Buscar

Babbin, Jed - A Nova Guerra Contra Israel

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 177 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 177 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 177 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A 
NOVA GUERRA 
CONTRA
ISRAEL
JED BABBIN e
traduzido por
eduardo levy
HERBERT LONDON
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
 (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 Babbin, Jed
 A nova guerra contra Israel / Jed babbin e 

 1. ed. -- Santos : Editora Simonsen, 2015.
 Título original: The BDS war agains Israel.
 ISBN 978-85-69041-04-7
 1. Árabes palestinos - Israel - Condições 
 sociais 2. Árabes palestinos - Israel - Direitos 
 civis 3. Conflito árabe-israelense 4. Direitos 
 humanos - Palestina 5. Refugiados 6. Relações 
 internacionais I. London, Herbert. II. Título.
 
15-06388 CDD-327.5694
 Índices para catálogo sistemático:
 1. Conflito Israel-Palestina : Relações 
 internacionais 327.5694
 2. Conflito Palestina-Israel : Relações 
 internacionais 327.5694
Os autores desejam agradecer a Adam Bellow, David Bernstein e ao resto da equipe da 
Liberty Island Media pela assistência na produção 
deste livro. Desejamos também agradecer ao 
rabino Binyamin Sendler e ao General Ion Pacepa 
por nos permitir usar uma pequena parte do vasto 
repositório de sabedoria de que dispõem e a Bryan 
Griffin por sua pesquisa soberba. 
S
U
M
A
R
I
OPrefácio à edição brasileira.................
INTRODUÇÃO...................................
A nova guerra contra Israel..................
CAPÍTULO 1 - as raízes políticas e 
ideológicas do movimento BDS.................
o nascimento do BDS............................
CAPÍTULO 2 - refutando as mentiras...........
o embuste do apartheid.........................
crimes de guerra e genocídio...................
o bloqueio de Gaza e os muros..................
o libelo de sangue 2.0 de Barghouti...........
limpeza étnica?................................
não existe “direito de retorno”................
CAPÍTULO 3 - a estratégia de Durban, a ONU e 
a desinformação..............................
CAPÍTULO 4 - o movimento BDS no mundo........
CAPÍTULO 5 - o BDS nos Estados Unidos........
CAPÍTULO 6 - quem financia o movimento BDS?..
CAPÍTULO 7 - implicações para a política 
externa dos EUA e Israel.....................
o processo de paz.............................
o futuro da política externa americana........
o futuro da política externa israelense.......
EPÍLOGO......................................
APÊNDICE.....................................
AGRADECIMENTOS...............................
9
15
23
41
47
55
56
60
67
72
76
89
93
101
113
125
137
142
148
150
163
169
175
P
R
E
F
A
C
I
O
A
 
E
D
I
C
A
O
 
B
R
A
S
I
L
E
I
R
A
Há alguns anos, trafegando pela Av. Rebouças em São Paulo, deparei-me 
com uma grande manifestação que ocupava 
a outra pista da avenida. O trânsito se 
arrastava lentamente e pude observar, com 
cuidado, as faixas com reivindicações como: 
“Salvem Gaza”, “Israel assassino”, etc. Fiquei 
curioso para descobrir como tanta gente 
havia se reunido para tal manifestação, e me 
surpreendi ao descobrir que era uma passeata 
organizada pelo sindicato dos funcionários 
do Hospital das Clínicas! 
Perguntei a mim mesmo que raios que um 
sindicato de classe tem a ver com uma questão 
internacional, de dois pequeninos povos do outro 
lado do globo. Obviamente aquelas pessoas não
por Jorge Feffer
10
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
estavam lá por iniciativa própria; havia todo 
um sistema que propiciou sua ida, sem que os 
envolvidos estivessem cientes. Não precisei 
de muito para entender a conexão daquela 
manifestação com movimentos de esquerda, 
alimentados por uma ideologia que, por sua 
vez, utiliza efetivos mecanismos de controle das 
massas, para atingir objetivos nem sempre óbvios. 
O movimento conhecido por BDS, a sigla em 
inglês para Boicote, Desinvestimento e Sanções, 
espalhou-se pelo mundo com o objetivo de 
minar o Estado de Israel e as negociações para 
o estabelecimento de um Estado palestino ao 
lado de Israel. Ainda que não figure em sua carta, 
as declarações de seus dirigentes promovem 
a discussão sobre a legitimidade da solução da 
partilha de 1947 que, sob os auspícios da ONU, 
definiu a criação de dois Estados para dois povos 
na região. Seu objetivo é destruir o Estado de 
Israel.
O antissemitismo já foi definido como “odiar 
os judeus mais do que o mínimo necessário”, e 
sua recente onda, por vezes ligada a políticas 
promovidas por este ou aquele governo 
israelense, demonstra não ser necessária a 
presença de judeus para que prolifere. E o anti-
sionismo transformou-se na nova arma deste 
fenômeno. Assim, promovendo mentiras e meias 
verdades, grupos que nada têm a ver com a 
disputa dos direitos humanos ou a liberdade de 
expressão clamam pela exclusão de israelenses 
das atividades culturais e econômicas, pela
11
expulsão de professores de congressos 
internacionais, pela proibição de atuação de 
artistas em atividades culturais e pelo banimento 
de instituições das mais variadas organizações. 
Mas a maioria dos engajados no movimento 
não tem conhecimento de suas atividades; 
confundem a disputa na Cisjordânia e em Gaza 
com a situação dos cidadãos árabes em Israel que, 
aliás, são os únicos a desfrutar de democracia 
no Oriente Médio e por nada trocariam sua 
cidadania pela de um Estado palestino. Também 
são incapazes de diferenciar organizações 
e indivíduos que lutam para promover o 
entendimento e a harmonia, classificando a 
todos os israelenses em uma mesma categoria e 
promovendo discursos de ódio e confronto.
Infelizmente o Brasil não foge desta análise. 
Aqui a esquerda que em busca da hegemonia 
abraça qualquer causa, se apropriou de uma 
suposta bandeira palestina, incorporando 
elementos antissemitas e anti-sionistas em 
suas manifestações. Dessas manifestações, 
participam elementos entusiastas, portando 
bandeiras e slogans, mas praticamente nada 
sabem sobre os temas que supostamente estão 
defendendo, sendo meros instrumentos de 
manobra de uma estratégia maior.
As recentes demandas para excluir empresas 
israelenses das atividades na Copa de 2016 
encontraram prontamente respaldo nos órgãos 
governamentais, na USP criaram há anos a 
“Semana da Palestina”, que mobiliza ativistas
12
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
com meias verdades. Felizmente existe ainda 
alguma resistência, como a de alguns renomados 
cantores brasileiros que sabiamente rejeitaram 
o apelo para deturpar sua arte com ingerências 
políticas maniqueístas. 
No Brasil, o movimento BDS praticamente 
não existe. Por quê? Porque não é necessário 
e provavelmente não seria muito útil, já que a 
ideologia é tão forte e ativa que a pressão sobre 
a sociedade para deturpar a questão Israel-
Palestina já obtém os resultados desejados. 
Apesar disso, conhecer o movimento BDS 
internacional é fundamental, para entender 
como funciona esta ideologia, quais são suas 
estratégias e técnicas para atingir os objetivos 
almejados, usando de todas armas possíveis, 
sem respeitar nenhum limite ético. Sabendo 
disso podemos nos precaver, evitando, assim, 
acreditar em discursos enganosos.
Para seus “militantes” trata-se uma guerra e 
numa guerra as primeiras vítimas são a verdade 
e o respeito ao ser humano.
I
N
T
R
O
D
U
C
A
O
por Herbert London
A Oxfam America, cujo objetivo é acabar com a pobreza, a fome e a injustiça 
social, é uma organização de caridade 
bancada por “cidadãos globais” e alega ser 
“uma das organizações internacionais de 
assistência e desenvolvimento social mais 
eficazes do mundo”. Mas a Oxfam é mais 
que uma organização de caridade; ela é 
também um veículo de propaganda para a 
demonização de Israel. Há pouco tempo, 
a organização repreendeu uma das suas 
“embaixadoras globais da boa vontade”, a 
atriz ScarlettJohansson. O crime? Representar 
a SodaStream, empresa israelense com 
instalações na Cisjordânia. A Oxfam alegou 
que promover o comércio com uma empresa 
16
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
sediada em “território ocupado” era errado. 
Não interessa que o território esteja “sob 
disputa”; ignore-se também que a SodaStream 
emprega aproximadamente 500 palestinos; a 
Oxfam sabe o que é o melhor para a região. 
Para prestígio da atriz, ela encerrou seu 
relacionamento com a organização, citando 
“uma fundamental diferença de opinião no 
que diz respeito ao movimento de boicote, 
desinvestimento e sanções [BDS]”.
O porta-voz do movimento, Omar Barghouti, 
expõe com total clareza o objetivo do BDS: “O 
direito dos refugiados palestinos de retornar a 
suas casas e terras, de onde foram desalojados 
e despossados em 1948”. Mas esse direito 
geral não existe. De acordo com resolução da 
ONU, Israel foi criado para ser a pátria do povo 
judeu. A resolução segundo a qual o suposto 
“direito de retorno” foi criado dizia respeito 
apenas aos palestinos desalojados pela Guerra 
de Independência de Israel, não aos milhões 
de descendentes deles vivendo no momento 
como “refugiados” permanentes na Jordânia, 
no Líbano, na Síria e em outros países árabes. 
Dizer o contrário seria afirmar que a ONU 
aprovou a destruição da pátria judaica um mês 
depois de ter aprovado a criação dela. Fosse 
posto em prática o plano absurdo do BDS—
absurdo no fato de que até mesmo o bisneto de 
um palestino que vive na Jordânia, no Líbano 
ou na Síria é considerado refugiado—o influxo 
de quase 5 milhões de “refugiados” faria com
17
que o Estado de Israel deixasse de existir. No 
entanto, o movimento BDS vem ganhando 
força, especialmente ao espalhar a alegação de 
que Israel é um opressor colonial. 
O que se omite nessa narrativa é que as 
comunidades judaicas do Iraque, da Síria, 
do Irã, do Egito e do Iêmen foram expulsas, 
criando mais de 600 mil refugiados judeus. 
As injustiças que essas pessoas sofreram 
não são reconhecidas pelas Nações Unidas 
e muito menos retratadas pela mídia 
mundial. Enquanto o Oriente Média se 
inflama com guerras civis, terrorismo e 
mentalidade anti-humanista, Israel tornou-se 
preocupação prioritária de muitos centros 
de opinião ocidentais. No entanto, trata-se 
da única sociedade democrática, aberta e 
verdadeiramente multiétnica da região—o 
único país onde judeus e árabes se sentam 
lado a lado no parlamento. 
É instrutivo o fato de que Omar Barghouti, 
o ativista do BDS mencionado acima, graduou-
se pela Universidade de Tel Aviv. Em verdade, 
a universidade resistiu a uma petição mundial 
para expulsá-lo por suas opiniões radicais, 
apoiando-se nos princípios da liberdade 
acadêmica e da liberdade de expressão e 
conferindo-lhe o grau de mestre em filosofia. 
Onde no mundo muçulmano poderia haver 
história semelhante?
18
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
A oradora oficial do ano de 2014 da turma de 
graduação da Technion University Medical School, 
em Haifa, foi Mais Ali-Saleh, jovem muçulmana 
criada em uma pequena vila árabe próximo a 
Nazaré e, mais especificamente, um exemplo vivo 
em contrário às alegações do BDS de que Israel 
é um “Estado de apartheid”. Em seu discurso, 
Ali-Saleh observou que “um boicote acadêmico 
a Israel é uma atitude passiva que não alcança 
nenhum dos objetivos que se propõe”. Afirmou 
ainda que o BDS “perpetra falsidades”, uma vez 
que as mulheres árabes de Israel têm ali mais 
direitos, liberdades e oportunidades acadêmicas 
que em qualquer país árabe, e acrescentou que, 
na verdade, os países árabes é que deveriam ser 
pressionados a emular a liberdade acadêmica e 
a democracia de Israel. 
Um ponto de vista como esse, no entanto, 
submerge no oceano diante do proselitismo 
idealista de pessoas como Roger Waters, ex-
líder do Pink Floyd. Em uma entrevista recente, 
ele afirmou que Israel promove uma “limpeza 
étnica” como parte de seu “regime racista de 
apartheid”, traçando também paralelos com o 
governo de Vichy e a Alemanha nazista. Waters 
chega mesmo a descrever a matança sistemática 
de judeus no Holocausto como nada diferente 
da “matança do povo palestino” e afirma que 
muitos artistas compartilham de sua opinião, 
mas têm medo de expressá-la por causa do 
“poderoso lobby judeu”. As afirmações de
19
Waters, evidentemente, provam que é o exato 
oposto que ocorre. 
Mas o artista tem aliados improváveis: judeus 
com boas intenções, muitas vezes vítimas de 
péssimos conselheiros, que aceitam a narrativa 
do BDS. Em alguns casos, trata-se de opiniões 
ignorantes ou simplistas; em outros, essas 
posições são apenas uma demonstração de 
adesão à esquerda—a causa mais recente dos 
“bons samaritanos” profissionais; para outros 
ainda, apoiar o BDS é uma maneira de pressionar 
o governo Netanyahu a ser mais flexível nas 
negociações territoriais. Quaisquer que sejam 
as razões, o BDS vem ganhando muitos adeptos 
entre os judeus americanos, sobretudo nos 
campi universitários. 
É importante distinguir entre radicais 
conscientemente antissionistas, como Norman 
Finkelstein e Noam Chomsky, e sionistas “bem-
intencionados” inclinados à esquerda que 
acreditam que o movimento BDS vai, na verdade, 
beneficiar Israel ao acelerar as negociações 
para uma solução de dois Estados; o New 
Israel Fund (NIF) [organização judaica norte-
americana que pretende promover justiça 
social em Israel], por exemplo, devota uma 
parte significativa de seu orçamento ao apoio 
ao BDS. Embora os capítulos que se seguem 
não enfatizem essa diferença, é certo que 
temos consciência dela. No entanto, é o efeito 
das ações dos vários agentes, e não o que as 
motivou, que nos interessa. 
20
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
Em um artigo recente para o Wall Street 
Journal, a repórter Lucette Lagnado dissecou a 
presença do movimento BDS na universidade 
em que se formou, a Vassar College. Ela cita, 
por exemplo, um texto publicado em um jornal 
estudantil de autoria do presidente da Vassar 
Jewish Union [Associação Judaica de Vassar] 
que trazia todos os chavões hoje familiares: 
“atrocidades”, “opressão”, “violência”, “colonial” 
e o onipresente “apartheid”. Ao mesmo tempo, 
o chefe do programa de Estudos Judaicos da 
universidade também expressou apoio ao boicote, 
demonstrando que o vírus do BDS infectou a 
academia de formas aparentemente improváveis. 
Até mesmo algumas organizações do 
Hillel—a maior associação universitária judaica 
do mundo—cederam ao ataque, encorajando 
o debate sobre a própria existência de Israel, 
posição que viola diretamente o estatuto 
do Hillel. Sob a bandeira de “um arcabouço 
diversificado de opiniões”, os estudantes 
agora debatem abertamente, em um ambiente 
religioso judaico, se Israel deveria continuar 
a existir. Mas é claro que a questão não é 
de debate aberto e diversidade de maneira 
alguma; se fosse, também veríamos abertura e 
debate sobre as atrocidades cometidas contra 
cristãos em países muçulmanos e discussões 
sobre as diferenças entre os preceitos da 
sharia e a liberdade que se exerce em Israel. 
21
Embora os afetados de antissionismo 
apresentem sua intolerância não como 
preconceito, mas como busca por justiça 
social, resta a pergunta: justiça para quem? 
Se o pensamento sionista é o pecado original, 
apenas o desmantelamento do Estado judeu 
pode redimi-lo. Muitos antissionistas afirmam 
que não se opõem ao judaísmo, apenas ao 
Estado de Israel. Mas o principal garantidor 
da segurança do judaísmo, desde o término 
da Segunda Guerra Mundial, é a soberania do 
Estado de Israel. O país não nasceu das cinzas 
do Holocausto, mas é a última fortaleza contra 
a repetição dele. 
Muito embora se faça essa analogia com 
frequência, o BDS é diferente do movimento de 
boicotes que derrubou o apartheid na África do 
Sul—diferente no alvo, diferente na intenção e 
diferenteno núcleo moral. Mas é como dizia 
Mao Tsé-tung: uma mentira repetida centenas 
de vezes se torna verdade. Para uma geração 
ignorante a respeito do passado, a propaganda 
do movimento BDS é como erva-dos-gatos: 
irresistível e prejudicial, criando grandes 
estragos no caminho. Em verdade, vivemos sob 
os efeitos desses estragos no momento. 
A
 
N
O
V
A
 
G
U
E
R
R
A
 
C
O
N
T
R
A
 
I
S
R
A
E
L
Os governos de muitos países, ao longo da história, oprimiram o próprio povo, 
privando-o dos direitos humanos básicos. 
A França assassinou dezenas de milhares de 
civis sob o regime do Terror que se seguiu à 
revolução de 1789, e o mesmo fez a Alemanha 
do kaiser, na marcha pela Bélgica, em 1914. 
Mais tarde a Alemanha nazista cometeu o 
Holocausto, o Camboja de Pol Pot enveredou 
pelo genocídio e a União Soviética stalinista 
matou milhões de pessoas via fome e 
massacres, além de tornar-se um modelo de 
opressão ao enviar milhares de hordas sem 
nome para os campos de trabalho forçado no 
Arquipélago Gulag descrito por Solzhenitsyn. 
24
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
Quando tais eventos ocorreram, esses países e 
governos eram considerados párias cujos únicos 
“aliados” eram conquistados por via militar, por 
via ideológica ou por ambas. A China comunista, 
porém, apesar de ter massacrado milhões de 
pessoas, recebeu um perdão de facto quando os 
países ocidentais resolveram fazer vista grossa 
para o papel dela na história do século XX, para 
o aumento de seu poder militar e para suas 
ambições hegemônicas na costa do Pacífico. 
A verdade é que até pouco tempo depois da 
Segunda Guerra Mundial, os historiadores não se 
acanhavam de relatar que os países iam caindo 
um a um sob o jugo de ditadores, déspotas, 
párias e terroristas, mas tudo mudou a partir do 
momento em que a União Soviética conseguiu 
mascarar seus piores crimes, fazendo com que 
muitas pessoas, no mundo todo, se deixassem 
seduzir pelo encanto das falsas promessas, da 
ideologia fraudulenta e dos fatos mutilados. Os 
resíduos desse encanto continuam a beneficiar 
alguns dos piores regimes do mundo, inclusive 
a própria Rússia neossovética de Vladmir Putin. 
Ainda nos dias de hoje, a Coreia do Norte 
continua a matar centenas de milhares de 
pessoas com a sua versão do Arquipélago 
Gulag, enquanto o Irã, que é o principal 
patrocinador do terrorismo mundial, pode 
estar prestes a estender sua hegemonia a 
todo o Oriente Médio, graças à sua nascente 
capacidade nuclear. Contudo, o país 
continua a desfrutar de um lugar na chamada
25
“comunidade mundial das nações”, livre de 
sanções e engajando-se em ações diplomáticas 
calculadas para mascarar o desenvolvimento 
de armas nucleares. 
Apesar disso, ainda existem vários países 
considerados párias—como a própria Coreia 
do Norte, o Sudão e Cuba, para mencionar 
só alguns—, punidos por sua conduta com 
isolamento e sanções econômicas. Eles existem 
em uma espécie de limbo, suspensos entre 
as nações que toleram a prática ideológica 
e a escravização da própria população por 
parte desses países e aquelas que garantem os 
direitos humanos básicos ao próprio povo.
Israel está em guerra desde que foi criado, 
pois seus vizinhos árabes, com a exceção 
do Egito, jamais aceitaram sua existência 
como nação. O país sofre de pesadas ondas 
de ataques terroristas de palestinos e de 
grupos terroristas patrocinados por países 
como o Irã, a Síria e outros. Essas ondas de 
terrorismo palestino abrem-se e fecham-se 
como uma torneira programada para seguir 
o fluxo dos “processos de paz”, que jamais 
chegam à paz por uma razão principal: como 
veremos adiante, os países árabes mantêm os 
palestinos em um limbo próprio, o único povo 
do mundo em permanente estado de refugiado. 
Eles são mantidos em campos, sem direito de 
cidadania, para que possam ser usados como 
arma política ou terrorista contra o Estado
26
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
judeu1. Israel não é um país pária, não apoia 
o terrorismo, não é governado por déspotas 
nem por ditadores. Seus cidadãos, tanto 
os judeus quanto os árabes, são igualmente 
beneficiados pela adoção da democracia e dos 
direitos humanos. Mas tanto do lado de dentro 
quanto do lado de fora de suas fronteiras, um 
movimento de propagandistas e desinformantes 
trabalha incessantemente para convencer o 
mundo de que Israel é um país pária tanto 
quanto a Coreia do Norte ou o Irã. O meio pelo 
qual procuram fazê-lo é o chamado movimento 
de “boicote, desinvestimento e sanções”, ou 
“movimento BDS”, propagado por ativistas 
palestinos, por governos árabes e por cidadãos 
europeus que se juntam ao esforço de expulsar 
Israel da comunidade internacional. 
Como falharam na tentativa de derrotar Israel por 
meio do terrorismo e da subversão, os palestinos 
lançaram, como estratégia secundária, o movimento 
BDS, cujos objetivos explícitos são: (1) criar boicotes 
globais às universidades e indústrias israelenses 
(supostamente apenas as que têm negócios nos 
territórios palestinos “ocupados”); (2) fazer com que 
países, bancos e indústrias retirem investimentos dos
1 Em entrevista concedida em 2003 a Jed Babbin, 
Zia abu Ziad, conselheiro sênior de Yasser Arafat e ex-
-ministro de Estado palestino, afirmou que apesar de ter 
interrompido os ataques terroristas de 1996 a 2000, a 
Autoridade Palestina os retomou porque não houve ga-
nho político suficiente com a interrupção. Ele concor-
dou com a premissa de que a AP pode parar o terrorismo 
quando desejar fazê-lo. http://old.nationalreview.com/
babbin/babbin200311050734.asp.
27
bancos e empresas de Israel e do país como um todo; 
e (3) obter sanções internacionais contra Israel, sua 
economia e seu povo.
Em seus nove anos de existência, o movimento 
BDS teve um sucesso impressionante, 
alcançando apoiadores e simpatizantes em 
todo o mundo, mas principalmente na Europa 
e na América do Norte. Na maior parte desse 
tempo, os cidadãos israelenses e o governo do 
país foram incapazes de afinar a própria voz 
em oposição ao movimento. Agora, no entanto, 
o BDS finalmente começa a ser reconhecido como 
o que é: uma ameaça estratégica a Israel. Como 
disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin 
Netanyahu, na Conferência Diplomática do AIPAC 
[The American Israel Public Affairs Committee, 
“comitê de relações públicas israelo-americanas] 
em março de 2014:
A maioria dos ativistas do movimento BDS não busca uma 
solução de dois Estados para dois povos. Ao contrário, 
eles admitem abertamente que buscam a dissolução do 
único Estado do povo judeu. Embora alguns de seus 
companheiros de viagem mais ingênuos acreditem que 
ele trabalha pela paz, o BDS não deseja atingir nem a 
paz nem a reconciliação, muito antes pelo contrário. O 
movimento impede a paz, porque torna os palestinos 
mais irredutíveis em suas posições e a conciliação mútua 
menos provável.2
2 http://www.algemeiner.com/2014/03/04/full-trans-
cript-prime-minister-netanyahu%E2%80%90s-speech
28
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
No entanto, os israelenses até hoje não 
fizeram nenhum estudo completo do movimento, 
que analisasse os antecedentes, as posições e as 
estratégias do BDS. Este livro tenta fazer isso, com 
urgência de propósitos. Como os argumentos do 
movimento ficaram, em sua maioria, sem resposta, 
quem não estiver informado dos fatos e da história 
por trás do conflito israelo-palestino se arriscará 
a tirar conclusões erradas baseadas em distorções 
patentes. O objetivo deste livro é, portanto, 
ajudar a pôr as coisas em seus devidos lugares. 
O curso de ação escolhido pelo BDS foi 
conduzir uma campanha política multinacional 
amorfa que, por parecer-se muito com o 
movimento contra a guerra do Vietnã, como 
tal foi encarada e abraçada por ativistas 
palestinos radicais, por muitos membros 
do mundo acadêmico e pela comunidade de 
organizações não-governamentais(ONGs), 
muitas das quais beneficiárias de doações 
substanciais de países europeus.
O propósito da campanha é relegar Israel ao 
gueto político reservado aos piores países do 
mundo. Entretanto, tudo isso é necessário para 
transformar Israel em pária precisamente porque 
o país se distingue no Oriente Médio por não 
ter jamais, com suas próprias ações, adentrado 
o pequeno clube povoado por Cuba, Síria, Irã 
e Coreia do Norte. Como os maiores inimigos 
do Estado judeu são eles próprios ditaduras 
islâmicas, precisam convencer os outros países 
de que Israel é tão odioso e perigoso quanto eles. 
29
Assim, o movimento BDS tenta pregar em Israel o
 rótulo de pária que o país jamais recebeu por conta 
própria, pondo em circulação um número tão grande 
de falsidades e meias-verdades, que elas parecem 
verossímeis a despeito dos fatos em contrário. 
Apesar de apresentar-se sob as vestes de uma 
campanha humanitária, o BDS não passa, na 
verdade, de uma investida ideológica à existência 
de Israel enquanto nação judaica. Trata-se de 
um ataque assimétrico a um país que parece 
despreparado para enfrentar seus inimigos nesse 
terreno ou relutar em fazê-lo. Por isso mesmo, é 
uma das maiores ameaças que Israel já enfrentou. 
Há quem classifique o BDS como a “Terceira 
Intifada”3; para entender por que, é preciso entender 
as duas primeiras. Como resultado da Guerra dos 
Seis Dias (1967), que terminou com Israel expulsando 
as forças árabes pelo rio Jordão, o Conselho de 
Segurança da ONU aprovou a resolução 2424, que 
preconizava um tratado de paz segundo o qual o país 
judeu negociaria a devolução das terras tomadas 
na guerra em troca da paz com os palestinos e os 
países árabes. Porém, nos 20 anos que separam a 
Guerra dos Seis Dias da Primeira Intifada não houve 
progresso algum em nenhum acordo de paz. 
3 Até mesmo pelo colunista do New York Times Thomas 
Friedman. http://www.nytimes.com/2014/02/05/opinion/
friedmanthe-third-intifada.html?_r=0
4 Disponível em http://unispal.un.org/U.N.ISPAL.NSF/0/
7D35E1F729DF491C85256EE700686136.
 http://news.bbc.co.uk/2/hi/329643.stm
30
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
“Intifada” significa “livrar-se” em árabe. 
O objetivo das intifadas era “livrar-se” da 
presença de Israel nas estratégicas Colinas de 
Golan e em áreas da Cisjordânia, territórios 
que haviam sido conquistadas na Guerra dos 
Seis Dias; mas os israelenses acreditavam que 
retornar às fronteiras pré-1967 deixaria o país 
vulnerável. Os palestinos exigiam não apenas 
o retorno a essas fronteiras, mas também um 
Estado Palestino “contíguo”, conectando a 
Cisjordânia e a Faixa de Gaza; só que criar esse 
Estado contíguo seria impossível sem partir 
Israel ao meio. 
A Primeira Intifada começou em dezembro 
de 1987, com o ataque palestino a militares 
e civis israelenses com pedras, coquetéis-
molotovs e granadas de mão em protesto 
contra a presença israelense no território da 
Cisjordânia.5 Ao final dela, contava-se um 
total de cerca de 20 mil mortos e feridos de 
ambos os lados.6 Dos casos fatais, 1.561 eram 
palestinos e 421 eram israelenses.7
O resultado foi a assinatura, em 1993, 
do Acordo de Oslo, que prometia ser um 
grande passo rumo à paz, pois cada um dos 
lados concordou em reconhecer o outro, a 
Organização pela Libertação da Palestina 
comprometeu-se a renunciar ao terrorismo 
e Israel aceitou trocar terras por paz.
5 http://news.bbc.co.uk/2/hi/329643.stm
6 Ibidem.
7 http://www.btselem.org/statistics/first_intifa-
da_tables.
31
Contudo, nenhum dos vizinhos árabes do 
país judeu participou das negociações nem 
reconheceu os termos do acordo. A paz 
durou pouquíssimo tempo. Embora Israel 
tenha começado a se retirar dos territórios da 
Cisjordânia, o terrorismo não foi interrompido. 
Os atentados suicidas se tornaram a principal 
arma terrorista empregada pelos palestinos.8 A 
partir de 29 de setembro de 20009, a Segunda 
Intifada tornava-se uma luta declarada. 
Por três vezes, desde 2000, primeiros-ministros 
israelenses tentaram implementar a teoria da “terra 
por paz” preconizada pela resolução 242 da ONU. Em 
todas elas, ofereceram aos líderes palestinos 
um Estado independente em termos muito 
mais generosos do que a Jordânia e o Egito 
haviam feito quando eram os controladores 
de Gaza e da Cisjordânia.10 Em 2000, o então 
primeiro-ministro israelense, Ehud Barak, 
aceitou o plano proposto pelo presidente 
norte-americano, Bill Clinton, que pretendia 
estabelecer um Estado tanto na Cisjordânia 
e em Gaza quanto no leste de Jerusalém; mas 
Yasser Arafat, presidente da Autoridade 
Palestina, abandonou as negociações e 
deu início à Segunda Intifada.11 Depois, em 
2005, o primeiro-ministro Ariel Sharon
8 http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/7381378.stm
9 Ibidem.
10 Sol Stern, “A Century of Palestinian Rejectionism and 
Jew Hatred”, Encounter Broadsides (2011), p. 39.
11 Ibidem, p. 40.
32
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
desmanteloutodos os assentamentos judaicos 
na Faixa de Gaza e redesenhou as fronteiras 
entre Israel e Gaza de acordo com o que eram 
antes da guerra de 1967. Mas nos dois anos 
seguintes os palestinos lançaram uma chuva 
de mísseis contra civis israelenses a partir 
de Gaza e elegeram o grupo terrorista Hamas 
para governar a Faixa de Gaza.12 A seguir, 
no ano de 2008, o primeiro-ministro Ehud 
Olmert presenteou o presidente palestino, 
Mahmoud Abbas, com o mapa detalhado de um 
Estado palestino composto por Gaza inteira, 
quase 100% das terras da Cisjordânia e uma 
Jerusalém formalmente dividida que poderia 
ser a capital de ambos os países. A oferta de 
Olmert era condicionada a que os palestinos 
renunciassem ao “direito de retorno”, que 
resultaria, se posto em prática, numa maioria 
árabe-palestina em Israel. Abbas prometeu 
estudar o plano e retornar para negociações 
posteriores, mas foi embora com o mapa e 
nunca mais voltou. 
A verdade é que já em 2001 os palestinos 
e seus padrinhos árabes haviam decidido 
implementar uma nova estratégia de luta, 
incompatível com a paz e com a boa-fé nas 
negociações. O terrorismo continuaria a 
todo vapor, mas cederia o protagonismo no 
combate a novos métodos. Era, como veremos, 
o germe do movimento BDS. 
12 Ibitem, pp. 40-41.
33
Supostamente consequência de um “apelo” 
da “sociedade civil palestina” em 2005, o 
movimento BDS, na verdade, resultou de uma 
ideia cuja origem foi a reunião conduzida 
em Teerã, em 2001, como preparação para a 
Conferência Mundial de Combate ao Racismo, 
Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância 
Correlata a realizar-se ainda naquele ano em 
Durban, na África do Sul. Em Teerã e depois 
outra vez em Durban, representantes do Irã, 
dos países árabes, e de vários países que 
foram colônias no século XIX e em parte do XX 
reuniram-se para planejar estratégias mediante 
as quais poderiam expor suas queixas contra 
o Ocidente. Embora o propósito declarado da 
reunião fosse procurar maneiras de combater o 
racismo, o que houve na realidade foi uma orgia 
de retórica antiamericana e anti-israelense. 
Para justificar a campanha de boicote, 
desinvestimento e sanções, os palestinos 
e seus aliados lançaram uma multidão de 
acusações espúrias contra Israel, tão absurdas 
e extravagantes que seriam risíveis se não 
tivessem atraído tanta atenção na sociedade 
internacional na década vindoura. 
Eis alguns exemplos, todos retirados do 
livro Boycott, Divestment and Sanctions 
[boicote, desinvestimento e sanções], escrito 
pelo principal porta-voz do movimento, o 
ativista palestino Omar Barghouti:
 ● Israel é “fascista e racista”;
 ● Israel é um “Estado de apartheid”;
34
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
 ● Israel cometerá genocídio contra os 
palestinos a menos que seja contido pelo 
movimento BDS;
 ● Israel comete crimes de guerra contra 
os palestinos em Gaza desde 2007;
 ● Leis religiosas básicasdo judaísmo 
sustentam o massacre e o genocídio de 
civis não-judeus, inclusive crianças.13 
As alegações de Barghouti a respeito das 
leis religiosas judaicas soam como as daquela 
infame falsificação antijudaica, Os Protocolos 
dos Sábios de Sião. Embora se resumam a nada 
mais que uma coleção de mentiras, distorções 
e informações falsas, as calúnias de Barghouti 
são proclamadas como se não houvesse 
dúvida alguma a respeito de sua veracidade. 
E é exatamente sobre essas mentiras que o 
movimento BDS foi erguido. 
Considere este fato: o BDS alega que deseja 
apenas que Israel encerre a “ocupação” da 
Cisjordânia e da Faixa de Gaza, e o apoio que 
muitas pessoas em Hollywood, na mídia e na 
academia dão ao movimento é baseado nessa 
única proposta. Mas mesmo ela, embora 
proclamada abertamente, é uma mentira, 
como Barghouti—assim como muitos outros 
apoiadores do BDS—já admitiu:
13 Omar Barghouti, Boycott, Divestment and Sanc-
tions, Haymarket Books (2011).
35
Se, digamos, a ocupação for encerrada, isso encerraria 
seu apelo por boicote, desinvestimento e sanções? 
Não, não encerraria, porque o povo palestino não 
sofre só com a ocupação. É verdade que Israel ocupa a 
Cisjordânia, Gaza e obviamente Jerusalém desde 1967, 
mas a maioria do povo palestino não sofre apenas com 
a ocupação. Esse povo sofre com a negação de seu 
direito de voltar para casa. A maioria dos palestinos são 
refugiados que vivem no exílio e têm negado o direito de 
voltar para a própria casa e a própria terra, direito este 
que é sancionado pela ONU, simplesmente porque não 
são judeus. Israel, com seu sistema próprio de apartheid, 
insiste em ter uma maioria judaica nesta terra e portanto, 
depois de promover a limpeza étnica da maioria dos 
palestinos em 1948 para construir o que é hoje Israel, 
recusa-se a permitir que eles voltem”14
Alguns apoiadores do BDS têm menos 
talento que Barghouti para obscurecer os 
propósitos do movimento. Por exemplo:
 ● Segundo o conhecido ativista As’ad Abu 
Khalil, “justiça e liberdade para os palestinos 
são incompatíveis com a existência do Estado 
de Israel.”15
 ● Para Ahmed Moor, escritor pró-BDS e 
“Soros fellow”16, “encerrar a ocupação
14 https://www.youtube.com/watch?v=qOBg2t6vscc.
15 http://english.al-akhbar.com/blogs/angry-corner/
critique-norman-finkelstein-bds.
16 Moor é associado à Fundação Paul e Daisy Soros e 
recebeu uma bolsa de dois anos para estudar na Kennedy 
School of Government (ver http://www.pdsoros.org/current_
fellows/index.cfm/yr/2012#moor).
36
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
 ● não significa nada se não significar 
a derrubada do próprio Estado judeu”.17 
Há ainda velhos esquerdistas remanescentes 
dos movimentos pela paz da época da Guerra 
do Vietnã e sua progênie ideológica:
 ● Roger Waters, ex-membro do Pink 
Floyd, disse o seguinte a respeito de uma carta 
que mandou para Stevie Wonder: “Escrevi uma 
carta para ele dizendo que [fazer um show 
em Israel] seria a mesma coisa que tocar em 
uma festa da polícia em Johanesburgo no dia 
seguinte ao Massacre de Sharpeville, em 1960. 
Não seria um grande gesto, especialmente 
considerando que ele é o embaixador da paz 
da ONU e como tal deveria se comportar.”18 
 ● Angela Davis, ex-revolucionária 
comunista e hoje Notável Professora Emérita 
da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, 
comentando a resolução de apoio ao BDS da 
American Studies Association (ASA) [“associação 
de estudos americanos”], afirmou: “As 
similaridades entre as leis Jim Crow do passado 
e as práticas dos regimes contemporâneos de
17 http://mondoweiss.net/2010/04/bds-is-a-lon-
g-term-project-with-radically-transformative-potential.
html.
18 http://www.rollingstone.com/music/news/ro-
ger-waters-calls-for-boycott-of-israel-20130320. (No 
Massacre de Sharpeville, ocorrido em 1960, na África 
do Sul, pelo menos 50 pessoas foram assassinadas pela 
polícia ao protestar pacificamente contra as leis do passe 
que restringiam os movimentos dos negros.)
37
segregação na Palestina Ocupada tornam esta 
resolução um imperativo ético para a ASA. Se 
tivermos aprendido a lição mais importante 
de Martin Luther King—que a justiça é sempre 
indivisível— estará claro que um movimento de 
massa em solidariedade à liberdade palestina já 
está muito tempo atrasado.”19
 ● Quando o Festival de Cinema de Toronto 
homenageou o aniversário de 100 anos de Tel 
Aviv, Jane Fonda, Danny Glover, Eve Ensler e 
outros esquerdistas de Hollywood assinaram 
uma carta juntando-se a um boicote ao festival, 
carta que dizia, entre outras coisas, que Tel 
Aviv foi construída com violência, ignorando 
“o sofrimento de milhares de ex-residentes e 
seus descendentes.”20
 ● A escritora Alice Walker, franca apoiadora 
do BDS e participante do esforço de um navio 
turco para quebrar o bloqueio da Faixa de 
Gaza, afirmou: “Os assentados [israelenses] 
são a [Ku Klux] Klan”.21
Israel rejeita o chamado “direito de retorno” 
dos palestinos porque se os “refugiados” 
tiverem permissão para retornar o que foi um
19 http://www.theasa.net/from_the_editors/item/asa_
members_vote_to_endorse_academic_boycott/.
20 http://www.israeli-occupation.org/2009-09-05/jane-
-fonda-joins-boycott-of-toronto-film-festival-over-homa-
ge-to-israel/.
21 http://cifwatch.com/2012/06/22/antisemitism-with-
-a-literary-glow-alice-walkers-ugly-caricature-of-israeli-
-jews/.
38
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
 dia um grupo de cerca de 760 mil pessoas de 
fato deslocadas será, hoje, um grupo de cerca 
de 5 milhões de descendentes que retornariam 
a Israel sob exigência palestina. Em um país 
cuja população é de menos de 8 milhões de 
pessoas, das quais cerca de 1,3 milhão já são 
cidadãos árabes de Israel, a injeção de outros 
5 milhões transformaria o país judeu em um 
país islâmico. 
Esta cacofonia de falsidades não 
é respondida, debatida nem sequer 
questionada na sociedade ocidental em 
geral. O Ministério das Finanças israelense 
chegou mesmo a engavetar, ao menos 
temporariamente, um relatório sobre os 
efeitos do BDS na economia do país.22
Israel é o único país livre do Oriente Médio, 
mas seu governo, seu povo e suas instituições 
econômicas e acadêmicas estão sob ataque 
ideológico daqueles que desejam destruí-lo. 
Embora a campanha se revista de expressões 
como “terminar a ocupação ilegal das terras 
palestinas”, o que ela deseja é a destruição de 
Israel. 
22 http://www.economist.com/news/middle-e-
ast-and-africa/21595948-israels-politicians-sound-
-rattled-campaign-isolate-their-country.
39
41
C
A
P
I
T
U
L
O
 
1
A
S
 
R
A
I
Z
E
S
 
P
O
L
I
T
I
C
A
S
 
E
 
I
D
E
O
L
O
G
I
C
A
S 
D
O
 
M
O
V
I
M
E
N
T
O
 
B
D
S
As raízes ideológicas e intelectuais do movimento BDS remontam a dois fatos 
históricos. Primeiro, o boicote a Israel que a Liga 
Árabe mantém desde 1948; segundo, os esforços 
da União Soviética para provocar o isolamento 
do Estado judeu e a condenação do sionismo.
De acordo com um relatório produzido em 
2013 pelo serviço de pesquisas do Congresso 
dos Estados Unidos (Congressional Research 
Service, CRS), a Liga Árabe—um grupo de 22 
países do Oriente Médio e da África—mantém 
um boicote a empresas e produtos israelenses 
desde 1948:
42
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
O boicote possui três camadas. O boicote primário 
proíbe os cidadãos dos países membros da Liga Árabe 
de comprar, de vender para ou firmar contratos com o 
governo israelense e os cidadãos israelenses. O boicote 
secundário estende o boicote primário a qualquer 
entidade mundial que tenha negócios em Israel. O 
Escritório do Boicote Central mantém e distribui para 
os membros da Liga uma lista negra de empresas que 
comercializam com Israel. O boicote terciário proíbe que 
os membros da Liga Árabe, assim como seus cidadãos,comercializem com empresas que lidem com empresas 
que estejam na lista negra.1 
Dado que, segundo o CRS, o boicote foi 
aplicado de modo esporádico e imposto de 
modo ambíguo, seu efeito foi indeterminado 
e praticamente anulado pela lei antiboicote 
americana, de 1977, que penaliza qualquer 
empresa dos EUA que adira a boicotes a Israel. 
Quanto aos esforços da União Soviética para 
provocar o isolamento de Israel e a condenação 
do sionismo, eles começaram em meados da 
década de 60, com o veto a uma resolução 
da ONU que condenava o antissemitismo.2 
Havia sido um grande vexame para o país as 
derrotas acachapantes que Israel infligiu aos 
países árabes em 1967 e 1973, pois a potência 
comunista apoiara a tentativa desses países de 
destruir o Estado judeu e, em larga medida, 
1 https://www.fas.org/sgp/crs/mideast/RL33961.pdf
2 http://jcpa.org/article/the-1975-zionism-is-racism-
-resolution-the-rise-fall-and-resurgence-of-a-libel/
43
os tinha treinado e equipado. O fracasso foi 
tanto que acabou por levar à expulsão dos 
conselheiros soviéticos do Egito em 1973. Então, 
em 1974, a ONU concedeu à Organização para 
a Libertação da Palestina, de Yasser Arafat—
supostamente separada do Fatah, grupo 
terrorista de Arafat—, status de “observador”, 
como organização de libertação nacional.
Enquanto esses eventos se desenrolavam, 
ocorriam mudanças, de início imperceptíveis, 
na imagem que o mundo tinha de Israel. Antes 
da Guerra dos Seis Dias, e mesmo depois 
dela, o país era visto como um oprimido 
batalhador, que saíra de baixo e conseguira 
resistir a terrorismo, boicotes e tudo o mais 
que o mundo árabe lhe infligia. A partir de 
1973, porém, os países árabes, em conluio com 
seus patrocinadores soviéticos, começaram a 
reverter essa percepção, aproveitando-se da 
máquina de propaganda que o bloco comunista 
desenvolvera já nos tempos de Stalin. Países 
e grupos políticos, sobretudo aqueles ligados 
aos soviéticos, começaram a pintar palestinos 
e árabes como os oprimidos da história. Israel 
já não era mais uma democracia amante da 
liberdade, mas o opressor colonialista dos 
palestinos inocentes. Ao mesmo tempo, a 
OLP e outros grupos palestinos lançavam 
uma terrível campanha de terror contra civis 
israelenses, que se fez sentir de modo mais 
evidente nas Olimpíadas de Munique, em 1972. 
44
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
O próximo passo veio em agosto de 1975, 
quando a Organização da Unidade Africana 
condenou Israel e a África do Sul como 
“regimes racistas e colonialistas”. Foi apenas 
porque os Estados Unidos ameaçaram deixá-
la que a ONU não colocou em votação pela 
expulsão de Israel da organização.3
Os esforços dos soviéticos não terminaram 
aí. Em parceria com a OLP, eles planejaram 
uma resolução da ONU que condenava o 
sionismo como racismo. O ex-general romeno 
Ion Pacepa, o mais graduado oficial de 
inteligência a desertar da KGB, contou como 
isso ocorreu. Agindo em nome dos soviéticos e 
patrocinado pela Cuba de Castro, pelos países 
do bloco comunista e por uma coalizão de 
países árabes, Yasser Arafat conseguiu fazer 
com que se debatesse e votasse, na Assembleia 
Geral ONU, a resolução “sionismo é racismo”, 
tendo para isso o auxílio diligente do serviço 
de inteligência romeno4, que chegou até, entre 
outras atividades, a comandar a distribuição 
clandestina de charges antiamericanas e 
antissemitas do lado de fora do prédio da ONU. 
No debate sobre a resolução, que ocorreu em 
10 de novembro de 1975, o então embaixador 
americano na ONU, Daniel Patrick Moynihan,
3 Ibidem.
4 Ion Pacepa e Ronald Rychlak. Disinformation 
WND Books: 2013, pp. 276–77
45
proferiu, talvez, o discurso mais memorável 
de sua eminente carreira pública. Moynihan 
previu o que aconteceria se a ONU aprovasse 
a resolução. Alguns dias antes do discurso, 
Andrei Sakharov, dissidente soviético e 
ganhador do Nobel da Paz, dissera que a 
atitude da ONU daria sanção internacional 
à abominação do antissemitismo. 
Moynihan ecoou Sakharov e foi além:
À abominação do antissemitismo—como o prêmio Nobel 
da Paz Andrei Sakharov observou em Moscou alguns dias 
atrás—concedeu-se o estatuto de sanção internacional. A 
Assembleia Geral da ONU garante, hoje, anistia simbólica 
ao assassinato de seis milhões de judeus europeus.
A seguir o embaixador expôs uma das 
verdades essenciais do judaísmo: que ele aceita 
não apenas aqueles que nasceram na religião, 
mas qualquer um—a despeito da raça, do credo 
ou da origem nacional. Por esse critério, o 
sionismo não pode ser “uma forma de racismo”:
Desejo que se entenda que eu estou defendendo aqui um 
argumento, e um argumento apenas, o de que o que quer 
que o sionismo seja, ele não é e não pode ser “uma forma 
de racismo”. Logicamente, o Estado de Israel pode ser, ou 
pode se tornar, muitas coisas na teoria, inclusive muitas 
coisas que não são desejáveis, mas ele não pode ser e não 
pode se tornar racista, a não ser que deixe de ser sionista.
46
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
Moynihan viu a importância da resolução 
da ONU não apenas por causa do prejuízo 
que ela causaria a Israel, mas também por 
causa do prejuízo que causaria à própria 
organização, que ainda mantinha, até aquele 
momento, algum vestígio de verdade em seus 
debates e resoluções. Ele continuou:
A proposição a ser sancionada pela Assembleia Geral 
das Nações Unidas é de que “o sionismo é uma forma 
de racismo e discriminação racial”. Ora, isto é uma 
mentira. Mas como é uma mentira que as Nações Unidas 
acabaram de declarar ser uma verdade, a verdade real 
deve ser reafirmada.
(...)
A mentira terrível que se contou aqui hoje terá 
consequências terríveis. Não apenas as pessoas 
começarão a dizer, como aliás já começaram, que as 
Nações Unidas são um lugar onde se contam mentiras, 
mas estrago muito mais sério, grave e talvez irreparável 
se fará à própria causa dos direitos humanos. O estrago 
surgirá primeiro do fato de que se despirá o racismo do 
sentido preciso e repugnante que ele, precariamente, 
retém ainda hoje.
Apesar das advertências de Moynihan, 
a resolução foi aprovada. As raízes do 
movimento BDS estavam plantadas.
Desde então, dúzias de resoluções da ONU 
foram críticas a Israel, às vezes de modo bem 
áspero; cerca de quatro dúzias de resoluções 
anti-israelenses foram vetadas pelos EUA no
47
Conselho de Segurança, o único lugar 
onde o país ainda tem poder de veto. Só 
no ano de 2014, foram 21 resoluções 
desse tipo, enquanto apenas quatro 
criticavam outros países que não Israel.5 
Israel tenta servir de consciência à ONU, 
mas é constantemente ignorado. Seja o tema 
o terrorismo patrocinado pelo Estado no 
mundo árabe, os perigos do programa nuclear 
iraniano ou a opressão das mulheres e das 
minorias religiosas no mundo, a voz de Israel 
é ignorada ou desdenhada pela Assembleia 
Geral. Os países árabes, a Rússia, a China e 
muitos outros Estados totalitários mantêm 
um bloco anti-israelense unificado há anos. 
o nascimento do BDS
O movimento BDS, como observado acima, foi produto de uma conferência 
da ONU conduzida em 2001 na cidade de 
Teerã e da Conferência Mundial de Combate 
ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia 
e Intolerância Correlata em Durban, na África 
do Sul. 
Conta-se às dezenas de milhares o número 
de Organizações não-governamentais no 
mundo. Algumas são instituições de caridade e 
5 http://blog.unwatch.org/index.php/2013/11/25/this-
-years-22-unga-resolutions-against-israel-4-on-rest-of-
-world/
48
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
assistência social legítimas, mas uma quantidade 
bem grande delas é simplesmente veículo de ação 
política. Isso ficou bem evidente em Durban, 
onde supostamente houve uma conferência 
global contra o racismo. 
Antes do começo da conferência, 
aconteceu uma pré-conferência de ONGs 
em Teerã. Organizações israelenses foram 
deliberadamenteexcluídas.6 O principal 
registro do evento é um artigo escrito para 
The Fletcher Forum of World Affairs por 
Tom Lantos, deputado democrata eleito pela 
Califórnia e primeiro e único sobrevivente do 
Holocausto a servir no Congresso americano.7
De acordo com o relato de Lantos, a reunião 
de Teerã ocorreu em fevereiro de 2001, 
sem delegados nem representantes de ONGs 
israelenses, porque o Irã se recusava a reconhecer 
Israel e a conceder vistos a cidadãos israelenses. 
Não foi permitida a participação nem da 
Austrália nem a Nova Zelândia, dois apoiadores 
convictos de Israel, pois suas tentativas de obter 
credenciais foram bloqueadas pela Organização 
para a Cooperação Islâmica (OCI, então chamada 
Organização de Conferência Islâmica), com a 
Malásia e o Paquistão pressionando pelo voto 
negativo. A organização, que compreende 57 
países, tem entre seus membros a Palestina, que
6 www.ngo-monitor.org/article/ngo_forum_at_dur-
ban_conference_
7 Representative Tom Lantos, “The Durban Deba-
cle: An Insider’s View of the World Conference Against 
Racism,”, The Fletcher Forum, Vol. 26:1 (2002).
49
reconhece como país. Como resultado da 
reunião, os delegados formularam uma 
“declaração e plano de ação”, a que Lantos se 
refere do seguinte modo:
A “declaração e plano de ação” com que os delegados 
concordaram na atmosfera discriminatória de Teerã se 
resume ao que só pode ser visto como uma declaração dos 
Estados presentes de sua intenção de usar a conferência 
como arma de propaganda para atacar Israel. Na verdade, 
o documento não apenas destaca Israel de todos os 
outros países—apesar dos conhecidos problemas 
de racismo, xenofobia e discriminação que existem 
em todo o mundo—, mas também iguala as práticas 
do país na Cisjordânia a algumas das mais terríveis 
práticas racistas do século anterior. Israel, afirma o 
texto, engaja-se na “limpeza étnica da população árabe 
na Palestina histórica” e está “implementando um novo 
tipo de apartheid, um crime contra a humanidade.”. O 
documento também professa testemunhar “um aumento 
das práticas racistas do sionismo” e condena o racismo 
“em várias partes do mundo, assim como a emergência 
de movimentos violentos e racistas baseados em ideias 
racistas e discriminatórias, em particular o movimento 
sionista, que é baseado na superioridade racial”.8 
Em uma reunião preparatória para a 
conferência de Durban, realizada em Genebra, 
os países islâmicos—Egito, Irã, Iraque, 
Paquistão, Síria e o observador da Organização 
para a Libertação da Palestina—insistiram para 
que se usasse a linguagem formulada em Teerã
8 Ibidem., p. 36.
50
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
 e para que sempre que se fizesse referência 
ao Holocausto, fosse empregado o termo 
“holocaustos”, a fim de incluir a suposta 
“limpeza étnica” dos palestinos no território 
israelense. A coisa foi ainda mais longe, com 
os delegados da OIC e da OLP insistindo 
para que a expressão “antissemitismo” fosse 
relacionada às expressões “práticas racistas 
do sionismo” e “práticas sionistas contra o 
semitismo”. Este foi, como antecipado pela 
conferência de Teerã, o momento que os 
países árabes escolheram para formalizar sua 
campanha de desinformação contra Israel.
Tudo estava pronto para a conferência 
na África do Sul. Logo depois que ela 
começou, as delegações dos EUA e de Israel a 
abandonaram em protesto, deixando o terreno 
livre para que a OIC e a OLP fizessem o que 
quisessem. A reunião se transformou em um 
circo antiamericano e anti-israelense.
Em um artigo publicado no Yale Israel 
Journal9 em 2006, o professor Gerald 
Steinberg relatou a ação de cerca de 1.250 
ONGs na conferência paralela de Durban 
que eclipsou completamente as reuniões dos 
representantes governamentais. 
De acordo com Steinberg, os personagens 
principais foram a Human Rights Watch (HRW), 
a Anistia Internacional, o MIFTA (grupo ativista 
palestino de Hanan Mishrawi), o Palestinian
9 http://www.ngo-monitor.org/article.php?-
viewall=yes&id=1958
51
 Committee for the Protection of Human 
Rights and the Environment [“Sociedade 
Palestina pela Proteção dos Direitos Humanos 
e do Meio Ambiente”] e o South African NGO 
Committee [“Comitê das ONGs Sul-africanas”]. 
Steinberg afirma que grupos como esses 
se beneficiam de um “efeito de halo”—seus 
nomes pomposos e sua retórica magnânima 
levam as pessoas a presumirem que são nada 
mais que defensores apartidários dos direitos 
humanos. Em consequência, frequentemente 
se concede a eles grande deferência na mídia 
e nos círculos políticos, mas o “efeito de halo” 
costuma apenas mascarar uma agenda radical.
Por exemplo, o diretor executivo da 
Human Rights Watch, Kenneth Roth, defendeu 
a agenda anti-israelense da conferência, 
afirmando em uma entrevista: “As práticas 
racistas israelenses são claramente um tópico 
apropriado”. Quando representantes de ONGs 
israelenses tentaram falar, Reed Brody—diretor 
jurídico da HRW—tratou de expulsá-los. 
O Fórum das ONGs publicou, como 
resultado da reunião, uma “declaração”. O 
“apelo” do movimento BDS em 2005 parece 
ser uma cópia dela. Há uma seção inteira 
devotada à Palestina e aos palestinos:
 ● A seção 419 afirma que a ONU deveria 
forçar Israel a permitir o “direito de retorno”, 
a encerrar a “ocupação militar colonial” da 
Cisjordânia e da Faixa de Gaza e a se retirar 
das duas áreas; apela que a ONU reestabeleça a
52
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
 resolução que equipara o sionismo ao racismo; 
e que a organização force Israel a abandonar a 
ideia de que é um Estado judeu;
 ● A seção 420 demanda o estabelecimento 
de um tribunal de crimes de guerra para 
investigar os crimes de guerra, o genocídio, a 
limpeza étnica e o apartheid na Cisjordânia e em 
Gaza;
 ● A seção 421 clama por mais 
conscientização e educação sobre o sistema de 
apartheid e o racismo israelense;
 ● A seção 422 pede a criação de uma 
Comissão Especial da ONU sobre o apartheid 
e outros crimes racistas contra a humanidade 
perpetrados pelo “regime de apartheid” de Israel;
 ● A seção 423 clama por programas 
especiais para acabar com as distorções 
midiáticas que “desumanizam os palestinos”;
 ● A seção 424 demanda um movimento 
contra o apartheid israelense executado da 
mesma forma que o movimento contra a África 
do Sul;
 ● A seção 425 pede que “a comunidade 
internacional imponha uma política diplomática 
de isolamento total de Israel como um Estado de 
apartheid como foi feito no caso da África do 
Sul, o que significa a imposição de sanções e 
embargos obrigatórios e abrangentes, o completo 
encerramento de todas as ligações (diplomáticas, 
econômicas, sociais, assistenciais, de cooperação 
e treinamento militar) entre todos os Estados 
e Israel. Apela ao governo da África do Sul que
53
lidere esta política de isolamento, tendo em mente 
seu próprio sucesso histórico em opor-se à 
política debilitante do ‘engajamento construtivo’ 
no caso de seu próprio regime de apartheid”;
 ● A seção 426 clama pela condenação dos 
países que apoiam o “Estado de apartheid 
israelense” e “sua perpetração de crimes 
racistas contra a humanidade como limpeza 
étnica e atos de genocídio”. 10
Esta é a Estratégia de Durban, que poderia 
com ainda mais exatidão ser chama de “A 
Estratégia da OIC”. Tudo o que os criadores do 
movimento BDS precisaram fazer foi mudar 
algumas palavrinhas dessa “Declaração”—
para que não fossem acusados de plagiar o 
produto do Fórum das ONGs de Durban—e 
distribuí-la como o apelo da “sociedade civil 
palestina”, um grupo que jamais é definido.
10 http://i-p-o.org/racism-ngo-decl.htm
55
C
A
P
I
T
U
L
O
 
2 
R
E
F
U
T
A
N
D
O
 
A
S
 
M
E
N
T
I
R
A
S
Na guerra ideológica, cujo objetivo é fazer com que as pessoas mudem suas ideias, 
o movimento BDS teve uma vantagem de quase 
dez anos sobre Israel, que com grande atrasado 
começou a se defender, em 2013. Como disse 
Mark Twin,a despeito dos fatos “uma mentira 
pode viajar metade do mundo enquanto a verdade 
ainda está calçando os sapatos”. Não é que os 
israelenses tenham sido complacentes, mas 
eles fazem uma suposição que lhes é bastante 
prejudicial: a de que tendo testemunhado 
a criação do país, os justos do mundo se 
lembrarão desse evento e da intransigência e 
violência árabe que se seguiu a ele e colocarão 
56
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
os acontecimentos presentes em contexto. É uma 
hipótese ingênua. Por causa dela, infelizmente, 
nem Israel nem os EUA empreenderam o esforço 
de contestar as mentiras que estão no centro do 
movimento BDS.
Não é necessário repetir a prova de 
Moynihan no grande discurso de 1975: a 
refutação da acusação de que o sionismo é 
uma ideologia racista é conclusiva. Sionismo 
não é racismo porque, se fosse, não poderia ser 
sionismo. Enquanto os judeus aceitarem como 
membros de sua religião qualquer pessoa de 
qualquer raça, credo, religião ou etnia, como 
fazem há quase seis mil anos, a acusação de 
racismo continuará a ser absurda.
Mas e as outras mentiras?
o embustre do APARTHEID
Rotineiramente, os apoiadores do BDS acusam Israel de ser um Estado de 
apartheid, o que exemplifica mais uma vez, 
como veremos, a operação de virar o sentido 
de uma palavra de ponta-cabeça. 
“Apartheid”, que significa “separação” na 
língua africâner, da África do Sul, foi a política 
estatutária do país de 1948 a 1989. Sob o 
apartheid, a segregação racial era obrigatória,
57
o casamento inter-racial era proibido, a 
educação dos negros era controlada e 70% 
do território eram reservados para uso dos 
brancos, que tinham também privilégio 
econômico (na elegibilidade a na contratação 
para empregos). Os líderes da oposição foram 
presos e a oposição ao apartheid foi proibida. 
Compare-se esse cenário com a situação de 
Israel. Cerca de 21% dos cidadãos do país, mais 
ou menos 1,7 milhão de pessoas, são árabes1. 
Trata-se das pessoas que ficaram em Israel 
depois da Guerra da Independência de 1948 
e de seus descendentes. Na época da partilha 
do território de acordo com a resolução da 
ONU, elas escolheram, como era seu direito, 
cidadania israelense em vez de cidadania do 
Estado árabe (isto é, palestino). 
Os árabes israelenses têm direito de voto 
em Israel (inclusive as mulheres árabes), 
exatamente como determinou a resolução de 
partilha da ONU, ao passo que o direito de 
votar era negado aos negros sul-africanos 
sob o apartheid (e é negado às mulheres em 
vários países árabes). Os árabes israelenses 
podem candidatar-se a cargos eletivos, outro 
direito negado aos negros sul-africanos. O 
parlamento israelense, chamado de Knesset, 
1 http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Socie-
ty_&_Culture/arabstat.html
58
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
tem 120 membros; houve árabes entre eles 
desde a primeira eleição, em 1949, e há, no 
momento, 12 árabes eleitos.2
Os cidadãos árabes de Israel não podem 
servir ao exército, devido ao temor de divisão 
de lealdade. A única desvantagem econômica 
dos árabes é, portanto, não poder receber os 
benefícios dos militares israelenses, mas isso 
os deixa, por outro lado, mais disponíveis 
para o trabalho, pois suas carreiras não são 
interrompidas pelo serviço militar obrigatório. 
Uma das práticas do apartheid era 
controlar e, pois, limitar a educação dos 
negros; não há nada semelhante em Israel e 
há vários estudantes árabes nas principais 
universidades do país. Por outro lado, 
as escolas no território controlado pelos 
palestinos são conhecidos celeiros de 
propaganda antissemita e são usadas para 
propósitos ainda mais nefastos, como o ataque 
de foguete lançado de uma escolar palestina 
na Faixa de Gaza em novembro de 2007.3
Em um artigo para o New York Times de 
31 de outubro de 2011, o juiz sul-africano 
Richard Goldstone, que liderou uma Comissão
2 https://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Poli-
tics/knesset.html
3 http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsI-
D=24593&Cr=palestin&Cr1=
59
de Direitos Humanos da ONU para investigar 
as alegações, discutidas abaixo, de que Israel 
cometeu crimes de guerra no conflito de Gaza 
de 2008-2009, disse o seguinte a respeito da 
alegação de que o país é um Estado de apartheid: 
Em Israel não há apartheid. Nada ali chega nem perto 
da definição de apartheid do Estatuto de Roma de 1998: 
“Atos desumanos… praticados no contexto de um regime 
institucionalizado de opressão e domínio sistemático 
de um grupo racial sobre um ou outros grupos raciais 
e com a intenção de manter este regime”. Os árabes 
israelenses—cerca de 20% da população de Israel—
votam, constituem partidos políticos, são representados 
no Knesset e ocupam posições de destaque no país, 
inclusive na Corte Suprema. Os pacientes árabes jazem 
ao lado dos judeus nos hospitais israelenses e recebem 
tratamento idêntico ao deles.4
Dizer que há apartheid em Israel não é 
apenas mentira; é mentira grosseira. Os fatos 
são tão claros que qualquer exame deles 
imediatamente revela a falsidade da afirmação. 
4 http://www.nytimes.com/2011/11/01/opinion/israel-
-and-the-apartheid-slander.html
60
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
crimes de GUERRA e 
GENOCÍDIO
A campanha israelense no Líbano, em 2006, foi precipitada pelos terroristas 
libaneses do Hezbollah, que atacaram Israel 
e sequestraram dois soldados do país, em 
conluio com os terroristas do Hamas, que, a 
partir daquele ano, passaram a governar a 
Faixa de Gaza.5
Esta ação é apenas uma das fontes das 
acusações de “crimes de guerra”, repetidas 
despudoradamente, com frequência, a respeito 
dos ataques militares de Israel aos terroristas 
da Faixa de Gaza. Barghouti aprofundou-a, 
afirmando que apenas a destruição da 
economia de Israel interromperá o genocídio 
dos palestinos. Em conjunto, são imputações 
tão vis que para repeti-las é preciso ser 
voluntariamente ignorante dos fatos. 
No pesado combate no Líbano em 2006, ficou 
famosa a prática de “falsografia” do Hezbollah, 
que consiste em encenar e “photoshopar” fotos 
de supostos crimes de guerra.6 Funciona assim: 
membros do grupo e seus simpatizantes na 
mídia inventaram história de crimes de guerra
5 http://www.nytimes.com/2006/07/14/opi-
nion/14young.html
6 http://littlegreenfootballs.com/
61
que foram reproduzidas em todo o mundo, 
ilustradas, por exemplo, com fotos que 
mostravam Israel atacando ambulâncias 
propositadamente.7 Para produzir “provas” dos 
crimes de guerra, os terroristas desenterravam 
e moviam cadáveres, inclusive de mulheres e 
crianças, para locais que haviam sido atacados 
por Israel.8 As fotos, alteradas para fazer os 
ataques parecerem mais severos do que eram, 
foram reproduzidas por algumas agências de 
notícias.9 A Reuters, por exemplo, recolheu 
uma delas depois de descobrir que havia sido 
alterada.10
A “falsografia” palestina foi apenas uma parte 
da campanha de desinformação que acompanhou a 
ação no Líbano. Por exemplo, de dezembro de 2008 
a janeiro de 2009, o exército israelense conduziu a 
“Operação Chumbo Fundido”, de ataque às forças 
terroristas do Hamas na Faixa de Gaza. Ela começou 
com a execução de seu objetivo inicial, a morte do 
comandante militar do Hamas, Ahmaed al-Jaabari.11
7 http://www.zombietime.com/fraud/ambulance/
8 http://littlegreenfootballs.com/article/22071_Photo-
grapher_Alleges_Unearthing_of_Bodies
9 http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/
article/2006/01/26/AR2006012600372.html
Ver também http://www.ynetnews.com/arti-
cles/0,7340,L-3286966,00.html
10 http://www.ynetnews.com/arti-
cles/0,7340,L-3286966,00.html
11 http://www.foreignpolicy.com/articles/2012/11/14/
62
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
O Hamas é um grupo que, desde 1997, é 
classificado como grupo terrorista estrangeiro 
pelo Departamentode Estado americano. No 
entanto, em 2006, os palestinos o elegeram, 
por uma ampla maioria, para governar a Faixa 
de Gaza.12 O Hamas dedica-se à destruição 
de Israel. De acordo com seu estatuto, “o 
propósito do HAMAS é criar um Estado 
Islâmico Palestino nas terras de Israel por 
meio da eliminação do Estado de Israel através 
da jihad violenta”.13 Tudo, portanto, que 
venha do governo do Hamas, dos membros do 
Hamas, de seus simpatizantes (isto é, a maioria 
dos palestinos, que escolheram o Hamas para 
governar Gaza)—o que significa virtualmente 
tudo que venha da Faixa de Gaza—tem de ser 
considerado material de propaganda e de 
informação falsa, ao menos e até que haja 
prova em contrário. Não se pode confiar 
em absolutamente nada que o grupo diga a 
respeito de Israel. 
No entanto, havia tantas alegações de crimes 
de guerra na Operação Chumbo Fundido que 
uma missão especial do Conselho de Direitos
operation_cast_lead_20
12 http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/
article/2006/01/26/AR2006012600372.html
13 Andrew McCarthy, “The Grand Jihad,” Encounter 
Books (2010), p. 136.
63
 Humanos da ONU, sob chefia do juiz sul-
africano Richard Goldstone, foi designada para 
investigá-las. Como o Conselho tem uma longa 
história de críticas a Israel, o país se recusou 
a cooperar. No relatório inicial, a comissão 
Goldstone acusou Israel de atacar alvos civis 
intencionalmente e afirmou, corretamente, 
que os terroristas do Hamas também atacavam 
alvos civis israelenses.14
Israel se sentiu ultrajado e deu início a 
investigações próprias. Em consequência 
dessas investigações e de outras subsequentes 
às dele, o juiz Gladstone retificou uma parte 
significativa do relatório original. Em um 
artigo publicado no Washington Post do dia 
1 de abril de 2011, ele admitiu que Israel não 
havia atacado civis intencionalmente como 
diretriz política (embora ele não eximisse 
soldados individuais). O juiz também reafirmou 
que o Hamas havia, clara e deliberadamente, 
cometido crimes de guerra. E acrescentou: 
“Não é preciso nem dizer que os crimes de 
guerra que afirmamos que o Hamas cometeu 
foram intencionais—seus foguetes eram 
lançados indiscriminada e propositadamente 
sobre alvos civis”.15 Também significativo,,
14 http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/
article/2009/09/15/AR2009091503499.html
15 http://www.washingtonpost.com/opinions/recon
64
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
Goldstone afirmou, era que embora Israel 
tivesse conduzido numerosas investigações 
sobre as alegações de crimes de guerra, o 
Hamas não conduzira nenhuma. A conclusão 
inescapável é que a prática de crimes de guerra 
é uma diretriz do Hamas e sua liderança estava 
satisfeita com isso. 
Em novembro de 2012, durante o combate 
entre as forças israelenses e terroristas 
palestinos na Faixa de Gaza, cerca de 1.500 
foguetes foram jogados sobre Israel, apontados 
para locais de concentração de população 
civil.16 Até mesmo a Human Rights Watch, que 
demonstrara sua ideologia anti-israelense na 
Conferência de Durban, em 2001, condenou 
os ataques como crimes de guerra.
Houve baixas civis no Líbano, em Gaza e em 
outros lugares onde Israel atacou terroristas 
palestinos? É claro que houve. São tragédias 
lamentáveis, como foi a das ambulâncias 
atingidas por um ataque aéreo israelense 
em 2006. Não se trata, porém, de crimes de
sidering-the-goldstone-report-on-israel-and-warcri-
mes/2011/04/01/AFg111JC_story.html
16 http://www.haaretz.com/news/diplomacy-defen-
se/human-rights-watch-palestinians-committed-war-cri-
mes-during-gazawar.premium-1.489649
65
 guerra. Sobre genocídio, é necessário dizer 
mais que o óbvio, isto é, que genocídio é um 
anátema para os membros de uma religião que 
sofreu o Holocausto. Quem quer que visite 
o Memorial do Holocausto Yad Vashem, em 
Jerusalém, vê como são introjetadas as lições 
do Holocausto nas dezenas de crianças judias 
que o visitam diariamente, de um modo que 
torna impensável que os judeus cometam 
brutalidades similares. E é exatamente por 
isso que Israel é acusado desse crime pelos 
proponentes do BDS. Por exemplo, o livro de 
Barghouti, citando alegações de um artigo 
da Al Dameer Association for Human Rights 
[“Associação Al Dameer para os Direitos 
Humanos”], de Gaza, alega que Israel usou 
de propósito, na incursão a Gaza, armas 
tóxicas que causaram um grande aumento na 
incidência de câncer, defeitos congênitos e 
abortos espontâneos. Ele afirma:
Os crimes acima, a maioria ainda em curso, não ocorrem 
no vácuo; eles são produto de uma cultura de impunidade, 
racismo e tendências genocidas que se apossou da 
sociedade israelense, definindo seu discurso corrente 
e a abordagem considerada “normal” do “problema 
palestino”.17
Segundo Barghouti, os crimes de guerra de 
17 Supra, Barghouti, p. 40
66
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
Israel consistem em ordenar que soldados 
disparem indiscriminadamente sobre civis 
em prédios e bairros residenciais.18 Como 
mostrado abaixo, em sua abjuração de muitas 
das alegações do relatório da comissão que 
presidiu, o juiz Goldstone conclui que Israel 
não tinha nenhuma política de matar civis 
intencionalmente e que quando casos de tais 
crimes ocorriam, eles eram investigados pelas 
autoridades israelenses responsáveis.19
A Convenção Internacional para a 
Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, 
de 1948, define-o como qualquer um dos 
seguintes atos cometidos com a intenção 
de destruir, no todo ou em parte, um grupo 
nacional, étnico, racial ou religioso: a) matar 
os membros do grupo; b) causar sérios danos 
mentais ou corporais a membros do grupo; 
c) infligir deliberadamente sobre o grupo 
condições de vida calculadas para causar 
sua destruição física no todo ou em parte; 
d) impor medidas com o objetivo de evitar 
nascimentos dentro do grupo; ou e) transferir, 
à força, crianças do grupo para outro grupo.20
18 http://littlegreenfootballs.com/article/22071_
Photographer_Alleges_Unearthing_of_Bodies
19 http://www.washingtonpost.com/opinions/re-
considering-the-goldstone-report-on-israel-and-war-cri-
mes/2011/04/01/AFg111
20 http://www.icrc.org/applic/ihl/ihl.nsf/ART/
357-02?OpenDocument
67
Nenhuma das acusações de genocídio 
contra Israel cita nenhum traço de prova.21 
As políticas e ações de Israel jamais tiveram a 
intenção de destruir os palestinos como grupo, 
nem no todo nem em parte. Dizer o contrário 
é, talvez, a mais monstruosa das mentiras dos 
líderes do BDS.
o BLOQUEIO de GAZA e os 
MUROS
Em maio de 2010, forças israelenses interceptaram o navio turco Mavi 
Marmara em águas internacionais. Com ampla 
publicidade, a embarcação planejava uma 
forma de romper o bloqueio de Israel à Faixa 
de Gaza, com o objetivo declarado de fornecer 
suprimentos humanitários.22
Quando os israelenses subiram a bordo, 
foram, segundo relatos, atacados por 
passageiros e membros da tripulação. Como 
resultado, nove pessoas foram mortas. O 
governo turco protestou e rapidamente 
recriminações contra Israel rodaram o 
mundo. 
21 http://www.mfa.gov.il/MFA/MFA-Archive/2000/Pa-
ges/Terrorism%20deaths%20in%20Israel%20-%201920-
1999.aspx
22 http://www.cnn.com/2010/WORLD/meast/05/31/
gaza.protest/
68
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
O secretário-general das Nações Unidas, 
Ban Ki-Moon, apontou um painel de quarto 
membros sob direção do britânico Sir 
Jeffrey Palmer para investigar o ocorrido. 
Ele chegou a três conclusões fundamentais. 
Primeira: quando os israelenses subiram a 
bordo da embarcação, foram recebidos com 
violência organizada e tiveram de se defender. 
Segunda: Israel enfrenta “uma ameaça real 
à sua segurança por grupos militares de 
Gaza”. Terceira: em resposta a essa ameaça, 
“o bloqueio naval foi imposto como uma 
medida de segurança legítima para evitar que 
armas entrassem em Gaza por via marítima, e 
sua implementaçãose fez de acordo com os 
requisitos das leis internacionais”.23
Em suma, o bloqueio marítimo de Gaza é 
legal de acordo com as leis internacionais. 
Assim como a cerca que circunda a Faixa de 
Gaza. E assim como a cerca em volta da Cisjordânia. 
Do início da Segunda Intifada, em setembro 
de 2000, até a construção da primeira seção 
contínua do muro de Gaza, em julho de 2003, 
cerca de 73 ataques terroristas emanaram 
de Gaza, matando cerca de 293 israelenses e 
ferindo outros 1.950.24 Entre agosto de 2003
23 http://www.nytimes.com/2011/09/02/world/mid-
dleeast/02flotilla.html?pagewanted=all&_r=0
24 https://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Pea
69
 e junho de 2004, apenas três ataques tiveram 
sucesso e todos eles ocorreram na primeira 
metade de 2003.25 Quando Jed Babbin visitou 
Israel no final de 2003, funcionários do 
governo lhe disseram que o número de ataques 
vindos de Gaza caíra para zero.
Em 2004, no entanto, o Tribunal Internacional 
de Justiça (TIJ) julgou que era ilegal, sob as 
leis internacionais, a construção da cerca ao 
redor da Cisjordânia por parte de Israel.26 O 
TIJ argumentou que a ação era uma anexação 
de facto de território palestino e portanto não 
permitida pela Carta das Nações Unidas.
Que haja várias coisas erradas no Tribunal, 
que é um órgão da ONU, não espanta. Em 
qualquer época que se examine, vários dos 
“juízes” que o constituem são de países cujos 
governos são exatamente aqueles que formam 
o bloco anti-israelense desde a década de 70. 
No momento de escrita deste livro, havia entre 
os quinze juízes ativos pessoas do Marrocos, 
da Somália e de Uganda, países que não são 
exatamente exemplares na proteção aos direitos 
humanos de seus cidadãos nem no respeito às 
leis por parte dos seus poderes judiciários.27
ce/fence.html
25 https://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Peace/
fence.html
26 http://www.icj-cij.org/docket/files/131/1671.pdf
27 http://www.icj-cij.org/court/index.
70
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
O TIJ simplesmente ignorou a cláusula 
da Carta ONU que anula todas as outras. O 
artigo 51 do capítulo VII afirma: “Nada na 
presente Carta prejudicará o direito inerente 
de legítima defesa individual ou coletiva no 
caso de ocorrer um ataque armado contra 
um Membro das Nações Unidas, até que o 
Conselho de Segurança tenha tomado as 
medidas necessárias para a manutenção da 
paz e da segurança internacionais”.28
O que isso significa é que o direito de Israel 
à legítima defesa, na ausência continuada de 
ação do Conselho de Segurança para defendê-
lo contra as ameaças que emanam do outro 
lado das barreiras, torna ambas as cercas, tanto 
as da Faixa de Gaza quanto as da Cisjordânia, 
legais sob as leis internacionais. Enquanto os 
palestinos usarem o terrorismo procedente de 
Gaza e da Cisjordânia como arma, enquanto se 
recusarem a reconhecer Israel como Estado 
judeu, esses muros e cercas são necessários 
para a segurança dos cidadãos israelenses. A 
despeito disso, em decorrência da decisão do 
tribunal, o governo israelense mudou a rota da 
barreira para eliminar a maioria das intrusões 
na Cisjordânia a que ele objetou.29
php?p1=1&p2=2&p3=1
28 http://www.un.org/en/documents/charter/
chapter7.shtml [http://www.unicef.org/brazil/pt/resour-
ces_10134.htm]
29 http://www.tufi.org.uk/israeli_palestinian_conf
71
Há quem objete que o artigo 51 só 
pode ser invocado em referência a atos de 
nações. Isso é uma interpretação errônea da 
linguagem clara do artigo, que não limita sua 
aplicabilidade a ataques de uma nação contra 
a outra. Além disso, os palestinos insistem que 
são uma nação e a ONU lhes conferiu status 
pseudonacional como não-membro. Eles não 
podem ter as duas coisas.
É revelador que o TIJ tenha condenado 
apenas as barreiras israelenses, como se fossem 
diferentes de todas as outras. O professor 
Michael Curtis explica que cercas e muros 
são lugar-comum no mundo todo, usadas 
para seprar povos em guerra desde o tempo 
da construção da Grande Muralha da China, 
passando pela Muralha de Adriano na Roma 
Antiga, até a Zona Desmilitarizada entre as duas 
Coreias no presente.30 De acordo com Curtis:
Barreiras são muitos comuns. Elas existem em todo o 
mundo, em todos os continentes, por uma variedades 
de razões. Algumas, como as da União Soviética e dos 
países comunistas, especialmente o Muro de Berlim 
(1961 a 1989), foram criadas para impedir que os
lict/security-barrier-briefing.html
30 http://www.americanthinker.com/2011/08/a_fence_for_
defense.html
72
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
 cidadãos deixassem o território. Muitas outras existem 
para impedir que as pessoas entrem no território—seja 
um país ou uma área particular dele. Ainda outras se 
estabeleceram para separar as partes envolvidas em um 
conflito ou para evitar o conflito, como as de Belfast 
em 1969 e a de Londonderry; de Chipre em 1974; do 
Kuwait-Iraque em 1991; da Caxemira em 2004; e das 
duas Coreias em 1953. Outras mais foram erguidas para 
evitar atividades indesejáveis, como a da Índia para evitar 
o contrabando de drogas e o terrorismo da Birmânia, ou 
a da fronteira entre o Cazaquistão e o Uzbequistão. As 
barreiras contra o terrorismo também são comuns. Delas, 
as de maior importância são as barreiras construídas 
pela Rússia contra a Chechênia, pelo Paquistão contra o 
Afeganistão, pela Malásia contra a Tailândia, pela Índia 
contra a Birmânia e pelo Egito contra Gaza, em 1979.
A condenação pelo TIJ da barreira ao redor 
da Cisjordânia sem nenhuma palavra sobre 
outros muros similares desfere o golpe final à 
credibilidade do tribunal. 
o libelo de SANGUE 2.0 de 
BARGHOUTI
O incitamento de ódio aos judeus por Barghouti ecoa Os protocolos dos 
sábios de Sião, o libelo de sangue antissemita 
da Rússia czarista. Ele afirma:
73
É crucial notar que a interpretação fundamentalista 
da halachá, ou conjunto das leis judaicas, justifica 
abertamente massacres, até mesmo genocídio (como no 
assassinato em massa de civis “não-judeus”, inclusive 
crianças), no que é chamado de “guerra de vingança” ou 
“guerra necessária”. Uma guerra de necessidade de acordo 
com os ensinamentos fundamentalistas seria declarada 
contra a população “inimiga” inteira, sem poupar 
ninguém. O único limite é a prática de atos que poderiam, 
em retribuição, trazer mais prejuízos à comunidade 
judaica. Assim, se um massacre de, digamos, dez mil 
gentios causasse a Israel prejuízos que sobrepujassem 
os “benefícios”, ele deveria ser evitado. Essa é a única 
consideração permitida em ensinamentos religiosos com 
esse nível de fanatismo, ensinamentos que se tornaram 
dominantes entre a comunidade religiosa sionista de 
Israel e outros lugares e penetraram no pensamento da 
população israelense de várias maneiras.31
A única referência de Barghouti para essa 
calúnia é um artigo que ele mesmo escreveu. O 
rabino Binyamin Sendler, eminente estudioso 
talmúdico e especialista nas leis religiosas 
judaicas, investigou as afirmações feitas 
no livro de Barghouti e concluiu que são 
inteiramente falsas:
31 Supra, Barghouti, pp. 42–43.
74
A 
NO
VA
 G
UE
RR
A 
CO
NT
RA
 I
SR
AE
L
JE
D 
BA
BB
IN
 &
 H
ER
BE
RT
 L
ON
DO
N
A afirmação de que as leis religiosas do judaísmo 
permitem ou até mesmo encorajam o assassinato em 
massa de não-judeus (inclusive crianças) é completamente 
falsa. O Talmud divide as nações gentias entre idólatras 
(os “akum”) e gentios religiosos (os “ger toshav”). Os 
adoradores de ídolos são vistos com grandes suspeitas, 
no entanto matar um akum é obviamente proibido. 
(Ver o Tratado Avodah Zarah 13b, Maimônides; leis do 
assassinato 4:11, 2:11.) Já os pios Ger Toshav devem ser 
tratados do mesmo modo que os judeus.
Há uma exceção à halachá, que diz respeito aos 
amalequitas, um povo que D-us categorizou como a 
encarnação do mal e contra o qual a guerra ilimitada

Mais conteúdos dessa disciplina