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DOR NOCICEPTIVA

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Julia Paris Malaco – UCT13 
DOR – SP1 
 
Classificações 
 
 Aguda e cronica 
Dor aguda: É uma dor que surge após uma lesão, 
é auto limitada e desaparece com a lesão. Uma 
dor aguda pode ser considerada como benéfica 
por constituir um alerta. Associa-se a uma resposta 
ao stress, com elevação da pressão arterial, 
aumento da frequência cardíaca, midríase e 
frequentemente a uma contracção muscular 
local. Quando uma dor aguda não é tratada 
conduz a uma resposta hormonal com alterações 
metabólicas e circulatórias, manifestando-se 
taquipneia, taquicardia, alargamento da pressão 
de pulso e aumento da actividade do sistema 
nervoso simpático (SNS), conduzindo ainda à 
libertação de corticosteróides e à alteração da 
resposta imunológica. 
A dor aguda é a resposta fisiológica normal e 
previsível a um estímulo prejudicial (nocivo). Pode 
ser claramente localizada e a sua intensidade 
correlaciona-se com o estímulo. Em contraste com 
a dor crónica, é de duração limitada e diminui 
com o fim da lesão ou com a cura. 
Dor crônica: é aquela que persiste ou recorre 
por > de 3 meses, persiste por > de 1 mês após a 
resolução de uma lesão tecidual aguda ou 
acompanha uma lesão que não se cura 
(alguns consideram a esse limite 6 meses). Muitas 
vezes, na dor crônica, o fator causal pode já não 
estar mais atuante ou não ser passível de 
remoção. 
Esta dor pode ser neuropática, nociceptiva, 
psicossomática (psicológica) e idiopática. 
Dor disruptiva: A dor disruptiva é um sinalizador de 
que a dor se apresenta apesar de estar tomando 
analgésicos regularmente para controlar a dor 
crônica. Chama-se dor disruptiva porque "rompe" 
o alívio da dor que se sente com analgésicos. 
Como regra, aparece de forma rápida, dura até 
uma hora e a sensação é muito parecida com a 
dor crônica, exceto que é mais intensa. Pode 
acontecer várias vezes ao dia, mesmo quando a 
dor crônica é controlada com medicamentos. A 
dor disruptiva geralmente tem a mesma causa 
que a dor crônica. 
 
 Nociceptiva e não nociceptiva 
Dor niceptiva: é aquela que resulta da ativação 
de nociceptores (fibras A-delta e C) através de 
estímulos dolorosos, os quais podem ser 
mecânicos, térmicos ou químicos. 
 Dor Somática: sensação dolorosa rude, 
exacerbada ao movimento (dor "incidental"). 
É aliviada pelo repouso, é bem localizada e 
variável, conforme a lesão básica. Ex.: dores 
ósseas, pós-operatórias, dores músculo-
esqueléticas, dores artríticas, etc. 
 Dor Visceral: é provocada por distensão de 
víscera oca, mal localizada, profunda, 
opressiva, constritiva. Freqüentemente 
associa-se a sensações de náuseas, vômitos, e 
sudorese. Muitas vezes há dores locais 
referidas, como por exemplo, em ombro ou 
mandíbula relacionadas ao coração, em 
escápula referente a vesícula biliar, e em 
dorso, referente ao pâncreas. Ex.: câncer de 
pâncreas, obstrução intestinal, metástase 
intraperitoneal, etc. 
 
Dor não nociceptiva: subdivide-se em Dor 
Neuropática e Psicogênica. 
 Dor Neuropática: é fruto da lesão ou disfunção 
do Sistema Nervoso Central (SNC) ou Sistema 
Nervoso Periférico (SNP). Em geral, persistem 
por longo tempo após o evento precipitante. 
A dor neuropática pode ser episódica, 
temporária ou crônica, persistente, podendo 
inclusive não estar associada a qualquer lesão 
detectável. Esta dor também pode ser 
conseqüência de algumas doenças 
degenerativas que levam a compressão ou a 
lesões das raízes nervosas, ao nível da coluna. 
Os pacientes descrevem a dor neuropática 
como "ardente ou penetrante", podendo 
haver a presença de alodínia (estímulos 
inócuos em situações normais, mas que nesta 
situação são percebidos pelo organismo 
como estremamente dolorosos, muitas vezes o 
simples "roçar" de um tecido sobre a pele 
desencadeia dor intensa imediata). Os 
pacientes queixam-se de dores recorrentes. 
A dor neuropática manifesta-se de várias 
formas, como sensação de queimação, peso, 
agulhadas, ferroadas ou choques, podendo 
ou não ser acompanhada de "formigamento" 
ou "adormecimento" (sensações chamadas 
de "parestesias") de uma determinada parte 
do corpo. 
São exemplos a neuralgia do nervo trigêmeo, 
a neuralgia pós-herpética e a 
neuropatia periférica, dentre outras. 
 Dor por Desaferentação: trata-se de uma 
subdivisão da dor neuropática, que pode 
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decorrer de algum tipo de dano ao sistema 
somatossensorial em qualquer ponto ao longo de seu 
percurso. 
Pode ser causada por sensibilização dos 
receptores, ocorrência de focos ectópicos de 
potencial de ação nas fibras nervosas 
periféricas e nas vias centrais, atividade 
anormal das unidades de processamento 
central da aferência sensitiva. 
São exemplos as dores precipitadas por lesões 
periféricas (dor fantasma), e as dores 
precipitadas por lesões centrais (dor talâmica, 
AVC, secundárias a metástases ou a tumores 
cerebrais, etc). 
 Dor Psicogênica: considera-se a existência da 
dor psicogência quando nenhum mecanismo 
nociceptivo ou neuropático pode ser 
identificado e há sintomas psicológicos 
suficientes para o estabelecimento de critérios 
psiquiátricos estabelecidos na classificação 
DSM-IV. 
 Dor idiopática: para indicar que se 
desconhece a causa; o médico não encontra 
provas que sugiram uma doença nem uma 
causa psicológica 
 
Fisiopatologia da dor 
 
Os estímulos dolorosos são captados por 
terminações nervosas livres que liberam seus 
neurotransmissores (bradicina, histamina, etc) que 
ativam nociceptores que vão transportar a 
informação. 
Estas terminações nervosas livres são classificadas 
de acordo com os estímulos que as ativam em: 
mecanonocicetores (pressão e alfinetada), 
nociceptores silenciosos (inflamação), 
mecanotermicos polimodais (pressão excessiva, 
temperatura extrema, substâncias produtoras de 
calor e halógenos). 
Os exteroceptores estão localizados na superfície 
externa do corpo ou próximo a ela. 
Os interoceptores ou visceroceptores estão 
localizados nos vasos sanguíneos, nos órgãos 
viscerais e nos músculos 
Os proprioceptores estão localizados nos 
músculos, tendões, articulações e orelha interna. 
 
Etapas da nocicepçao: 
Percepção: impulso é integrado e percebido 
como dor. 
Transdução: impulso doloroso é recebido pelos 
nociceptores e transformado em potencial de 
ação 
Transmissão: impulso é conduzido até a coluna 
posterior medula espinal. 
Modulação: no CDME o impulso é modulado 
antes de chegar a níveis superiores do SNC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nociceptores específicos: mecânicos e térmicos 
Nociceptores polimodais: químicos 
A sensação dolorosa é percebida por recetores 
de alto limiar e conduzida por fibras de pequeno 
calibre mielinizadas ou desmielinizadas. As fibras 
A conduzem sensações dolorosas agudas 
imediatas e bem localizadas, enquanto que as 
fibras C, de condução mais lenta, uma dor mais 
tardia e difusa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os nociceptores têm a capacidade de sintetizar 
substâncias que podem contribuir para a 
transmissão ou modulação da informação 
dolorosa para o corno posterior da espinhal 
medula como o glutamato (o neurotransmissor 
excitatório mais abundante no sistema nervoso), 
substância P ou o peptídeo relacionado com o 
gene da calcitonina, fator neurotrófico derivado 
do encéfalo, prostaglandinas, ATP e óxido nítrico. 
Os receptores nociceptivos modificam-se 
lentamente, gerando dor prolongada em 
decorrência da alteração da sua estrutura 
anatômica e funcional e da liberação de 
substâncias algiogênicas nos tecidos. A 
sensibilização dos neurônios periféricos gera 
hiperalgesia termomecânica primária e a dos 
neurônios centrais hiperalgesia mecânica 
secundária. As anormalidades neuroplásticassegmentares e supra-segmentares são 
responsáveis pela sua cronificação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A transformação dos estímulos ambientais em 
potenciais de ação que são transmitidos ao SNC 
pelas fibras dos nociceptores desencadeia o 
primeiro passo para a génese da sensação 
dolorosa (transdução). 
 Os nociceptores codificam o tipo de estímulo, sua 
intensidade e localização. A localização depende 
da distribuição somatotópica dos terminais dos 
nociceptores no corno dorsal da espinhal medula 
e a intensidade do estímulo determina o número e 
a frequência dos potenciais de ação. 
Os neurónios nociceptivos específicos transmitem 
estímulos nocivos, mas os WDR recebem 
igualmente estímulos não-nocivos a partir das 
fibras C, A e A. 
A lâmina I responde principalmente a estímulos 
nocivos provenientes do tecido cutâneo e 
profundo. 
 
O trato espinotalâmico é considerado como a 
principal via de dor. Situa-se anterolateralmente 
na substância branca da medula e projeta as suas 
fibras para o tálamo, formação reticular, núcleo 
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magno do rafe e substância cinzenta 
periaquedutal. Divide-se em trato ascendente 
lateral (neoespinotalamico) e medial 
(paleoespinotalamico). 
O primeiro é responsável pelos aspectos 
discriminativos da dor (localização, intensidade e 
duração). O segundo é responsável por mediar as 
percepções autonómicas e emocionais 
desagradáveis da dor. 
Algumas fibras espinotalâmicas projetam-se na 
substância cinzenta periaquedutal constituindo 
uma importante ligação entre as vias ascendentes 
e descendentes. As fibras colaterais projetam-se 
igualmente para o sistema de ativação reticular e 
hipotálamo, sendo responsáveis pela resposta 
explosiva da dor. 
 
O tálamo (região sensitiva) recebe as principais 
vias que têm origem na espinhal medula, sendo, 
por isso, um importante centro de dor, mas não o 
único. 
O córtex somatossensitivo e outros sistemas 
cerebrais que processam a informação 
relacionada com a dor recebem projeções 
diretamente da espinhal medula e do tálamo. O 
tálamo envia projeções para o córtex 
somatossensitivo que processa informação 
relacionada com a extensão e propriedades 
temporoespaciais do estímulo doloroso e ativa 
respostas neuroendócrinas e cardiovasculares. 
A formação reticular recebe informação de outras 
áreas cerebrais e exerce sobre elas uma ação de 
controlo desempenhando um papel primordial na 
integração da experiência dolorosa e o 
desencadear de comportamentos associados à 
dor (reações repulsivas). 
O sistema límbico estabelece ligações com a 
formação reticular, córtex e tálamo e está 
implicado com a dimensão afetiva e motivacional 
da dor, que visa a cessação ou o evitamento do 
estímulo doloroso. O córtex recebe projeções de 
vários sistemas cerebrais e participa nos processos 
de cognição relacionados com a memória, 
afetividade e motivação relacionada com a 
experiência global de dor, sendo igualmente a 
sede de ativação dos processos de controle 
central. 
 
A dor, quando não controlada, tem o potencial 
de afetar quase todas as funções do organismo e 
de influenciar de forma adversa a morbilidade e 
mortalidade: 
 Cardiovasculares: com hipertensão, 
taquicardia, aumento da resistência vascular 
sistémica e, apesar do débito cardíaco 
aumentar em pessoas normais, este pode 
diminuir em doentes cardíacos. O aumento 
das necessidades de oxigénio do miocárdio 
pode agravar a dor e precipitar a isquémia ou 
a rutura de placa ateroesclerótica 
 Respiratórios: pelo aumento das 
necessidades de oxigénio e retenção de 
dióxido de carbono com aumento da 
frequência respiratória que, especialmente 
em doentes com patologia respiratória ou em 
pós-operatório de cirurgias abdominais ou 
torácicas, induzem mais dor. A imobilidade, 
como forma de defesa desta dor, prejudicam 
o reflexo de tosse e eliminação de secreções 
promovendo o aparecimento de atlectasias, 
infecções e hipoxemia; 
 Gastrintestinais e urinários: pelo aumento do 
tónus dos esfíncteres, diminuição da 
motilidade intestinal e urinária e hipersecreção 
gástrica que conduzem a obstipação, 
náuseas e vómitos, retenção urinária, oligúria, 
úlceras gástricas e outros transtornos 
decorrentes da distensão abdominal; - 
hematológicos, que se traduzem no aumento 
da adesividade plaquetária, fibrinólise 
reduzida e hipercoaguabilidade com risco 
aumentado de estase venosa, trombose 
venosa profunda e tromboembolismo; 
 Imunitários: com aumento dos leucócitos, mas 
com linfopenia que predispõe à redução da 
função imune e consequentemente aumento 
das infeções, recorrência ou expansão de 
tumores préexistentes; 
 Endócrinos: que decorrem do aumento da 
resposta neurovegetativa e secreção de 
hormonas do eixo adreno-hipofisário-
hipotalâmico, com o aumento de hormonas 
catabólicas e a diminuição de hormonas 
anabólicas conduzindo ao desenvolvimento 
de um balanço nitrogenado negativo, 
intolerância aos carbohidratos, lipólise 
aumentada, retenção de água e sódio e 
expansão secundária do espaço extracelular; 
 
Dor referida: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Julia Paris Malaco – UCT13 
Vias da dor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Via de tato e propriocepção 
 
Tato epicrítico (bem localizado), propriocepção 
consciente, sensibilidade vibratória. 
 Neurônio I (gânglio espinhal) 
 Neurônio II (núcleos grácil e cuneiforme) 
 Neurônio III (tálamo, NVPL) 
 
Os impulsos nervosos para a propriocepção 
consciente e a maioria das sensações táteis 
ascendem até o córtex cerebral ao longo da via 
do funículo posterior-lemnisco medial. O nome da 
via origina-se dos nomes dos dois tratos de 
substância branca que conduzem os impulsos: o 
funículo posterior da medula espinal e o lemnisco 
medial do tronco encefálico. 
Os neurônios de primeira ordem na via do funículo 
posterior-lemnisco medial estendem-se dos 
receptores sensitivos no tronco e nos membros na 
medula espinal e ascendem até o bulbo no 
mesmo lado do corpo. Trata-se dos neurônios mais 
longos do corpo. Os corpos celulares desses 
neurônios de primeira ordem encontram-se nos 
gânglios sensitivos (da raiz posterior) dos nervos 
espinais. 
Na medula espinal, seus axônios formam 
os funículos posteriores, que consistem em três 
tratos: o fascículo grácil, o fascículo cuneiforme e 
o lemnisco medial. Após ascender pelos seus 
respectivos fascículos, os axônios dos neurônios de 
primeira ordem fazem sinapse com 
os dendritos dos neurônios de segunda ordem, 
cujos corpos celulares estão localizados no núcleo 
grácil ou no núcleo cuneiforme do bulbo. 
 
Os impulsos provenientes da parte posterior da 
cabeça, pescoço, parte livre dos membros 
superiores e parte superior do tórax (acima de T VI) 
propagam-se ao longo dos axônios no fascículo 
cuneiforme e alcançam o núcleo cuneiforme. 
Os impulsos provenientes da parte inferior do tórax 
(abaixo de T VI), do abdome, da pelve e dos 
membros inferiores propagam-se ao longo dos 
axônios no fascículo grácil e alcançam o núcleo 
grácil. (A exceção a essa regra é constituída pelos 
neurônios proprioceptivos provenientes dos 
membros inferiores. Eles retransmitem impulsos no 
núcleo dorsal ou no núcleo torácico de Clarke, na 
parte torácica da medula espinal e, em seguida, 
seguem o seu trajeto até o tronco encefálico no 
trato cerebelar posterior.) 
Os impulsos para as sensações somáticas 
provenientes da cabeça alcançam o tronco 
encefálico por meio de axônios sensitivos que 
fazem parte dos nervos trigêmeo (V), facial (VII), 
glossofaríngeo (IX) e vago (X). Os axônios sensitivos 
somáticos que conduzem impulsos provenientes 
da face fazem parte, em sua maioria, do nervo 
trigêmeo (V).Os impulsos conduzidos ao longo da via do 
funículo posterior-lemnisco medial dão origem a 
várias sensações altamente evoluídas e refinadas: 
 O toque discriminativo é a capacidade de 
reconhecer informações específicas sobre 
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uma sensação tátil, como que ponto do corpo 
é tocado, bem como o formato, o tamanho e 
a textura da estimulação. Estereognosia 
 A propriocepção é a consciência da posição 
precisa das partes do corpo, enquanto a 
cinestesia é a conscientização das direções 
do movimento. Os proprioceptores também 
possibilitam a discriminação do peso, isto é, a 
capacidade de avaliar o peso de um objeto. 
 A sensação vibratória surge quando há 
estímulos táteis que flutuam rapidamente 
 
Via espinotalâmica 
 
Constituída pelo trato espinotalâmico lateral 
 Neurônio I (gânglio espinal) 
 Neurônio II ( Lâminas I de Rexed) 
 Neurônio III (tálamo, NVPL) 
Responsável pela sensação de dor aguda/dor 
rápida e bem localizada na superfície do corpo 
(dor em pontada), constituída por pelo menos 3 
neurônios (pseudounipolares) 
Possui fibras Adelta (mielinizadas) 
 
Trato espinotalamico lateral 
 Neurônio de 1º ordem responde a pressão e 
temperatura - porque possui fibras Adelta - os 
neurônios de 1º ordem vao estar localizados 
nos gânglios espinais das raízes dorsais 
 O neurônio 1 tem prolongamento periférico 
que vai estar ligado as terminações nervosas 
livres (nociceptores) e um prolongamento 
central que penetra na medula 
 Esse estimulo é conduzido para medula espinal 
 Axônio entra no corno dorsal (região de 
substancia cinzenta onde se tem neurônios de 
segunda ordem) 
 Do corno dorsal o neurônio de 1º ordem faz 
sinapse com neurônio de 2º ordem - esses 
neurônios de 2º ordem ficam especificamente 
na lamina 1 (que faz a dor ser mais no local 
exato) 
 Depois disso os axônios se cruzam e vao para 
o lado oposto, cruzando através da comissura 
branca e chegam ao funículo lateral do lado 
oposto, onde ali se acendem e formam o trato 
espinotalamico lateral e ascendem assim 
(cruzados) pela medula 
 No nível da ponte se juntam com o trato 
espinotalamico anterior, nessa junção dos dois 
tratos (espinotalamico anterior e lateral) 
forma-se o lemnisco medial 
 Esse lemnisco sobe para o tálamo (no núcleo 
ventral póstero lateral – VPL), é nesse núcleo 
que ocorre a sinapse com o neurônio de 3º 
ordem 
 
 Os axônios do neurônio de 3º ordem formam 
radiações talâmicas que através da capsula 
interna e coroa radiada vao chegar na área 
sinestésica do córtex cerebral, que é o giro pós 
central (áreas 1, 2 ,3 de brodman) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O principal neurotransmissor na via de dor rápida 
é o glutamato (predominante e não exclusivo) – 
potenciais excitatórios pos-sinapticos e localizados 
através da ativação de receptores 
glutamatergicos do tipo AMPA – ocorre uma 
descarga rápida para a necessidade e sua 
permanência é curta na fenda sináptica. O que 
sobra de glutamato na fenda é fagocitado pelas 
células da glia, e além disso ocorre uma 
recaptaçao através de vesículas para que não se 
mantenha o neurotransmissor na fenda. 
 
Via espinorreticulotalâmica 
 
Constituída pelo trato espinoreticular 
 Neurônio I (gânglio espinhal) 
 Neurônio II (lâmina V de Rexed) -sinapse em 
vários níveis da formação reticular 
 Neurônio III (formação reticular) -origem às 
fibras retículo-talâmicas 
 Neurônio IV (tálamo- núcleos intralaminares) -
projetam-se p/ territórios amplos do córtex 
cerebral 
Responsável pela sensação de dor crônica/dor 
lenta e difusa (dor em queimação). Não tem 
organização somatotópica. É responsável por um 
tipo de dor pouco localizada, dor profunda do 
tipo crônico. 
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Tem pelo menos 4 neuronios e pode chegar ate 16 
(pseudounipolar) 
Possui fibras C (não muelinizadas) com 
nociceptores polimodais que respondem a 
pressão, temperatura e estímulos quimcos 
 O estimulo é recebido e o neurônio de 1º 
ordem estimula o de 2º ordem na lamina 5 (dor 
difusa) 
 Projeção ascendente – ascende em direção 
ao sistema reticular – neurônio segundario faz 
o caminho (inicialmente ele esta localizado no 
corno posterior) 
 Axônios vao para funículo lateral oposto ou de 
mesmo lado (pode cruzar ou não) 
 Ascendem como trato espinorreticular 
(localizado no tronco encefálico), as fibras do 
trato espinorreticular se juntam com as fibras 
do trato espinotalamico lateral onde terminam 
fazendo sinapse com os neurônios de 3º ordem 
(localizado na formação reticular) 
 Formação reticular – neurônio de 3º ordem faz 
sinapse - sinapse com neurônios terciários 
pode ocorrer em qualquer nível do sistema 
reticular (qualquer nível desse trajeto) 
 Neurônios de 3 ordem dao origem as fibras 
reticulotalamicas que terminam nos núcleos 
do grupo medial do tálamo (núcleos 
intralaminais) 
 Núcleos intralaminais fazem sinapse com todas 
as áreas do cortex - acionam áreas límbicas 
(memoria afetiva relacionada a dor), núcleos 
da base (ativa cortex pre frontal - atenção 
voltada para a dor), cortex sensoriais (define 
de onde vem a dor) 
 
O principais neurotransmissores são glutamato e 
substancia P (predominantes e não exclusivos) – 
potenciais excitatórios pos-sinaptico lentos e 
difusos – permanência longa na fenda sináptica 
(faz com que seja uma ‘’dor latejante’’) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Modulação da dor 
 
 Projeções ascendentes: fibras Abeta (táteis), 
são mielinizadas– ativação de interneuronios 
inibitórios (estimula a inibição). 
 O neurônio 2 é comum a via da dor e a via do 
tato, então competem, como as fibras ambas 
são mielinizadas, a que tem mais mielina 
ganha, que é a fibra Abeta que é de sensação 
tátil, então ela ganha e leva só a sensação tátil 
de pressão e não de dor 
 Quer dizer que, o neurônio de 2º ordem ao 
invés de avisar que está sentindo dor, avisa 
que está sentindo uma pressão 
 Teoria da comporta: 
Alguns estímulos sensoriais (tátil, por exemplo) são 
transmitidos através de fibras de grosso calibre, do 
tipo A, que são de velocidade rápida, os estímulos 
da dor são transmitidos através de fibras de menor 
calibre, do tipo C, que são lentas. 
Esses estímulos sensoriais chegam primeiro ao 
corno posterior da medula, e despolarizam a 
substância gelatinosa de Holando, impedindo que 
os estímulos da dor passem para o tálamo. Assim, 
as comportas (ou portões) da dor são fechadas. 
A característica da teoria das comportas inclui 
neurônios sensoriais (A-Beta), neurônios sensoriais 
(A-delta-C), a substância gelatinosa que 
corresponde a lâmina II e III do corno posterior da 
substância cinzenta da medula e uma célula de 
transmissão T, também conhecido como uma 
célula-tracto (via) ou neurônio de 2ª ordem. 
Ambas (A-Beta) e (A-delta-C) fazem conexão 
com a substância gelatinosa e no neurônio de 2ª 
ordem. A substância gelatinosa age como um 
"modulador" pré-sináptico das fibras largas e finas 
antes da função com a célula T. 
Quando a substância gelatinosa está ativa, um 
aumento de controle pré-sináptico nos axônios de 
1ª ordem acontece e a comporta está 
relativamente fechada, ou seja, diminuindo a 
quantidade sensorial (da dor) chegando ao 2º 
neurônio. Por outro lado, a redução na atividade 
da substância gelatinosa resulta na diminuição do 
controle pré-sináptico e o portão é considerado 
"aberto", isto é, o número de informações sensitivas 
chegando na célula T não é relativamente 
alterado. O equilíbrio de atividade nos neurônios 
sensitivos largos e finos determina a posição do 
"portão". 
Se as fibras largas aferentes são ativadas, um 
aumento inicial na atividade da célula T acontece 
e é seguido por uma redução da atividade. Esse 
aumento inicial é devido uma ativação direto da 
célula T pelas fibras aferentes. A redução é um 
resultadoindireto trazido pelas próprias fibras 
largas que acabam ativando as células da 
substância gelatinosa, o que consequentemente 
levará a uma inibição pré-sináptica das fibras 
aferentes. Isso faz com que o "portão" se feche. 
Entretanto, se as fibras (finas) são ativadas, o 
aumento inicial na célula T é devido a atividade 
aferente primária. As fibras finas aferentes também 
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atuam nos interneurônios inibitórios que inibem a 
atividade da substância gelatinosa. O resultado é 
a diminuição do controle pré-sináptico nas fibras 
"largas e finas" e o portão abre. 
 
 Projeções descendentes: neurônios do locus 
ceruleus (ponte) liberação de 
norepinefrina/noradrenalina (estimula 
hiperneuronios que fecham os canais de 
cálcio impedindo a liberação de 
neurotransmirroes)  inibição da liberação de 
substancia P, impedindo a excitação pro 
neurônio de 2 ordem que não terá estimulo 
 Neurônio periaquedutal: encefalinas (leucina 
e metionina-encefalina), dinorfinas e 
betaendorfinas neurônio de 1º ordem 
inativam canais de cálcio diminuindo a 
liberação de glutamato e substancia P, 
inibindo 2º ordem neurônios de 2º ordem 
abrem canais de potássio com consequente 
hiperpolarizaçao. 
 
Limiar da dor 
 
Limiar da dor: Corresponde a mínima intensidade 
de um estímulo que é percebida como dolorosa. 
Quando a dor atinge uma intensidade que não é 
mais suportada por esta pessoa dizemos que ela 
atingiu o limiar de tolerância, que é a pior dor 
possível, aquela que já não pode mais ser 
aguentada. A diferença entre o limiar de dor 
(quando a dor começa) e o limiar de tolerância 
(quando a dor não é mais suportada) é 
denominada de resistência a dor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hiperagelsia: Dor exacerbada após estímulo 
nociceptivo. (dor exagerada após pequena 
agulhada.) 
Hiperpatia: Reação álgica intensa e exagerada 
após estímulos repetitivos. (Agulhamento 
sequencial em mesmo ponto da pele; fenômeno 
de somação.) 
Parestesia: sensação anormal, geralmente não 
desagradável, espontânea ou provocada, como 
formigamento, adormecimento. Disestesia: 
Sensação anormal, espontânea, desconfortável, 
dolorosa. 
 
Queimaduras 
 
Primeiro grau (espessura superficial) – eritema 
solar: 
 Afeta somente a epiderme, sem formar bolhas. 
 Apresenta vermelhidão, dor, edema e 
descama em 4 a 6 dias. 
 Essas queimaduras são avermelhadas, 
dolorosas e frágeis, embranquecem 
acentuadamente e amplamente à leve 
pressão. Não há desenvolvimento de bolhas 
ou vesículas. 
Segundo grau (espessura parcial-superficial e 
profunda): 
 Afeta a epiderme e parte da derme, forma 
bolhas ou flictenas. 
 Superficial: a base da bolha é rósea, úmida e 
dolorosa. 
 Profunda: a base da bolha é branca, seca, 
indolor e menos dolorosa, chega na derme 
reticular 
 A restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 
dias. 
 Parcial superficial: essas queimaduras 
embranquecem à pressão e são dolorosas e 
sensíveis. A formação de vesículas e bolhas 
ocorre em 24 h. As bases das vesículas e bolhas 
são rósea e então desenvolvem exsudato 
fibrinoso. 
 Parcial profunda: pode ser avermelhadas, 
esbranquiçadas ou matizadas em vermelho e 
branco. Não embranquecem e são menos 
dolorosas e sensíveis do que as queimaduras 
mais superficiais. Uma alfinetada é 
frequentemente interpretada como pressão 
em vez de picada. Há possível formação de 
bolhas e vesículas; essas queimadura 
costumam secar. 
Terceiro grau (espessura total): 
 Afeta a epiderme, a derme e estruturas 
profundas. É indolor, aspecto em couro 
 Sem formação de bolhas ou vesículas, podem 
ser esbranquiçadas e maleáveis, negras e 
carbonizadas, marrons e coriáceas ou 
Julia Paris Malaco – UCT13 
vermelho-brilhantes devido à fixação da 
hemoglobina na região subdérmica. 
Queimaduras de espessura totalmente 
descorada podem simular pele normal, 
exceto pelo fato de esta não embranquecer 
à pressão. 
Quarto grau 
 Ultrapassa todas as camadas e faz exposição 
de estruturas ( ossos, tendões e músculos). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os receptores de temperatura são terminações 
nervosas livres que terminam nas camadas 
subcutâneas da pele. 
Os receptores de frio estão localizados no extrato 
basal da epiderme. As temperaturas entre 10°C e 
40°C ativam os receptores de frio. 
Os receptores de calor estão localizados na 
derme e são ativados por temperaturas entre 32°C 
e 48°C. As temperaturas abaixo de 10°C e acima 
de 48°C estimulam principalmente os receptores 
de dor, e não os termorreceptores, produzindo 
sensações dolorosas para proteger o corpo contra 
a lesão. 
Os termo receptores utilizam uma família de 
canais catiônicos, chamada de potencial 
receptor transitório, ou canais TRP, para iniciar um 
potencial de ação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Superfície corporal queimada - Regra dos 9 ou 
método de Wallace. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em geral, os sinais térmicos são transmitidos por 
vias paralelas às vias da dor. 
Ao entrar na medula espinal, os sinais cursam por 
alguns segmentos de modo ascendente ou 
descendente no trato de Lissauer, terminando, 
principalmente, nas lâminas I, II e III dos cornos 
dorsais — como para a dor. 
Após certo processamento por um ou mais 
neurônios da medula espinal, os sinais cursam por 
longas fibras térmicas ascendentes que cruzam 
para o trato sensorial anterolateral oposto e 
terminam 
(1) em áreas reticulares do tronco cerebral; 
 e (2) no complexo ventrobasal do tálamo. 
Alguns sinais térmicos são também retransmitidos 
para o córtex somatossensorial do complexo 
ventrobasal. 
 
 Cicatrização 
Fase inflamatória: A fase inflamatória começa no 
momento da lesão com a formação de um 
coágulo sanguíneo e a migração de leucócitos 
fagocíticos para o local da ferida. As primeiras 
células a chegar, os neutrófilos, ingerem e 
removem as bactérias e os restos celulares. Após 
24 h, os macrófagos se juntam aos neutrófilos para 
continuar a ingestão de fragmentos celulares, 
Julia Paris Malaco – UCT13 
dentre suas funções, destacam-se a fagocitose e 
liberação de fatores de crescimento que 
estimulam a proliferação de células epiteliais e a 
angiogênese e atraem fibroblastos.Ocorre a 
constrição dos vasos sanguíneos lesionados e o 
início da coagulação do sangue por meio da 
ativação e agregação de plaquetas. Após breve 
período de constrição, os mesmos vasos se 
dilatam e os capilares aumentam a 
permeabilidade, possibilitando que componentes 
plasmáticos e sanguíneos extravasem para a área 
lesionada. Em pequenas feridas superficiais, o 
coágulo perde líquido e se transforma em uma 
crosta desidratada que protege a região afetada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fase proliferativa: As células mais importantes 
durante esta fase são os fibroblastos, que são 
células do tecido conjuntivo que sintetizam e 
secretam o colágeno, proteoglicanos e 
glicoproteínas necessários para a cicatrização de 
feridas. Os fibroblastos também produzem uma 
família de fatores de crescimento que induzem o 
processo de angiogênese (crescimento de novos 
vasos sanguíneos) e proliferação e migração de 
células endoteliais. O componente final da fase 
proliferativa é a epitelização, durante a qual as 
células epiteliais nas bordas da ferida proliferam 
para formar uma nova camada de superfície, 
semelhante à que foi destruída pela lesão. 
Já em 24 ou 48 h após a lesão, os fibroblastos e as 
células endoteliais vasculares começam a 
proliferar para formar o tecido de granulação que 
serve de base para o desenvolvimento do tecido 
cicatricial. 
À medida que a fase proliferativa evolui, existe 
acúmulo continuado de colágeno e proliferação 
de fibroblastos. A síntese de colágeno alcança um 
pico em um intervalo de 5 a 7 dias e continua por 
váriassemanas, dependendo do tamanho da 
ferida. Na segunda semana, a maior parte dos 
leucócitos já deixou a área, o edema diminuiu e a 
ferida começa a ficar esbranquiçada, à medida 
que os pequenos vasos sanguíneos começam a 
trombosar e degenerar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fase de remodelação: Essa fase se inicia 
aproximadamente 3 semanas após a lesão com o 
desenvolvimento da cicatriz fibrosa e pode 
continuar por 6 meses ou mais, dependendo da 
extensão da ferida. Durante esta fase, ocorre 
redução na vascularidade e remodelação 
contínua do tecido cicatricial simultaneamente 
por meio da síntese de colágeno pelos fibroblastos 
e da lise pela enzima colagenase. Como resultado 
desses dois processos, a arquitetura da cicatriz é 
capaz de aumentar sua resistência à tração, e a 
cicatriz encolhe, tornando-se menos visível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Tratamento 
 
Cuidados com a Lesão 
 Analgesia + limpeza com degermante + 
debridamento 
 Não fazer antibiótico VO ou IV – Antibiotico 
tópico quando fizer 
 1a grau hidratante +/- AINE 
 2o grau curativo + ATB tópico ( Sulfadiazina 
de Prata) 
 3o grau excisão precoce do tecido necrótico 
+ enxertos 
 Profilaxia para tétano 
 Escarotomia: Queimadura de espessura total 
circunferencial -Dinâmica respiratória; A 
escarotomia é uma Incisão na pele até o 
subcutâneo. 
 
 
 
 
 
Julia Paris Malaco – UCT13 
 Fasciotomia: Síndrome compartimental - 
Elétrica – menor resistência; Fasciotomia é a 
Abertura do compartimento fascial 
 
Tratamento imediato de emergência: 
 Interrompa o processo de queimadura. 
 Remova roupas, joias, anéis, piercings e 
próteses. 
 Cubra as lesões com tecido limpo. 
 
Tratamento na sala de emergência: 
a. Vias aéreas (avaliação): 
 Avalie a presença de corpos estranhos, 
verifique e retire qualquer tipo de obstrução. 
Respiração: 
 Aspire as vias aéreas superiores, se necessário. 
 
Tratamento da dor: 
Instale acesso intravenoso e administre: 
 Para adultos: Dipirona = de 500mg a 1 grama 
em injeção endovenosa (EV); ou Morfina = 1ml 
(ou 10mg) diluído em 9ml de solução 
fisiológica (SF) a 0,9%, considerando-se que 
cada 1ml é igual a 1mg. Administre de 0,5 a 
1mg para cada 10kg de peso. 
 Para crianças: Dipirona = de 15 a 25mg/kg em 
EV; ou Morfina = 10mg diluída em 9ml de SF a 
0,9%, considerando-se que cada 1ml é igual a 
1mg. Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg 
de peso. 
 
Cálculo da hidratação: 
Fórmula de Parkland = 2 a 4ml/kg x % SCQ : 
 2 a 4ml/kg/% SCQ para crianças e adultos. 
 Idosos, portadores de insuficiência renal e de 
insuficiência cardíaca congestiva (ICC) 
devem ter seu tratamento iniciado com 2 a 
3ml/kg/%SCQ e necessitam de observação 
mais criteriosa quanto ao resultado da diurese. 
 Use preferencialmente soluções cristaloides 
(ringer com lactato). 
 Faça a infusão de 50% do volume calculado 
nas primeiras 8 horas e 50% nas 16 horas 
seguintes. 
 Considere as horas a partir da hora da 
queimadura. 
 Mantenha a diurese entre 0,5 a 1ml/kg/h.No 
trauma elétrico, mantenha a diurese em torno 
de 1,5ml/kg/hora ou até o clareamento da 
urina. 
 Observe a glicemia nas crianças, nos 
diabéticos e sempre que necessário. 
 Na fase de hidratação (nas 24h iniciais), evite 
o uso de coloide, diurético e drogas vasoativas 
 Fórmula de Brooke modificada: 2ml/kg por % 
SCQ 
 
 
Anti-inflamatórios 
 
Não esteroidais (AINEs): Todos os medicamentos 
desse tipo apresentam 3 efeitos básicos e 
fundamentais: a ação antipirética, analgésica e 
anti-inflamatória. 
Os quadros inflamatórios surgem quando há um 
aumento da produção de uma substância 
chamada prostaglandina. A prostaglandina é 
gerada através da ação de uma enzima 
chamada ciclooxigenase – ou também 
conhecida pela sigla COX. 
Os medicamentos desse tipo agem inibindo a 
ação dessa enzima COX – sem o COX, há uma 
menor produção de prostaglandinas e menos 
estímulos para ocorrer inflamações. Como é a 
presença da prostaglandina que estimula o 
surgimento das inflamações em geral, dor e febre, 
a sua inibição pelos AINES acaba tendo efeito 
analgésico, antipirético e anti-inflamatório. 
 
Esteroidais (corticoides): Os corticoides 
pertencem a uma classe de medicamentos com 
ação anti-inflamatória e imunossupressora – que é 
usada para suprimir os mecanismos de defesa do 
corpo. Esse remédio é produzido a partir de um 
hormônio produzido pelo próprio corpo, chamado 
de cortisol. Sendo assim, os corticoides são 
derivados sintéticos deste hormônio – com o 
mesmo núcleo, porém a estrutura dele é 
modificada para potencializar sua ação e função 
no organismo humano. 
Entretanto, por ser uma espécie de hormônio 
sintético, ele não atua apenas onde o problema 
está atacando – podendo também alterar o 
funcionamento de todo o organismo do paciente. 
Efeitos colaterais: agravamento da pressão 
arterial, síndrome nefrotica, hepatite 
medicamentosa, agravamento da função renal, 
reações alérgicas, agravamento da insuficiência 
cardíaca, inibição da ação dos diuréticos, 
aumento do risco de doenças cardiovasculares, 
interações com a varfarina e até mesmo a perda 
de audição em pacientes idosos. 
 
Risco do uso excessivo: anti-inflamatórios, como 
ibuprofeno e diclofenaco, costumam causar dor 
abdominal e náuseas, podendo levar à formação 
de úlcera gástrica, além de alterações renais, 
como retenção de sais e água e insuficiência 
renal, neurológicas, como dor de cabeça, 
vertigem e tontura, e hematológicas, como 
sangramentos. 
Os relaxantes musculares, como a 
ciclobenzaprina, o carisoprodol e a orfenadrina, 
tem como efeito adverso mais importante as 
alterações neurológicas, que incluem confusão 
Julia Paris Malaco – UCT13 
mental, alterações de concentração, agitação e 
até mesmo torpor e coma. Secura da boca, 
alterações visuais e anormalidades do batimento 
cardíaco também são consequências do uso 
indevido dessas medicações. 
A superdosagem de dipirona pode causar 
náuseas, vômitos, dor abdominal e insuficiência 
renal. 
O uso exagerado de salicilatos, como o ácido 
acetilsalicílico (AAS), pode ocasionar náuseas, 
vômitos, dor de cabeça, tontura, zumbido, 
alterações de audição e visão, sudorese, sede, 
hiperventilação e diarréia. 
 
Contraindicação: não é indicado para pacientes 
com insuficiência renal, com cirrose, hipertensão 
descontrolada, insuficiência cardíaca, com risco 
de hemorragia, com histórico de úlcera péptica 
ou gastrite, que fazem uso de medicamentos com 
varfarina e indivíduos que consomem mais de 3 
doses de álcool ao dia. 
 
 Classificaçao química dos AINES 
 
Classificados de acordo com sua estrutura 
química: 
 Salicilatos: ácido acetilsalicílico ou AAS 
(Aspirina, Somalgin); Clonixinato de lisina; 
Salsalato; etc. 
 Derivados indol-acéticos: Acemetacina; 
Glucametacina; Indometacina; Sulindac; etc. 
 Derivados arilo-acéticos: Aceclofenaco; 
Diclofenaco (Cataflam, Voltaren); Etodolaco 
(Flancox); etc. 
 Ácidos enólicos: Meloxicam; Piroxicam; 
Tenoxicam; Fenilbutazona; Metamizol ou 
Dipirona (Anador, Novalgina); etc. 
 Derivados arilpropiônicos: Ibuprofeno 
(Alivium); Naproxeno (Flanax); etc. 
 Fenematos: Ácido meclofenâmico; Ácido 
mefenâmico (Ponstan); etc. 
 Outros: Nimesulida; Coxibes (Colecoxib, 
Rofecoxib, Valdecoxib); Acetaminofeno ou 
Paracetamol (Tylenol). 
 
 
 Cadeia fosfolipase A2 
 
O objetivo inicial da via da fosfolipase é gerar os 
prostanoides (PGE2 e PGI2), que servirão como 
metabólitos que intensificam o processo 
inflamatório, desencadeando as fases 1 e 2. Em 
outras palavras, as prostaglandinas e as 
prostaciclinas (geradas na cascata da fosfolipase 
A2) são mediadores pró-inflamatórios responsáveis 
por desencadear a fase 1 (vasodilatação e 
aumento da permeabilidade celular); os 
tromboxanos e leucotrienos são substâncias 
responsáveis pela fase 2 (efeitoquimiotáxico para 
eosinófilos, neutrófilos e macrófagos). 
 
Como vimos, a fosfolipase A2 quebra fosfolipídios 
específicos da membrana plasmática das células 
endoteliais (fosfatidilcolina e 
fosfatidiletanolamina) formando, como resultado 
desta quebra, o ácido araquidônico. 
Primeiramente, acontece um estímulo 
determinante para desencadear a resposta 
inflamatória, com a lesão das membranas 
celulares da região, cria-se um foco inflamatório, 
região em que a liberação de citocinas será 
fundamental para estabelecer a resposta imune. 
Este evento estimula a quebra de fosfolipídios de 
membrana por meio da enzima fosfolipase A2, 
produzindo grandes concentrações de ácido 
araquidônico. Uma vez degradados fosfolipídios 
de membrana pela ação da 
fosfolipase A2, ocorre a formação do ácido 
araquidônico (que funciona, nesta via, como 2o 
mensageiro), o qual é substrato para duas enzimas 
presentes no citoplasma: a lipoxigenase e a ciclo-
oxigenase (COX). 
 
Caso o ácido araquidônico sofra a ação da 
lipoxigenase, serão formados leucotrienos que 
apresentam funções diretas no processo 
inflamatório promovendo, broncoconstrição e 
permeabilidade vascular. 
Os leucotrienos aumentam a permeabilidade 
vascular e atraem os leucócitos para o sítio da 
lesão. A histamina e a bradicinina aumentam a 
permeabilidade capilar e ativam os receptores 
nocigênicos. 
 
Já se o ácido araquidônico sofrer ação da ciclo-
oxigenase (COX), ocorrerá a formação de 
prostaglandinas, tromboxanos e prostaciclinas. 
As prostaglandinas e as prostaciclinas são 
substâncias que irão promover um aumento da 
permeabilidade celular, vasodilatação (para que 
mais sangue chegue à região inflamada e, 
concomitantemente, mais células tenham acesso 
a este tecido). Todo este mecanismo tem o intuito 
de iniciar o processo inflamatório. 
As prostaglandinas têm ação vasodilatadora. A 
PGD2 é liberada de mastócitos ativados por 
estímulos alérgicos ou outros. A PGE2 inibe a ação 
de linfócitos e outras células que participam das 
respostas alérgicas ou inflamatórias. Além de 
promoverem vasodilatação, sensibilizam os 
nociceptores (hiperalgesia) e estimulam os centros 
hipotalâmicos de termorregulação. 
A prostaglandina I2 (prostaciclina) predomina no 
endotélio vascular e atua causando 
vasodilatação e inibição da adesividade 
plaquetária. 
Julia Paris Malaco – UCT13 
O TX, predominante nas plaquetas, causa efeitos 
contrários como vasoconstrição e agregação 
plaquetária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As células já apresentam no seu interior as enzimas 
lipoxigenase e ciclo-oxigenase (são enzimas 
intracelulares). 
À medida que o estímulo chega à célula, ele 
desencadeia um aumento intracelular das 
concentrações de ácido araquidônico. Este 
estímulo ativa ainda a fosfolipase A2, que é uma 
enzima de membrana celular. Ela, uma vez 
ativada, degrada fosfolipídeos de membrana 
(mais especificamente, fosfolipídios cíclicos: 
fosfatidilcolina e fosfatidiletanolamina) formando, 
cada vez mais, ácido araquidônico. Portanto, é 
dessa forma que estímulos externos aumentam a 
concentração do ácido araquidônico dentro da 
célula. 
 
O aumento da atividade da ciclo-oxigenase, 
portanto, favorece o aumento das 
prostaglandinas pré-inflamatórias, que medeiam o 
mecanismo do processo inflamatório, além de 
estarem relacionadas com a promoção da dor e, 
de um modo indireto, da febre. Em resumo, o 
mecanismo de ação dos AINEs é agir na cascata 
do ácido araquidônico, inibindo a síntese de 
prostaglandinas através do bloqueio da enzima 
ciclo-oxigenase (COX). 
 
 
 Ação anti-inflamatória dos AINES 
 
O principal mecanismo de ação dos AINEs ocorre 
através da inibição específica da COX e 
consequente redução da conversão do ácido 
aracdônico ou araquidônico (AA) em 
prostaglandinas. 
Reações mediadas pelas COXs, a partir do AA 
produzem PGG2, que sob ação da peroxidase 
forma PGH2, sendo então convertidas às 
prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos 
(TXs). 
 
 A COX-1 é expressa de forma constitutiva, isto 
é, ela existe independente da instalação ou 
não do processo inflamatório. Encontra-se 
principalmente nas plaquetas, células 
endoteliais e na mucosa gastrointestinal. Sua 
função é manter a homeostase, na medida 
em que viabiliza uma adequada hemostasia 
primária (formação do “tampão” plaquetário) 
e estimula mecanismos de defesa contra a 
ação corrosiva do ácido gástrico (ex: 
produção de muco). 
 A COX-2 tem expressão tanto constitutiva 
quando indutiva (isto é, que necessita de um 
estímulo inflamatório para ser sintetizada). A 
forma induzível da COX-2 é responsável pelo 
processo inflamatório em si e, portanto, deve 
ser o “alvo terapêutico” quando se quer utilizar 
um AINE. Por outro lado, a forma constitutiva 
da COX-2 é continuamente expressa em 
cérebro, rim e no endotélio vascular (também 
possui efeitos homeostáticos significativos: 
gera mediadores anti-inflamatórios, 
vasodilatadores e antitrombóticos de ação 
local, mantendo a “saúde” do endotélio). 
 A COX-3 é uma variante da COX-1 expressa de 
forma constitutiva no SNC, e sua função é 
pouco compreendida. 
 
Em resumo, podemos dizer que os paraefeitos 
clássicos dos AINEs (úlcera péptica e tendência 
ao sangramento) são mediados pela inibição 
indesejada da COX-1 (mucosa gastroduodenal e 
plaquetas), ao passo em que os efeitos 
terapêuticos são secundários à inibição da forma 
induzível da COX-2 (tecidos inflamados). 
 
Existe uma classificação dos AINEs com relação ao 
seu mecanismo de ação: 
 Inibidores seletivos da COX-1: AAS (em baixas 
doses). 
 Inibidores não-seletivos da COX: inibem tanto 
a COX-2 como a COX-1 e, por isso, 
apresentam mais efeitos colaterais. Principais 
representantes: AAS (em altas doses), 
Ibuprofeno, Naproxeno, Paracetamol 
(Acetaminofeno), Diclofenaco, 
Indometacina, Piroxicam. 
 Inibidores preferencialmente seletivos da 
COX-2: Principais representantes: Meloxicam, 
Etodolaco, Nimesulida, Salicilato. 
 Inibidores altamente seletivos da COX-2 
(“Coxibs”): Alguns autores os consideram 
como "específicos" para a COX-2, mas na 
realidade, podem também interagir com a 
COX-1, embora em baixíssima escala. 
Julia Paris Malaco – UCT13 
Principais representantes: Colecoxibe, 
Paracoxibe, Etoricoxibe, etc. Infelizmente, 
apesar de sua menor toxicidade 
gastroduodenal e plaquetária, esta subclasse 
também possui efeitos colaterais significativos, 
como um aumento no risco cardiovascular 
(ex: maior incidência de infarto agudo do 
miocárdio, AVC e tromboses). A explicação 
para esse aumento de risco é a inibição 
indesejada da COX-2 endotelial constitutiva (e 
consequente perda de “fatores protetores” 
vasculares). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ação analgésica dos AINES 
 
As citocinas do processo inflamatório 
(principalmente a IL-1 e a IL-8) induzem a 
produção de COX (principalmente a 
COX-2) por meio do aumento da transcrição 
gênica desta enzima. O aumento da COX 
promove o aumento da síntese de PGE2, que tem 
a função de sensibilizar os receptores de dor 
(nociceptores). Quando o nociceptor é ativado e 
sensibilizado, o limiar de dor diminui, o que pode 
desencadear esta modalidade sensitiva com 
maior facilidade. 
Como os MAINEs inibem a COX, há uma 
diminuição das concentrações de PGE2, fazendo 
com que o limiar de dor dos nociceptores seja 
restabelecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ação anti-térmica dos AINES 
 
No SNC, mais especificamente no hipotálamo, 
existem vasos sanguíneos dotados de um 
endotélio especializados que sintetiza 
prostaglandinas em resposta a produção de 
citocinas pirogênicas endógenas 
(Principalmente, a IL-1 e a IL-6) e exógenas (ex: LPS 
bacteriano). 
São essas prostaglandinas sintetizadas 
(principalmente a PGE2) que cruzam a barreira 
hematoencefálica e estimulam os centros determorregulação a produzir a febre. A IL-6 induz a 
uma maior produção de COX no sistema nervoso 
central (especialmente a COX-3 no centro 
termorregulador do hipotálamo). Os AINEs, através 
do bloqueio da COX e da síntese da PGE2, 
exercem efeitos antipiréticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A inibição da COX-3 não é tão importante no que 
diz respeito ao mecanismo de ação da maioria 
dos AINEs, uma vez que eles cruzam pouco a 
barreira hematoencefálica. Entretanto, o 
paracetamol (acetaminofeno) e a dipirona 
parecem ser capazes de inibir a COX-3 no SNC, o 
que justificaria, em parte, seus efeitos antipiréticos 
e analgésicos. 
Vale ressaltar que a dipirona e o paracetamol não 
inibem as outras COX, logo, não podem ser 
classificados como AINEs 
O paracetamol não apresenta efeitos anti-
inflamatórios ou antiplaquetários, mas sim, efeitos 
antipiréticos e analgésicos. 
 
 
Paracetamol 
 
Sua ação farmacológica está baseada na ação 
analgésica e antipirética (agindo seletivamente 
na COX-3 do SNC), porém é um fraco agente anti- 
inflamatório, apesar de estar enquadrado na 
classe dos AINEs devido ao seu mecanismo de 
ação. 
O paracetamol não atua sobre a inflamação por 
não se ligar à COX-2 produzida no foco 
inflamatório. Isto ocorre pois o meio em que o 
processo inflamatório acontece é repleto de 
ânions peróxidos (como o H2O2), substâncias 
liberadas por leucócitos para tentar debelar o 
Julia Paris Malaco – UCT13 
antígeno e que se ligam à molécula do 
paracetamol, impedindo que esta se ligue à COX-
2. Portanto, em meios inflamados a ligação do 
paracetamol à enzima COX é quase impossível. 
Doses altas de acetaminofeno (> 4 a 6 g/dia) 
estão relacionadas com hepatotoxicidade, 
podendo causar degeneração dos hepatócitos e 
insuficiência hepática grave. Pacientes com 
problemas hepáticos devem evitar o uso deste 
fármaco. 
 
 Mecanismo de ação 
 
Parece produzir analgesia por elevação do limiar 
da dor sendo capaz de bloquear a cicloxigenase 
(COX) em locais com baixos 
teores de peroxidases, como o hipotálamo, o que 
possivelmente explica a fraca atividade anti-
inflamatória do paracetamol, uma vez que a 
região da inflamação geralmente contém 4 
concentrações elevadas de peróxidos gerados 
pelos leucócitos. 
Paracetamol age no hipotálamo; a dissipação do 
calor é aumentada como resultado da 
vasodilatação e aumento do fluxo sangüíneo 
periférico. Doses terapêuticas de paracetamol 
parecem ter pouco efeito no sistema 
cardiovascular e respiratório 
Estes resultados não excluem o PAR como um 
membro da classe dos AINEs e explicam a sua 
fraca inibição pela COX, particularmente a 
cicloxigenase-2 (COX-2). 
O paracetamol demonstrou inibir a ação de 
pirógeno endógeno no centro termorregulador 
por bloqueio da produção e liberação de 
prostaglandina no sistema nervoso central. A febre 
ocorre quando a PGE elevada atua na área pré- 
óptica do hipotálamo anterior, resultando em 
diminuição da perda de calor e aumento do 
ganho de calor. 
 
 Farmacocinética 
 
Início de ação em 10 a 30 minutos, pico de 30 
minutos a 2 horas; duração de ação de 3 a 4 
horas; 
Permanece por um período de 4 a 6 horas (?) 
 
 Absorção: O paracetamol, administrado 
oralmente, é rapidamente e quase 
completamente absorvido no trato 
gastrintestinal, principalmente no intestino 
delgado. A absorção ocorre por transporte 
passivo. A biodisponibilidade relativa varia de 
85% a 98%. 
 Em indivíduos adultos as concentrações 
plasmáticas máximas ocorrem dentro de uma 
hora após a ingestão e variam de 7,7 a 17,6 
mcg/mL para uma dose única de 1000 mg 
 
 Distribuição: O paracetamol parece ser 
amplamente distribuído aos tecidos orgânicos, 
exceto ao tecido gorduroso. Seu volume de 
distribuição aparente é de 0,7 a 1 litro/kg em 
crianças e adultos. Uma proporção 
relativamente pequena (10% a 25%) do 
paracetamol se liga às proteínas plasmáticas. 
 
 Metabolismo: O paracetamol é metabolizado 
principalmente no fígado e envolve três 
principais vias: conjugação com 
glucoronídeo, conjugação com sulfato e 
oxidação através da via enzimática do 
sistema citocromo P450. 
 A via oxidativa forma um intermediário reativo 
que é detoxificado por conjugação com 
glutationa para formar cisteína inerte e 
metabólitos mercaptopúricos. A principal 
isoenzima do sistema citocromo P450 
envolvida in vivo parece ser a CYP2E1, embora 
a CYP1A2 e CYP3A4 tenham sido 
consideradas vias menos importantes com 
base nos dados microssomais in vitro. 
Subsequentemente verificou-se que tanto a 
via CYP1A2 quanto a CYP3A4 apresentam 
contribuição desprezível in vivo. 
 Em adultos, a maior parte do paracetamol é 
conjugada com ácido glucorônico e em 
menor extensão com sulfato. Os metabólitos 
derivados do glucoronídeo, sulfato e 
glutationa são desprovidos de atividade 
biológica. 
 Em recém-nascidos prematuros e a termo, e, 
em crianças de baixa idade, predomina o 
conjugado sulfato. 
 A administração diária consecutiva de doses 
de 4g por dia induz glucoronidação (uma via 
não tóxica) em adultos sadios e com 
disfunção hepática, resultando 
essencialmente em depuração total 
aumentada do paracetamol no decorrer do 
tempo e acúmulo plasmático limitado. 
 
 Eliminação: Em adultos a meia vida de 
eliminação do paracetamol é cerca de 2 a 3 
horas e em crianças é cerca de 1,5 a 3 horas. 
Ela é aproximadamente uma hora mais longa 
em recém-nascidos e em pacientes cirróticos. 
O paracetamol é eliminado do organismo sob 
a forma de conjugado glucoronídeo (45% a 
60%) e conjugado sulfato (25% a 35%), tióis (5% 
a 10%), como metabólitos de cisteína e 
mercaptopurato e catecóis (3% a 6%), que são 
excretados na urina. A depuração renal do 
Julia Paris Malaco – UCT13 
paracetamol inalterado é cerca de 3,5% da 
dose. 
 
 Dosagem 
Adultos e crianças acima de 12 anos 
 Comprimido 500 mg: 1 a 2 comprimidos, 3 a 4 
vezes ao dia. 
 Comprimido 750 mg: 1 comprimido, 3 a 5 vezes 
ao dia. 
A dose diária total recomendada de paracetamol 
é de 4000 mg (8 comprimidos de Paracetamol 
500mg ou 5 comprimidos de Paracetamol 750 mg) 
administrados em doses fracionadas, não 
excedendo 1000 mg/dose (2 comprimidos de 
Paracetamol 500 mg ou 1 comprimido de 
Paracetamol 750 mg), em intervalos de 4 a 6 horas, 
em um período de 24 horas. 
 
 Intoxicação por paracetamol 
 
Para causar toxicidade, a superdosagem aguda 
precisa ser em um total de ≥ 150 mg/kg (cerca de 
7,5 g em adultos) em 24 h. 
 
Doses excessivas de paracetamol podem levar a 
lesão do fígado potencialmente fatal. Lesão do 
rim e coma por hipoglicemia também podem 
ocorrer, especialmente em uma única ingestão 
de altas doses. 
A superdosagem do paracetamol, quando 
devidamente diagnosticada, é tratada com a 
administração de N-acetilcisteína (antidoto) que 
atua como substituto da glutationa, neutralizando 
os derivados oxidados reativos. 
 
 Fisiopatologia da intoxicação 
O principal metabólito tóxico do paracetamol, 
imina de n - acetil- p -benzoquinona (NAPQI), é 
produzido no sistema enzimático do citocromo 
hepático P450; a glutationa depositada no fígado 
desintoxica este metabólito. Uma superdosagem 
esgota o depósito hepático de glutationa. Como 
resultado, NAPQI se acumula, causando necrose 
hepatocelular e, possivelmente, dano a outros 
órgãos (p. ex., rins e pâncreas). Teoricamente, 
doenças hepáticas decorrentes de álcool ou 
desnutrição aumentam o risco de toxicidade, pois 
as enzimas hepáticas pré-requisitadas aumentam 
a formação de NAPQI e a desnutrição (também 
comum em alcoólatras) reduz o depósito de 
glutationa hepática. Contudo, se o risco é de fato 
aumentado, isso não é evidente. A ingestão 
aguda de álcool pode ser protetora, pois as 
enzimas hepáticas P450 metabolizam 
preferencialmente o etanol e, portanto, não 
produzem NAPQI tóxico. 
 
Exame de imagemO diagnóstico depende da finalidade do 
tratamento. Por exemplo, se a finalidade é 
unicamente aliviar a dor, o diagnóstico clínico de 
tendinopatia supraespinal de ombro pode ser 
suciente. Se a finalidade é reabilitar o paciente em 
um contexto biopsicossocial, o diagnóstico de 
tendinopatia supraespinal não será suciente. 
 
No caso do quadros álgicos, muitas vezes não é 
possível se estabelecer uma explicação definitiva 
para a causa da dor em um primeiro momento, 
mas uma hipótese baseada em sintomas e sinais 
pode levar ao raciocínio elementar, de modo que 
se chegue a um diagnóstico sindrômico e 
topográfico, capaz de apontar um tratamento 
inicial pois, como a dor infringe um grande 
sofrimento ao paciente, a terapêutica não deve 
tardar, sob o risco de ampliar o desgaste e piorar 
a evolução do quadro clínico do paciente. Deste 
modo, os exames complementares, suas escolhas 
e resultados, não são necessariamente 
condicionantes para a implementação da 
terapêutica inicial de alívio. Exames 
desnecessários aumentam o tempo de espera, 
com prejuízo de outros pacientes, desperdiçando 
tempo e recursos e elevando custos. 
 
Os exames complementares de imagem não 
devem ser direcionados à avaliação da 
intensidade da queixa dolorosa, mas à 
confirmação da existência de lesão e ao 
estabelecimento do diagnóstico. 
 
Para dores agudas ou crônicas de origem 
osteomuscular, a radiografia simples é solicitada 
na maioria das vezes, pois, a partir dela e com a 
história clínica do paciente, são esclarecidos os 
diagnósticos diferenciais ou são estabelecidos os 
exames adicionais necessários. Por exemplo, se a 
radiografia demonstrar lesão óssea, o próximo 
exame pode ser a TC; se houver suspeita de 
alteração de partes moles (ligamento, tendão, 
músculo), pode ser pedida uma ecografia e, 
dependendo da suspeita, até mesmo uma RNM, 
como no caso de lesão de menisco do joelho.

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