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O DIREITO FUNDAMENTAL À DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO CIVIL O direito fundamental à duração razoável do processo civil constitui princípio redigido como clausula geral. Ele impõe um estado de coisas que deve ser promovido pelo Estado — a duração razoável do processo. Ele prevê no eu suporte fático termo indeterminado — duração razoável — e não comina consequências jurídicas ao seu não atendimento. Seu conteúdo mínimo está em determinar ao legislador, a adoção de técnicas processuais que viabilizem a prestação da tutela jurisdicional dos direitos em prazo razoável, a edição de legislação que reprima o comportamento inadequado das partes em juízo e regulamente a responsabilidade civil do Estado por duração não razoável do processo ao administrador judiciário, a adoção de técnicas gerenciais capazes de viabilizar adequado fluxo dos atos processuais, bem como organizar os órgãos judiciários de forma idônea (número de juízes e funcionários, infraestrutura e meios tecnológicos) a condução do processo de modo a prestar a tutela jurisdicional em prazo razoável. A jurisprudência da Corte Europeia de Direitos Humanos desenvolveu critérios para aferição da duração razoável do processo. Em sua primeira formulação, a Corte erigiu como critérios: (i) a complexidade da causa; (ii) o comportamento das partes e (iii) o comportamento do juiz na condução do processo. Hoje, além desses três clássicos parâmetros, a Corte vem apreciando igualmente a razoabilidade da duração do processo a partir da relevância do direito reclamado em juízo para vida do litigante prejudicado pela duração excessiva do processo, que determina redobrada atenção do Estado nos casos em que o litígio versa sobre responsabilidade civil por contágio de doenças,52 status pessoal53 e que ameacem a liberdade pessoal do réu no processo penal. Vale dizer: a importância da decisão da causa na vida do litigante adquire significativa importância para análise da razoabilidade da duração do processo. O direito fundamental à duração razoável impõe ainda a inversão da lógica que sempre dominou o processo civil brasileiro. Note-se que se o autor tem o direito de obter a imediata tutela do direito evidenciado no curso do processo, também tem o direito à execução imediata da sentença que reconhece o direito material. O direito de ação constitui também uma projeção do princípio da liberdade, na medida em que a decisão de propor ou não uma ação em juízo e delimitar o mérito da controvérsia constituem faculdades reservadas ao juízo de conveniência e oportunidade da parte interessada (art. 5.0, II,da CF). No processo civil, o princípio da liberdade no que tange à possibilidade de propositura da ação e da delimitação do mérito a causa ganha o nome de princípio da demanda.
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