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3ºAula Relação de emprego Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • diferenciar relação de trabalho e relação de emprego; • situar o contrato de trabalho na relação de emprego; • diferenciar o contrato de trabalho e contratos afins; • compreender as diversas classificações do contrato de trabalho. Olá, pessoal! Sejam bem-vindos(as) a nossa terceira aula. Já sabemos quem são os sujeitos da relação de emprego, pois os estudamos na aula passada. Agora, vamos estudar a relação de emprego, dando ênfase ao contrato de trabalho, ponto central do nosso curso. Mas, antes de iniciar, vamos analisar os objetivos e verificar as seções que serão desenvolvidas ao longo desta aula. Bons estudos! Bons estudos! 25 Direito Aplicado III (Legislação Trabalhista) 24 Seções de estudo 1 – Contrato de trabalho 2 3 – Efeitos do contrato de trabalho 1 - Contrato de trabalho Relação de trabalho e relação de emprego Antes de nós iniciarmos o estudo sobre o contrato de trabalho propriamente dito, é importante entendermos a diferença que existe entre as expressões “relação de trabalho” e “relação de emprego”. A expressão “relação de trabalho” tem caráter genérico. Todas as relações jurídicas caracterizadas por terem sua prestação essencial centrada em uma obrigação de fazer consubstanciada no trabalho humano (toda modalidade de contratação de trabalho humano modernamente admissível), em troca de um valor pecuniário ou não pecuniário, consistente numa relação de trabalho. Dessa forma, a relação de trabalho é qualquer liame jurídico que tenha por objeto a prestação de serviço a um determinado destinatário. A categoria é ampla e abrange inúmeras espécies, tais como a empreitada, o locador de o trabalhador avulso, o serviço eventual e autônomo, o temporário, o representante comercial, o funcionário público e, também o trabalho do empregado subordinado, dentre outros. ATENÇÃO: A relação de emprego é espécie do gênero relação de trabalho e corresponde à prestação de serviço subordinado por uma determinada pessoa física. Relação de emprego é um contrato, cujo conteúdo mínimo é a lei, possuindo como sujeitos, de um lado, o empregado, que presta serviços, e de outro lado, o empregador, em função de quem os serviços são prestados de forma subordinada, habitual e mediante salário. Dentro desse prisma, devemos desenvolver as seguintes assertivas: • contrato de trabalho é o acordo tácito ou expresso que corresponde à relação de emprego; • os sujeitos são empregado e empregador; • empregado é a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador sob a subordinação deste e mediante salário (art. 3º, CLT); • empregador é a empresa ou outros entes que admitem, assalariam e dirigem a prestação pessoal dos serviços (artigo 2º da CLT). Depois de entender a diferença entre relação de trabalho e relação de emprego, pareceria lógico que o contrato entre o empregador e empregado, para estabelecer uma relação de emprego, fosse denominado contrato de emprego. O legislador, porém decidiu chamá-lo de modo distinto, acompanhado a tradição internacional. Comecemos, então, a tratar do contrato de trabalho. Origens do contrato de trabalho O contrato individual de trabalho é originário do direito romano, no qual havia três formas básicas de locação: • a locatio rei, onde uma das partes se obrigava a conceder o uso e gozo de uma coisa, em troca de certas retribuições (equipara-se ao contrato de locação); • a locatio operarum, onde uma das partes se obrigava a executar determinado trabalho, sob determinada • a locatio operis faciendi, onde uma das partes se obrigava a realizar tarefa determinada, de certo cunho mais remuneração (se assemelha ao contrato de empreitada). O contrato de trabalho tem como fonte remota a locatio operarum, sendo que, com o avanço das relações sociais, houve trabalho subordinado, levando à constituição do Direito do Trabalho. O contrato individual de trabalho representa segundo Amauri Mascaro Nascimento (2003, p. 76) um ajuste cujo conteúdo mínimo é a lei, tendo como sujeitos, de um lado o empregado, que presta serviços, de outro lado o empregador, para quem os serviços são prestados continuadamente, subordinadamente e mediante salário. O artigo 442 da CLT estabelece que “contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente a relação de emprego”. A redação do artigo contém um elemento novo que necessita ser esclarecido. A expressão acordo tácito informa que não é necessário que o contrato entre empregador e empregado seja expresso, escrito ou verbal, formalmente. Pode existir a relação de emprego, mesmo com o contrato tácito, isto é, aquele em que está presente o acordo de vontade, Assim, o contrato de trabalho pode ser verbal ou escrito e tácito; este decorre do comportamento das partes, isto é, não se falou, nem se escreveu qualquer condição de trabalho. de empregado. Para quem esse empregado trabalhar como pessoa física, pessoa e habitualmente, com remuneração e contrato de trabalho tácito. Caracteres Em linhas gerais, o contrato de trabalho possui os seguintes elementos constitutivos: bilateral (sinalagmático), oneroso, comutativo, intuitu personae, consensual, de prestações sucessivas ou de execução continuada e subordinação jurídica (dependência hierárquica). O contrato é sinalagmático, eis que as obrigações são recíprocas. O trabalhador presta os serviços, enquanto cabe ao empregador o pagamento dos salários. As prestações devem ser equivalentes. Como se trata de uma relação que envolve vantagens e 26 25 ônus de forma recíproca, temos que é oneroso. Também é comutativo na medida em que a estimativa da prestação a ser recebida por qualquer das partes é conhecida no momento de sua celebração. O salário é estipulado em função dos serviços contratados. O empregado é contratado para o exercício de uma determinada função, tendo ciência das suas tarefas e encargos. De acordo com o salário e a função contratada, não pode o empregador exigir tarefas que não estejam em sintonia com o que foi avençado. A relação é pessoal, visto que o empregado não pode se fazer substituir por outra pessoa durante a prestação dos serviços, denotando o caráter de uma obrigação personalíssima. Assevere-se, porém, que o aspecto intuitu personae não implica a exclusividade de possuir um único empregador. O trabalhador subordinado pode ter vários empregadores na medida em que tenha tempo e de acordo com as peculiaridades de cada relação. É consensual, porque se aperfeiçoa com a mera manifestação da vontade das partes, sem haver a necessidade da entrega de nenhuma coisa. Por outro lado, não é solene, pois não se tem a exigência de forma especial para a sua validade, podendo ser tácito ou expresso, escrito ou verbal. Como o seu implemento projeta-se no tempo, em parcelas vencidas e vincendas, dado o caráter indeterminado das relações empregatícias, visualiza-se o seu cunho de trato sucessivo. subordinado, na medida em que o empregado coloca a sua força de trabalho à disposição do empregador, que o admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Morfologia Morfologia é a forma que reveste cada contrato de trabalho, denotando o seu aspecto. Já vimos que o contrato individual de trabalho pode ser constituído de forma tácita ou expressa. A forma expressa pode ser verbal ou escrita. Quanto ao tempo de duração, pode ser determinado ou indeterminado. Tácita é a constituição do contrato de trabalho sem a exteriorização da vontade. Surge o vínculo de forma espontânea, com a prática de atos que levam à caracterização do trabalho contínuo, subordinado e remunerado. Ocorre a constituição expressa do contrato de trabalho quando as partes, de forma inequívoca e literal, manifestam a sua vontade, ou seja: o empregado oferece a sua atividade laboral e o empregador, o desejo de contratá-lo. Tem-se a vontade externadade forma consciente no sentido de se estabelecer um contrato individual de trabalho. O modo é expresso quando temos a exteriorização de vontade das partes. Pode ser de forma verbal (através de palavras oralmente proferidas) ou por escrito (as palavras são inseridas em um documento). O contrato de trabalho será por prazo indeterminado quando da contratação. É a regra geral. Presume-se sempre que o contrato de trabalho foi o trabalhador ou a empresa estejam vinculados entre si para sempre. a priori de um prazo, mas poderá haver a rescisão unilateral do contrato de trabalho por qualquer das partes, desde que se tenha o aviso prévio. O aviso prévio representa o instituto pelo qual uma das partes comunica a outra que, dentro de um prazo, dará por rescindido o contrato de trabalho. Em regra, o aviso prévio é de trinta dias. O contrato por prazo determinado é o que possui, término. ou, ainda, da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada (artigo 443, § 1º da CLT). O contrato por prazo determinado somente será válido em se tratando de: • serviço cuja natureza ou transitoriedade justi que a predeterminação do prazo; • atividades empresariais de caráter transitório; • contrato de experiência (artigo 443, § 2º da CLT); e • contrato com fundamento na Lei nº 9.601/98. Poder diretivo do empregador O trabalho subordinado é da essência da relação empregatícia. A subordinação é um dos elementos legais quanto ao conceito de empregado. O poder diretivo é um dos aspectos conceituais do empregador e inerente ao contrato de trabalho. Em outras palavras, o poder diretivo representa a faculdade legal, que é concedida ao empregador, de comandar a prestação pessoal dos serviços, organizando-a, controlando-a e punindo o trabalhador, se for necessário. O poder diretivo do empregador pode ser analisado sob quatro aspectos: • poder organização; • poder de controle; • poder disciplinar; • poder regulamentar no âmbito da empresa. Poder de organização A empresa representa a combinação dos fatores de produção (natureza, capital e trabalho) que levam à produção e circulação de bens e serviços. O empregador possui a faculdade da organização quanto a tais fatores. É o empregador quem escolhe a atividade a ser exercida, a estrutura jurídica a ser adotada, o número de empregados e suas tarefas e funções, a da empresa etc. Poder de controle atividade de seus empregados. Cabe ao empregador ditar as decorrência do poder diretivo, possui a faculdade de exigir o 27 Direito Aplicado III (Legislação Trabalhista) 26 implemento das tarefas e, se for o caso, de punir o empregado em caso de negligência, imperícia ou imprudência quanto ao desempenho de seus serviços. O controle se faz através da de contas de empregados vendedores, o controle de peças produzidas, a revista dos empregados ao entrar e sair do local de trabalho etc. Poder de disciplinar O poder disciplinar é a terceira manifestação que deriva do poder diretivo. O empregador tem o direito de impor aos seus trabalhadores sanções disciplinares dentro dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade. A experiência demonstra que é comum a existência da gradação na aplicação das penalidades: advertência, suspensão e, por último, a dispensa motivada (justa causa). A gradação das penalidades representa a preocupação do empregador em não prejudicar o empregado com a resilição do contrato com a primeira penalidade, porém, denota a sua trabalhador ao seio da empresa. Toda e qualquer medida disciplinar deve ser condizente com o bom senso, não podendo haver o extravasamento deste poder disciplinar. A medida punitiva há de ser coerente com a atitude ou fato. Em não havendo esta coerência por parte do empregador, o empregado possui o direito de discutir em juízo o excesso dessa penalidade, pleiteando e sua nulidade e o ressarcimento dos eventuais prejuízos pecuniários. Vamos estudar esse ponto mais a fundo quanto tratarmos da extinção do contrato de trabalho. Poder de regulamentar Na opinião de Emílio Gonçalves (1997, p. 39), o regulamento de empresa representa o conjunto sistemático das normas sobre as condições especiais de trabalho na empresa e sobre a disciplina das relações entre o empregador e seus empregados. Nele se enfeixam normas de natureza técnico- utilização de ferramentas e aparelhos, uso de vestiários e armários, serviço médico ao lado de cláusulas a respeito das obrigações do empregado, horário de trabalho, critérios e periodicidade de pagamento da remuneração, concessão de férias e licenças, infrações disciplinares e respectivas sanções, prazo de aviso prévio de despedida e outros aspectos das relações e condições de trabalho na empresa. Regula, em suma, as situações laborais da empresa, aplicando-se a todos os empregados, atuais e futuros. Trata-se de uma manifestação do poder diretivo do empregador, o qual possui a prerrogativa de dispor sobre as normas reguladoras das condições; gerais e especiais do trabalho na empresa. Não se trata de um poder absoluto havendo limitações. A primeira limitação envolve os direitos do empregado como ser humano. A segunda limitação é originária da própria legislação trabalhista, a qual contém dispositivos de natureza imperativa, resguardando a melhoria da condição social dos trabalhadores (artigo 7º da CF), sendo nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na legislação trabalhista (artigo 9º da CLT). pelo empregador. O regulamento de empresa é fonte do Direito do Trabalho, pois traça normas quanto às condições de trabalho dentro da empresa. No Brasil, diante da omissão legislativa, quando ocorre a formulação de um regulamento, geralmente é imposto de forma unilateral pelo empregador. Em tese, diante da visão unilateral quanto à sua imposição, o empregador poderá alterar o regulamento interno, diminuindo os direitos impostos aos trabalhadores, reduzindo os custos, mas mantendo os postos de trabalho. SUM-51 NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. 2 - Contrato de trabalho e contratos a ns É importante compararmos o contrato de trabalho subordinado com outros tipos de contrato de trabalho. O Direito do Trabalho é orientado para os contratos em que há subordinação. Suas normas não alcançam outras formas de justamente para evitar confusão com aquelas que são abrigadas pelo Direito do Trabalho. Vejamos as mais importantes. Contrato de trabalho e a locação de serviços A locação de serviços é um contrato pelo qual o locador compromete-se a prestar certos serviços, sendo que a outra parte, no caso o locatário, obriga-se a remunerar. O primeiro possui uma obrigação de fazer, a qual se contrapõe a uma obrigação de dar, por parte do segundo. A locação de serviços é regida pelo Código Civil em seus artigos 593 e seguintes. O contrato de trabalho é uma relação jurídica, na qual o empregador admite, assalaria e dirige a prestação de serviços do empregado. Como a locação de serviços, também é um contrato bilateral, oneroso, comutativo e consensual. Porém, possui elementos distintos da locação de serviços: • o contrato de trabalho pressupõe o trabalho subordinado, ou seja, o empregado coloca a sua força de trabalho à disposição do emprega dor, sujeitando-se ao poder diretivo, o que já não ocorre na locação de serviços; • o contrato de trabalho gera para o empregado uma obrigação personalíssima, enquanto, na locação de serviços, o mesmo não ocorre, podendo o prestador ser tanto pessoa física como jurídica. 28 27 Contrato de trabalho e a empreitada Empreitada é o contrato em que uma das partes se propõe a fazer ou a mandar fazer certa obra, mediante remuneração determinadaou proporcional ao serviço executado. O objetivo da empreitada é a entrega de uma obra mediante o pagamento de um preço. serviços. Os pontos de convergência repousam na prestação de serviços, entretanto, na empreitada, os serviços são braçais e, na segunda, os serviços são mais intelectuais. As duas mas, na empreitada, o que se contrata é a atividade autônoma (empreitada de mão de obra) ou um resultado (empreitada de obra), enquanto, na locação de serviços, o que se contrata locação de serviços entre o advogado e seu cliente; entre o médico e seu paciente; entre o dentista e seu paciente; entre o engenheiro e o dono da obra; b) empreitada quando se qual poderá fornecer tanto a mão de obra como os materiais ou somente a mão de obra. A distinção ocorre pelos sujeitos e pelo objeto. Na empreitada, o sujeito pode ser pessoa física ou jurídica, o que já não ocorre com o contrato de trabalho, na medida em que o empregado se sujeita ao poder diretivo do empregador, constituindo-se em uma obrigação personalíssima. O objeto do contrato de trabalho é um contrato de atividade, na medida em que o empregador exerce um poder de direção sobre a atividade do trabalhador. Já no contrato de empreitada, o que se pretende é a obra, isto é, o seu objeto é o resultado do trabalho. Na empreitada não há a subordinação e sim a autonomia na prestação de serviços. Já no contrato de trabalho, temos admitindo, remunerando e dirigindo a prestação de serviços. Na empreitada, o risco da atividade econômica é do prestador de serviços, ao contrário do contrato de trabalho, no qual é do empregador. mpreitada e subempreitada A subempreitada ocorre quando o empreiteiro, para o cumprimento de suas obrigações, efetua a contratação de outros empreiteiros (o que é comum no ramo da construção civil). É um ajuste regulado pelo Direito Civil, como também ocorre entre o empreiteiro e o dono da obra. A respeito da responsabilidade trabalhista do empreiteiro, o artigo 455 da CLT enuncia, in verbis: Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro. Parágrafo único. Ao empreiteiro principal ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de importâncias a este devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo. O empreiteiro assume os riscos quanto à realização da obra. Ao efetuar a contratação de um subempreiteiro, também está assumindo os riscos das obrigações trabalhistas dos seus empregados. Trata-se de uma obrigação imposta pela lei (art. 455, CLT). Se as obrigações trabalhistas dos empregados do subempreiteiro não são adimplidas, terão estes o direito de ação contra o empreiteiro. Quanto a responsabilidade do dona da obra, a jurisprudência atual do Tribunal Superior do Trabalho é no sentido de que o art. 455 da CLT não deve ser aplicável ao dono da obra ou tomador dos serviços, exceto se a obra é um desdobramento da sua atividade econômica no campo da construção civil. OJ-SDI1-191 DONO DA OBRA. RESPONSABILIDADE. Diante da inexistência de previsão legal, o contrato de empreitada entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora. Contrato de trabalho e representação comercial Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa física, sem relação de emprego, que desempenha, em caráter não eventual por conta de uma ou mais pessoas, a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para transmiti- los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios. Quando a representação comercial incluir poderes atinentes ao mandato mercantil, serão aplicáveis, quanto ao exercício deste, os preceitos próprios da legislação comercial (art. 1º, parágrafo único, Lei nº 4.886/65). Representação comercial, segundo Orlando Gomes (1981, p. 437), é o negócio jurídico pelo qual uma das partes obriga-se, contra retribuição, a promover habitualmente a realização por conta de outra, em determinada zona, de operações mercantis, agenciando pedidos para esta. Entram em sua composição os seguintes elementos: 1 - a obrigação do agente de promover a conclusão de contratos por conta do preponente; 2 - habitualidade do serviço; 3 - delimitação da zona onde deve ser prestado; 4 - direito do agente à retribuição do serviço que presta; 5 - exclusividade e independência de serviço. A diferenciação entre o empregado e o representante comercial se faz em função de cada caso concreto, principalmente pelo fator subordinação. A liberdade de ação do representante é o fator subordinação hierárquica na relação do representante comercial com o preponente; quando existe, o contrato passa a informar uma relação de emprego. Subordinação inexiste, em princípio, se entendida na acepção estrita de vínculo de natureza pessoal que implica direção dos serviços a serem prestados, conforme leciona o renomado professor (1981, p. 437). 29 Direito Aplicado III (Legislação Trabalhista) 28 Contrato de trabalho e mandato No campo do se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses (artigo 653 do CC). A pessoa que transmite ou confere os poderes chama-se mandante; a que recebe e exerce os mesmos poderes denomina-se mandatário ou procurador. A essência do mandato é a representação. Efetuado o exame do conceito do que vem a ser mandato, temos os principais fatores de diferenciação com o contrato de trabalho, a saber: a) o mandato pode ser gratuito ou oneroso; o contrato de trabalho é oneroso; b) no contrato de trabalho, a representação não é tão essencial como ocorre no mandato; c) no mandato, o intuito básico é a realização de um ato jurídico mediante a representação do mandante pelo mandatário; já no contrato de trabalho o intuito básico é a própria prestação de serviços para mandante, do mandatário e do terceiro; no contrato de e o empregador. Contrato de trabalho e parceria rural De acordo com o artigo 4º do Decreto nº 59.566/66, parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa obriga-se a ceder à outra, por tempo determinado ou não, mesmo, incluindo, ou não, benfeitorias, outros bens e ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista; e/ou lhe entrega animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias-primas de origem animal, mediante partilha de riscos de caso fortuito e de força maior do empreendimento rural, e dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites percentuais da lei (artigo 96, VI, do Estatuto da Terra). A parceria rural não pode ser confundida com a relação de emprego. Em linhas gerais, a parceria rural é um contrato no qual uma parte ingressa com a terra, ou com a terra e benfeitorias e facilidades, e a outra com o seu trabalho, ou trabalho e máquinas, animais, investimentos etc, havendo a divisão dos resultados na forma estabelecida. Não há a subordinação jurídica de uma parte em relação à outra. Já no contrato de trabalho tem-se a subordinação do empregado ao poder diretivo do empregador, recebendo como contraprestação, o salário pelos serviços prestados. Disponivel em: <http://www.consuniuft. com/>. Acesso em: 08 de novembro de 2018 3 - Espécies de contrato de trabalho Contrato por tempo determinado e por tempo indeterminado um prazo de encerramento, diferencia as duas modalidades principais de contratos de trabalho: os contratos por tempo determinado e por tempo indeterminado. Para o Direito do Trabalho,em princípio, presume-se que os contratos de trabalho possuam prazo indeterminado, manter a continuidade da relação de emprego, pois convém ao trabalhador como garantia de seu sustento. Daí decorre a importância de diferenciar as duas modalidades. A CLT estabelece, em seu artigo 443 e parágrafos, as hipóteses para a validade de um contrato por prazo determinado. Vejamos as hipóteses e seus motivos: Serviços transitórios: nessa hipótese, há a necessidade transitória dos serviços prestados pelo empregado. Exemplo: acréscimo de mão-de-obra em temporadas ou épocas de festas; Atividade empresarial transitória: nessa hipótese a característica está na transitoriedade da atividade empresarial, ou ao menos um de seus serviços. Exemplo: empresa criada para a venda de fogos de artifícios em época junina ou de fabricação de ovos de chocolate na páscoa; Contrato de experiência: oferecidas pelo empregador, podendo resultar na conversão de contrato por prazo indeterminado. O prazo de duração do contrato por prazo determinado é de dois anos, salvo no caso de contrato de experiência, quando o prazo é de 90 dias. SUM-163. AVISO PRÉVIO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA Cabe aviso prévio nas rescisões antecipadas dos contratos de experiência, na forma do art. 481 da CLT. SUM-188. CONTRATO DE TRABALHO. EXPERIÊNCIA. PRORROGAÇÃO O contrato de experiência pode ser prorrogado, respeitado o limite máximo de 90 (noventa) dias. SUM-244. GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (...) III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado. ATENÇÃO: o contrato de experiência tem o prazo máximo de 90 dias e não de três meses, podendo ser prorrogado apenas uma única vez dentro desse limite máximo de 90 dias. Exemplo: contrato de experiência celebrado por 30 dias e renovado por mais 30 dias. CUIDADO! o contrato não pode ultrapassar o prazo estabelecido, sob pena se passar a vigorar por prazo indeterminado. 30 29 A Lei nº de trabalho por prazo determinado previsto em convenção e acordos coletivos, em qualquer atividade desenvolvida pela empresa ou estabelecimento, para admissões que representem acréscimo no número de empregados. Tal contratação permite de encargos e contribuições sociais desses trabalhadores que, na hipótese de rescisão, não terão direito a indenização, salvo a prevista no instrumento normativo, e aviso prévio, e os depósitos do FGTS são reduzidos para 2%. Para a contratação de trabalhadores por esse sistema, deverá ser observado o seguinte porcentual cumulativo, considerando-se a média aritmética mensal do número de empregados contratados por prazo indeterminado do estabelecimento, nos seis meses imediatamente anteriores. 50% do número de trabalhadores, para parcela inferior a 50 empregados. 35% do número de trabalhadores, para a parcela entre 50 e 199 empregados. 20% do número de trabalhadores, para a parcela acima de 200 empregados. O contrato por prazo determinado previsto pela CLT é exceção no Direito do Trabalho, como já foi dito, e para que não se converta em contrato por prazo indeterminado deverão ser observadas algumas regras. Vejamos. A primeira regra diz respeito ao limite de prazo do contrato. Caso o empregado continue prestando serviços após o término do prazo determinado no contrato de trabalho, este passará, automaticamente, a ser considerado um contrato por prazo indeterminado. A segunda regra a ser observada é quanto à prorrogação. Esta só é permitida uma única vez, e, ainda assim, dentro do prazo original, isto é, que pode ser de dois anos ou 90 dias no caso do contrato de experiência. O artigo 451 da CLT autoriza apenas uma prorrogação ou renovação expressa, na forma de contrato por prazo determinado. Na eventualidade de uma nova prorrogação, ou seja, uma segunda prorrogação, transforma-se, automaticamente, em contrato por tempo indeterminado. O legislador procurou evitar, preventivamente, o mau uso dos contratos de trabalho por tempo determinado. Um empregador mal-intencionado, buscando omitir-se das obrigações trabalhistas impostas pelo contrato de trabalho convencional, poderia simular um contrato de trabalho verbas trabalhistas. Desse modo, as regras dos dispositivos mencionados não permitem que o prazo ultrapasse o limite de dois anos. Também é imperioso que a renovação seja previamente convencionada por escrito. Uma renovação informal ou tácita, isto é, sem que seja formalizado um contrato expresso sobre o seu novo termo, transforma o contrato de trabalho de prazo determinado, prontamente, em de tempo indeterminado. A terceira regra está relacionada à sucessão de contratos por prazo determinado. O contrato por prazo determinado que suceder a outro contrato por prazo determinado dentro do período de seis meses do término deste será considerado por prazo indeterminado (artigo 452 da CLT), salvo se a expiração deste (1° contrato) dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos acontecimentos. Mas, e se o contrato realizado com prazo determinado é concluído antes do termo nal? O que acontece? Nesta hipótese, a rescisão pode ser feita nos termos do artigo 479 e 480 da CLT, isto é, se o empregador quiser rescindir o contato de trabalho por prazo determinado antes o empregado resolver rescindir o contrato, terá que indenizar o empregador pelos prejuízos a que deu causa, mas o valor empregador a iniciativa do rompimento antecipado. O que é a cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antecipada? A cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antecipada, prevista no artigo 481 da CLT, assegura a ambas as partes o direito recíproco de rescisão antes de expirado o prazo avençado, mas grava o exercício deste direito com a transformação automática do contrato de prazo determinado em indeterminado, passando a ser regido pelas normas de rescisão deste último, ou seja, incide a obrigação de aviso prévio, mesmo que indenizado, FGTS etc. Na verdade, o rigor visa coibir o uso indiscriminado dos contratos por prazo indeterminado. Algumas outras características dos contratos por tempo determinado requerem destaque. Dada a natureza especial desses contratos, nota-se que: o consentimento das partes quanto à transitoriedade do trabalho deve ser clara e objetivamente expressa, para que não possa ser alegada ignorância ou erro; não existe aviso prévio nesses contratos (em regra), pois o término do contrato já foi pactuado por ocasião do termo inicial, sabendo as partes exatamente quando se ATENÇÃO: embora a regra estabelece que não cabe aviso prévio nos contratos por prazo determinado, o artigo 481 da CLT preceitua que “Aos contratos por prazo determinado, que contiverem cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado”. Logo, nessa hipótese, cabe o aviso prévio. Finalizando esse assunto, vamos fazer algumas observações a respeito do contrato de trabalho intermitente, por safra e por temporada. Inicialmente, cumpre esclarecer que, com o implemento da reforma trabalhista promovida pela Lei nº 13.467/2017, o artigo 443 da CLT passou a estabelecer que o contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo 31 Direito Aplicado III (Legislação Trabalhista) 30 determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. O paragrafo 3º do mesmo dispositivo conceitua como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentementedo tipo de atividade do empregado e do empregador. Assim, com a reforma, passam a ser permitidos os contratos em que o trabalho não é contínuo, embora com subordinação. Um garçom, por exemplo, que apenas era chamado a trabalhar em dia de maior movimento, poderá ser contratado regularmente. Nesse tipo de trabalho, o do empregado intermitente, são alternados períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador. Uma vez celebrado o contato, o empregador poderá convocar o empregado, por qualquer meio de comunicação a jornada. Tal convocação deverá ser realizada com, pelo menos, três dias corridos de antecedência. Uma vez recebida a convocação, o empregado terá o prazo de vinte e quatro horas para responder ao chamado. Não havendo resposta no prazo indicado, o seu silêncio será interpretado como recusa. Insta salientar que recusa da oferta não descaracteriza Os contratos de safra são aqueles em que os trabalhadores começam a trabalhar no início da colheita, 5.889/73). É comum, nas áreas rurais, trabalhadores que moram em pequenas cidades prestarem serviços de plantio e de colheita, trabalhando em diferentes locai s e períodos, para empregadores diferentes, apenas pelo tempo necessário para concluir o trabalho de plantio ou da colheita de certa lavoura. Esses contratos são por tempo determinado, havendo regras especiais na referida lei. Os contratos por temporada, por sua vez, são aqueles comumente celebrados no comércio, para o período de véspera de Natal, ou em hotéis, bares, restaurantes de regiões turísticas, que apresentam intenso movimento durante férias. Esses contratos também são por tempo determinado. Nada obstante, nesse tipo de contrato prevalecem as disposições previstas na CLT quanto ao contrato por prazo determinado. Retomando a aula Pessoal, acabamos mais uma aula. A matéria está cando cada vez mais interessante, não acham? É, e vai car ainda mais na medida em que vamos apresentando situações comuns, identi cáveis no dia a dia do pro ssional. Para consolidar o aprendizado, vamos relembrar alguns pontos que merecem destaque. 1 – Contrato de trabalho Nesta primeira seção, nós aprendemos que o contrato individual de trabalho é o ajuste, cujo conteúdo mínimo é a lei, possuindo como sujeitos, de um lado, o empregado, que presta serviços, e de outro lado, o empregador, em função de quem os serviços são prestados de forma subordinada, habitual e mediante salário. contrato de trabalho é o acordo tácito ou expresso que corresponde à relação de emprego; os sujeitos são empregado e empregador; empregado é a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador sob a subordinação deste e mediante salário (art. 3º, CLT); empregador é a empresa ou outros entes que admitem, assalariam e dirigem a prestação pessoal dos serviços (art. 2º, CLT). 2 – Contrato de trabalho e contratos a ns Na segunda seção nós comparamos o contrato de trabalho subordinado com outros tipos de contrato de trabalho, como a locação de serviços, a empreitada, a representação comercial, o mandato e a parceria rural. É imperioso destacar que todas essas formas de contrato, não obstante serem contratos de trabalho no sentido amplo, não se confunde com o contrato de trabalho regido pela CTL, justamente pela falta do elemento “subordinação”. 3 – spécies de contrato de trabalho Finalizando a aula, nos ativemos ao contrato de trabalho por prazo determinado. Vimos que a regra é a contratação de empregados por prazo indeterminado e a contratação por prazo determinado é a exceção, tratada taxativamente na lei. Vimos que a CLT estabeleceu, em seu art. 443 e parágrafos, as hipóteses para a validade de um contrato por prazo determinado, que foram assim resumidas: Serviços transitórios: nessa hipótese, há a necessidade transitória dos serviços prestados pelo empregado. Exemplo: acréscimo de mão de obra em temporadas ou épocas de festas; Atividade empresarial transitória: nessa hipótese a característica está na transitoriedade da atividade empresarial, ou ao menos um de seus serviços. Exemplo: empresa criada para a venda de fogos de artifícios em época junina ou de fabricação de ovos de chocolate na páscoa; oferecidas pelo empregador, podendo resultar na conversão de contrato por prazo indeterminado. Além das hipóteses de contratação por prazo determinado prevista na CLT, pudemos perceber que a Lei trabalho por prazo determinado previsto em convenção e acordos coletivos, em qualquer atividade desenvolvida pela empresa ou estabelecimento, para admissões que representem 32 31 acréscimo no número de empregados. que se perfaz por prazo indeterminado e com salário proporcional ao valor da hora ou do dia de trabalho, nunca inferior ao valor horário ou diário do salário mínimo. Vale a pena NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. São Paulo: Editora LTR, pp. 167-228. Vale a pena ler Tribunal Superior do Trabalho – <www.tst.jus.br>. Ministério do Trabalho e Emprego – <www.trabalho.gov.br>. Vale a pena acessar Meus amigos, as atividades referentes a esta aula estão disponibilizadas na ferramenta “Sala Virtual – Atividades”. Após responder, envie por meio do Portfólio – ferramenta do ambiente de aprendizagem UNIGRAN Virtual. Se ao nal desta aula surgirem dúvidas, você poderá saná-las através das ferramentas “fórum” ou “quadro de avisos” e “chat”. Ou ainda poderá enviá-las para o e-mail jkrewer@unigran.br. Minhas anotações 33
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