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NUTRICAO Estudo dos nutrientes e a maneira com que interagem no organismo dos animais. Nutriente – forma estática. Interação – forma dinâmica, modo ativo. Alimento – substâncias ingeridas com propósito de saciar sua fome. Consumo voluntário – é o limite máximo do apetite quando o alimento é oferecido. Ração – alimento ou mistura de alimentos fornecida aos animais com o propósito de atender suas necessidades nutricionais por 24h. Concentrado – alimento ou mistura contendo grande quantidade de nutrientes (proteína, energia, vitaminas ou minerais). Aproximadamente 10% de H2 Volumoso – mais fibra. Aproximadamente 75% de H O. 2 Metabolismo – conjunto de reações químicas que ocorrem nas células objetivando a manutenção da vida. O. O ideal é que o animal coma várias vezes ao dia, para que seja realizado muito anabolismo, de forma que o excesso de energia é acumulado. Digestão – simplificação molecular dos polímeros contínuos nos alimentos. Absorção – passagem da luz intestinal para o meio interior (sangue) dos monômeros liberados pela digestão dos polímeros contidos nos alimentos. Alimento H2 Matéria Seca O Proteína Lipídio (extrato estéreo) Matéria Mineral Matéria Orgânica CH não estrutural CH estrutural Microelemento Vitamina Macroelemento (minerais precisam de temperatura maior para ser determinados) Importância da nutrição: -colabora no melhoramento genético, permitindo a máxima expressão do genótipo. -ordem econômica – aproximadamente 50-70% dos custos de produção são oriundos dos gastos com a alimentação, portanto, o sucesso de um sistema de produção animal é marcadamente dependente da adequada nutrição dos animais. -permite o preparo de dietas balanceadas Função: -específica: Calórica – glicídio, proteína, gordura Plástica – proteína Reguladora – vitamina, sais minerais -paraespecífica: Estimular prazerosamente Saciar, sensação de plenitude Imunizar – contribuir para sanidade animal, etc. Aumentar o peristaltismo intestinal O sucesso da atividade pecuária está relacionado com a escolha correta de um sistema de produção. Aspectos envolvidos no sistema de produção: -condições endoclimáticas (solo, clima, planta) -localização -perfil do empreendedor -características do mercado regional -atividade (bovino, suíno, etc) -raça do animal -área explorada -instalações utilizadas -índices zootécnicos almejados -mão de obra utilizada (capacidade profissional alta ou baixa) -manejo (sanitário, reprodução, nutrição, ambiente) O alicerce de qualquer sistema de produção está fundamentado no correto e adequado manejo nutricional. Fenótipo (F) – Genótipo (G) – Ambiente (A) F = G + A Ambiente se dá pela condição climática, pelas instalações e pelo manejo alimentar ou nutricional (correto arraçoamento). Muitos alimentos são comuns entre diferentes sistemas de exploração animal, porém devem ser direcionados para cada aparelho digestivo (monogástrico e poligástrico). Monogástrico – concentrado Poligástrico – fibrosa Não ruminantes possuem baixo aproveitamento da fração de fibra dos alimentos ricos em celulose (vegetais). Alimentação diversificada. Dieta fundamentada em alimento concentrado. Alimento volumoso exerce papel secundário na alimentação. Exceção: equino e suíno. Ruminantes possuem a habilidade específica de digerir celulose (digestão bacteriana no rúmen). Devem ter alimentação rica em fibras. Aves e peixes – alimento exclusivamente concentrado. O fornecimento específico de cada alimento depende de requerimentos nutricionais, que por sua vez estão relacionados com: -categoria (idade, peso, sexo) -objetivo (ganho de peso, desempenho) -custo x benefício Para cada idade, há uma necessidade nutricional diferente. A demanda nutricional está subdividida em: -manutenção (metabolismo basal) -produção (sobra – ganho de peso, produção de ovos, leite, etc) Devemos respeitar a segurança alimentar, pois fornecer quantidades erradas de alimento pode resultar em uma subnutrição ou supernutrição, levando, em ambos os casos, ao comprometimento da saúde do animal e perdas financeiras. O correto arraçoamento garante a manutenção correta do metabolismo animal, obtenção de índices zootécnicos positivos, bom ganho de peso e desenvolvimento, etc. O estudo dos hábitos do animal é importante, pois permite o conhecimento de seu hábito alimentar. Ex: bovino de corte em confinamento deve fazer 3 ou 4 tratos por dia, sendo que se fizer 5 tratos ocorre problemas de sobra (indica vício do animal). Não deve ser fornecido alimento ao animal no intervalo entre 10h e 15h. Quanto mais fibroso o alimento, mais demorado o processo de ruminação/digestão. Ruminação aumenta em confinamento, com partículas mais fibrosas. Alimento mais concentrado diminui a ruminação. Animais se alimentam menos em períodos mais quentes. O cálculo de requerimento nutricional está sempre expresso na fração de matéria seca cada alimento possui um teor de umidade e matéria seca. Os principais nutrientes encontrados na matéria seca são: carboidratos, proteínas, aminoácidos, lipídios, minerais e vitaminas. Alimento volumoso (mais de 18% de fibra bruta) está dividido em: Forragens secas: fenos, palhas, casca de sementes; Forragens úmidas: silagens, pastagens, raízes. Alimento concentrado pode ser básico (menos de 16-18% de proteína bruta) ou proteico (mais de 20% de proteína bruta). Outros tipos de alimentos concentrados são: núcleos minerais, núcleos vitamínicos, probióticos (leveduras) e aditivos. Água: Para a manutenção da vida, o animal pode perder quase toda a gordura corporal, metade das proteínas orgânicas e até 40% do peso vivo, mas não pode perder mais de 10% de água. A maior parte dos nutrientes é absorvida através da água. Temperaturas elevadas exigem maior reposição de H2O. A distribuição de água corporal varia de acordo com a espécie, idade, sexo e estado nutricional. Fêmeas lactantes ingerem mais água, uma vez que esta é equivalente a 90% do leite. A % de água cai conforme a idade aumenta: embrião -89%; adulto -60%. Há diminuição de H2O com aumento de teor de gordura orgânica. Conforme o animal se desenvolve, menor sua necessidade por água. Para formar 4-5g de tecido corporal – 1g proteína + 3-4g água Para formar 1,2g de tecido adiposo – 1g gordura + 0,2g água. Principais funções da água: -digestão – alto poder de hidrólise das unidades constituintes dos grupos de nutrientes. -essencial para absorção dos nutrientes do trato digestivo -translocação de todos componentes químicos no organismo -excreção de todos resíduos do metabolismo orgânico -secreção de hormônios, enzimas e outras substâncias bioquímicas -termorregulação corporal -manutenção da pressão osmótica intracelular -equilíbrio ácido básico -facilita reações enzimáticas Funções especiais: -fluido cerebroespinhal – protege SN, amortece os choques -fluido sinovial – lubrifica as juntas -fluido auricular – transporte de sons -fluido intraocular – importante no processo da visão -fluido amniótico – proteção do feto Nitrogênio na água indica decomposição da matéria orgânica, o que compromete a qualidade da água, bem como a presença de contaminação fecal, presença de nitratos, flúor, selênio, ferro, molibdênio e alta concentração de nitrato. No inverno ocorre queda no consumo de água. Água fria causa queda na temperatura ruminal. Quanto maior oconsumo de sal, maior o consumo de água. Aumento de proteína bruta na ração causa aumento no consumo de água (catabolismo da ureia). Exigências de água: -Bovinos de corte – exigem menos água que gado de leite. A atividade em sistema de criação influencia nessa exigência. Em geral é de 8 a 9 litros por kg de peso vivo. -Ovinos – as exigências exatas não são conhecidas, depende do metabolismo, produção, cobertura de lã, etc. Em geral é equivalente a 2-3 vezes o consumo de matéria seca. Fêmeas prenhes dobram o consumo de água no último mês de gestação. Lactantes consomem 2 vezes mais que não lactantes. -Equinos – éguas lactantes consomem aproximadamente 57L por dia, enquanto cavalos adultos consomem aproximadamente 30-45L por dia, sendo que em caso de animal em trabalho o volume cresce para 58L por dia. -Caprinos – é semelhante ao camelo, que reduz a perda de líquido na urina e fezes. -Suínos – variação de temperatura entre 7-22°C não interfere no consumo de água, que é exagerado, provavelmente em decorrência de fome. Leitões consomem aproximadamente 3-4L por kg de matéria seca ingerida, enquanto fêmeas prenhes consomem 10-13L por dia e lactantes 17-25L por dia. -Aves – 2 vezes o consumo de matéria seca. -Coelho – adultos consomem aproximadamente 0,25L ao dia, fêmeas pré parto 1L por dia e lactantes 1-1,25L por dia. Proteínas São quimicamente semelhantes, porém fisiologicamente distintas. Existem centenas de aa, porém apenas 23 são encontrados como componentes de proteínas e 11 são considerados essenciais. Funções das proteínas: -regulação do metabolismo (enzimas e hormônios); -componentes estruturais (membranas, músculos, tecido conjuntivo); -transporte de materiais (hemoglobina); -osmorregulação (albumina); -imunidade (imunoglobulinas); -reprodução (formação de sptz e ovos); etc. Seu processo de digestão tem inicio no estômago. Lúmen intestinal e células da mucosa gastrointestinal realizam hidrólise através de proteases e peptidases. Sistema porta – fígado – corrente sanguínea. O fígado é o órgão que controla o nível de aa circulante na corrente sanguínea. Só vão para a circulação quando há necessidade, evitando o excesso. Na maioria dos animais, a amônia é liberada e convertida em uréia, sendo excretada. O gato possui mais proteína que qualquer outro mamífero. Répteis terrestres e aves – grupamento amino convertido em ácido úrico para excreção. O organismo possui baixa capacidade de estocar proteínas. Classificação dos aminoácidos: -aa essenciais – oferecidos apenas através da dieta, não são sintetizados no organismo em velocidade suficiente para atender as necessidades de máximo desempenho do animal. A ausência desses aminoácidos cauda deficiência na síntese proteica e, consequentemente, afeta o desempenho do animal, bem como seu crescimento e desenvolvimento. -aa não essenciais – produzidos no organismo a partir de outros aminoácidos, de maneira que, na sua ausência, não afetam o desempenho do animal, porém não deixam de ser essenciais na síntese proteica. Ruminantes Sintetizam aa essenciais e não essenciais para produção de proteína microbiana. Possuem capacidade única de sintetizar NNP, como ureia como fonte de N para os aa, devido à população microbiana. *NNP = nitrogênio não proteico. Proteína de origem microbiana – proteína + carboidrato aa + aa + ATP (dentro da bactéria = proteína microbiana) é quebrada no abomaso e vai para o intestino. O aa de origem microbiana vai para a veia porta, e então para o fígado, seguindo para os tecidos ou, em caso de excesso, transformado em ureia e eliminado na urina. *bactéria do rúmen degrada proteína ingerida em aa, que vai para dentro da bactéria e se transforma em proteína bacteriana/microbiana. Proteína que passa intacta pelo rúmen, direto para o abomaso, é chamada proteína de origem dietética. É degradada no abomaso e segue o mesmo caminho da proteína de origem animal. Principal composto nitrogenado não proteico é a ureia, que entra no rúmen e é colonizada por bactérias ureolíticas, que liberam a enzima uréase, degradando em 2NH2 + CO2, que vai para dentro da bactéria como NH3 , que junto com o ATP proveniente de carboidrato e enxofre dá origem a uma proteína de origem microbiana que vai para o abomaso, sendo dissociada através da ação de HCl e pepsina, dando origem a aa de origem microbiana, que vai para o intestino e em seguida se encaminha para a veia porta e para o fígado, podendo ser encaminhada para o tecido, ambiente e ser excretado, ou para a saliva do animal, sendo aproveitada novamente. Se faltar ATP para a transformação da amônia (NH3 ), pode haver intoxicação. A ureia proveniente de compostos não proteicos é mais abundante que a resultante dos proteicos, sendo excretada quando proveniente de proteicos e reaproveitadas no caso dos não proteicos. NH3 Indícios – língua para fora, aumento da salivação, tremor. é toxico, pois faz o pH do rúmen aumentar. Para neutralizar deve ser administrado vinagre. Ureia – 40-50g para 100kg de peso vivo pode se tornar toxico devido a sua degradação em NH3 . É um dos alimentos de degradação mais rápida no organismo, portanto deve estar disponível ATP e enxofre, para que haja a síntese da proteína de origem microbiana. Animais monogástricos: -caracterizados pela necessidade de receberem quantidades especificas de aa na dieta. As principais fontes de aa são utilizadas nas rações, mas surgem os aa limitantes. *aa limitantes: estão presentes na dieta em uma concentração menor que a exigida para o máximo crescimento. Podem estar limitantes numa ração um ou mais aa ao mesmo tempo, em uma ordem de limitação. 1° limitante – menor concentração relativa à sua exigência; 2° limitante – é aquele que, após supridas as exigências do 1°, tem sua concentração abaixo das exigências. A suplementação de aa limitante deve ser realizada na sequencia de sua limitação. Lei do mínimo – o aa que estiver em menor conentração da sua exigência é que limitará o desempenho do animal. Se não houver aa na quantidade exigida, não é possível a formação de proteína. Aves e suínos tem capacidade de regular consumo da ração para atender as pequenas deficiências de aa. Ex: poedeiras aumentam consumo para conseguirem atender suas necessidades de metionina + cisteína quando a dieta apresentar até 5% a menos desses aa. Aminoácidos limitantes: aa Aves Suínos 1° Metionina Lisina 2° Lisina Metionina 3° Triptofano Triptofano *rações a base de milho e soja. Adequação dos níveis de aa na dieta: -fazer com que todos aa estejam presentes na quantidade correta na dieta dos animais. -todos os ingredientes das rações estão em desequilíbrio de aa. Ingrediente 1° 2° Milho Lisina Triptofano Sorgo Lisina Treonina Farelo de soja aa sulfurosos Treonina Farelo de algodão Lisina Treonina *para suínos -deve-se combinar ingredientes que se completam -níveis de PB adequados -para aves – nível de metionina não é suprido com a combinação milho+soja, é necessária administração de aminoácido sintético. Ração – parte proteica e parte energética. Ração com 18% de proteína pode ser melhor que uma de 20%, se seus níveis de aa estiverem balanceados. AA sintéticos: -produção industrial de aa permitiu a redução dos níveis de PB das rações (reduzindo a excreção de N no meio ambiente) Atualmente 4 aa são produzidos comercialmente: -DL – metionina (98-99%) -L – lisina (99%) -L – treonina (98%) -L triptofano (98%) Proteína, diferente de carboidrato, não é armazenada no organismo, portanto se não for utilizada, é excretada. *L e DL – relacionado a forma química. Animais são mais compatíveis com a forma L. DL é convertido em L. DL-metionina – para ser aproveitada pelo organismo precisa ser convertida em MHA pelo sistema hepático e depois convertida na forma de L-metionina. Pode seguir dois caminhos: - DL-metionina – D-metionina – MHA (fígado) – L-metionina- DL-metionina – L-metionina Utilização de aa sintético: -o organismo animal tem a capacidade de converter forma D de alguns aa em forma L. Para isso, é preciso a presença da enzima transaminase no fígado, que realiza a conversão. -não há enzimas para converter as formas D de lisina e tronina, portanto devem estar na forma L. -aves e suínos aproveitam de forma eficiente a forma D da metionina. Quanto maior a idade, menor a necessidade proteica, devido a maior capacidade de consumo em relação ao peso e menor peso metabólico relativo. Ex: suínos – 15,8g de PB/kg de PV com 7,5kg 6,4g de PB/kg de PV com 65kg. Função fisiológica: matença, crescimento, produção (postura, etc) Matença – necessário para manutenção do metabolismo basal. A exigência de PB para matença é menor que para crescimento e produção. Já exigências de metionina são maiores para postura, seguida de matença e crescimento. Nível de energia das reações: Aves e suínos consomem para atender as exigências de energia. Qualquer variação no nível de energia afeta o consumo da mesma e de todos os nutrientes. Temperatura ambiente afeta diretamente o consumo. Aumento da taxa respiratória diminui o consumo de ração. Aves e suínos tem dificuldade na troca de calor com o meio, sendo feita em grande parte através da respiração. Em lugares quentes deve-se aumentar o teor proteico das rações, á que o consumo é reduzido. Frangos de corte reduzem o consumo de forma linear, a medida que a temperatura aumenta. Machos possuem ganho de peso maior que as fêmeas, pois possuem maior capacidade de consumo. Excreção de nitrogênio em forma de ureia. Aves – ácido úrico Animais aquáticos – amônia. A ingestão de dietas não balanceadas (principalmente em aa) altera a concentração dos aa do plasma. Aminoácido que estiver limitante será incorporado ao fígado, reduzindo mais ainda a concentração plasmática do mesmo. Esse mecanismo ativa o córtex cerebral, que por sua vez, provoca redução no consumo, na tentativa de reduzir os efeitos negativos de uma dieta não balanceada. Altera o mecanismo cerebral. Existem 3 tipos de imbalanço: 1- Ingestão de dietas com conteúdo desequilibrados de aa. 2- Antagonismo entre aa. Ex: lisina e arginina. 3- Toxidez de aa. Ex: metionina e triptofano. Proteína ideal – dietas que possuem o perfil aa nas proporções exatas das necessidades dos animais. Supõe-se que todos os aa, nesse caso, sejam utilizados por completo para biossíntese de tecidos. Relação ideal de aa gera melhor desempenho dos animais e menores níveis de excretação. A proteína ideal depende da qualidade da fonte proteica e da possibilidade de adequação de desequilíbrios através do uso de aa puros. A combinação de ingredientes que se completam nos desequilíbrios de aa reduz o efeito do excesso de aa (usados na síntese de energia). Digestibilidade e Biodisponibilidade: A digestibilidade das proteínas depende de fatores relacionados com a composição e estrutura química dos mesmos. A qualidade das proteínas depende da digestibilidade da fonte, quantidade de aa e do seu balanço. Proteína de origem animal tem maior digestibilidade que as de origem vegetas, pois possui menos pontes de enxofre. *pontes de enxofre dificultam a quebra proteica. Exceto no caso de farinha de penas e farinha de sangue, pois estas são processadas pelo calor, logo apresentam menor digestibilidade, pois o calor desnaturaliza a proteína, dificultando sua quebra. Digestibilidade refere-se a fração da proteína ingerida que foi absorvida. Ex: 100g de PB – 75g absorvida 25g excretado = 75% de digestibilidade. -Digestibilidade aparente – não desconta frações endógenas. -Digestibilidade verdadeira – desconta as frações endógenas (tende a ser maior que a aparente) Frações endógenas – frações de N que aparecem nas fezes e que não vieram do alimento. Para descobrir essa fração, deve-se deixar o animal em jejum, analisar as fezes e comparar com as de quando é alimentado. Biodisponibilidade – refere-se a fração de proteína que foi absorvida que será efetivamente utilizada na síntese de tecido. Depende da qualidade da proteína. Para que uma proteína seja de maior biodisponibilidade, deve ser primeiramente de maior digestibilidade. Por outro lado, pode existir uma fonte proteica de maior difestibilidade, porém de menor biodisponibilidade. Valor bioenergético da proteína - % de N (aa) que foi retirado nos tecidos em realção ao que foi absorvido. Ex: ingestão de 100g de PB/dia, frações endógenas de 5g, PB nas fezes = 30g. Digestibilidade aparente – 100 – 30 = 70% Digestibilidade verdadeira – 100 – (30 – 5) = 75% Carboidratos São moléculas de carbono associadas a H e O. São as moléculas mais abundantes na natureza. Funções no organismo animal: -depósito de energia -fornecimento de energia na dieta -componentes na membrana celular -É a principal fonte energética na ração e aves e suínos. São classificados em: -Monossacarídeos – carboidratos simples que possuem alta importância nutricional para as células, porém são de baixa importância dietética. Ex: glicose, galactose, frutose. -Dissacarídeos – 2 monossacarídeos ligados por ligação glicosídica. Comunmente chamados de açúcares, possuem alta importância dietética, pois são encontrados na natureza e concorrem como fonte de energia para os animais. Ex: sacarose, lactose, maltose. -Polissacarídeos – pilímeros complexos de monossacarídeos. Alta importância dietética, pois representam a principal fonte de energia para os animais não ruminantes. Ex: amido, glicogênio, celulose (são os polissacarídeos maior importância nutricional) Amido: principal polissacarídeo dietético, presente em grãos. Sua digestibilidade é superior a 95%. Carboidrato de reserva. Glicogênio: carboidrato de reserva animal, presente no fígado e nos músculos. Função básica de fornecer energia quando ocorrem situações de gastos energéticos musculares intensos ou para recuperação dos níveis de glicose sanguínea (jejum). Celulose: polímero de glicose mais abundante na natureza. Carboidrato estrutural. Metabolismo de carboidratos: A celulose não é digerida por enzimas do animal, apenas por micro-organismos que produzem celulase. Sua digestibilidade é limitada em não ruminantes, mas representa a fonte de energia mais importante em ruminantes. Para aves e suínos tem como principal função o controle da taxa de passagem do bolo alimentar nos vários compartimentos do trato digestório. Aves e suínos adultos conseguem uma taxa relativamente boa de fermentação da celulose. Carboidratos não podem ser absorvidos em sua forma natural, portanto precisam passar pelo processo de digestão (quebra de macromoléculas). A digestão de carboidratos começa na boca: mastigação associada à umidificação. Ocorre o início da hidrólise. A saliva possui amilase salivar (exceto em cães). No estômago, o pH ácido inativa a amilase salivar, portanto em mamíferos adultos não ocorre digestão de carboidrato no estômago. No intestino delgado, o pH é neutralizado pelo bicarbonato proveniente do pâncreas e a amilase pancreática continua a digestão. Sacaridases específicas: lactase, maltase, sacarase, α-dextrinase. Localizadas na membrana da parede intestinal. Glicose e galactose requerem proteína transportadora específica para a absorção. Frutose passa por difusão facilitada. Carboidratos fibrosos, em herbívoros, são atacados rapidamente pelas enzimas microbianas, o que não ocorre em não herbívoros. Praticamente todos os carboidratos são absorvidos na forma de monossacarídeos, sendo que a maioria ocorre contra o gradiente de concentração. Após a absorção, o carboidrato dietético pode seguir algumas rotas no metabolismo: -Glicólise – oxidação da glicose a piruvato e lactato. Ocorre em função da necessidade de energiia da célula e do nível de glicemia. -Glicogênese – formação das reservas deglicogênio no músculo e fígado a partir da glicose 6-P com ação da glicogênio sintetase. -Glicogenólise – obtenção de glicose a partir da quebra enzimática do glicogênio (só ocorre quando o animal está em jejum ou estresse). É utilizado o glicogênio hepático. -Gloconeogênese – síntese de glicose a partir de outros compostos que não sejam carboidratos. Ex: aminoácidos em caso de excesso de proteína na ração. -Ciclo da Pentoe Fosfatada – tem como função básica fornecer NADPH para a síntese de AG durante a lipogênese. -Ciclo de Krebs – rota final da oxidação de carboidratos. Produção de 38 ATP por molécula de glicose. -Lipogênese – biossíntese de AG a partir de intermediários do ciclo de Krebs. Depende do aporte de glicose sanguínea. Excesso de carboidrato e aminoácido forma gordura. Tem a insulina como principal ativador. -Lipólise – mobilização de AG do tecido adiposo, durante o balanço negativo de energia (jejum prolongado) para fornecimento de energia. Glucagon é o hormônio com principal ação lipolítica. Utilização de carboidrato para suínos: -até 21 dias – lactose, bom aproveitamento. -a partir de 21 dias – maltose, amilose e amido dietético. -rações pré-iniciais – objetivo de ativar o sistema enzimático dos leitões, evitando diarreia no desmame. -a digestibilidade dos carboidratos depende da presença de enzimas no TGI. -carboidratos solúveis aumentam a digestibilidade. Utilização da fibra bruta para suínos e aves: -possuem pouca capacidade de digerir fibras -em certos estados fisiológicos, esta pequena digestão pode atender as necessidades de mantença. -Ionóforos em dietas com maior teor de fibra melhoram sua digestibilidade, bem como a Salinomicina. Lipídeos Grupo diverso de compostos orgânicos cuja característica comum é serem insolúveis em meio aquoso. Ex: óleos (insaturados) e gorduras (saturados), são triglicerídeos de composição semelhante. Do ponto de vista nutricional, os triacil gliceróis possuem um papel importante, pois são formas estocáveis de energia. Função básica: estrutural e reserva. Fornece 2,2 vezes mais energia que carboidratos e proteínas. Funções: -proteção e isolamento – gordura que recobre o corpo -maciez da carne – localiza-se entre as fibras musculares (gordura de marmoreio) -precursores dos AGE -importantes para absorção das vitaminas lipossolúveis -participam da secreção da bili e síntese de prostaglandinas -estímulo para liberação de CCK (colicistoquinina) que atua no pâncreas, estimulando a liberação do suco pancreático, favorecendo a digestão de substratos. -reduz a velocidade de passagem do bolo alimentar, favorecendo o funcionamento normal do TGI. Nas rações, os lipídios aumentam a palatabilidade, reduzem a poeira e a perda de nutrientes, facilitam a peletização e é o método mais pratico de elevar a energia da ração. Seu valor extra calórico depende do grau de inclusão nas rações: Frango de corte – até 3% de inclusão Suíno – inicial e crescimento – até 2,5% Suíno – terminação – até 1,8% Suíno – lactação – até 3,5% Forma de apresentação: -aderidos a membranas -forma de triacilglicerol -ligados a proteínas (lopoproteínas) Classificação dos lipídeos: -Simples: ésteres de ácido graxo + alcoóis – glicerídeos, triglicerídeos, cerídeos, esterídeos. Gordura/óleo – ácido graxo + glicerol Ceras – ácido graxo + álcool monohídrico -Complexo – ácido graxo + álcool + n .n – ácido fosfórico – fosfolipídio .n – carboidrato – glicolipídio -Derivados – ácidos graxos livres – produção de energia ou síntese de gordura. Ponto de fusão da gordura = dureza. Quanto maior o ponto de fusão, mais saturado. Esteróides: colesterol, ergosterol, ácidos biliares, vitamina D, estrógenos, etc. Ácidos graxos essenciais: Linoléico e Linolênico (nutricionalmente essenciais) e Araquidônico (metabolicamente essencial). Cães, aves, suínos e ruminantes conseguem sintetizar ácido araquidônico a partir do ácido linoleico, enquanto gatos não conseguem fazer tal conversão. Dietas para suínos normalmente apresentam quantidades suficientes de ác. Linoleico, portanto dificilmente existe a necessidade de suplementação. Dietas para frango de corte contendo milho não necessita de suplementação. Já no caso de poedeiras, deve-se preocupar com o ácido linoleico, uma vez que este influi no tamanho do ovo. Sintomas da deficiência de ácido linoléico: Aves: -crescimento retardado -redução do tamanho dos ovos -redução na taxa de postura -redução na eclodibilidade dos ovos -morte embrionária Suínos: -perda de pelo -dermatites -pelo seco e quebradiço -deficiência na produção da bili -atrofia dos testículos -redução na espermatogênese Ácido graxo linolênico: -AG de cadeia longa -Fontes: óleo de peixe de água fria, alguns óleos vegetais Há enriquecimento de gemas e carne de frango com ácido linolênico. Digestibilidade de gorduras: -varia de 85-95%, havendo diferença na absorção em nível de intestino delgado. Quanto maior a cadeia para ác. Graxo saturado, menor a digestibilidade. Ác. Graxo de cadeia curta pode ser absorvido no estômago. Quanto maior o número de insaturações, maior a digestibilidade. Ponto de fusão também afeta na digestibilidade: -insaturados – quanto maior a cadeia, menor o ponto de fusão e maior a absorção. -saturados – quanto maior a cadeia, maior o ponto de fusão e menor a absorção. A presença da ligação éster (ác. Graxo + glicerol) aumenta a digestibilidade. Ácido graxo livre tem menor absorção. Há necessidade de ácido graxo insaturado para bom aproveitamento de ácido graxo saturado. Quanto maior a integridade da parede intestinal, maior a absorção. Animais mais jovens possuem dificuldade na produção da bili, que participa da digestão de gorduras. Rancidez das gorduras: -rancidez hidrolítica – ação enzimática de bactérias sobre os lipídeos. Liberação de ácido graxo para hidrólise enzimática. Não afeta o valor energético das gorduras. Altera as características organolépticas: cor, sabor, odor. -rancidez oxidativa – perda substancial do valor energético do lipídeo. Necessidade do uso de aditivos antioxidantes nas rações. Altera as características organolépticas: sabor e odor desagradáveis, havendo recusa do alimento pelo animal. Fatores que favorecem a rancificação: -Umidade – alta umidade favorece as reações de oxidação, permitindo o aparecimento de fungos e bactérias que fazem hidrólise de gorduras. A umidade máxima das gorduras é de 0,5%. -Temperatura – alta temperatura e alta umidade está associado a presença de íons metálicos, o que favorece a rancificação. -Presença de íons metálicos – Zinco, Cobre, Ferro e Cálcio, pois catalizam as reações de oxidação. Colesterol: Biossintetizado no fígado, portanto não é dieteticamente essencial; só existe no organismo animal. Todos os esteroides são provenientes do colesterol (testosterona, estradiol, progesterona, cortisol, vitamina D, sais biliares). Funções básicas: -presente nas membranas celulares; -faz parte das lipoproteínas transportadoras; -lubrificação das veias e artérias; -essencial para a formação de micelas; -absorção dos triglicerídeos; -absorção de vitaminas lipossolúveis. As aves são os animais com maior taxa de produção de colesterol (1 ovo de 59g apresenta 210-215mg de colesterol), Ingestão de gorduras saturadas leva a maior síntese de colesterol. Antioxidantes: Compostos orgânicos naturais ou sintéticos que evitam a oxidação de compostos que possuem insaturação. Age neutralizando radicais livres de O2 evitando a peroxidação. Retarda o inicio da peroxidação, bloqueando a reação. A qualidade da gordura está relacionada com a composição em ácido graxo e sua oxidação, que compromete a qualidade nutricional. As prioridades do uso da energia pelo animal são, em ordem decrescente de importância: mantença, produção, reprodução e acúmulo. *Aves cessam a produção em pouco tempo quando entram em uma dieta deficiente em energia. Em casode deficiência de energia, animais em crescimento param de crescer e fêmeas prenhes abortam. Se a energia é suficiente para a mantença, nenhum sintoma ocorre além da perda de produção; já se a energia não for suficiente para a mantença, o animal perde peso, pois começa a realizar catabolismo (utiliza glicogênio hepático, reserva lipídica e energia das proteínas). Excesso de energia pode causar infertilidade, obesidade e dificuldades no parto, além de diminuir a taxa de desenvolvimento em animais em crescimento devido ao bloqueio do hipotálamo. Os principais lipídeos são: triglicerídeos (óleos e gorduras), fosfolipídeos e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). Digestão: Pré-duodenal – leitões – já na boca ocorre a ação da lípase lingual e em seguida, no estomago, ação da lípase gástrica. Absorção de ácido graxo na parede estomacal gera energia imediata. Gordura do leite aumenta proporções de ácido graxo de cadeia curta e média, que são facilmente atacáveis pela lípase gástrica, formando um substrato que se dirige para o duodeno, onde é atacado pela lípase pancreática. A digestão pré-duodenal perde sua importância com o avançar da idade, permanecendo no animal adulto, porém com ação lipolítica mínima. Digestão duodenal – a presença de microvilosidades aumenta a superfície absorvente de 15-20 vezes. De 50 a 78% das gorduras e óleos da dieta são hidrolisados a 2-monoglicerídeos e assim absorvidos intactos. Metabolismo: -Degradação – consiste nas reações de β-oxidação, onde os ácidos graxos de cadeia longa são transformados em acetil-CoA, entrando a partir daí no ciclo de Krebs, transformando-se em energia e CO2+H2O. -Síntese – ácidos graxos são também sintetizados a partir de acetil-CoA resultante do metabolismo de carboidratos e proteínas. Os efeitos dos lipídios sobre a fermentação ruminal (gorduras não “protegidas”) são: redução na digestibilidade de fibra, morte dos protozoários ruminais e aumento da eficácia da síntese de proteínas microbianas. As gorduras “protegidas” são vantajosas para a produção de leite e carne. Minerais Minerais são considerados especiais quando estão presentes em concentrações aproximadamente constantes nos tecidos sadios de todos os animais, com pequenas variações entre espécies. A adição do elemento a dietas deficientes evita ou recupera a anormalidade presente. Os minerais são classificados nutricionalmente de acordo com o requerimento animal em: -Macroelementos: Principais cátios – cálcio, magnésio, potássio e sódio; Principais ânions – cloro, fosfato e enxofre. -Microelementos: cobalto, cobre, cromo, estanho, ferro, flúor, iodo, manganês, molibdênio, níquel, selênio, silício, vanádio e zinco. Funções dos minerais: -estrutural – esqueleto ósseo -catalítica – componente ou ativador de enzimas e de outras unidades ou sistemas biológicos. -manutenção do equilíbrio ácido-básico – pH do sangue. * os alimentos ingeridos cobrem uma larga faixa de potencial de acidez ou alcalinidade. Ex: vegetais (folhas e frutas) – Na, K, Fe, Ca, Mg – caráter alcalino. Grãos de cereais, carne, peixes – Cl, P, S – caráter ácido (formador de ácidos). A absorção pode ocorrer por difusão simples ou envolver mecanismos específicos. Ex: cálcio – é absorvido por um processo de transporte ativo nas porções anteriores do intestino delgado. Esse processo é regulado pela 1,25-diidroxicolecalciferol (metabólito da vitamina D, produzido nos rins em resposta às baixas concentrações de cálcio no sangue). pH baixo no canal alimentar favorece a absorção de cálcio. Na, K e Cl – dependem do balanço entre íons extracelulares e intracelulares. Quelatos de metais com aminoácidos favorece absorção no intestino delgado. Fatores que interferem na biodisponibilidade: -espécie animal, idade e estado fisiológico -forma química em que o elemento está presente no alimento ou no intestino -presença de quelantes no alimento ou no intestino Exemplo da influência da forma química na biodisponibilidade: fósforo de grãos: Dois terços do fósforo total presente nos grãos está ligado ao ácido fitico, formando o fitato. Os animais não possuem a fitase, portanto somente 1/3 está biodisponivel para monogástricos. Rações de monogástricos devem ser calculadas em fósforo disponível (PD) Metabolismo de macrominerais: Cálcio: -essencial para a formação e manutenção dos ossos; -essencial para a secreção normal do leite; -essencial para a produção e qualidade da casca do ovo; -participa da contração dos músculos esqueléticos e cardíacos; -essencial na transmissão de estímulos nervosos; -ativador de enzimas; -é necessário para a conversão de protrombina em trombina. O fibrinogênio, na presença de trombina, transforma-se em fibrina que é uma proteína essencial para a coagulação do sangue. -é responsável pela aceleração da atividade da lipase pancreática. Fatores que afetam a utilização do cálcio alimentar: -adequados níveis de Ca e P -níveis de vitamina D -biodisponibilidade -idade do animal -pH do intestino delgado (pH ácido=maior absorção) -sistemas hormonais O cálcio sérico é mantido constante por um mecanismo homeostático que envolve o paratormônio, calcitocina, formas ativas da vitamina D, proteína de ligação de cálcio. Se o nível de cálcio sérico cai: -aumenta a secreção de paratormônio -aumenta mobilização óssea -aumenta síntese de vitamina D -aumenta absorção intestinal de cálcio -aumenta síntese da proteína de ligação de cálcio, que normaliza os níveis séricos Se o nível de cálcio sério cresce: -aumenta secreção de calcitocina -diminui absorção pelo TGI -normaliza o nível sérico Em estações secas o teor de P cai drasticamente após a floração, devido a transferência de P para as sementes que caem ao solo. As plantas são mais hábeis em manter Ca na parte aérea. Não há declínio com a maturidade, nem transferência para as sementes. Gramíneas – pobres em P e ricas em Ca Grãos – pobres em Ca e ricos em P Deficiência de fósforo é comum em animais em pastejo. Deficiência de Ca é comum em aves, suínos e vacas leiteiras (hipocalemia da parturiente). Aves usam cerca de 2,2g de cálcio por ovo. A casca do ovo é composta basicamente de carbonato de cálcio. O estresse calórico prejudica a formação da casca do ovo, pois afeta a fisiologia da ave em diversos aspectos, incluindo a diminuição no consumo de ração em períodos de temperatura elevada concomitante com o alto consumo de água, a passagem do alimento ocorre com maior velocidade, portanto a absorção de cálcio é menor. Leguminosas são mais ricas em Ca e P do que Gramíneas. Produtos de origem animal são mais ricos que os de origem vegetal. Ordem de capacidade de utilizar o fitato: Bovinos – outros ruminantes – equinos – suínos – aves (importante suplementação). Deficiências de cálcio: -principais sintomas ocorrem nos ossos: raquitismo e osteomalácia. -deformidades ósseas -fraturas espontâneas -osteodistrofia fibrosa (excesso de P e deficiência de Ca) – cara inchada -humanos: osteoporose. Deficiência severa de cálcio: -tetania e convulsões -eclâmpsia – cadelas e porcas -febre do leite – vacas em inicio de lactação -hipocalcemia -depende da ingestão de cálcio antes do parto e da atividade do paratormônio. Fósforo na nutrição Funções: -formação do esqueleto -metabolismo energético -síntese de ácidos nucleicos -síntese dos fosfolipídios da membrana -constituinte de fosfolipídios do sistema nervoso (esfingomielina) Ruminantes com baixa taxa de fósforo possuem baixo crescimento da microbiota e, consequentemente, baixa digestão da celulose, menor produção de amônia e menor desempenho animal. Fatores que afetam o aproveitamento do P: -excesso de cálcio dietético – formam-se fosfatos insolúveis -vitamina D e paratormônio ajudam na absorção -forma de fornecimento do fósforo Biodisponibilidade: Fósforo inorgânico e de fontes proteicas – 100% disponível Fósforo de origem vegetal – 1/3 disponível Feno de alfafa– não possui fitato Farelo de arroz – 86% de fitato *aves e suínos apresentam pequeno aproveitamento de fósforo fítico. Sinais da deficiência em bovinos: -baixa taxa de fertilidade -baixo GMD -osteofagia (roer ossos) que tem como consequência o botulismo. Sódio, Potássio e Cloro: Elementos amplamente distribuídos nos fluidos e tecidos moles do organismo Sódio: -participa das contrações das células musculares -absorção e transporte dos nutrientes para as células (bomba de sódio – transporte ativo) Cloro: -equilíbrio ácido-base -ácido clorídrico Potássio: -participa das contrações das células musculares -absorção e transporte dos nutrientes para as células (bomba de sódio – transporte ativo) Maior teor em forragem verde do que em concentrados. A maior necessidade de sal dos herbívoros atribui-se às forragens serem ricas em K (antagonismo entre Na e K). Sintomas de deficiência de potássio: A deficiência é muito improvável em condições normais de alimentação. Geralmente não há necessidade de suplementar, pois as dietas contém teores superiores às exigências. Deficiência causa fraqueza dos músculos cardíaco e respiratório Magnésio: Ossos – 60-70% Tecidos moles e fluidos corporais – 30-40% Bovinos suportam até 0,5% da dieta com intoxicação em 0,8% Aves e suínos – nível Maximo de 0,3% Funções do magnésio: -envolvido em reações de transferência de energia -atua juntamente com enzimas na forma de quelatos ativando reações -envolvido no metabolismo de carboidratos, gordura, proteína e ácido nucleico. Sintomas da deficiência de magnésio: Aves e suínos – pouco provável ocorrer deficiência (milho e soja contém 02-04% e as necessidades variam entre 0,05 e 0,08% Ruminantes – tetania das pastagens – acomete bovinos e ovinos em pastagens novas e de crescimento rápido. Enxofre: Constitui cerca de 21,5% da metionina Constitui aminoácidos sulfurados, tiamina e biotina -componente das cartilagens A forma inorgânica fornecida aos ruminantes não é suficiente para monogástricos, que devem receber enxofre na forma orgânica (metionina e cistina). Sintomas da deficiência de enxofre: -não específicos e se assemelham à deficiência de aminoácidos sulfurosos e proteínas. Intoxicação: -anóxia -perda de peso -diarreia -depressão Metabolismo dos microminerais: Ferro: Anemia ferropriva dos leitões. Comum em leitões criados em piso de cimento. Leite materno é a única fonte alimentar. Se não forem tratados, desenvolvem anemia em 2- 4 semanas de vida. Nascem com conteúdo de ferro de aproximadamente 50mg. 70-80% desse valor estão em moléculas de hemoglobina. Somente 6-8mg forma a reserva do fígado e baço. O leite possui conteúdo de aproximadamente 1-2mg/L. O aumento de ferro na dieta da porca não aumenta o conteúdo do leite. O colostro possui o dobro do valor do leite normal. A exigência dos leitões é de 7-16mg/dia ou 21mg/kg de ganho de peso, para manter adequados os níveis de hemoglobina. Os leitões dominantes disputam as primeiras tetas, pois tem maior secreção, proporcionando maior ganho de peso. Deve ser dada injeção intramuscular com 100mg de ferro (ferrodextran, ferroglicina, etc) no 3° e 14° dias de vida. São utilizadas pastas antianêmicas nas tetas das porcas. A ração é suplementada com sulfato ferroso (inicio do consumo de ração se dá a partir do 21° dia de vida) Sintomas de deficiência de ferro em suínos: -diarreia -aumento dos movimentos respiratórios -taquicardia Ferro para aves: O conteúdo normal de ferro dos ingredientes da ração suprem suas exigências. Vegetais possuem concentração entre 60-800mg/kg. Aves adultas conseguem reter apenas 5% desse conteúdo. Poedeiras podem necessitar de ferro suplementar, pois eliminam 1-1,5mg/ovo. Leguminosas e sementes oleaginosas são ricas em ferro (100-200mg/kg) Gramíneas são pobres em ferro (40mg/kg). Grãos de cereais – 30-60mg/kg – variam pouco, independente da espécie. Alimentos de origem animal (exclui-se leite e seus derivados) são fontes ricas. Farinha de carne e de peixe – 400-600mg/kg Farinha de sangue – até 3000mg/kg Calcário, farinha de ostra, muitos fosfatos de cálcio naturais – 2000-5000mg/kg Cobalto: É essencial para ruminantes, pois realiza síntese de vitamina B12 pelas bactérias do rúmen. Monogástricos – a própria vitamina B12 supre o animal de cobalto. Vacas leiteiras de alta produção estão susceptíveis à deficiência de cobalto, pois realizam alta excreção de vitamina B12 no leite. Em solos bem tratados, com pH acima de 6,7, as forrageiras possuem baixa capacidade de absorver cobalto, portanto pode ocorrer deficiência em animais recebendo dietas ou pastejando em pastagens de alta qualidade, com solos muito férteis. Sob tais condições de pH de solo as plantas absorvem mais molibdênio, que é antagonista do cobre, portanto o animal possui deficiência dupla (cobalto e cobre), causando queda na produção de leite. Sintomas de deficiência de cobalto: -inapetência e inanição -emagrecimento progressivo -aspecto doentio -anemia -diminuição da fertilidade/aborto -pelagem grosseira e arrepiada -queda de pelos da cauda Selênio: No metabolismo, está associado a vitamina E, que tem função de evitar a oxidação dos tecidos (antioxidante in vivo), mantendo a integridade das membranas celulares. Selênio – através da ativação da enzima glutationa peroxidase, destrói os peróxidos formados, recuperando as membranas celulares. Sintomas de deficiência de selênio: -distrofia muscular nutricional (bovinos, suínos, aves, equinos). Caracterizada por degeneração dos músculos estriados. Nas aves, ocorre degeneração associada à diatese exsudativa. Diatese exsudativa em aves: formação de edemas no organismo, principalmente na região abdominal. Recupera com adição de selênio e/ou vitamina E na dieta. Bovinos: deficiência ocorre quando mantidos por longos períodos consumindo alimentos que contenham 10-30mg de selênio por kg de matéria seca. Os sintomas de intoxicação crônica incluem: -laminite -descamação, deformação, alongamento, fratura e perda dos cascos -perda de pelos da cauda -cirrose hepática e nefrite -morte Suplementação de selênio: Adição ao sal mineral, injeções subcutâneas ou intramusculares, aditivos nas rações. Vitaminas Compostos orgânicos exigidos em pequenas quantidades. Não são convertidos em tecidos ou usados como fonte de energia. Podem ser: -Lipossolúveis: A (retinol), D3 (colecalciferol), D2 (ergocalociferol), E (tocoferol), K (filoquinona) -Hidrossolúveis: B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B3 (niacina), B5 (ác. Pantotênico), B9 (piridoxina), B12 (cobalamina), C (ác. Ascórbico), Biotina, Folacina (ác. Fólico), Colina. As vitaminas Lipossolúveis realizam estocagem, possuem excreção lenta (bile), tem função hormonal e pode causar intoxicação no caso das vitaminas A e D. A estocagem das vitaminas Hidrossolúveis é inexistente ou muito baixa, sua excreção é rápida (urina), possui função coenzimática e não hormonal e intoxicação rara. Lipossolúveis: Solubilidade em lipídios. Está associada à fração lipídica dos alimentos. Sua absorção e transporte possuem mecanismo similar aos lipídeos. A estocagem é realizada no tecido adiposo e fígado. Vitamina A – necessária para todos os animais. Não é encontrada nos alimentos como vitamina, mas sim como coroteno, que é uma forma inativa da vit. A, e é convertido na parede intestinal ou no fígado. Retinol e Retinal são suas formas ativas, encontrados em tecidos ou produtos de origem animal. Principal estocagem no fígado. Funções: ciclo visual, crescimento, reprodução (mantém espermatogênese e previne reabsorção fetal), manutenção das células epiteliais (diferença normal dos tecidos epiteliais e secreção mucosa). Deficiência: xeroftalmia, deformações ósseas, problemas de reprodução, queratinização dos tecidos epiteliais, problemas de cria cega, lacrimejamento intenso (boi e cavalo), pálpebras coladas (aves), cegueiranoturna. Excesso de vit. A provoca liberação de enzimas hidrolíticas, destruição de eritrócitos, espessamento de membranas, etc. Vitamina D: Fator anti-raquitismo. Óleo de fígado de peixe, luz solar, produzido em plantas e animais pela radiação. Fontes: D2 – ergocalciferol (plantas); D3 – colecalciferol (animais). Precursores: ergosterol (plantas); 7-dehidrocolesterol (pele animal). Mantém a concentração plasmática do cálcio: captação crescente de cálcio pelo intestino, diminuição de perda de Ca pelo rim, estímulo da reabsorção óssea quando necessário. As exigências estão baseadas na relação de Ca:P na dieta. É muito importante durante o crescimento, lactação e prenhez. Armazenamento no fígado, por mais de 3 meses. Fontes: fígado, gema de ovo, óleos de peixe, fenos, volumosos em geral. Deficiência: -raquitismo (jovens) -osteoma (adultos) -queda de apetite e de peso -atraso do crescimento -irritabilidade nervosa -espasmo -tetania (febre do leite) -imobilidade -nódulos nas articulações e costelas -ovos com casca fina e deformada -queda na eclodibilidade -crias fracas e mal formadas. Vitamina E: Vitamina anti-esterilidade. Mistura-se com os ácidos graxos da membrana, sendo antioxidante. Todos os animais dependem da vitamina E da dieta (não sintetizam). Funções: antioxidante biológico, estrutura da membrana, resistência a doenças, síntese de prostaglandinas, coagulação sanguínea, transporte de elétrons e ácido desoxirribonucleico. *antioxidante – previne peroxidação lipídica de AG poli-insaturado, especialmente nas células das membranas. Distrofia muscular – doença do músculo rígido em cordeiro (regeneração do m. esquelético); doença do músculo branco em bovinos (rigidez leva a morte). Fontes primárias: óleos vegetais – amendoim, soja, palma, milho, girassol, etc. Fontes secundárias: semente, grãos inteiros, vegetais de folha verde. Estabilidade – fatores prejudiciais: luz, oxigênio e calor, em longos períodos de armazenagem e processamento de alimentos. Vitamina K: Fator anti-hemorrágico Funções: síntese de protrombina – coagulação normal do sangue. Os compostos com atividade de vit. K são essenciais para a formação de pelo menos outras 5 proteínas envolvidas na regulação do sangue. Ruminantes: sintetizada pelas bactérias ruminais. Não ruminantes: sintetizada no intestino grosso – não pode ser utilizada a menos que ocorra coprofagia. Deficiências: hemorragias subcutâneas e intramusculares. Ausência de sintomas de deficiência m animais adultos (como bovinos). Melhores fontes: vegetais de folhas verdes. Outras fontes: sementes de oleaginosas, aveia, trigo integral. Como uma fonte importante de vit. K2, temos a flora bacteriana do jejuno e do íleo. Vitaminas Hidrossolúveis: Solúveis em água. Absorvidas e sintetizadas pela microbiota do intestino. Sintetizadas pela microbiota ruminal. O Excesso é excretado na urina. Vitaminas do complexo B: -B1 – tiamina -B2 – riboflavina -B3 – niacina ou ác. Nicotínico -B5 – ác. Pantotênico -B6 – piridoxina -B7 – biotina -B9 – ác. Fólico -B12 – cianocobalamina Vitamina C – ác. Ascórbico B1 – tiamina: Fontes: plantas e micro-organismos. Destruída por cozimento prolongado. A maioria das dietas para monogástricos contém quantidades adequadas. Carência: diagnosticada pelo aumento de piruvato e lactato no sangue. Sinais: anormalidades no SN, fraqueza muscular, confusão mental, perda de peso. B2 – riboflavina: Estável no calor, mas sensível à luz. Funções: carreadora de H nas reações de oxi-redução; faz parte das enzimas oxidativas necessárias na cadeia respiratória. Fontes: sintetizada por plantas, mas não por mamíferos, leite, forragens verdes (cereais são pobres), adicionada à dieta de animais não ruminantes. Deficiências: aves – paralisia do dedo torto. Suínos – pele espessa e pernas com pouca mobilidade. Olhos: catarata. Equinos – fotofobia. B3 – niacina: É encontrada na coenzima NAD. Sintetizada por micro-organismos. Deficiência: perda de apetite, crescimento retardado, fraqueza, desordens digestivas. B5 – ác. Pantotênico: Constituinte da coenzima A. transfere unidade de 2 carbonos (Acetil-CoA). Importante no metabolismo de carboidratos, lipídeos e aminoácidos. Deficiência: rara. Lesões na pele e no pelo, dermatite em aves, pelos finos em suínos, lesões nos nervos, diarreia e ulceras estomacais. Fontes: sintetizada por micro-organismos, amplamente distribuída nos alimentos (grãos de cereais e leguminosas). B6 – piridoxina: Responsáveis pelas reações com aminoácidos. Descarboxilação. Deficiências: inapetência, retardo no crescimento, convulsões, anemia, inflamação nos olhos e nariz em coelhos. Fontes: amplamente distribuído nos alimentos, não se suplementa. B7 – biotina: Presente em rações de carboxilação. Síntese de ácidos graxos. Conversão do piruvato em oxaloacetato. Muito importante no ciclo da ureia. Deficiências: aves e suínos – dermatites. Fontes: amplamente distribuído nos alimentos, não se suplementa. B9 – ác. Fólico: Doadora de unidade de 1C. Síntese de aminoácidos não essenciais e ácidos nucleicos. É sintetizada por micro-organismos. Deficiência: anemia, diminuição de celular brancas no sangue, despigmentação (pelos, penas), paralisia cervical em perus, queda na resistência, fetos anormais. Fontes: vegetais. Colina: Constituinte de fosfolipídios (lecitina). Transporte de lipídeos. Usada em reações de transametilação. Acetilcolina. Fontes: amplamente distribuída nos alimentos, sintetizada nos tecidos a partir da metionina. B12 – cobalamina: É a mais complexa das vitaminas. Única que contém mineral. É sintetizada apenas por micro-organismos. Iterrelacionada com ácido fólico, pois auxilia em sua entrada na célula. Deficiência de B12 pode levar à deficiência de ácido fólico. Envolvida na síntese de metionina. Deficiências: queda no crescimento (aves e suínos), incoordenação do membro posterior (suíno), anemia, fraqueza, perda de apetite, deficiência de cobalto causa deficiência de B12. Vitamina C – ác. Ascórbico: Sintetizado pela maioria dos animais, exceto primatas, porquinhos da índia, alguns pássaros e truta arco-íris. Aumento no consumo aumenta a excreção. Não há estoque e não se suplementa. Funções: coenzima ou cofator em reações de óxido-redução, importante na desintoxicação do organismo, antioxidante, absorção de ferro. Deficiências: escorbuto, perda de peso, infertilidade, retenção de placenta, baixa viabilidade espermática. Apesar de serem exigidas em pequenas quantidades, as vitaminas são fundamentais para os animais, portanto em um sistema de produção não podem nunca ser negligenciadas.
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