbônicas) Já que o encadeamento dos átomos de carbono é uma característica fundamental dos compostos orgânicos, torna‐se imprescindível a classificação das cadeias carbônicas. De maneira geral tem‐se: Universidade Federal Rural do SemiÁrido – UFERSA 6 Prof. Zilvam Melo – Química Orgânica I Universidade Federal Rural do SemiÁrido – UFERSA 7 Prof. Zilvam Melo – Química Orgânica I 5.1 Cadeia Aberta ou Acíclica ou Alifática 5.1.1 Cadeia Normal Cadeias normais são aquelas em que existem pelo menos dois carbonos primários, que constituem as extremidades da cadeia, ou seja, quando o encadeamento dos átomos não sofre nenhum fechamento. Sendo assim, apresentam apenas átomos de carbono na cadeia principal. Os carbonos são primários ou secundários. C CH H H H H H a) Cadeia Normal Saturada Cadeia normal saturada são moléculas cujos átomos de carbono da cadeia principal apresentam o máximo de ligações sigma possível, ou seja, são carbonos hibridizados em sp3. CH3 C H2 H2 C CH3 CH3 C H2 CH3 b) Cadeia Normal Insaturada Cadeia normal insaturada são moléculas cujos átomos de carbono da cadeia principal não apresentam o máximo de ligações sigma possíveis, ou seja, são carbonos hibridizados em sp2 ou sp. C C H H H H H3C C H H C C H H C CH3 c) Cadeia Normal Homogênea Apresentam apenas átomos de carbono na cadeia principal. Universidade Federal Rural do SemiÁrido – UFERSA 8 Prof. Zilvam Melo – Química Orgânica I H3C H2 C C H2 H2 C CH3 d) Cadeia Normal Heterogênea Apresentam outros átomos além do carbono na cadeia principal. Esses átomos são chamados heteoátomos, destes os mais comuns são O, N e S. H3C H2 C O H2 C CH3 H N S 5.1.2 Cadeia Ramificada As cadeias ramificadas apresentam átomos que não fazem parte da cadeia principal (cadeias laterais). Os carbonos são terciários ou quaternários na cadeia principal. CH3 C H2 CH CH3 CH3 a) Cadeia Ramificada Saturada CH3 C H2 HC CH3 CH3 H C CH3 CH3 CH3 b) Cadeia Ramificada Insaturada C C H3C H3C H H H3C C H H C C H C CH3 CH3 Universidade Federal Rural do SemiÁrido – UFERSA 9 Prof. Zilvam Melo – Química Orgânica I c) Cadeia Ramificada Homogênea H3C CH C H2 HC CH3 CH3H3C d) Cadeia Ramificada Heterogênea H3C CH O H2 C CH3 N S H2C CH3 5.2 Cadeia Fechada ou Cíclica São moléculas nas quais as pontas da cadeia se ligam, ocasionando o fechamento da cadeia, gerando ciclos (estruturas fechadas) ou anéis. 5.2.1 Cadeia Fechada Alicíclica Normal Podem ter qualquer número de átomos de carbono na cadeia e não constituem um anel benzênico nem apresentam ramificações. a) Cadeia Alicíclica Normal Saturada b) Cadeia Alicíclica Normal Insaturada Universidade Federal Rural do SemiÁrido – UFERSA 10 Prof. Zilvam Melo – Química Orgânica I c) Cadeia Alicíclia Normal Homogênea d) Cadeia Normal Heterogênea NO O 5.2.2 Cadeia Alicíclica Ramificada São cadeias fechadas que apresentam apenas carbono e hidrogênio e apresentam ramificações. H2C CH3 a) Cadeia Alicíclica Ramificada Saturada H2C CH3 b) Cadeia Alicíclica Ramificada Insaturada H2C CH3 Universidade Federal Rural do SemiÁrido – UFERSA 11 Prof. Zilvam Melo – Química Orgânica I c) Cadeia Alicíclia Ramificada Homogênea (Homocíclica) H2C CH3 d) Cadeia Ramificada Heterogênea (Heterocíclica) NO O H2C CH3 5.3 Cadeia Fechada Aromática Possuem, em sua estrutura, o chamado anel ou núcleo benzênico, que é um sistema hexagonal insaturado: C C C C C CH H H H H H ou ou Este anel aparece na substância chamada benzeno 5.3.1 Cadeia Aromática Mononuclear Cadeias aromáticas mononuclares apresentam apenas um anel bezênico. CH3 H2 C CH3 CH3 Universidade Federal Rural do SemiÁrido – UFERSA 12 Prof. Zilvam Melo – Química Orgânica I 5.3.2 Cadeia Aromática Polinuclear As cadeias aromáticas polinucleares apresentam dois ou mais anéis benzênicos. a) Cadeia Aromática Polinuclear com Núcleos Isolados Cadeias com núcleos isolados apresentam uma ligação covalente separando os anéis benzênicos. b) Cadeia Aromática Polinuclear com Núcleos Condensados Cadeias com núcleos condensados apresentam anéis fundidos e contém pelo menos dois átomos de carbono comuns aos anéis. 5.4 Cadeias Mistas São cadeias mistas quando apresentam diferentes tipos de cadeias carbônicas H2C CH3 Universidade Federal Rural do SemiÁrido – UFERSA 13 Prof. Zilvam Melo – Química Orgânica I 6. Referências 1. SOLOMONS, T. W.; GRAHAM; CRAIG FRYHLE. Química Orgânica. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005. 1 e 2 v. 2. BRUICE, P. Y. Química Orgânica. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2006 3. MCMURRAY, J. Química Orgânica, 6. ed. São Paulo: Thomson, 2005. 1 e 2 v.
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