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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Faculdade de Comunicação e Artes - Jornalismo Ana Carolina Dias Oliveira Silva Ana Clara Carvalho da Silva Bruce Willian Lourenço Nascimento Cecilia Bohrer Oliveira Martins Cynthia Nogueira Pereira Daiane do Carmo Karoliny Francielle Alvarenga Silva O YOUTUBE COMO ALTERNATIVA PARA A PRODUÇÃO DE CONTEÚDO INFORMATIVO: um estudo dos canais da Folha de S. Paulo e do O Estado de S. Paulo Belo Horizonte 2017 Ana Carolina Dias Oliveira Silva Ana Clara Carvalho da Silva Bruce Willian Lourenço Nascimento Cecilia Bohrer Oliveira Martins Cynthia Nogueira Pereira Daiane do Carmo Karoliny Francielle Alvarenga Silva O YOUTUBE COMO ALTERNATIVA PARA A PRODUÇÃO DE CONTEÚDO INFORMATIVO: um estudo dos canais da Folha de S. Paulo e do O Estado de S. Paulo Trabalho de conclusão de curso apresentado à Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Jornalismo. Orientadora: Professora Viviane Maia M. Ribeiro Belo Horizonte 2017 RESUMO A partir da crise vivenciada nos últimos anos pelo jornalismo impresso, a pesquisa buscou entender o modo como alguns veículos de mídia impressa utilizam o YouTube como parte das suas estratégias para ganhar audiência, não só de seus leitores tradicionais, mas, também, como forma de conquistar o público jovem, que consome conteúdo, principalmente, via internet. A pesquisa está estruturada em três capítulos. O primeiro analisa o cenário da crise do jornalismo impresso, o processo de convergência das mídias para o ambiente digital e as novas possibilidades de criação de conteúdo, sobretudo a partir de Jenkins (2006). O segundo capítulo discute a criação e a evolução da plataforma de compartilhamento de vídeos YouTube, seu modo de funcionamento e como ele foi responsável pelo surgimento de uma cultura participativa, sobretudo a partir das ideias de Burgess e Green (2009). No terceiro capítulo foi feita, a partir da perspectiva da análise de conteúdo de Bardin (2004), uma análise de natureza quantitativa e qualitativa dos canais do YouTube de dois dos principais jornais em circulação no país, a saber: Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. A pesquisa apontou que os canais TV Folha e TV Estadão estão investindo na produção audiovisual, utilizando majoritariamente em suas produções sujeitos mediadores, linguagem e estilo que buscam dialogar com o público jovem. Palavras-chave: crise do Jornalismo impresso; convergência midiática; jornalismo online; YouTube. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Primeira versão do site YouTube no ano de 2005 …..……..…..……… 23 FIGURA 2 - Versão do site YouTube no ano de 2016 .…..…………..………........… 24 FIGURA 3 - Imagem do canal do jornal Folha de S. Paulo no YouTube, escolhido para análise .…..……………………………………………………..………………….… 38 FIGURA 4 - Imagem do canal do jornal O Estado de S. Paulo no YouTube, escolhido para análise .…..……………………………………………………..………………….… 39 FIGURA 5 - Trecho do vídeo “A Antártida vista de um drone - Tudo sobre #1” que mostra quatro brasileiros atravessando a Antártida de barco …..........................…. 59 FIGURA 6 - Trecho do vídeo “Kleber Atalla, o Tiozão, percorre São Paulo em vídeo 360º” que mostra o recurso lettering …………………..........................................…. 60 FIGURA 7 - Trecho do vídeo “Kleber Atalla, o Tiozão, percorre São Paulo em vídeo 360º” mostra a ferramenta do YouTube que permite alterar o ângulo de visualização …….……………................................................................................… 61 FIGURA 8 - Trecho do vídeo “Entenda a operação Carne fraca - Folha Explica #5” com o mediador Ângelo Dias ……………………...............................................….... 62 FIGURA 9 - Trecho do vídeo “Entenda a operação Carne fraca - Folha Explica #5” ............................................................................................................................ 62 FIGURA 10 – Trecho do vídeo “Entenda a operação Carne fraca - Folha Explica #5” com infográficos ……………............................................................................... 64 FIGURA 11 - Trecho do vídeo “Tesouro Direto #1 - O que é e como investir - Meu Dinheiro #7” com o ator Tom Hanks .................................................................….... 65 FIGURA 12 - Trecho do vídeo “Tesouro Direto #1 - O que é e como investir - Meu Dinheiro #7” ….......................................................................................................... 66 FIGURA 13 - Trecho do vídeo “Tesouro Direto #1 - O que é e como investir - Meu Dinheiro #7” com infográfico ….….......................................................……………... 67 FIGURA 14 - Trecho do vídeo “Os desafios de transposição do São Francisco #1” em que aparece o mediador Fabio Victor ……..….…...............................………..... 69 FIGURA 15 - Trecho do vídeo “Os desafios de transposição do São Francisco #1” com a legenda mostrada antes da pichação aparecer no vídeo ….…………........... 70 FIGURA 16 - Trecho do vídeo “Os desafios de transposição do São Francisco #1” com a imagem da pichação ...................................................................................... 70 FIGURA 17 - Trecho do vídeo “Os desafios de transposição do São Francisco #1” com a legenda mostrada após aparecer a pichação no vídeo ................................. 71 FIGURA 18- Trecho do vídeo “Entenda a crise do Rio de Janeiro” com o ator Tom Cruise ....................................................................................................................... 83 FIGURA 19 - Trecho do vídeo “Entenda a crise do Rio de Janeiro” com dados de um infográfico ................................................................................................................. 84 FIGURA 20 - Trecho do debate “Estadão Discute: O avanço da direita na América Latina” que mostra o plano geral usado na construção do vídeo ............................. 85 FIGURA 21 - Trecho do vídeo “Fãs acampam há 6 meses para o show do Justin Bieber” mostrando os fãs cantando uma música do cantor ..................................... 87 FIGURA 22 - Trecho do vídeo “Veja Lula no banco dos réus da lava-jato” que mostra o plano utilizado para a gravação ............................................................................. 88 FIGURA 23 – Trecho do vídeo “Lado A e Lado B: reforma da previdência e lista do Janot” em que mostra o estilo dos apresentadores gêmeos do quadro do Estadão .................................................................................................................... 89 FIGURA 24 - Trecho do vídeo “Lado A e Lado B: reforma da previdência e lista do Janot” em que mostra as inserções de imagem que acontecem ao longo do vídeo …..................................................................................................................... 89 Figura 25 - Mediadores jovens da TV Estadão e TV folha em quadro ..................... 94 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Os 10 maiores jornais do Brasil de circulação paga no ano de 2015 .. 37 TABELA 2 - Vídeos mais visualizados de cada playlist do canal TV Estadão durante o mês de março/2017 ………………………………………………...................…....… 42 TABELA 3 - Vídeos mais visualizados de cada playlist do canal TV Folha durante o mês de março/2017 ……………………….....................................……………..……. 43 TABELA 4 - 10 vídeos mais visualizados em março de 2017 na TV Folha .....……. 52 TABELA 5 - 10 vídeos menos visualizados em março de 2017 na TV Folha …...... 54 TABELA 6 - 10 vídeos com mais likes em marçode 2017 na TV Folha ….….......... 55 TABELA 7 - 10 vídeos com mais dislikes em março de 2017 na TV Folha ……...... 56 TABELA 8 - 10 vídeos com mais comentários em março de 2017 na TV Folha ..... 57 TABELA 9 - 10 vídeos mais visualizados em março de 2017 na TV Estadão …..... 77 TABELA 10 - 10 vídeos menos visualizados em março de 2017 na TV Estadão .... 78 TABELA 11 - 10 vídeos com mais likes em março de 2017 na TV Estadão …….... 79 TABELA 12 - 10 vídeos com mais dislikes em março de 2017 na TV Estadão …… 80 TABELA 13 - 10 vídeos com mais comentários em março de 2017 na TV Estadão .................................................................................................................... 81 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - Comparação das tiragens diárias entre os jornais Folha de S. Paulo e Super Notícia no ano de 2015 ……………………………………….....................…....15 GRÁFICO 2 - Dados de circulação dos maiores jornais do país ..……………......….17 GRÁFICO 3 - Vídeos publicados por playlists pela TV Folha no mês de março de 2017………………………………………………………………………………………….49 GRÁFICO 4 - Duração dos vídeos publicados pela TV Folha no mês de março de 2017………………………………………………………………………………………….50 GRÁFICO 5 - Vídeos publicados por playlists pela TV Estadão no mês de março de 2017………………………………………………………………………………………….75 GRÁFICO 6 - Duração dos vídeos publicados pela TV Estadão no mês de março de 2017………………………..…………………………………………………….....……….76 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANJ Associação Nacional de Jornais IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IVC Instituto Verificador de Comunicação SUMÁRIO INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………………. 10 1 DESAFIOS DO JORNALISMO IMPRESSO NA ERA DIGITAL …………...…….. 13 1.1 A crise do jornalismo impresso ao redor do mundo …………………......…. 13 1.2 Do físico ao online: a convergência dos meios de difusão da informação .............................................................................................................. 17 2 O YOUTUBE E O FENÔMENO DA CULTURA PARTICIPATIVA …………..…... 21 2.1 A ascensão da plataforma YouTube …………………....….................…...…... 24 2.2 O vídeo no YouTube: do upload ao play …………..……….………..…….…... 28 2.3 A democratização da produção audiovisual no YouTube ………..........…... 31 3 DO MÉTODO À ANÁLISE ……………………………………...........................…... 36 3.1 Metodologia …………………………………….............................................…... 36 3.2 Folha de S. Paulo ………………………………………………………….………... 44 3.2.1 Análise quantitativa ……………………….......…………………………………... 48 3.2.2 Análise qualitativa ………………………………...................................………... 58 3.3 O Estado de S. Paulo ………...........………………………………...................... 71 3.3.1 Análise quantitativa …………………................................……………………... 74 3.2.2 Análise Qualitativa …………………………..................................……………... 82 CONSIDERAÇÕES FINAIS …………………………..................................…….…... 92 REFERÊNCIAS …………………………………………………………………………... 96 ANEXO 1 - Tabela com dados do canal TV Folha no YouTube referente ao mês de março de 2017 ………………………..........................………..…………………. 100 ANEXO 2 - Tabela com dados do canal TV Estadão no YouTube referente ao mês de março de 2017 ……………………..................…………..…………………. 106 10 INTRODUÇÃO Com a queda no volume de vendas, muitos jornais impressos começaram a desaparecer por falta de recursos. Uma das explicações para a crise observada na indústria do jornalismo impresso é o fato da população buscar outras formas de se informar, gratuitas e mais plurais. O crescimento da disseminação e do acesso à internet acarretou em uma diversidade de sites de notícias especializados e na migração de vários veículos impressos, que passaram a ter sua versão online. O leitor, que já está conectado à rede, tem buscado cada vez mais informações no ambiente digital. Na internet, ele tem informações segmentadas por campo de interesse, em tempo quase real e, muitas vezes, além do texto e da imagem fotográfica, a notícia vem acompanhada de áudio, vídeo e outras formas de linguagem, como a infografia. Para adaptar-se à essa nova realidade, muitos jornais passaram a investir em versões online com o intuito de alcançar novos públicos, principalmente, o jovem, que será o consumidor de notícias no futuro. As assinaturas digitais e o uso de aplicativos que facilitam o acesso à notícia surgiram como uma tentativa de driblar a perda permanente de assinantes do impresso. Hoje, acredita-se que dificilmente o público nativo da internet comprará ou assinará um jornal impresso, o que pode acarretar no desaparecimento, ou na diminuição significativa das mídias impressas no futuro. Assim, observa-se um crescimento no número de empresas de mídias impressas passando pelo processo de convergência midiática. Muitas delas estão presentes no YouTube, plataforma que recebe e hospeda diariamente milhões de vídeos. Ele (YouTube) tem recebido muita atenção da imprensa e agora faz parte, mesmo que aceito de maneira relutante, do cenário da mídia de massa; mas também é utilizado com regularidade como veículo para o ensaio dos debates públicos sobre novas mídias e Internet, enquanto forças de desestabilização nos negócios e na sociedade, particularmente em relação aos jovens (BURGESS e GREEN, 2009, p.36). O YouTube possui mais de um bilhão de usuários, número que corresponde a quase um terço do total de usuários da internet, e “a cada dia, as pessoas assistem a milhões de horas de vídeos no YouTube e geram bilhões de visualizações”1. É 1 Disponível em: <https://www.youtube.com/yt/press/pt-BR/statistics.html>. Acesso em: 23 de outubro 11 inegável o crescimento dessa plataforma e a sua popularidade entre as pessoas que possuem acesso à internet. “Quer você o ame, quer você o odeie, o YouTube agora faz parte do cenário da mídia de massa e é uma força a ser levada em consideração no contexto da cultura popular contemporânea” (BURGESS e GREEN, 2009, p.13). Com a intenção de driblar o cenário da queda de público das mídias impressas, o YouTube tem sido usado como alternativa para a produção de conteúdo informativo. É uma opção atrativa sobretudo para os jovens que pesquisam variados assuntos na plataforma, hoje o segundo buscador mais acessada do mundo, perdendo apenas para o Google. No YouTube, o usuário tem a possibilidade de comentar, selecionar o conteúdo que deseja consumir, além de interagir e relacionar com quem produziu o vídeo. O presente trabalho buscou analisar e compreender as possíveis estratégias que os veículos impressos estão adotando para se adaptar à internet e também os caminhos utilizados para alcançar a audiência jovem. Para isso, a pesquisa examinou o canal de dois dos principais jornais impressos brasileiros2, sendo eles a Folha de S. Paulo, com o canal TV Folha, e O Estado de S. Paulo, com o canal TV Estadão. O trabalho foi organizado em três capítulos. No primeiro, discutiu-se o contexto da crise do jornalismo impresso, após o advento da internet, que fez com que diversos jornais ao redor do mundo tivessem que se adaptar às novas realidades para não desaparecer. A internet, diferente do impresso, traz uma variedade maior de temas e possibilidades de pesquisa, além de uma variedade de informações, inclusive divididas por nichos. Portanto, devido à sua instantaneidade, diversidade, interatividade e multiplicidade de linguagens, a internet tem se mostrado cada dia mais atraente ao leitor. Discutiu-se ainda a noção de convergência das mídias sobretudo a partir de Jenkins (2006) e Righetti e Quadros (2008). No segundo capítulo, tratou-se da importância do YouTube na sociedade contemporânea, suas funções, o contexto do seu surgimento e a evoluçãoda plataforma, um dos principais responsáveis pelo surgimento de uma “cultura participativa” (BURGESS E GREEN, 2009). O YouTube tem crescido rapidamente e de 2016. 2 Dado retirado do Instituto Verificador de Circulação (IVC), que mapeia a circulação média, diária, dos veículos impressos e digitais, divulgada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), em 2015. Disponível em: <http://www.anj.org.br/maiores-jornais-do-brasil/>. Acesso em: 22 de março de 2017. 12 hoje sua audiência é superior a muitos canais de TV. No YouTube, novos modelos de negócio e ferramentas de produção mais acessíveis estão provocando novas e inesperadas interações entre a mídia alternativa e a mídia comercial de massa; e regurgitando as inquietações sobre questões de controle e autoridade de mídia (BURGESS e GREEN, 2009, p.60). O terceiro e último capítulo traz a metodologia e os resultados da análise de conteúdo. A pesquisa consistiu em verificar o conteúdo produzido nos canais TV Folha e TV Estadão no mês de março de 2017, com o intuito de entender o que está sendo feito pelos veículos. A análise dividiu-se em duas partes: a quantitativa e a qualitativa. Na primeira observou-se todos os vídeos divulgados no mês de março, categorizando-os a partir dos seguintes critérios: data da publicação, título, tempo de duração do vídeo, tipo, playlist quantidade de visualizações e comentários, quantidade de likes e dislikes. Na análise qualitativa, selecionou-se cinco vídeos de cada canal, buscando-se observar mediador, temática e construção do texto, além do estilo e da linguagem audiovisual. Ao longo da análise, a amostra se mostrou pequena e limitada, sobretudo devido ao tempo demarcado para o início e finalização do trabalho. Por isso, não foi possível chegar a uma conclusão definitiva. Além disso, os dados contabilizados pelo YouTube mudam consideravelmente à medida em que o vídeo é acessado ao longo do tempo, modificando os dados que foram recolhidos após o período. Mas, a partir deste estudo, foi possível apontar alguns caminhos. Ao observar a amostra, percebe-se que a maioria dos vídeos utilizam mediadores jovens e que fogem do padrão jornalístico, pois usam uma linguagem mais coloquial, muitas vezes se assemelhando a utilizada por youtubers. Além disso, são inseridas na construção do texto referências conhecidas pelo público da internet, como “memes” e gírias do meio online. Pode-se dizer que há uma tentativa por parte dos jornais escolhidos em se adequar ao YouTube e atrair, em grande parte, o público jovem, nativo da era digital. Os canais também utilizam novas tecnologias para produzir a informação, como drones e câmera 360°. A partir da análise foi possível concluir que há uma busca dos jornais por novos caminhos e estratégias de comunicação. O YouTube pode ser considerado uma plataforma em potencial para a construção de um conteúdo atrativo e diversificado, sobretudo para o público nativo 13 da internet. 1 DESAFIOS DO JORNALISMO IMPRESSO NA ERA DIGITAL 1.1 A crise do jornalismo impresso ao redor do mundo A ascensão da tecnologia e dos novos meios de informação estão fazendo com que o jornal impresso busque maneiras de se reinventar ao longo dos últimos anos. Segundo Rublescki (2010), esse movimento pode ser chamado de mimetismo, uma forma de adaptação, em que os meios já existentes se reorganizam para integrar esta nova forma de produção da notícia. Essa adaptação pode ser entendida em várias fases da história, assim como a chegada da televisão nos anos 1950, em que o impresso teve que se reorganizar. Nesta época ele perdeu parte de seu público e apenas por volta de 1990 recuperou seus leitores (REY, 2009). Mas outra adaptação surgiu nesta época, o que gerou outra crise. “A tensão jornais impressos e conteúdo online relembra outros momentos da imprensa, já que foi assim com o rádio e os jornais, com o rádio e a televisão, e, especialmente, com esta e os impressos” (RUBLESCKI, 2010, p.10). No início do século XXI, o espaço, que antes era dominado pelos impressos, foi sendo reconfigurado pelo crescimento da internet e, posteriormente, da internet acessada em dispositivos móveis. A rede nos últimos anos vem conseguindo gradativamente mais adeptos da informação instantânea, já que não é necessário esperar o dia seguinte, ou o telejornal da noite, para estar informado. A internet possibilitou o acesso às informações de qualquer parte do mundo com apenas um clique. Na atualidade, os jornais impressos enfrentam nova crise, ante a expansão do webjornalismo, ou jornalismo online, dos blogs e do twitter. E a consequente possibilidade de migração da publicidade e dos anúncios classificados para os portais jornalísticos (REY, 2009, p.14). Segundo Noblat (2008), nos anos 2000, a Associação Americana de Jornais realizou uma pesquisa com mais de quatro mil adultos acima de 18 anos e setenta e cinco por cento dos entrevistados disseram apostar na internet como uma nova ferramenta de comunicação (NOBLAT, 2008, p.13). A pesquisa também mostrou que no final do século XX e início do XXI, mais precisamente durante os anos de 1997 a 2001, a internet cresceu em torno de 120 por cento. Durante esses quatro 14 anos, o consumo de jornais impresso caiu em torno de 12 por cento e os telejornais perderam em torno de 14 por cento da sua audiência (NOBLAT, 2008). Noblat destaca que os jovens “fogem da leitura de jornais e preferem informar- se por outros meios. Ou, simplesmente, não se informam. Uma fatia crescente deles adere à internet” (NOBLAT, 2008, p.14). Ele afirma, ainda, que a grande crise que os impressos têm sofrido pode ser explicada pela falta de identificação do público com o veículo de notícia. “Os leitores acham que o cardápio de assuntos dos jornais está mais de acordo com o gosto dos jornalistas do que com o gosto deles. E que a visão que os jornalistas têm da vida é muito diferente da visão que eles têm” (NOBLAT, 2008, p.15). No livro “A arte de fazer um Jornal Diário”, Noblat atenta-se para um fato curioso que ocorreu no ano de 2002. Dick Brass, executivo da Microsoft, realizou uma previsão de que o maior jornal dos Estados Unidos, o jornal The New York Times, teria a última edição no ano de 2018. Em 2009, o The New York Times relatou, no caderno de economia, a crise pela qual estava passando. O diário declarou ter acumulado um prejuízo de quase 75 milhões de dólares no primeiro trimestre do ano com a diminuição da circulação e com os poucos anunciantes que lhes restaram (SANEHAGO, 2010, p.03). No Brasil, a tiragem dos jornais sempre foi menor em comparação ao número de habitantes (RUBLESCKI, 2010). Segundo Rublescki (2010), isso ocorreu devido a "um dos reflexos perversos de um capitalismo apenas parcialmente desenvolvido" (p.03), em que uma pequena parcela da população tinha acesso, condições de compra e nível de educação no país. Em 1991, por exemplo, o Brasil possuía mais de 150 milhões de habitantes, segundo o censo do IBGE3, e o número de habitantes analfabetos era maior que 32 milhões. Enquanto isso, o jornal de maior tiragem no país, segundo a Associação Nacional de Jornais (ANJ), alcançou mais de um milhão de tiragens por dia. Isso ocorreu quando o jornal Folha de S. Paulo intensificou a venda a partir da junção de fascículos encartados ao jornal, em 19944. Essa estratégia adotada, segundo Righetti e Quadros (2008), pode ser considerada um “anabolizante”. Dessa forma o jornal consegue expandir a circulação através de fascículos, com temas variados que acompanhavam os 3 Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censodem/tab203.shtm>. Acesso em 30 de outubro de 2016. 4 Disponívelem: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/cronologia.shtml>. Acesso em 30 de outubro de 2016. 15 periódicos. Em um primeiro momento, o método foi tão eficaz que passou a ser usado como modelo de negócio para os jornais. Na Folha de S. Paulo, por exemplo, houve crescimento de 50% das vendas de jornais em 1995. Mas somente este artifício não foi suficiente para segurar a queda de vendas e de público, tendo em vista que essas promoções são utilizadas até os dias atuais pelas empresas jornalísticas. Righetti e Quadros (2008) observam que, naquela época, os jornais passaram a oferecer descontos no valor da publicidade. Nesta mesma década as empresas passaram a investir em jornais populares a fim de aumentar a circulação, atrair público e consequentemente a publicidade. Segundo Rublescki (2010), surgiram jornais voltados para atender demandas por notícias populares: o jornal Extra (1998), o jornal Agora São Paulo (que começou a circular no lugar do Folha da Tarde em 1999) e, posteriormente, o jornal mineiro Super Notícia (2002). Eles surgiram para produzir informação de acesso democrático e com conteúdo voltado aos interesses populares. Para Rublescki (2010), isso indicava "uma faceta que demonstra vitalidade em um nicho de impressos". De acordo com dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC), a queda das vendas de jornais no Brasil aumentou em torno de 12% entre os anos de 2001 e de 2002. Essa baixa evidencia a busca da população por notícias em outros meios de comunicação, principalmente a internet. Em 2002, segundo pesquisa da Associação Nacional de Jornais (ANJ), o jornal Folha de S. Paulo possuía uma tiragem de 346.333 por dia, diminuindo para 311.287, em 2008. O jornal perdeu a posição de primeiro lugar em tiragens no país no ano de 2010 para o jornal mineiro Super Notícia. GRÁFICO 1 - Comparação das tiragens diárias entre os jornais Folha de S. Paulo e Super Notícia no ano de 2015 16 Fonte: criado pelos autores desta pesquisa com base em dados da Associação Nacional de Jornais (ANJ) A relevância do jornal tabloide Super Notícia frente ao standard Folha de S. Paulo foi observada desde 2006, quando o Super Notícia apareceu pela primeira vez na lista da ANJ dos jornais do Brasil com a maior tiragem diária. Atualmente, o jornal Super Notícia é vendido por R$ 0,25, em Belo Horizonte, e R$ 0,50 nas demais localidades do estado mineiro. O preço torna o jornal mais acessível à população, se comparado, por exemplo, ao preço da Folha de S. Paulo, vendido atualmente pelo valor de R$ 4,00. Desde 2013, muitos jornais, como Gazeta Mercantil, Jornal do Commercio e Diário Mercantil, fecharam as portas por falta de verba. De acordo com Kucinski (2009), a crise financeira dos jornais impressos levou alguns veículos a buscarem por investimentos de capital (mais anúncios nas páginas) e reduzir as redações. Segundo uma análise do site Coleguinhas5, os jornais O Estado de S. Paulo, e Folha de S. Paulo diminuíram a tiragem rapidamente no período entre janeiro de 2014 e dezembro de 2015. O gráfico6 a seguir mostra que a perda de assinantes da Folha de S. Paulo foi superior à dos seus concorrentes. Na época, o Folha de S. 5 O site Coleguinhas foi criado em 1996 e atua como blog desde 2013. Foi desenvolvido por um ex- aluno do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense em Niterói, no Rio de Janeiro e trata de assuntos atuais da área de comunicação. 6 Disponível em: <https://coleguinhas.wordpress.com/2016/02/21/circulacao-globo-estadao-e-folha-co mparacoes/>. Acesso em: 21 de outubro de 2016. 17 Paulo teve baixa de 40 mil exemplares em circulação, ou seja, diminuição de 19% dos assinantes. Já o Estadão (O Estado de S. Paulo) perdeu 25 mil assinantes, o que corresponde a 14,65%. Gráfico 2 - Dados de circulação dos maiores jornais do país Fonte: Site Coleguinha 1.2 Do físico ao online: a convergência dos meios de difusão da informação Em 1993, as discussões sobre o futuro dos jornais impressos diante das novas tecnologias já ganhavam espaço. Neste ano, o jornal Folha de S. Paulo promoveu a primeira edição do “Fórum Folha de Jornalismo e Mídia”7 e uma das principais pautas foi a respeito dos impactos da internet. Walter Bender, pesquisador do laboratório de mídia do MIT (Massachusetts Institute of Technology), foi um dos convidados e revelou que futuramente a internet daria ao leitor a possibilidade de personificação do que ele gostaria de consumir. Warren Hoge, na época chefe da redação adjunto do The New York Times, também compareceu ao evento e reafirmou a importância do profissional jornalista no jornalismo online. A internet passou a ser considerada já a partir dos anos 1990 como uma nova 7 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/10/18/brasil/35.html>. Acesso em: 24 de outubro de 2016. 18 mídia em potencial no Brasil e os jornais impressos tiveram que buscar estratégias (já abordadas no primeiro tópico) para sobreviver e acompanhar o seu principal alvo: o público. O Jornal do Brasil8 foi o pioneiro em convergência no país, ao inaugurar em 28 de maio de 1995, o seu site. O desenvolvedor da plataforma foi Sérgio Charlab, que iniciou o projeto por iniciativa própria. Depois, Charlab conversou com alguns diretores e colegas do jornal para conseguir apoio e poder dar continuidade ao projeto. O site no início contava com duas sessões, sendo uma com a edição resumida do jornal, incluindo textos e fotos, e a outra era de serviços extras. Em 1996 foi elaborado um concurso entre os funcionários para ideias de melhorias da interface gráfica do site. Em 1997, o site fez a sua primeira transmissão ao vivo, mostrando imagens do réveillon de Copacabana. Em 2010, o jornal extinguiu o seu produto impresso e saiu mais uma vez na frente ao migrar o seu conteúdo definitivamente para o digital. Com o avanço das tecnologias, no início dos anos 2000, os veículos de notícias online passaram a integrar vídeos, fotos, áudios, textos, som e a possibilidade de visualização quando o usuário quisesse. A convergência digital, torna a interação mais complexa entre as diferentes mídias, mas não elimina nenhuma delas. Se o paradigma da revolução digital presumia que as novas mídias substituiriam as antigas, o emergente paradigma da convergência presume que novas e antigas mídias irão interagir de formas cada vez mais complexas. O paradigma da revolução digital alegava que os novos meios de comunicação digital mudariam tudo (JENKINS, 2006. p.32 e 33). A migração dos jornais impressos para o online teve três etapas. Segundo Luciana Mielniczuk (2001) a primeira etapa foi a transposição, ou seja, a reprodução do conteúdo publicado anteriormente no impresso na internet. Geralmente eram publicados até dois textos de cada editoria, atualizados após o fechamento do jornal. Em um segundo momento, a partir do desenvolvimento do sistema da internet, paralelamente ao produto impresso as empresas jornalísticas passaram a publicar notícias em seus sites. Os textos traziam consigo algumas peculiaridades da rede que não poderiam ser aplicadas ao jornal impresso devido a sua comunicação unilateral, ou seja, sem reciprocidade, como a interação com os leitores, debates e 8 Disponível em: <http://www.cassano.com.br/brogue/trabalho/10-anos-do-jb-online-uma-historia-de- sangue-suor-e-cafe>. Acesso em 24 de outubro de 2016. http://www.cassano.com.br/brogue/trabalho/10-anos-do-jb-online-uma-historia-de- http://www.cassano.com.br/brogue/trabalho/10-anos-do-jb-online-uma-historia-de- 19 hipertextos. Depois, na terceira etapa, surgem sites cujo o objetivo era criar conteúdo jornalísticos específicos para a web, consideradapela a autora como webjornalismo. Essa terceira etapa, atual momento do jornalismo na internet, explora as possibilidades que a rede tem a oferecer, deixando de lado apenas os textos para alimentar as matérias com fotos, vídeos, podcasts, transmissão de fatos ao vivo, unindo essas alternativas aos novos aparelhos tecnológicos (celulares e tablets). Segundo Palácios (1999), citado por Mielniczuk (2001), o webjornalismo apresenta as seguintes características: “multimidialidade/convergência, interatividade, hipertextualidade, personalização e memória” (MIELNICZUK, 2001, p.03). Ao longo dos anos, o jornalismo se reinventou de múltiplas maneiras, procurando continuamente desenvolver laços com sua audiência. De acordo com Sullivan (2012), para promover maior interação com o público, muitos jornais optaram por dar oportunidade a seus leitores de enviar imagens ou vídeos para a redação. Com os avanços tecnológicos, o acesso rápido pelas mídias móveis e a grande democratização da internet nos Estados Unidos, muitos americanos acreditam no fim do jornal impresso dentro de alguns anos. Contudo, Sullivan (2012) mostra um relatório do país sobre os Meios de Comunicação, realizado em 2010, onde ao contrário do que é frequentemente debatido, os jornais impressos não perderam a importância midiática. No entanto, tiveram que investir em sua versão online e nas redes sociais para se manter e atrair novos públicos. Como fez o The New York Times, Los Angeles Times, The Wall Street Journal, The Washington Post, Chicago Tribune, e outros jornais impressos americanos. Embora o papel dos jornais no jornalismo pareça ser um tanto questionável, o conceito de formatos convergentes podem ajudar a salvar o campo do jornalismo impresso e impedir a palavra “morte”, e em geral, continuar a alimentar a dependência dos americanos sobre a mídia (SULLIVAN, 2012. p.17). Jenkins (2006), em seu livro “Cultura da Convergência” explica que a convergência não é tecnológica, mas sim antropológica e que uma mídia não substitui a outra, mas elas se mesclam para garantir que a informação chegue ao público. Essa estrutura se fortalece constantemente a partir da conversação dos conjuntos de instrumentos da comunicação, onde a busca pela interação entre o 20 consumidor e o produtor de conteúdo se estabelece de maneira inesperada e como prioridade. Ele diz que tem-se a convergência como um significante para os avanços tecnológicos que vão desde o âmbito cultural, até o suporte mercadológico, permitindo a transição de mensagens de maneira rápida, estratégica e instintiva, para que o consumidor busque novas informações e fortaleça a prática de diálogo entres diferentes suportes de mídias. Por convergência, refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam (JENKINS, 2006. p.29). Incentivados pelo desejo do consumo, a sociedade contemporânea vive cotidianamente a cultura da convergência, instaurando um período de ressignificação das mídias e dos meios de comunicação. Para Jenkins (2006), quando as empresas de comunicação falam em convergência, argumentam perderem espaço para um processo de substituição oriunda do crescimento tecnológico, onde as mídias online adquirem valor e se tornam um dos principais modos de se obter informação. Contudo, ao contrário do que se pensa, as mídias tradicionais não se extinguem por completo, elas passam por um processo de readequação, que permitirá que o conteúdo não fique vedado a apenas uma plataforma. Um processo comum presente na convergência é a facilidade que tem um único produto para circular em diferentes mídias e ainda atingir um público específico. Segundo Jenkins (2006), a conversão midiática permite que se introduza um conteúdo em vários outros meios, como forma de prender a atenção de consumidores. As velhas mídias usam um procedimento broadcasting, que se constitui em uma mensagem enviada sem um target definido, ou seja, não há um perfil de público estabelecido, o que ocasiona em um meio de produção de conteúdo que beira ao generalismo, onde tudo pode ser para todos. De acordo com Buonanno (2015), é característica da mídia televisiva — acredita-se que das demais mídias de massa também — o propósito de agrupar seu público formado por telespectadores diversificados, em uma massa de população espectadora configurada como heterogênea. As novas mídias, que surgiram ou migraram para o ambiente online, operam 21 em um sistema de narrowcasting, possuindo um nicho e conversando diretamente com seu público, produzindo um conteúdo totalmente segmentado de interesse particular e próprio de cada um, atravessando fronteiras e permitindo alcançar pessoas em diversos países. A convergência midiática altera a relação entre as próprias tecnologias que já estão propagadas e a maneira como estas se comportam diante da relação entre públicos. Graças à proliferação de canais e à portabilidade das novas tecnologias de informática e telecomunicações, estamos entrando numa era em que haverá mídias em todos os lugares. A convergência não é algo que vai acontecer um dia, quando tivermos banda larga suficiente ou quando descobrirmos a configuração correta dos aparelhos. Prontos ou não, já estamos vivendo numa cultura da convergência (JENKINS, 2006, p.43). Para Oyama (2013) é surpreendente a velocidade que as novas ferramentas tecnológicas estabeleceram-se nas redações e transformaram o processo de produção de notícias. Para a autora os avanços tecnológicos, como computadores e máquinas digitais, aumentam a produção, na mesma medida que diminuem os preços que envolvem a produção jornalística. A jornalista também ressalta a dependência destas ferramentas nas redações. Oyama (2013) afirma que o estabelecimento da internet como ferramenta de pesquisa e distribuição de notícia traz o desafio para a disseminação de conteúdos jornalísticos diante dos produtores de conteúdos amadores. “Se anteriormente o espaço era controlado pelas organizações jornalísticas, agora os utilizadores ganham espaço e também possibilidade de controlo (sic)” (OYAMA, 2013, p.14). Esta possibilidade da audiência produzir conteúdo e não apenas consumir, começa a romper a supremacia do emissor, o jornalista, sobre o receptor, público. No ambiente multimídia e interativo vivenciado na internet, o modelo que por muito tempo conduziu a comunicação tradicional passa por frequentes mudanças. Hoje, muitas mídias impressas, aderiram às novas tecnologias e estabeleceram-se nas plataformas online, visando prender a audiência com conteúdo multimídia publicado junto às matérias e reportagens. 2 O YOUTUBE E O FENÔMENO DA CULTURA PARTICIPATIVA 22 A plataforma de armazenamento e compartilhamento de vídeo YouTube foi arquitetada em uma garagem na cidade de São Francisco, Califórnia. A ideia de criar a plataforma foi de dois jovens amigos, Chad Hurley e Steve Chen, que trabalharam juntos na PayPal, empresa de pagamento e transferência de dinheiro via internet. A PayPal foi comprada pelo site eBay e, com isso, vários funcionários lucraram com a venda. Em 2005, os amigos se aliaram a Jawed Karim, um colega de trabalho. Os três sócios conheceram o executivo Roelof Botha na PayPal, que foi um dos primeiros e maiores patrocinadores do YouTube. Em entrevista à revista americana Fortune, Hurley, responsável pelo design da plataforma, contou como surgiu a ideia do projeto. “Estávamos em um jantar em janeiro de 2005, onde fizemos arquivos digitais. No dia seguinte, não conseguimos enviá-los por e-mail e demoramos muito para colocá-los na internet. Pensamos que deveria haver uma forma mais fácil de fazer isso”9.E foi em um jantar despretensioso que nasceu a ideia da plataforma para compartilhamentos de vídeos online. O YouTube foi criado no dia 15 de fevereiro de 2005, mas só após dois meses de existência na internet a plataforma disponibilizou uma versão aberta ao público. O primeiro vídeo publicado na rede foi feito pelo sócio Jawed Karim em uma visita ao zoológico onde mostrava as jaulas de elefantes. O vídeo está até hoje na plataforma e já conta com mais de 33 milhões de visualizações10. Quando o YouTube surgiu havia aproximadamente 280 plataformas parecidas. A diretora de marketing, Julia Supan, conta11 que o YouTube foi basicamente uma das últimas plataformas de compartilhamento de vídeo a surgir no mercado, mas, o que fez o YouTube conquistar seu público foi o jeito simples de carregar os arquivos. No YouTube o usuário não precisaria se preocupar com o Codec12 do vídeo, pois assim que o mesmo entra na plataforma é convertido e reproduzido em Flash. O sucesso da plataforma foi tanto que despertou o interesse da empresa Google, que por coincidência também nasceu em uma garagem no 9 Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,AA1306288-6174,00.html>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 10 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=jNQXAC9IVRw>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 11 Disponível em: <http://gizmodo.uol.com.br/inicio-historia-youtube/>. Acesso em 15 de outubro de 2016. 12 Codecs são programas utilizados para codificar e decodificar arquivos de mídia. Ou seja, eles compactam o formato original, favorecendo o armazenamento, e descompactam na hora da reprodução, transformando novamente em imagem ou áudio. http://gizmodo.uol.com.br/inicio-historia-youtube/ 23 estado da Califórnia. Figura 1 - Primeira versão do site YouTube no ano de 2005 Fonte: captura de tela do site Internet Archive Wayback Machine Jawed Karim destaca que no início da plataforma o serviço oferecido aos usuários era tão amador que as pessoas não podiam escolher qual vídeo gostariam de ver, o YouTube escolhia os vídeos para você aleatoriamente. Como a plataforma ainda era recente, existiam pouquíssimos vídeos disponíveis, fazendo com que eles passassem repetidamente. Em outubro de 2006, a plataforma de compartilhamento de vídeo foi vendida para o Google por U$ 1,65 bilhão em ações. De acordo com Jonathan Strickland13, o que levou o Google a se interessar pela plataforma que na época sofria dificuldades, já que era um startup recente e que apesar do sucesso não tinha muitos recursos para se manter no mercado, foi o vídeo de dois coreanos que dublavam uma música do Backstreet Boys14. A chefe do Google Vídeos, Susan Wojcicki, percebeu através do vídeo dos garotos coreanos que qualquer pessoa poderia produzir conteúdo para a internet. No dia 5 de janeiro de 2007, uma ação judicial ordenava que o YouTube fosse bloqueado, pois, um vídeo polêmico havia caído na rede. O conteúdo do vídeo mostrava carícias íntimas de uma apresentadora de televisão com o seu namorado em sua viagem de férias para uma praia espanhola. 13 Disponível em: <http://olhardigital.uol.com.br/noticia/relembre-a-historia-de-sucesso-do- youtube/33396>. Acesso em 9 de outubro de 2016. 14 Disponível em: <http://olhardigital.uol.com.br/noticia/este-e-o-video-que-convenceu-o-google-a- comprar-o-youtube/53485>. Acesso em: 24 de outubro de 2016. 24 Ao anunciar que a plataforma seria bloqueada, diversos brasileiros publicaram textos repudiando o fato em suas redes sociais. Naquele ano, já existiam muitos produtores de conteúdo nacionais no YouTube. Após quatro dias do comunicado, foi pronunciado que a plataforma não deveria ser mais bloqueada. No ano de 2008, dez horas de vídeos eram publicadas no YouTube por dia. Em outubro de 2009, o cofundador Chad Hurley afirmou que haviam acabado de atingir um bilhão de visualizações diárias na plataforma. Em 2005, só era permitido postar vídeos de no máximo 15 minutos e arquivos de 2GB, pois, a plataforma não possuía capacidade de armazenar arquivos mais pesados. No ano de 2009, o YouTube passou a permitir o envio de arquivo de 20 GB. Atualmente, o tamanho máximo de envios é de 128 GB. Figura 2 - Versão do site YouTube no ano de 2016 Fonte: Captura de tela do site Internet Archive Wayback Machine 2.1 A ascensão da plataforma YouTube Devido à sua popularização, o YouTube precisou se adaptar a dispositivos móveis para acompanhar a evolução da tecnologia e em junho de 2007 a plataforma disponibilizou sua versão para celular. Em 2008, dando continuidade às melhorias, foi alterado também o modo de exibição dos vídeos e os usuários puderam assistir conteúdos em alta definição. 25 Hoje, o YouTube possui mais de um bilhão de usuários15 o que, de acordo com as estatísticas levantadas anualmente pela própria plataforma, corresponde a quase um terço de todos os usuários da internet. Essas estatísticas mostram, também, que a versão mobile do YouTube, ou seja, a versão para celular, tablet e dispositivos móveis em geral, atinge mais adultos entre 18 e 49 anos do que qualquer rede de TV aberta ou por assinatura dos Estados Unidos. De acordo com a declaração da CEO do YouTube, Susan Wojcicki, feita durante a quarta edição da festa anual Brandcast16, durante o horário nobre, os vídeos da plataforma alcançam mais pessoas “do que todos os outros 10 maiores programas da televisão norte-americana combinados”. Um dado também anunciado pela CEO no mesmo evento, é que uma das maiores agências de publicidade do mundo, a Interpublic Group, pretende migrar o seu investimento em campanhas publicitárias de TV, cerca de US$ 250 milhões, para o YouTube nos próximos anos. Esses dados não comparam as visualizações com a audiência de programas específicos da televisão, mas as informações demonstram que é notável uma diminuição nos espectadores das emissoras de televisão e um crescimento do público das plataformas online. Porém, um dado que vale a pena ser ressaltado é a fala17 de Robert Kyncl, chefe de negócios do YouTube, sobre o primeiro livestream (transmissão ao vivo) feito inteiramente em gravação 360 graus, que capta todos os ângulos de uma cena, em parceria com o Coachella, um festival anual artístico- musical. "Durante o primeiro fim de semana (do festival), mais de 21 milhões de pessoas acessaram o YouTube para assistir o festival, quase o dobro de pessoas que ligaram a televisão para assistir a final do American Idol".18 De acordo com dados de uma reportagem do Canal Tech19, uma pesquisa encomendada pelo Business Insider20 à Sandvine21, em 2014, analisou todo o 15 Disponível em: <https://www.youtube.com/yt/press/pt-BR/statistics.html>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 16 Evento da empresa YouTube, de maio de 2016, em Nova Iorque (EUA), que reuniu 2.700 pessoas, entre anunciantes, criadores de conteúdo e profissionais do setor de vídeo online. 17 Disponível em: <https://www.youtube.com/user/coachella/featured>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 18 Disponível em: <http://canaltech.com.br/noticia/youtube/youtube-revela-que-sua-audiencia-e-maior- do-que-qualquer-emissora-de-tv-65171/>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 19 Disponível em: <http://canaltech.com.br/noticia/mobile/Facebook-e-YouTube-sao-responsaveis-por- 40-de-todo-o-trafego-mobile-de-dados/>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 20 Business Insider é um site de notícias nova-iorquino fundado em 2009. 21 Sandvine é uma empresa que disponibiliza soluções em controle de políticas de rede, que visam a segurança e a melhoria da qualidade da experiência dos usuários na internet. 26 tráfego online vindo de dispositivos móveis e concluiu que a rede social Facebook e a plataforma YouTube são responsáveispor cerca de 37% de todo o tráfego online, e, com isso, são os mais acessados do mundo. Apesar do Facebook vir em primeiro lugar com 19% dessa movimentação, o YouTube fica com 18% do total de visitas mundiais de pessoas que navegam na internet via mobile. As estatísticas presentes no próprio YouTube revelam que a plataforma possui versões locais em 88 países, o que corresponde a 76 idiomas distintos e abrangência de 95% dos usuários da internet. Tais dados indicam, ainda, um estudo sobre o uso da plataforma em dispositivos móveis. As informações também apontam para o fato de que quando um usuário assiste um vídeo através do mobile, ele permanece mais tempo no YouTube se comparado a indivíduos que assistem vídeos pelo computador. Uma sessão iniciada por um dispositivo móvel dura, em média, 40 minutos. Outra pesquisa, feita pela Alexa Internet Inc.22 e a SimilarWeb23, disponível no artigo de Tony Edward24, no site Search Engine Land25, mostra que o YouTube é a segunda maior fonte de busca na internet. Isso pode ser explicado, talvez, pela plataforma fazer parte do Google, que hoje é a principal ferramenta de busca online. O estudo indica também que o YouTube é o segundo site mais visitado no mundo, e recebe pesquisas sobre diversos temas, principalmente, vídeos com conteúdo que ensinam a fazer algo. Tal comportamento pode ser explicado pelo fato das pessoas acharem mais cômodo ver algo explicativo do que ler informação sobre o mesmo conteúdo. É importante ressaltar o crescimento da publicidade dentro da plataforma. As estatísticas publicadas pelo YouTube apontam que o número de canais que recebem valores equivalentes a seis dígitos, ou seja, U$ 100.000 por ano, cresce 50% ao ano. Esses valores se devem à frequente ascensão de vídeos e youtubers, com seus milhares de visualizações e inscritos. Em comparação ao cenário mundial, observa-se, também, através dos dados 22 Alexa Internet Inc. é um serviço que quantifica os usuários de internet que visitam um site específico. 23 SimilarWeb é uma empresa de tecnologia que realiza serviços de análise estatísticas na Internet. 24 Gerente de SEO Senior na agência de marketing digital Elite SEM, em Nova Iorque (EUA), e professor adjunto de Marketing de Pesquisa da NYU - Universidade de Nova Iorque. 25 Disponível em: <http://searchengineland.com/youtube-ranking-factors-getting-ranked-second-larges t-search-engine-225533>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 27 do site Top 1026, que os canais mais visualizados no mundo possuem vídeos com temas humorísticos, porém, alguns canais (dentre os mais visualizados no mundo) possuem vídeos com conteúdo informativo, como é o caso do canal Smosh, terceira colocação no ranking dos canais com mais inscritos em todo o YouTube, com 22.410.233 de inscritos, atualmente. Smosh é um canal com um programa feito exclusivamente para o YouTube, cujo conteúdo gira em torno de notícias dentro do universo de jogos eletrônicos, em geral. Uma característica que chama a atenção nesse canal é a forma como seus vídeos são produzidos, alguns deles se assemelham aos programas de TV em auditório, gravados ao vivo e contam com uma plateia e apresentadores que percorrem o cenário no decorrer do show, que é feito de forma descontraída e cômica para entreter o seu público composto, em grande parte, por jovens adolescentes. Em 2006, o YouTube foi eleito pela revista Time27 como a melhor invenção do ano por acompanhar três revoluções da internet: a primeira delas é a democratização da produção de vídeos através de equipamentos de fácil acesso e custo baixo; a segunda é o desenvolvimento da Web 2.0, termo utilizado pela primeira vez em 2004 pelo empresário Tim O’Reilly, fundador da O'Reilly Media, em uma conferência de tecnologia. A versão 2.0, considerada a segunda geração da internet, trouxe ao internauta a possibilidade de compartilhar conteúdo e interagir com outros usuários, transformando a internet em um espaço comunitário. “Se na primeira geração da Web os sites eram trabalhados como unidades isoladas, passa- se agora para uma estrutura integrada de funcionalidades e conteúdo” (PRIMO, 2007. p.02). Já a terceira revolução refere-se às mudanças culturais, quando o espectador tem a possibilidade de escolher o que deseja consumir, não se limitando à programação oferecida pela televisão aberta, por exemplo. No Brasil, uma reportagem da Revista Exame de julho de 2014, intitulada: “YouTube afirma que Brasil é o segundo país em consumo de vídeos do portal”28, diz que a gerente de parcerias estratégicas do YouTube, Amy Singer, afirmou no 9º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo “que os brasileiros formam o 26 Disponível em: <http://top10mais.org/top-10-canais-com-mais-inscricoes-no-youtube/#ixzz4K37qM JTG>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 27 Disponível em: <http://content.time.com/time/specials/packages/0,28757,1939342,00.html?iid=sr- link1>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 28 Disponível em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/youtube-afirma-que-brasileiros-sao-m aiores-consumidores-de-videos-no-portal>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 28 segundo mercado consumidor de vídeos na internet, o que mostra um fortalecimento do mercado online no país”. Apesar de não dar detalhes numéricos em relação à quantidade de acesso no Brasil, Singer disse que, mundialmente, cerca de 100 horas de produções em vídeo são enviadas, por minuto, para o YouTube. Ainda de acordo com Singer, esse dado vem ganhando mais força devido aos canais informativos, de notícia, que fazem parcerias com a plataforma e produzem conteúdos próprios para o YouTube. 2.2 O vídeo no YouTube: do upload ao play O processo de postagem dos vídeos é um fator fundamental quando pensa- se no YouTube. Este, que vai do upload a indexação do conteúdo na plataforma, possui algumas peculiaridades que devem ser observadas. Quando se faz o upload de um vídeo no YouTube é necessário escolher o título, escrever uma descrição, associá-lo às palavras-chave (tags) e classificar o vídeo em uma das categorias existentes na plataforma. São através destas informações, do número de cliques e do rating29 que os vídeos são organizados e posicionados na página de buscas do YouTube, que é o segundo maior buscador do mundo, como já se disse. Os títulos dos vídeos, usualmente, possuem de 3 a 6 palavras. Nele é importante mesclar expressões de uso comum e também específicas para ajudar na filtragem de resultados. Isso se dá porque, quando termos técnicos e coloquiais estão presentes no título, o vídeo consegue atrair tanto leigos, quanto pessoas que já conhecem o assunto. Logo, o vídeo estará melhor posicionado durante uma busca. No texto descritivo de cada vídeo, Costa (2011) explica que apenas os 120 caracteres iniciais são exibidos durante uma busca. Logo, o que for mais relevante deve ser exposto no começo da descrição, para que o internauta compreenda o conteúdo do vídeo quando estiver pesquisando determinado conteúdo. Nela é possível colocar links externos, por isso, muitos a utilizam para divulgar as redes sociais, posts, artigos etc. A descrição pode ter no máximo 5.000 caracteres, limite estabelecido pela própria plataforma. Neste espaço é convencional a utilização de 29 Rating refere-se à classificação do vídeo feita automaticamente pelo YouTube, levando em consideração a qualidade e o número de likes e dislikes. 29 uma linguagem simples. Já as tags funcionam como rótulos que descrevem em apenas uma palavra, ou expressão, o conteúdo de cada vídeo. O usuário pode utilizar até 20 palavras- chave que vão agrupar vídeos que possuem conteúdos semelhantes. Logo é importante otimizar as tags utilizadas para que o vídeo não fique classificadono lugar errado. O principal método de filtragem dos vídeos são as categorias. Estas já são pré-definidas e o utilizador pode escolher apenas uma categoria por vídeo. As categorias disponíveis pelo YouTube são: animais, ciência e tecnologia, educação, entretenimento, esportes, filmes, desenhos, humor, instruções, estilo, música, notícias, política, pessoas, blogs, veículos, viagens e eventos. Serrano (2008) explica que “a exploração mais apropriada da produção audiovisual publicada no YouTube se deu a partir do desenvolvimento de um método de categorização que considera essencialmente a estética de produção de cada vídeo e o público originalmente destinado a receber o conteúdo” (SERRANO, 2008, p.06). Serrano (2008), categoriza os vídeos do YouTube entre aqueles produzidos exclusivamente para a plataforma e vídeos provenientes de outras mídias que foram postados no YouTube. Segundo o autor, os vídeos produzidos diretamente para o YouTube estão segmentados em três grupos: vídeos pessoais, que consistem em produções de conteúdo que envolvam atividades particulares dos usuários, como opinião e comportamento, homenagens, acidentes domésticos, costumes etc.; “vídeos independentes”, que compreendem videoclipes ou musicais, paródias, instruções, animações, entre outros vídeos que abstém-se de conteúdos pessoais; e “vídeos publicitários”, que pretendem anunciar um produto ou marca de forma interativa e muitas vezes divertida, gerando muitas visualizações. Já os vídeos originados de outras mídias, ou seja, todo conteúdo postado no YouTube não produzido para o mesmo, dividem-se em: conteúdos televisivos, como novelas, seriados, matérias jornalísticas e outros; produções cinematográficas, como filmes e documentários; vídeos de apresentações teatrais; música, como videoclipes e trechos de shows; tutoriais e vídeos ilustrativos de jogos de computador e videogames; e artes plásticas, como vídeos de exibições de obras de arte. Essa divisão feita pelo autor busca categorizar o conteúdo postado na plataforma considerando a forma de produção do vídeo, e não apenas o tema nele abordado. 30 É preciso criar uma conta no Gmail para fazer parte da rede de usuários do YouTube. Após ser comprado pelo Google, em 2006, tornou-se obrigatório ter uma conta Gmail para fazer o login na plataforma. A conta Gmail permite que o usuário se manifeste no YouTube por meio de curtidas, comentários, uploads e inscrições nos canais. Sem uma conta ativa no Google o usuário não tem presença pública na plataforma. Ou seja, não consegue realizar as tarefas mencionadas acima. Para os “participantes” da plataforma (pessoas que entram e assistem vídeos, mas não tem uma conta para realizar outras manifestações dentro do YouTube, como curtir, comentar, fazer upload e assinaturas) é impossível se expressar na plataforma, uma vez que para isso é preciso estar cadastrado na rede de usuários por uma conta Gmail. A partir do que o consumidor de conteúdo visualiza na plataforma, o YouTube sugere canais que possam interessá-lo. Se o usuário assiste vídeos de moda, tecnologia, culinária, entre outros temas disponíveis na rede, a plataforma passa a sugerir canais relacionados a esses assuntos com o passar do tempo. Para fornecer serviços mais claros e satisfatórios aos usuários da plataforma, o YouTube disponibiliza o botão “inscrever-se”, em todos os canais. Quando o usuário se inscreve em um canal, instantaneamente aparece uma janela informando que a partir daquele momento o usuário passará a receber notificações da plataforma. Essas notificações são enviadas ao usuário informando-o quando um vídeo é postado no canal assinado. Essa estratégia adotada pelo YouTube é uma forma já muito utilizada por outras plataformas para melhorar a experiência do assinante e persuadi-lo a visitar com mais frequência, instigando-o, através do e-mail ou de notificações nos dispositivos móveis, a consumir o conteúdo assinado. As assinaturas nos canais do YouTube são uma forma do usuário personalizar a conta e manter-se atento aos vídeos e conteúdos postados na plataforma. No livro YouTube e a Revolução Digital, os autores Burgess e Green (2009) citam Jawed Karim, cofundador do YouTube, que comenta que o sucesso do YouTube se baseia em quatro recursos que estão presentes na plataforma: Recomendações de vídeos por meio da lista de “Vídeos Relacionados”, um link de e-mail que permite o compartilhamento de vídeos, comentários (e outras funcionalidades interessantes a redes sociais) e um produtor de vídeo que pode ser incorporado em outras páginas da Internet (BURGESS e GREEN, 2009, p.19). 31 Ao fazer upload dos vídeos no YouTube os arquivos devem estar, necessariamente, em um dos seguintes formatos: MOV, MPEG4, AVI, WMV, MPEGPS, FLV, 3GPP ou WebM. O YouTube converte todos os arquivos recebidos para o formato Adobe Flash, que tem a extensão de arquivo “.flv”. Essa extensão tem algumas vantagens sobre outros programas, como, por exemplo, aumentar a taxa de compressão dos arquivos, quando carregados, levando a uma otimização do tempo de espera para conclusão do upload na plataforma. Os usuários do YouTube podem interagir um com os outros deixando comentários individuais, só para o dono do canal no modo privado, ou publicamente. Porém, alguns usuários da plataforma começaram a utilizar essas ferramentas para enviar spam e provocar outros usuários através de comentários maldosos, sendo necessário a plataforma intervir nessas atividades criando a opção bloquear conta. Essa opção impede que usuários bloqueados visualizem ou interajam com o usuário que o bloqueou. O YouTube tem algumas regras que os usuários devem seguir, como, por exemplo, é proibido postar vídeos pornográficos, conteúdos com sexo explícito, violência gráfica, nudez frontal, vídeos que violam as leis dos direitos autorais, vídeos com discursos de raiva contra temas, como religião, sexo etc. Se o YouTube receber denúncia de um vídeo e se certificar de que o arquivo viola uma das suas políticas, o vídeo é removido da rede e é enviado uma advertência ao criador do conteúdo. Caso as medidas tomadas não resolvam o problema, ou seja, o portador da conta continue reproduzindo conteúdo impróprio, o YouTube remove a conta do usuário da plataforma. As penalizações em casos de violação dos direitos autorais podem variar desde a retirada do Adsense dos vídeos, isto é, a monetização ao longo do conteúdo, e até a retirada do áudio. 2.3 A democratização da produção audiovisual no YouTube Um produto audiovisual profissional desenvolvido pelas grandes indústrias culturais inclui em seu orçamento a pré-produção, filmagem, pós-produção, divulgação e distribuição. Para isso, elas envolvem profissionais de diversas áreas, equipamentos tecnológicos de alto custo e gastos com publicidade, acarretando em uma produção complexa e cara. Por isso, durante muito tempo, essas empresas detiveram todo o poder de comunicação. O YouTube surge como uma plataforma 32 digital de fácil manuseio, gratuita e capaz de armazenar e organizar vídeos. A criação da plataforma foi um alicerce para a democratização da produção e divulgação de conteúdos audiovisuais e informações. A partir do acesso facilitado à internet de banda larga e a equipamentos de baixo custo e de tecnologia avançada, como webcams, câmeras digitais, notebooks e smartphones, uma única pessoa é capaz de criar o roteiro, gravar, editar, publicar e divulgar o seu vídeo. O YouTube oferece o espaço, a autonomia e voz ao criador para disseminar o seu conteúdo. Assim, a plataforma torna-se um lugar privilegiado para produções amadoras, caseiras e/ou independentes. Nela é possível encontrar desde vídeos de baixíssima qualidade até produções profissionais. No ano de 2009, o YouTube passou a monetizar os vídeos e o produtor de conteúdo ganhou a possibilidade degerar renda através das visualizações. Para ativar essa função, o usuário deve se cadastrar no Google Adsense, um programa de afiliados em que os donos dos canais disponibilizam um espaço em seu canal para a divulgação de propagandas. Além das propagandas da própria plataforma, ao compartilhar ou dar like em um vídeo, o público aumenta o valor do conteúdo publicado, atraindo o interesse de agências publicitárias e seus clientes. Na aba canal, o YouTube oferece ao usuário as estatísticas dos seus vídeos, com informações como quais foram as publicações mais vistas, por quanto tempo o usuário permaneceu na página, em qual país e estado ele foi mais acessado, se o seu público é em sua maioria feminino ou masculino, a idade deles, a origem do tráfego, facilitando para o dono do canal observar a sua audiência e do que ela gosta. Essa característica de monitoramento do comportamento dos usuários é extremamente valiosa para os anunciantes, e muito mais fácil de ser feita do que nos esquemas radiodifusores, pois o feedback é imediato; torna-se, por tais razões, um espaço onde os investidores interessam-se em aplicar recursos, o que resulta em uma nova economia audiovisual (MEILI, 2011, p.09). Nesse contexto surgem os pro-ams, termo usado pelo jornalista e teórico Charles Leadbeater (2004), citado por Meili (2011), para definir entusiastas que transitam entre o universo amador e profissional, ou seja, criam algo voluntariamente, motivados por desejos e ideologias pessoais, mas com propriedade de conhecimento na área em que escolheram atuar. A principal forma de conceituar 33 o posicionamento do YouTube frente aos vídeos, tem a ver com a cultura participativa, em que o conteúdo é gerido pela comunidade (BURGESS e GREEN, 2009). “O YouTube sempre direcionou seus serviços para o compartilhamento de conteúdo, incluindo o compartilhamento de conteúdo comum e amador, em vez de disponibilizar vídeos em alta qualidade” (p.22). Assim, o youtuber se faz como membro principal da plataforma, papel reconhecido e essencial para a atualização frequente do meio. O fenômeno da cultura participativa consiste na interação entre produtor de conteúdo e o consumidor, sem a segregação dos papéis de um e de outro. A expressão cultura participativa contrasta com noções mais antigas sobre a passividade dos espectadores dos meios de comunicação. Em vez de falar sobre produtores e consumidores de mídia como ocupantes de papéis separados, podemos agora considerá-los como participantes interagindo de acordo com um novo conjunto de regras, que nenhum de nós entende por completo (JENKINS, 2006. p. 30) Visto que os youtubers são capazes de influenciar o seu público, grandes mídias tradicionais abriram espaço em suas grades para eles. Essas celebridades do universo online tornam-se fontes constantes para reportagens em telejornais e programas informativos. O canal fechado Multishow, por exemplo, leva toda semana ao seu programa TVZ uma celebridade do universo jovem para apresentar uma playlist30 de música e interagir com a audiência via Twitter (SANT'ANNA e FILHO, 2010) explicam que "essa rebeldia em tomar as rédeas da mídia (mesmo que, afinal, deseje ou acabe sendo absorvido pela mídia tradicional) é vista como mais uma prova do poder democrático da Web 2.0" (p.03). Já para Keen (2009) essa democratização de produção de conteúdo teve como consequência a mediocridade e até mesmo a banalização da cultura. Segundo o autor, profissionais de área específicas, como jornalismo, música, edição, vêm sendo substituídos gradativamente por esses personagens. Para ele, há uma banalização do papel da informação, que deveria prezar pela veracidade. “Amador é quem cultiva um hobby, podendo ser culto ou não, alguém que não ganha a vida com seu campo de interesse, um leigo a quem faltam credenciais” (KEEN, 2009, p.38). Burgess e Green (2009) criticam essas distinções entre o conteúdo amador e 30 Playlist é uma lista de conteúdo midiático, seja de vídeo ou áudio, já pré-formatada para ser reproduzida em sequência ou em ordem aleatória. 34 profissional no YouTube, já que, para eles o que deve ser observado são as mudanças culturais de participação. O conteúdo circula e é utilizado no YouTube sem preocupações quanto a sua origem - ele é valorizado e gera envolvimento de modos específicos de acordo com o seu gênero e seus usos dentro do site, assim como sua relevância na vida de outros usuários, e não pelo fato de seu upload ter sido feito por um estúdio de Hollywood, uma empresa de web TV ou por um videoblogueiro amador (BURGESS e GREEN, 2009, p. 83). Com a ascensão do mobile e os constantes avanços tecnológicos, já comentados anteriormente, aumenta-se a possibilidade de obter um conteúdo audiovisual gravado em alta qualidade apenas utilizando um telefone móvel. A convergência digital foi um marco importante para a formação da geração mobile que, nos dias de hoje, utiliza o celular para fazer ligações, acessar a internet, tirar fotos e gravar vídeos. Para Cunha (2009), após a sociedade passar pela experiência do uso do smartphone para fins que vão além de chamadas telefônicas, tornou-se notório a percepção e a descoberta das múltiplas funcionalidades do celular. A convergência digital é o que permitiu ao celular contemporâneo se tornar mais do que apenas um telefone móvel. [...] O processo de convergência permite a possibilidade de modificação das relações entre o campo da produção e da recepção, por meio do uso de dispositivos cada vez mais compactos e capazes de realizar diversas funções, seja para uso privado ou profissional (CUNHA, 2008, p.05). O usuário, ao navegar pela internet consegue, a partir de experiências pessoais com as próprias ferramentas tecnológicas (computador desktop, o notebook, o tablet, ou o smartphone) e com o uso de softwares e sites, aumentar sua capacidade de criação e expansão de ideias através do meio online. A plataforma YouTube está ao alcance de todos e se configura como a maior disseminadora de conteúdo audiovisual da atualidade, e tudo isso se deve as suas funcionalidades. Para Meili (2011), é indiscutível a possibilidade de alcance de um vídeo no YouTube. Seja ele amador ou profissional, é possível que seja visto por milhões de pessoas. Grande parte dos usuários buscam se estabilizar como produtores de conteúdos na plataforma através de ferramentas técnicas de produção audiovisual, de branding31, de conhecimentos sobre a plataforma, além de outros fatores que 31 Gestão de marcas. 35 acarretará mais visualizações do seu conteúdo. Cada usuário do YouTube que atua como produtor de conteúdo, ao gravar um vídeo, precisa ter em mente que vai direcionar sua fala para um público específico e levar em consideração a forma como sua mensagem vai ser transmitida em seu vídeo, levando uma maior compreensão do seu enunciado, ou seja, é necessário estabelecer uma linguagem que se aproxima daquela que o público utiliza. Atualmente, o usuário possui o controle sobre o que vai consumir de informação na internet. Com isso, é preciso que o produtor de conteúdo esteja alinhado com o seu público para buscar entender sempre o que estas pessoas estão discutindo e o que é válido abordar e apresentar como conteúdo para eles. “A interatividade traz à tona uma nova forma de consumo dos conteúdos comunicacionais e, ao mesmo tempo, surge como uma nova forma de laços entre as pessoas” (MARTINS, 2008. p.67). Diferente da experiência diante de um conteúdo produzido para televisão, o usuário que opta por assistir um vídeo online se permite vivenciar uma comunicação interpessoal. Para Burgess e Green (2009), os vídeos produzidos para a internet utilizam técnicas simples de edição e produção – contando muitas vezes apenascom uma webcam – e possuem uma linguagem direta, que permite o produtor de conteúdo conversar diretamente com o seu público. Grandes canais no YouTube utilizam uma linguagem que é condizente com o tema a ser tratado no próprio vídeo e com a identidade do canal. Através de recursos e linguagens características dos próprios canais, é perceptível que estes vão adquirindo sucesso embasado naquilo que produzem na internet. O Porta dos Fundos, por exemplo, canal de esquetes voltado para o humor, usa termos coloquiais presentes no cotidiano do público-alvo em seus vídeos, essa ação que aproxima o produtor de conteúdo do espectador cativando-o. Devido ao grande sucesso do canal, que envolve uma equipe de profissionais, o Porta dos Fundos assinou um contrato de parceria com a Fox Brasil, que permitiu a migração do conteúdo online do canal para a televisão sem grandes alterações na linguagem, formato e modo de produção dos seus vídeos para o YouTube. Buscando contribuir para a formação de novos produtores de conteúdo para o YouTube, a plataforma desenvolveu um espaço que contribui para que os usuários possam aprimorar suas noções de produção e pós-produção audiovisual. O “Centro de Criação do YouTube” é um site dentro de uma outra plataforma que permite aos usuários pesquisar e compartilhar dicas e recursos para aprimorar suas experiências 36 com o público e com a plataforma. Com a promessa de acompanhar o crescimento do canal dos usuários, a “Escola para Criadores do YouTube” apresenta uma sequência de aulas em tópicos que vão desde a criação do canal até o momento que ele conquista mais de 100 mil inscritos, com aulas sobre o planejamento e publicação dos vídeos, direitos autorais e de estímulo à criatividade etc. Além disso, a plataforma ainda traz dicas para gerar receita com a plataforma. Sua distribuição gratuita permite propagar ainda mais os ensinamentos sobre produção de conteúdo, validando ainda mais o conceito de comunicação participativa, qualificando os usuários para tal. 3 DO MÉTODO À ANÁLISE 3.1 Metodologia O objetivo desta pesquisa é perceber como a plataforma YouTube está sendo usada como uma possível alternativa para a produção de conteúdo online pelos jornais impressos. A hipótese é de que os veículos a utilizam como forma de atingir um público mais jovem e nativo da era digital. A pesquisa até aqui foi divida em dois capítulos. No primeiro, realizou-se uma contextualização do atual cenário do jornalismo impresso no Brasil. Como foi observado, a crise do jornalismo impresso intensificou-se após o advento da internet, o que fez com que diversos veículos buscassem se adaptar às novas formas de distribuir notícias e, assim, surgiu um processo de convergência para as mídias online. No segundo capítulo foi observada a presença da plataforma YouTube no universo digital contemporâneo, seu surgimento, suas funções e o seu papel como protagonista de uma cultura participativa (BURGESS E GREEN, 2009). Após a revisão bibliográfica o próximo passo foi definir os canais do YouTube dos impressos que seriam analisados. Tomou-se por base os dados fornecidos pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC), que mapeia a circulação média diária de veículos impressos e digitais, divulgados pela Associação Nacional de Jornais (ANJ),32 referentes ao ano de 2015. Na tabela abaixo, estão os 10 jornais com maior circulação, sendo o jornal mineiro Super Notícia, com circulação média de 249.297 jornais por dia, o jornal 32 Disponível em: <http://www.anj.org.br/maiores-jornais-do-brasil/>. Acesso em: 22 de março de 2017. 37 brasileiro com o maior número de vendas. TABELA 1 - Os 10 maiores jornais do Brasil de circulação paga no ano de 2015 Ranking Jornal UF Média de circulação por dia 1 SUPER NOTÍCIA MG 249.297 2 O GLOBO RJ 193.079 3 FOLHA DE S. PAULO SP 189.254 4 O ESTADO DE S.PAULO SP 157.761 5 DAQUI GO 153.049 6 ZERO HORA RS 152.573 7 DIÁRIO GAÚCHO RS 148.547 8 EXTRA RJ 136.831 9 CORREIO DO POVO RS 102.335 10 MEIA HORA RJ 96.138 Fonte: tabela criada pelos autores desta pesquisa com base em dados disponíveis no site da ANJ Após a observação desse ranking, optou-se por escolher como corpus os canais do YouTube dos três jornais com maior circulação no país. Assim, inicialmente, foi definido que os três jornais escolhidos para a análise seriam Super Notícia, O Globo e Folha de S. Paulo. Em um segundo momento, partiu-se para uma primeira observação dos canais no YouTube desses veículos. Constatou-se que apesar de o Super Notícia ser o jornal de maior circulação diária no país, de acordo com o último dado disponível pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC), ele não possui um canal no YouTube, e não é um jornal de abrangência nacional, como O Globo e a Folha de S. Paulo são. Portanto, ele foi substituído neste estudo pelo jornal O Estado de S. Paulo, o 4° veículo com maior circulação. Após essa primeira alteração, percebeu-se também que dentre os veículos escolhidos para análise (O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo) o jornal O Globo não atenderia aos propósitos da pesquisa, apesar de possuir dois canais na plataforma YouTube. Um dos canais possui quase 5 mil inscritos33 e mais de 1 milhão de visualizações, porém, não é atualizado há dois anos. O outro canal 33 Disponível em: <https://www.youtube.com/user/jornaloglobo>. Acesso em 23 de abril de 2017. 38 tem pouco mais de 500 seguidores34 e mais de 100 mil visualizações, embora seja menor, ele é atualizado, porém, com frequência irregular. Os vídeos publicados possuem intervalos de meses. Mesmo que o jornal O Globo se encaixe nos demais critérios (estar entre os jornais com maior tiragem do país, ser de abrangência nacional e possuir um canal no YouTube) optou-se por retirá-lo desta análise devido ao fato de seus canais não possuírem atividade frequente no YouTube. Com a retirada do jornal O Globo da análise, optou-se por observar apenas os canais dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, modificando o recorte inicial de três para dois canais no YouTube. O canal no YouTube da Folha de S. Paulo, o TV Folha, possui mais de 137 mil inscritos35 e cerca de 50 milhões de visualizações. Seu conteúdo é distribuído de forma organizada, os vídeos são publicados todos os dias úteis da semana e são divididos e atualizados em playlists, ou seja, em listas de vídeos separadas por assuntos e temas. É possível encontrar playlists com temas bem específicos, como o Carnaval, o Enem e também há aquelas pertencentes às categorias mais amplas, como política e economia. FIGURA 3 - Imagem do canal do jornal Folha de S. Paulo no YouTube, escolhido para análise 34 Disponível em: <https://www.youtube.com/channel/UCaOWCztNYxSwrqY9Ca19B4Q/feed>. Acesso em 23 de abril de 2017. 35 Disponível em: <https://www.youtube.com/user/Folha>. Acesso em 10 de março de 2017. 39 Fonte: captura de tela do YouTube O Estado de S. Paulo possui dois canais ativos na plataforma, o Núcleo Multimídia Estadão36, que é um canal com mais de 17 mil inscritos e cerca de 6 milhões de visualizações, e o TV Estadão, com mais de 90 mil inscritos37 e cerca de 31 milhões de visualizações. O primeiro canal é um meio utilizado pelo próprio veículo apenas para divulgar vídeos de declarações de vítimas, réus, testemunhas de crimes, vídeos com conteúdo de investigações e outros semelhantes. Já o TV Estadão é o canal em que o jornal investe na produção de conteúdo. Nele, há uma atualização de segunda a sexta, sempre às 16 horas, como é descrito no próprio canal. Os vídeos também são divididos em playlists de conteúdo, semelhante ao canal da TV Folha, com temas sobre viagens, gastronomia,
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