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Julia Paris Malaco – UCT13 DOR – SP1 Classificações Aguda e cronica Dor aguda: É uma dor que surge após uma lesão, é auto limitada e desaparece com a lesão. Uma dor aguda pode ser considerada como benéfica por constituir um alerta. Associa-se a uma resposta ao stress, com elevação da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca, midríase e frequentemente a uma contracção muscular local. Quando uma dor aguda não é tratada conduz a uma resposta hormonal com alterações metabólicas e circulatórias, manifestando-se taquipneia, taquicardia, alargamento da pressão de pulso e aumento da actividade do sistema nervoso simpático (SNS), conduzindo ainda à libertação de corticosteróides e à alteração da resposta imunológica. A dor aguda é a resposta fisiológica normal e previsível a um estímulo prejudicial (nocivo). Pode ser claramente localizada e a sua intensidade correlaciona-se com o estímulo. Em contraste com a dor crónica, é de duração limitada e diminui com o fim da lesão ou com a cura. Dor crônica: é aquela que persiste ou recorre por > de 3 meses, persiste por > de 1 mês após a resolução de uma lesão tecidual aguda ou acompanha uma lesão que não se cura (alguns consideram a esse limite 6 meses). Muitas vezes, na dor crônica, o fator causal pode já não estar mais atuante ou não ser passível de remoção. Esta dor pode ser neuropática, nociceptiva, psicossomática (psicológica) e idiopática. Dor disruptiva: A dor disruptiva é um sinalizador de que a dor se apresenta apesar de estar tomando analgésicos regularmente para controlar a dor crônica. Chama-se dor disruptiva porque "rompe" o alívio da dor que se sente com analgésicos. Como regra, aparece de forma rápida, dura até uma hora e a sensação é muito parecida com a dor crônica, exceto que é mais intensa. Pode acontecer várias vezes ao dia, mesmo quando a dor crônica é controlada com medicamentos. A dor disruptiva geralmente tem a mesma causa que a dor crônica. Nociceptiva e não nociceptiva Dor niceptiva: é aquela que resulta da ativação de nociceptores (fibras A-delta e C) através de estímulos dolorosos, os quais podem ser mecânicos, térmicos ou químicos. Dor Somática: sensação dolorosa rude, exacerbada ao movimento (dor "incidental"). É aliviada pelo repouso, é bem localizada e variável, conforme a lesão básica. Ex.: dores ósseas, pós-operatórias, dores músculo- esqueléticas, dores artríticas, etc. Dor Visceral: é provocada por distensão de víscera oca, mal localizada, profunda, opressiva, constritiva. Freqüentemente associa-se a sensações de náuseas, vômitos, e sudorese. Muitas vezes há dores locais referidas, como por exemplo, em ombro ou mandíbula relacionadas ao coração, em escápula referente a vesícula biliar, e em dorso, referente ao pâncreas. Ex.: câncer de pâncreas, obstrução intestinal, metástase intraperitoneal, etc. Dor não nociceptiva: subdivide-se em Dor Neuropática e Psicogênica. Dor Neuropática: é fruto da lesão ou disfunção do Sistema Nervoso Central (SNC) ou Sistema Nervoso Periférico (SNP). Em geral, persistem por longo tempo após o evento precipitante. A dor neuropática pode ser episódica, temporária ou crônica, persistente, podendo inclusive não estar associada a qualquer lesão detectável. Esta dor também pode ser conseqüência de algumas doenças degenerativas que levam a compressão ou a lesões das raízes nervosas, ao nível da coluna. Os pacientes descrevem a dor neuropática como "ardente ou penetrante", podendo haver a presença de alodínia (estímulos inócuos em situações normais, mas que nesta situação são percebidos pelo organismo como estremamente dolorosos, muitas vezes o simples "roçar" de um tecido sobre a pele desencadeia dor intensa imediata). Os pacientes queixam-se de dores recorrentes. A dor neuropática manifesta-se de várias formas, como sensação de queimação, peso, agulhadas, ferroadas ou choques, podendo ou não ser acompanhada de "formigamento" ou "adormecimento" (sensações chamadas de "parestesias") de uma determinada parte do corpo. São exemplos a neuralgia do nervo trigêmeo, a neuralgia pós-herpética e a neuropatia periférica, dentre outras. Dor por Desaferentação: trata-se de uma subdivisão da dor neuropática, que pode Julia Paris Malaco – UCT13 decorrer de algum tipo de dano ao sistema somatossensorial em qualquer ponto ao longo de seu percurso. Pode ser causada por sensibilização dos receptores, ocorrência de focos ectópicos de potencial de ação nas fibras nervosas periféricas e nas vias centrais, atividade anormal das unidades de processamento central da aferência sensitiva. São exemplos as dores precipitadas por lesões periféricas (dor fantasma), e as dores precipitadas por lesões centrais (dor talâmica, AVC, secundárias a metástases ou a tumores cerebrais, etc). Dor Psicogênica: considera-se a existência da dor psicogência quando nenhum mecanismo nociceptivo ou neuropático pode ser identificado e há sintomas psicológicos suficientes para o estabelecimento de critérios psiquiátricos estabelecidos na classificação DSM-IV. Dor idiopática: para indicar que se desconhece a causa; o médico não encontra provas que sugiram uma doença nem uma causa psicológica Fisiopatologia da dor Os estímulos dolorosos são captados por terminações nervosas livres que liberam seus neurotransmissores (bradicina, histamina, etc) que ativam nociceptores que vão transportar a informação. Estas terminações nervosas livres são classificadas de acordo com os estímulos que as ativam em: mecanonocicetores (pressão e alfinetada), nociceptores silenciosos (inflamação), mecanotermicos polimodais (pressão excessiva, temperatura extrema, substâncias produtoras de calor e halógenos). Os exteroceptores estão localizados na superfície externa do corpo ou próximo a ela. Os interoceptores ou visceroceptores estão localizados nos vasos sanguíneos, nos órgãos viscerais e nos músculos Os proprioceptores estão localizados nos músculos, tendões, articulações e orelha interna. Etapas da nocicepçao: Percepção: impulso é integrado e percebido como dor. Transdução: impulso doloroso é recebido pelos nociceptores e transformado em potencial de ação Transmissão: impulso é conduzido até a coluna posterior medula espinal. Modulação: no CDME o impulso é modulado antes de chegar a níveis superiores do SNC. Julia Paris Malaco – UCT13 Nociceptores específicos: mecânicos e térmicos Nociceptores polimodais: químicos A sensação dolorosa é percebida por recetores de alto limiar e conduzida por fibras de pequeno calibre mielinizadas ou desmielinizadas. As fibras A conduzem sensações dolorosas agudas imediatas e bem localizadas, enquanto que as fibras C, de condução mais lenta, uma dor mais tardia e difusa. Os nociceptores têm a capacidade de sintetizar substâncias que podem contribuir para a transmissão ou modulação da informação dolorosa para o corno posterior da espinhal medula como o glutamato (o neurotransmissor excitatório mais abundante no sistema nervoso), substância P ou o peptídeo relacionado com o gene da calcitonina, fator neurotrófico derivado do encéfalo, prostaglandinas, ATP e óxido nítrico. Os receptores nociceptivos modificam-se lentamente, gerando dor prolongada em decorrência da alteração da sua estrutura anatômica e funcional e da liberação de substâncias algiogênicas nos tecidos. A sensibilização dos neurônios periféricos gera hiperalgesia termomecânica primária e a dos neurônios centrais hiperalgesia mecânica secundária. As anormalidades neuroplásticassegmentares e supra-segmentares são responsáveis pela sua cronificação. A transformação dos estímulos ambientais em potenciais de ação que são transmitidos ao SNC pelas fibras dos nociceptores desencadeia o primeiro passo para a génese da sensação dolorosa (transdução). Os nociceptores codificam o tipo de estímulo, sua intensidade e localização. A localização depende da distribuição somatotópica dos terminais dos nociceptores no corno dorsal da espinhal medula e a intensidade do estímulo determina o número e a frequência dos potenciais de ação. Os neurónios nociceptivos específicos transmitem estímulos nocivos, mas os WDR recebem igualmente estímulos não-nocivos a partir das fibras C, A e A. A lâmina I responde principalmente a estímulos nocivos provenientes do tecido cutâneo e profundo. O trato espinotalâmico é considerado como a principal via de dor. Situa-se anterolateralmente na substância branca da medula e projeta as suas fibras para o tálamo, formação reticular, núcleo Julia Paris Malaco – UCT13 magno do rafe e substância cinzenta periaquedutal. Divide-se em trato ascendente lateral (neoespinotalamico) e medial (paleoespinotalamico). O primeiro é responsável pelos aspectos discriminativos da dor (localização, intensidade e duração). O segundo é responsável por mediar as percepções autonómicas e emocionais desagradáveis da dor. Algumas fibras espinotalâmicas projetam-se na substância cinzenta periaquedutal constituindo uma importante ligação entre as vias ascendentes e descendentes. As fibras colaterais projetam-se igualmente para o sistema de ativação reticular e hipotálamo, sendo responsáveis pela resposta explosiva da dor. O tálamo (região sensitiva) recebe as principais vias que têm origem na espinhal medula, sendo, por isso, um importante centro de dor, mas não o único. O córtex somatossensitivo e outros sistemas cerebrais que processam a informação relacionada com a dor recebem projeções diretamente da espinhal medula e do tálamo. O tálamo envia projeções para o córtex somatossensitivo que processa informação relacionada com a extensão e propriedades temporoespaciais do estímulo doloroso e ativa respostas neuroendócrinas e cardiovasculares. A formação reticular recebe informação de outras áreas cerebrais e exerce sobre elas uma ação de controlo desempenhando um papel primordial na integração da experiência dolorosa e o desencadear de comportamentos associados à dor (reações repulsivas). O sistema límbico estabelece ligações com a formação reticular, córtex e tálamo e está implicado com a dimensão afetiva e motivacional da dor, que visa a cessação ou o evitamento do estímulo doloroso. O córtex recebe projeções de vários sistemas cerebrais e participa nos processos de cognição relacionados com a memória, afetividade e motivação relacionada com a experiência global de dor, sendo igualmente a sede de ativação dos processos de controle central. A dor, quando não controlada, tem o potencial de afetar quase todas as funções do organismo e de influenciar de forma adversa a morbilidade e mortalidade: Cardiovasculares: com hipertensão, taquicardia, aumento da resistência vascular sistémica e, apesar do débito cardíaco aumentar em pessoas normais, este pode diminuir em doentes cardíacos. O aumento das necessidades de oxigénio do miocárdio pode agravar a dor e precipitar a isquémia ou a rutura de placa ateroesclerótica Respiratórios: pelo aumento das necessidades de oxigénio e retenção de dióxido de carbono com aumento da frequência respiratória que, especialmente em doentes com patologia respiratória ou em pós-operatório de cirurgias abdominais ou torácicas, induzem mais dor. A imobilidade, como forma de defesa desta dor, prejudicam o reflexo de tosse e eliminação de secreções promovendo o aparecimento de atlectasias, infecções e hipoxemia; Gastrintestinais e urinários: pelo aumento do tónus dos esfíncteres, diminuição da motilidade intestinal e urinária e hipersecreção gástrica que conduzem a obstipação, náuseas e vómitos, retenção urinária, oligúria, úlceras gástricas e outros transtornos decorrentes da distensão abdominal; - hematológicos, que se traduzem no aumento da adesividade plaquetária, fibrinólise reduzida e hipercoaguabilidade com risco aumentado de estase venosa, trombose venosa profunda e tromboembolismo; Imunitários: com aumento dos leucócitos, mas com linfopenia que predispõe à redução da função imune e consequentemente aumento das infeções, recorrência ou expansão de tumores préexistentes; Endócrinos: que decorrem do aumento da resposta neurovegetativa e secreção de hormonas do eixo adreno-hipofisário- hipotalâmico, com o aumento de hormonas catabólicas e a diminuição de hormonas anabólicas conduzindo ao desenvolvimento de um balanço nitrogenado negativo, intolerância aos carbohidratos, lipólise aumentada, retenção de água e sódio e expansão secundária do espaço extracelular; Dor referida: Julia Paris Malaco – UCT13 Vias da dor Via de tato e propriocepção Tato epicrítico (bem localizado), propriocepção consciente, sensibilidade vibratória. Neurônio I (gânglio espinhal) Neurônio II (núcleos grácil e cuneiforme) Neurônio III (tálamo, NVPL) Os impulsos nervosos para a propriocepção consciente e a maioria das sensações táteis ascendem até o córtex cerebral ao longo da via do funículo posterior-lemnisco medial. O nome da via origina-se dos nomes dos dois tratos de substância branca que conduzem os impulsos: o funículo posterior da medula espinal e o lemnisco medial do tronco encefálico. Os neurônios de primeira ordem na via do funículo posterior-lemnisco medial estendem-se dos receptores sensitivos no tronco e nos membros na medula espinal e ascendem até o bulbo no mesmo lado do corpo. Trata-se dos neurônios mais longos do corpo. Os corpos celulares desses neurônios de primeira ordem encontram-se nos gânglios sensitivos (da raiz posterior) dos nervos espinais. Na medula espinal, seus axônios formam os funículos posteriores, que consistem em três tratos: o fascículo grácil, o fascículo cuneiforme e o lemnisco medial. Após ascender pelos seus respectivos fascículos, os axônios dos neurônios de primeira ordem fazem sinapse com os dendritos dos neurônios de segunda ordem, cujos corpos celulares estão localizados no núcleo grácil ou no núcleo cuneiforme do bulbo. Os impulsos provenientes da parte posterior da cabeça, pescoço, parte livre dos membros superiores e parte superior do tórax (acima de T VI) propagam-se ao longo dos axônios no fascículo cuneiforme e alcançam o núcleo cuneiforme. Os impulsos provenientes da parte inferior do tórax (abaixo de T VI), do abdome, da pelve e dos membros inferiores propagam-se ao longo dos axônios no fascículo grácil e alcançam o núcleo grácil. (A exceção a essa regra é constituída pelos neurônios proprioceptivos provenientes dos membros inferiores. Eles retransmitem impulsos no núcleo dorsal ou no núcleo torácico de Clarke, na parte torácica da medula espinal e, em seguida, seguem o seu trajeto até o tronco encefálico no trato cerebelar posterior.) Os impulsos para as sensações somáticas provenientes da cabeça alcançam o tronco encefálico por meio de axônios sensitivos que fazem parte dos nervos trigêmeo (V), facial (VII), glossofaríngeo (IX) e vago (X). Os axônios sensitivos somáticos que conduzem impulsos provenientes da face fazem parte, em sua maioria, do nervo trigêmeo (V).Os impulsos conduzidos ao longo da via do funículo posterior-lemnisco medial dão origem a várias sensações altamente evoluídas e refinadas: O toque discriminativo é a capacidade de reconhecer informações específicas sobre Julia Paris Malaco – UCT13 uma sensação tátil, como que ponto do corpo é tocado, bem como o formato, o tamanho e a textura da estimulação. Estereognosia A propriocepção é a consciência da posição precisa das partes do corpo, enquanto a cinestesia é a conscientização das direções do movimento. Os proprioceptores também possibilitam a discriminação do peso, isto é, a capacidade de avaliar o peso de um objeto. A sensação vibratória surge quando há estímulos táteis que flutuam rapidamente Via espinotalâmica Constituída pelo trato espinotalâmico lateral Neurônio I (gânglio espinal) Neurônio II ( Lâminas I de Rexed) Neurônio III (tálamo, NVPL) Responsável pela sensação de dor aguda/dor rápida e bem localizada na superfície do corpo (dor em pontada), constituída por pelo menos 3 neurônios (pseudounipolares) Possui fibras Adelta (mielinizadas) Trato espinotalamico lateral Neurônio de 1º ordem responde a pressão e temperatura - porque possui fibras Adelta - os neurônios de 1º ordem vao estar localizados nos gânglios espinais das raízes dorsais O neurônio 1 tem prolongamento periférico que vai estar ligado as terminações nervosas livres (nociceptores) e um prolongamento central que penetra na medula Esse estimulo é conduzido para medula espinal Axônio entra no corno dorsal (região de substancia cinzenta onde se tem neurônios de segunda ordem) Do corno dorsal o neurônio de 1º ordem faz sinapse com neurônio de 2º ordem - esses neurônios de 2º ordem ficam especificamente na lamina 1 (que faz a dor ser mais no local exato) Depois disso os axônios se cruzam e vao para o lado oposto, cruzando através da comissura branca e chegam ao funículo lateral do lado oposto, onde ali se acendem e formam o trato espinotalamico lateral e ascendem assim (cruzados) pela medula No nível da ponte se juntam com o trato espinotalamico anterior, nessa junção dos dois tratos (espinotalamico anterior e lateral) forma-se o lemnisco medial Esse lemnisco sobe para o tálamo (no núcleo ventral póstero lateral – VPL), é nesse núcleo que ocorre a sinapse com o neurônio de 3º ordem Os axônios do neurônio de 3º ordem formam radiações talâmicas que através da capsula interna e coroa radiada vao chegar na área sinestésica do córtex cerebral, que é o giro pós central (áreas 1, 2 ,3 de brodman) O principal neurotransmissor na via de dor rápida é o glutamato (predominante e não exclusivo) – potenciais excitatórios pos-sinapticos e localizados através da ativação de receptores glutamatergicos do tipo AMPA – ocorre uma descarga rápida para a necessidade e sua permanência é curta na fenda sináptica. O que sobra de glutamato na fenda é fagocitado pelas células da glia, e além disso ocorre uma recaptaçao através de vesículas para que não se mantenha o neurotransmissor na fenda. Via espinorreticulotalâmica Constituída pelo trato espinoreticular Neurônio I (gânglio espinhal) Neurônio II (lâmina V de Rexed) -sinapse em vários níveis da formação reticular Neurônio III (formação reticular) -origem às fibras retículo-talâmicas Neurônio IV (tálamo- núcleos intralaminares) - projetam-se p/ territórios amplos do córtex cerebral Responsável pela sensação de dor crônica/dor lenta e difusa (dor em queimação). Não tem organização somatotópica. É responsável por um tipo de dor pouco localizada, dor profunda do tipo crônico. Julia Paris Malaco – UCT13 Tem pelo menos 4 neuronios e pode chegar ate 16 (pseudounipolar) Possui fibras C (não muelinizadas) com nociceptores polimodais que respondem a pressão, temperatura e estímulos quimcos O estimulo é recebido e o neurônio de 1º ordem estimula o de 2º ordem na lamina 5 (dor difusa) Projeção ascendente – ascende em direção ao sistema reticular – neurônio segundario faz o caminho (inicialmente ele esta localizado no corno posterior) Axônios vao para funículo lateral oposto ou de mesmo lado (pode cruzar ou não) Ascendem como trato espinorreticular (localizado no tronco encefálico), as fibras do trato espinorreticular se juntam com as fibras do trato espinotalamico lateral onde terminam fazendo sinapse com os neurônios de 3º ordem (localizado na formação reticular) Formação reticular – neurônio de 3º ordem faz sinapse - sinapse com neurônios terciários pode ocorrer em qualquer nível do sistema reticular (qualquer nível desse trajeto) Neurônios de 3 ordem dao origem as fibras reticulotalamicas que terminam nos núcleos do grupo medial do tálamo (núcleos intralaminais) Núcleos intralaminais fazem sinapse com todas as áreas do cortex - acionam áreas límbicas (memoria afetiva relacionada a dor), núcleos da base (ativa cortex pre frontal - atenção voltada para a dor), cortex sensoriais (define de onde vem a dor) O principais neurotransmissores são glutamato e substancia P (predominantes e não exclusivos) – potenciais excitatórios pos-sinaptico lentos e difusos – permanência longa na fenda sináptica (faz com que seja uma ‘’dor latejante’’) Modulação da dor Projeções ascendentes: fibras Abeta (táteis), são mielinizadas– ativação de interneuronios inibitórios (estimula a inibição). O neurônio 2 é comum a via da dor e a via do tato, então competem, como as fibras ambas são mielinizadas, a que tem mais mielina ganha, que é a fibra Abeta que é de sensação tátil, então ela ganha e leva só a sensação tátil de pressão e não de dor Quer dizer que, o neurônio de 2º ordem ao invés de avisar que está sentindo dor, avisa que está sentindo uma pressão Teoria da comporta: Alguns estímulos sensoriais (tátil, por exemplo) são transmitidos através de fibras de grosso calibre, do tipo A, que são de velocidade rápida, os estímulos da dor são transmitidos através de fibras de menor calibre, do tipo C, que são lentas. Esses estímulos sensoriais chegam primeiro ao corno posterior da medula, e despolarizam a substância gelatinosa de Holando, impedindo que os estímulos da dor passem para o tálamo. Assim, as comportas (ou portões) da dor são fechadas. A característica da teoria das comportas inclui neurônios sensoriais (A-Beta), neurônios sensoriais (A-delta-C), a substância gelatinosa que corresponde a lâmina II e III do corno posterior da substância cinzenta da medula e uma célula de transmissão T, também conhecido como uma célula-tracto (via) ou neurônio de 2ª ordem. Ambas (A-Beta) e (A-delta-C) fazem conexão com a substância gelatinosa e no neurônio de 2ª ordem. A substância gelatinosa age como um "modulador" pré-sináptico das fibras largas e finas antes da função com a célula T. Quando a substância gelatinosa está ativa, um aumento de controle pré-sináptico nos axônios de 1ª ordem acontece e a comporta está relativamente fechada, ou seja, diminuindo a quantidade sensorial (da dor) chegando ao 2º neurônio. Por outro lado, a redução na atividade da substância gelatinosa resulta na diminuição do controle pré-sináptico e o portão é considerado "aberto", isto é, o número de informações sensitivas chegando na célula T não é relativamente alterado. O equilíbrio de atividade nos neurônios sensitivos largos e finos determina a posição do "portão". Se as fibras largas aferentes são ativadas, um aumento inicial na atividade da célula T acontece e é seguido por uma redução da atividade. Esse aumento inicial é devido uma ativação direto da célula T pelas fibras aferentes. A redução é um resultadoindireto trazido pelas próprias fibras largas que acabam ativando as células da substância gelatinosa, o que consequentemente levará a uma inibição pré-sináptica das fibras aferentes. Isso faz com que o "portão" se feche. Entretanto, se as fibras (finas) são ativadas, o aumento inicial na célula T é devido a atividade aferente primária. As fibras finas aferentes também Julia Paris Malaco – UCT13 atuam nos interneurônios inibitórios que inibem a atividade da substância gelatinosa. O resultado é a diminuição do controle pré-sináptico nas fibras "largas e finas" e o portão abre. Projeções descendentes: neurônios do locus ceruleus (ponte) liberação de norepinefrina/noradrenalina (estimula hiperneuronios que fecham os canais de cálcio impedindo a liberação de neurotransmirroes) inibição da liberação de substancia P, impedindo a excitação pro neurônio de 2 ordem que não terá estimulo Neurônio periaquedutal: encefalinas (leucina e metionina-encefalina), dinorfinas e betaendorfinas neurônio de 1º ordem inativam canais de cálcio diminuindo a liberação de glutamato e substancia P, inibindo 2º ordem neurônios de 2º ordem abrem canais de potássio com consequente hiperpolarizaçao. Limiar da dor Limiar da dor: Corresponde a mínima intensidade de um estímulo que é percebida como dolorosa. Quando a dor atinge uma intensidade que não é mais suportada por esta pessoa dizemos que ela atingiu o limiar de tolerância, que é a pior dor possível, aquela que já não pode mais ser aguentada. A diferença entre o limiar de dor (quando a dor começa) e o limiar de tolerância (quando a dor não é mais suportada) é denominada de resistência a dor Hiperagelsia: Dor exacerbada após estímulo nociceptivo. (dor exagerada após pequena agulhada.) Hiperpatia: Reação álgica intensa e exagerada após estímulos repetitivos. (Agulhamento sequencial em mesmo ponto da pele; fenômeno de somação.) Parestesia: sensação anormal, geralmente não desagradável, espontânea ou provocada, como formigamento, adormecimento. Disestesia: Sensação anormal, espontânea, desconfortável, dolorosa. Queimaduras Primeiro grau (espessura superficial) – eritema solar: Afeta somente a epiderme, sem formar bolhas. Apresenta vermelhidão, dor, edema e descama em 4 a 6 dias. Essas queimaduras são avermelhadas, dolorosas e frágeis, embranquecem acentuadamente e amplamente à leve pressão. Não há desenvolvimento de bolhas ou vesículas. Segundo grau (espessura parcial-superficial e profunda): Afeta a epiderme e parte da derme, forma bolhas ou flictenas. Superficial: a base da bolha é rósea, úmida e dolorosa. Profunda: a base da bolha é branca, seca, indolor e menos dolorosa, chega na derme reticular A restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 dias. Parcial superficial: essas queimaduras embranquecem à pressão e são dolorosas e sensíveis. A formação de vesículas e bolhas ocorre em 24 h. As bases das vesículas e bolhas são rósea e então desenvolvem exsudato fibrinoso. Parcial profunda: pode ser avermelhadas, esbranquiçadas ou matizadas em vermelho e branco. Não embranquecem e são menos dolorosas e sensíveis do que as queimaduras mais superficiais. Uma alfinetada é frequentemente interpretada como pressão em vez de picada. Há possível formação de bolhas e vesículas; essas queimadura costumam secar. Terceiro grau (espessura total): Afeta a epiderme, a derme e estruturas profundas. É indolor, aspecto em couro Sem formação de bolhas ou vesículas, podem ser esbranquiçadas e maleáveis, negras e carbonizadas, marrons e coriáceas ou Julia Paris Malaco – UCT13 vermelho-brilhantes devido à fixação da hemoglobina na região subdérmica. Queimaduras de espessura totalmente descorada podem simular pele normal, exceto pelo fato de esta não embranquecer à pressão. Quarto grau Ultrapassa todas as camadas e faz exposição de estruturas ( ossos, tendões e músculos). Os receptores de temperatura são terminações nervosas livres que terminam nas camadas subcutâneas da pele. Os receptores de frio estão localizados no extrato basal da epiderme. As temperaturas entre 10°C e 40°C ativam os receptores de frio. Os receptores de calor estão localizados na derme e são ativados por temperaturas entre 32°C e 48°C. As temperaturas abaixo de 10°C e acima de 48°C estimulam principalmente os receptores de dor, e não os termorreceptores, produzindo sensações dolorosas para proteger o corpo contra a lesão. Os termo receptores utilizam uma família de canais catiônicos, chamada de potencial receptor transitório, ou canais TRP, para iniciar um potencial de ação. Superfície corporal queimada - Regra dos 9 ou método de Wallace. Em geral, os sinais térmicos são transmitidos por vias paralelas às vias da dor. Ao entrar na medula espinal, os sinais cursam por alguns segmentos de modo ascendente ou descendente no trato de Lissauer, terminando, principalmente, nas lâminas I, II e III dos cornos dorsais — como para a dor. Após certo processamento por um ou mais neurônios da medula espinal, os sinais cursam por longas fibras térmicas ascendentes que cruzam para o trato sensorial anterolateral oposto e terminam (1) em áreas reticulares do tronco cerebral; e (2) no complexo ventrobasal do tálamo. Alguns sinais térmicos são também retransmitidos para o córtex somatossensorial do complexo ventrobasal. Cicatrização Fase inflamatória: A fase inflamatória começa no momento da lesão com a formação de um coágulo sanguíneo e a migração de leucócitos fagocíticos para o local da ferida. As primeiras células a chegar, os neutrófilos, ingerem e removem as bactérias e os restos celulares. Após 24 h, os macrófagos se juntam aos neutrófilos para continuar a ingestão de fragmentos celulares, Julia Paris Malaco – UCT13 dentre suas funções, destacam-se a fagocitose e liberação de fatores de crescimento que estimulam a proliferação de células epiteliais e a angiogênese e atraem fibroblastos.Ocorre a constrição dos vasos sanguíneos lesionados e o início da coagulação do sangue por meio da ativação e agregação de plaquetas. Após breve período de constrição, os mesmos vasos se dilatam e os capilares aumentam a permeabilidade, possibilitando que componentes plasmáticos e sanguíneos extravasem para a área lesionada. Em pequenas feridas superficiais, o coágulo perde líquido e se transforma em uma crosta desidratada que protege a região afetada Fase proliferativa: As células mais importantes durante esta fase são os fibroblastos, que são células do tecido conjuntivo que sintetizam e secretam o colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas necessários para a cicatrização de feridas. Os fibroblastos também produzem uma família de fatores de crescimento que induzem o processo de angiogênese (crescimento de novos vasos sanguíneos) e proliferação e migração de células endoteliais. O componente final da fase proliferativa é a epitelização, durante a qual as células epiteliais nas bordas da ferida proliferam para formar uma nova camada de superfície, semelhante à que foi destruída pela lesão. Já em 24 ou 48 h após a lesão, os fibroblastos e as células endoteliais vasculares começam a proliferar para formar o tecido de granulação que serve de base para o desenvolvimento do tecido cicatricial. À medida que a fase proliferativa evolui, existe acúmulo continuado de colágeno e proliferação de fibroblastos. A síntese de colágeno alcança um pico em um intervalo de 5 a 7 dias e continua por váriassemanas, dependendo do tamanho da ferida. Na segunda semana, a maior parte dos leucócitos já deixou a área, o edema diminuiu e a ferida começa a ficar esbranquiçada, à medida que os pequenos vasos sanguíneos começam a trombosar e degenerar Fase de remodelação: Essa fase se inicia aproximadamente 3 semanas após a lesão com o desenvolvimento da cicatriz fibrosa e pode continuar por 6 meses ou mais, dependendo da extensão da ferida. Durante esta fase, ocorre redução na vascularidade e remodelação contínua do tecido cicatricial simultaneamente por meio da síntese de colágeno pelos fibroblastos e da lise pela enzima colagenase. Como resultado desses dois processos, a arquitetura da cicatriz é capaz de aumentar sua resistência à tração, e a cicatriz encolhe, tornando-se menos visível. Tratamento Cuidados com a Lesão Analgesia + limpeza com degermante + debridamento Não fazer antibiótico VO ou IV – Antibiotico tópico quando fizer 1a grau hidratante +/- AINE 2o grau curativo + ATB tópico ( Sulfadiazina de Prata) 3o grau excisão precoce do tecido necrótico + enxertos Profilaxia para tétano Escarotomia: Queimadura de espessura total circunferencial -Dinâmica respiratória; A escarotomia é uma Incisão na pele até o subcutâneo. Julia Paris Malaco – UCT13 Fasciotomia: Síndrome compartimental - Elétrica – menor resistência; Fasciotomia é a Abertura do compartimento fascial Tratamento imediato de emergência: Interrompa o processo de queimadura. Remova roupas, joias, anéis, piercings e próteses. Cubra as lesões com tecido limpo. Tratamento na sala de emergência: a. Vias aéreas (avaliação): Avalie a presença de corpos estranhos, verifique e retire qualquer tipo de obstrução. Respiração: Aspire as vias aéreas superiores, se necessário. Tratamento da dor: Instale acesso intravenoso e administre: Para adultos: Dipirona = de 500mg a 1 grama em injeção endovenosa (EV); ou Morfina = 1ml (ou 10mg) diluído em 9ml de solução fisiológica (SF) a 0,9%, considerando-se que cada 1ml é igual a 1mg. Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso. Para crianças: Dipirona = de 15 a 25mg/kg em EV; ou Morfina = 10mg diluída em 9ml de SF a 0,9%, considerando-se que cada 1ml é igual a 1mg. Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso. Cálculo da hidratação: Fórmula de Parkland = 2 a 4ml/kg x % SCQ : 2 a 4ml/kg/% SCQ para crianças e adultos. Idosos, portadores de insuficiência renal e de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) devem ter seu tratamento iniciado com 2 a 3ml/kg/%SCQ e necessitam de observação mais criteriosa quanto ao resultado da diurese. Use preferencialmente soluções cristaloides (ringer com lactato). Faça a infusão de 50% do volume calculado nas primeiras 8 horas e 50% nas 16 horas seguintes. Considere as horas a partir da hora da queimadura. Mantenha a diurese entre 0,5 a 1ml/kg/h.No trauma elétrico, mantenha a diurese em torno de 1,5ml/kg/hora ou até o clareamento da urina. Observe a glicemia nas crianças, nos diabéticos e sempre que necessário. Na fase de hidratação (nas 24h iniciais), evite o uso de coloide, diurético e drogas vasoativas Fórmula de Brooke modificada: 2ml/kg por % SCQ Anti-inflamatórios Não esteroidais (AINEs): Todos os medicamentos desse tipo apresentam 3 efeitos básicos e fundamentais: a ação antipirética, analgésica e anti-inflamatória. Os quadros inflamatórios surgem quando há um aumento da produção de uma substância chamada prostaglandina. A prostaglandina é gerada através da ação de uma enzima chamada ciclooxigenase – ou também conhecida pela sigla COX. Os medicamentos desse tipo agem inibindo a ação dessa enzima COX – sem o COX, há uma menor produção de prostaglandinas e menos estímulos para ocorrer inflamações. Como é a presença da prostaglandina que estimula o surgimento das inflamações em geral, dor e febre, a sua inibição pelos AINES acaba tendo efeito analgésico, antipirético e anti-inflamatório. Esteroidais (corticoides): Os corticoides pertencem a uma classe de medicamentos com ação anti-inflamatória e imunossupressora – que é usada para suprimir os mecanismos de defesa do corpo. Esse remédio é produzido a partir de um hormônio produzido pelo próprio corpo, chamado de cortisol. Sendo assim, os corticoides são derivados sintéticos deste hormônio – com o mesmo núcleo, porém a estrutura dele é modificada para potencializar sua ação e função no organismo humano. Entretanto, por ser uma espécie de hormônio sintético, ele não atua apenas onde o problema está atacando – podendo também alterar o funcionamento de todo o organismo do paciente. Efeitos colaterais: agravamento da pressão arterial, síndrome nefrotica, hepatite medicamentosa, agravamento da função renal, reações alérgicas, agravamento da insuficiência cardíaca, inibição da ação dos diuréticos, aumento do risco de doenças cardiovasculares, interações com a varfarina e até mesmo a perda de audição em pacientes idosos. Risco do uso excessivo: anti-inflamatórios, como ibuprofeno e diclofenaco, costumam causar dor abdominal e náuseas, podendo levar à formação de úlcera gástrica, além de alterações renais, como retenção de sais e água e insuficiência renal, neurológicas, como dor de cabeça, vertigem e tontura, e hematológicas, como sangramentos. Os relaxantes musculares, como a ciclobenzaprina, o carisoprodol e a orfenadrina, tem como efeito adverso mais importante as alterações neurológicas, que incluem confusão Julia Paris Malaco – UCT13 mental, alterações de concentração, agitação e até mesmo torpor e coma. Secura da boca, alterações visuais e anormalidades do batimento cardíaco também são consequências do uso indevido dessas medicações. A superdosagem de dipirona pode causar náuseas, vômitos, dor abdominal e insuficiência renal. O uso exagerado de salicilatos, como o ácido acetilsalicílico (AAS), pode ocasionar náuseas, vômitos, dor de cabeça, tontura, zumbido, alterações de audição e visão, sudorese, sede, hiperventilação e diarréia. Contraindicação: não é indicado para pacientes com insuficiência renal, com cirrose, hipertensão descontrolada, insuficiência cardíaca, com risco de hemorragia, com histórico de úlcera péptica ou gastrite, que fazem uso de medicamentos com varfarina e indivíduos que consomem mais de 3 doses de álcool ao dia. Classificaçao química dos AINES Classificados de acordo com sua estrutura química: Salicilatos: ácido acetilsalicílico ou AAS (Aspirina, Somalgin); Clonixinato de lisina; Salsalato; etc. Derivados indol-acéticos: Acemetacina; Glucametacina; Indometacina; Sulindac; etc. Derivados arilo-acéticos: Aceclofenaco; Diclofenaco (Cataflam, Voltaren); Etodolaco (Flancox); etc. Ácidos enólicos: Meloxicam; Piroxicam; Tenoxicam; Fenilbutazona; Metamizol ou Dipirona (Anador, Novalgina); etc. Derivados arilpropiônicos: Ibuprofeno (Alivium); Naproxeno (Flanax); etc. Fenematos: Ácido meclofenâmico; Ácido mefenâmico (Ponstan); etc. Outros: Nimesulida; Coxibes (Colecoxib, Rofecoxib, Valdecoxib); Acetaminofeno ou Paracetamol (Tylenol). Cadeia fosfolipase A2 O objetivo inicial da via da fosfolipase é gerar os prostanoides (PGE2 e PGI2), que servirão como metabólitos que intensificam o processo inflamatório, desencadeando as fases 1 e 2. Em outras palavras, as prostaglandinas e as prostaciclinas (geradas na cascata da fosfolipase A2) são mediadores pró-inflamatórios responsáveis por desencadear a fase 1 (vasodilatação e aumento da permeabilidade celular); os tromboxanos e leucotrienos são substâncias responsáveis pela fase 2 (efeitoquimiotáxico para eosinófilos, neutrófilos e macrófagos). Como vimos, a fosfolipase A2 quebra fosfolipídios específicos da membrana plasmática das células endoteliais (fosfatidilcolina e fosfatidiletanolamina) formando, como resultado desta quebra, o ácido araquidônico. Primeiramente, acontece um estímulo determinante para desencadear a resposta inflamatória, com a lesão das membranas celulares da região, cria-se um foco inflamatório, região em que a liberação de citocinas será fundamental para estabelecer a resposta imune. Este evento estimula a quebra de fosfolipídios de membrana por meio da enzima fosfolipase A2, produzindo grandes concentrações de ácido araquidônico. Uma vez degradados fosfolipídios de membrana pela ação da fosfolipase A2, ocorre a formação do ácido araquidônico (que funciona, nesta via, como 2o mensageiro), o qual é substrato para duas enzimas presentes no citoplasma: a lipoxigenase e a ciclo- oxigenase (COX). Caso o ácido araquidônico sofra a ação da lipoxigenase, serão formados leucotrienos que apresentam funções diretas no processo inflamatório promovendo, broncoconstrição e permeabilidade vascular. Os leucotrienos aumentam a permeabilidade vascular e atraem os leucócitos para o sítio da lesão. A histamina e a bradicinina aumentam a permeabilidade capilar e ativam os receptores nocigênicos. Já se o ácido araquidônico sofrer ação da ciclo- oxigenase (COX), ocorrerá a formação de prostaglandinas, tromboxanos e prostaciclinas. As prostaglandinas e as prostaciclinas são substâncias que irão promover um aumento da permeabilidade celular, vasodilatação (para que mais sangue chegue à região inflamada e, concomitantemente, mais células tenham acesso a este tecido). Todo este mecanismo tem o intuito de iniciar o processo inflamatório. As prostaglandinas têm ação vasodilatadora. A PGD2 é liberada de mastócitos ativados por estímulos alérgicos ou outros. A PGE2 inibe a ação de linfócitos e outras células que participam das respostas alérgicas ou inflamatórias. Além de promoverem vasodilatação, sensibilizam os nociceptores (hiperalgesia) e estimulam os centros hipotalâmicos de termorregulação. A prostaglandina I2 (prostaciclina) predomina no endotélio vascular e atua causando vasodilatação e inibição da adesividade plaquetária. Julia Paris Malaco – UCT13 O TX, predominante nas plaquetas, causa efeitos contrários como vasoconstrição e agregação plaquetária. As células já apresentam no seu interior as enzimas lipoxigenase e ciclo-oxigenase (são enzimas intracelulares). À medida que o estímulo chega à célula, ele desencadeia um aumento intracelular das concentrações de ácido araquidônico. Este estímulo ativa ainda a fosfolipase A2, que é uma enzima de membrana celular. Ela, uma vez ativada, degrada fosfolipídeos de membrana (mais especificamente, fosfolipídios cíclicos: fosfatidilcolina e fosfatidiletanolamina) formando, cada vez mais, ácido araquidônico. Portanto, é dessa forma que estímulos externos aumentam a concentração do ácido araquidônico dentro da célula. O aumento da atividade da ciclo-oxigenase, portanto, favorece o aumento das prostaglandinas pré-inflamatórias, que medeiam o mecanismo do processo inflamatório, além de estarem relacionadas com a promoção da dor e, de um modo indireto, da febre. Em resumo, o mecanismo de ação dos AINEs é agir na cascata do ácido araquidônico, inibindo a síntese de prostaglandinas através do bloqueio da enzima ciclo-oxigenase (COX). Ação anti-inflamatória dos AINES O principal mecanismo de ação dos AINEs ocorre através da inibição específica da COX e consequente redução da conversão do ácido aracdônico ou araquidônico (AA) em prostaglandinas. Reações mediadas pelas COXs, a partir do AA produzem PGG2, que sob ação da peroxidase forma PGH2, sendo então convertidas às prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos (TXs). A COX-1 é expressa de forma constitutiva, isto é, ela existe independente da instalação ou não do processo inflamatório. Encontra-se principalmente nas plaquetas, células endoteliais e na mucosa gastrointestinal. Sua função é manter a homeostase, na medida em que viabiliza uma adequada hemostasia primária (formação do “tampão” plaquetário) e estimula mecanismos de defesa contra a ação corrosiva do ácido gástrico (ex: produção de muco). A COX-2 tem expressão tanto constitutiva quando indutiva (isto é, que necessita de um estímulo inflamatório para ser sintetizada). A forma induzível da COX-2 é responsável pelo processo inflamatório em si e, portanto, deve ser o “alvo terapêutico” quando se quer utilizar um AINE. Por outro lado, a forma constitutiva da COX-2 é continuamente expressa em cérebro, rim e no endotélio vascular (também possui efeitos homeostáticos significativos: gera mediadores anti-inflamatórios, vasodilatadores e antitrombóticos de ação local, mantendo a “saúde” do endotélio). A COX-3 é uma variante da COX-1 expressa de forma constitutiva no SNC, e sua função é pouco compreendida. Em resumo, podemos dizer que os paraefeitos clássicos dos AINEs (úlcera péptica e tendência ao sangramento) são mediados pela inibição indesejada da COX-1 (mucosa gastroduodenal e plaquetas), ao passo em que os efeitos terapêuticos são secundários à inibição da forma induzível da COX-2 (tecidos inflamados). Existe uma classificação dos AINEs com relação ao seu mecanismo de ação: Inibidores seletivos da COX-1: AAS (em baixas doses). Inibidores não-seletivos da COX: inibem tanto a COX-2 como a COX-1 e, por isso, apresentam mais efeitos colaterais. Principais representantes: AAS (em altas doses), Ibuprofeno, Naproxeno, Paracetamol (Acetaminofeno), Diclofenaco, Indometacina, Piroxicam. Inibidores preferencialmente seletivos da COX-2: Principais representantes: Meloxicam, Etodolaco, Nimesulida, Salicilato. Inibidores altamente seletivos da COX-2 (“Coxibs”): Alguns autores os consideram como "específicos" para a COX-2, mas na realidade, podem também interagir com a COX-1, embora em baixíssima escala. Julia Paris Malaco – UCT13 Principais representantes: Colecoxibe, Paracoxibe, Etoricoxibe, etc. Infelizmente, apesar de sua menor toxicidade gastroduodenal e plaquetária, esta subclasse também possui efeitos colaterais significativos, como um aumento no risco cardiovascular (ex: maior incidência de infarto agudo do miocárdio, AVC e tromboses). A explicação para esse aumento de risco é a inibição indesejada da COX-2 endotelial constitutiva (e consequente perda de “fatores protetores” vasculares). Ação analgésica dos AINES As citocinas do processo inflamatório (principalmente a IL-1 e a IL-8) induzem a produção de COX (principalmente a COX-2) por meio do aumento da transcrição gênica desta enzima. O aumento da COX promove o aumento da síntese de PGE2, que tem a função de sensibilizar os receptores de dor (nociceptores). Quando o nociceptor é ativado e sensibilizado, o limiar de dor diminui, o que pode desencadear esta modalidade sensitiva com maior facilidade. Como os MAINEs inibem a COX, há uma diminuição das concentrações de PGE2, fazendo com que o limiar de dor dos nociceptores seja restabelecido. Ação anti-térmica dos AINES No SNC, mais especificamente no hipotálamo, existem vasos sanguíneos dotados de um endotélio especializados que sintetiza prostaglandinas em resposta a produção de citocinas pirogênicas endógenas (Principalmente, a IL-1 e a IL-6) e exógenas (ex: LPS bacteriano). São essas prostaglandinas sintetizadas (principalmente a PGE2) que cruzam a barreira hematoencefálica e estimulam os centros determorregulação a produzir a febre. A IL-6 induz a uma maior produção de COX no sistema nervoso central (especialmente a COX-3 no centro termorregulador do hipotálamo). Os AINEs, através do bloqueio da COX e da síntese da PGE2, exercem efeitos antipiréticos. A inibição da COX-3 não é tão importante no que diz respeito ao mecanismo de ação da maioria dos AINEs, uma vez que eles cruzam pouco a barreira hematoencefálica. Entretanto, o paracetamol (acetaminofeno) e a dipirona parecem ser capazes de inibir a COX-3 no SNC, o que justificaria, em parte, seus efeitos antipiréticos e analgésicos. Vale ressaltar que a dipirona e o paracetamol não inibem as outras COX, logo, não podem ser classificados como AINEs O paracetamol não apresenta efeitos anti- inflamatórios ou antiplaquetários, mas sim, efeitos antipiréticos e analgésicos. Paracetamol Sua ação farmacológica está baseada na ação analgésica e antipirética (agindo seletivamente na COX-3 do SNC), porém é um fraco agente anti- inflamatório, apesar de estar enquadrado na classe dos AINEs devido ao seu mecanismo de ação. O paracetamol não atua sobre a inflamação por não se ligar à COX-2 produzida no foco inflamatório. Isto ocorre pois o meio em que o processo inflamatório acontece é repleto de ânions peróxidos (como o H2O2), substâncias liberadas por leucócitos para tentar debelar o Julia Paris Malaco – UCT13 antígeno e que se ligam à molécula do paracetamol, impedindo que esta se ligue à COX- 2. Portanto, em meios inflamados a ligação do paracetamol à enzima COX é quase impossível. Doses altas de acetaminofeno (> 4 a 6 g/dia) estão relacionadas com hepatotoxicidade, podendo causar degeneração dos hepatócitos e insuficiência hepática grave. Pacientes com problemas hepáticos devem evitar o uso deste fármaco. Mecanismo de ação Parece produzir analgesia por elevação do limiar da dor sendo capaz de bloquear a cicloxigenase (COX) em locais com baixos teores de peroxidases, como o hipotálamo, o que possivelmente explica a fraca atividade anti- inflamatória do paracetamol, uma vez que a região da inflamação geralmente contém 4 concentrações elevadas de peróxidos gerados pelos leucócitos. Paracetamol age no hipotálamo; a dissipação do calor é aumentada como resultado da vasodilatação e aumento do fluxo sangüíneo periférico. Doses terapêuticas de paracetamol parecem ter pouco efeito no sistema cardiovascular e respiratório Estes resultados não excluem o PAR como um membro da classe dos AINEs e explicam a sua fraca inibição pela COX, particularmente a cicloxigenase-2 (COX-2). O paracetamol demonstrou inibir a ação de pirógeno endógeno no centro termorregulador por bloqueio da produção e liberação de prostaglandina no sistema nervoso central. A febre ocorre quando a PGE elevada atua na área pré- óptica do hipotálamo anterior, resultando em diminuição da perda de calor e aumento do ganho de calor. Farmacocinética Início de ação em 10 a 30 minutos, pico de 30 minutos a 2 horas; duração de ação de 3 a 4 horas; Permanece por um período de 4 a 6 horas (?) Absorção: O paracetamol, administrado oralmente, é rapidamente e quase completamente absorvido no trato gastrintestinal, principalmente no intestino delgado. A absorção ocorre por transporte passivo. A biodisponibilidade relativa varia de 85% a 98%. Em indivíduos adultos as concentrações plasmáticas máximas ocorrem dentro de uma hora após a ingestão e variam de 7,7 a 17,6 mcg/mL para uma dose única de 1000 mg Distribuição: O paracetamol parece ser amplamente distribuído aos tecidos orgânicos, exceto ao tecido gorduroso. Seu volume de distribuição aparente é de 0,7 a 1 litro/kg em crianças e adultos. Uma proporção relativamente pequena (10% a 25%) do paracetamol se liga às proteínas plasmáticas. Metabolismo: O paracetamol é metabolizado principalmente no fígado e envolve três principais vias: conjugação com glucoronídeo, conjugação com sulfato e oxidação através da via enzimática do sistema citocromo P450. A via oxidativa forma um intermediário reativo que é detoxificado por conjugação com glutationa para formar cisteína inerte e metabólitos mercaptopúricos. A principal isoenzima do sistema citocromo P450 envolvida in vivo parece ser a CYP2E1, embora a CYP1A2 e CYP3A4 tenham sido consideradas vias menos importantes com base nos dados microssomais in vitro. Subsequentemente verificou-se que tanto a via CYP1A2 quanto a CYP3A4 apresentam contribuição desprezível in vivo. Em adultos, a maior parte do paracetamol é conjugada com ácido glucorônico e em menor extensão com sulfato. Os metabólitos derivados do glucoronídeo, sulfato e glutationa são desprovidos de atividade biológica. Em recém-nascidos prematuros e a termo, e, em crianças de baixa idade, predomina o conjugado sulfato. A administração diária consecutiva de doses de 4g por dia induz glucoronidação (uma via não tóxica) em adultos sadios e com disfunção hepática, resultando essencialmente em depuração total aumentada do paracetamol no decorrer do tempo e acúmulo plasmático limitado. Eliminação: Em adultos a meia vida de eliminação do paracetamol é cerca de 2 a 3 horas e em crianças é cerca de 1,5 a 3 horas. Ela é aproximadamente uma hora mais longa em recém-nascidos e em pacientes cirróticos. O paracetamol é eliminado do organismo sob a forma de conjugado glucoronídeo (45% a 60%) e conjugado sulfato (25% a 35%), tióis (5% a 10%), como metabólitos de cisteína e mercaptopurato e catecóis (3% a 6%), que são excretados na urina. A depuração renal do Julia Paris Malaco – UCT13 paracetamol inalterado é cerca de 3,5% da dose. Dosagem Adultos e crianças acima de 12 anos Comprimido 500 mg: 1 a 2 comprimidos, 3 a 4 vezes ao dia. Comprimido 750 mg: 1 comprimido, 3 a 5 vezes ao dia. A dose diária total recomendada de paracetamol é de 4000 mg (8 comprimidos de Paracetamol 500mg ou 5 comprimidos de Paracetamol 750 mg) administrados em doses fracionadas, não excedendo 1000 mg/dose (2 comprimidos de Paracetamol 500 mg ou 1 comprimido de Paracetamol 750 mg), em intervalos de 4 a 6 horas, em um período de 24 horas. Intoxicação por paracetamol Para causar toxicidade, a superdosagem aguda precisa ser em um total de ≥ 150 mg/kg (cerca de 7,5 g em adultos) em 24 h. Doses excessivas de paracetamol podem levar a lesão do fígado potencialmente fatal. Lesão do rim e coma por hipoglicemia também podem ocorrer, especialmente em uma única ingestão de altas doses. A superdosagem do paracetamol, quando devidamente diagnosticada, é tratada com a administração de N-acetilcisteína (antidoto) que atua como substituto da glutationa, neutralizando os derivados oxidados reativos. Fisiopatologia da intoxicação O principal metabólito tóxico do paracetamol, imina de n - acetil- p -benzoquinona (NAPQI), é produzido no sistema enzimático do citocromo hepático P450; a glutationa depositada no fígado desintoxica este metabólito. Uma superdosagem esgota o depósito hepático de glutationa. Como resultado, NAPQI se acumula, causando necrose hepatocelular e, possivelmente, dano a outros órgãos (p. ex., rins e pâncreas). Teoricamente, doenças hepáticas decorrentes de álcool ou desnutrição aumentam o risco de toxicidade, pois as enzimas hepáticas pré-requisitadas aumentam a formação de NAPQI e a desnutrição (também comum em alcoólatras) reduz o depósito de glutationa hepática. Contudo, se o risco é de fato aumentado, isso não é evidente. A ingestão aguda de álcool pode ser protetora, pois as enzimas hepáticas P450 metabolizam preferencialmente o etanol e, portanto, não produzem NAPQI tóxico. Exame de imagemO diagnóstico depende da finalidade do tratamento. Por exemplo, se a finalidade é unicamente aliviar a dor, o diagnóstico clínico de tendinopatia supraespinal de ombro pode ser suciente. Se a finalidade é reabilitar o paciente em um contexto biopsicossocial, o diagnóstico de tendinopatia supraespinal não será suciente. No caso do quadros álgicos, muitas vezes não é possível se estabelecer uma explicação definitiva para a causa da dor em um primeiro momento, mas uma hipótese baseada em sintomas e sinais pode levar ao raciocínio elementar, de modo que se chegue a um diagnóstico sindrômico e topográfico, capaz de apontar um tratamento inicial pois, como a dor infringe um grande sofrimento ao paciente, a terapêutica não deve tardar, sob o risco de ampliar o desgaste e piorar a evolução do quadro clínico do paciente. Deste modo, os exames complementares, suas escolhas e resultados, não são necessariamente condicionantes para a implementação da terapêutica inicial de alívio. Exames desnecessários aumentam o tempo de espera, com prejuízo de outros pacientes, desperdiçando tempo e recursos e elevando custos. Os exames complementares de imagem não devem ser direcionados à avaliação da intensidade da queixa dolorosa, mas à confirmação da existência de lesão e ao estabelecimento do diagnóstico. Para dores agudas ou crônicas de origem osteomuscular, a radiografia simples é solicitada na maioria das vezes, pois, a partir dela e com a história clínica do paciente, são esclarecidos os diagnósticos diferenciais ou são estabelecidos os exames adicionais necessários. Por exemplo, se a radiografia demonstrar lesão óssea, o próximo exame pode ser a TC; se houver suspeita de alteração de partes moles (ligamento, tendão, músculo), pode ser pedida uma ecografia e, dependendo da suspeita, até mesmo uma RNM, como no caso de lesão de menisco do joelho.
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