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ATVD 2 Formação Sócio-Histórica e Política do Brasil

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FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA E 
POLÍTICA DO BRASIL
CAPÍTULO 2 - ONDE ESTÁ O SOCIAL NAS 
AÇÕES DO ESTADO?
Maíra Pires Andrade
- -2
Introdução
O poder e a política social, no decorrer da história do Brasil, sempre tiveram relações complexas e ambíguas, ou
polarizadas, em sua maioria. A formação da política brasileira, ainda com as heranças do mundo colonial, foi
marcada, sobretudo, a partir da ascensão da república, em 1889, pela hegemonia do poder das famílias
oligárquicas, isto é, dos grandes fazendeiros e proprietários de terra, que dominavam a cena política do Brasil.
Na chamada República Velha, vimos o apogeu deste sistema oligárquico, que se manifestava em toda as
dimensões da vida pública e privada: nas zonas rurais, nas áreas locais e regionais, nos estados e em âmbito
nacional. Prevalecia a alternância de poder pela política do café com leite, que se sustentava com a autoridade
dos governadores e com o coronelismo.
Até 1930, a máquina nacional funcionava desse modo. E você deve se perguntar: não existia nenhuma política
social? O poder estava mesmo concentrado totalmente nas mãos da elite oligárquica? Em que momento, na
história, podemos vislumbrar uma preocupação com o social no Brasil?
Bem, vamos ter uma virada histórica rumo ao social com a instituição das leis trabalhistas, na chamada Era
Vargas, de 1930 até 1945. Toda essa estrutura oriunda das oligarquias e das classes dominantes, resultou na
formação econômica que se desenrolou no Brasil, chamada de capitalismo dependente.
Vamos aos estudos?
2.1 Poder político e ação do Estado no Brasil
O poder político no Brasil, no período entre 1894 e 1930, ficou restrito ao domínio das grandes oligarquias que
dominavam a cena política. Num primeiro momento, de 1894 a 1909, vemos a hegemonia do poder oligárquico.
E, logo depois, entre 1909 e 1919, ocorrem os primeiros conflitos desse sistema político, que entra em crise a
partir de 1919 até 1930.
2.1.1 A primeira república no Brasil ou República Velha
As décadas de 1870 e 1880, marcaram o início da crise do governo monárquico no Brasil. Depois desse período,
o imperador passa a ter dificuldade em manter sua política e a ordem, diante das novas demandas sociais e do
crescimento do país (ARAÚJO, 2009). As ideias republicanas, positivistas, vindas, principalmente, dos militares, e
a campanha abolicionista, começaram a ganhar forma e, em 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da
Fonseca proclamou a República no Brasil (FAUSTO, 1995; RIBEIRO, 2012).
A monarquia no Brasil, diante de tal instabilidade, foi derrubada por um golpe militar e a proclamação da
república se caracterizou por um movimento vindo das elites, resultado da aliança entre os altos setores dos
militares do exército e os fazendeiros de café do oeste de São Paulo. De 1889 a 1894, o Brasil foi governado pelos
militares, num período que ficou conhecido como República da Espada, chefiado provisoriamente por Marechal
Deodoro da Fonseca, até 1891 (FAUSTO, 1995; RIBEIRO, 2012).
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Uma das primeiras ações do governo de Deodoro, foi a separação entre a Igreja e o Estado, encerrando o
“padroado” e dando autonomia para a Igreja tomar suas decisões no âmbito da religião. As outras medidas foram
a instituição do casamento civil e elaboração da bandeira republicana com o símbolo “Ordem e Progresso”
(FAUSTO, 1995; RIBEIRO, 2012).
É nesse momento que surgem diversos embates políticos que tinham, como tema, os próximos caminhos da
república. Os militares argumentavam em favor de um regime centralizado, no qual, o poder executivo pudesse
ter controle sobre os demais poderes, para retirar a autonomia das províncias. Por outro lado, os proprietários
de terra, sobretudo, os cafeicultores paulistas, argumentavam em favor de um governo republicano federalista,
com a autonomia dos Estados (FAUSTO, 1995; RIBEIRO, 2012).
O governo provisório aprovou a Constituição de 1891, momento em que o Brasil se tornou uma República
Federativa presidencialista, e permitiu aos seus Estados, mais autonomia política, para eleger seus
governadores, criar impostos e constituições (ARAÚJO, 2009). Dentre as medidas da Constituição de 1891,
estava o estabelecimento de eleição direta, pelo voto popular, para a escolha do presidente, no entanto, o
primeiro governante foi escolhido pelo poder Legislativo, sendo Deodoro da Fonseca, o presidente, e Floriano
Peixoto, o vice. O mandato ia até 1894, mas, diante dos conflitos políticos e embates entre o poderes executivo e
legislativo, Deodoro da Fonseca renunciou, dando lugar ao vice (RIBEIRO, 2012).
Chegadas as eleições de 1894, Prudente de Moraes assumiu o governo, vindo da elite cafeicultora paulista. Ele foi
o primeiro presidente civil, pondo um fim nos governos militares de então.
VOCÊ SABIA?
A expressão “República Velha” foi cunhada com o avanço da Era Vargas, a partir de 1930,
tendo como objetivo, circular a ideia de uma república que se construía em oposição às velhas
tradições oligárquicas da primeira república. Contudo, a historiografia apresenta divergências
em relação a existência ou não de mudanças neste período de transição.
VOCÊ QUER LER?
O livro “O Brasil republicano: o tempo do liberalismo excludente da proclamação da República
à Revolução de 1920”, de Lucília de Almeida Neves Delgado e Jorge Ferreira, é uma importante
obra para compreender os contextos, sujeitos e conflitos que envolvem a trama de contexto da
primeira república até o seu final, em 1930 (DELGADO; FERREIRA, 2006).
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Figura 1 - Prudente de Moraes foi o primeiro presidente civil do Brasil, em um contexto de poder oligárquico, 
dominado pelas elites rurais.
Fonte: ROOK76, Shutterstock, 2018.
Até 1930, a política brasileira ficou sob domínio dos grandes proprietários de terra. Prudente de Moraes, foi
sucedido por Campos Sales (1898-1902), Rodrigues Alves (1902-1906), Affonso Penna (1906-1909), Nilo
Peçanha (1909-1910), Hermes da Fonseca (1910-1914), Venceslau Brás (1914-1918), Delfim Moreira (1818-
1819), Epitácio Pessoa (1919-1922), Artur Bernardes (1922-1926) e Washington Luís (1926-1930) (FAUSTO,
1995).
2.1.2 O poder político da República Velha
De 1889 até 1930, a política de sucessão presidencial da república será chamada de “política café com leite”,
devido à alternância no poder, negociada entre os cafeicultores de São Paulo e os produtores de leite de Minas
Gerais, ambos, os maiores centros econômicos do país. Com esse grande acordo político, o poder se concentrava
nas mãos daqueles que detinham também o controle da economia, garantindo os interesses das classes
dominantes em primeiro plano (VARES, 2012).
Já no governo de Campos Salles, iniciou-se a chamada política dos governadores, que era uma aliança entre o
presidente e os governadores estaduais. Assim, se garantia mais apoio no congresso, em troca de haver menos
intervenção presidencial nos poderes oligárquicos dos estados (VARES, 2012).
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Figura 2 - Campos Salles e a política dos governadores visavam apenas proteger os interesses da elite rural 
latifundiária.
Fonte: IgorGolovniov, Shutterstock, 2018.
No âmbito local, se exercia a chamada política do “coronelismo”, que, num olhar bem atento, ainda direciona os
rumos do país nos dias de hoje. O coronel, que tinha o domínio do poder local, em especial nas zonas rurais,
manipulava as eleições, usando de troca de favores, no chamado “voto de cabresto” (ARAÚJO, 2009). Com isso, as
eleições eram permeadas por conflitos entre as famílias poderosas.
Nessa conformação, toda a política do Brasil estava condenada, em diferentes dimensões, com a “política do café
com leite”, política dos governadores e o coronelismo (VARES, 2012).
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A Primeira República é vista, então, como o momento da história do Brasil, no qual o poder político tem, como
expressão, a dominação do latifúndio. O sistema é marcado por três fases: , com o poder dosimplantação
militares; , com o domínio das oligarquias; e a , quando vemos aconsolidação crise da primeira república
ascensão da burguesia industrial e a classe média no controledo poder, na chamada Revolução de 1930.
CASO
Vamos tomar, para análise, um caso fictício. Em uma zona rural no interior do estado de Santa
Catarina, no período de eleições municipais, diversos casos de fraudes foram denunciados.
Chegou à ouvidoria do Tribunal eleitoral que estava ocorrendo compra de votos, em troca de
terras e ameaças por parte dos grandes fazendeiros locais que usavam da violência física ou
simbólica (ameaçando as famílias), em seus funcionários, para votarem no candidato do seu
interesse.
A notícia da denúncia saiu nos jornais da pequena cidade, informando a existência da prática
do coronelismo e do voto de cabresto na região. No entanto, a matéria argumentava que esse
era um caso excepcional e que não comum isso ainda ocorrer no Brasil. Diante do exposto, é
necessário sublinhar que as práticas do coronelismo e do voto de cabresto eram realizadas, na
República Velha, de modo explícito e regendo a política nacional, diferente do que ocorre hoje.
Contudo, essas práticas deixaram heranças e tradições que são reforçadas, sobretudo, nas
zonas rurais ou pequenos municípios, onde vemos a continuidade de famílias oligárquicas, que
tradicionalmente detêm o poder há muitos anos.
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Figura 3 - A oligarquia cafeeira paulista era um símbolo do poder no período da Primeira República.
Fonte: Africa Studio, Shutterstock, 2018.
A dominação das oligarquias no poder é fruto de articulações políticas entre as elites agroexportadoras do país,
que dominavam a malha eleitoral dos Estados e Municípios. Esse sistema foi possível, também, devido ao
federalismo aprovado com a Constituição de 1891 e pelos acordos entre os Estados, que eliminavam o
aparecimento de outros sujeitos políticos no cenário brasileiro (VARES, 2012).
2.2 Ação do Estado brasileiro na conformação da questão 
social
A partir de 1920, a República Velha começou a entrar em colapso e, como consequência, ocorre o rompimento da
política de alternância no poder e a ascensão de Getúlio Vargas, em 1930, dando início à chamada Era Vargas. É
neste período que ocorrem grandes mudanças na política brasileira, sobretudo, com mais atenção às questões
sociais e às classes marginalizadas pela República Velha. Mas, isso se realiza por meio de políticas sociais que,
pela primeira vez, passam a garantir direitos os trabalhadores, apesar de restringir sua autonomia.
2.2.1 A década de 1930: o fim da República Velha
A historiografia sobre o período da República Velha, em sua maioria, aponta a década de 1920 como o início de
uma fase de importantes transformações políticas que deram fim à República Velha. Sobretudo, é o momento em
que se coloca em xeque o poder dominante das oligarquias de Minas Gerais e de São Paulo, que se alternavam na
política dos governadores (VARES, 2012).
A fragilidade do sistema político se evidenciava com a falta de estabilidade, principalmente em período eleitoral.
Em muitos casos, o candidato escolhido para representar determinada oligarquia, não era escolhido por todos.
As eleições de 1922, para definir o presidente a suceder Epitácio Pessoa, foi uma mostra da falta de acordo entre
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As eleições de 1922, para definir o presidente a suceder Epitácio Pessoa, foi uma mostra da falta de acordo entre
as oligarquias (ARAÚJO, 2009). O candidato, indicado por Minas Gerais, era Artur Bernardes do Partido
Republicano Mineiro, que recebeu um grande apoio do governo. Mas os Estados do Rio Grande do Sul, Bahia,
Pernambuco e Rio de Janeiro foram contrários a ele e lançaram o nome de Nilo Peçanha, que, apesar de garantir
a manutenção do sistema oligárquico, representava também, uma tentativa de rompimento, pois era oriundo das
oligarquias menores (VARES, 2012).
Artur Bernardes se tornou o presidente, mas seu governo sofreu diversas pressões por parte dos republicanos e
também do movimento tenentista, iniciado em 1922. Este movimento tinha como finalidade a crítica ao sistema
vigente, mas, principalmente, a deposição de Bernardes e a criação de uma nova política nacional (RIBEIRO,
2012).
De 1926 a 1930 o paulista Washington Luís assumiu a presidência, mas também enfrentou uma crise. Em 1930
no momento das eleições, ele indicou o também paulista Júlio Prestes, como seu sucessor, causando uma crise na
política do café com leite, já que se esperava que o próximo presidente fosse de Minas Gerais. O conflito abriu
espaço para outras críticas e para um desejo de mudança, fazendo aflorar a existência de outros grupos. Os
mineiros, não aceitando o rompimento do pacto, estabeleceram uma aliança com o Rio Grande do Sul e a Paraíba
e lançaram o nome de Getúlio Vargas e João Pessoa à presidência e vice-presidência. Esta união ficou conhecida
como “Aliança liberal” (VARES, 2012).
VOCÊ QUER VER?
O historiador Bóris Fausto analisa o início da república no Brasil, sobretudo, as relações
políticas da República Velha até a ascensão de Getúlio Vargas, em 1930. Este vídeo (NAVAS;
SIMÕES, 2013) nos ajuda a entender as tramas do poder ao longo da história do Brasil <
>.https://www.youtube.com/watch?v=LGRkoxRjRPM
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Figura 4 - A candidatura de Getúlio Vargas e João Pessoa, representa a insatisfação contra o predomínio da 
oligarquia paulista, em 1930.
Fonte: ROOK76, Shutterstock, 2018.
A Aliança Liberal tratou de unir os insatisfeitos com as elites governantes, defendendo mudanças na política
nacional. No entanto, todas as tramas políticas da república café com leite ainda funcionavam e Júlio Prestes saiu
vitorioso nas eleições. Não aceitando a derrota, a Aliança liberal une forças com o movimento tenentista, a fim de
propor uma reestruturação no sistema político (FURTADO, 2015).
Em outubro se inicia a luta armada e uma marcha em direção à capital, o Rio de Janeiro (VARES, 2012). Nesse
movimento, uma junta militar retirou Washington Luís do poder e Getúlio Vargas assumiu o governo
provisoriamente.
2.2.2 A Era Vargas e a política social
Getúlio Vargas, que chegou à presidência por meio de um movimento armado, governou o Brasil de 1930 até
1945, momento em que foi deposto. Seu governo tinha como base os ideais populistas e um projeto nacionalista,
com o objetivo de trazer o progresso para o país. Suas ideias eram influenciadas pelos projetos políticos
totalitários, surgidos após a Primeira Guerra Mundial, como o nazismo e o fascismo (D' ARAÚJO, 1997).
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Figura 5 - O governo de Getúlio Vargas teve influência dos partidos nacionalistas europeus, nos quais o 
populismo era uma ideia forte.
Fonte: Janusz Pienkowsk, Shutterstock, 2018.
Como presidente, já em 1930, Vargas fechou o congresso, restringiu as liberdades públicas e os opositores, e se
tornou um líder popular e estadista. Vargas se aliou a diversos segmentos, sobretudo os militares, no entanto, o
Estado de São Paulo, considerado como o grande motor da nação, não estava satisfeito com tal projeto político e
exigia novas eleições. Essa insatisfação resultou na luta armada da Revolução Constitucionalista de 1932,
organizada pelos paulistas, mas logo eliminada pelas forças Varguistas. Em 1933, foram realizadas eleições para
a assembleia constituinte e, em 1934, foi promulgada uma nova constituição para o país, tornando Getúlio
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a assembleia constituinte e, em 1934, foi promulgada uma nova constituição para o país, tornando Getúlio
Vargas, presidente da república, de modo indireto (D' ARAÚJO, 1997).
Nesse contexto, em 1935 emergiu no país o movimento armado chamado de Intentona Comunista, liderado por
Luís Carlos Prestes, que tinha como finalidade, retirar Vargas do poder e colocar Prestes. Entretanto, esta revolta
também foi suprimida e diversos combatentes foram presos. O movimento fracassou, mas serviu de justificativa
para o endurecimento do regime varguista que, a partir de novembro de 1935, tomou medidas para reduzir o
poder do congresso e expandir os poderes do executivo (D' ARAÚJO, 1997).
As eleições de 1938, mesmo com o endurecimento do regime, estavam mantidas. No entanto, em 1937, Vargas
inicia um novo projeto político que eliminou as possibilidadesde eleições. Era o início do Estado Novo, no qual,
Getúlio governou o país sob as bases nazifascistas, fechando totalmente o congresso nacional (D' ARAÚJO, 1997).
Entre 1935 e 1937, o país passava por um período de efervescência social e política, com a atuação dos grupos
comunistas, o que motivou Vargas a sancionar a lei de segurança nacional, promulgada em 4 de abril de 1935. É
nesse momento que será criado o Tribunal de Segurança Nacional, com o desígnio de silenciar os grupos
opositores (D' ARAÚJO, 1997).
Com a instituição do Estado Novo, Vargas estabelece uma relação próxima com os trabalhadores, criando
medidas para beneficiar o operariado e constituir uma base de apoio ao seu governo. Em 1942, é criada a
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), somando-se às demais leis já criadas por Vargas, a partir de 1930. A
CLT representou uma nova guinada da política brasileira em direção às questões sociais, e era resultado de
intensas reivindicações dos trabalhadores.
A CLT passou a abranger direitos básicos, como salário-mínimo, férias, restrição das horas de trabalho,
segurança, carteira de trabalho, justiça do trabalho e a formação dos sindicatos. A CLT, em suma, expressou o
atendimento das demandas históricas dos operários, mas também, por outro lado, significou um maior controle
da classe trabalhista pelo Estado, reduzindo a autonomia dos trabalhadores. Isso ocorria na medida em que, para
ganhar os benefícios, era necessário ter a carteira de trabalho, que atribuía a cidadania aos trabalhadores (D'
ARAÚJO, 1997).
A relação entre os operários e o governo era tão forte, que o Ministério do Trabalho tinha como principal projeto,
a política de ordem social, criada em 1930. Foi uma das primeiras ações da Era Vargas, que contribuiu para
marcar o afastamento das políticas oligárquicas da república velha. Com isso, o mote do Estado Novo se tornou a
política social, que não era só voltada ao operariado, mas também à indústria e ao comércio, como demonstra o
seu nome Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (D' ARAÚJO, 1997).
Quando o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial, Marcondes Filho assumiu o ministério, com a finalidade de
trazer, para os trabalhadores, os benefícios alcançados com as novas leis, desde 1930, mas sobretudo, após 1937.
Com isso, o plano social das propostas do Estado Novo de Vargas, começam a ser amplamente divulgados como
uma estratégia para direcionar o governo ao povo brasileiro e informar sobre os avanços da legislação
trabalhista.
Nesse projeto, estava em foco, também, a inclusão das populações que antes eram marginalizadas pelas
oligarquias da República Velha. Esta mudança não seria pelo campo da elegibilidade, já que o Brasil estava numa
ditadura, mas ocorria no âmbito do desenvolvimento da consciência política em relação ao regime e suas
VOCÊ SABIA?
A divulgação na historiografia da expressão Estado Novo emerge com o intuito de imbuir esse
período como um rompimento, já iniciado com a Revolução de 1930. Isto é, um momento de
ruptura com as antigas oligarquias e seu tradicional sistema político. Desse modo, o Estado
Novo vinha para afastar os erros da República Velha.
- -12
ditadura, mas ocorria no âmbito do desenvolvimento da consciência política em relação ao regime e suas
propostas: a política voltada para a inclusão social e para os trabalhadores. É preciso ressaltar que esse é o
primeiro momento, na história do Brasil, que vemos a política brasileira se afastar das elites e se voltar para a
política social.
2.3 Modelos de desenvolvimento capitalista na perspectiva 
da dependência
Sob a ótica de Florestan Fernandes (1973) o desenvolvimento de uma revolução burguesa se processou sob um
modo específico de capitalismo. A verdadeira revolução burguesa no Brasil teria se consolidado somente, a
partir do golpe militar de 1964, momento em que o poder da burguesia, vinculado ao capitalismo dependente, se
manifesta sobre as diversas dimensões da sociedade.
Nesse contexto, para melhor compreender as relações econômicas do período, é necessário distinguir o conceito
de capitalismo dependente e capitalismo clássico.
2.3.1 A formação de um capitalismo dependente
Para apresentar a distinção entre os dois conceitos, Florestan (1973) tem como suporte o conceito de
“subdesenvolvimento”, que ganhou maior evidência nos pensamentos de intelectuais que discutiam as condições
econômicas e sociais dos países abaixo da linha de acumulação capitalista, entre as décadas de 1940 e 1960.
Nisto, Florestan abre um debate sobre as possibilidades desses países capitalistas em subdesenvolvimento de
superar, ou não, tal condição (PINTO JÚNIOR, 2016).
Desse modo, o país em subdesenvolvimento se define pela dependência em relação ao capital externo, dos
produtos excedentes na venda ao comércio estrangeiro, dependente da tecnologia das potências estrangeiras e
também da importação de produtos com altos valores. Com isso, a experiência do subdesenvolvimento é
vinculada a uma situação estrutural que não é ultrapassada somente com o avanço do capitalismo, já que o país
pode alcançar o desenvolvimento, mesmo mantendo essas estruturas (PINTO JÚNIOR, 2016).
Entretanto, a perspectiva linear desenvolvimentista, que defende a superação do subdesenvolvimento por meio
do desenvolvimento interno, não admite que tal processo ocorra sem superar as estruturas internas do
subdesenvolvimento. Com isso, este último não se refere ao não desenvolvimento do capitalismo, mas expressa
um processo de formação de um capitalismo dependente do âmago do mercado mundial. Isto é, um país é
subdesenvolvido quando colocado em comparação a estágios de acumulação de capital global, na medida em que
ele é submisso às demandas econômicas, políticas, sociais e culturais das potências capitalistas (FURTADO,
2015).
Nesse viés, para Florestan Fernandes (1973) a dimensão central que abate o processo de mudança de uma
economia neocolonial, para um capitalismo dependente, seria o próprio ajuste de uma estrutura econômica
“heteronômica”, que não abre espaço para o desenvolvimento de um capitalismo no seu modo clássico. Assim, é
preciso lembrar que eliminação da herança colonial nas estruturas econômicas, sociais e culturais do Brasil, a
descolonização, e o avanço de uma sociedade nacional e não mais colonial, nunca foi possível efetivamente, mas
o que vemos é a ocorrência de uma condição colonial permanente (PINTO JÚNIOR, 2016).
- -13
Com isso, o que muda no processo histórico de dependência brasileira, é o modo de dependência instituído, os
grandes centros de poder hegemônico e os núcleos dominantes, mas a condição heteronômica do Brasil
permanece inalterada. O subdesenvolvimento engloba as relações de produção capitalista, mas de forma restrita,
o que impede o real crescimento do país.
2.3.2 Características do capitalismo dependente: o caso brasileiro
Nessa perspectiva, a dupla articulação se torna uma característica do capitalismo dependente no perfil do Brasil,
no qual, as formas de exploração do trabalho no setor agrário arcaico, estão vinculadas ao crescimento das
relações capitalistas nas cidades. Este seria o modo central de acumulação de excedente nacional. Notamos que,
simultaneamente ao processamento de um capitalismo interno, há um desenvolvimento particular, que restringe
o desenvolvimento do mercado como um modo de acumulação capitalista.
Contudo, a conexão com o setor agrário exportador, dos países capitalistas, permitia a constante subordinação
dentro da própria divisão internacional do trabalho, mantendo a exportação de produtor primário e
possibilitando o crescimento dos mercados centrais para o interior dos mercados periféricos, ditando as regras
desse último (PINTO JÚNIOR, 2016).
Vemos aqui um capitalismo imperialista. Nesse caso, há uma singularidade, como ocorreu na exploração colonial,
as potências estrangeiras constroem um mercado para a exploração exterior e uma economia capitalista
dependente nas colônias. Isso exigia o controle comercial da colônia, mas também o controle econômico
dominante de diversosâmbitos como o espaço ecológico, econômico e social.
Seguindo esse pensamento, o capitalismo na periferia, fundado de forma independente ao capitalismo central, é
formado de forma atrelada ao crescimento das economias da periferia. Isto significa que ele se forma como um
modo de modernização e crescimento interno, no qual a convivência entre um setor arcaico pré capitalista e um
setor moderno capitalista se torna propício ao poder do capitalismo hegemônico (PINTO JÚNIOR, 2016).
Há uma expansão do mercado capitalista, que se tornou um incentivo à economia nacional, e isso motivou, entre
o fim do século XIX e a crise de 1929, o segundo surto industrial brasileiro, momento em que assistimos às
mudanças para a produção de bens de consumo e a formação do capitalismo direcionado para o campo.
Esse cenário é chamado por Fernandes de capitalismo competitivo, pois se define como a fase do capitalismo que
manifesta a livre concorrência, isto é, é o momento em que a acumulação de capital não alcançou a
monopolização do mercado, tendo os cartéis como reguladores do capital (PINTO JÚNIOR, 2016).
Entretanto, na visão de Fernandes (1973), essa fase do capitalismo emerge no contexto brasileiro em uma
ocasião na qual o capital monopolista já alcançou níveis extraordinários. Apesar das contradições nessa linha
teórica, Fernandes (1973), afirma que o capitalismo competitivo possui estruturas internas próprias e
dinamismo particulares, fazendo com que a concentração de capital dê dinamicidade a esse processo. No
capitalismo competitivo, a expansão externa ocorre via comércio internacional e pela demanda de mercado
consumidor. Entretanto, a expansão externa do capitalismo monopolista toma formas de exportação de capitais
VOCÊ O CONHECE?
Florestan Fernandes foi um sociólogo, professor universitário e deputado federal, oriundo de
uma família pobre de São Paulo. Em 1941, entrou na Faculdade de Filosofia da USP e em 1951,
defendeu seu doutorado sobre “A função social da guerra na sociedade tupinambá”. Atuou em
várias pesquisas junto com o sociólogo francês Roger Bastide, e tinha como alunos, Fernando
Henrique Cardoso e Octávio Ianni. Estes formaram uma importante corrente de pensamento, a
escola sociológica paulista.
- -14
consumidor. Entretanto, a expansão externa do capitalismo monopolista toma formas de exportação de capitais
como um modo de elaborar um sistema de acumulação dentro dos países atrasados (PINTO JÚNIOR, 2016).
É nessa conjuntura que aparece a emergência de um capitalismo incipiente no subdesenvolvimentismo, em
momentos nos quais a exploração imperialista atinge seus níveis monopolistas. Essa acepção, ainda assim, não
impossibilita a formação de estruturas internas de produção, que já equivalem a um capitalismo monopolista.
Assim, Fernandes (1973) aponta que a fase de capitalismo competitivo do Brasil se define em algumas
características marcantes:
• concentração demográfica reduzida;
• falta de integração de um mercado interno com a demanda da população e com a possibilidade 
de aumentar o capitalismo monopolista;
• ausência de tecnologia manipulada para aglutinar acumulação interna.
Nesse contexto, o autor exemplifica que o Brasil, mesmo na sua fase capitalista competitiva, ainda era uma
economia dependente, que estava em processo de integração nacional, isto é, possui seus padrões de
organização singulares (PINTO JÚNIOR, 2016).
Contudo, o avanço do capitalismo monopolista inverteu essa dimensão, ditando um novo ritmo de crescimento
aos países subdesenvolvidos. Isso vem ocorrendo no Brasil desde a Primeira Guerra Mundial, quando as
movimentações econômicas advindas das multinacionais, passam a ser englobadas na economia brasileira. No
entanto, isso só se torna significativo após a crise de 1929, quando Estados Unidos, Japão e Alemanha
direcionam, para o Brasil, as organizações empresariais que passam a ditar uma dependência econômica em
relação a estes países influentes. Isto é, mesmo sem os requisitos para um capitalismo monopolista, a inserção
das grandes corporações empresariais, estimulava o crescimento econômico, constituindo uma fase
monopolista, mesmo dependente das influências internas (PINTO JÚNIOR, 2016).
Na ótica de Florestan Fernandes, nem a modernização e nem a industrialização rompem com a dupla articulação,
que é própria do capitalismo dependente. Essa articulação só existe devido às relações estabelecidas dentro das
classes dominantes mundiais, que possibilitam uma modernização conservadora, isto é, a conciliação, entre uma
economia urbana industrial e uma agricultura arcaica, permite a diversificação das antigas oligarquias e a
transformação desta em burguesia nacional (PINTO JÚNIOR, 2016).
Em suma, o caso específico do capitalismo dependente do Brasil, não ocorreu partindo da superação do Antigo
Regime colônia, mas se desenvolveu na medida em que o capitalismo mundial regula novos modos de
aglutinação das economias periféricas, contribuindo assim, para a formação de relações de produções que
expandem as formas de acumulação (PINTO JÚNIOR, 2016).
Nesse sentido, este capitalismo dependente é instituído “de cima para baixo”, isto é, a partir das demandas das
classes dominantes, como se fosse uma reprodução e atualização das formas coloniais de dominação, mas agora
sob bases capitalistas.
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VOCÊ QUER LER?
A obra de Florestan Fernandes publicada em 1973, “Capitalismo dependente e classes sociais
na América Latina”, é uma referência para compreender a formação específica do capitalismo
dependente no Brasil (FERNANDES, 1973).
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2.4 Modelos de desenvolvimento capitalista na perspectiva 
da modernização conservadora no pós-1964
O desenvolvimento do Brasil, rumo a uma nação moderna, passou por processos específicos, advindos do
próprio processo histórico de construção do Brasil. A modernização ocorreu, mas os entraves oligárquicos do
período colonial e da República Velha permaneceram, fazendo surgir uma modernização arraigada ainda na
tradição do poder da elite. Isso dará origem ao processo chamado de modernização conservadora, que terá seu
ápice principalmente no período após o golpe militar, em 1964.
2.4.1 O conceito de modernização conservadora em outros países
O conceito de modernização conservadora foi elaborado pelo sociólogo dos Estados Unidos, Barrington Moore
Júnior (1975), para estudar e categorizar as revoluções burguesas que ocorreram na Alemanha e no Japão, num
momento de transição entre uma economia pré-industrial para uma economia capitalista industrial. Nessa
perspectiva, a principal consequência da modernização conservadora é a compreensão do modo como o acordo
político das elites dominantes direcionaram o desenvolvimento do capitalismo e contribuíram para a formação
de governos autocráticos e totalitários (PIRES, 2009).
As revoluções burguesas da Alemanha e do Japão, se diferenciaram das ocorridas na Inglaterra, França e Estados
Unidos, na medida em que foram revoluções parciais, isto é, não transformaram totalmente a estrutural social,
política e econômica vigente do antigo regime. Mas pelo contrário, os acordos políticos dentro do estado nacional
da Alemanha e do Japão, acabaram por fortalecer os laços políticos entre a burguesia e marginalizar os
trabalhadores e camponeses do campo, da democracia e da cidadania (PIRES, 2009).
Estudos apontam que existiram três processos históricos centrais do mundo pré-industrial ao contemporâneo. O
primeiro seria o processo que formou as sociedades capitalistas e democráticas na Inglaterra, França e Estados
Unidos. O segundo processo, sustentado pelo capitalismo, se caracterizou pela não-realização de uma revolução
propriamente dita, se estabelecendo por meio de relações políticas reacionárias que culminaram, por exemplo,
no fascismo. O terceiro processo, seria o comunismo experimentado na Rússia e na China (PIRES, 2009).
No exemplo das sociedades capitalistas e democráticas, se assistiu ao desenvolvimento de um determinado
grupo social, que era sustentado por uma base econômica independente. Com isso, as revoluçõesburguesas se
definiram como mudanças bruscas, em relação ao antigo regime estabelecido, deslocando os proprietários de
terra do núcleo do poder político. Já as revoluções na Alemanha e no Japão, foram bem diferentes: a forma
revolucionária foi eliminada e a revolução se deu de cima para baixo, isto é, as elites do antigo regime
permaneceram no centro do poder político, isto é a maior expressão da modernização conservadora. Assim, os
proprietários de terra não foram deslocados do poder, mas passaram a dividi-lo com a burguesia emergente,
afirmando a falta de capacidade da burguesia de comandar sozinha o Estado nacional (PIRES, 2009).
Em resumo, a conceituação da modernização conservadora seria uma revolução na qual a burguesia, que emerge
a partir desse momento, não apresenta potencial para romper com o antigo regime, representado pelos
proprietários rurais, o que resulta na formação de um pacto político entre ambos. Esse acordo, nasce, portanto,
com a finalidade de projetar uma sociedade capitalista ainda com as heranças do antigo regime (PIRES, 2009).
No caso dos países subdesenvolvidos, como o Brasil, há especificidades econômicas e sociais distintas dos
exemplos da Europa ocidental, Japão e Alemanha, pois já tiveram seu processo de desenvolvimento econômico,
fazendo emergir uma sociedade marcada por uma economia moderna, mas também arcaica (PIRES, 2009).
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2.4.2 A modernização conservadora: o caso brasileiro pós-1964
As diversas mudanças nos âmbitos político, social e econômico, começaram com o golpe militar em 1964. Mas,
em 1963, um plebiscito elegeu o regime presidencialista, com João Goulart como presidente. Seu governo passou
por grandes problemas políticos que o desestabilizaram, culminando no golpe de 1964. Os militares ficaram no
poder até 1985, quando se deu início à redemocratização do Brasil, com a eleição de Tancredo Neves (PIRES,
2009).
Esse período ficou conhecido pela modernização conservadora, isto é, um momento de grande desenvolvimento
econômico. Houve a abertura do comércio internacional, o crescimento da entrada de capital estrangeiro, a
possibilidade de deslocar os investimentos para outros setores e a instalação de multinacionais no Brasil. Ainda
assim, apesar de modernização, o sistema político brasileiro continuava precário e a corrupção também
aumentava.
O regime militar e o seu autoritarismo obrigaram o país a permanecer no mesmo sistema político, que atendia
ainda os interesses das elites, e que não permitia a melhoria das classes mais pobres. A modernização
conservadora contribuiu para dificultar a distribuição de renda, concentrando muito dinheiro nas mãos de
poucos (PIRES, 2009).
Figura 6 - No governo militar, as conquistas sociais retrocederam, com acúmulo de riquezas entre os mais ricos e 
pouca mobilidade social.
Fonte: DURANTELALLERA, Shutterstock, 2018.
Apesar da modernização, o Brasil viu sua economia entrar em colapso, revelando uma falsa modernidade, que
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Apesar da modernização, o Brasil viu sua economia entrar em colapso, revelando uma falsa modernidade, que
ampliou as desigualdades sociais. A Revolução Verde, um dos símbolos da década de 1970, tinha como objetivos
a renovação das técnicas agrícolas com o propósito de aumentar a produção agrícola e resolver o problema da
fome nos países em desenvolvimento.
Mesmo com os esforços, o objetivo não foi alcançado, pois não eliminou a fome, ampliou a concentração de terras
para grandes proprietários, enquanto os pequenos produtores foram prejudicados, além de resultar na
dependência das sementes modificadas (PIRES, 2009).
Figura 7 - A inserção de novas tecnologias na agricultura beneficiou apenas os grandes proprietários de terra.
Fonte: Johan Larson, Shutterstock, 2018.
A Revolução Verde e a introdução das novas tecnologias nos países subdesenvolvidos, possibilitou um aumento
nas produções agrícolas, como foi o caso do Brasil e da Índia. Contudo, ao mesmo tempo que existia o
crescimento econômico, havia também um aumento na degradação do meio ambiente e também dos cultivos nas
lavouras, já que os produtores não conseguiam manter as técnicas agrícolas de forma qualitativa, repercutindo
na degradação do solo (PIRES, 2009).
Nesse contexto, o conceito de modernização conservadora no contexto brasileiro recebeu várias contribuições. O
ensaísta Alberto Passos Guimarães (1977) defende que a modernização conservadora se distingue da reforma
agrária, na medida em que traz, como objetivo, o crescimento da produção agrícola, apoiado nas novas
tecnologias, mas não prevê uma mudança na estrutura agrária do Brasil. Contudo, a argumentação de Guimarães
é criticada por outros estudiosos, que apontam que ele só levou em consideração o fator econômico da
modernização conservadora, esquecendo as dimensões políticas (PIRES, 2009).
As características da modernização conservadora varia para cada contexto histórico, e a burguesia pode ter um
papel revolucionário, somado às práticas das velhas oligarquias dominantes, e contribuir para a formação da
modernização conservadora pautada numa revolução passiva, elitista e autoritária (PIRES, 2009).
Martine e Garcia (1987) evidenciam que a modernização conservadora, realizada no regime militar foi o modo
central de crescimento do êxodo rural no Brasil, isto é, aumentou significativamente o êxodo rural, resultando
numa maior concentração nas cidades (PIRES, 2009).
A modernização conservadora tem como marca a formação de uma sociedade capitalista com a democracia
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A modernização conservadora tem como marca a formação de uma sociedade capitalista com a democracia
colocada em segundo plano, desse modo, essa concepção se desloca para o contexto brasileiro em todo o
processo de emergência de modernidade, desde a Primeira República até o Estado Novo e, principalmente, na
ditadura militar, pós-1964.
Síntese
Você concluiu os estudos sobre as dimensões que envolvem o processo de organização do poder político no
Brasil, percebendo estes movimentos históricos pelas diferentes fases, como a República Velha, a Era Vargas, o
Estado Novo e o golpe militar de 1964.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• identificar, ao longo da história, o modo como a política brasileira se modificou e também como 
permaneceu inalterada, ao preservar o poder das elites;
• compreender as particularidades dos processos de modernização do Brasil chamado de modernização 
conservadora;
• entender o modo como o capitalismo se desenvolveu no Brasil, arraigado nas estruturas coloniais, 
formando o capitalismo dependente.
• refletir sobre como a política do Brasil mudou a partir da Era Vargas, se voltando ao social.
Bibliografia
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VARES, S. F. A dominação na República Velha: uma análise sobre os fundamentos políticos do sistema oligárquico
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VARES, S. F. A dominação na República Velha: uma análise sobre os fundamentos políticos do sistema oligárquico
e os impactos da Revolução de 1930. : Debates e Tendências – v. 11, n. 1, jan./jun. 2011, p. 121-139.História
Publicado no 1 semestre de 2012.o

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