Buscar

O YOUTUBE COMO ALTERNATIVA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 111 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 111 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 111 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS 
Faculdade de Comunicação e Artes - Jornalismo 
 
 
 
 
 
 
Ana Carolina Dias Oliveira Silva 
Ana Clara Carvalho da Silva 
Bruce Willian Lourenço Nascimento 
Cecilia Bohrer Oliveira Martins 
Cynthia Nogueira Pereira 
Daiane do Carmo 
Karoliny Francielle Alvarenga Silva 
 
 
 
 
 
 
 
O YOUTUBE COMO ALTERNATIVA PARA A PRODUÇÃO DE CONTEÚDO 
INFORMATIVO: um estudo dos canais da Folha de S. Paulo e do O Estado de 
S. Paulo 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2017 
 
Ana Carolina Dias Oliveira Silva 
Ana Clara Carvalho da Silva 
Bruce Willian Lourenço Nascimento 
Cecilia Bohrer Oliveira Martins 
Cynthia Nogueira Pereira 
Daiane do Carmo 
Karoliny Francielle Alvarenga Silva 
 
 
 
 
O YOUTUBE COMO ALTERNATIVA PARA A PRODUÇÃO DE CONTEÚDO 
INFORMATIVO: um estudo dos canais da Folha de S. Paulo e do O Estado de 
S. Paulo 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado à 
Pontifícia Universidade Católica de Minas 
Gerais, como requisito parcial para obtenção 
do título de Bacharel em Jornalismo. 
 
Orientadora: Professora Viviane Maia M. 
Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Belo Horizonte 
2017 
 
RESUMO 
 
A partir da crise vivenciada nos últimos anos pelo jornalismo impresso, a pesquisa 
buscou entender o modo como alguns veículos de mídia impressa utilizam o 
YouTube como parte das suas estratégias para ganhar audiência, não só de seus 
leitores tradicionais, mas, também, como forma de conquistar o público jovem, que 
consome conteúdo, principalmente, via internet. A pesquisa está estruturada em três 
capítulos. O primeiro analisa o cenário da crise do jornalismo impresso, o processo 
de convergência das mídias para o ambiente digital e as novas possibilidades de 
criação de conteúdo, sobretudo a partir de Jenkins (2006). O segundo capítulo 
discute a criação e a evolução da plataforma de compartilhamento de vídeos 
YouTube, seu modo de funcionamento e como ele foi responsável pelo surgimento 
de uma cultura participativa, sobretudo a partir das ideias de Burgess e Green 
(2009). No terceiro capítulo foi feita, a partir da perspectiva da análise de conteúdo 
de Bardin (2004), uma análise de natureza quantitativa e qualitativa dos canais do 
YouTube de dois dos principais jornais em circulação no país, a saber: Folha de S. 
Paulo e O Estado de S. Paulo. A pesquisa apontou que os canais TV Folha e TV 
Estadão estão investindo na produção audiovisual, utilizando majoritariamente em 
suas produções sujeitos mediadores, linguagem e estilo que buscam dialogar com o 
público jovem. 
 
Palavras-chave: crise do Jornalismo impresso; convergência midiática; jornalismo 
online; YouTube. 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
FIGURA 1 - Primeira versão do site YouTube no ano de 2005 …..……..…..……… 23 
FIGURA 2 - Versão do site YouTube no ano de 2016 .…..…………..………........… 24 
FIGURA 3 - Imagem do canal do jornal Folha de S. Paulo no YouTube, escolhido 
para análise .…..……………………………………………………..………………….… 38 
FIGURA 4 - Imagem do canal do jornal O Estado de S. Paulo no YouTube, escolhido 
para análise .…..……………………………………………………..………………….… 39 
FIGURA 5 - Trecho do vídeo “A Antártida vista de um drone - Tudo sobre #1” que 
mostra quatro brasileiros atravessando a Antártida de barco …..........................…. 59 
FIGURA 6 - Trecho do vídeo “Kleber Atalla, o Tiozão, percorre São Paulo em vídeo 
360º” que mostra o recurso lettering …………………..........................................…. 60 
FIGURA 7 - Trecho do vídeo “Kleber Atalla, o Tiozão, percorre São Paulo em vídeo 
360º” mostra a ferramenta do YouTube que permite alterar o ângulo de 
visualização …….……………................................................................................… 61 
FIGURA 8 - Trecho do vídeo “Entenda a operação Carne fraca - Folha Explica #5” 
com o mediador Ângelo Dias ……………………...............................................….... 62 
FIGURA 9 - Trecho do vídeo “Entenda a operação Carne fraca - Folha Explica 
#5” ............................................................................................................................ 62 
FIGURA 10 – Trecho do vídeo “Entenda a operação Carne fraca - Folha Explica 
#5” com infográficos ……………............................................................................... 64 
FIGURA 11 - Trecho do vídeo “Tesouro Direto #1 - O que é e como investir - Meu 
Dinheiro #7” com o ator Tom Hanks .................................................................….... 65 
FIGURA 12 - Trecho do vídeo “Tesouro Direto #1 - O que é e como investir - Meu 
Dinheiro #7” ….......................................................................................................... 66 
FIGURA 13 - Trecho do vídeo “Tesouro Direto #1 - O que é e como investir - Meu 
Dinheiro #7” com infográfico ….….......................................................……………... 67 
FIGURA 14 - Trecho do vídeo “Os desafios de transposição do São Francisco #1” 
em que aparece o mediador Fabio Victor ……..….…...............................………..... 69 
FIGURA 15 - Trecho do vídeo “Os desafios de transposição do São Francisco #1” 
com a legenda mostrada antes da pichação aparecer no vídeo ….…………........... 70 
FIGURA 16 - Trecho do vídeo “Os desafios de transposição do São Francisco #1” 
com a imagem da pichação ...................................................................................... 70 
FIGURA 17 - Trecho do vídeo “Os desafios de transposição do São Francisco #1” 
 
com a legenda mostrada após aparecer a pichação no vídeo ................................. 71 
FIGURA 18- Trecho do vídeo “Entenda a crise do Rio de Janeiro” com o ator Tom 
Cruise ....................................................................................................................... 83 
FIGURA 19 - Trecho do vídeo “Entenda a crise do Rio de Janeiro” com dados de um 
infográfico ................................................................................................................. 84 
FIGURA 20 - Trecho do debate “Estadão Discute: O avanço da direita na América 
Latina” que mostra o plano geral usado na construção do vídeo ............................. 85 
FIGURA 21 - Trecho do vídeo “Fãs acampam há 6 meses para o show do Justin 
Bieber” mostrando os fãs cantando uma música do cantor ..................................... 87 
FIGURA 22 - Trecho do vídeo “Veja Lula no banco dos réus da lava-jato” que mostra 
o plano utilizado para a gravação ............................................................................. 88 
FIGURA 23 – Trecho do vídeo “Lado A e Lado B: reforma da previdência e lista do 
Janot” em que mostra o estilo dos apresentadores gêmeos do quadro do 
Estadão .................................................................................................................... 89 
FIGURA 24 - Trecho do vídeo “Lado A e Lado B: reforma da previdência e lista do 
Janot” em que mostra as inserções de imagem que acontecem ao longo do 
vídeo …..................................................................................................................... 89 
Figura 25 - Mediadores jovens da TV Estadão e TV folha em quadro ..................... 94 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
TABELA 1 - Os 10 maiores jornais do Brasil de circulação paga no ano de 2015 .. 37 
TABELA 2 - Vídeos mais visualizados de cada playlist do canal TV Estadão durante 
o mês de março/2017 ………………………………………………...................…....… 42 
TABELA 3 - Vídeos mais visualizados de cada playlist do canal TV Folha durante o 
mês de março/2017 ……………………….....................................……………..……. 43 
TABELA 4 - 10 vídeos mais visualizados em março de 2017 na TV Folha .....……. 52 
TABELA 5 - 10 vídeos menos visualizados em março de 2017 na TV Folha …...... 54 
TABELA 6 - 10 vídeos com mais likes em marçode 2017 na TV Folha ….….......... 55 
TABELA 7 - 10 vídeos com mais dislikes em março de 2017 na TV Folha ……...... 56 
TABELA 8 - 10 vídeos com mais comentários em março de 2017 na TV Folha ..... 57 
TABELA 9 - 10 vídeos mais visualizados em março de 2017 na TV Estadão …..... 77 
TABELA 10 - 10 vídeos menos visualizados em março de 2017 na TV Estadão .... 78 
TABELA 11 - 10 vídeos com mais likes em março de 2017 na TV Estadão …….... 79 
TABELA 12 - 10 vídeos com mais dislikes em março de 2017 na TV Estadão …… 80 
TABELA 13 - 10 vídeos com mais comentários em março de 2017 na TV 
Estadão .................................................................................................................... 81 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
GRÁFICO 1 - Comparação das tiragens diárias entre os jornais Folha de S. Paulo e 
Super Notícia no ano de 2015 ……………………………………….....................…....15 
GRÁFICO 2 - Dados de circulação dos maiores jornais do país ..……………......….17 
GRÁFICO 3 - Vídeos publicados por playlists pela TV Folha no mês de março de 
2017………………………………………………………………………………………….49 
GRÁFICO 4 - Duração dos vídeos publicados pela TV Folha no mês de março de 
2017………………………………………………………………………………………….50 
GRÁFICO 5 - Vídeos publicados por playlists pela TV Estadão no mês de março de 
2017………………………………………………………………………………………….75 
GRÁFICO 6 - Duração dos vídeos publicados pela TV Estadão no mês de março de 
2017………………………..…………………………………………………….....……….76 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ANJ Associação Nacional de Jornais 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IVC Instituto Verificador de Comunicação 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………………. 10 
 
1 DESAFIOS DO JORNALISMO IMPRESSO NA ERA DIGITAL …………...…….. 13 
1.1 A crise do jornalismo impresso ao redor do mundo …………………......…. 13 
1.2 Do físico ao online: a convergência dos meios de difusão da 
informação .............................................................................................................. 17 
 
2 O YOUTUBE E O FENÔMENO DA CULTURA PARTICIPATIVA …………..…... 21 
2.1 A ascensão da plataforma YouTube …………………....….................…...…... 24 
2.2 O vídeo no YouTube: do upload ao play …………..……….………..…….…... 28 
2.3 A democratização da produção audiovisual no YouTube ………..........…... 31 
 
3 DO MÉTODO À ANÁLISE ……………………………………...........................…... 36 
3.1 Metodologia …………………………………….............................................…... 36 
3.2 Folha de S. Paulo ………………………………………………………….………... 44 
3.2.1 Análise quantitativa ……………………….......…………………………………... 48 
3.2.2 Análise qualitativa ………………………………...................................………... 58 
3.3 O Estado de S. Paulo ………...........………………………………...................... 71 
3.3.1 Análise quantitativa …………………................................……………………... 74 
3.2.2 Análise Qualitativa …………………………..................................……………... 82 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS …………………………..................................…….…... 92 
 
REFERÊNCIAS …………………………………………………………………………... 96 
 
ANEXO 1 - Tabela com dados do canal TV Folha no YouTube referente ao mês 
de março de 2017 ………………………..........................………..…………………. 100 
ANEXO 2 - Tabela com dados do canal TV Estadão no YouTube referente ao 
mês de março de 2017 ……………………..................…………..…………………. 106 
10 
 
INTRODUÇÃO 
 
Com a queda no volume de vendas, muitos jornais impressos começaram a 
desaparecer por falta de recursos. Uma das explicações para a crise observada na 
indústria do jornalismo impresso é o fato da população buscar outras formas de se 
informar, gratuitas e mais plurais. O crescimento da disseminação e do acesso à 
internet acarretou em uma diversidade de sites de notícias especializados e na 
migração de vários veículos impressos, que passaram a ter sua versão online. O 
leitor, que já está conectado à rede, tem buscado cada vez mais informações no 
ambiente digital. Na internet, ele tem informações segmentadas por campo de 
interesse, em tempo quase real e, muitas vezes, além do texto e da imagem 
fotográfica, a notícia vem acompanhada de áudio, vídeo e outras formas de 
linguagem, como a infografia. 
Para adaptar-se à essa nova realidade, muitos jornais passaram a investir em 
versões online com o intuito de alcançar novos públicos, principalmente, o jovem, 
que será o consumidor de notícias no futuro. As assinaturas digitais e o uso de 
aplicativos que facilitam o acesso à notícia surgiram como uma tentativa de driblar a 
perda permanente de assinantes do impresso. Hoje, acredita-se que dificilmente o 
público nativo da internet comprará ou assinará um jornal impresso, o que pode 
acarretar no desaparecimento, ou na diminuição significativa das mídias impressas 
no futuro. 
Assim, observa-se um crescimento no número de empresas de mídias 
impressas passando pelo processo de convergência midiática. Muitas delas estão 
presentes no YouTube, plataforma que recebe e hospeda diariamente milhões de 
vídeos. 
Ele (YouTube) tem recebido muita atenção da imprensa e agora faz parte, 
mesmo que aceito de maneira relutante, do cenário da mídia de massa; 
mas também é utilizado com regularidade como veículo para o ensaio dos 
debates públicos sobre novas mídias e Internet, enquanto forças de 
desestabilização nos negócios e na sociedade, particularmente em relação 
aos jovens (BURGESS e GREEN, 2009, p.36). 
 
O YouTube possui mais de um bilhão de usuários, número que corresponde a 
quase um terço do total de usuários da internet, e “a cada dia, as pessoas assistem 
a milhões de horas de vídeos no YouTube e geram bilhões de visualizações”1. É 
 
1 Disponível em: <https://www.youtube.com/yt/press/pt-BR/statistics.html>. Acesso em: 23 de outubro 
11 
 
inegável o crescimento dessa plataforma e a sua popularidade entre as pessoas que 
possuem acesso à internet. “Quer você o ame, quer você o odeie, o YouTube agora 
faz parte do cenário da mídia de massa e é uma força a ser levada em consideração 
no contexto da cultura popular contemporânea” (BURGESS e GREEN, 2009, p.13). 
Com a intenção de driblar o cenário da queda de público das mídias 
impressas, o YouTube tem sido usado como alternativa para a produção de 
conteúdo informativo. É uma opção atrativa sobretudo para os jovens que 
pesquisam variados assuntos na plataforma, hoje o segundo buscador mais 
acessada do mundo, perdendo apenas para o Google. No YouTube, o usuário tem a 
possibilidade de comentar, selecionar o conteúdo que deseja consumir, além de 
interagir e relacionar com quem produziu o vídeo. 
O presente trabalho buscou analisar e compreender as possíveis estratégias 
que os veículos impressos estão adotando para se adaptar à internet e também os 
caminhos utilizados para alcançar a audiência jovem. Para isso, a pesquisa 
examinou o canal de dois dos principais jornais impressos brasileiros2, sendo eles a 
Folha de S. Paulo, com o canal TV Folha, e O Estado de S. Paulo, com o canal TV 
Estadão. 
O trabalho foi organizado em três capítulos. No primeiro, discutiu-se o 
contexto da crise do jornalismo impresso, após o advento da internet, que fez com 
que diversos jornais ao redor do mundo tivessem que se adaptar às novas 
realidades para não desaparecer. A internet, diferente do impresso, traz uma 
variedade maior de temas e possibilidades de pesquisa, além de uma variedade de 
informações, inclusive divididas por nichos. Portanto, devido à sua instantaneidade, 
diversidade, interatividade e multiplicidade de linguagens, a internet tem se mostrado 
cada dia mais atraente ao leitor. Discutiu-se ainda a noção de convergência das 
mídias sobretudo a partir de Jenkins (2006) e Righetti e Quadros (2008). 
No segundo capítulo, tratou-se da importância do YouTube na sociedade 
contemporânea, suas funções, o contexto do seu surgimento e a evoluçãoda 
plataforma, um dos principais responsáveis pelo surgimento de uma “cultura 
participativa” (BURGESS E GREEN, 2009). O YouTube tem crescido rapidamente e 
 
de 2016. 
2 Dado retirado do Instituto Verificador de Circulação (IVC), que mapeia a circulação média, diária, 
dos veículos impressos e digitais, divulgada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), em 2015. 
Disponível em: <http://www.anj.org.br/maiores-jornais-do-brasil/>. Acesso em: 22 de março de 2017. 
 
12 
 
hoje sua audiência é superior a muitos canais de TV. 
 
No YouTube, novos modelos de negócio e ferramentas de produção mais 
acessíveis estão provocando novas e inesperadas interações entre a mídia 
alternativa e a mídia comercial de massa; e regurgitando as inquietações 
sobre questões de controle e autoridade de mídia (BURGESS e GREEN, 
2009, p.60). 
 
O terceiro e último capítulo traz a metodologia e os resultados da análise de 
conteúdo. A pesquisa consistiu em verificar o conteúdo produzido nos canais TV 
Folha e TV Estadão no mês de março de 2017, com o intuito de entender o que está 
sendo feito pelos veículos. 
A análise dividiu-se em duas partes: a quantitativa e a qualitativa. Na primeira 
observou-se todos os vídeos divulgados no mês de março, categorizando-os a partir 
dos seguintes critérios: data da publicação, título, tempo de duração do vídeo, tipo, 
playlist quantidade de visualizações e comentários, quantidade de likes e dislikes. 
Na análise qualitativa, selecionou-se cinco vídeos de cada canal, buscando-se 
observar mediador, temática e construção do texto, além do estilo e da linguagem 
audiovisual. 
Ao longo da análise, a amostra se mostrou pequena e limitada, sobretudo 
devido ao tempo demarcado para o início e finalização do trabalho. Por isso, não foi 
possível chegar a uma conclusão definitiva. Além disso, os dados contabilizados 
pelo YouTube mudam consideravelmente à medida em que o vídeo é acessado ao 
longo do tempo, modificando os dados que foram recolhidos após o período. Mas, a 
partir deste estudo, foi possível apontar alguns caminhos. 
Ao observar a amostra, percebe-se que a maioria dos vídeos utilizam 
mediadores jovens e que fogem do padrão jornalístico, pois usam uma linguagem 
mais coloquial, muitas vezes se assemelhando a utilizada por youtubers. Além disso, 
são inseridas na construção do texto referências conhecidas pelo público da internet, 
como “memes” e gírias do meio online. Pode-se dizer que há uma tentativa por parte 
dos jornais escolhidos em se adequar ao YouTube e atrair, em grande parte, o 
público jovem, nativo da era digital. Os canais também utilizam novas tecnologias 
para produzir a informação, como drones e câmera 360°. A partir da análise foi 
possível concluir que há uma busca dos jornais por novos caminhos e estratégias de 
comunicação. O YouTube pode ser considerado uma plataforma em potencial para a 
construção de um conteúdo atrativo e diversificado, sobretudo para o público nativo 
13 
 
da internet. 
 
1 DESAFIOS DO JORNALISMO IMPRESSO NA ERA DIGITAL 
1.1 A crise do jornalismo impresso ao redor do mundo 
 
A ascensão da tecnologia e dos novos meios de informação estão fazendo 
com que o jornal impresso busque maneiras de se reinventar ao longo dos últimos 
anos. Segundo Rublescki (2010), esse movimento pode ser chamado de mimetismo, 
uma forma de adaptação, em que os meios já existentes se reorganizam para 
integrar esta nova forma de produção da notícia. 
Essa adaptação pode ser entendida em várias fases da história, assim como 
a chegada da televisão nos anos 1950, em que o impresso teve que se reorganizar. 
Nesta época ele perdeu parte de seu público e apenas por volta de 1990 recuperou 
seus leitores (REY, 2009). Mas outra adaptação surgiu nesta época, o que gerou 
outra crise. “A tensão jornais impressos e conteúdo online relembra outros 
momentos da imprensa, já que foi assim com o rádio e os jornais, com o rádio e a 
televisão, e, especialmente, com esta e os impressos” (RUBLESCKI, 2010, p.10). 
No início do século XXI, o espaço, que antes era dominado pelos impressos, 
foi sendo reconfigurado pelo crescimento da internet e, posteriormente, da internet 
acessada em dispositivos móveis. A rede nos últimos anos vem conseguindo 
gradativamente mais adeptos da informação instantânea, já que não é necessário 
esperar o dia seguinte, ou o telejornal da noite, para estar informado. A internet 
possibilitou o acesso às informações de qualquer parte do mundo com apenas um 
clique. 
 
Na atualidade, os jornais impressos enfrentam nova crise, ante a expansão 
do webjornalismo, ou jornalismo online, dos blogs e do twitter. E a 
consequente possibilidade de migração da publicidade e dos anúncios 
classificados para os portais jornalísticos (REY, 2009, p.14). 
 
Segundo Noblat (2008), nos anos 2000, a Associação Americana de Jornais 
realizou uma pesquisa com mais de quatro mil adultos acima de 18 anos e setenta e 
cinco por cento dos entrevistados disseram apostar na internet como uma nova 
ferramenta de comunicação (NOBLAT, 2008, p.13). A pesquisa também mostrou 
que no final do século XX e início do XXI, mais precisamente durante os anos de 
1997 a 2001, a internet cresceu em torno de 120 por cento. Durante esses quatro 
14 
 
anos, o consumo de jornais impresso caiu em torno de 12 por cento e os telejornais 
perderam em torno de 14 por cento da sua audiência (NOBLAT, 2008). 
Noblat destaca que os jovens “fogem da leitura de jornais e preferem informar-
se por outros meios. Ou, simplesmente, não se informam. Uma fatia crescente deles 
adere à internet” (NOBLAT, 2008, p.14). Ele afirma, ainda, que a grande crise que os 
impressos têm sofrido pode ser explicada pela falta de identificação do público com 
o veículo de notícia. “Os leitores acham que o cardápio de assuntos dos jornais está 
mais de acordo com o gosto dos jornalistas do que com o gosto deles. E que a visão 
que os jornalistas têm da vida é muito diferente da visão que eles têm” (NOBLAT, 
2008, p.15). 
No livro “A arte de fazer um Jornal Diário”, Noblat atenta-se para um fato 
curioso que ocorreu no ano de 2002. Dick Brass, executivo da Microsoft, realizou 
uma previsão de que o maior jornal dos Estados Unidos, o jornal The New York 
Times, teria a última edição no ano de 2018. Em 2009, o The New York Times 
relatou, no caderno de economia, a crise pela qual estava passando. O diário 
declarou ter acumulado um prejuízo de quase 75 milhões de dólares no primeiro 
trimestre do ano com a diminuição da circulação e com os poucos anunciantes que 
lhes restaram (SANEHAGO, 2010, p.03). 
No Brasil, a tiragem dos jornais sempre foi menor em comparação ao número 
de habitantes (RUBLESCKI, 2010). Segundo Rublescki (2010), isso ocorreu devido 
a "um dos reflexos perversos de um capitalismo apenas parcialmente desenvolvido" 
(p.03), em que uma pequena parcela da população tinha acesso, condições de 
compra e nível de educação no país. Em 1991, por exemplo, o Brasil possuía mais 
de 150 milhões de habitantes, segundo o censo do IBGE3, e o número de habitantes 
analfabetos era maior que 32 milhões. Enquanto isso, o jornal de maior tiragem no 
país, segundo a Associação Nacional de Jornais (ANJ), alcançou mais de um milhão 
de tiragens por dia. Isso ocorreu quando o jornal Folha de S. Paulo intensificou a 
venda a partir da junção de fascículos encartados ao jornal, em 19944. 
Essa estratégia adotada, segundo Righetti e Quadros (2008), pode ser 
considerada um “anabolizante”. Dessa forma o jornal consegue expandir a 
circulação através de fascículos, com temas variados que acompanhavam os 
 
3 Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censodem/tab203.shtm>. 
Acesso em 30 de outubro de 2016. 
4 Disponívelem: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/cronologia.shtml>. Acesso em 30 de 
outubro de 2016. 
15 
 
periódicos. 
Em um primeiro momento, o método foi tão eficaz que passou a ser usado 
como modelo de negócio para os jornais. Na Folha de S. Paulo, por exemplo, houve 
crescimento de 50% das vendas de jornais em 1995. Mas somente este artifício não 
foi suficiente para segurar a queda de vendas e de público, tendo em vista que 
essas promoções são utilizadas até os dias atuais pelas empresas jornalísticas. 
Righetti e Quadros (2008) observam que, naquela época, os jornais passaram a 
oferecer descontos no valor da publicidade. 
Nesta mesma década as empresas passaram a investir em jornais populares 
a fim de aumentar a circulação, atrair público e consequentemente a publicidade. 
Segundo Rublescki (2010), surgiram jornais voltados para atender demandas por 
notícias populares: o jornal Extra (1998), o jornal Agora São Paulo (que começou a 
circular no lugar do Folha da Tarde em 1999) e, posteriormente, o jornal mineiro 
Super Notícia (2002). Eles surgiram para produzir informação de acesso 
democrático e com conteúdo voltado aos interesses populares. Para Rublescki 
(2010), isso indicava "uma faceta que demonstra vitalidade em um nicho de 
impressos". 
De acordo com dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC), a queda 
das vendas de jornais no Brasil aumentou em torno de 12% entre os anos de 2001 e 
de 2002. Essa baixa evidencia a busca da população por notícias em outros meios 
de comunicação, principalmente a internet. Em 2002, segundo pesquisa da 
Associação Nacional de Jornais (ANJ), o jornal Folha de S. Paulo possuía uma 
tiragem de 346.333 por dia, diminuindo para 311.287, em 2008. O jornal perdeu a 
posição de primeiro lugar em tiragens no país no ano de 2010 para o jornal mineiro 
Super Notícia. 
 
GRÁFICO 1 - Comparação das tiragens diárias entre os jornais Folha de S. 
Paulo e Super Notícia no ano de 2015 
16 
 
 
Fonte: criado pelos autores desta pesquisa com base em dados da Associação 
Nacional de Jornais (ANJ) 
 
A relevância do jornal tabloide Super Notícia frente ao standard Folha de S. 
Paulo foi observada desde 2006, quando o Super Notícia apareceu pela primeira vez 
na lista da ANJ dos jornais do Brasil com a maior tiragem diária. 
Atualmente, o jornal Super Notícia é vendido por R$ 0,25, em Belo Horizonte, 
e R$ 0,50 nas demais localidades do estado mineiro. O preço torna o jornal mais 
acessível à população, se comparado, por exemplo, ao preço da Folha de S. Paulo, 
vendido atualmente pelo valor de R$ 4,00. 
Desde 2013, muitos jornais, como Gazeta Mercantil, Jornal do Commercio e 
Diário Mercantil, fecharam as portas por falta de verba. De acordo com Kucinski 
(2009), a crise financeira dos jornais impressos levou alguns veículos a buscarem 
por investimentos de capital (mais anúncios nas páginas) e reduzir as redações. 
Segundo uma análise do site Coleguinhas5, os jornais O Estado de S. Paulo, 
e Folha de S. Paulo diminuíram a tiragem rapidamente no período entre janeiro de 
2014 e dezembro de 2015. O gráfico6 a seguir mostra que a perda de assinantes da 
Folha de S. Paulo foi superior à dos seus concorrentes. Na época, o Folha de S. 
 
5 O site Coleguinhas foi criado em 1996 e atua como blog desde 2013. Foi desenvolvido por um ex-
aluno do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense em Niterói, no 
Rio de Janeiro e trata de assuntos atuais da área de comunicação. 
6 Disponível em: <https://coleguinhas.wordpress.com/2016/02/21/circulacao-globo-estadao-e-folha-co 
mparacoes/>. Acesso em: 21 de outubro de 2016. 
17 
 
Paulo teve baixa de 40 mil exemplares em circulação, ou seja, diminuição de 19% 
dos assinantes. Já o Estadão (O Estado de S. Paulo) perdeu 25 mil assinantes, o 
que corresponde a 14,65%. 
 
Gráfico 2 - Dados de circulação dos maiores jornais do país 
 
Fonte: Site Coleguinha 
 
 
1.2 Do físico ao online: a convergência dos meios de difusão da informação 
 
Em 1993, as discussões sobre o futuro dos jornais impressos diante das 
novas tecnologias já ganhavam espaço. Neste ano, o jornal Folha de S. Paulo 
promoveu a primeira edição do “Fórum Folha de Jornalismo e Mídia”7 e uma das 
principais pautas foi a respeito dos impactos da internet. Walter Bender, pesquisador 
do laboratório de mídia do MIT (Massachusetts Institute of Technology), foi um dos 
convidados e revelou que futuramente a internet daria ao leitor a possibilidade de 
personificação do que ele gostaria de consumir. Warren Hoge, na época chefe da 
redação adjunto do The New York Times, também compareceu ao evento e 
reafirmou a importância do profissional jornalista no jornalismo online. 
A internet passou a ser considerada já a partir dos anos 1990 como uma nova 
 
7 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/10/18/brasil/35.html>. Acesso em: 24 de 
outubro de 2016. 
18 
 
mídia em potencial no Brasil e os jornais impressos tiveram que buscar estratégias 
(já abordadas no primeiro tópico) para sobreviver e acompanhar o seu principal alvo: 
o público. O Jornal do Brasil8 foi o pioneiro em convergência no país, ao inaugurar 
em 28 de maio de 1995, o seu site. O desenvolvedor da plataforma foi Sérgio 
Charlab, que iniciou o projeto por iniciativa própria. Depois, Charlab conversou com 
alguns diretores e colegas do jornal para conseguir apoio e poder dar continuidade 
ao projeto. O site no início contava com duas sessões, sendo uma com a edição 
resumida do jornal, incluindo textos e fotos, e a outra era de serviços extras. Em 
1996 foi elaborado um concurso entre os funcionários para ideias de melhorias da 
interface gráfica do site. Em 1997, o site fez a sua primeira transmissão ao vivo, 
mostrando imagens do réveillon de Copacabana. Em 2010, o jornal extinguiu o seu 
produto impresso e saiu mais uma vez na frente ao migrar o seu conteúdo 
definitivamente para o digital. 
Com o avanço das tecnologias, no início dos anos 2000, os veículos de 
notícias online passaram a integrar vídeos, fotos, áudios, textos, som e a 
possibilidade de visualização quando o usuário quisesse. A convergência digital, 
torna a interação mais complexa entre as diferentes mídias, mas não elimina 
nenhuma delas. 
 
Se o paradigma da revolução digital presumia que as novas mídias 
substituiriam as antigas, o emergente paradigma da convergência presume 
que novas e antigas mídias irão interagir de formas cada vez mais 
complexas. O paradigma da revolução digital alegava que os novos meios 
de comunicação digital mudariam tudo (JENKINS, 2006. p.32 e 33). 
 
A migração dos jornais impressos para o online teve três etapas. Segundo 
Luciana Mielniczuk (2001) a primeira etapa foi a transposição, ou seja, a reprodução 
do conteúdo publicado anteriormente no impresso na internet. Geralmente eram 
publicados até dois textos de cada editoria, atualizados após o fechamento do jornal. 
Em um segundo momento, a partir do desenvolvimento do sistema da internet, 
paralelamente ao produto impresso as empresas jornalísticas passaram a publicar 
notícias em seus sites. Os textos traziam consigo algumas peculiaridades da rede 
que não poderiam ser aplicadas ao jornal impresso devido a sua comunicação 
unilateral, ou seja, sem reciprocidade, como a interação com os leitores, debates e 
 
8 Disponível em: <http://www.cassano.com.br/brogue/trabalho/10-anos-do-jb-online-uma-historia-de-
sangue-suor-e-cafe>. Acesso em 24 de outubro de 2016. 
http://www.cassano.com.br/brogue/trabalho/10-anos-do-jb-online-uma-historia-de-
http://www.cassano.com.br/brogue/trabalho/10-anos-do-jb-online-uma-historia-de-
19 
 
hipertextos. Depois, na terceira etapa, surgem sites cujo o objetivo era criar 
conteúdo jornalísticos específicos para a web, consideradapela a autora como 
webjornalismo. 
Essa terceira etapa, atual momento do jornalismo na internet, explora as 
possibilidades que a rede tem a oferecer, deixando de lado apenas os textos para 
alimentar as matérias com fotos, vídeos, podcasts, transmissão de fatos ao vivo, 
unindo essas alternativas aos novos aparelhos tecnológicos (celulares e tablets). 
Segundo Palácios (1999), citado por Mielniczuk (2001), o webjornalismo apresenta 
as seguintes características: “multimidialidade/convergência, interatividade, 
hipertextualidade, personalização e memória” (MIELNICZUK, 2001, p.03). 
Ao longo dos anos, o jornalismo se reinventou de múltiplas maneiras, 
procurando continuamente desenvolver laços com sua audiência. De acordo com 
Sullivan (2012), para promover maior interação com o público, muitos jornais 
optaram por dar oportunidade a seus leitores de enviar imagens ou vídeos para a 
redação. 
Com os avanços tecnológicos, o acesso rápido pelas mídias móveis e a 
grande democratização da internet nos Estados Unidos, muitos americanos 
acreditam no fim do jornal impresso dentro de alguns anos. Contudo, Sullivan (2012) 
mostra um relatório do país sobre os Meios de Comunicação, realizado em 2010, 
onde ao contrário do que é frequentemente debatido, os jornais impressos não 
perderam a importância midiática. No entanto, tiveram que investir em sua versão 
online e nas redes sociais para se manter e atrair novos públicos. Como fez o The 
New York Times, Los Angeles Times, The Wall Street Journal, The Washington Post, 
Chicago Tribune, e outros jornais impressos americanos. 
 
Embora o papel dos jornais no jornalismo pareça ser um tanto questionável, 
o conceito de formatos convergentes podem ajudar a salvar o campo do 
jornalismo impresso e impedir a palavra “morte”, e em geral, continuar a 
alimentar a dependência dos americanos sobre a mídia (SULLIVAN, 2012. 
p.17). 
 
Jenkins (2006), em seu livro “Cultura da Convergência” explica que a 
convergência não é tecnológica, mas sim antropológica e que uma mídia não 
substitui a outra, mas elas se mesclam para garantir que a informação chegue ao 
público. Essa estrutura se fortalece constantemente a partir da conversação dos 
conjuntos de instrumentos da comunicação, onde a busca pela interação entre o 
20 
 
consumidor e o produtor de conteúdo se estabelece de maneira inesperada e como 
prioridade. Ele diz que tem-se a convergência como um significante para os avanços 
tecnológicos que vão desde o âmbito cultural, até o suporte mercadológico, 
permitindo a transição de mensagens de maneira rápida, estratégica e instintiva, 
para que o consumidor busque novas informações e fortaleça a prática de diálogo 
entres diferentes suportes de mídias. 
 
Por convergência, refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplos 
suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao 
comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que 
vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento 
que desejam (JENKINS, 2006. p.29). 
 
Incentivados pelo desejo do consumo, a sociedade contemporânea vive 
cotidianamente a cultura da convergência, instaurando um período de 
ressignificação das mídias e dos meios de comunicação. Para Jenkins (2006), 
quando as empresas de comunicação falam em convergência, argumentam 
perderem espaço para um processo de substituição oriunda do crescimento 
tecnológico, onde as mídias online adquirem valor e se tornam um dos principais 
modos de se obter informação. Contudo, ao contrário do que se pensa, as mídias 
tradicionais não se extinguem por completo, elas passam por um processo de 
readequação, que permitirá que o conteúdo não fique vedado a apenas uma 
plataforma. 
 Um processo comum presente na convergência é a facilidade que tem um único 
produto para circular em diferentes mídias e ainda atingir um público específico. 
Segundo Jenkins (2006), a conversão midiática permite que se introduza um 
conteúdo em vários outros meios, como forma de prender a atenção de 
consumidores. As velhas mídias usam um procedimento broadcasting, que se 
constitui em uma mensagem enviada sem um target definido, ou seja, não há um 
perfil de público estabelecido, o que ocasiona em um meio de produção de conteúdo 
que beira ao generalismo, onde tudo pode ser para todos. De acordo com Buonanno 
(2015), é característica da mídia televisiva — acredita-se que das demais mídias de 
massa também — o propósito de agrupar seu público formado por telespectadores 
diversificados, em uma massa de população espectadora configurada como 
heterogênea. 
As novas mídias, que surgiram ou migraram para o ambiente online, operam 
21 
 
em um sistema de narrowcasting, possuindo um nicho e conversando diretamente 
com seu público, produzindo um conteúdo totalmente segmentado de interesse 
particular e próprio de cada um, atravessando fronteiras e permitindo alcançar 
pessoas em diversos países. 
A convergência midiática altera a relação entre as próprias tecnologias que já 
estão propagadas e a maneira como estas se comportam diante da relação entre 
públicos. 
 
Graças à proliferação de canais e à portabilidade das novas tecnologias de 
informática e telecomunicações, estamos entrando numa era em que 
haverá mídias em todos os lugares. A convergência não é algo que vai 
acontecer um dia, quando tivermos banda larga suficiente ou quando 
descobrirmos a configuração correta dos aparelhos. Prontos ou não, já 
estamos vivendo numa cultura da convergência (JENKINS, 2006, p.43). 
 
Para Oyama (2013) é surpreendente a velocidade que as novas ferramentas 
tecnológicas estabeleceram-se nas redações e transformaram o processo de 
produção de notícias. Para a autora os avanços tecnológicos, como computadores e 
máquinas digitais, aumentam a produção, na mesma medida que diminuem os 
preços que envolvem a produção jornalística. A jornalista também ressalta a 
dependência destas ferramentas nas redações. 
Oyama (2013) afirma que o estabelecimento da internet como ferramenta de 
pesquisa e distribuição de notícia traz o desafio para a disseminação de conteúdos 
jornalísticos diante dos produtores de conteúdos amadores. “Se anteriormente o 
espaço era controlado pelas organizações jornalísticas, agora os utilizadores 
ganham espaço e também possibilidade de controlo (sic)” (OYAMA, 2013, p.14). 
Esta possibilidade da audiência produzir conteúdo e não apenas consumir, começa 
a romper a supremacia do emissor, o jornalista, sobre o receptor, público. 
No ambiente multimídia e interativo vivenciado na internet, o modelo que por 
muito tempo conduziu a comunicação tradicional passa por frequentes mudanças. 
Hoje, muitas mídias impressas, aderiram às novas tecnologias e estabeleceram-se 
nas plataformas online, visando prender a audiência com conteúdo multimídia 
publicado junto às matérias e reportagens. 
 
2 O YOUTUBE E O FENÔMENO DA CULTURA PARTICIPATIVA 
 
22 
 
A plataforma de armazenamento e compartilhamento de vídeo YouTube foi 
arquitetada em uma garagem na cidade de São Francisco, Califórnia. A ideia de criar 
a plataforma foi de dois jovens amigos, Chad Hurley e Steve Chen, que trabalharam 
juntos na PayPal, empresa de pagamento e transferência de dinheiro via internet. 
A PayPal foi comprada pelo site eBay e, com isso, vários funcionários 
lucraram com a venda. Em 2005, os amigos se aliaram a Jawed Karim, um colega 
de trabalho. Os três sócios conheceram o executivo Roelof Botha na PayPal, que foi 
um dos primeiros e maiores patrocinadores do YouTube. Em entrevista à revista 
americana Fortune, Hurley, responsável pelo design da plataforma, contou como 
surgiu a ideia do projeto. “Estávamos em um jantar em janeiro de 2005, onde 
fizemos arquivos digitais. No dia seguinte, não conseguimos enviá-los por e-mail e 
demoramos muito para colocá-los na internet. Pensamos que deveria haver uma 
forma mais fácil de fazer isso”9.E foi em um jantar despretensioso que nasceu a 
ideia da plataforma para compartilhamentos de vídeos online. 
O YouTube foi criado no dia 15 de fevereiro de 2005, mas só após dois 
meses de existência na internet a plataforma disponibilizou uma versão aberta ao 
público. O primeiro vídeo publicado na rede foi feito pelo sócio Jawed Karim em uma 
visita ao zoológico onde mostrava as jaulas de elefantes. O vídeo está até hoje na 
plataforma e já conta com mais de 33 milhões de visualizações10. 
Quando o YouTube surgiu havia aproximadamente 280 plataformas 
parecidas. A diretora de marketing, Julia Supan, conta11 que o YouTube foi 
basicamente uma das últimas plataformas de compartilhamento de vídeo a surgir no 
mercado, mas, o que fez o YouTube conquistar seu público foi o jeito simples de 
carregar os arquivos. No YouTube o usuário não precisaria se preocupar com o 
Codec12 do vídeo, pois assim que o mesmo entra na plataforma é convertido e 
reproduzido em Flash. O sucesso da plataforma foi tanto que despertou o interesse 
da empresa Google, que por coincidência também nasceu em uma garagem no 
 
9 Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,AA1306288-6174,00.html>. Acesso em: 
21 de setembro de 2016. 
10 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=jNQXAC9IVRw>. Acesso em: 21 de setembro 
de 2016. 
11 Disponível em: <http://gizmodo.uol.com.br/inicio-historia-youtube/>. Acesso em 15 de outubro de 
2016. 
12 Codecs são programas utilizados para codificar e decodificar arquivos de mídia. Ou seja, eles 
compactam o formato original, favorecendo o armazenamento, e descompactam na hora da 
reprodução, transformando novamente em imagem ou áudio. 
 
http://gizmodo.uol.com.br/inicio-historia-youtube/
23 
 
estado da Califórnia. 
 
Figura 1 - Primeira versão do site YouTube no ano de 2005 
 
Fonte: captura de tela do site Internet Archive Wayback Machine 
 
Jawed Karim destaca que no início da plataforma o serviço oferecido aos 
usuários era tão amador que as pessoas não podiam escolher qual vídeo gostariam 
de ver, o YouTube escolhia os vídeos para você aleatoriamente. Como a plataforma 
ainda era recente, existiam pouquíssimos vídeos disponíveis, fazendo com que eles 
passassem repetidamente. 
 Em outubro de 2006, a plataforma de compartilhamento de vídeo foi vendida 
para o Google por U$ 1,65 bilhão em ações. De acordo com Jonathan Strickland13, o 
que levou o Google a se interessar pela plataforma que na época sofria dificuldades, 
já que era um startup recente e que apesar do sucesso não tinha muitos recursos 
para se manter no mercado, foi o vídeo de dois coreanos que dublavam uma música 
do Backstreet Boys14. A chefe do Google Vídeos, Susan Wojcicki, percebeu através 
do vídeo dos garotos coreanos que qualquer pessoa poderia produzir conteúdo para 
a internet. 
No dia 5 de janeiro de 2007, uma ação judicial ordenava que o YouTube 
fosse bloqueado, pois, um vídeo polêmico havia caído na rede. O conteúdo do vídeo 
mostrava carícias íntimas de uma apresentadora de televisão com o seu namorado 
em sua viagem de férias para uma praia espanhola. 
 
13 Disponível em: <http://olhardigital.uol.com.br/noticia/relembre-a-historia-de-sucesso-do-
youtube/33396>. Acesso em 9 de outubro de 2016. 
14 Disponível em: <http://olhardigital.uol.com.br/noticia/este-e-o-video-que-convenceu-o-google-a-
comprar-o-youtube/53485>. Acesso em: 24 de outubro de 2016. 
 
24 
 
Ao anunciar que a plataforma seria bloqueada, diversos brasileiros 
publicaram textos repudiando o fato em suas redes sociais. Naquele ano, já existiam 
muitos produtores de conteúdo nacionais no YouTube. Após quatro dias do 
comunicado, foi pronunciado que a plataforma não deveria ser mais bloqueada. 
No ano de 2008, dez horas de vídeos eram publicadas no YouTube por dia. 
Em outubro de 2009, o cofundador Chad Hurley afirmou que haviam acabado de 
atingir um bilhão de visualizações diárias na plataforma. 
Em 2005, só era permitido postar vídeos de no máximo 15 minutos e arquivos 
de 2GB, pois, a plataforma não possuía capacidade de armazenar arquivos mais 
pesados. No ano de 2009, o YouTube passou a permitir o envio de arquivo de 20 
GB. Atualmente, o tamanho máximo de envios é de 128 GB. 
 
Figura 2 - Versão do site YouTube no ano de 2016
 
Fonte: Captura de tela do site Internet Archive Wayback Machine 
2.1 A ascensão da plataforma YouTube 
 
Devido à sua popularização, o YouTube precisou se adaptar a dispositivos 
móveis para acompanhar a evolução da tecnologia e em junho de 2007 a plataforma 
disponibilizou sua versão para celular. Em 2008, dando continuidade às melhorias, 
foi alterado também o modo de exibição dos vídeos e os usuários puderam assistir 
conteúdos em alta definição. 
25 
 
Hoje, o YouTube possui mais de um bilhão de usuários15 o que, de acordo 
com as estatísticas levantadas anualmente pela própria plataforma, corresponde a 
quase um terço de todos os usuários da internet. Essas estatísticas mostram, 
também, que a versão mobile do YouTube, ou seja, a versão para celular, tablet e 
dispositivos móveis em geral, atinge mais adultos entre 18 e 49 anos do que 
qualquer rede de TV aberta ou por assinatura dos Estados Unidos. 
De acordo com a declaração da CEO do YouTube, Susan Wojcicki, feita 
durante a quarta edição da festa anual Brandcast16, durante o horário nobre, os 
vídeos da plataforma alcançam mais pessoas “do que todos os outros 10 maiores 
programas da televisão norte-americana combinados”. Um dado também anunciado 
pela CEO no mesmo evento, é que uma das maiores agências de publicidade do 
mundo, a Interpublic Group, pretende migrar o seu investimento em campanhas 
publicitárias de TV, cerca de US$ 250 milhões, para o YouTube nos próximos anos. 
Esses dados não comparam as visualizações com a audiência de programas 
específicos da televisão, mas as informações demonstram que é notável uma 
diminuição nos espectadores das emissoras de televisão e um crescimento do 
público das plataformas online. Porém, um dado que vale a pena ser ressaltado é a 
fala17 de Robert Kyncl, chefe de negócios do YouTube, sobre o primeiro livestream 
(transmissão ao vivo) feito inteiramente em gravação 360 graus, que capta todos os 
ângulos de uma cena, em parceria com o Coachella, um festival anual artístico-
musical. "Durante o primeiro fim de semana (do festival), mais de 21 milhões de 
pessoas acessaram o YouTube para assistir o festival, quase o dobro de pessoas 
que ligaram a televisão para assistir a final do American Idol".18 
De acordo com dados de uma reportagem do Canal Tech19, uma pesquisa 
encomendada pelo Business Insider20 à Sandvine21, em 2014, analisou todo o 
 
15 Disponível em: <https://www.youtube.com/yt/press/pt-BR/statistics.html>. Acesso em: 21 de 
setembro de 2016. 
16 Evento da empresa YouTube, de maio de 2016, em Nova Iorque (EUA), que reuniu 2.700 pessoas, 
entre anunciantes, criadores de conteúdo e profissionais do setor de vídeo online. 
17 Disponível em: <https://www.youtube.com/user/coachella/featured>. Acesso em: 21 de setembro 
de 2016. 
18 Disponível em: <http://canaltech.com.br/noticia/youtube/youtube-revela-que-sua-audiencia-e-maior- 
do-que-qualquer-emissora-de-tv-65171/>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 
19 Disponível em: <http://canaltech.com.br/noticia/mobile/Facebook-e-YouTube-sao-responsaveis-por- 
40-de-todo-o-trafego-mobile-de-dados/>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 
20 Business Insider é um site de notícias nova-iorquino fundado em 2009. 
21 Sandvine é uma empresa que disponibiliza soluções em controle de políticas de rede, que visam a 
segurança e a melhoria da qualidade da experiência dos usuários na internet. 
26 
 
tráfego online vindo de dispositivos móveis e concluiu que a rede social Facebook e 
a plataforma YouTube são responsáveispor cerca de 37% de todo o tráfego online, 
e, com isso, são os mais acessados do mundo. Apesar do Facebook vir em primeiro 
lugar com 19% dessa movimentação, o YouTube fica com 18% do total de visitas 
mundiais de pessoas que navegam na internet via mobile. 
As estatísticas presentes no próprio YouTube revelam que a plataforma 
possui versões locais em 88 países, o que corresponde a 76 idiomas distintos e 
abrangência de 95% dos usuários da internet. Tais dados indicam, ainda, um estudo 
sobre o uso da plataforma em dispositivos móveis. As informações também apontam 
para o fato de que quando um usuário assiste um vídeo através do mobile, ele 
permanece mais tempo no YouTube se comparado a indivíduos que assistem vídeos 
pelo computador. Uma sessão iniciada por um dispositivo móvel dura, em média, 40 
minutos. 
Outra pesquisa, feita pela Alexa Internet Inc.22 e a SimilarWeb23, disponível no 
artigo de Tony Edward24, no site Search Engine Land25, mostra que o YouTube é a 
segunda maior fonte de busca na internet. Isso pode ser explicado, talvez, pela 
plataforma fazer parte do Google, que hoje é a principal ferramenta de busca online. 
O estudo indica também que o YouTube é o segundo site mais visitado no mundo, e 
recebe pesquisas sobre diversos temas, principalmente, vídeos com conteúdo que 
ensinam a fazer algo. Tal comportamento pode ser explicado pelo fato das pessoas 
acharem mais cômodo ver algo explicativo do que ler informação sobre o mesmo 
conteúdo. 
É importante ressaltar o crescimento da publicidade dentro da plataforma. As 
estatísticas publicadas pelo YouTube apontam que o número de canais que 
recebem valores equivalentes a seis dígitos, ou seja, U$ 100.000 por ano, cresce 
50% ao ano. Esses valores se devem à frequente ascensão de vídeos e youtubers, 
com seus milhares de visualizações e inscritos. 
Em comparação ao cenário mundial, observa-se, também, através dos dados 
 
22 Alexa Internet Inc. é um serviço que quantifica os usuários de internet que visitam um site 
específico. 
23 SimilarWeb é uma empresa de tecnologia que realiza serviços de análise estatísticas na Internet. 
24 Gerente de SEO Senior na agência de marketing digital Elite SEM, em Nova Iorque (EUA), e 
professor adjunto de Marketing de Pesquisa da NYU - Universidade de Nova Iorque. 
25 Disponível em: <http://searchengineland.com/youtube-ranking-factors-getting-ranked-second-larges 
t-search-engine-225533>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 
27 
 
do site Top 1026, que os canais mais visualizados no mundo possuem vídeos com 
temas humorísticos, porém, alguns canais (dentre os mais visualizados no mundo) 
possuem vídeos com conteúdo informativo, como é o caso do canal Smosh, terceira 
colocação no ranking dos canais com mais inscritos em todo o YouTube, com 
22.410.233 de inscritos, atualmente. 
Smosh é um canal com um programa feito exclusivamente para o YouTube, 
cujo conteúdo gira em torno de notícias dentro do universo de jogos eletrônicos, em 
geral. Uma característica que chama a atenção nesse canal é a forma como seus 
vídeos são produzidos, alguns deles se assemelham aos programas de TV em 
auditório, gravados ao vivo e contam com uma plateia e apresentadores que 
percorrem o cenário no decorrer do show, que é feito de forma descontraída e 
cômica para entreter o seu público composto, em grande parte, por jovens 
adolescentes. 
Em 2006, o YouTube foi eleito pela revista Time27 como a melhor invenção do 
ano por acompanhar três revoluções da internet: a primeira delas é a 
democratização da produção de vídeos através de equipamentos de fácil acesso e 
custo baixo; a segunda é o desenvolvimento da Web 2.0, termo utilizado pela 
primeira vez em 2004 pelo empresário Tim O’Reilly, fundador da O'Reilly Media, em 
uma conferência de tecnologia. A versão 2.0, considerada a segunda geração da 
internet, trouxe ao internauta a possibilidade de compartilhar conteúdo e interagir 
com outros usuários, transformando a internet em um espaço comunitário. “Se na 
primeira geração da Web os sites eram trabalhados como unidades isoladas, passa-
se agora para uma estrutura integrada de funcionalidades e conteúdo” (PRIMO, 
2007. p.02). Já a terceira revolução refere-se às mudanças culturais, quando o 
espectador tem a possibilidade de escolher o que deseja consumir, não se limitando 
à programação oferecida pela televisão aberta, por exemplo. 
No Brasil, uma reportagem da Revista Exame de julho de 2014, intitulada: 
“YouTube afirma que Brasil é o segundo país em consumo de vídeos do portal”28, 
diz que a gerente de parcerias estratégicas do YouTube, Amy Singer, afirmou no 9º 
Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo “que os brasileiros formam o 
 
26 Disponível em: <http://top10mais.org/top-10-canais-com-mais-inscricoes-no-youtube/#ixzz4K37qM 
JTG>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 
27 Disponível em: <http://content.time.com/time/specials/packages/0,28757,1939342,00.html?iid=sr-
link1>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 
28 Disponível em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/youtube-afirma-que-brasileiros-sao-m 
aiores-consumidores-de-videos-no-portal>. Acesso em: 21 de setembro de 2016. 
28 
 
segundo mercado consumidor de vídeos na internet, o que mostra um fortalecimento 
do mercado online no país”. Apesar de não dar detalhes numéricos em relação à 
quantidade de acesso no Brasil, Singer disse que, mundialmente, cerca de 100 
horas de produções em vídeo são enviadas, por minuto, para o YouTube. Ainda de 
acordo com Singer, esse dado vem ganhando mais força devido aos canais 
informativos, de notícia, que fazem parcerias com a plataforma e produzem 
conteúdos próprios para o YouTube. 
 
2.2 O vídeo no YouTube: do upload ao play 
O processo de postagem dos vídeos é um fator fundamental quando pensa-
se no YouTube. Este, que vai do upload a indexação do conteúdo na plataforma, 
possui algumas peculiaridades que devem ser observadas. 
Quando se faz o upload de um vídeo no YouTube é necessário escolher o 
título, escrever uma descrição, associá-lo às palavras-chave (tags) e classificar o 
vídeo em uma das categorias existentes na plataforma. São através destas 
informações, do número de cliques e do rating29 que os vídeos são organizados e 
posicionados na página de buscas do YouTube, que é o segundo maior buscador do 
mundo, como já se disse. 
Os títulos dos vídeos, usualmente, possuem de 3 a 6 palavras. Nele é 
importante mesclar expressões de uso comum e também específicas para ajudar na 
filtragem de resultados. Isso se dá porque, quando termos técnicos e coloquiais 
estão presentes no título, o vídeo consegue atrair tanto leigos, quanto pessoas que 
já conhecem o assunto. Logo, o vídeo estará melhor posicionado durante uma 
busca. 
No texto descritivo de cada vídeo, Costa (2011) explica que apenas os 120 
caracteres iniciais são exibidos durante uma busca. Logo, o que for mais relevante 
deve ser exposto no começo da descrição, para que o internauta compreenda o 
conteúdo do vídeo quando estiver pesquisando determinado conteúdo. Nela é 
possível colocar links externos, por isso, muitos a utilizam para divulgar as redes 
sociais, posts, artigos etc. A descrição pode ter no máximo 5.000 caracteres, limite 
estabelecido pela própria plataforma. Neste espaço é convencional a utilização de 
 
29 Rating refere-se à classificação do vídeo feita automaticamente pelo YouTube, levando em 
consideração a qualidade e o número de likes e dislikes. 
29 
 
uma linguagem simples. 
Já as tags funcionam como rótulos que descrevem em apenas uma palavra, 
ou expressão, o conteúdo de cada vídeo. O usuário pode utilizar até 20 palavras-
chave que vão agrupar vídeos que possuem conteúdos semelhantes. Logo é 
importante otimizar as tags utilizadas para que o vídeo não fique classificadono 
lugar errado. 
O principal método de filtragem dos vídeos são as categorias. Estas já são 
pré-definidas e o utilizador pode escolher apenas uma categoria por vídeo. As 
categorias disponíveis pelo YouTube são: animais, ciência e tecnologia, educação, 
entretenimento, esportes, filmes, desenhos, humor, instruções, estilo, música, 
notícias, política, pessoas, blogs, veículos, viagens e eventos. 
Serrano (2008) explica que “a exploração mais apropriada da produção 
audiovisual publicada no YouTube se deu a partir do desenvolvimento de um método 
de categorização que considera essencialmente a estética de produção de cada 
vídeo e o público originalmente destinado a receber o conteúdo” (SERRANO, 2008, 
p.06). 
Serrano (2008), categoriza os vídeos do YouTube entre aqueles produzidos 
exclusivamente para a plataforma e vídeos provenientes de outras mídias que foram 
postados no YouTube. Segundo o autor, os vídeos produzidos diretamente para o 
YouTube estão segmentados em três grupos: vídeos pessoais, que consistem em 
produções de conteúdo que envolvam atividades particulares dos usuários, como 
opinião e comportamento, homenagens, acidentes domésticos, costumes etc.; 
“vídeos independentes”, que compreendem videoclipes ou musicais, paródias, 
instruções, animações, entre outros vídeos que abstém-se de conteúdos pessoais; e 
“vídeos publicitários”, que pretendem anunciar um produto ou marca de forma 
interativa e muitas vezes divertida, gerando muitas visualizações. Já os vídeos 
originados de outras mídias, ou seja, todo conteúdo postado no YouTube não 
produzido para o mesmo, dividem-se em: conteúdos televisivos, como novelas, 
seriados, matérias jornalísticas e outros; produções cinematográficas, como filmes e 
documentários; vídeos de apresentações teatrais; música, como videoclipes e 
trechos de shows; tutoriais e vídeos ilustrativos de jogos de computador e 
videogames; e artes plásticas, como vídeos de exibições de obras de arte. Essa 
divisão feita pelo autor busca categorizar o conteúdo postado na plataforma 
considerando a forma de produção do vídeo, e não apenas o tema nele abordado. 
30 
 
É preciso criar uma conta no Gmail para fazer parte da rede de usuários do 
YouTube. Após ser comprado pelo Google, em 2006, tornou-se obrigatório ter uma 
conta Gmail para fazer o login na plataforma. 
A conta Gmail permite que o usuário se manifeste no YouTube por meio de 
curtidas, comentários, uploads e inscrições nos canais. Sem uma conta ativa no 
Google o usuário não tem presença pública na plataforma. Ou seja, não consegue 
realizar as tarefas mencionadas acima. Para os “participantes” da plataforma 
(pessoas que entram e assistem vídeos, mas não tem uma conta para realizar 
outras manifestações dentro do YouTube, como curtir, comentar, fazer upload e 
assinaturas) é impossível se expressar na plataforma, uma vez que para isso é 
preciso estar cadastrado na rede de usuários por uma conta Gmail. 
A partir do que o consumidor de conteúdo visualiza na plataforma, o YouTube 
sugere canais que possam interessá-lo. Se o usuário assiste vídeos de moda, 
tecnologia, culinária, entre outros temas disponíveis na rede, a plataforma passa a 
sugerir canais relacionados a esses assuntos com o passar do tempo. 
Para fornecer serviços mais claros e satisfatórios aos usuários da plataforma, 
o YouTube disponibiliza o botão “inscrever-se”, em todos os canais. Quando o 
usuário se inscreve em um canal, instantaneamente aparece uma janela informando 
que a partir daquele momento o usuário passará a receber notificações da 
plataforma. Essas notificações são enviadas ao usuário informando-o quando um 
vídeo é postado no canal assinado. Essa estratégia adotada pelo YouTube é uma 
forma já muito utilizada por outras plataformas para melhorar a experiência do 
assinante e persuadi-lo a visitar com mais frequência, instigando-o, através do e-mail 
ou de notificações nos dispositivos móveis, a consumir o conteúdo assinado. As 
assinaturas nos canais do YouTube são uma forma do usuário personalizar a conta 
e manter-se atento aos vídeos e conteúdos postados na plataforma. 
No livro YouTube e a Revolução Digital, os autores Burgess e Green (2009) 
citam Jawed Karim, cofundador do YouTube, que comenta que o sucesso do 
YouTube se baseia em quatro recursos que estão presentes na plataforma: 
 
Recomendações de vídeos por meio da lista de “Vídeos Relacionados”, um 
link de e-mail que permite o compartilhamento de vídeos, comentários (e 
outras funcionalidades interessantes a redes sociais) e um produtor de 
vídeo que pode ser incorporado em outras páginas da Internet (BURGESS 
e GREEN, 2009, p.19). 
 
31 
 
Ao fazer upload dos vídeos no YouTube os arquivos devem estar, 
necessariamente, em um dos seguintes formatos: MOV, MPEG4, AVI, WMV, 
MPEGPS, FLV, 3GPP ou WebM. O YouTube converte todos os arquivos recebidos 
para o formato Adobe Flash, que tem a extensão de arquivo “.flv”. Essa extensão 
tem algumas vantagens sobre outros programas, como, por exemplo, aumentar a 
taxa de compressão dos arquivos, quando carregados, levando a uma otimização do 
tempo de espera para conclusão do upload na plataforma. 
Os usuários do YouTube podem interagir um com os outros deixando 
comentários individuais, só para o dono do canal no modo privado, ou publicamente. 
Porém, alguns usuários da plataforma começaram a utilizar essas ferramentas para 
enviar spam e provocar outros usuários através de comentários maldosos, sendo 
necessário a plataforma intervir nessas atividades criando a opção bloquear conta. 
Essa opção impede que usuários bloqueados visualizem ou interajam com o usuário 
que o bloqueou. 
O YouTube tem algumas regras que os usuários devem seguir, como, por 
exemplo, é proibido postar vídeos pornográficos, conteúdos com sexo explícito, 
violência gráfica, nudez frontal, vídeos que violam as leis dos direitos autorais, 
vídeos com discursos de raiva contra temas, como religião, sexo etc. Se o YouTube 
receber denúncia de um vídeo e se certificar de que o arquivo viola uma das suas 
políticas, o vídeo é removido da rede e é enviado uma advertência ao criador do 
conteúdo. Caso as medidas tomadas não resolvam o problema, ou seja, o portador 
da conta continue reproduzindo conteúdo impróprio, o YouTube remove a conta do 
usuário da plataforma. As penalizações em casos de violação dos direitos autorais 
podem variar desde a retirada do Adsense dos vídeos, isto é, a monetização ao 
longo do conteúdo, e até a retirada do áudio. 
2.3 A democratização da produção audiovisual no YouTube 
 
Um produto audiovisual profissional desenvolvido pelas grandes indústrias 
culturais inclui em seu orçamento a pré-produção, filmagem, pós-produção, 
divulgação e distribuição. Para isso, elas envolvem profissionais de diversas áreas, 
equipamentos tecnológicos de alto custo e gastos com publicidade, acarretando em 
uma produção complexa e cara. Por isso, durante muito tempo, essas empresas 
detiveram todo o poder de comunicação. O YouTube surge como uma plataforma 
32 
 
digital de fácil manuseio, gratuita e capaz de armazenar e organizar vídeos. A 
criação da plataforma foi um alicerce para a democratização da produção e 
divulgação de conteúdos audiovisuais e informações. 
A partir do acesso facilitado à internet de banda larga e a equipamentos de 
baixo custo e de tecnologia avançada, como webcams, câmeras digitais, notebooks 
e smartphones, uma única pessoa é capaz de criar o roteiro, gravar, editar, publicar 
e divulgar o seu vídeo. O YouTube oferece o espaço, a autonomia e voz ao criador 
para disseminar o seu conteúdo. Assim, a plataforma torna-se um lugar privilegiado 
para produções amadoras, caseiras e/ou independentes. Nela é possível encontrar 
desde vídeos de baixíssima qualidade até produções profissionais. 
No ano de 2009, o YouTube passou a monetizar os vídeos e o produtor de 
conteúdo ganhou a possibilidade degerar renda através das visualizações. Para 
ativar essa função, o usuário deve se cadastrar no Google Adsense, um programa 
de afiliados em que os donos dos canais disponibilizam um espaço em seu canal 
para a divulgação de propagandas. Além das propagandas da própria plataforma, ao 
compartilhar ou dar like em um vídeo, o público aumenta o valor do conteúdo 
publicado, atraindo o interesse de agências publicitárias e seus clientes. 
Na aba canal, o YouTube oferece ao usuário as estatísticas dos seus vídeos, 
com informações como quais foram as publicações mais vistas, por quanto tempo o 
usuário permaneceu na página, em qual país e estado ele foi mais acessado, se o 
seu público é em sua maioria feminino ou masculino, a idade deles, a origem do 
tráfego, facilitando para o dono do canal observar a sua audiência e do que ela 
gosta. 
 
Essa característica de monitoramento do comportamento dos usuários é 
extremamente valiosa para os anunciantes, e muito mais fácil de ser feita do 
que nos esquemas radiodifusores, pois o feedback é imediato; torna-se, por 
tais razões, um espaço onde os investidores interessam-se em aplicar 
recursos, o que resulta em uma nova economia audiovisual (MEILI, 2011, 
p.09). 
 
Nesse contexto surgem os pro-ams, termo usado pelo jornalista e teórico 
Charles Leadbeater (2004), citado por Meili (2011), para definir entusiastas que 
transitam entre o universo amador e profissional, ou seja, criam algo 
voluntariamente, motivados por desejos e ideologias pessoais, mas com propriedade 
de conhecimento na área em que escolheram atuar. A principal forma de conceituar 
33 
 
o posicionamento do YouTube frente aos vídeos, tem a ver com a cultura 
participativa, em que o conteúdo é gerido pela comunidade (BURGESS e GREEN, 
2009). “O YouTube sempre direcionou seus serviços para o compartilhamento de 
conteúdo, incluindo o compartilhamento de conteúdo comum e amador, em vez de 
disponibilizar vídeos em alta qualidade” (p.22). Assim, o youtuber se faz como 
membro principal da plataforma, papel reconhecido e essencial para a atualização 
frequente do meio. O fenômeno da cultura participativa consiste na interação entre 
produtor de conteúdo e o consumidor, sem a segregação dos papéis de um e de 
outro. 
 
A expressão cultura participativa contrasta com noções mais antigas sobre 
a passividade dos espectadores dos meios de comunicação. Em vez de 
falar sobre produtores e consumidores de mídia como ocupantes de papéis 
separados, podemos agora considerá-los como participantes interagindo de 
acordo com um novo conjunto de regras, que nenhum de nós entende por 
completo (JENKINS, 2006. p. 30) 
 
Visto que os youtubers são capazes de influenciar o seu público, grandes 
mídias tradicionais abriram espaço em suas grades para eles. Essas celebridades 
do universo online tornam-se fontes constantes para reportagens em telejornais e 
programas informativos. O canal fechado Multishow, por exemplo, leva toda semana 
ao seu programa TVZ uma celebridade do universo jovem para apresentar uma 
playlist30 de música e interagir com a audiência via Twitter (SANT'ANNA e FILHO, 
2010) explicam que "essa rebeldia em tomar as rédeas da mídia (mesmo que, afinal, 
deseje ou acabe sendo absorvido pela mídia tradicional) é vista como mais uma 
prova do poder democrático da Web 2.0" (p.03). 
Já para Keen (2009) essa democratização de produção de conteúdo teve 
como consequência a mediocridade e até mesmo a banalização da cultura. Segundo 
o autor, profissionais de área específicas, como jornalismo, música, edição, vêm 
sendo substituídos gradativamente por esses personagens. Para ele, há uma 
banalização do papel da informação, que deveria prezar pela veracidade. “Amador é 
quem cultiva um hobby, podendo ser culto ou não, alguém que não ganha a vida 
com seu campo de interesse, um leigo a quem faltam credenciais” (KEEN, 2009, 
p.38). 
Burgess e Green (2009) criticam essas distinções entre o conteúdo amador e 
 
30 Playlist é uma lista de conteúdo midiático, seja de vídeo ou áudio, já pré-formatada para ser 
reproduzida em sequência ou em ordem aleatória. 
34 
 
profissional no YouTube, já que, para eles o que deve ser observado são as 
mudanças culturais de participação. 
 
O conteúdo circula e é utilizado no YouTube sem preocupações quanto a 
sua origem - ele é valorizado e gera envolvimento de modos específicos de 
acordo com o seu gênero e seus usos dentro do site, assim como sua 
relevância na vida de outros usuários, e não pelo fato de seu upload ter sido 
feito por um estúdio de Hollywood, uma empresa de web TV ou por um 
videoblogueiro amador (BURGESS e GREEN, 2009, p. 83). 
 
Com a ascensão do mobile e os constantes avanços tecnológicos, já 
comentados anteriormente, aumenta-se a possibilidade de obter um conteúdo 
audiovisual gravado em alta qualidade apenas utilizando um telefone móvel. A 
convergência digital foi um marco importante para a formação da geração mobile 
que, nos dias de hoje, utiliza o celular para fazer ligações, acessar a internet, tirar 
fotos e gravar vídeos. Para Cunha (2009), após a sociedade passar pela experiência 
do uso do smartphone para fins que vão além de chamadas telefônicas, tornou-se 
notório a percepção e a descoberta das múltiplas funcionalidades do celular. 
 
A convergência digital é o que permitiu ao celular contemporâneo se tornar 
mais do que apenas um telefone móvel. [...] O processo de convergência 
permite a possibilidade de modificação das relações entre o campo da 
produção e da recepção, por meio do uso de dispositivos cada vez mais 
compactos e capazes de realizar diversas funções, seja para uso privado ou 
profissional (CUNHA, 2008, p.05). 
 
O usuário, ao navegar pela internet consegue, a partir de experiências 
pessoais com as próprias ferramentas tecnológicas (computador desktop, o 
notebook, o tablet, ou o smartphone) e com o uso de softwares e sites, aumentar 
sua capacidade de criação e expansão de ideias através do meio online. A 
plataforma YouTube está ao alcance de todos e se configura como a maior 
disseminadora de conteúdo audiovisual da atualidade, e tudo isso se deve as suas 
funcionalidades. Para Meili (2011), é indiscutível a possibilidade de alcance de um 
vídeo no YouTube. Seja ele amador ou profissional, é possível que seja visto por 
milhões de pessoas. 
Grande parte dos usuários buscam se estabilizar como produtores de 
conteúdos na plataforma através de ferramentas técnicas de produção audiovisual, 
de branding31, de conhecimentos sobre a plataforma, além de outros fatores que 
 
31 Gestão de marcas. 
35 
 
acarretará mais visualizações do seu conteúdo. 
Cada usuário do YouTube que atua como produtor de conteúdo, ao gravar um 
vídeo, precisa ter em mente que vai direcionar sua fala para um público específico e 
levar em consideração a forma como sua mensagem vai ser transmitida em seu 
vídeo, levando uma maior compreensão do seu enunciado, ou seja, é necessário 
estabelecer uma linguagem que se aproxima daquela que o público utiliza. 
Atualmente, o usuário possui o controle sobre o que vai consumir de informação na 
internet. Com isso, é preciso que o produtor de conteúdo esteja alinhado com o seu 
público para buscar entender sempre o que estas pessoas estão discutindo e o que 
é válido abordar e apresentar como conteúdo para eles. “A interatividade traz à tona 
uma nova forma de consumo dos conteúdos comunicacionais e, ao mesmo tempo, 
surge como uma nova forma de laços entre as pessoas” (MARTINS, 2008. p.67). 
Diferente da experiência diante de um conteúdo produzido para televisão, o 
usuário que opta por assistir um vídeo online se permite vivenciar uma comunicação 
interpessoal. Para Burgess e Green (2009), os vídeos produzidos para a internet 
utilizam técnicas simples de edição e produção – contando muitas vezes apenascom uma webcam – e possuem uma linguagem direta, que permite o produtor de 
conteúdo conversar diretamente com o seu público. 
Grandes canais no YouTube utilizam uma linguagem que é condizente com o 
tema a ser tratado no próprio vídeo e com a identidade do canal. Através de 
recursos e linguagens características dos próprios canais, é perceptível que estes 
vão adquirindo sucesso embasado naquilo que produzem na internet. 
O Porta dos Fundos, por exemplo, canal de esquetes voltado para o humor, 
usa termos coloquiais presentes no cotidiano do público-alvo em seus vídeos, essa 
ação que aproxima o produtor de conteúdo do espectador cativando-o. Devido ao 
grande sucesso do canal, que envolve uma equipe de profissionais, o Porta dos 
Fundos assinou um contrato de parceria com a Fox Brasil, que permitiu a migração 
do conteúdo online do canal para a televisão sem grandes alterações na linguagem, 
formato e modo de produção dos seus vídeos para o YouTube. 
Buscando contribuir para a formação de novos produtores de conteúdo para o 
YouTube, a plataforma desenvolveu um espaço que contribui para que os usuários 
possam aprimorar suas noções de produção e pós-produção audiovisual. O “Centro 
de Criação do YouTube” é um site dentro de uma outra plataforma que permite aos 
usuários pesquisar e compartilhar dicas e recursos para aprimorar suas experiências 
36 
 
com o público e com a plataforma. 
Com a promessa de acompanhar o crescimento do canal dos usuários, a 
“Escola para Criadores do YouTube” apresenta uma sequência de aulas em tópicos 
que vão desde a criação do canal até o momento que ele conquista mais de 100 mil 
inscritos, com aulas sobre o planejamento e publicação dos vídeos, direitos autorais 
e de estímulo à criatividade etc. Além disso, a plataforma ainda traz dicas para gerar 
receita com a plataforma. Sua distribuição gratuita permite propagar ainda mais os 
ensinamentos sobre produção de conteúdo, validando ainda mais o conceito de 
comunicação participativa, qualificando os usuários para tal. 
 
3 DO MÉTODO À ANÁLISE 
3.1 Metodologia 
 
O objetivo desta pesquisa é perceber como a plataforma YouTube está sendo 
usada como uma possível alternativa para a produção de conteúdo online pelos 
jornais impressos. A hipótese é de que os veículos a utilizam como forma de atingir 
um público mais jovem e nativo da era digital. 
A pesquisa até aqui foi divida em dois capítulos. No primeiro, realizou-se uma 
contextualização do atual cenário do jornalismo impresso no Brasil. Como foi 
observado, a crise do jornalismo impresso intensificou-se após o advento da internet, 
o que fez com que diversos veículos buscassem se adaptar às novas formas de 
distribuir notícias e, assim, surgiu um processo de convergência para as mídias 
online. No segundo capítulo foi observada a presença da plataforma YouTube no 
universo digital contemporâneo, seu surgimento, suas funções e o seu papel como 
protagonista de uma cultura participativa (BURGESS E GREEN, 2009). 
Após a revisão bibliográfica o próximo passo foi definir os canais do YouTube 
dos impressos que seriam analisados. 
Tomou-se por base os dados fornecidos pelo Instituto Verificador de 
Circulação (IVC), que mapeia a circulação média diária de veículos impressos e 
digitais, divulgados pela Associação Nacional de Jornais (ANJ),32 referentes ao ano 
de 2015. Na tabela abaixo, estão os 10 jornais com maior circulação, sendo o jornal 
mineiro Super Notícia, com circulação média de 249.297 jornais por dia, o jornal 
 
32 Disponível em: <http://www.anj.org.br/maiores-jornais-do-brasil/>. Acesso em: 22 de março de 
2017. 
37 
 
brasileiro com o maior número de vendas. 
 
TABELA 1 - Os 10 maiores jornais do Brasil de circulação paga no ano de 2015 
Ranking Jornal UF Média de circulação por dia 
1 SUPER NOTÍCIA MG 249.297 
2 O GLOBO RJ 193.079 
3 FOLHA DE S. PAULO SP 189.254 
4 O ESTADO DE S.PAULO SP 157.761 
5 DAQUI GO 153.049 
6 ZERO HORA RS 152.573 
7 DIÁRIO GAÚCHO RS 148.547 
8 EXTRA RJ 136.831 
9 CORREIO DO POVO RS 102.335 
10 MEIA HORA RJ 96.138 
 
Fonte: tabela criada pelos autores desta pesquisa com base em dados disponíveis no site da 
ANJ 
 
Após a observação desse ranking, optou-se por escolher como corpus os 
canais do YouTube dos três jornais com maior circulação no país. Assim, 
inicialmente, foi definido que os três jornais escolhidos para a análise seriam Super 
Notícia, O Globo e Folha de S. Paulo. 
Em um segundo momento, partiu-se para uma primeira observação dos 
canais no YouTube desses veículos. Constatou-se que apesar de o Super Notícia 
ser o jornal de maior circulação diária no país, de acordo com o último dado 
disponível pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC), ele não possui um canal no 
YouTube, e não é um jornal de abrangência nacional, como O Globo e a Folha de S. 
Paulo são. Portanto, ele foi substituído neste estudo pelo jornal O Estado de S. 
Paulo, o 4° veículo com maior circulação. 
Após essa primeira alteração, percebeu-se também que dentre os veículos 
escolhidos para análise (O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo) o 
jornal O Globo não atenderia aos propósitos da pesquisa, apesar de possuir dois 
canais na plataforma YouTube. Um dos canais possui quase 5 mil inscritos33 e mais 
de 1 milhão de visualizações, porém, não é atualizado há dois anos. O outro canal 
 
33 Disponível em: <https://www.youtube.com/user/jornaloglobo>. Acesso em 23 de abril de 2017. 
38 
 
tem pouco mais de 500 seguidores34 e mais de 100 mil visualizações, embora seja 
menor, ele é atualizado, porém, com frequência irregular. Os vídeos publicados 
possuem intervalos de meses. Mesmo que o jornal O Globo se encaixe nos demais 
critérios (estar entre os jornais com maior tiragem do país, ser de abrangência 
nacional e possuir um canal no YouTube) optou-se por retirá-lo desta análise devido 
ao fato de seus canais não possuírem atividade frequente no YouTube. 
Com a retirada do jornal O Globo da análise, optou-se por observar apenas os 
canais dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, modificando o recorte 
inicial de três para dois canais no YouTube. 
O canal no YouTube da Folha de S. Paulo, o TV Folha, possui mais de 137 
mil inscritos35 e cerca de 50 milhões de visualizações. Seu conteúdo é distribuído de 
forma organizada, os vídeos são publicados todos os dias úteis da semana e são 
divididos e atualizados em playlists, ou seja, em listas de vídeos separadas por 
assuntos e temas. É possível encontrar playlists com temas bem específicos, como 
o Carnaval, o Enem e também há aquelas pertencentes às categorias mais amplas, 
como política e economia. 
 
FIGURA 3 - Imagem do canal do jornal Folha de S. Paulo no YouTube, 
escolhido para análise 
 
34 Disponível em: <https://www.youtube.com/channel/UCaOWCztNYxSwrqY9Ca19B4Q/feed>. 
Acesso em 23 de abril de 2017. 
35 Disponível em: <https://www.youtube.com/user/Folha>. Acesso em 10 de março de 2017. 
39 
 
 
Fonte: captura de tela do YouTube 
 
 
O Estado de S. Paulo possui dois canais ativos na plataforma, o Núcleo 
Multimídia Estadão36, que é um canal com mais de 17 mil inscritos e cerca de 6 
milhões de visualizações, e o TV Estadão, com mais de 90 mil inscritos37 e cerca de 
31 milhões de visualizações. O primeiro canal é um meio utilizado pelo próprio 
veículo apenas para divulgar vídeos de declarações de vítimas, réus, testemunhas 
de crimes, vídeos com conteúdo de investigações e outros semelhantes. Já o TV 
Estadão é o canal em que o jornal investe na produção de conteúdo. Nele, há uma 
atualização de segunda a sexta, sempre às 16 horas, como é descrito no próprio 
canal. Os vídeos também são divididos em playlists de conteúdo, semelhante ao 
canal da TV Folha, com temas sobre viagens, gastronomia,

Continue navegando