Buscar

Autismo



Continue navegando


Prévia do material em texto

1 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
 
 
 
AUTISMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
Sumário 
Autismo......................................................................................................................... 3 
Etiologia ........................................................................................................................ 3 
Incidência ..................................................................................................................... 3 
Fisioterapia ................................................................................................................... 8 
Terapias .................................................................................................................... 9 
Método de doman ..................................................................................................... 9 
Holding terapy ......................................................................................................... 10 
Hipoterapia .............................................................................................................. 12 
Musicoterapia .......................................................................................................... 12 
Transtorno autista ................................................................................................... 14 
Prevalência ............................................................................................................. 15 
Distribuição por sexo ............................................................................................... 15 
Etiologia e patogênese ............................................................................................ 15 
Fatores psicossociais e familiares ........................................................................... 15 
Fatores biológicos ................................................................................................... 16 
Fatores genéticos .................................................................................................... 16 
Fatores imunológicos .............................................................................................. 16 
Fatores perinatais ................................................................................................... 17 
Fatores neuroanatômicos ........................................................................................ 17 
Fatores bioquímicos ................................................................................................ 17 
Caracteristicas fisicas .............................................................................................. 18 
Caracteristicas comportamentais ............................................................................ 18 
Comportamentos esteriotipado ............................................................................... 19 
Sintomas comportamentais associados .................................................................. 19 
Doença fisica associada .......................................................................................... 20 
Funcionamento intelectual ....................................................................................... 20 
Diagnóstico diferencial ............................................................................................ 20 
Retardo mental com sintomas comportamentais ..................................................... 21 
Aasia adquirida com convulsão ............................................................................... 21 
Surdez congênita ou prejuizo auditivo grave ........................................................... 21 
Curso e prognóstico ................................................................................................ 22 
Tratamento .............................................................................................................. 22 
Histórico da exclusão .............................................................................................. 23 
Conceito de exclusão .............................................................................................. 27 
Inclusão da criança autista .................................................................................. 30 
Referências bibliográfica ...................................................................................... 37 
 
 
 
 
3 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
AUTISMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A palavra autismo se origina do grego "auto” que significa "próprio". A criança 
autista parece em si mesma, pouco reagindo ou respondendo ao mundo que a 
rodeia. O autismo significa que o mundo não faz sentido. O mundo não forma os 
padrões necessários de símbolos interligados que torna a vida compreendida 
para essas crianças. As experiências sensoriais chegam à sua mente a toda 
hora como uma língua estranha que ela nunca ouviu. 
ETIOLOGIA 
 
A etiologia é desconhecida, mas acredita-se em alteração 
orgânica metabólica. 
INCIDÊNCIA 
 
De 10.000 crianças há de 4 à 5 casos com menos de 12 ou 15 anos. Com retardo 
 
 
 
4 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
mental severo, a taxa pode subir para 20 casos em 10.000 crianças. E é 4 vezes 
mais comum em meninos do que em meninas; porém as meninas são mais 
seriamente acometidas. 
 
 
 
 
 
 
 
Definição 
 
O autismo é uma síndrome de etiologia puramente orgânica, para qual existem, 
presentemente, três definições que podemos considerar como adequadas: 
A da ASA - American Society for Autism (Associação Americana deAutismo) 
 
A da Organização Mundial de Saúde, contida na CIS-10 (10a. Classificação 
Internacional de Doenças) de19991; 
A do DSM-IV - diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders (Manual 
Diagnóstico e estatístico dos distúrbios Mentais), da Associação Americana de 
Psiquiatria. 
 
A definição da ASA desenvolvida e aprovada em 1997, por uma equipe de 
profissionais conhecidos pela comunidade científica mundial, por seus trabalhos, 
estudos, pesquisas na área do autismo é resumidamente, a seguinte: 
 
 
 
5 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
- “O autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de 
maneira grave por toda a vida. Acomete cerca de vinte entre cada dez mil 
nascidos eéquatro vezes mais comum entre meninos do que em meninas. Não 
se conseguiu até agora provar nenhuma causa psicológica, no meio ambiente 
destas crianças, que possa causar a doença”. 
Os sintomas, causados por disfunções físicas do cérebro, são verificados pela 
anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o individuo. Incluem: 
1o - Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e 
lingüísticas. 
2o - Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais afetadas são: 
visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo. 
3o - Fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas do 
pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de 
idéias. Uso de palavras sem associação com o significado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
4o - Relacionamento anormal com os objetos, eventos e pessoas. 
 
Respostas não apropriadas a adultos ou crianças. “Uso inadequado de objeto e 
brinquedos.” 
 
- Segundo a CID-10, é classificado como F84-0, como "Um transtorno invasivo 
de desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimentoanormal e/ou 
comprometimento que se manifesta antes da idade de 3 anos e pelo tipo 
característico de funcionamento anormal em todas as três áreas: de interação 
social, comunicação e comportamento restrito e receptivo. O transtorno ocorre 
três a quatro vezes mais freqüentemente em garotos do que em meninas. " 
- O DSM-IV apresenta o seguinte critério de diagnóstico: 
 
Se enquadrar em um total de seis (ou mais) dos seguintes itens: 
 
Comprometimento qualitativo em interação social, com pelo menos duas das 
seguintes características: 
Acentuado comprometimento no uso de múltiplos comportamentos não verbais 
que regulam a interação social, tais como contato olho a olho, expressões faciais, 
posturas corporais e gestos; 
Falha no desenvolvimento de relações interpessoais apropriadas à idade; 
Ausência da busca espontânea em compartilhar de divertimentos, interesses e 
empreendimentos com outras pessoas 
Comprometimento qualitativo na comunicação, em pelo menos um dos 
seguintes itens: 
 
 
 
7 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
 
Atraso ou ausência total no desenvolvimento da fala (sem a tentativa de 
compensá-la por meio de comunicação por gestos ou mímicas); 
Acentuado comprometimento na habilidade de iniciar e manter uma 
conversação, naqueles que conseguem falar; 
Linguagem estereotipada, repetitiva ou idiossincrática; 
 
Ausência de capacidade, adequada à idade, de realizar jogos de faz-de-conta 
ou imitativos. 
Padrões de comportamento, interesse ou atividades repetitivas ou 
estereotipadas, em pelo menos um dos seguintes aspectos: 
Preocupação circunscrita a um ou mais padrões de interesse 
estereotipados e restritos, anormalmente, tanto em intensidade quanto no foco; 
Fixação aparentemente inflexível em rotinas ou ritual não funcional; 
Movimentos repetitivos e estereotipados. 
 
Preocupação persistente com partes de objetos. 
Atraso ou funcionamento anormal, antes dos três anos, em pelo menos uma das 
seguintes áreas: interação social, linguagem de comunicação social e jogos 
simbólicos ou imaginativos.O distúrbio não se enquadra na síndrome de 
 
 
Rett ou no Distúrbio Desintegrativo da Criança. 
 
O Autismo pode ocorrer isoladamente ou em associação com outros distúrbios 
 
 
 
8 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
que afetam o funcionamento do cérebro, tais como Síndrome de Down e 
epilepsia. Os sintomas mudam e alguns podem até desaparecer com a idade. 
O Q.I de crianças autistas, em aproximadamente 60% dos casos, mostram 
resultados abaixo dos 50,20% entre 50 e 70 e apenas 20% tem inteligência maior 
do que 70pontos. 
O Portador de Autismo tem uma expectativa de vida normal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Formas mais grave podem apresentar comportamento destrutivo, auto agressão 
e comportamento agressivo, que podem ser muito resistentes às mudanças. 
O Autismo jamais ocorre por bloqueios ou razões emocionais, como insistiam os 
psicanalistas. As causas são múltiplas. Algumas já têm sido relacionadas, como: 
fenilcetonúria não tratada, viroses durante a gestação, principalmente durante os 
três primeiros meses (inclusive citomegalo virus), toxoplasmose, rubéola, anoxia 
e traumatismos no parto, patrimônio genético, etc. Ultimamente, pesquisas 
mostram evidências de aparecimento do autismo após aplicações da vacina 
tríplice. 
 
FISIOTERAPIA 
 
 
 
9 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
 
A atuação fisioterápica só é dada as crianças autistas com atraso motor, onde 
são trabalhadas todas as fazes motoras até a marcha livre, estimulando as 
etapas do desenvolvimento normal, prevenindo deformidades e dando 
orientação familiar. Caso contrário existe algumas terapias na qual a criança 
deve se identificar. 
 
TERAPIAS 
MÉTODO DE DOMAN 
 
A forma de trabalhar uma criança pode seguir muitos métodos distintos. O 
método adequado depende muito do terapeuta e também das condições e 
capacitações da criança. 
Uma observação inicial que pode ser feita é que assim como a flor nasce, o peixe 
nada e os pássaros cantam, a criança deve engatinhar andar e falar, nesta 
seqüência. São seus impulsos naturais. Quando ela falha no seu 
desenvolvimento está também deve ser a seqüência a ser seguida no seu 
trabalho terapêutico, segundo apreciação do Dr. Doman, notável 
especialista americano, que depois de trabalhar, durante anos, com crianças 
deficientes, segundo os métodos então tradicionais, chegou a uma conclusão 
absolutamente espantosa: "As crianças que tinham permanecido sem 
tratamento estavam incomparavelmente melhores do que as tratadas por nós". 
Buscando razões deste fracasso,através da observação,que as mães que não 
lhe deram ensejo de imobilizar os filhos pelo tratamento, levaram-nos para casa, 
 
 
 
10 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
puseram- nos no chão e permitirá que eles fizessem o que lhes aprouvesse. 
Estas crianças, por instinto, passaram a rastejar, engatinhar, obtendo melhoras 
consideráveis. 
O seu método nasceu daí e visa estimular a evolução natural da criança. Este 
método tem muito seguidores no Brasil, prevê um programa de exercícios que 
chega a ser extenuante, mas que tem se revelado eficaz. 
 
HOLDING TERAPY 
 
A terapia do abraço vem sendo empregada e defendida com crescente 
entusiasmo por um grupo bastante numeroso. A revista Communication da 
National Autistic Society de junho de 89 apresentou um artigo de Michele 
Zappella (Psiquiatra) e John Richer (Pediatra) que resumimos a seguir. 
O holding é uma forma de intervenção intrusiva cujo objetivo é reduzir o 
isolamento social, aumentar a comunicabilidade e desenvolver laços de união. 
O holding deve ser sempre parte de um pacote maior de terapias, mas parece 
ser uma eficiente terapia para desenvolver as condições da maioria das crianças 
autistas e de remover comportamentos indesejáveis. Welch desenvolveu esta 
forma de terapia como parte de uma ampla abordagem. 
Ainda não está claro como o Holding atua, porque a eficácia depende de quem 
a aplica e qual a inter-relação com as demais terapias aplicadas 
simultaneamente. O fatoé que se obtêm resultados, independente de gravidade 
do autismo. Vamos dar um exemplo: 
"Uma criança com 1 ano e meio foi diagnosticada como autista e colocado em 
um programa de um hospital escola, onde ficava a maior parte do dia com outras 
 
 
 
11 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
crianças autistas. Depois de dois anos ela se apresentava seriamente retardada 
e com comportamento fortemente autístico, com péssimo prognóstico. Foi 
submetida então a tratamento envolvendo interações físicas 
 
 
acentuadas, com Michele Zappella. Depois de 6 meses o comportamento social 
da criança estava dentro da faixa normal da idade. 
 
Este exemplo é uma ilustração e não pode, evidentemente, ser apresentado 
como evidência." 
Deve ser lembrado. Inicialmente, que existem muitas variações de terapia do 
abraço. De um modo geral, porém são elementos comuns: 
 
O adulto mantém a criança abraçada mesmo que ela se oponha e lute para se 
livrar, até que ela se acalme e relaxe. 
O adulto deve manter o controle da criança 
 
Uma seção atípica apresenta os seguintes passos: 
 
Inicialmente a criança pode ficar quieta, mas a seguir começa a se debater. Os 
pais continuam a abraçá-la.A criança se debate mais e mais e ocasionalmente 
começa a gritar. O pai mantém o abraço. 
Os ciclos de luta, gritos e aquietamentos podem de estender até por mais de 
uma hora. 
Durante, em especial, as seções iniciais, a criança se enraivece mais, então 
 
 
 
12 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
soluça,depois relaxa e se amolda ao corpo dos pais. A partir de então a criança 
se torna mais comunicativa, aconchegante e aberta. 
A insistência em confrontar a criança é uma importante característica do 
HOLDING. A intervenção é realizada mantendo a criança em contato estreito, 
fixando- lhe o olhar, beijando-a e falando com ela (Alguns usam um fundo 
musical). 
Zappella aplicou a terapia a 50 crianças autistas, com idade de 3 a 15 anos, 
envolvendo a família e tendo como base a terapia do abraço. Ela registra que 
12% se normalizaram após dois anos, 18% perderam o comportamento autístico 
e 44% apresentaram progressos moderados e 26% não demonstraram 
resultados. J. Prekop, na Alemanha reportou resultados similares. Ela também 
comparou o desenvolvimento destas crianças com outras que não tinham sido 
submetidas ao HOLDING, concluindo que, relativamente, fizeram maior 
progresso. 
 
 
 
HIPOTERAPIA 
 
Essa atividade ajuda a fornecer balanço e força e requer o uso de suas mãos, 
portanto minimiza os movimentos estereotipados das mãos e aumenta o uso das 
mesmas. 
O autista ganha controle, trazendo confiança e satisfação. 
 
MUSICOTERAPIA 
 
 
 
13 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
 
A musicoterapia é um método muito eficaz. A música promove o relacionamento 
entre o paciente e o terapeuta, que aproveita, na terapia tudo que possa provocar 
algum ruído, som, ou mesmo movimento. 
A musicoterapia também utiliza o próprio corpo do paciente. No início, o 
terapeuta espera que o autista se expresse de algum modo, um piscar de olhos, 
um som, um gesto qualquer. O terapeuta, então, repete o gesto ou emite o 
mesmo som, tentando estabelecer uma comunicação com o paciente. Ao 
mesmo tempo, procura mostrar ao autista que ele será aceito, não importa a 
maneira como aja. 
Se o autista retribui a mensagem, a primeira comunicação está feita. Ele começa 
a se comunicar com os outros. Ele, agora, vê o mundo e o compreende. 
Crescimento da independência escolhendo músicas e atividades 
 
Comunicação (atividades musicais através de símbolos). 
 
Desenvolvimento da auto imagem e da autoestima. 
 
Estimulação pelo contato expressivo dos olhos. 
Desenvolvimento da vocalização através da música. 
 
Aumento do uso proposital das mãos enquanto toca os instrumentos 
 
Aumento da socialização através da participação 
 
 
 
 
14 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
A musicalidade induz ao relaxamento que facilita na liberdade de movimentos e 
expressão. 
Nem todo autista tem um atraso motor, mas o que tiver deve-se trabalha esse 
atraso ate a marcha livre. 
 
AUTISMO – VISÃO DA PSIQUIATRIA 
 
TRANSTRONOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO 
 
Os transtornos globais do desenvolvimento incluem um grupo de condições nas 
quais há atraso ou desvio no desenvolvimento de habilidades sociais, linguagem, 
comunicação e repertório comportamental. 
 
 
Crianças afetadas exibem interesse intenso idiossincrático em uma estreita 
gama de atividades, resistem à mudança e não respondem de maneira 
adequada ao ambiente social. Esses fatores se manifestam cedo na vida e 
causam disfunção pertinente. 
 
 
TRANSTORNO AUTISTA 
 
O transtorno Autista (historicamente chamado de autismo infantil precoce/ 
autismo da infância ou autismo de Kanner) é caracterizado por interação social 
recíproca anormal, habilidades de comunicação atrasadas e disfuncionais e um 
 
 
 
15 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
repertório limitado de atividades e interesses. 
 
 
PREVALÊNCIA 
 
A taxa é de cinco casos por 10 mil crianças. O inicio do transtorno ocorre antes 
dos 3 anos de idade, ainda que possa não ser reconhecido até a criança ser 
muito mais velha. 
 
DISTRIBUIÇÃO POR SEXO 
 
É 4 a 5 vezes mais frequente em meninos do que em meninas. Meninas com 
transtorno autista têm maior probabilidade de apresentar um retardo mental 
grave. 
 
ETIOLOGIA E PATOGÊNESE 
 
Segundo Kanner poderia ser consequência de mães muito “geladeiras”, porém 
não há validade de tal hipótese. 
 
FATORES PSICOSSOCIAIS E FAMILIARES 
 
Essas crianças podem responder com sintomas exacerbados a estressores 
psicossociais, incluindo discórdia familiar, nascimento de um novo irmão ou 
mudança familiar. 
 
 
 
16 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
 
 FATORES BIOLÓGICOS 
 
Cerca de 75% das crianças afetadas apresentam um retardo mental. Um terço 
tem retardo mental leve a moderado e perto da metade tem retardo mental grave 
ou profundo (essas crianças apresentam déficits mais importantes no raciocínio 
abstrato no entendimento social e em tarefas verbais do que em tarefas de 
desempenho). 
Podem apresentar também: 
 
▪ Convulsões 
▪ Aumento ventricular; 
▪ Anormalidades eletro encefalográficas. 
 
 
 FATORES GENÉTICOS 
 
Entre 2 e 4% dos irmãos de crianças autistas também tinham transtorno autista, 
uma taxa 50 vezes maior do que na população geral. 
 
FATORES IMUNOLÓGICOS 
 
Incompatibilidades imunológicas (anticorpos maternos transferidos ao feto) 
 
 
 
17 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
podem contribuir para o transtorno autista. Os linfócitos de algumas crianças 
autistas reagem com anticorpos maternos, o que levanta a possibilidade de que 
tecidos neurais embrionários ou extraembrionários possam ser danificados 
durante agestação. 
 
FATORES PERINATAIS 
 
Uma incidência de complicações perinatais mais alta que o esperado parece 
ocorrer em bebês mais tarde diagnosticados como autistas. Sangramento 
materno após primeiro trimestre. No período neonatal, estas têm uma alta 
incidência de síndrome de sofrimento respiratório e anemia neonatal. 
 
FATORES NEUROANATÔMICOS 
 
Estudos de RM comparando indivíduos autistas e controles normais 
demonstraram que o volume cerebral total era maior entre os primeiros, embora 
criança com um retardo mental grave em geral tenham cabeças menores. O 
volume pode sugerir: neuro genese aumentada, morte neuronal diminuída e 
produção aumentada de tecido cerebral não neuronal, como células gliais ou 
vasos sanguíneos. Acredita se que o lobo temporal seja uma área crítica de 
anormalidade cerebral no transtorno autista. 
 
FATORES BIOQUÍMICOS 
Em algumas crianças autistas, altas concentrações de ácido homovanílico 
(principal metabólito da dopamina) no liquido cerebrospinal (LCS) estão 
 
 
 
18 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
associados a aumento do retraimento e estereotipias. 
 
CARACTERISTICAS FISICAS 
Crianças com transtorno autista costumam ser descritas como atraente e a 
primeira vista, não apresentam nenhum sinal indicando o problema. Podem 
apresentar malformações das orelhas, uma vez que a formação das orelhas se 
dá quase ao mesmo tempo em que a formação de porções do cérebro. Também 
apresentam uma incidência mais alta de demartoglifia anormal (impressões 
digitais) do que a população em geral. 
 
CARACTERISTICAS COMPORTAMENTAIS 
Apresentam prejuízos qualitativos na interação social: não 
apresentam sinais sutis com os pais e outras pessoas. 
Não apresentam contato visual ou o mesmo é muito pobre. 
 
Não reconhecem ou não diferenciam as pessoas mais importantes em sua 
vida.Podem apresentar ansiedade extrema quando ocorre 
alguma mudança em sua rotina. Há um déficit notável no brincar, seu 
comportamento social pode ser desajeitado ou inadequado. 
Incapazes de interpretar a intenção do outro (não desenvolvem a empatia). 
 
TRANSTORNOS DA COMUNICAÇÃO E NA LINGUAGEM 
Os autistas têm dificuldade marcante em formarfrases significativas mesmo 
quando dispõem de vocabulários amplos. 
 
 
 
 
19 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
 COMPORTAMENTOS ESTERIOTIPADO 
 
Em seus primeiros anos de vida não explora o ambiente (ou pouco). 
Os brinquedos são manuseados de formas ritualísticas, com poucos aspectos 
simbólicos. 
Suas atividades tendem a ser rígidas, repetitivas e monótonas, muitas com 
retardo mental grave, exibem anormalidades no movimento. 
Costumam ser resistentes a transição e mudança. 
 
 
SINTOMAS COMPORTAMENTAIS ASSOCIADOS 
 
Hipercinesia é um problema de comportamento comum entre crianças autistas. 
 
Agressão e acessos de raiva são observados, em geral induzidos por mudanças 
e exigências. 
Comportamento automutilador (inclui bater a cabeça, morder, arranhar e 
puxar o cabelo). 
Período de atenção curto Baixa capacidade de focalizar-se em uma tarefa. 
 
Insônia. 
 
Enurese. 
 
Problemas de alimentação. 
 
 
 
20 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
 
 
DOENÇA FISICA ASSOCIADA 
 
Tem uma incidência mais alta do que o esperado de infecções do trato 
respiratório superior e de outras infecções menores. 
Constipação e aumento do transito intestinal. 
 
Convulsões febris. 
 
FUNCIONAMENTO INTELECTUAL 
 
Capacidades cognitivas ou Visio motoras incomuns ou precoces ocorrem em 
algumas crianças autistas. São chamadas de funções fragmentadas ou ilhas de 
precocidade. 
Memórias de hábitos ou capacidades de cálculos muitas vezes superiores aos 
seus pares normais Hiperlexia e boa leitura (embora não possam entender o que 
lêem. Memorização e recitação, bem como capacidades musicais (cantar ou 
tocar melodias e reconhecer notas musicais)). 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 
Os principais diagnósticos diferenciais são esquizofrenia com inicio na infância, 
retardo mental com sintomas comportamentais, transtorno misto de linguagem 
receptivo- expressiva, surdez congênita ou transtorno auditivo grave, privação 
 
 
 
21 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
psicossocial e psicose desintegrativa (regressivas). 
 
RETARDO MENTAL COM SINTOMAS COMPORTAMENTAIS 
 
Crianças com retardo mental tendem a relacionar-se com adultos e outras 
crianças de acordo com sua idade mental, usam a linguagem que tem para 
comunicar se e exibem um perfil de prejuízos relativamente uniforme, sem 
funções fragmentadas. 
 
AFASIA ADQUIRIDA COM CONVULSÃO 
 
Afasia adquirida com convulsão é uma condição rara, às vezes difíceis de 
diferenciar de um transtorno autista e transtorno desintegrativo na infância 
 
SURDEZ CONGÊNITA OU PREJUIZO AUDITIVO GRAVE 
 
Visto que crianças autistas com frequência são mudas ou apresentam um 
desinteresse seletivo na linguagem falada, costumam ser julgada surda. 
Os fatores de diferenciação incluem o seguinte: bebês autistas podem balbuciar 
com pouca frequência, enquanto bebês surdos têm historia de balbucio 
relativamente normal, que vai diminuindo e pode parar entre 6 meses e 1 ano de 
idade. 
 
Crianças surdas respondem a apenas sons altos, enquanto autistas podem 
ignorar sons altos ou normais e responder a sons suaves ou baixos. 
 
 
 
22 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
As crianças mesmo surdas gostam de se relacionar com seus pais, buscam sua 
afeição e gostam de ser seguradas enquanto bebês, diferentemente do autista. 
 
CURSO E PROGNÓSTICO 
 
O transtorno autista costuma se uma condição para toda a vida com um 
prognóstico cauteloso. Crianças autistas com um QI acima de 70 e aquelas que 
usam linguagem comunicativa nas idades de 5 a 7 anos tendem a ter melhores 
prognósticos. 
As áreas de sintoma que não parecem melhorar com o tempo foram àquelas 
relacionadas a comportamentos ritualísticos e repetitivos. 
Em geral, estudos do resultado em adultos indicam que cerca de dois trecos dos 
adultos permanecem gravemente incapacitados e vivem em dependência 
completa ou semi dependência com seus parentes ou em instituições de longo 
prazo. 
O prognóstico melhora quando o ambiente ou lar é sustentador e capaz de 
satisfazer as necessidades extensivas dessas crianças. Embora os sintomas 
diminuam em muitos casos, automutilação grave ou agressividade e regressão 
podem desenvolver em outros. 
 
TRATAMENTO 
 
Os objetivos do tratamento de criança com transtorno autista são aumentar o 
comportamento socialmente aceitável e pró-social, diminuir sintomas 
comportamentais bizarros e melhorar a comunicação verbal e não verbal. 
 
 
 
23 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
Além disso, os pais muitas vezes confusos necessitam de apoio e 
aconselhamento. No momento intervenções educacionais e comportamentais 
são mais indicadas. Treinamento em sala de aula estruturada em combinação 
com métodos comportamentais é o mais efetivo para muitas crianças autistas. 
Não há medicamentos específicos para tratar os sintomas centrais do autista, 
entretanto, a psicofarmacoterapia é um tratamento adjunto valioso para melhorar 
sintomas comportamentais associados. 
Foi relatado que ela atenua sintomas como agressividade, acesso de raiva 
grave, comportamentos auto mutiladores, hiperatividade, comportamento 
obsessivo compulsivo e esteriotipias. A administração de medicamentos 
antipsicoticos pode reduzir o comportamento agressivo e automutilador. 
 
HISTÓRICO DA EXCLUSÃO 
 
Nos anos 60 e 70, a marginalidade era vista como pobreza, uma consequência 
das migrações internas que esvaziavam o campo da região nordeste, do norte e 
“incharam” as cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Entendia-se na época, 
que os problemas urbanos de moradia (favelas), mendicância, delinquência etc., 
poderiam ter suas raízes nesses processos migratórios. 
Inicia-se aí a exclusão, onde competidores teriam a mesma chance na luta pelo 
espaço, sendo que os mais aptos ganhariam melhores posições nesse ambiente 
construído e disso resultariam zonas segregadas, onde os mais pobres 
excluíam-se dos anéis urbanos e imediatamente passariam para o próximo e 
gradativamente, os melhores lugares estariam ocupados pelos “vencedores”. 
 
 
 
 
24 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
Nos anos 70, existia o dualismo: atrasado x moderno, não integrado x integrado, 
rural x urbanos e os estudiosos passaram a ver as relações econômicas e 
sociológicas inerentes ao capitalismo como constitutivas do sistema produtivo. 
As populações marginais aparecem, nesse contexto, como consequência da 
acumulação capitalista, um exercício industrial de reserva singular. 
 
Nos anos 80, na chamada “década perdida”, ao contrário dos anos 60 e 70, 
quando se chamava a atenção para os favelados e para a migração como figura 
emblemática dos excluídos na cidade, pelo aumento da pobreza e da recessão 
econômica, ao mesmo tempo em que se vivia a chamada “transição 
democrática”, chama-se a atenção para a questão da democracia, da 
segregação urbana (efeitos perversos da legislação urbanística), a importância 
do território para a cidadania, a falência das ditas políticas sociais, os 
movimentos sociais, as lutas sociais. 
 
O componente territorial implica não só que seus habitantes devem ter acesso 
aos bens e serviços indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão deles, 
assegurando indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão deles, 
assegurando tais benefícios à coletividade. Aponta que o terceiro mundo tem 
“não cidadãos” (contraste entre massa de pobres e a concentração de riqueza), 
porque se funda na sociedade do consumo, da mercantilização e na 
monetarização. Em lugar do cidadão, surge o consumidor insatisfeito, emalienação, em cidadania mutilada. 
 
A cidadania é também o direito de permanecer no lugar, no seu território, o direito 
 
 
 
25 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
a espaço de memória. O capitalismo predatório e as políticas urbanas que 
privilegiam interesses privados e o sistema de circulação acabaram por 
descaracterizar bairros, expulsar moradores como favelados (remoção por obra 
publica, reintegração de posse), encortiçados (despejos, remoção, demolições), 
moradores de loteamento irregulares, sem teto, num nomadismo sem direito às 
raízes. 
 
Pedro Jacobi desenvolve seus trabalhos sobre a questão dos movimentos 
sociais urbanos e as carências de habitação, equipamentos de saúde, escolas, 
lazer, enfim, dos serviços urbanos. Assim a exclusão aparece como não acesso 
aos benefícios da urbanização. 
 
Nos anos 90 reeditam o conceito de exclusão como não cidadania, 
principalmente a ideia de processo abrangente dinâmico e multidimensional. 
O rótulo que parece empurrar as pessoas, os pobres, os fracos, para fora da 
sociedade, para fora de suas melhores e mais justas corretas relações sociais, 
privando- os dos direitos que dão sentido a essas relações. 
 
Quando, de fato, esse movimento as está empurrando para dentro, para 
condição subalterna de reprodutores mecânicos do sistema econômico, 
reprodutores que não reivindicam nem protestam em face das privações, 
injustiças e carências. 
 
Neste caso o termo exclusão é concebido como expressão das contradições do 
sistema capitalista e não como estado de fatalidade. Através do consumismo 
 
 
 
26 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
dirigido, gera-se uma sociedade dupla, de duas partes que se excluem 
reciprocamente, mas parecidas por conterem as mesmas mercadorias e as 
mesmas ideias individualistas e competitivas, só que as oportunidades não são 
iguais, o valor dos bens é diferente, a ascensão social é bloqueada. Apesar 
disso, um bloco de ideias falso, enganador e mercantilizado acena para o homem 
“moderno colonizado”, que passa a imitar, mimetizar os ricos e a pensar que 
nisso reside à igualdade. 
 
“É a sociedade da imitação, da reprodutividade e
 da vulgarização, no lugar da criação e do sonho”. SAWAIA(2009) 
 
Atribui-se a René Lenoir, em 1974, a concepção da exclusão como um fenômeno 
de ordem individual, mas social, cuja origem deveria ser buscada nos princípios 
mesmos do funcionamento das sociedades modernas. Dentre suas caudas 
destacava o rápido e desordenado processo de urbanização, a inadaptação e 
uniformização do sistema escolar, o desenraizamento causado pela mobilidade 
profissional, as desigualdades de renda e de acesso aos serviços. Não se trata 
apenas de um fenômeno marginal, mas de um processo em curso que atinge 
cada vez mais todas as camadassociais. 
 
“E os pobres passam a desconfiar de si próprios, numa culpabilidade popular: 
caminhando sobre o chão pavimentado pelo preconceito dos pobres contra os 
pobres, as classes dominantes no Brasil começam a extravasar uma 
subjetividade antipública que segrega, elabora pela comunicação imediática uma 
ideologiantiestatal, fundada no grande desenvolvimento capitalista, na 
 
 
 
27 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
desindustrialização, na terceirização superior, da dilapidação financeira do 
estado e da imagem de um Estado devedor”. SAWAIA (2009) 
 
CONCEITO DE EXCLUSÃO 
 
O tema exclusão está presente na mídia, no discurso político e nos planos e 
programas governamentais, a noção de exclusão social tornou-se familiar no 
cotidiano das mais diferentes sociedades. Não é apenas um fenômeno que 
atinge os países pobres. 
A concepção de exclusão continua ainda fluida como categoria analítica, difusa, 
apesar dos estudos existentes, e provocadora de intensos debates. Muitas 
situações são descritas como exclusão, que representam as mais variadas 
formas e sentidos advindos da relação inclusão/ exclusão. Sob esse rótulo estão 
contidos inúmeros processos e categorias, uma série de manifestações que 
aparecem como fraturas e rupturas do vinculo social (pessoas idosas, 
deficientes, desadaptados sociais, minorias étnicas ou de cor, desempregados 
de longa duração, jovens impossibilitados de aceder ao mercado de trabalho, 
etc.). Assim os estudiosos da questão concluem que do ponto de vista 
epistemológico, o fenômeno da exclusão é tão vasto que é quase impossível 
delimitá-lo. 
 
... “Excluídos são todos aqueles que são rejeitados de nossos mercados 
materiais ou simbólicos, de nossos valores” SAWAIA (2009). 
 
A ruptura de carência, de precariedade, pode-se afirmar que toda situação de 
 
 
 
28 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
pobreza leva a formas de ruptura do vinculo social e representa, na maioria das 
vezes, um acúmulo de déficit e precariedade. A pobreza não significa 
necessariamente exclusão, ainda que possa ela conduzir. 
A pobreza e a exclusão no Brasil são faces de uma mesma moeda. As altas 
taxas de concentração de renda e desigualdade persistentes em nosso país 
convivem como os efeitos perversos do fenômeno do desemprego estrutural. Se, 
de um lado cresce cada vez mais a distancia entre os excluídos e os incluídos, 
de outro, essa distancia nunca foi tão pequena, uma vez que os incluídos estão 
ameaçados de perder direitos adquiridos. 
 
A consolidação do processo de democratização, em nosso país, terá que passar 
necessariamente pela desnaturalização das formas com que são encaradas as 
práticas discriminatórias, portanto, geradoras de processo de exclusão. 
 
De acordo com SAWAIA (2009), no livro as Artimanhas da Exclusão, a inclusão 
é contraditória, onde a qualidade de conter em si a sua negação e não existir 
sem ela, isto é, ser idêntico à inclusão (inserção social perversa). A sociedade 
exclui para incluir e esta transmutação é condição da ordem social desigual, o 
que implica o caráter ilusório da inclusão. Todos estamos inseridos de algum 
modo, nem sempre decente e digno, no circuito reprodutivo das atividades 
econômicas, sendo a grande maioria da humanidade inserida através da 
insuficiência e das privações, que se desdobram para fora do econômico. 
 
Portanto, em lugar da exclusão, o que se tem é a “dialética exclusão/ inclusão”. 
A dialética inclusão/exclusão gesta subjetividade especificas que vão desde o 
 
 
 
29 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
sentir-se incluído até o sentir-se discriminado ou revoltado. Essas subjetividades 
não podem ser explicadas unicamente pela discriminação econômica, elas 
determinam e são determinadas por formas diferenciadas de legitimação social 
e individual, e manifestam-se no cotidiano como identidade, sociabilidade, 
afetividade, consciência e inconsciência. 
 
“Em síntese, a exclusão é processo e multifacetado, uma configuração de 
dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas. É processo sutil e 
dialético, pois só existe em relação à inclusão como parte constitutiva dela. Não 
é uma coisa ou um estado, é processo que envolve o homem por inteiro e suas 
relações com os outros. Não tem uma única forma e não é uma falha do sistema, 
devendo ser combatida como algo que perturba a ordem social, ao contrário, ele 
é produto do funcionamento do sistema” (SAWAIA, 2009). 
 
SAWAIA (2009) aponta vários estudos acerca da exclusão e todos eles reforçam 
a tese de que o excluído não está à margem da sociedade, mas repõe e sustenta 
a ordem social, sofrendo muito neste processo de inclusão social, pois a 
sociedade opera sobre o homem (social e o psicológico), de forma que o papel 
de excluído engole o homem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
www.soeducador.com.brAutismo 
 INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA 
 
 
 
Muito se tem falado sobre o processo de inclusão, e quase sempre com a 
conotação de que inclusão e integração escolar seriam sinônimas. Na verdade, 
a integração insere o sujeito na escola esperando uma adaptação deste ao 
ambiente escolar já estruturado, enquanto que a inclusão escolar implica em 
redimensionamento de estruturas físicas da escola, de atitudes e percepções 
dos educadores, adaptações curriculares, dentre outros. A inclusão num sentido 
mais amplo significa o direito ao exercício da cidadania, sendo a inclusão escolar 
apenas uma pequena parcela do processo que precisamos percorrer. 
 
Um processo de inclusão escolar consciente e responsável não acontece 
somente no âmbito escolar e deve seguir alguns critérios. A família do indivíduo 
portador de autismo possui um papel decisivo no sucesso da inclusão. Sabemos 
que se trata de famílias que experimentam dores psíquicas em diversas fases 
da vida, desde o momento da notícia da deficiência e durante as fases do 
 
 
 
31 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
desenvolvimento, quando a comparação com demais crianças é frequente. 
 
O ambiente para o desenvolvimento da criança, tanto "normal" quanto 
"deficiente", no que tange à organização de suas atividades de vida diária e ao 
processo de estimulação, torna-se fundamental compreender como o ambiente 
influencia o desenvolvimento das crianças, principalmente daquelas que 
apresentam algum tipo de deficiência. Vygotsky (1994) afirma “que a influência 
do ambiente sobre o desenvolvimento infantil, ao lado de outros tipos de 
influências, também deve ser avaliada levando em consideração o grau de 
entendimento, a consciência e o insight do que está acontecendo no ambiente 
em questão”. 
O micro sistema da família não é o único que precisa ser estudado. Há também 
o ambiente da escola, que constitui mais um espaço de socialização para a 
criança com autismo. Em relação a isso, muito se tem 
discutido a respeito da inclusão da criança autista em ambiente coletivo, 
mostrando a sua importância e necessidade. 
 
 
 
 
 
 
32 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
 
É importante ressaltar a necessidade de mais orientação para as famílias de 
crianças autistas, as quais devem ser mais bem informadas sobre este tipo 
transtorno e suas consequências para o desenvolvimento da criança, bem como 
dos recursos necessários para favorecê-lo. Nesse contexto, as políticas públicas 
têm um papel muito importante, especialmente para as famílias de baixa renda, 
uma vez que o gasto com profissionais e com atendimento especializado torna-
se necessário. 
O nascimento de um filho com algum tipo de deficiência ou doença, ou o 
aparecimento de alguma condição excepcional, significa uma destruição de 
todos os sonhos e expectativas que haviam sido gerados em função dele. 
Durante a gravidez, e mesmo antes, os pais sonham com aquele “filho ideal” que 
será bonito, saudável, inteligente, forte e superará todos os limites; aquele filho 
que realizará tudo que eles não conseguiram alcançar em suas próprias 
vidas. Além da decepção, o nascimento de um filho portador de deficiência 
implica em reajustamento de expectativas, planos para o futuro e a vivência de 
situações críticas e sentimentos difíceis de enfrentar. 
Passado o período de luto simbólico, a forma como a família se posiciona frente 
à deficiência pode ser determinante para o desenvolvimento do filho. Muitos pais, 
porque não acreditam que seus filhos possuam potencialidades, deixam de 
ensinar coisas elementares para o auto cuidado e para o desenvolvimento da 
independência. Alguns optam pelo isolamento e outros por infantilizarem seus 
filhos por toda a vida, esquecendo que eles não são eternos e que o portador de 
necessidades especiais deve se tornar o mais autônomo possível. 
 
 
 
 
33 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
Quando se propõe a inclusão de crianças autistas devem-se respeitar as 
características de sua natureza, visando à aquisição de comportamentos 
sociais aceitáveis, porém, respeitando as necessidades especiais de cada 
educando, e, sobretudo, trazendo os pais para um comportamento mais 
realístico possível, evitando a fantasia da cura, tão presente em pais de crianças 
especiais 
 
A escola também pode colaborar dando sugestões aos familiares de como estes 
podem agir em casa, de maneira que se tornem coautores do processo de 
inclusão de seus filhos. Sendo assim, quando uma criança portadora de autismo 
é incluída na escola regular, sua família também o é. Com efeito, é provável que 
antes da inclusão escolar a convivência com os pais de outras crianças, o 
planejamento de visitas de coleguinhas na casa da criança e a frequência a 
festinhas de aniversário dos colegas de sala eram possibilidades muito distantes 
para essas famílias. O objetivo da educação especial é o de reduzir os 
obstáculos que impedem o indivíduo de desempenhar completas atividades e 
participação plena na sociedade. 
 
Promover a inclusão significa, sobretudo, uma mudança de postura e de olhar a 
cerca do transtorno. Implica em quebra de paradigmas, em reformulação do 
nosso sistema de ensino para a conquista de uma educação de qualidade, na 
qual, o acesso, o atendimento adequado e a permanência sejam garantidos a 
todos os alunos, independentemente de suas diferenças e necessidades. 
A concepção da Educação Especial como serviço segrega e cria dois sistemas 
separados de educação: o regular e o especial, eliminando todas as vantagens 
 
 
 
34 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
que a convivência com a diversidade pode nos oferecer. 
 
É preciso ter claro que para a conquista do processo de inclusão de qualidade, 
algumas reformulações no sistema educacional se fazem necessário. Seriam 
elas adaptações curriculares, metodológicas e dos recursos tecnológicos, a 
racionalização da terminalidade do ensino para aqueles que não puderem atingir 
o nível exigido para a conclusão do Ensino Fundamental, em virtude das 
necessidades especiais, a especialização dos professores e a preparação para 
o trabalho, visando à efetivação da cidadania do portador de necessidades 
especiais. 
A escola, por sua vez, para promover a inclusão deve eliminar barreiras que vão 
além das arquitetônicas, mas principalmente as atitudinais. São necessárias 
algumas adaptações de grandes e pequenos portes, tais como a adaptação 
curricular, a adaptação do sistema de avaliação da aprendizagem, de materiais 
e equipamentos, a preparação dos recursos humanos e a preparação dos alunos 
e pais de alunos que receberão o portador de necessidades especiais. Sem as 
devidas adaptações, um processo de inclusão pode ser mais segregador que a 
exclusão declarada, pois entendemos que a inclusão não pode se restringir à 
convivência social, mas deve zelar pela aprendizagem da criança com 
necessidades especiais. O atendimento educacional a crianças e jovens 
portadoras de autismo tem sido realizado, em nosso país, em escolas especiais 
ou ainda em clínicas-escolas, provavelmente porque educar uma criança autista 
ainda se constitui em um grande desafio em função das características desta 
população. Uma desordem aguda do desenvolvimento requer tratamento 
especializado para o autista por toda a sua vida. 
 
 
 
35 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
 
É fato que a inclusão deve ser avaliada em seu custo-benefício para o aluno em 
questão. Não podemos perder de vista que “a inclusão é um processo 
permanente e contínuo, pois a inclusão sempre deve visara 
aprendizagem dos alunos com necessidades especiais e não simplesmente 
o convívio social, habilidade que a criança pode adquirir em muitos espaços e 
não necessariamente na escola. 
 
O desenvolvimento fantástico das novas tecnologias, a maneira de se produzir 
as coisas e a maneira de se executar os serviços sofreram uma transformação 
profunda. Surge o fenômeno da automação, isto é, as novas tecnologias criam 
instrumentos que substituem a mão-de-obra humana. Com isso multidões de 
pessoas foram dispensadas de seus empregos, e as novas gerações nem 
chegam a conseguir um local de trabalho. 
 
As relações centrais que definem nossa sociedade não são mais apenas a 
dominação e a exploração, como no modo de produção capitalista, pois são bem 
menos agora os que podem ser dominados ou explorados. 
A consequência do capitalismo é a competitividade, a qual exige a exclusão. É 
o confronto, o choque entre interesses diferentes ou contrários, que vai fazer 
com que as pessoas lutem, trabalhem, se esforcem para conseguir melhorar seu 
bem-estar, sua qualidade de vida, sua ascensão. 
 
 
Podemos tomar como exemplo o filme exibido em sala de aula - “Como as 
 
 
 
36 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
estrelas na terra, toda criança é especial”, onde Ishaan era rotulado de burro, 
preguiçoso e desinteressado, pois não conseguia acompanhar as exigências do 
pai, que era muito rígido. Ishaan não conseguia acompanhar os demais porque 
era disléxico e por isso era excluído pela sociedade e pela própria família. Assim 
também acontece com a criança autista. 
 
Mas essa competitividade vai além da disputa de mercado, trata-se de uma 
competitividade que se estabelece entre os seres humanos. O ser humano, 
como ser isolado e egoísta, tem de competir para sobreviver, de um lado e de 
outro lado, para trazer progresso. 
 
“Mas essa competitividade entre os desiguais acaba por excluir os mais 
fracos e manter a dominação dos mais fortes” (SAWAIA, 2009). 
 
A educação de uma criança portadora de autismo representa, sem dúvida, um 
desafio para todos os profissionais da Educação. A singularidade e a 
insuficiência de conhecimento sobre a síndrome nos fazem percorrer caminhos 
ainda desconhecidos e incertos sobre a melhor forma de ajudar essas crianças 
e sobre o que podemos esperar de nossas intervenções. É necessário ter 
humildade e cautela diante do tema, pois para compreender o autismo, é preciso 
uma constante aprendizagem, uma contínua revisão sobre nossas crenças, 
valores e conhecimento sobre o mundo, e, sobretudo, sobre nós mesmos. 
 
 
 
 
 
37 
www.soeducador.com.br 
 Autismo 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA 
JERUSALINSKY, A. Psicose e autismo na infância: Uma questão de 
linguagem. 
Psicose, 4 (9). Boletim da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, RS, 1993. 
KUPFER, M. C. M. Notas sobre o Diagnóstico Diferencial da Psicose e do 
Autismo na Infância. Instituto de Psicologia da USP, Psicol. SP, vol.11, n.1, 
São Paulo, 2000. Visualizado em 17/10/2010 no Site: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 
65642000000100006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt 
SAWAIA, B. As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da 
desigualdade social. Petrópolis, Vozes,2009. 
TAFURI, Maria Izabel. A análise com crianças autistas: uma inovação do 
método psicanalítico clássico. 2005. Visualizado em 02/11/2010 no Site: 
http://www.antroposmoderno.com/antro-articulo.php?id_articulo=103 
 
 
 
 
 
 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642000000100006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642000000100006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
http://www.antroposmoderno.com/antro-articulo.php?id_articulo=103
 
 
 
38 
www.soeducador.com.br 
 Autismo