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Plano De Aula 9 - Especificidades do Jornalismo Político

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Prévia do material em texto

Plano	de	Aula:	Jornalismo	Político
JORNALISMO	ESPECIALIZADO	-	CCA0798
Título
Jornalismo	Político
Número	de	Aulas	por	Semana
Número	de	Semana	de	Aula
9
Tema
Especificidades	do	Jornalismo	Político
Objetivos
Gerais
Conhecer	a	evolução	do	jornalismo	político	no	Brasil
Compreender	os	aspectos	éticos	envolvidos	no	exercício	do	jornalismo	político
Específicos
Identificar	os	diferentes	momentos	históricos	do	jornalismo	político	no	país
Analisar	a	complexidade	da	relação	com	a	fonte	nos	espaços	de	poder
Justificar	a	necessidade	de	conhecimentos	de	história	e	ciência	política
Identificar	os	espaços	de	atuação	profissional	do	jornalista	político
Estrutura	do	Conteúdo
HISTÓRICO
Antes	do	jornalismo	profissional	moderno,	a	imprensa	em	geral	era	partidária	e
ideológica,	identificada.	Isso	porque	a	publicação	de	periódicos,	já	nos
primórdios	da	imprensa,	passou	a	ser	controlada	pelos	governantes,	através
de	sistemas	de	concessão,	o	que	significava	que	licenças	para	publicação
eram	concedidas	aos	partidários	dos	monarcas.	Esse	jornalismo	vigorou
também	no	Brasil,	onde	até	1808	tipografias	eram	proibidas	de	existir	pela
metrópole	portuguesa.
Nesse	ano,	em	que	a	família	real	se	instala	na	colônia	em	função	do	avanço	de
Napoleão	Bonaparte	na	Europa,	foi	lançada	a	Gazeta	do	Rio	de	Janeiro,	jornal
oficial	da	Corte	de	D.	João	VI,	rodado	na	Imprensa	Régia,	detentora	do
monopólio	de	impressão	na	colônia.	Havia	publicações	contra	a	corrente,	como
o	Correio	Braziliense,	oposicionista	editada	pelo	jornalista	Hipólito	José	da
Costa.	Não	se	pode	ignorar	a	agitação	política	do	período,	com	diversos
movimentos	político-ideológicos,	como	guerras,	revoltas	e	revoluções,	que
mobilizam	especialmente	as	elites	que	constituíam	até	então	a	minoria	leitora
de	jornais,	numa	época	anterior	à	universalização	da	educação.	Nesse	cenário,
os	jornais	são	verdadeiras	tribunas	políticas,	em	que	artigos	de	opinião
sobrepõem-se	às	notícias.
A	situação	começa	a	mudar	ainda	no	século	XIX,	principalmente	nos	Estados
Unidos,	com	a	urbanização	das	cidades	e	a	alfabetização,	que	criarão	um	novo
público	para	os	jornais,	e	o	avanço	tecnológico	da	imprensa,	com
equipamentos	como	a	rotativa	e	a	linotipia,	que	aumentarão	a	tiragem	dos
jornais	e	reduzirão	os	custos	de	sua	produção,	tornando	a	publicação	mais
acessível.	Tem-se	então	um	processo	inicial	de	profissionalização	do	jornalismo,
com	a	adoção	de	novas	técnicas	jornalísticas,	como	a	entrevista,	e	um
conteúdo	mais	noticioso.	No	Brasil,	aquele	jornalismo	opinativo	e	partidário
perdura	ainda	até	pelo	menos	a	década	de	50,	especialmente	na	cobertura
política.
Segundo	Franklin	Martins:	Até	algumas	décadas	atrás,	os	jornais,	em	sua
maioria,	tinham	um	caráter	quase	partidário.	E	dirigiam-se	também	a	um	leitor
razoavelmente	partidarizado.	Para	um	e	para	outro,	a	opinião	era	tão	ou	mais
importante	que	a	notícia.	O	leitor	comprava	o	jornal	esperando	encontrar	uma
cobertura	afinada	com	seu	viés	político	ou,	pelo	menos,	não	muito	distante
dele.	Já	o	jornal	buscava	cativar	o	leitor	atendendo	a	essa	expectativa.
(MARTINS,	17)
Nessas	ocasiões,	jornais	influentes	como	O	Globo,	O	Estado	de	S.	Paulo,	Jornal
do	Brasil,	e	os	hoje	extintos	Correio	da	Manhã	e	Diário	Carioca,	entre	outros,
passavam	ao	largo	de	um	tratamento	imparcial	na	cobertura	jornalística	da
campanha,	quando	não	eram	francamente	engajados.	Em	seu	livro	Jornalismo
Político,	Franklin	Martins	mostra	como	os	jornais	entraram	em	campanha	nas
eleições	presidenciais	de	1950,	polarizada	entre	Getúlio	Vargas	e	o	brigadeiro
Eduardo	Gomes.	A	maioria	torcia	abertamente	pelo	brigadeiro:	?Velada	ou
ostensivamente,	todos	tinham	candidato	e	queriam	derrotar	Getúlio,	o	que
ficava	claro	em	suas	páginas,	inclusive	na	cobertura	noticiosa	(MARTINS,	15).
Vivia-se	então	um	período	democrático	e	pluripartidário,	pós-Revolução	de	30,
que	deu	início	à	chamada	Era	Vargas	(período	em	que	Getúlio	governou
ditatorialmente	o	país	por	15	anos,	entre	30	e	45)	e	pré-Golpe	de	64,	que
instaurou	a	ditadura	militar	e	silenciou	a	imprensa	e	os	partidos.	Naquela
época,	havia	no	Brasil,	no	eixo	RJ-SP,	uma	multiplicidade	de	jornais	importantes,
todos	eles	mais	ou	menos	politicamente	engajados.	Falando	sobre	a	imprensa
carioca	entre	as	décadas	de	50	e	60,	Franklin	Martins	mapeia	as	posições	dos
jornais	no	espectro	político	nacional:
O	JB	e	o	Correio	[da	Manhã]	eram	tidos	como	liberais,	situados	no	centro	do
espectro	político.	O	Globo	era	mais	conservador.	O	Diário	Carioca	e	o	Diário	de
Notícias	eram	próximos	da	UDN	[partido	político	União	Democrática	Nacional],
mas	tomaram	distância	de	sua	ala	mais	reacionária,	o	lacerdismo.	A	Tribuna	de
Imprensa	pertencia	ao	próprio	Carlos	Lacerda	e	era	furiosamente	antigetulista
e,	depois,	antijuscelinista.	Já	a	Última	Hora	era	trabalhista,	quase	de	esquerda.
A	Imprensa	Popular	era	vinculada	ao	Partido	Comunista,	embora	o	PCB
estivesse	na	ilegalidade.	O	Dia,	A	Notícia	e	a	Luta	Democrática	eram	jornais
populares,	os	dois	primeiros	ligados	a	Adhemar	de	Barros	e,	depois,	a	Chagas
Freitas,	do	PSP,	o	último	ao	udenista	Tenório	Cavalcanti.	(MARTINS,	17).
Não	é	possivel	comparar	esse	comportamento	da	imprensa	brasileira	na
primeira	metade	do	século	XX	com	o	tipo	de	explicitação	de	apoio	político
praticado	hoje	pela	imprensa	estrangeira,	principalmente	americana,	em
decisões	eleitorais.	De	um	lado	tem-se	uma	militância	quase	panfletária,
expressa	em	manchetes,	chamadas,	fotos	e	charges	e	no	tom	geral	da
cobertura.	De	outro,	uma	postura	empresarial	que	declara	apoio	a
determinado	candidato,	mas	cujo	engajamento	se	restringe	às	páginas
editoriais	(opinativas),	não	comprometendo	a	isenção	da	cobertura	jornalística
da	campanha.
O	quadro	geral	da	imprensa	no	Brasil	começou	a	mudar	no	final	da	década	de
50,	quando	as	redações	dos	jornais	se	profissionalizam	e	se	modernizam,
assumindo	caráter	mais	empresarial.	Reformas	gráficas	e	adoção	de	novas
técnicas	de	apuração	e	redação,	com	a	introdução	do	lead	e	da	pirâmide
invertida,	importados	do	jornalismo	objetivo	formatado	nos	Estados	Unidos,
impõem	um	tratamento	pretensamente	imparcial	à	informação,	que	se
distingue	claramente	da	opinião.	O	texto	perde	o	tom	panfletário	e	doutrinário,
muitas	vezes	virulento	e	apaixonado,	que	marcava	a	imprensa	partidária,
ganhando	em	clareza,	imparcialidade	e	objetividade.	A	modernização	da
imprensa	se	seguiu	mais	tarde,	porém,	um	período	de	perdas	para	o
jornalismo	político,	em	função	da	censura	imposta	à	imprensa	no	período	da
ditadura	militar	(1964-1985).	A	cobertura	política	foi	uma	das	mais
prejudicadas,	uma	vez	que	não	desfrutava	de	liberdade	para	publicar	temas
incômodos	ao	regime.
Contudo,	o	jornalismo	brasileiro	mudou	radicalmente	e,	no	processo	de
modernização,	muitos	daqueles	jornais	partidários	desapareceram	por	não
conseguirem	se	sustentar	diante	da	elevação	dos	custos	de	operação	de	uma
redação	moderna.	Os	grandes	jornais	que	sobreviveram	atingiram	uma	tiragem
impensável	para	os	veículos	do	passado,	alcançando	um	público	amplo	e
plural,	não	partidarizado.	Segundo	Franklin	Martins:
Essa	mudança	de	estratégia	teve	enorme	impacto	na	alma	e	na	cara	dos
jornais.	Na	alma:	eles	tiveram	de	deixar	claro	para	o	leitor	que	vendem
informação,	e	não	opinião	embrulhada	em	notícia.	Daí	a	necessidade	de
isenção	na	cobertura	jornalística,	ou	pelo	menos	da	busca	da	isenção.	Na
cara:	os	jornais	passaram	a	cobrir	áreas	que	antes	eram	desprezadas,	criando
editorias	ou	cadernos	voltados	para	segmentos	específicos,	como
entretenimento,	cultural,	mulheres,	jovens,	crianças,	carro,	trabalho,	turismo,
informática	etc.	(MARTINS,	19).
O	noticiário	político	já	não	pode	se	limitar	à	mera	reprodução	dos	fatos	e	às
declarações	dos	políticos	e	autoridades.	Mas	não	se	trata	de	reabilitar	a
opinião	do	passado.	Esta,	entretanto,	está	encontrando	um	espaço	propício
na	internet,	graças	às	suas	possibilidades	de	segmentação,	que	se	abre	para
uma	imprensa	especializada	e,	inclusive,	partidarizada.	No	entanto,	deve-se
ressaltar	a	função	social	do	jornalismo,	com	abertura	ideológica	ounão.
Jornalismo	demanda	apuração	e	ética	técnica.
O	PODER
O	jornalismo	político	é	um	dos	mais	desafiadores	para	o	repórter.	É	o	território
do	poder,	disputado	avidamente	por	grupos	conflitantes,	em	que	se	travam
batalhas	de	influência	e	jogos	de	interesses	cujos	prêmios	são	cargos,
indicações,	mandatos,	poder	e	influência.	Nesse	meio	de	ambições	e	vaidades,
a	informação	é	moeda	de	troca	e	vale	ouro	para	todos	os	envolvidos	e	mais
ainda	para	o	jornalista.
Área	em	que	se	transita	constantemente	entre	declarações	oficiais	e
bastidores	dos	centros	de	decisão,	exige	conhecimento,	perspicácia,
sensibilidade	e	habilidade	do	jornalista	para	garimpar	informação	genuína,	e
não	especulação,	boato,	manipulação	ou	contra-informação.	Na	política,	todos
estão	interessados	em	alcançar	e	se	manter	no	poder.	Esse	é	o	espaço	das
articulações,	das	negociações,	das	artimanhas,	manobras	e	estratégias.	O
jornalista	político	deve	saber	transitar	nesse	meio	com	independência,	ética	e
responsabilidade,	consciente	de	que	seu	compromisso	é	com	a	sociedade.
O	jornalista	político	deve	acompanhar	de	perto	a	atuação	dos	dirigentes
políticos	nas	instâncias	legislativa,	executiva	e	judiciária.	Isso	significa	cobrir	as
sessões	nas	Câmaras	Municipais,	nas	Assembleias	Legislativas	e	na	Câmara	e
no	Senado,	além	de	monitorar	as	ações	de	prefeitos	e	secretários,	de
governadores	e	suas	equipes,	do	presidente	e	de	seu	ministério.	É	preciso
ainda	acompanhar	as	movimentações	dos	partidos	e	os	trabalhos	dos
tribunais	eleitorais	e	de	justiça.	No	entanto,	a	política	se	faz	principalmente
nos	bastidores,	e	esses	não	estão	sempre	acessíveis	ao	jornalista	que,
entretanto,	pode	vir	a	saber	o	que	se	passou	em	reuniões	fechadas,
encontros	reservados	e	outras	instâncias	sigilosas	através	de	fontes	que
participaram	desses	eventos,	na	verdade,	é	a	versão	que	interessa	a	um
político	ou	grupo	político.
Circulando	nos	centros	de	poder,	o	jornalista	político	desfruta	de	acesso
privilegiado	a	lideranças	e	governantes,	parlamentares,	ministros	e	até	ao
presidente.	É	importante	manter	esse	canal	aberto	com	o	poder,	mas,	no
jornalismo	político	a	relação	com	a	fonte	é	ainda	mais	complexa	que	em	outras
editorias.	Não	se	pode	perder	de	vista	que	a	política	gira	em	torno	de
interesses	que	fazem	parte	do	jogo	da	democracia,	mas	do	qual	o	jornalista
deve	manter	distância,	preservando	a	necessária	independência	do	repórter,
uma	vez	que	sua	principal	missão	é	defender	o	interesse	público.
Grande	parte	dos	movimentos	no	tabuleiro	de	xadrez	da	política	se	dá	nos
bastidores,	como	já	dito.	Isso	faz	com	que	o	relato	em	off	(de	off	the	records,
isto	é,	sem	registro)	assuma	um	papel	importante	no	jornalismo	político.
Ocorre	quando	uma	fonte	passa	uma	informação	ao	jornalista	sob	a	condição
de	não	ser	identificada	na	reportagem.	Este	é	um	expediente	legítimo	de	se
obter	informação,	mas	deve-se	tomar	alguns	cuidados	ao	se	recorrer	a	ele.
Franklin	Martins	recomenda	não	banalizá-lo,	reservando-o	para	informações
realmente	importantes.	E,	principalmente,	o	off	deve	ser	verificado.	Vemos,
portanto,	que	a	política	vai	muito	além	do	que	está	aparente.	Há	toda	uma
movimentação	nos	bastidores	que	é	preciso	trazer	à	tona.	E	há	também,	no
palco	mesmo	de	ações,	muito	jogo	de	cena,	balões	de	ensaio	e	toda	sorte	de
dissimulação	e	estratagema	que	é	necessário	decifrar.	Para	conseguir	captar	o
sentido	das	coisas,	entender	o	que	se	passa	e	identificar	tendências,	a	fim	de
traçar	um	quadro	claro	do	jogo	político	e	apresentá-lo	ao	público
comconhecimento	e	domínio,	como	lembra	o	Franklin	Martins	o	jornalista	deve:
1	Acumular	um	nível	de	informação	que	ultrapassa	o	fato-notícia.	Ou	seja,
reunir	conteúdo	suficiente	para	compreender	o	contexto	em	que	o	fato
ocorreu	e	dimensionar	seu	alcance	e	desdobramentos.	Com	essa	?informação
de	fundo?	(background	information),	o	jornalista	é	capaz	de	oferecer	uma
notícia	ampliada,	contextualizada	e	até	mesmo	interpretada.	Assim,	a	notícia
da	aprovação	de	determinada	lei	municipal	ou	federal	não	se	limitaria	ao
registro	do	placar	de	sua	votação	entre	os	vereadores	ou	congressistas,	mas
resgataria	o	histórico	de	sua	tramitação,	com	os	percalços	e	resistências
enfrentados	e	as	articulações	envolvidas,	além	de	prever	seu	impacto	na
sociedade	e	no	próprio	jogo	político.
2	Conhecer	as	regras	do	jogo.	O	jornalista	político	tem	que	saber	como
funcionam	os	mecanismos	do	poder	e	as	engrenagens	das	instituições:	as
casas	legislativas,	o	Executivo	e	o	Judiciário.	Isso	significa	compreender	os
processos	de	tramitação	de	leis	e	projetos,	os	quóruns	necessários	para	sua
aprovação	e	para	a	instalação	de	comissões	de	inquérito,	como	são	eleitos	os
presidentes	das	casas	legislativas,	as	prerrogativas	de	prefeitos,
governadores	e	presidente	e	inúmeras	outras	questões.	Além	disso,	é	preciso
ter	algum	conhecimento	sobre	a	Constituição	brasileira.
3Conhecer	a	história	política	do	Brasil.	O	jornalista	que	cobre	a	área	precisa
ter	conhecimentos	mínimos	sobre	a	história	do	país	e	formar	um	repertório
básico	principalmente	sobre	sua	história	política	recente,	do	século	XX	em
diante.	Pode-se	buscar	esse	conhecimento	em	cursos	livres	ou	oficinas,	em
livros	e	filmes.	Para	uma	formação	mais	acadêmica	e	especializada,	há	cursos
de	pós-graduação	em	ciência	política	que	proporcionam	a	aquisição	de
conhecimentos	de	teoria	política	clássica	e	contemporânea	e	de	história
política	brasileira,	além	de	discutir	a	ética	no	jornalismo	político	e	o	papel
político	do	jornalismo	e	suas	relações	com	o	poder.
Os	poderes
1	-	Município,	estado	e	União:
-	 O	 poder	 público	 se	 manifesta	 em	 três	 esferas:	 o	 município,	 o	 estado	 e	 a
União,	 cada	 qual	 com	 determinadas	 competências,	 previstas	 na	 Constituição
Federal.
-	 No	 Brasil,	 os	 estados	 e	 os	 municípios	 são	 autônomos.	 Por	 isso,	 têm
constituições	 e	 leis	 próprias,	 de	 acordo	 com	 a	 cultura,	 a	 economia	 e	 as
necessidades	 de	 sua	 população.	 Com	 base	 nessas	 leis,	 se	 organizam	 e
administram	os	seus	serviços.
2	-	As	funções	de	cada	um:
-	A	União	faz	as	leis	de	interesse	geral	do	país;	os	estados,	as	leis	de	interesse
regional;	e	os	municípios,	as	leis	de	interesse	local.
-	União:	faz	as	leis	e	executa	tarefas	que	interessam	ao	país	como	um	todo.
-	Estados:	tratam	de	assuntos	de	interesse	regional.	Ex:	organização	interna
e	estrutura	administrativa;	programas	de	desenvolvimento	regional;	segurança
pública	 (atuação	 das	 Polícias	 Civil	 e	 Militar);	 gerenciamento	 do	 transporte
intermunicipal	de	passageiros,	entre	outros.
-	Municípios:	 têm	 competência	 exclusiva	 sobre	 assuntos	 de	 interesse	 local
como	a	instituição	e	cobrança	de	tributos	municipais;	a	ordenação	do	trânsito
dentro	da	cidade;	o	estabelecimento	de	normas	para	o	uso	e	a	ocupação	do
solo	 (envolvendo	 loteamentos,	 construções,	 compra	 e	 venda	 de	 imóveis);	 a
criação,	organização	e	extinção	de	distritos.
-	As	 leis	 federais,	 estaduais	e	municipais	estão	em	pé	de	 igualdade	e	devem
ser	respeitadas	por	todos,	se	produzidas	como	manda	a	Constituição	Federal.
Se	a	lei	municipal	diz,	por	exemplo,	que	é	proibido	estacionar	em	determinado
lugar,	 isso	 vale	 para	 todo	mundo:	 até	para	 carros	 dos	governos	 estadual	 ou
federal.
3	-	Distribuição	da	arrecadação:
-	Cada	ente	da	Federação	tem	suas	tarefas.	E,	naturalmente,	dinheiro	próprio
para	fazer	aquilo	que	é	de	sua	competência.
-	 A	Constituição	 Federal	 determina	 as	 fontes	 de	 arrecadação	de	 recursos	 da
União,	dos	estados	e	dos	municípios.	A	fonte	principal	são	os	tributos,	como	os
impostos	e	as	taxas.
-	Alguns	impostos	da	União	e	dos	estados,	como	o	Imposto	de	Renda	e	o	ICMS,
têm	 parte	 de	 sua	 arrecadação	 repassada	 para	 outros	 entes	 -	 estados	 e
municípios.
-	 Além	 das	 fontes	 tributárias	 próprias	 e	 dos	 repasses,	 União,	 estados	 e
municípios	possuem	outras	 fontes	de	 receita,	 complementares,	provenientes,
por	 exemplo,	 de	 empréstimos,	 convênios,	 da	 exploração	 de	 atividades
econômicas,	do	aluguel	de	imóveis	e	equipamentos,	etc.
PODEREXECUTIVO
-	As	atribuições:
-	 Cabe	 ao	 Poder	 Executivo	 propor	 e	 administrar	 as	 políticas	 públicas	 -	 em
harmonia	com	a	independência	dos	poderes	Legislativo	e	Judiciário.
-	Manter	o	regime	federativo,	a	segurança	pública	interna	e	externa,
-	 Atender	 as	 necessidades	 físicas,	 econômicas,	 sociais,	 educacionais	 e
intelectuais	 da	 população,	 preservando	 a	 democracia,	 as	 liberdades
individuais,	a	independência	e	a	soberania	nacionais.
-	 O	 presidente	 da	 República	 é	 também	 o	 comandante	 supremo	 das	 Forças
Armadas.
-	Linha	sucessória	presidencial:
-	Presidente
-	Vice-presidente
-	Presidente	da	Câmara	dos	Deputados
-	Presidente	do	Senado	Federal
-	Presidente	do	Supremo	Tribunal	Federal
PODER	LEGISLATIVO
-	 Fazem	 parte	 do	 PoderLegislativoa	 Câmara	 de	 Vereadores,	 Assembleia
Legislativa,	Câmara	dos	Deputados	e	Senado	Federal.	Têm	com	função	básica
fiscalizar	o	Executivo	e	apresentar	projetos	de	interesse	da	cidade,	estado	ou
país.
-	Funções	do	legislador:
-	Legislar,	fiscalizar	e	representar	politicamente	seus	eleitores.
-	Propor	e	discutir	leis	que	deverão	ser	votadas	e	aprovadas	em	plenário.
-	Fiscalizar	os	atos	do	Poder	Executivo,	analisar	os	gastos	deste	poder	e,	ainda
convocar	 os	 secretários	 de	 Executivo	 e	 para	 prestar	 esclarecimentos	 sobre
suas	atividades.
-	Fiscalizar	o	Poder	Judiciário.
-	Como	surge	uma	lei?
-	 Quando	 um	 legislador	 apresenta	 um	 projeto,	 ele	 é	 analisado	 primeiro	 pela
Comissão	 de	 Constituição	 e	 Justiça	 (CCJ),	 onde	 é	 avaliado	 para	 saber	 se
nenhuma	de	suas	proposições	contradiz	a	Constituição	Federal,	Estadual	ou	a
Lei	Orgânica	municipal.
-	 Se	 passar	 pela	 CCJ,	 o	 texto	 ainda	 é	 analisado	 em	 uma	 comissão	 afim.
Exemplo:	se	o	projeto	prevê	modificações	nos	hospitais,	passa	pela	Comissão
de	Saúde.
-	 Também	é	 verificado	 se	 há	 recursos	 financeiros	 para	 a	 lei	 ser	 colocada	 em
prática	e,	principalmente,	se	não	repete	ou	contradiz	uma	lei	já	existente.
-	Os	projetos	podem	ser	aprovados	por	maioria	simples	ou	maioria	qualificada,
quando	somente	com	dois	terços	dos	votos	é	possível	a	aprovação.
-	Tipos	de	sessão:
-	 Sessão	 Ordinária:	 tem	 este	 nome	 porque	 é	 realizada	 a	 partir	 de	 uma
ordem	numérica,	de	segunda	a	quinta-feira.
-	 Sessão	 Extraordinária:	 convocada	 quando	 há	 assuntos	 de	 grande
relevância	que	precisam	ser	discutidos	ou	projetos	que	precisam	ser	votados,
que	 não	 puderam	 entrar	 nos	 debates	 das	 sessões	 ordinárias.	 Os
parlamentares,	 quando	 são	 convocados,	 já	 sabem	 dos	 assuntos	 que	 essa
sessão	deverá	tratar.
-	 Sessão	 Solene:	 Realizada	 para	 debater	 temas	 de	 interesse	 público,
comemorar	 datas	 importantes	 e/ou	 para	 prestar	 homenagens	 a	 categorias
profissionais	e	movimentos	sociais	organizados.
Época	de	funcionamento	do	Legislativo:
-	Os	trabalhos	legislativos	têm	início	em	15	de	fevereiro	e	vão	até	30	de	junho;
e	de	1º	de	agosto	a	15	de	dezembro.
-	Mediante	 convocação	 extraordinária,	 o	 Congresso	 pode	 funcionar	 em	 outro
período,	mas	deliberando	apenas	sobre	matérias	para	as	quais	foi	convocado.
Tribunal	de	Contas	(TCE):
-	 Faz	 parte	 do	 Poder	 Legislativo	 e	 tem	 como	 função	 apresentar	 um	 relatório
anual	sobre	as	contas	dos	municípios	e	do	Estado.
-	O	 tribunal	 não	 julga.	 Apenas	 aponta	 as	 falhas,	 que	 devem	 ser	 investigadas
pelos	vereadores	ou	deputados	estaduais.
-	Os	 responsáveis	pela	punição,	no	 caso	de	um	parecer	negativo	das	 contas
públicas,	são	os	legisladores.
-	O	Tribunal	de	Contas	da	União	(TCU)	fiscaliza	o	governo	nacional.
-	Congresso	Nacional:
-	 É	 composto	 pela	 Câmara	 dos	 Deputados	 (cujos	 membros	 representam	 a
população	em	geral)	 e	pelo	Senado	Federal	 (que	 representa	as	unidades	da
Federação).
-	Tem	atribuições	deliberativas	e	de	fiscalização.
-	Dispõe	sobre	matérias	relacionadas	a	tributos,	orçamentos,	planos	nacionais,
telecomunicações,	 finanças,	 câmbio,	 moeda,	 tratados,	 acordos,	 além	 de
autorizar	o	presidente	da	República	a	declarar	guerra,	a	celebrar	a	paz,	 julgar
anualmente	as	contas	do	Presidente.
-	Câmara	dos	Deputados:
-	 É	 composta	 por	 513	 deputados	 eleitos	 pelo	 sistema	 proporcional	 à
população	de	cada	estado	e	do	Distrito	Federal,	com	mandato	de	quatro	anos.
-	A	Constituição	de	1988	determinou	que	nenhuma	unidade	federativa	poderá
ter	menos	de	oito	ou	mais	de	70	representantes.	Os	estados	do	Acre	e	Mato
Grosso	 do	 Sul,	 por	 exemplo,	 têm	 oito	 deputados.	 São	 Paulo	 é	 o	 único	 que
preenche	a	cota	máxima	de	70.
-	Senado	Federal:
-	Tem	81	parlamentares.	Os	estados	e	o	Distrito	Federal	elegem	três	senadores
cada.
-	O	mandato	é	de	oito	anos,	 renovando-se,	a	cada	quatro	anos,	1/3	e	2/3	de
seu	corpo,	alternadamente.
-	 Na	 eleição	 de	 2002,	 foram	 eleitos	 dois	 senadores	 por	 unidade.	 Em	 2006,
apenas	um.
O	texto
O	jornalismo	político	também	enfrenta	a	questão	do	seu	jargão,	o	politiquês,
ou	seja,	a	linguagem	repleta	de	expressões	e	termos	que	só	fazem	sentido
para	os	iniciados	nela.	O	jornalista	deve	ficar	alerta	para	não	passar	batido	por
conceitos	que	seu	público	não	domina,	publicando-os	sem	uma	explicação,
sem	traduzi-los	para	o	entendimento	geral.	Deve-se	lembrar	que	se	escreve
para	o	público	-	o	leitor,	espectador,	ouvinte,	internauta	-	que	não	está
familiarizado	com	um	vocabulário	originário	de	regimentos	das	casas
legislativas,	da	legislação	eleitoral,	dos	partidos,	das	engrenagens	políticas	em
geral.	Também	deve	tomar	o	cuidado	para	não	naturalizar	comportamentos
que	não	possam	ser	compreendidos	pelo	contrato	social	médio.
Mercado
O	jornalista	político	encontra	mercado	profissional	não	só	nas	redações	de
órgãos	de	imprensa	tradicionais	(jornais,	revistas,	televisão	e	rádio)	e	nas
novas	mídias	(sites	e	blogs),	como	também	em	assessorias	de	comunicação	de
governos,	casas	legislativas	e	parlamentares,	institutos	de	pesquisa,
agremiações	partidárias	e	organizações	não-governamentais.	Abrem-se
oportunidades,	a	partir	da	cobertura	específica,	em	portais	especializados,
como	o	Congresso	em	Foco	e	o	Poder	360.	Também	há	demanda	de	veículos
locais	pela	cobertura	em	Brasília	de	seus	interesses	locais.
Aplicação	Prática	Teórica

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