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CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR 
PROF. RONALD A. SHARP JUNIOR 
www.pontodosconcursos.com.br 1
 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá. Permita-me fazer uma breve apresentação. 
 
Sou o professor Ronald A. Sharp Junior. Ministro a disciplina Direito 
Comercial (ou Direito Empresarial ou da empresa, por influência do novo 
Código Civil). Minha preparação de candidatos para concursos públicos já 
vem de algum tempo, quando iniciei essa atividade em 1995, no Rio de 
Janeiro. Além de Direito Comercial, também leciono pontos de Direito Civil e 
de Direito do Consumidor e publiquei, entre outros, os livros Direito Civil 
Questões com Gabarito Anotado, Aulas de Direito Comercial e de Empresa 
ambos da editora Impetus/Campos Elsevier, e Código de Defesa do 
Consumidor Anotado, da editora Forense Universitária. Também obtive boa 
experiência no árduo desafio dos concursos: 1º lugar para advogado da 
CAEMPE – Companhia de Águas e Esgotos do Município de Petrópolis (1992), 
1º lugar para advogado do BNDES (1992) e Auditor-Fiscal do Trabalho 
(1995), cargo que exerço até hoje. 
 
O domínio da matéria comercial tem sido um diferencial competitivo nos 
concursos, já que a disciplina costuma ser cobrada nos concursos para as 
diferentes carreiras de auditoria, de técnicos e analistas, de consultor 
legislativo, sem contar aquelas das áreas exclusivamente jurídicas, como 
juiz, promotor, procurador e defensor, mas normalmente os candidatos a ela 
não se dedicam com a necessária atenção. Como muitos concursos exigem 
média mínima em cada matéria, não raro os candidatos conseguem boa 
pontuação em Direito Constitucional e em Direito Administrativo, por 
exemplo, mas não conseguem a aprovação justamente pela falta de 
conhecimento e estudo do Direito Comercial. Isto agora é passado e a sua 
decisão de iniciar o curso lhe capacitará a superar a matéria e “desfilar” no 
concurso. 
Contará para o seu aproveitamento, e muito, a simpatia ou inclinação pela 
matéria. O Direito Comercial não costuma ter muita ênfase em seu estudo, 
nem mesmo nas Faculdades de Direito, que se dirá de outros círculos. Por 
isso, quando se tem que estudá-lo, a maioria (a maioria mesmo) sente 
enorme aversão. 
O maior ou menor contato anterior com a matéria tem enorme influência. O 
Estilo de redação da aula é algo muito subjetivo, pois conhecemos escritores 
consagrados que agradam a uns e que são simplesmente rejeitados por 
outras pessoas. 
 
CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR 
PROF. RONALD A. SHARP JUNIOR 
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Saiba que quando invocamos a lição de renomados juristas é para darmos 
peso e autoridade à nossa exposição. É um requisito de cientificidade. A 
adjetivação a eles serve para amenizar a aspereza do texto, tornando-o mais 
humano e suscetível aos naturais pendores do temperamento de cada 
pessoa. É comum gostarmos mais de um ou outro professor ou escritor em 
que nós nos fundamentamos. 
A seqüência das aulas acompanha a ordem encontrada nos programas dos 
concursos, que, aliás, adotam o encadeamento tradicionalmente dado pelas 
obras doutrinárias e pela disposição das matérias no novo Código Civil, cujos 
artigos passaram a contemplar a disciplina empresarial. Tudo será 
apresentado e examinado com um toque amigável e de proximidade, 
entremeado de perguntas e do desafio de responder a algumas questões 
reais de concursos. As notas e comentários sobre as questões aparecerão no 
final de cada aula, para que você tenha a oportunidade de se esforçar para 
responder corretamente, mas sem ser influenciado pelas explicações. 
Mas não imagine que teremos durante o curso uma quantidade enorme que 
questões a serem resolvidas. A razão é simples: nem todos os concursos 
cobram o direito comercial e, entre os que incluem a disciplina, nem sempre 
os conteúdos programáticos coincidem ou têm o mesmo foco. Além disso, o 
Código Civil entrou em vigor em 2003, a nova Lei de Falências, em junho de 
2005. Ainda não temos um considerável estoque de questões de concursos 
que contemple as matérias de acordo com essas novas leis, que alteraram 
profundamente diversos institutos, inclusive a parte geral os títulos de 
crédito. Todo o direito societário do Cód. Comercial foi reescrito, todo o 
direito falimentar foi reformulado, alguns contratos tipicamente mercantis 
passaram a ser tratados no novo Código Civil. 
Deixando isso de lado, vamos ser mais específicos e examinar o como o 
nosso conteúdo programático está dividido: 
 
 
Aula Demonstrativa - Conceito de Direito Comercial e Empresário 
 
Conceito de Direito Comercial ou Empresarial 
Fontes do Direito Comercial 
Autonomia do Direito Comercial 
Períodos do Direito Comercial 
Empresário – conceito, requisitos e impedimentos 
Auxiliares dos Empresários 
Atividades Econômicas não empresárias 
 
Aula 1 - Elementos da Empresa 
 
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Nome Empresarial 
Estabelecimento 
Propriedade Industrial 
 
Aula 2 - Obrigações do Empresário 
 
Registro 
Livros 
Descaracterização do valor probante dos livros 
Crimes relacionados à contabilidade 
Balanço 
Conservação de documentos 
 
Aula 3 – Teoria Geral do Direito Societário 
 
Noções Gerais 
Classificação 
Desconsideração da personalidade jurídica 
 
Aula 4 – Sociedades no Código Civil 
 
Espécies de Sociedades 
Dissolução e Liquidação 
Regras societárias da Lei Geral de Micro e Pequenas Empresas (Lei 
Complementar 123/06) 
Relacionamento entre sociedades 
 
 
Aula 5 - Sociedades por Ações 
 
Características Gerais 
Valores Mobiliários 
Direitos Essenciais dos Acionistas 
Órgãos Sociais 
Responsabilidade dos Administradores 
Reestruturação Societária 
Resultados Sociais 
 
 
Aula 6 - Títulos de Crédito I 
 
Teoria Geral 
Aval e Fiança 
 
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Endosso e Cessão de Crédito 
 
Aula 7 - Títulos de Crédito II 
 
Letra de Câmbio 
Nota Promissória 
Duplicata 
Cheque 
Protesto 
 
Aula 8 – Falência e Recuperação 
 
Noções Gerais 
Princípios da Falência 
Caracterização do Estado Falimentar 
Efeitos da Falência 
Classificação dos Créditos 
Extinção das Obrigações 
Espécies de Recuperação 
Objetivo da Recuperação 
Excluídos da recuperação 
Período de Observação 
Meios de Recuperação 
Crimes Falimentares 
 
Aula 9 - Regimes Saneadores das Instituições Financeiras 
 
Liquidação Extrajudicial 
Intervenção 
Administração Especial Temporária (RAET) 
 
Aula 10 - Direito Empresarial Contratual 
 
Princípios da Teoria Geral dos Contratos Mercantis 
Espécies de Contratos Mercantis 
Aplicabilidade do Código Civil e do Código de Defesa do Consumidor 
Comércio Eletrônico 
 
Bem, agora visualizado o programa talvez você tenha ficado um pouco 
assustado com tantos temas novos ou ainda não aprofundados em seus 
estudos particulares feitos até aqui. 
 
Mas não se alvoroce nem se preocupe. Provavelmente seu contato com o 
Direito Comercial é certamente maior do que você imagina, mais até do que 
 
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com o Direito Civil, pois, como disse o jurista francês Georges Ripert, é mais 
fácil alguém praticar uma atividade bancária do que precisar dos serviços de 
um tabelião ou notário para lavrar uma escritura. Isto é fruto da 
comercialização do Direito Civil, progressivamente impregnado do Direito 
Comercial, fenômeno que será abordado em nossas aulas. Venha conferir ! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AULA DEMONSTRATIVA – CONCEITO DE DIREITO COMERCIAL E 
EMPRESÁRIO 
 
 
SUMÁRIO 
 
1.1 Conceito de Direito Comercial 
1.1 Fontes do Direito Comercial 
1.2 Autonomia do Direito Comercial 
1.3 Períodosdo Direito Comercial 
1.4 Empresário – conceito e requisitos 
1.5 Auxiliares dos Empresários 
1.6 Atividades Econômicas não empresárias 
 
 
 
Conceito de Direito Comercial 
 
Sem querer parecer muito acadêmico, mas apenas dar um tratamento 
técnico-científico, logicamente encadeado, aos assuntos que serão 
enfrentados, é bom dizer que todo o conhecimento humano se inicia com a 
formação dos conceitos.1 
Já que é assim, então vamos logo aos conceitos de Direito Comercial ! 
O Direito é dividido em dois grandes ramos: direito público e direito privado. 
No Direito Romano já se fazia a distinção entre o direito público e o direito 
privado. Segundo a Teoria dos Interesses Protegidos, de Ulpiano, o direito 
público é aquele que concerne ao Estado romano e o direito privado o 
referente aos interesses dos indivíduos. Na realidade, atualmente se contesta 
esta suprema divisão (summa divisio), uma vez que o fenômeno jurídico é 
unitário, sem compartimentos estanques estruturais, possuindo as mesmas 
fontes e sujeito aos mesmos métodos e características de universalidade, 
coercibilidade (é assim mesmo que se escreve) e legitimidade. Não 
encontramos norma isolada, fora do contexto total do direito, o qual, por isso 
mesmo, deve ser examinado em sua perspectiva global. A divisão tem, 
portanto, cunho tão-somente didático. 
 
Consideraremos para fins didáticos que o direito público regula as relações 
entre os Estados, a organização e o funcionamento dos Estados e as relações 
entre o Estado e o indivíduo, este considerado como súdito, como cidadão. 
 
1 Cf. Antônio Joaquim Severino, Metodologia do Trabalho Científico. 22ª edição. São Paulo: Cortez, 2002, p. 188. 
 
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No direito público o Estado age na condição de titular da relação jurídica, 
como sujeito de direito, qualificando-se por sua supremacia de poder. 
Quando o Estado condena alguém, impõe o pagamento de tributo etc, realiza 
apreensões de bens, restringe direitos, o faz na condição de sujeito de direito 
ocupando uma posição marcada pela característica de soberania. A seu 
turno, o direito privado regula as relações dos particulares entre si, como 
membros de uma sociedade civil, sem cogitar de qualquer superioridade 
jurídica. Nesse sentido, mesmo que seja o Estado emitindo um cheque ou 
comprando um imóvel, a relação jurídica será regida pelas normas do direito 
privado, porque não estará, aí, praticando ato em posição desnivelada em 
relação aos particulares. 
Podemos então dizer: Direito Comercial é o ramo do direito privado que 
disciplina as atividades dos empresários e dos atos de empresa. Antes do 
novo Código Civil (NCC), de 2002, o Direito Comercial constituía a disciplina 
das atividades dos comerciantes e dos atos de comércio. 
Repare como autores tradicionais apresentavam o conceito de Direito 
Comercial antes do novo Cód. Civil. O professor Theophilo de Azeredo Santos 
reuniu alguns deles:2 
J. X. Carvalho Mendonça: “o complexo de normas que regulam as relações 
provenientes da prática de atos de comércio e os direitos e obrigações das 
pessoas que exercem profissionalmente esses atos – comerciantes e seus 
auxiliares”. 
Waldemar Ferreira: ”É o sistema de normas reguladoras das relações entre 
os homens, constituintes do comércio ou dele emergentes”. 
João Eunápio Borges: É complexo de normas jurídicas que regulam as 
relações privadas das indústrias e atividades que a lei considera mercantis, 
assim como os direitos e obrigações das pessoas que profissionalmente as 
exercem”. 
Por que tanto se falava, e ainda se fala a título comparativo, dos atos de 
comércio? Qual é a sua importância ? Na minha época de faculdade, parecia 
que a professora nunca mais deixaria de falar nos atos de comércio. 
Compreendo agora que a explicação está em que os atos de comércio 
determinavam a matéria mercantil, porque só se considerava mercantil 
aquilo que correspondesse à noção de ato de comércio. O passo logicamente 
seguinte era caracterizar o comerciante como aquele que fazia da prática 
desses atos profissão habitual, com intuito de lucro (revogado art. 4º do 
Cód. Comercial). Era um sistema que se baseava no Cód. Comercial francês 
de 1.807 e utilizado com pequenas variações em quase todo o mundo 
ocidental. 
 
2 Manual de Direito Comercial. 3ª ed.. Rio de Janeiro: 1970, p. 13. 
 
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Assim, para saber se alguém era comerciante era preciso ter presente a 
descrição de atos de comércio dada pelo Regulamento 737/1850, cujo art. 
19 arrolava os atos de comércio típicos, subjetivos ou por natureza. Tais 
atos, praticados de forma habitual, permanente, profissional e com fins 
lucrativos atribuíam ao seu autor a qualidade de comerciante. Raciocinando-
se por exclusão, todos os que não praticassem profissionalmente esses atos 
continuavam no exercício de uma atividade civil. 
O conceito de atos de comércio era empírico, prático, casuístico, examinado 
caso a caso, porque não se tem uma noção científico-doutrinária para 
estabelecer universalmente o que é ato de comércio. Cada sistema 
legislativo pode atribuir comercialidade (é assim mesmo que se escreve) a 
certos atos. Daí a razão pela qual essa teoria é tão combatida, faltando-lhe 
uma compreensão lógica e demonstrável a partir de premissas gerais. 
Por isso, a teoria dos atos de comércio foi substituída pela teoria da 
empresa, não importando a natureza intrínseca do ato para identificar o 
agente econômico e as normas que lhe são próprias,, mas sim o exercício 
profissional da atividade econômica organizada para produção ou circulação 
de bens ou serviços. A organicidade é que passou a contar, e não a 
categorização de certos atos. Verificou-se a alteração do critério de 
delimitação do objeto do Direito Comercial, que deixa de estar baseado no 
sistema francês dos atos de comércio e passa a considerar como núcleo 
central a empresa, vale dizer, a atividade produtiva exercida 
organizadamente. A categoria fundamental do Direito Comercial reside agora 
na empresa. É dela que partem os institutos, princípios, noções essenciais 
desse ramo do direito. 
Na exposição de motivos ao novo Código Civil, escreve Miguel Reale que o 
tormentoso conceito de ato de comércio é substituído pelo de empresa, 
assim como o de fundo de comércio cede lugar ao de estabelecimento. Do 
mesmo modo, empresa pode ser exercida pelo empresário pessoa física ou 
por uma pessoa jurídica (sociedade empresária). Com o novo Código, todas 
as sociedades são grupamentos de pessoas para fins econômicos, mas se 
distinguem em simples e empresárias pelo critério do modo de seu exercício. 
Atualmente, o que cabe observar é a presença da organização de diversos 
fatores de produção: mão-de-obra; tecnologia; capital relevante, insumos. 
Se estiverem organizados sistematicamente, perfazem a caracterização de 
empresa e de empresário, seja como pessoa física ou jurídica. 
A empresa, independentemente da matéria de seu objeto, é unidade técnica 
de produção. Segundo Carvalho de Mendonça,3 a “Empresa é a organização 
técnico-econômica que se propõe a produzir mediante a combinação dos 
diversos elementos, natureza, trabalho e capital, bens ou serviços destinados 
 
3 Direito Comercial Brasileiro. Rio de Janeiro: Freitas Bastos. 1930, p. 492. 
 
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à troca (venda), com esperança de realizar lucros, correndo os riscos por 
conta do empresário, isto é, daquele que reúne, coordena e dirige esses 
elementos sob a sua responsabilidade”. O empresário é aquele que se 
interpõe, quefica numa posição de intermediário, entre os fatores de 
produção e o mercado. 
Para Raquel Sztajn,4 “A intermediação, origem do direito comercial, não é 
mais importante por si; interessa a intermediação vinculada à produção em 
massa, a produção para mercados, a intermediação em mercados, com o 
que é formada uma teia de relações contratuais, negócios dos mais variados 
tipos”. O que o novo Código Civil realça é a idéia “atividade”, isto é, uma 
série de atos variados, coordenados e unificados em razão do mesmo 
objetivo global, abandonando a visão da simples prática repetida de certos 
atos previamente catalogados na lei. 
Preste bastante atenção para expressões como “atividade”, organização”, 
“organicidade”, que aparecem em questões de concursos, pois todas 
enfatizam a idéia de superação do conceito de atos de comércio em favor 
uma atividade estável e impessoal de organização dos fatores produtivos. 
Mais uma coisa: como se denomina corretamente esse ramo do Direito 
privado ? Muitos consideram que o certo seria Direito Empresarial. Outros 
mencionam Direito de Empresa ou dos Negócios. Pessoalmente, apoiado no 
texto constitucional (CR/88, art. 22, inc. I), prefiro a nomenclatura Direito 
Comercial, porque assim consta na Constituição, nas linhas de pesquisa de 
programas de pós-graduação e prevalece na Itália, país que nos serviu de 
inspiração para o NCC. Na realidade, a questão da nomenclatura é pouco 
relevante, ganhando destaque o conteúdo da disciplina e premissas em que 
se baseia, sobre o que terá que se debruçar o estudioso. 
 
 
 
1º DESAFIO (ESAF-2004) 
 
A recepção do instituto empresa pelo Código Civil 
resultará em: 
a) retornar a discussão sobre ato de comércio como 
intermediação na circulação de mercadorias. 
b) realçar a idéia de atividade sobre a de ato. 
c) incorporar novos ofícios e profissões ao campo do 
direito mercantil. 
 
4 A Teoria Jurídica da Empresa. São Paulo: Atlas. 2004, p. 14-15 
 
 
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d) extremar atividades empresariais e não empresariais. 
e) criar novo sistema de análise da atividade econômica. 
 
Embora pouco comentado, ajudar a entender o assunto que o Livro II 
relativo ao Direito de Empresa no Código Civil era denominado, na versão 
original do Anteprojeto, “Da atividade negocial”, uma vez o regime jurídico 
de atividade é distinto daquele de simples atos independentes. Na Parte 
Geral do NCC, encontramos a disciplina do negócio jurídico para aquelas 
declarações de vontade isoladas, não relacionadas entre si. Mas quando se 
trata de um conjunto de atos praticados diuturnamente, interdependentes e 
dirigidos a uma mesma finalidade, delineia-se a “atividade”, cuja 
regulamentação é dada pelo Livro do NCC dedicado à empresa. Acabou que o 
Livro II da Parte Especial passou a indicar, na sua denominação, apenas uma 
parte do que compreende o seu objeto total, que inclui as atividades 
econômicas tanto empresárias quanto as não empresárias. Segundo Miguel 
Reale, ocorreu a figura lingüística da sinédoque, uma espécie de metonímia, 
que toma o todo pela parte. Isso explica o porquê de o “Direito de Empresa” 
disciplinar o empresário individual, a sociedade empresária e a sociedade 
simples, que não possui natureza empresarial. 
No relatório da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal 
que aprovou o projeto da nova Lei de Falências e de Recuperação das 
Empresas, o relator Senador Ramez Tebet destacou a necessidade maior de 
preservar a atividade empresarial, separando os conceitos de empresa e de 
empresário. Afirmou o relator: “Não confundir a empresa com a pessoa 
natural ou jurídica que a controla. A empresa é o conjunto organizado de 
capital e trabalho para a produção ou circulação de bens ou serviços. Assim, 
é possível preservar uma empresa, ainda que haja a falência, desde que se 
logre aliená-la a outro empresário ou sociedade que continue sua atividade 
em bases eficientes”. Aliás, é no sentido de atividade que a Lei das S/A 
prevê o atendimento da função social da empresa (art. 116, § único). 
Do ponto de vista econômico, a empresa possui um conceito unitário, cujos 
contornos são informados pela teoria econômica. Mas, sob o enfoque 
jurídico, a doutrina aceitou amplamente a tese do professor italiano Alberto 
Asquini,5 que em 1943 considerou a empresa um fenômeno jurídico 
poliédrico, de diversos lados, facetas ou perfis. Praticamente todos os 
autores de obras de Direito Comercial mencionam a teoria de Asquini, a qual 
passou a ser um referencial na noção jurídica de empresa e que muito 
inspirou o Código Civil de 2002. Recomenda-se ao candidato por uma certa 
ênfase na compreensão das idéias expressadas por Asquini. 
 
5 O artigo intitulado Os perfis da empresa, do prof. Asquini, foi traduzido pelo prof. Fábio Konder Comparato e publicado 
na Revista de Direito Mercantil nº 104. 
 
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Nessa conjuntura, a empresa pode ser estudada sob o perfil subjetivo (titular 
da empresa), identificando o empresário e os requisitos para ser empresário, 
o que inclui a sociedade empresária (arts. 966 e 982 do NCC), pelo perfil 
objetivo ou patrimonial a significar o conjunto de bens utilizado pelo 
empresário ou pela sociedade empresária para o exercício de sua atividade – 
o estabelecimento (art. 1.142 do NCC). A empresa pode também ser 
identificada sob o perfil funcional, ou seja, a empresa é o exercício de uma 
atividade (um complexo de ações coordenadas voltadas para a mesma 
finalidade) de produção ou circulação de bens ou serviços, economicamente 
organizados (art. 1.044 do NCC). É justamente a preservação da atividade 
empresarial a razão de ser e o objetivo da nova Lei de Falências e de 
Recuperação. 
Além destes aspectos, há também o perfil corporativo ou institucional, uma 
vez que o empresário é aquele que organiza, ordena a mão-de-obra e utiliza 
o capital para exercer suas atividades (art. 1.169 do NCC). Logo, a empresa 
não é apenas o profissional individual que sozinho pratica atos de comércio. 
Deve-se encará-la como uma organização formada não só pelo titular, mas 
também pelos diferentes vínculos mantidos com seus colaboradores 
(prepostos, auxiliares ou colaboradores). Para o professor Fábio Ulhoa 
Coelho,6 “O empresário, no exercício da atividade empresarial, deve 
contratar empregados. São estes que, materialmente falando, produzem ou 
fazem circular bens ou serviços”. A seu turno, na mesma linha ensina o 
professor italiano Alfredo Rocco,7 em obra escrita no início do século 
passado: “E agora podemos concluir. Em todos os atos que o Código 
[italiano] qualifica de empresas achamos que o elemento específico 
constitutivo da empresa, no sentido do código, é o fato da organização do 
trabalho de outrem... Segundo o código, apenas temos empresa (...) quando 
a produção é obtida mediante o trabalho de outros, ou por outras palavras, 
quando o empresário recruta o trabalho, organiza–o , fiscaliza–o, retribui–o 
e dirige–o para os fins da produção.” A ausência de reunião de todos esses 
perfis impede a caracterização de empresa. 
O prof. Arnoldo Wald8 bem sintetiza as faces que formam os perfis de 
Asquini: 
(i) objetivo, como estabelecimento. Considera-se o conjunto de bens 
corpóreos e incorpóreos que o empresário organiza e utiliza para exercer a 
sua atividade; 
 
6 (Manual de Direito Comercial. 14ª ed. Saraiva. São Paulo: 2003, p. 11). 
7 (Princípios de Direito Comercial. Campinas: LZN editora, 2003, p. 222 e 223) 
8 Parecer publicado em www.rcpj-rj.com.br, ao qual remetemos o candidato, para aprofundar no exame da temática da 
empresa. 
 
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(ii) subjetivo, como empresário. Refere-se ao sujeito que desenvolve a 
atividade econômica de forma organizada; 
(iii) funcional, como atividade empreendedora. Demonstra propriamente a 
atividade economicamente organizada. Não importa apenas o ato, mas é 
relevante o conjunto de atos que se apresentam de forma organizada, e 
(iv) institucional, pressupõe a existência de uma instituição. Abarca o 
contexto político. Traz fortes idéias da parceria e da comunhão de interesses 
que surge entre o empresário e os empregados, isto é, da conjugação de 
capital e trabalho. 
O NCC teve forte influência da perspectiva de Asquini, conforme ressaltado 
por Sylvio Marcondes, redator da parte do Código que veio a compor o 
Direito de Empresa, no texto da Exposição de Motivos do Anteprojeto. De 
fato, a definição do art. 966 do NCC relativa ao empresário (perfil subjetivo) 
é obtida a partir do exercício de uma atividade organizada (perfil funcional), 
mediante um conjunto de bens (perfil objetivo, art. 1.142) e com o auxílio de 
prepostos (perfil corporativo, institucional ou hierárquico, art. 1.169). 
 
2º DESAFIO (ESAF-1998) 
 
Segundo o ensinamento de Asquini, empresa é fenômeno 
com perfil poliédrico em que se destaca(m) a(o): 
a) Organização da produção e do trabalho. 
b) Perfil objetivo, o subjetivo, o hierárquico e 
organizacional. 
c) Pessoa jurídica sociedade mercantil. 
d) Atividade do empresário ou grupos de pessoas para a 
obtenção de lucro. 
e) Fundo de comércio como resultado da mais-valia do 
trabalho. 
 
 
 
Fontes do Direito Comercial 
 
As fontes são os meios pelos quais se formam ou se estabelecem as normas 
jurídicas. Indicam a origem ou modo pelo qual surgem as regras jurídicas. 
No Direito Comercial, elas se dividem em fontes diretas ou primárias e 
fontes indiretas ou secundárias. 
 
Fontes diretas: as fontes que direta e imediatamente formam o Direito 
Comercial são a Constituição da República (ex.: art. 5º, inc. XXIX), o Código 
Comercial (3ª Parte, ainda em vigor), as leis e tratados em matéria mercantil 
 
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(ex.: sobre títulos de crédito, sobre direito aeronáutico, sobre marcas e 
patentes). Como algo verdadeiramente inédito, temos o novo Código Civil, 
que passou a ser fonte direta, por incorporar a matéria mercantil 
fundamental, referente ao empresário e à sociedade empresária, alterando o 
critério de delimitação do objeto desse especial ramo do direito. Antes de seu 
advento, a lei civil básica (Código Civil) era considerada fonte indireta. 
 
Fontes indiretas: são as fontes que também geram as regras do Direito 
Comercial, mas na falta ou ausência das fontes diretas. Para conhecê-las, 
devemos recorrer ao art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil, que prevê 
a analogia, o costume e os princípios gerais de direito. Alguns autores, como 
Sérgio Campinho,9 citam a jurisprudência, ou conjunto de decisões judiciais 
reiteradas e uniformes sobre determinado assunto. As recentes alterações no 
Cód. de Processo Civil (CPC), que criaram a súmula impeditiva de recurso 
(art. 518, § 1º), o julgamento monocrático dos recursos nos tribunais 
fundado em súmula ou jurisprudência dominante (art. 557) e a Emenda 
Constitucional 45 (art. 103-A da CR/88), que introduz a Súmula Vinculante, 
parecem fortalecer esse raciocínio. 
Peculiar fonte do Direito Comercial é o costume, o qual pode ser provado por 
certidão expedida pelas Juntas Comerciais, incumbidas de proceder ao 
assentamento dos usos e práticas mercantis (art. 8º, inc. VI, da Lei nº 
8.934/94). O Decreto nº 1.800/96, que regulamenta a Lei nº 8.934/94, 
explicita a matéria em seus artigos 87 e 88, prevendo, inclusive a publicação 
e revisão qüinqüenal. 
 
Autonomia do Direito Comercial 
 
Afinal, agora que a matéria mercantil consta do Código Civil foi abolida a 
autonomia do Direito Comercial ? 
Vivemos atualmente a unificação parcial do Direito Civil e do Direito 
Comercial, dada pelo novo Código Civil (NCC), que revogou os artigos 1º a 
456 do Código Comercial de 1850, Isso corresponde a toda a primeira parte 
do Código Comercial. Mas isso implica ou representa a perda da autonomia 
do Direito Comercial? Muitos se deparam com o questionamento. E você, já 
se perguntou isso? 
Adianto que a resposta deve ser negativa. Nas palavras de Miguel Reale, 
Supervisor da Comissão Revisora e Elaboradora do Código Civil, expressas 
na exposição de motivos, “... a unificação [que é parcial] do Direito Civil e do 
Direito Comercial, no campo das obrigações, é de alcance legislativo, e não 
 
9 O Direito de Empresa. 2ª ed.. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p. 10. 
 
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doutrinário, sem afetar a autonomia daquelas disciplinas”. Essa autonomia 
vem afirmada no Enunciado 75 da Jornada de Direito Civil, promovida pelo 
Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal, evento do qual 
tive a oportunidade pessoal de participar ativamente em suas terceira e 
quarta edições, cuja redação se reproduz: “Art. 2.045: A disciplina de 
matéria mercantil no novo Código Civil não afeta a autonomia do Direito 
Comercial”.10 
Sempre que se estuda um novo ramo do Direito (o fenômeno jurídico é uno, 
mas comporta divisões para facilitar a sua compreensão), importa saber se 
possui autonomia, que pode ser didática, científica e legislativa. 
Didaticamente, o Direito Comercial continua integrando os currículos 
universitários como disciplina própria, igualmente contando com linhas de 
pesquisas no ensino de pós-graduação. Do ponto de vista científico, o Direito 
Comercial apresenta características próprias (cosmopolitismo, 
fragamentarismo, onerosidade presumida, informalidade, celeridade) e deve 
ser investigado primordialmente de acordo com o método indutivo, que parte 
do dado particular para obter generalizações, assumindo a função e a 
estrutura dos institutos importância fundamental na interpretação. Sob o 
enfoque da autonomia legislativa, a Constituição Federal (nesse ponto a CF 
ainda não foi alterada!) estatui que compete à União Federal legislar sobre 
Direito Comercial (CF/88, art. 22, inc. I). 
E é de se notar que a CF/88 menciona Direito Comercial, e não empresarial, 
da empresa ou dos negócios. Por este motivo é que se deve privilegiar a 
nomenclatura Direito Comercial em detrimento de outras. Mas não estranhe 
se eventualmente o programa do edital ou as questões da prova aludirem à 
“Direito Empresarial”. No fundo, serão a mesma coisa. 
Na verdade foi o Direito Civil que se mercantilizou, que se comercializou, que 
foi impregnado pelo Direito Comercial. Igualmente se fala em 
mercantilização (é assim mesmo que se escreve) do Direito Público, na voz 
do jurista italiano Sabino Cassese, passando a adotar técnicas e métodos 
análogos aos de mercado, em que o diálogo e de negociação preponderam 
na condução dos assuntos estatais no âmbito da administração pública 
consensual.11 
Embora integre uma parte do Código Civil (Livro II da Parte Especial, a partir 
do art. 966), o Direito Comercial possui objeto vasto e se caracteriza, além 
disso, pelos títulos de créditos, marcas e patentes, comércio marítimo, 
contratos empresariais, atividades financeiras, câmbio e seguros, valores 
 
10 Os Enunciados das Jornadas de Direito Civil promovidas pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça 
Federal constituem relevante ferramenta de estudo para o candidato. Veja-se em www.cjf.gov.br, selecionando Conselho 
da Justiça Federal, publicações e enunciados ao novo Código Civil. 
11 Cf. Selma Lemme. Valor Econômico, edição de 20.03.06) 
 
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mobiliários, falência e recuperação, matérias que permanecem fora do novo 
Código, constando de leis especiais e esparsas, como os títulos de crédito, 
que contam com várias leis, citando-se a Convenção de Genebra de Títulos 
de Crédito, a Lei Uniforme; a Lei do Cheque; a Lei de Protestos, a Lei que 
trata das Cédulas de Créditos Bancários, entre outras. O novo Código até 
tentou abranger, na redação do anteprojeto, mas não trata especificamente 
de cheques, de duplicatas, por exemplo. 
O Código Civil, em matéria de Direito Comercial vai se ocupar das 
sociedades, com as responsabilidades inerentes a cada tipo, do empresário 
individual, e alguns institutos bem próximos ao empresário, que é o antigo 
fundo de comércio (agora chamado de Estabelecimento, art. 1.142 e segs.), 
os prepostos, (art. 1.169 e segs.) o registro (art. 1.150), o nome 
empresarial (art. 1.155 e segs.) Esses institutos serão examinados mais 
adiante e de acordo o programa proposto. Repare você que a importância 
deles transcende o estudo do Direito Comercial, porque em certa medida 
serão aplicados até mesmo às associações e fundações, como acontece com 
a proteção ao nome empresarial, a qual é estendida às denominações de 
entidades não empresárias (art. 1.155, § único), e com a liquidação das 
entidades privadas em geral (art. 51, § 2º) 
Nos contratos, aparece a comercialização do Direito Civil mediante as novas 
figuras contratuais que o Código Civil não disciplinava, contratos 
tradicionalmente empresariais, como o contrato de comissão, de corretagem, 
agência e distribuição. 
O corpo único da codificação é dado como exemplo na Itália, onde um único 
código abarca o Código Civil, o Código Comercial e o Código Trabalhista. 
Com o novo Código Civil (NCC) amplia-se o domínio do Direito Comercial. O 
âmbito é expandido pela delimitação da matéria de acordo com a teoria da 
empresa, de maneira a incluir o empresário antes considerado civil, uma vez 
que este, pelo antigo sistema, não estava inserido no regime jurídico 
mercantil, como pedir recuperação, falência etc. Uma ou outra decisão é que 
estendia para o empresário civil a disciplina do direito comercial, como no 
caso do Colégio Impacto no Rio de Janeiro, que também vendia apostilas. 
Mas no caso de um produtor rural, o STJ, em 04.04.94, negou o pedido de 
concordata, considerando que se tratava de atividade tipicamente civil e que 
a falência e a concordata eram privativos do comerciante.12 Mas isto agora é 
passado e nos deparamos com uma nova realidade. 
Vejamos um pouco da evolução do Direito Comercial. 
 
12 “PROCESSUAL CIVIL E COMERCIAL - PEDIDO DE CONCORDATA – EMPRESARIO RURAL. I- 
Impossível a concessão do beneficio da concordata a produtor rural, já que este exerce atividade civil típica e a 
falência e concordata aplicam-se privativa a exclusivamente ao comerciante. o juiz não pode conceder o beneficio da 
concordata preventiva ao não comerciante sob pena de infringindo a lei, substituir-se ao legislador. 
II - Recurso conhecido e provido.”(STJ - Resp 2492-MG. 3ª Turma, Rel. Min. Waldemar Zveiter, j. em 05.04.94, DJ de 02.05.94) 
 
 
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Em seus primórdios o Direito Comercial era corporativo – corporações de 
ofícios, associações, burguesia – mas no seio da sociedade se percebeu que 
não comerciantes passaram a praticar atos que eram considerados 
comerciais, como o uso de títulos de crédito, entre eles a letra de câmbio. O 
Direito Comercial é então ampliado, dado que o risco da atividade 
econômica, que era restrita ao comerciante, começou também a recair sobre 
o prestador civil de serviços. 
A partir daí deu-se início ao processo paulatino de estender a proteção do 
regime jurídico mercantil àqueles que não eram comerciantes, mas que 
exerciam a sua profissão com caráter de organização dos diversos fatores de 
produção. 
Hoje em dia, a expressão “comerciante”, isoladamente considerada, não nos 
permite identificar se estamos realmente diante do empresário ou não, uma 
vez que importa considerar não a comercialidade de certos atos, mas o 
modo, a maneira, a forma, pelo qual a atividade econômica se desenvolve. 
Tanto assim que o Direito Comercial, sob a inspiração da teoria da empresa, 
ampliou-se para abranger o não-comerciante, desde que o exercício de sua 
atividade seja realizado com a organização dos fatores de produção. 
 
3º DESAFIO (FCC-2005) 
 
De acordo com o Código Civil de 2002, a utilização do 
termo "comerciante" para designar todo aquele a quem 
são dirigidas as normas de Direito Comercial 
a) Permanece correta, em razão da adoção, pelo Código 
Civil, da teoria objetiva dos atos de comércio. 
b) Perdeu sentido, pois a revogação de parte expressiva 
do Código Comercial operou a extinção do Direito 
Comercial. 
c) Tornou-se equivocada, pois o Código Civil estendeu a 
aplicação do Direito Comercial a todos os que exercem 
atividade econômica organizada e profissional, não 
apenas comerciantes. 
(D) Permanece correta, em razão da adoção, pelo Código 
Civil, da teoria da empresa. 
(E) Tomou-se equivocada, pois os antigos "comerciantes" 
são hoje denominados "empresários", embora designando 
os mesmos conceitos. 
 
 
No Brasil, o Dec. 24.150, antiga Lei de Luvas, que regulava apenas os 
contratos locatícios comerciais, foi revogado pela Lei 8.254/1991, a qual 
incorporou a tendência já adotada pela jurisprudência e passou a estender 
ao empresário civil a proteção concedida aos comerciantes quanto à 
 
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renovação compulsória dos contratos de locação (art. 51, § 4º, da Lei. 
8.245/91). 
O STJ tem decisões mostrando que não se trata de fundo de comércio, mas 
sim de fundo de empresa,13 para abranger não só o comerciante, como 
também as antigas sociedades civis com fins lucrativos. Atualmente, o fundo 
de comércio é chamado de “estabelecimento” (art. 1.142 do NCC) e se aplica 
tanto ao empresário que produz ou circula bens quanto ao que lida com 
serviços. 
O prestador de serviços, a exemplo de um médico ou advogado, recebia 
honorários, porque era uma honra prestar o serviço, que não tinha preço 
nem valor econômico. Até hoje o prestador de serviços recebe honorários, 
mas sua atividade não raramente possui o mesmo risco que a atividade 
empresarial, objetivo de lucro, elevado grau de organização e sofisticação. 
Em seguida temos a lei 8.434/94 dispondo sobre o registro de empresas 
mercantis e atividades afins, mostrando a tendência de alargar o domínio do 
Direito Comercial. Esta lei se refere ao nome do comerciante, como aquele 
com o qual se identifica na sua atividade, atualmente o nome empresarial. 
O que tradicionalmente era chamado de nome comercial foi substituído 
pela referida lei para nome empresarial, sendo esta denominação comum 
tanto para o antigo comerciante como para o empresário civil. Afinal, não 
convém fazer distinções entre empresários pelo critério do objeto de sua 
atividade, adquirindo relevo o modo pelo qual ela é organizada. 
A própria CF/88, no art. 5º inc. XXIX, fala em nome da empresa, 
evidenciando, ainda mais, a tendência de o Direito Comercial prestigiar e 
incorporar a teoria da empresa. 
Portanto, o fato de estar inserido em determinado diploma não significa a 
perda da autonomia do Direito Comercial, bastando atentar para existência 
disseminada de normas heterotópicas (mistas), como normas de Direito Civil 
inseridas no Código de Processo Civil, por exemplo. 
 
 
 
 
 
Períodos do Direito Comercial 
 
 
13 Consta do Recurso Especial nº 167.443-RJ, relator o Min. Vicente Leal, julgado em 23.06.98 e publicado do DJ de 17.08.98: 
“A expressãofundo de comércio é concebida modernamente como fundo de empresa, de vez que abrange o conceito de atividade 
empresarial (...)” 
 
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Tudo na vida - sejam pessoas, organizações, países, o conhecimento – passa 
por distintos períodos, nem sempre lineares e constantes, às vezes marcados 
por marchas e contramarchas. Com o Direito Comercial não foi diferente e 
teve alguns períodos até chegar ao atual, que é chamado de período 
subjetivo moderno. 
Transcorreu um período inicial onde o Direito Comercial era um direito 
corporativo, classista, só aplicado a uma classe, a uma categoria especifica. 
Isso se deu com o esfacelamento do Império Romano e a pulverização em 
vários “Estados”, “nações”, vários feudos, em que cada qual tinha seu 
critério organizador, regras e autoridades próprias. Não havia mais um 
Estado centralizador. Cada feudo com seu domínio, poder, cada qual com 
seu suserano e vassalos e recursos diferentes. Os próprios comerciantes 
criaram então regras para se relacionarem com outros comerciantes para 
garantir a fluidez da circulação econômica. Através de suas corporações 
passaram a criar condições para que eles mesmos, à margem do Estado, 
pudessem organizar suas atividades. Esse é o chamado período subjetivo. 
Em seguida o Estado incorporou o Direito Comercial, constituído até então 
basicamente de regras consuetudinárias, fruto de costumes e convenções. 
Veio o Código Comercial Napoleônico, de 1807, e adotou a teoria dos atos de 
comércio. Estabeleceu que eram mercantis determinados atos indicados 
numa lista e quem fizesse da prática desses atos profissão habitual tornava-
se comerciante. Este era o período objetivo. Objetivo porque se o ato 
estivesse arrolado na lista era reputado mercantil. 
Chegamos então ao período atual, o período subjetivo moderno, com a 
contemporânea teoria da empresa. Evoluímos do direito que regulava a mera 
prática de atos e seus autores para o direito da atividade econômica 
organizada, que tanto pode abarcar objeto anteriormente civil quanto 
mercantil, desde que a atividade seja feita de forma estruturada, organizada, 
articulando os fatores de produção. Passou assim a abranger o empresário 
civil prestador de serviço, pouco importando o objeto de sua atividade, mas 
sim a organização dos distintos fatores de produção (capital, mão-de-obra, 
tecnologia, matéria-prima, insumos) visando ao lucro. 
 
 
 
 
 
O quadro a seguir resume esses períodos. 
 
 1O. Período: Subjetivo; classista; corporativista. 
 
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Direito 
Comercial 
2o. Período: Objetivo – regula atos praticados por comerciante e não 
comerciantes, desde que reputados pela lei como mercantis – 
Teoria Mista. 
 3o. Período: Subjetivo-moderno - idéia de empresa e as questões a ela 
relacionadas. 
 
A questão do objeto, presa à noção de ato de comércio, perde a importância 
fundamental do passado e assume função residual, nos casos de atividades 
intelectuais e rurais (NCC, art. 966, § único, art. 971 e 984), antes 
consideradas de caráter civil. Vinculado, secundariamente, a uma 
reminiscência da teoria dos atos de comércio, o NCC preferiu tratar as 
atividades intelectuais como não são empresárias, quando constituem o 
objeto-fim ou principal do negócio. O NCC adotou a mesma linha para os 
rurais (ligados à exploração da terra), estes últimos somente se convertendo 
em empresários se contiverem organização e forem registrados na Junta 
Comercial. Sem qualquer registro ou com registro no cartório do registro civil 
de pessoas jurídicas, os rurais exercem atividade econômicas ou negociais 
simples, sem caráter empresarial, de acordo com o critério geral do NCC. Já 
as atividades intelectuais, de natureza artística, literária ou científica, 
manterão sua natureza não empresária, a menos que essa atividade seja 
empregada nas operações como elementos ou fatores de produção, e não o 
próprio serviço ou bem final entregue ao destinatário ou adquirente. 
 
 
4º DESAFIO (ESAF-2004) 
 
A questão relativa aos atos de comércio e sua 
importância na qualificação das operações negociais 
mercantis, após a unificação do direito obrigacional, 
 
a) Perde relevância uma vez que a figura do comerciante 
desaparece. 
b) Equivale à noção de atos de empresa. 
c) Tem caráter residual em relação às atividades 
econômicas. 
d) Explica-se em face da noção de mercado. 
e) Refere-se a certas operações realizadas em massa. 
 
 
 
Empresário 
 
 
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Por que procuramos saber quem é o empresário e como se configura a 
sociedade empresária? O empresário e a sociedade empresária estão 
submetidos ao regime jurídico empresarial, o qual possui como característica 
principal a sujeição à falência e à recuperação judicial e extrajudicial. 
O uso da expressão empresário se generalizou e muitos gostam, no meio 
social, de ser reconhecidos como tais (empresários do futebol, de artistas, da 
moda, industriais, comerciais e, até, empresários da noite). Mas estamos no 
terreno jurídico e é dentro dessa perspectiva que iremos abordar a 
compreensão do assunto. 
O empresário, tal como definido no art. 966 do NCC, é aquele que exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a criação ou 
circulação de bens ou serviços. Esse dispositivo considera a pessoa física que 
organiza e que assume o risco técnico e econômico de sua atividade, 
enquanto que o art. 982 cuida da pessoa jurídica empresária. 
No requerimento de sua inscrição na Junta Comercial o empresário informará 
(art. 968): 
 
I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime 
de bens; 
II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa; 
III - o capital; 
IV - o objeto e a sede da empresa. 
 
A inscrição será tomada por termo, com as indicações estabelecidas acima, 
no livro próprio, e obedecerá a número de ordem contínuo para todos os 
empresários inscritos. À margem da inscrição, e com as mesmas 
formalidades, serão averbadas quaisquer modificações nela ocorrentes. 
 
Do artigo 966 extraem-se os seguintes requisitos: 
 - exercício em nome próprio 
 - profissionalidade 
 - atividade econômica 
 - organização 
 - criação ou oferta de bens ou serviços 
 - capacidade e ausência de impedimentos 
 
1) Exercício em nome próprio: trata-se da exploração da atividade 
econômica diretamente pela própria pessoa física, e não por intermédio de 
uma sociedade. Não se deve confundir sócio com empresário. O sócio não é 
empresário como também nunca o foi o comerciante. O sócio pode ser um 
 
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investidor ou empreendedor, mas não é empresário, no sentido jurídico do 
termo. Quando a lei de falências proíbe o falido não reabilitado de exercer a 
atividade empresarial refere-se a ser empresário individual, e não a ser sócio 
em sociedades, qualidade que o falido pode ter, se não for investido em 
cargo de administração (Lei 10.101/05, art. 181, inc. I e II). 
O empresário individual registrado na Junta Comercial é pessoa jurídica? Não 
o é. O registro de empresário individual serve apenas para garantir a 
regularidade da sua atividade, mas não alterando nem criando novo sujeito 
de direito, continuando com única personalidade de pessoa natural. Não tem, 
portanto, autonomia jurídica distinta nem duplo patrimônio. Tampouco goza 
de limitação de responsabilidade em relação às dívidas contraídas em sua 
atividade empresarial. A empresa individual constitui a pessoa do empresário 
que em nome próprio exerce as suas atividades econômicas. Ainda que seja 
enquadrado como microempresa, não possui o empresário individualpersonalidade distinta daquela que se reconhece à pessoa natural ou física.14 
A jurisprudência é bastante elucidativa nesse ponto, conforme as decisões 
transcritas abaixo em nota de rodapé. 
No caso de falência do empresário individual, quem vai à falência não é a 
pessoa jurídica, que aqui não existe, mas sim a própria pessoa física. 
Convém insistir: a inabilitação do falido de exercer a atividade empresarial 
(Lei Falências - Lei 11.101/2005 – art. 181, inc. I), limita-se ao empresário 
individual, não impedindo o falido de ser apenas sócio em sociedades. 
Repita-se: sociedade e empresário individual não se confundem. A 
inabilitação decorrente da falência atinge apenas aquele que quer ser 
empresário individual, o qual não é sócio nem mantém sociedade com outra 
pessoa. Sócio, como costumo dizer, até mesmo bebezinho pode ser, desde 
que não exerça a administração. Então, o falido, enquanto não for 
reabilitado, não pode ser empresário individual, nada impedindo, por outro 
lado, que tome parte de sociedade na qualidade de sócio apenas, sem 
exercer o cargo de administrador. 
 
14 “Não é correto atribuir--se ao comerciante individual, personalidade jurídica diferente daquela que se reconhece à 
pessoa física. Os termos «pessoa jurídica», «empresa» e «firma» exprimem conceitos que não podem ser confundidos. 
Se o comerciante em nome individual é advogado, não necessita de procuração, para defender em juízo os interesses da 
empresa, pois estará postulando em causa própria (CPC, art. 254, I).”(STJ, Rec. Esp. 102539, SP, Rel: Min. Humberto 
Gomes de Barros, Julg. em 12/11/96, D.J. 16/12/96). 
“A firma individual é mera ficção jurídica, com o propósito de habilitar a pessoa física a praticar atos de comércio, 
concedendo-lhe em conseqüência algumas vatagens de natureza fiscal. Todavia, daí não se pode extrair a ilação de que há 
bipartição entre a pessoa natural e a firma por ele constituída.” (TJSP, Ap. Cív. 255981-2, Santa Rita do Passa Quatro, 
Rel: Des. Ruy Camilo, Julg. em 15/02/95) 
 
 
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O difícil, talvez seja um paradigma a ser quebrado, é aceitarmos 
definitivamente que o sócio, para efeitos jurídicos (para concursos inclusive), 
não é empresário individual, mas apenas investidor, ainda que coopere 
ativamente para o empreendimento. 
 
5º DESAFIO (TRT-9ª Região)* 
 
Leia com atenção. 
Sobre a constituição por pessoa física de uma empresa 
individual devidamente registrada na Junta Comercial, é 
correto afirmar-se que: 
a) Existem duas personalidades jurídicas distintas: uma, 
a de pessoa física; outra, a de empresário individual. 
b) Os patrimônios da pessoa física e da empresa 
individual são absolutamente separados. 
c) Não tem a empresa individual patrimônio distinto 
daquele do seu titular. 
d) O Direito brasileiro não admite a figura jurídica da 
empresa individual. 
 
* A questão foi adaptada ao novo Código Civil, porque se 
referia originariamente a uma firma individual 
 
2) Profissionalismo: exige-se a permanência, a habitualidade dos atos de 
empresa. Descarta-se o exercício esporádico ou eventual da atividade 
econômica. Perfaz esse requisito a estabilidade nas atividades de caráter 
sazonal, praticadas de acordo com as estações do ano, por exemplo. 
 
3) Atividade econômica: objetiva resultado econômico positivo e dele se 
apropria. O conceito de atividade econômica foi utilizado no NCC para 
distinguir as associações (corporação de pessoas sem fins econômicos - art. 
53 do NCC) das sociedades (corporação de pessoas com fins econômicos - 
art. 981 do NCC). A atividade econômica busca superávits de sua atuação e 
o recolhimento de seus efeitos entre os titulares. Visa ao emprego da 
matéria-prima para aumentar o valor dos bens oferecidos ao mercado com a 
esperança de obter ganhos crescentes. 
4) Organização: importa na combinação dos diversos fatores de produção 
(matéria-prima, mão-de-obra, tecnologia, capital), praticando uma série de 
atos seqüenciados e interligados visando a um fim. Eis aí a nota distintiva 
mais importante, porque todos os demais requisitos podem estar 
presentes em outras atividades e é justamente a presença desse que 
caracteriza a atividade empresarial. Portanto, dê especial ênfase a este 
ponto. A organicidade (é assim mesmo que se escreve), mencionada em 
alguns concursos, significa que as atividades do empresário individual devem 
 
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ser dotadas de organização. Lembre-se do art. 966 do Cód. Civil, que prevê, 
entre os requisitos do empresário, que a atividade seja organizada. Empresa 
é a organização dos fatores de produção. Isto é o que se pode depreender da 
"organicidade". 
A propósito, a título de ilustração, ensina Fábio Ulhoa Coelho15 que em 
muitos casos a ausência de uma estrutura de produção impede a 
configuração de empresa e empresário: 
“Assim, não é empresário quem explora atividade de produção ou circulação 
de bens ou serviços sem alguns desses fatores de produção [mão-de-obra, 
matéria-prima, tecnologia e capital]. O comerciante de perfumes que leva ele 
mesmo, à sacola, os produtos até os locais de trabalho ou residência dos 
potenciais consumidores explora atividade de circulação de bens, fá-lo com 
intuito de lucro, habitualidade e em nome próprio, mas não é empresário, 
porque em seu mister não contrata empregado, não organiza mão-de-obra. 
O feirante que desenvolve seu negócio valendo-se apenas das forças de seu 
próprio trabalho e de familiares (esposa, filhos, irmãos) e alguns poucos 
empregados, também não é empresário porque não organiza uma unidade 
impessoal de desenvolvimento de atividade econômica. O técnico em 
informática que instala programas e provê a manutenção de hardware 
atendendo aos clientes em seus próprios escritórios ou casa, o professor de 
inglês que traduz documentos para o português contratado por alguns alunos 
ou conhecidos deste, a massagista que atende a domicílio e milhares de 
outros prestadores de serviço – que, de telefone celular em punho, rodam a 
cidade – não podem ser considerados empresários, embora desenvolvam 
atividade econômica. Eles não são empresários porque não desenvolvem 
suas atividades empresarialmente, não o fazem mediante a organização dos 
fatores de produção.” 
Repare muito bem: todas as atividades acima são de caráter econômico, mas 
não são empresárias, justamente por não apresentarem organicidade. 
Mesmo contando com organização, o NCC estabelece que as cooperativas 
são sociedades simples, não ostentando legalmente natureza empresária 
(art. 982, § único). As cooperativas, dentro disso, não se submetem à 
falência nem à recuperação (art. 1º da Lei 11.101/05), que se aplicam 
exclusivamente ao empresário individual e às sociedades empresárias. 
 
 
 
6º DESAFIO (ESAF-1998) 
 
 
15 Comentários à nova lei de falências e de recuperação das empresas. São Paulo: Saraiva. 2005, pp. 12 e 13. 
 
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O conceito de empresário contém a idéia de ser aquele 
que: 
 
a) Dirige o negócio. 
b) É o titular do negócio. 
c) Organiza a produção e a distribuição da riqueza. 
d) Mantém atividade com recursos próprios. 
e) Exerce o comércio. 
 
 
 
5) Produção ou circulação: é a idéia de fabricação ou intermediação na 
fabricação de mercadorias ou na prestação de serviços voltados à satisfação 
das necessidades do mercado. O objeto tanto poderá corresponder àquilo 
que se considerava mercantil como civil. A questão do objeto perde a 
relevância do passado e adquire caráter meramente residual, nos casos de 
atividades intelectuais e rurais (NCC, art. 966, § único, art. 971e art. 984).Ainda por um resquício da teoria dos atos de comércio, o NCC preferiu 
considerar que as atividades intelectuais não são empresárias, quando 
constituem o objeto- fim ou principal do negócio. O NCC adotou a mesma 
linha para os rurais (ligados a exploração da terra, o que era considerado de 
natureza civil), os quais somente se convertem em empresários se 
registrados na Junta Comercial. Sem qualquer registro ou com registro no 
cartório do registro civil de pessoas jurídicas, os rurais exercem atividade 
econômicas simples, sem caráter empresarial, de acordo com o critério geral 
do NCC. 
 
6) Capacidade e ausência de impedimentos: o art. 972 requer a capacidade 
civil plena, nos casos previstos no Código Civil (art. 5º do NCC), e que o 
empresário individual, não o mero sócio, não esteja impedido por seu ofício 
ou status profissional, como acontece com os servidores públicos, 
magistrados, membros do Ministério Público etc. Se violada a proibição de 
exercer a atividade empresarial em nome próprio, como empresário 
individual, a transgressão da regra não obsta que o infrator responda pelas 
obrigações assumidas (art. 973 do NCC), até porque ninguém pode invocar a 
própria malícia ou torpeza para fugir ao cumprimento de deveres jurídicos. 
Nada obsta que o impedido de ser empresário individual possa figurar como 
sócio em sociedades. Novamente se enfatiza que não pode é ser 
administrador, mas as qualidades de sócio e administrador não se 
confundem. Podem ser dissociadas e independentes (veja o art. 1.061 do 
NCC). 
O menor de 18 anos, emancipado por um das hipóteses do parágrafo único 
do art. 5º do NCC, pode ser empresário ? Particularmente, penso que não, 
 
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pois passaria a ser empresário sem o temor de responder por crime 
falimentar, uma vez que a repressão criminal se inclui no regime falimentar e 
a maioridade penal é atingida somente aos 18 anos (CR/88, art. 228). Nem 
se diga que estaria então sujeito às medidas sócio-disciplinares do ECA 
(Estatuto da Criança e do Adolescente), tendo em vista que os fundamentos, 
natureza, finalidades, conseqüências e prazos dessas imposições são 
inteiramente distintas das sanções penais propriamente ditas. Diz-se que no 
crime o Estado exerce sua pretensão punitiva e nos atos infracionais (é 
assim que se escreve) do ECA, a pretensão educativa. Entretanto, na III 
Jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de Estudos Judiciários do 
Conselho da Justiça Federal, a comissão temática de Direito de Empresa 
aprovou o enunciado nº 197, concluindo pela tese afirmativa. Confira a 
redação da primeira parte do referido enunciado: “197 – Arts. 966, 967 e 
972: A pessoa natural, maior de 16 e menor de 18 anos, é reputada 
empresário regular se satisfizer os requisitos dos arts. 966 e 967.” 
A capacidade é necessária para iniciar a atividade empresária individual, mas 
pode o incapaz prosseguir na empresa individual que receba de herança 
herdou da qual já era titular antes de sofrer um processo de interdição que 
culminou com a sua incapacidade. Por outras palavras, como deixa certo o 
enunciado 203 da III Jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de 
Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal: “Art. 974: O exercício da 
empresa por empresário incapaz, representado ou assistido somente é 
possível nos casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do 
sucessor na sucessão por morte”. A prova da emancipação obtida pelo 
menor, nos termos do art. 5º, § único, do NCC, e da autorização judicial, e 
sua eventual revogação, para prosseguir com a empresa individual serão 
inscritas no Registro Público das Empresas Mercantis, a cargo das Juntas 
Comerciais, além, é claro do registro efetuado no cartório do registro das 
pessoas naturais (arts. 976 e 9º, inc. II, do NCC). 
Não propriamente sobre capacidade genérica, mas sobre legitimação, que é 
uma capacidade especial, chamada de extrínseca, em contraposição à 
primeira, que é intrínseca, exigida para a prática de certos atos e em função 
do estado (individual, nacional, familiar) do agente, o NCC traça regras 
bastante inovadoras, examinadas a seguir. 
O empresário individual casado que em nome próprio explora a atividade 
econômica pode atuar sem necessidade de outorga (autorização) do cônjuge, 
qualquer que seja o regime de bens, podendo alienar ou gravar os bens que 
ele destinou para o exercício da empresa (art. 978 do NCC). 
Já com relação a ser sócio, pelo art. 977 os casados não podem celebrar 
sociedade entre si e com terceiros, se o regime for da comunhão total ou da 
separação legal obrigatória. A questão aí pertence ao direito de família, para 
não haver fraude ao regime de bens, no caso da separação obrigatória, nem 
confusão patrimonial, na hipótese de comunhão universal. De qualquer 
 
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modo, o problema somente atinge as sociedades constituídas após o NCC, 
uma vez que as anteriores estão protegidas pelo direito adquirido, conforme 
amplo entendimento doutrinário. Prova disso é o PARECER JURÍDICO 
DNRC/COJUR Nº 125/03, do Departamento Nacional do Registro do 
Comércio, datado de 04.08.2003: “essa proibição não atinge as sociedades 
entre cônjuges já constituídas quando da entrada em vigor do Código, 
alcançando, tão somente, as que viessem a ser constituídas posteriormente”. 
E o registro na Junta Comercial, determinado no art. 967 do NCC, é 
declaratório ou constitutivo da qualidade de empresário? Esse 
questionamento foi feito em um concurso para o Ministério Público de São 
Paulo. A resposta é: declaratório. O registro para efeito de personificação, 
isto é, para criar pessoa jurídica (arts. 45 e 985 do NCC), adquirindo 
personalidade jurídica segregada de seus membros, é de natureza 
constitutiva. Agora, para aferir a qualidade de empresário o registro é 
meramente declaratório. O registro serve para determinar a regularidade do 
empresário; daí se sabe se ele é ou não regular, para obter as vantagens 
dessa qualidade. Logo, a qualidade de empresário advém da prática da 
atividade empresarial com os requisitos do citado art. 966 do NCC, e não do 
registro, apesar de a lei determinar a sua obrigatoriedade antes do início das 
atividades. O empresário sem registro, não obstante ser considerado 
empresário, não poderá ingressar em juízo com o pedido de recuperação 
judicial nem requerer a homologação da recuperação extrajudicial (Lei 
Falências - Lei 11.101/2005, arts. 48 e 161). Como já discutimos, não existe 
empresário rural pessoa física irregular, porque a qualidade de empresário, 
especificamente quanto ao rural, advém do registro e antes disso ele exerce 
atividade econômica simples (art. 971 do NCC). 
Uma vez mais se invoca a autoridade dos enunciados 198 e 199 da III 
Jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de Estudos Judiciários do 
Conselho da Justiça Federal: 
198 - Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito 
para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal 
providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, 
sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo 
naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de 
expressa disposição em contrário. 
199 – Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária é 
requisito delineador de sua regularidade, e não da sua caracterização. 
O NCC cria uma diferença com relação ao produtor rural, que tem a opção de 
ser ou não empresário. Mas se houver optado por ser empresário poderá 
registrar-se na junta Comercial (art. 971, NCC). Logo, vamos insistir, em 
relação ao empresário rural o registro é constitutivo e não existe empresário 
rural pessoa física irregular. 
 
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Outra vez se recorre à credibilidade reconhecida aos citados enunciados: 
202 – Arts. 971 e 984: O registro do empresário ou sociedade rural na Junta 
Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime 
jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade 
rural que não exercer tal opção. 
A qualificação de empresário, uma vez preenchidos os requisitos apontados, 
atrai a incidência do regime jurídico empresarial. Significa esse regime estar 
sujeito a um sistema de registro próprio (Junta Comercial - NCC, art. 1.150), 
ao processo de execução coletiva caracterizado pela falência e pela 
recuperação (NCC, art. 1.087 combinado com o art. 1044; e Lei 
10.101/2005, art. 1º) e a uma contabilidade formal (NCC, art. 1.179). 
 
 
 
 
7º DESAFIO (TRT-1ª Região-2003) 
 
Aponte abaixo o texto afirmativo correto: 
 
a) Independentemente de seu objeto, consideram-se 
empresárias a sociedade simples e as cooperativas. 
b) O empresário casado precisa da outorga uxória para 
alienar imóvel que integre o patrimônio da empresa, 
salvo se casado pelo regime da comunhão parcial de 
bens. 
c) O sócio ostensivo da Sociedade em Conta de 
Participação não pode jamais admitir novos sócios [a 
matéria contida nessa opção ainda não foi estudada, mas está expressa 
em termos equivocados, o contrariar o art. 995 do NCC]. 
d) É facultado aos cônjuges contratarem sociedade entre 
si, ou com terceiros, desde que o regime da sociedade 
conjugal não seja o da comunhão universal ou o da 
separação obrigatória de bens. 
e) A maioridade civil é atualmente alcançada aos 18 
(dezoito) anos, todavia, com esta idade, a autorização 
paterna ou equivalente, é imprescindível para que seja 
exercido o direito de ação perante o poder público. [o 
tema aqui combina Direito Civil e Processual Civil, extravasando o 
âmbito do Direito Comercial] 
 
 
 
 
8º DESAFIO (Juiz de Direito – PR - 2006) 
 
Para o novo Código Civil, empresário é: 
a) aquele que exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de 
bens ou serviços; 
 
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b) a personalidade física; 
c) o conjunto de bens utilizados pelo empresário no 
exercício de atividade econômica organizada de 
fornecimento de bens ou serviços; 
d) o exercício de atividade econômica organizada de 
fornecimento de bens ou serviços. 
 
Colaboradores ou Auxiliares dos Empresários 
 
Os agentes colaboradores não são empresários, mas sim prepostos, uma vez 
que prestam suas atividades por conta alheia, não possuindo o risco do 
negócio. Praticam, então, atos em nome e no interesse do empresário. Esses 
atos, embora praticados pelos prepostos (agentes colaboradores) são 
imputáveis à própria atuação do empresário. Ou seja, quando os gerentes, 
vendedores, contabilistas estão agindo, não mediante assunção de risco 
próprio, mas do exercício de uma atividade cujo risco recaia sobre o 
empresário, essas atividades são, na realidade, do próprio empresário e não 
dos agentes, que prestam serviços em seu favor. Os prepostos formam o 
perfil corporativo ou hierárquico da empresa, segundo Asquini. Lembra-se do 
que já discorremos nesta aula? 
Com o NCC, a expressão “gerente” (art. 1.172) passa a ter outro significado, 
indicando o empregado ou preposto de maior qualificação responsável pelo 
estabelecimento. É o gerente do supermercado, da agência bancária, do 
posto de gasolina e tantos outros que nós conhecemos e identificamos. Na 
linguagem do Código, portanto, o gerente exerce uma função dependente 
dos órgãos destinados a formar e expressar a vontade de uma sociedade no 
mundo jurídico, a qual é gerida pela nova figura do “administrador” (arts. 47, 
1.011, 1.022, 1.061). Ainda que o gerente eventualmente seja sócio, na 
condição de gerente estará sob a direção e sujeito às ordens dadas pelos 
administradores e deliberações coletivas dos sócios, quando decidem em 
assembléia ou reunião os assuntos relevantes da sociedade. O gerente é 
preposto, um terceiro que age sob a delegação do empresário individual e da 
sociedade empresária, enquanto o administrador presenta (é assim que se 
escreve, segundo as lições de Pontes de Miranda) ou integra a pessoa 
jurídica, constituindo um órgão seu. 
O Código Comercial exigia uma carta de preposto para aqueles que 
praticavam atos em nome do comerciante. Só que com a velocidade das 
operações, que se processam rapidamente por meios eletrônicos, não tem 
mais sentido que para todo e qualquer ato se tenha uma carta de preposto. 
Assentou-se, então, por força da teoria da aparência, que a pessoa estaria 
habilitada a agir em nome do antigo comerciante. Contudo, o NCC no seu 
art. 1.169 parece restabelecer a antiga exigência do Código Comercial. 
 
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O art. 1.169, do NCC é, portanto, um retrocesso e fere a teoria da aparência. 
A princípio, este artigo excluiria a responsabilidade empresária pelos atos do 
preposto não autorizado por escrito (um representante sem habilitação). Mas 
isso arreda a teoria da aparência ou a relega para um plano secundário. A 
teoria da aparência está muito ligada à boa-fé e tutela, protege, a confiança 
objetiva da generalidade das pessoas, uma situação normal do dia-a-dia que 
não contraria a normalidade das coisas que se sucedem na vida social. 
O art. 1.174, do NCC também coloca em perigo a teoria da aparência, bem 
como o art. 47, NCC. Até o advento do NCC, era pacífico que a limitação de 
poderes não podia ser imposta ao terceiro de boa-fé, mesmo que registrada 
na Junta Comercial. O NCC, argumentando a contrário sensu, torna oponível 
a esse terceiro, em detrimento do prestígio alcançado pela teoria da 
aparência. 
Mas a teoria da aparência já existia na doutrina e na jurisprudência antes do 
NCC e o seu advento não pode representar atraso, uma vez que o Direito 
caminha para a sua evolução, o seu progresso e aperfeiçoamento. Pense nas 
inúmeras contratações feitas pela Internet. Você já viu a carta de preposto 
da pessoa com quem negociou ? Certamente que não e passar a exigir essa 
carta em todos os atos e negócios é praticamente impossível. Deve o 
empresário se responsabilizar pelos prepostos que contratar, pelas pessoas 
que indicar, com direito a obter deles o ressarcimento pelos excessos 
cometidos. A não ser assim, o risco e o ônus dos maus prepostos seriam 
transferidos para consumidores e pessoas que, de boa-fé, confiaram em 
quem estava contratando pelos empresários. 
Agentes Internos: aqueles que possuem um vínculo de dependência, como 
gerentes, contabilistas e outros auxiliares. O antigo sócio-gerente passou a 
denominar-se “administrador” (NCC, arts. 1.011 e 1.061), reservando-se o 
vocábulo “gerente” para o preposto de maior qualificação e responsabilidade 
que exerce permanentemente as suas funções, na sede da empresa, em 
sucursal, filial ou agência (NCC, art. 1.177). Os prepostos precisam ter muito 
cuidado e atenção em relação aos seus atos. No desempenho se suas 
funções, os prepostos respondem perante o preponente ou empregador 
pelos danos resultantes de atos culposos que tiverem praticado. Mas já 
quanto aos danos provocados a terceiros (clientes, por exemplo), 
responderão solidariamente com empresário preponente pelos atos dolosos 
(intencionais), nos termos do § único do art. 1.177 do NCC. 
 
 
Agentes Externos: não possuem uma subordinação jurídica ao empresário 
preponente. São representantes comerciais (Lei nº 4.886/65), leiloeiros, 
tradutores juramentados, justamente aqueles que vinham também 
enumerados no art. 35 do Cód. Comercial. A Lei que regula o Registro 
 
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Público de Empresas Mercantis prevê que esses agentes deverão ter 
matrícula na JuntaComercial (Lei nº 8.934/94, art. 32, inc. I). 
 
Atividades Econômicas não Empresárias 
 
Quando se fala em atividade econômica deve se ter em mente que é aquela 
que visa à partilha de resultados, visa a um ganho, lucro ou superávit que 
será partilhado entre sócios ou titulares. Lembre-se de que quando o novo 
Código fala em associação, no art. 53, ressalta que é sem fins econômicos, e 
quando trata das sociedades, no art. 981, diz que é com fins econômicos. 
Então, o que é esse fim econômico? É a repartição ou apropriação dos 
resultados do negócio. 
Há, portanto, atividades econômicas ou negociais de natureza simples, que 
não se qualificam como empresárias, embora também objetivem lucro. 
Primeiro, as sociedades simples (NCC, art. 982, caput, parte final), que são 
aquelas que não reúnem de forma qualificada o capital, a matéria prima, 
tecnologia e mão-de-obra, estando calcadas na pessoalidade da figura de 
seus sócios, com poucos empregados ou nenhum, sem uma estrutura, em 
que não haja uma unidade organizada e dirigida. Essas sociedades, que são 
constituídas pelos próprios sócios para exercerem eles mesmos o núcleo das 
atividades operacionais, são de natureza simples. O ex-Ministro da Justiça e 
da Educação do Governo Vargas, Francisco Campos (apelidado de Chico 
Ciência, por sua extrema inteligência e conhecimento) salientou na década 
de 70 que nos pequenos negócios em que predomina a pessoa do titular ou 
sócio “(...) não se vê a figura abstrata da empresa, a organização técnica, a 
despersonalização da atividade econômica, que é um elemento fundamental 
ou essencial ao conceito de empresa”.16 
Em seguida temos as firmas individuais simples, que é a mesma firma que o 
Cartório do Registro Civil de Pessoas Jurídicas já registrava. A firma 
individual é aquela do sujeito que está estabelecido e que não é 
necessariamente um autônomo. Por exemplo, uma pessoa física sozinha, 
sem sociedade com quem quer que seja, e mantém ou explora uma creche. 
Configura o que a legislação do Imposto de Renda chama de “venda de 
serviços”. É alguém que está estabelecido, como um barbeiro, que sozinho, 
sem outros sócios nem empregados, tem uma barbearia, uma papelaria. 
Existe um negócio estabelecido sem sociedade e sem a organização típica 
que se exige para a definição de empresa. 
 
16 (apud Rubens Requião, Curso de Direito Comercial, vol. 1, 16ª ed., Saraiva, p. 55) 
 
 
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A firma individual não possui previsão expressa, esse é um problema com 
que se tem defrontado, gerando dúvidas. A ela se chega por analogia. Se 
existe a figura do empresário individual, para aquele que sem ter sociedade 
se registra na junta comercial como empresário, como a antiga firma, então 
se a pessoa física estabelecida exerce a atividade econômica, presta serviço 
sem a estrutura empresarial, por analogia será firma individual simples. A 
Corregedoria de Justiça do Rio de Janeiro já admitiu essa criação da figura 
firma individual, possibilitando o seu registro no cartório do registro civil das 
pessoas jurídicas. 
Em terceiro lugar, aparecem os profissionais liberais que prestam serviços de 
natureza predominantemente intelectual, de natureza artística, literária ou 
científica. É também uma atividade econômica de natureza simples e, 
portanto, registrada no cartório do registro civil de pessoas jurídicas (NCC, 
art. 1.150). A pergunta que se deve fazer é se para o exercício do objeto 
social de cunho científico se exige a formação técnica ou superior. Se a 
resposta for afirmativa, então será de natureza intelectual. 
Mesmo que tenham uma estrutura de porte elevado como, por exemplo, as 
mais conhecidas empresas de auditoria e os grandes escritórios de 
advocacia, deverão ser registrados no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, 
porque o exercício da atividade é intelectual. Ocorre a predominância do 
trabalho intelectual e o Código Civil, no art. 966, § único, quer dizer que toda 
vez que a intelectualidade estiver situada na atividade-fim isso afasta a 
empresarialidade e irá caracterizar a atividade como de natureza simples. A 
intelectualidade somente se converteria em elemento de empresa, 
permitindo a natureza empresarial, quando representasse um mero 
componente na organização dos fatores de produção e não o produto ou 
serviço final em si oferecido ao mercado. 
Para boa compreensão do assunto, considera-se relevante transcrever o 
seguinte pensamento do professor Sylvio Marcondes, com a autoridade de 
redator do Livro II da Parte Especial do Anteprojeto Código Civil de 2002, 
que culminou no Direito de Empresa:17 
Dessa ampla conceituação [de empresário] exclui, entretanto, quem exerce 
profissão intelectual, mesmo com o concurso de auxiliares ou colaboradores, 
por entender que, não obstante produzir serviços, como fazem os chamados 
profissionais liberais, ou bens, como o fazem os artistas, o esforço criador se 
implanta na própria mente do autor, de onde resultam, exclusiva e 
diretamente, o bem ou serviço, sem interferência exterior de fatores de 
produção, cuja eventual ocorrência é, dada a natureza do objeto alcançado, 
meramente acidental. Portanto, não podem – embora sejam profissionais e 
produzam bens ou serviços – ser considerados empresários. 
 
17 Problemas de direito mercantil, Max Limonad, 1970, p. 141 
 
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No mesmo sentido, o professor Arnoldo Wald, catedrático de Direito da UERJ, 
em parecer de 30.10.04, assim explica a descaracterização de empresa no 
exercício da atividade de natureza intelectual: 
Com efeito, a produção derivada da atividade de natureza técnica é 
intrinsecamente ligada à própria pessoa do técnico, decorrente do seu 
conhecimento e de sua capacidade técnica e, como tal, independe da 
existência de estrutura organizada para dar suporte ao exercício da atividade 
que desempenha. 
Para não fugir ao recurso argumentativo utilizado nesta aula, proclamam os 
Enunciado 193, 194 e 195 da III Jornada de Direito Civil promovida pelo 
Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal: 
193 – Art. 966: O exercício das atividades de natureza exclusivamente 
intelectual está excluído do conceito de empresa. 
194 – Art. 966: Os profissionais liberais não são considerados empresários, 
salvo se a organização dos fatores da produção for mais importante que a 
atividade pessoal desenvolvida. 
195 – Art. 966: A expressão “elemento de empresa” demanda interpretação 
econômica, devendo ser analisada sob a égide da absorção da atividade 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, como um dos fatores 
da organização empresarial. 
 
9º DESAFIO (ESAF-2002) 
Com a entrada em vigor do Novo Código Civil (Lei nº 
10.406/2001), o exercício de atividade intelectual será 
considerado empresarial desde que tenha elemento(s) da 
empresa que é (são): 
a) Economicidade e profissionalidade da atividade. 
b) Atividade voltada para o mercado. 
c) Continuidade da prática de atos de intermediação. 
d) Atividade em que o risco é inerente à busca de 
resultados. 
e) Organicidade das operações. 
 
 
Depois temos o rural não optante pela Junta Comercial, ou seja, aquele que 
monta uma sociedade dedicada às atividades agropecuárias. De acordo com 
os arts. 971 e 984 do NCC, o regime do rural depende do órgão onde 
escolheu fazer o registro. Se optar pelo registro no cartório das pessoas 
jurídicas terá natureza simples. Se o fizer na Junta Comercial então será, a 
partir do registro, empresário. 
Quem decide não é a lei. É uma opção própria dos sócios que queiram 
constituir uma sociedade para atuar nesse ramo de negócios. Se quiserem 
 
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