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1 DIREITO PROCESSUAL PENAL Princípios do Processo Penal Princípio da presunção de inocência (ou da não culpabilidade): Desse princípio derivam duas regras fundamentais. Regra probatória: a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida razoável); Regra de tratamento: vedação de prisões processuais automáticas ou obrigatórias e a impossibilidade de execução provisória ou antecipada da sanção penal. É possível o início da execução da pena condenatória após a prolação de acórdão condenatório em 2º grau e isso não ofende o princípio constitucional da presunção da inocência, inclusive em ações penais originárias ( STJ e STF). Princípio do contraditório: a) Direito à informação: a parte adversa deve estar ciente da existência da demanda ou dos argumentos da parte contrária; b) Direito de participação: possibilidade de a parte oferecer reação, manifestação ou contrariedade à pretensão da parte contrária. c) Direito e obrigatoriedade de assistência técnica de um defensor (art. 261, CPP): “nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, ser á processado e julgado sem defensor”. SÚMULA 707 do STF: “ Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto d a rejeição da de núncia, não a suprindo a no meação de defensor dativo”. Princípio da ampla defesa: inclui a defesa técnica (exercida por u m profissional da advocacia, dotado de capacidade postulatória, seja ele advogado constituído, nomeado ou defensor público) e autodefesa (aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos cruciais do pro cesso). SÚMULA 522 do ST J: a conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa. Direito de audiência, Direito de presença, Direito a postular pessoalmente Princípio do nemo tenetur se detegere: o preso se rá informado d e seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de 2 advogado. O direito ao silêncio é uma decorrência do nemo tenetur se detegere, segundo o qual ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Outros princípios: princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meio ilícito, princípio da proporcionalidade, princípio do juiz natural, princípio da publicidade etc. Inquérito Policial Características: escrito; instrumental; dispensável; sigiloso; inquisitorial; informativo; indisponível; discricionário. Indiciamento: é ato privativo da autoridade policial, segundo sua aná lise técnico-jurídica do fato, não podendo o juiz de terminar que o Delegado de Polícia faça o indiciamento de alguém. Não podem ser indiciados: a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/73 e art. 40, parágrafo único, da L ei nº 8.6 25/93). Do despacho que indeferir o requeri mento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. Os vícios do inquérito não contaminam o processo, sendo in cabível a anulação de pro cesso pena l em razão de suposta irregularidade verificada em inquérito policial (Info 824 - STF) Súmula Vinculante nº 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. A suspeição de autoridade policial NÃO é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera peça informativa. 3 Prazos do Inquérito: Hipótese Réu PRESO Réu SOLTO Estadual 10 dias 30 dias Federal 15 + 15 dias 30 dias Militar 20 dias 40 + 20 dias Drogas 30 + 30 dias 90 + 90 dias Economia Popular 10 dias 10 dias Eleitoral 10 dias 30 dias Arquivamento: é afeto ao juiz, a pós requerimento fundamentado do MP, sendo vedado ao de legado s ua promoção (art. 1 7 CPP). Instaurado pela autoridade policial não pode ser por ela arquivado, ainda que não fique apurado quem foi o autor do delito. Arquivamento implícito: o corre quando MP deixar de incluir na denúncia algum fato investigado ou algum suspeito, sem expressa justificação, prática rechaçada pela jurisprudência. Arquivamento indireto: ocorre quando o MP não oferece a denúncia por considerar a juízo incompetente. A decisão judicial de arquivamento do inquérito policial com fundamento na atipicidade do fato praticado produz coisa julgada material, impedindo-se a reabertura das investigações preliminares m esmo diante d o surgimento de novas provas. A decisão judicial que determina o arquivamento d o inquérito policial é, em regra, irrecorrível, embora caiba recurso de ofício no caso de crime contra a economia popular. Não cabe uso de MS pela vítima para tentar impedir o arquivamento do inquérito policial. Desarquivamento: Motivo do Desarquivamento É possível desarquivar? Insuficiência de provas Sim. (Súmula 524 do STF) Ausência de pressuposto processual ou de condição da ação Sim. Ausência de justa causa Sim. Atipicidade do fato Não. Existência manifesta de causa excludente de ilicitude STJ: Não STF: Sim Existência manifesta de causa excludente de culpabilidade Não (posição doutrinária) 4 Existência manifesta de causa extintiva de punibilidade Não. Exceção: certidão de óbito falsa. Jurisprudência: De acordo com o STJ, o Ministério Público, no exercício do controle externo da atividade policial, pode ter acesso a ordens de missão policial (OMP). Ressalva: no que se refere às OMPs lançadas em face de atuação como polícia investigativa, decorrente de cooperação internacional exclusiva da Polícia Federal, e sobre a qual haja acordo de sigilo, o acesso do Ministério Público não será vedado, mas realizado a posteriori. (Info 590 do STJ) Segundo decidiu o STJ, o STJ, o controle externo da atividade policial exercido pelo Ministério Público Federal não lhe garante o acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria de Inteligência do Departamento de Polícia Federal, mas somente aos de natureza persecutório-penal. (Info 587 do STJ) De acordo com o STF, em caso de denúncia anônima a autoridade policial deve adotar o seguinte procedimento: o Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; o Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, instaura-se inquérito policial; o Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado. (Info 819) De acordo com os tribunais superiores, é vedado ao magistrado requisitar o indiciamento em investigação criminal, uma vez que o indiciamento constitui atribuição exclusiva da autoridade policial. (Info 552 do STJ e 717 do STF) Conforme decidiu o STF, o arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado com base em provas fraudadas não faz coisa julgada material (Info 858 do STF) 5 Ação Penal Princípios da ação penal pública: divisibilidade, indisponibilidade (mitigação: possibilidadede oferecer a suspensão condicional do processo); obrigatoriedade (mitigação: transação penal). Princípio da obrigatoriedade também é chamado de legalidade processual. Princípios da ação penal privada: indivisibilidade; disponibilidade ; não obrigatoriedade. Espécies de ação penal: a) Ação de prevenção penal: busca a aplicação de uma medida de segurança; b) Ação penal ex officio: processo judicial forme (apesar d e ainda est ar previsto n o art. 26 do CP P, não s e aplica mais) e HC d e ofício; c) Ação penal pública subsidiária da pública: casos em que, havendo inércia por parte do órgão ministerial inicialmente incumbido de promove r a ação penal, outro órgão oficial seria então incumbido dessa missão. Exemplo: artigo 2º, § 2º, do D L 201/67 e artigo 27 da Lei 7.4 92/86; d) Ação penal indireta: aquela em que o MP assume a ação privada subsidiária da pública; e) Ação penal secundária: crimes primariamente processados mediante ação penal privada e, secundariamente , por ação penal pública. Exemplo: cri me contra honra do funcionário público ( Súmula 714/STF); f) Ação penal adesiva: existem duas vertentes -1) propositura da ação penal privada pelo MP, nos casos em que vislumbre interesse público; b) nos casos de conexão ou continência entre um delito que desafia ação penal pública e outro de ação penal privada. Trata-se de um litisconsórcio facultativo entre MP e ofendido nos crimes conexos. g) Ação penal popular: habeas corpus e ação de crime de responsabilidade. Em verdade, não se trata de ações penais propriamente d itas. Competência Teoria do resultado: a competência será, d e regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. EXCEÇÕES: no JECRIM aplica-se a teoria da atividade (a competência será do lugar da ação ou omissão ). Por sua vez, na ação penal privada, a competência se rá do 6 lugar da infração ou do domicílio do réu (foros concorrentes). Também há a exceção nos casos de crime contra vida , em que a competência será determinada pela teoria da ATIVIDADE. Assim, no caso d e crimes contra a vida (dolosos ou culposos), se os atos de execução ocorreram em u m lugar e a consumação s e deu em outro, a competência para julgar o fato será do local onde foi praticada a conduta (local da execução). Conexão: casos de concurso de pessoas (conexão intersubjetiva ); infrações praticadas para facilitar o u ocultar outras (conexão objetiva ou teleológica); prova de uma infração influir na prova de outra (conexão instrumental o u probatória). Gera unidade de processo e julgamento. Continência: casos de pessoas acusadas pela mesma infração (continência por cumulação subjetiva) e casos de concurso formal d e delitos, aberratio ictus e aberratio criminis com duplo resultado (continência por cumulação objetiva ). Gera unidade de processo e julgamento. Competência em crime continuado: prevenção. Competência em casos de conexão e continência: crime mais grave -> maior número de infrações prevenção. Súmula 235 STJ: a conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado. Separação facultativa dos processos: quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes , ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. Separação obrigatória dos processos: se houver concurso entre a jurisdição comum e a militar; se houve r concurso entre a jurisdição comum e o juízo de menores (ECA); se sobrevier doença mental em relação a um corréu; se houver cor réu foragido; se não houver número mínimo de jurados no tribunal do júri (estouro de urna). Infrações ocorridas em navios ou aeronaves: serão julgadas pela Justiça Federal. Viagens nacionais (competência do lugar em que o avião ou navio parar primeiro após a consumação do crime); Viagens Internacionais (competência d o local de saída ou do de chegada). Navios e aeronaves de natureza pública: integram o Brasil independente de onde estejam. Navios e aeronaves de natura privada: a) bandeira brasileira (quando estiverem transitando território nacional e alto mar), b) bandeira estrangeira (apenas quando estiverem transitando o território nacional ). Competência material em razão da pessoa ( ratione personae): foro por prerrogativa de função. 7 Foro Privilegiado: Executivo Legislativo Judiciário Outras STF (art. 102 da CF) Presidente; Vice-Presidente; Ministros de Estado; Chefe da AGU; Chefe da Casa Civil; Controlador Geral da União; Presidente do BACEN Senadores; Deputados Federais Membros dos Tribunais Superiores (STF, STJ, TST, TSE e STM) MPU (PGR); TCU; Comandante das Forças Armadas; Chefes em Missão Diplomática Permanente STJ (art. 101 da CF) Governadores Membros dos: Tribunais Estaduais e Federais MPU (membros que atuam no Tribunal) Conselheiros do TCE TJ Prefeitos (art. 29, X da CF) Deputados Estaduais Juízes Estaduais de 1º Grau Todos os membros do MP Estadual TRF (art. 108 da CF) Prefeitos (súmula 702 do STF) Deputados Estaduais Juízes Federais de 1º Grau Membros do MPU (1º Grau) o Nova posição do STF (AP 937): O foro por prerrogativa de função dos Deputados Federais e Senadores deve se aplicar apenas a crimes cometidos durante o exercício do cargo e desde que relacionados com a função desempenhada. Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. Jurisprudência: De acordo com o STJ, o fato de o crime de tortura, praticado contra brasileiros, ter ocorrido no exterior não torna, por si só, a Justiça Federal competente para processar e julgar os agentes estrangeiros. Isso porque a situação não se enquadra, a princípio, em nenhuma das hipóteses do art. 109 da CF/88. (Info 549 do STJ) Conforme decidiu o STJ, compete à Justiça Federal o processamento e o julgamento da ação penal que versa sobre crime praticado no exterior que tenha sido transferida para a jurisdição brasileira, por negativa de extradição. (Info 625 do STJ) 8 Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor. Segundo o STJ, compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes de violação de direito autoral e contra a lei de software decorrentes do compartilhamento ilícito de sinal de TV por assinatura, via satélite ou cabo, por meio de serviços de card sharing. (Info 620 do STJ) Nos termos do entendimento do STF, compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. (Info 853 do STF) De acordo com o STF, a existência de crimes conexos de competência daJustiça Comum, como corrupção passiva e lavagem de capitais, não afasta a competência da Justiça Eleitoral, por força do art. 35, II, do CE e do art. 78, IV, do CPP. (Info 895 do STF) Conforme decidiu o STF, a simples menção ao nome de autoridades detentoras de prerrogativa de foro, é insuficiente para o deslocamento da competência para o Tribunal hierarquicamente superior. (Info 854 do STF). Suspensão Condicional do Processo Nos crimes em que a PENA MÍNIMA cominada for IGUAL OU INFERIOR A 01 ANO, abrangidas ou não pela Lei dos Juizados Especiais, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por 2 a 4 anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, (reincidência ou maus antecedentes) presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). Súmula 696, STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao procurador-geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal. 9 Para o STF e o STJ a suspensão condicional do processo não é direito subjetivo do réu, mas um poder-dever do MP. O Juiz não pode oferecer a suspensão de ofício. Mas caso seja provocado pela parte interessada e discorde do não oferecimento da benesse pelo Ministério Público, o juiz deverá propô- la (sendo, nesse caso, direito público subjetivo do réu). Súmula 243, STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de 01 ano. (723, STF) Súmula 337, STJ: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva. É inadmissível o pleito da suspensão condicional do processo após a prolação da sentença, ressalvadas as hipóteses de desclassificação ou procedência parcial da pretensão punitiva estatal. (STJ) O reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva em relação a apenas um dos crimes em razão da pena concreta (art. 109 do CP) não autoriza a suspensão condicional do processo em relação ao crime remanescente. Na hipótese em que a declaração de extinção de punibilidade se dá pela pena concreta, verifica-se a existência de uma prévia condenação. (STJ) Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes CONDIÇÕES: reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; proibição de frequentar determinados lugares; proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente (pode ser flexibilizado), para informar e justificar suas atividades. Revogação obrigatória da suspensão: A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. STF: o benefício da suspensão condicional do processo pode ser revogado após o período de prova, desde que os fatos que ensejaram a revogação tenham ocorrido antes do término deste período. STF: sobrevindo o descumprimento das condições impostas, durante o período de suspensão, deve ser revogado o benefício, mesmo após o término do prazo fixado pelo juiz. STJ: É possível a revogação da suspensão condicional do processo, ainda que expirado o período da suspensão do curso do processo, desde que comprovado que houve o descumprimento das condições impostas ou que o beneficiado passou a ser processado por outro crime no curso do prazo da suspensão. 10 STJ: O descumprimento das condições impostas na suspensão condicional do processo, conquanto não se preste a fundamentar o aumento da pena-base no tocante à personalidade do agente, pode justificar validamente a exasperação com base na conduta social, ensejando, do mesmo modo, a majoração da pena em igual patamar. Não há bis in idem. Revogação facultativa da suspensão: A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta. Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. Não é decisão de mérito. Não gera maus antecedentes, nem reincidência. STJ: A extinção da punibilidade do agente pelo cumprimento das condições do sursis processual, operada em processo anterior, não pode ser sopesada em seu desfavor como maus antecedentes, personalidade do agente e conduta social. Jurisprudência: De acordo com o STJ, a suspensão condicional do processo não é direito subjetivo do acusado, mas sim um poder-dever do Ministério Público, titular da ação penal, a quem cabe, com exclusividade, analisar a possibilidade de aplicação do referido instituto, desde que o faça de forma fundamentada. Conforme decidiu o STJ, o Ministério Público, ao não ofertar a suspensão condicional do processo, deve fundamentar adequadamente a sua recusa. Se a recusa do MP foi concretamente motivada não haverá ilegalidade sob o aspecto formal. Transação Penal Art. 76 da Lei 9.099/95: Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de PENA RESTRITIVA DE DIREITOS OU MULTAS, a ser especificada na proposta. A transação penal evita a condenação, não há análise de mérito. O MP tem as seguintes opções: oferecer denúncia, pedir arquivamento, fazer a proposta de transação penal ou pedir encaminhamento ao juízo comum (pela complexidade do caso). 11 Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. Não será admitida a proposta se ficar comprovado: ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; (de acordo com a doutrina reincidente em crime doloso – interpretação mais restritiva) ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de 5 anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa; (nova transação em menos de 5 anos). Obs.: a transação não gera maus antecedentes, nem reincidência não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. (circunstancias judicias, art. 59, CP) Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz. Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que NÃO IMPORTARÁ EM REINCIDÊNCIA, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. Da sentença homologatória da transação cabe Apelação, no prazo de 10 dias. (art. 82) A aplicação de transação penal não impede o ingresso em concurso público. De acordo com o STJ, ao se aplicar o instituto da transação penal, não se discute fato típico, ilicitude, culpabilidade ou punibilidade, mas apenas é possibilitada ao autor do fato uma aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa para que não exista o prosseguimento da ação penal, sendo o acordo devidamente homologado pelo Poder Judiciário e impugnável por meio do recurso de apelação. A aplicação de transação não constará de certidão de antecedentes criminais, para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabívelno juízo cível (diferente do que ocorre na composição civil). Segundo entendimento do STF, a lei relativizará, de um lado, o princípio da obrigatoriedade da instauração da persecução penal em crimes de ação penal pública de menor ofensividade, e, de outro, autorizará o investigado a dispor das garantias processuais penais que o ordenamento lhe confere. 35, SV: A homologação de transação penal prevista no art. 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se o status quo ante, possibilitando- se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. 12 Provas Interrogatório do réu: meio de prova x meio de defesa (STF). Momento do interrogatório: no julgamento do HC 127900/AM, em 3/3/2016 (Info 816), o STF decidiu que a realização do interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o art. 400 do CPP, é aplicável no âmbito de processo penal militar. A realização do interrogatório ao final da instrução criminal, prevista no art. 40 0 do CPP, na redação dada pela L ei nº 11.719/2008, também se aplica às ações penais em trâmite na Justiça Militar, em detrimento do art. 30 2 do Decreto-Lei nº 1.0 02/69. Em relação à Le i de D rogas, não se manifesto u de forma expressa , mas apenas em obter dictum, no sentido de que o interrogatório de veria ser feito apenas ao final da instrução. Exame do corpo de delito: pode ser suprido pela prova testemunhal, mas não pela confissão. Interrogatório por videoconferência: a) prevenir risco à segurança pública (suspeita que integre organização criminosa ou que possa fugir); b) viabilizar a participação do réu no ato quando houver dificuldade d e comparecimento ao juízo (enfermidade ou circunstância pessoal); c) impedir influência d o réu no ânimo da testemunha ou vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência; d) responder à gravíssima questão de ordem pública. Provas cautelares: são aquela s provas que correm o risco de desaparecer em razão do tempo. Nesses casos, coleta-se cautelarmente a prova, mas o contraditório se rá postergado para a instrução probatória . Em regra, dependem de autorização judicial. Exemplo: interceptação telefônica autorizada no curso da investigação. Provas não repetíveis: É aquela prova que não pode ser novamente produzida, devido ao desaparecimento, destruição ou perecimento. Exemplo: perícia realizada na vítima de uma lesão corporal leve que tende a desaparecer em poucos dias. Aqui, o contraditório também será diferido/postergado. Provas antecipadas: São produzidas com observância ao contraditório, perante o magistrado, porém e m momento distinto daquele que previsto pela lei, inclusive na fase investigatória. Exemplo: depoimento ad perpetuam rei memoriam (art. 225, CPP) e a produção de provas prevista no art. 366, do CPP. 13 Sistemas de valoração da prova: sistema da prova tarifada (resquícios no CPP – certidão de óbito para comprovar a morte); sistema da íntima convicção (tribunal do júri); sistema d o livre convencimento motivado (regra geral) Prova ilícita: aquela que viola garantia consagrada em norma constitucional ou legal . Pode ser utilizada para absolver, mas não para condenar. Devem ser desentranhadas do processo. Depoimento sem dano (INFO 556, STJ): admite-se nos casos de crime contra a dignidade sexual contra criança ou adolescente; não gera nulidade o fato de o advogado/Defensor, Juiz e Promotor não estarem presente fisicamente (acompanham, simultaneamente, por sistema de vídeo); é possível ainda que antes da fase judicial; não tem previsão legal expressa (Recomendação 33/2010 - CNJ) Súmula 455 - STJ: a decisão que determina a produção antecipada de provas com base no artigo 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero de curso do tempo. Jurisprudência: De acordo com o STJ, o depoimento dos policiais prestado em juízo constitui meio de prova idôneo, podendo embasar a condenação do réu. Conforme decidiu o STJ, se o telefone celular foi apreendido em busca e apreensão determinada por decisão judicial, não há óbice para que a autoridade policial acesse o conteúdo armazenado no aparelho, inclusive as conversas do Whatsapp. Informativo 617 do STJ: Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia autorização judicial, na hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi morto, tendo o referido telefone sido entregue à autoridade policial por sua esposa. Informativo 623 do STJ: A existência de denúncias anônimas somada à fuga do acusado, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou determinação judicial. Informativo 608 do STJ: A ausência de lacre em todos os documentos e bens - que ocorreu em razão da grande quantidade de material apreendido - não torna automaticamente ilegítima a prova obtida. Informativo 623 do STJ: É possível a utilização de dados obtidos pela Secretaria da Receita Federal, em regular procedimento administrativo fiscal, para fins de instrução processual penal. 14 Nos termos do entendimento do STJ, condições pessoais favoráveis não têm o condão de revogar a prisão cautelar, se há nos autos elementos suficientes a demonstrar a sua necessidade. Conforme decidiu o STJ, sem consentimento do réu ou prévia autorização judicial, é ilícita a prova, colhida de forma coercitiva pela polícia, de conversa travada pelo investigado com terceira pessoa em telefone celular, por meio do recurso "viva-voz", que conduziu ao flagrante do crime de tráfico ilícito de entorpecentes. (Info 603) Prisão, Medidas Cautelares e Liberdade Provisória Espécies de Flagrante (art. 302 do CPP): a) flagrante próprio ou real: aquele e m que o agente está cometendo a infração penal ou que acaba de cometê-la; b) flagrante impróprio, irreal ou quase flagrante: aquele que o agente é perseguido, logo a pós, pela autoridade, pelo ofendido o u por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; c) flagrante presumido, ficto ou assimilado: aquele e m que o agente é encontrado, logo depois, com instrumentos, ar mas, objeto s ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração; d) flagrante preparado ou provocado: um agente provocador induz terceiro à prática do de lito, adotando precauções para que o crime não se consume. Também chamado de delito putativo por obra do agente provocador ou c rime de ensaio. Configura crime impossível (Súmula 145/STF: não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação). e) flagrante retardado ou diferido: é considerado legal e encontra previsão na lei das organizações criminosas e lei de drogas. Exemplo: ação controlada (retardamento da intervenção policial, que deve se dar no momento mais oportuno sob o ponto de vista da colheita de provas); f) flagrante esperado: a autoridade policial limita-se a aguardar o momento da prática do delito. A diferença entre o flagrante esperado e o preparado é que no preparado há o agente provocador. É considerado legal; e) flagrante forjado ou urdido: cria provas de um delito in existente. É ilegal. 15 Formalidades do flagrante:a) comunicar à família, a o juiz e ao MP; b) em 24h enviar os autos ao juiz , entregar a nota de culpa e encaminhar cópia d o auto à Defensoria (caso não tenha advogado). De acordo com o princípio da homogeneidade, corolário da proporcionalidade, mostra-se ilegítima a prisão provisória quando a medida for mais gravosa que a própria sanção a ser aplicada na hipótese de eventual condenação. Prisão temporária: só pode ser determinada no inquérito policial e pelo prazo de 5 dias, podendo ser prorrogada por mais 5 dias. Nos crimes hediondos, o prazo é d e 30 + 30. Requisitos da temporária : a) imprescindível para as investigações; b) réu não possuir residência fixa o u não fornecer elementos para sua identificação; c) houver fundadas razões d e auto ria ou participação nos seguintes crimes: homicídio doloso, sequestro ou cárcere privado, roubo, extorsão, extorsão me diante sequestro, estupro, atentado violento ao pudor, rapto violento, epidemia com resultado morte, envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte, quadrilha ou bando (associação criminosa), genocídio, tráfico de drogas, crime contra o sistema financeiro, crimes previstos na Lei de Terrorismo. Prisão preventiva (art. 311 e seguintes): garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, instrução do pro cesso penal ou aplicação da lei penal. Só pode ser decretada em crimes dolosos com pena superior a 4 anos, reincidentes dolosos ( qualquer pena), descumprimentos de medida de protetiva de urgência (violência doméstica) ou quando não se identificar civilmente. Juiz não pode conceder de ofício: prisão temporária e prisão preventiva e cautelares diferentes da prisão durante o inquérito. Cautelares diversas da prisão: sempre concedidas pelo juiz, salvo a fiança que pode ser arbitrada pelo delegado quando a pena máxima do crime for de até 4 anos. Atos infracionais pretéritos podem ser utilizados como fundamento para decretação ou manutenção da prisão preventiva, desde que a gravidade específica do ato infracional , o tempo decorrido entre o referido ato e o crime seja razoável (não excessivo) e haja comprovação da efetiva ocorrência do ato infracional (ST J, Info 585 ). Havendo déficit de vagas, deverá determinar-se: (i) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente 16 ou é posto em prisão domiciliar por falta de vaga s; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/o u estudo ao sentenciado que progride a o regime aberto; d) até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferi da a prisão domiciliar ao sentenciado ( Info 825 - STF). Prisão domiciliar: é um tipo especial de prisão que substitui a preventiva quando estão presentes os requisitos dos arts. 312 e 313, mas, por alguma particularidade do acusado, ele não pode se submeter ao gravame do cárcere. Jurisprudência: Em determinado caso concreto, o STF considerou que a concessão da prisão domiciliar humanitária (art. 318, II do CPP) era necessária para preservar a integridade física e moral do paciente, em respeito à dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF). Informativo 891 do STF: o Em regra, deve ser concedida prisão domiciliar para todas as mulheres presas que sejam: gestantes - puérperas (que deram à luz há pouco tempo) - mães de crianças (isto é, mães de menores até 12 anos incompletos) ou - mães de pessoas com deficiência. o Não deve ser autorizada a prisão domiciliar se: 1) a mulher tiver praticado crime mediante violência ou grave ameaça; 2) a mulher tiver praticado crime contra seus descendentes (filhos e/ou netos); 3) em outras situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o benefício. De acordo com o STJ, a decretação da prisão temporária só pode ser considerada legítima caso constitua medida comprovadamente adequada e necessária ao acautelamento da fase pré- processual, não servindo para tanto a mera suposição de que o suspeito virá a comprometer a atividade investigativa. Sentença A sentença penal absolutória que decidir que o fato imputa do ao acusado não constitui crime não impede a propositura da ação civil. 17 Limites à fundamentação per relationem (Info. 557, STJ): é admissível a fundamentação per relationem. Contudo, é nulo o acórdão que se limita a fazer a fundamentação dessa forma, se m deixar de afastar as teses defensivas. Precisa pelo menos transcrever partes do original usado para fundamentar e indicar peças concretas. De acordo com o STJ, não ofende o princípio da congruência a condenação por agravantes não descritas na denúncia. Isso é autorizado pelo art. 385, do CPP, que foi recepcionado pela CF/88. Emendatio Libelli (art. 383, CPP): não há alteração e m relação ao fato delituoso, limitando- se o juiz a modificar a classificação formulada na peça acusatória, a inda que tenha que a plicar pena mais grave, em razão de eventuais equívocos existentes na inicial acusatória. Mutatio libelli: durante o curso da instrução processual, surge uma elementar ou circunstância não contida na peça acusatória. Nessa hipótese, a fim de se evitar violação aos princípios da ampla defesa e da correlação entre acusação e sentença, deve o MP aditar a peça acusatória, ouvindo-se a defesa no prazo de 5 dias. Haverá novo interrogatório e oitiva de no máximo 3 testemunhas. Permite uma readequação da imputação quando a instrução revela que os fatos realmente ocorridos são distintos d os narrados na inicial . Não cabe mutatio na segunda instância. O juiz não poderá reconhecer qualificadoras ou causas de aumento, que não tenham sido narradas (nos fatos, pois pode dar capitulação diversa ) na denúncia, sem antes aplicar o art. 384. Efeito prodrômico da sentença penal: mesmo sendo nula, a sentença continua a fixar o máximo de pena que poderá ser aplicada. Proibição do reformatio in pejus. Efeitos automáticos: perda dos instrumentos e produtos do crime, obrigação de reparar o da no e suspensão dos direitos políticos. Efeitos não-automáticos: perda do cargo, perda do poder familiar (nos casos de crimes dolosos e com pena de reclusão contra descendente ), inabilitação para dirigir (crimes de trânsito dolosos). Nulidades Os atos decisórios praticados por um juiz relativamente incompetente serão declarados nulos, todavia, os atos instrutórios, os atos de prova, podem ser aproveitados perante o juízo 18 competente (art. 567, CPP). Já se a nulidade é ocasionada pela incompetência absoluta, nenhum ato se rá aproveitado perante o juízo competente. Não haverá nulidade quando a defesa não apresenta alegações finais no rito do júri na fase anterior à pronúncia, pois constitui faculdade a apresentação d essas alegações, já que a defesa pode, estrategicamente, res ervar para plenário suas argumentações para não adiantar a tese defensiva que pretende utilizar. Súmula 523 - STF: no processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houve r prova de prejuízo para o réu. Recursos RESE (5 dias + 2 para razões): de cisão que conclui pela incompetência do juízo; que julga procedentes asexceções, salvo a de suspeição (cabe apelação); que envolve fiança; que decreta a prescrição ou outro m odo de extinção da punibilidade ; que concede ou nega HC; que envolve suspensão condicional da pena ou livramento condicional; que denega apelação ou a julga deserta; que decide o incidente de falsidade; que envolve medida de segurança. Apelação (5 dias + 8 para razões): I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferida s por juiz singular; II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior; III - d as decisões do Tribunal d o Júri, quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados (tribunal pode corrigir); c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena o u da medida de segurança (tribunal pode corrigir); d) for a de cisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos (haverá novo julgamento – aplica-se uma única vez). A apelação é um recurso residual (quando não couber RESE, caberá apelação). A apelação no J ECRIM tem prazo de 10 dias. Contra a decisão que rejeita a denúncia d e crime de menor potencial ofensivo , caberá a interposição de recurso de apelação. Súmula nº 705 - STF: a renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta. Carta testemunhável (prazo de 48h): I - da decisão que denegar o recurso (salvo denegação de apelação, que provoca RESE); II - da que, admitindo em bora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad quem. 19 Recurso de ofício: I - da sentença que conceder habeas corpus; II - da que absolver desde logo o ré u com fundamento na existência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pen a; III - da decisão que concede reabilitação. Juízo de Retratação: admitem juízo de retratação RESE, carta testemunhável, agravo em execução. Revisão criminal: Legitimados: réu ou seu procurador e, em caso de morte, seu cônjuge /ascendente/descendente /irmão. MP não é legitimado, somente a defesa. Competência: tribunal A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após. Trata-se de instrumento exclusivo da defesa. MP pode impetrar HC. A doutrina admite revisão criminal em face da sentença absolutória imprópria, já que, a despeito de não se tratar de sentença condenatória (como exige o art. 621 d o CPP), trata-se de sentença com efeitos, por vezes, mais graves que os de uma sentença condena tória, pois se aplica medida de segurança ao “absolvido”. Assim, aquele que foi absolvido mediante sentença absolutória imprópria TEM I NTERESSE DE AGIR para o manejo da revisão criminal, pois eventual de cisão favorável trará algum benefício a o requerente . A revisão criminal se presta às hipótese s taxativas do art. 626 do CPP: "Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolve r o réu, modificar a pena o u anular o processo." O STJ decidiu que o Tribunal pode, a qualquer momento e de ofício, desconstruir acórdão de revisão criminal que, de maneira fraudulenta, tenha absolvido o réu, quando, na verdade , o posicionamento que prevaleceu na sessão de julgamento foi pelo indeferimento do pleito revisional. Habeas Corpus Dosimetria da pena e negativa de autoria não são aferíveis por meio de HC, em razão das restrições ao exame fático e probatório. Súmula 395 - STF : Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus d as custas, por não est ar mais em causa a liberdade de locomoção. – 20 Súmula 606 - STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus o u no respectivo recurso. Súmula 693 - S TF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em c urso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única c ominada. Súmula 695 - STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade . Súmula 208 - STF: O assistente do Ministério Público não pode recorrer, extraordinariamente, de decisão concessiva de " habeas corpus". O habeas corpus não é meio processual adequado para o apenado obter autorização d e visita d e sua companheira no estabelecimento prisional (Info 827 - S TF). Pena de suspensão do direito de dirigir veículo automotor: não cabe Habeas Corpus (INFO 55 0 - STJ). Não cabe HC para se discutir se houve dolo eventual ou culpa consciente em homicídio praticado na direção de veículo automotor (Info 8 26 - STF). Pessoa sem ter capacidade postulatória que impetra um HC e este é negado, poderá ingressar com recurso contra a decisão? 1ª Turma do STF: SIM; 2ª Turma do STF e STJ: NÃO. Tribunal do Júri Sentença da 1ª Fase: 1) Pronúncia (RESE ): prova da materialidade do fato e da existência de indícios sufi cientes d e autoria ou de participação. A fundamentação da sentença de pronúncia deve especificar as qualificadoras e causas d e aumento. Não faz coisa julgada material (direito material), embora opera-se a preclusão (direito processual). Conteúdo da pronúncia: a) Pode constar na pronúncia: a classificação do delito, suas qualificadoras e as causas de aumento p revista s na parte especial do Código Penal. É possível, ainda, mencionar os tipos penais por extensão, como a existência de concurso de pessoas, da tentativa ou de o missão relevante. 21 b) Não pode constar na pronúncia: as agravantes e atenuantes, as causas de diminuição (com exceção da tentativa), a existência d e concurso d e crimes, a exclusão de qualificadoras (salvo se estas forem absolutamente improcedentes). 2) Desclassificação (RESE): crime não é de competência do tribunal d o júri. É encaminhado para o juiz competente para instrução e julgamento. 3) Impronúncia (Apelação): não há prova do crime ou inexistentes indícios suficientes d e autoria. Faz coisa julgada formal. Trata-se de decisão interlocutória mista terminativa. 4) Absolvição Sumária (Apelação): Atipicidade; Prova da inexistência dos fatos; Prova de que o réu não é autor dos fatos; Provada causa de isenção de pena; Provada causa de exclusão de crime (excludente s de ilicitude e culpabilidade). O recurso de apelação das decisões do júri é vinculado. Isto significa que o julga mento da apelação fica condicionado aos motivos da sua interposição. Súmula 713 - STF: o efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos funda mentos da sua interposição. Hipóteses de desaforamento: Imparcialidade dos jurados; Motivos de ordem pública; F alta d e segurança para o ac usado; Não realização da sessão de julgamento em até 6 meses da d ata da pronúncia, salvo se a demora decorre r da própria defesa. Durante os de bates as partes não poderão, sob pena de nulidade , faze r referência s: I - à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou àdeterminação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; II - ao silêncio d o acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, e m seu prejuízo. Citação por edital: a) antes da Lei 9 271/96: citado por edital e não suspendia o pro cesso (revel); b ) após a Lei 9271/96: citado por edital e suspende o processo e o prazo prescricional. Intimação por edital: a) ante s da L ei 11689/08 : processo era “paralisa do” (“crise de instância”); b) após a Lei 11689/0 8: intimação por edital e sequência (sem suspender, sem crise de instância). 22 Não se aplica aos crimes anteriores à Lei 9 271/96: réu revel. Se aplica aos posteriores. Juntada de novo documento (Info. 537, STJ): juntada com antecedência de 03 dia s, sob pena de nulidade do Julgamento. Ausência de testemunha arrolada no plenário do Júri (Info 538, STJ): redesignação do julgamento por falta de testemunha, somente se intimada com cláusula de imprescindibilidade ou se intimada em endereço errado, diverso do fornecido pela defesa. Serão quesitadas as causas de aumento, de diminuição e qualificadoras . Em relação às circunstâncias agravantes e atenuantes, o juiz-p residente proferirá sentença considerando a penas aquelas alegadas nos debates. Anulação da sentença de pronúncia por excesso de linguagem (Info 561, STJ): reconhecida a eloquência acusatória da decisão de pronúncia, o Tribunal deve anular a decisão de pronúncia e os atos posteriores. Não basta o desentranhamento e envelopamento da decisão. É necessário que outra seja prolatada no seu lugar, para que uma cópia seja entregue aos jurados. Caso o Tribunal de Justiça , em sede de apelação, determine a realização de novo júri em razão do reconhecimento de que a decisão dos jurados fora manifestamente contrária à prova d os autos, não é possível que se conceda às partes o direito de inovar no conjunto probatório mediante a apresentação de novo rol de testemunhas a serem ouvidas em plenário. Crimes de Responsabilidade dos Funcionários Públicos Art. 513, CPP: Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (crimes funcionais), cujo processo e julgamento competirão aos juízes de direito (funcionários que não tenham foro privilegiado), a queixa (subsidiária) ou a denúncia será instruída com documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito (não há inquérito) ou com declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas. Art. 514, CPP: Nos crimes afiançáveis (atualmente todos são), estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito (Resposta Preliminar ou Exceção de Precognição), dentro do prazo de 15 dias. Parágrafo único. Se não for conhecida 23 a residência do acusado (não se justifica, pois o funcionário público tem domicílio obrigatório), ou este se achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta preliminar. Súmula 330, STJ: É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial. De acordo com o STJ, a notificação do acusado só é imprescindível se a denúncia não estiver instruída com inquérito policial ou processo administrativo (PAD), ficando a obrigatoriedade da notificação do acusado (funcionário público) para a apresentação de resposta formal, restrita aos casos em que a denúncia apresentada basear-se tão-somente em documentos acostados à representação (noticia criminis). O STF tem entendimento diverso do STJ, no sentido de que é indispensável a defesa prévia nas hipóteses do art. 514 do CPP, mesmo quando a denúncia é lastreada em inquérito policial. Entretanto é pacífico no âmbito das Cortes Superiores o entendimento de que a inobservância do rito retromencionado configura nulidade relativa, cuja arguição deve ser feita oportunamente, sob pena de preclusão, exigindo, ainda, a demonstração do prejuízo suportado pela parte. STF: Havendo imputação de crimes funcionais e não funcionais, não se aplica o procedimento previsto nos arts. 513 e seguintes do Código de Processo Penal, a tornar prescindível a fase de resposta preliminar nele prevista. STJ: A defesa preliminar, própria do procedimento dos crimes afiançáveis, supostamente praticados por funcionários públicos, NÃO SE APLICA aos casos em que o paciente é acusado de um crime funcional, JUNTAMENTE COM OUTRO CRIME COMUM, o qual é apurado mediante investigação prévia (inquérito policial ou procedimento de investigação preliminar presidido pelo Ministério Público). Art. 516, CPP: O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se convencido, pela resposta do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da improcedência da ação. Decisão de mérito, faz coisa julgada. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusado citado seguindo o rito comum (ordinário ou sumário, a depender da pena). Juizados Especiais Criminais – Lei 9.099/95 Art. 98, I, CF: A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução 24 de causas cíveis de menor complexidade e INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO, mediante o procedimento oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. Art. 60: O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. Art. 61: Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Competência para todas as contravenções, salvo no caso da Lei 11.340/06. Não se aplica a Lei 9.099/95: o Crimes ou contravenções praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista (art. 41, Lei 11.340/06). o Crimes militares. Princípios Informadores (art. 62): o Oralidade o Informalidade o Economia processual o Celeridade o Reparação dos danos, sempre que possível o Aplicação de pena não privativa de liberdade Competência (art. 63): a competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi PRATICADA a infração penal. Atos de Comunicação: o Citação (art. 66): A citação será PESSOAL e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado. o Intimação (arts. 67 e 68): A intimação far-se-á por CORRESPONDÊNCIA, com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por OFICIAL DE JUSTIÇA, independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer MEIO IDÔNEO DE COMUNICAÇÃO. Fase Preliminar – Termo Circunstanciado: o Art. 69: a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. 25 o Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Audiência Preliminar: o Art. 70: Comparecendoo autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização imediata da audiência preliminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes. o Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei. o Art. 72: Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade. o Art. 73: A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação. Composição Civil: o Art. 74: A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. o Efeitos penais: Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a RENÚNCIA ao direito de queixa ou representação. o Art. 75: Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal (na verdade trata-se de uma ratificação da representação), que será reduzida a termo. Procedimento Sumaríssimo: o Art. 77: Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou por não preencher os requisitos da transação, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis. o Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes ao juízo comum, para instauração de inquérito. o Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo circunstanciado, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á (dispensa) do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente. o Art. 78: Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados. o Se o acusado não estiver presente, será citado na forma dos arts. 66 e 68 e cientificado da data da audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, no mínimo cinco dias antes de sua realização. 26 o Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para comparecerem à audiência de instrução e julgamento. o As testemunhas arroladas serão intimadas na forma prevista no art. 67. o Art. 79: No dia e hora designados para a AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO, se na fase preliminar não tiver havido possibilidade de tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei. o Art. 80: Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando imprescindível, a CONDUÇÃO COERCITIVA de quem deva comparecer. o Art. 81: Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação (exceção de pré-cognição ou resposta preliminar), após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença (dispensado o relatório). o Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias. o De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença. o A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz. Recursos: o Apelação Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação (e da homologação da transação), que poderá ser julgada por turma (Turma Recursal) composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. A apelação será interposta no prazo de 10 dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. (interposição + razões em 10 dias) O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de 10 dias. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. o Embargos de Declaração Cabem embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição ou omissão. Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de 5 dias, contados da ciência da decisão. Os embargos de declaração INTERROMPEM o prazo para a interposição de recurso. Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício Execução o Pena de Multa (arts. 84 e 85) o Penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, ou de multa cumulada com estas (art. 86) 27
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