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Existem três principais eventos que acontecem na comunicação celular. O primeiro evento é a recepção do sinal químico por um receptor. O segundo evento é a mudança conformacional do receptor ao se conectar ao sinal, realizando a chamada transdução do sinal em outra molécula química ou eletricidade. – Conversão de uma informação em outra. O terceiro evento é a resposta celular realizada A cascata de sinalização celular envolve a captação do sinal, a transdução primária desse sinal em uma forma molecular que consegue simular uma resposta, por eventos moleculares. O sinal é retransmitido, do ponto de recepção ao ponto de ação da célula por vários mensageiros secundários. Depois, o sinal recebido é amplificado e, por fim, será distribuído por diferentes vias dentro da célula que vão culminar em respostas diferentes na célula. Cada um desses eventos pode ser modulado por outros sinais – inibindo, estimulando os eventos. Uma célula tem uma capacidade limitada de responder a sinais, porque cada célula vai ter uma quantidade de receptores que vão receber esses sinais. Por exempli, uma única célula pode ter de 10 a 100.000 receptores diferentes. Muitos sinais agindo juntos podem provocar respostas celulares diferentes. É uma rede complexa, uma vez que a célula animal depende de múltiplos sinais extracelulares combinados. Além disso, o mesmo sinal em diferentes tipos celulares induzirá a respostas celulares diferentes. Por exemplo, a recepção do neurotransmissor acetilcolina no cardiomiócito produz uma resposta de relaxamento; diminuição na razão e na força de contração desse cardiomiócito. Por outro lado, em uma célula muscular esquelética, a mesma acetilcolina interagindo com o receptor produz um efeito fisiológico de contração. Já na glândula salivar, a mesma acetilcolina, interagindo com o mesmo receptor do cardiomiócito, produz uma resposta de exocitose das vesículas de secreção contendo as proteínas a serem secretadas. Esses sinais podem atuar de forma rápida (resposta rápida ou não genômica) ou de forma lenta. Um sinal é reconhecido pelo receptor na superfície celular, é transduzido, amplificado e é gerada uma resposta de alteração da função proteica. Essa alteração vai ocasionar uma alteração na maquinaria citoplasmática da célula, levando, por fim, a uma alteração no comportamento dessa célula. Ela é rápida porque não envolve a transcrição e síntese de proteínas para alterar a maquinaria citoplasmática. Essa resposta partiu de uma proteína pré sintetizada, que sofreu alterações conformacionais que gerou uma mudança na função dessa proteína. Está relacionada à liberação e produção de determinado hormônio. Grande parte das moléculas sinalizadoras terão esse tipo de resposta, porque induz à modificações na expressão gênica. O sinal é reconhecido na superfície celular, é transduzido, amplificado e atinge o núcleo. Esse sinal, portanto, vai induzir à transcrição de determinados genes, mudando a expressão gênica das células. Quando altera a expressão gênica, teremos a produção de novas proteínas ou a supressão de outras proteínas que estavam sendo traduzidas e não serão mais. Assim, temos a alteração da maquinaria citoplasmática da célula, que por sua vez leva a uma mudança no comportamento desta. A resposta é lenta porque envolve o acesso ao material genético, a transcrição e a tradução de proteínas para então ter a resposta celular em função desse perfil de proteínas que foi alterada pelo reconhecimento desse sinal. Temos alguns tipos de sinalização celular por via de sinais químicos. As células se comunicam diretamente por meio das junções GAP entre elas. Essas junções permitem a passagem de pequenas moléculas para uma atividade celular coordenada. Podem ser encontradas nos cardiomiócitos. Nas células vegetais, essas estruturas são chamadas de plasmodesmos. Outro tipo de comunicação celular direta ocorre através da conexão de dois receptores presentes na superfície celular. Assim, um receptor interage com o receptor da célula vizinha. Ex: receptor que induz à apoptose em alguns tipos celulares. É quando uma célula emite um sinal (um hormônio, por exemplo) através da exocitose das suas vesículas. Esse sinal atuará em células vizinhas que possuem um receptor para esse sinal. É quando a célula possui receptor para um sinal (ligante) e possui, dentro de si, vesículas com esse ligante. Quando o ligante sai da célula por exocitose, ele atua no próprio receptor da superfície da célula. O ligante se conecta ao seu receptor na mesma célula em que foi produzido. No testículo, uma célula produtora do hormônio ANH realiza comunicação autócrina. Ao mesmo tempo, essa célula produz fatores de crescimento que vão atuar em células germinativas vizinhas (sinalização parácrina). É um tipo de sinalização parácrina. Um neurônio produz os neurotransmissores no corpo celular. Através do citoesqueleto, as vesículas contendo neurotransmissores chegam até as terminações nervosas. Quando há a despolarização da membrana, as vesículas sofrem exocitose e esses neurotransmissores são liberados na fenda sináptica, permitindo com que os neurotransmissores possam entrar em contato com os receptores deles em outras células. Sinalização parácrina Ocorre através de hormônios liberados na corrente sanguínea. Lá, eles viajarão por ela e se a célula alvo tiver um receptor para esse hormônio, ele interagirá com esse hormônio. Por exemplo, os hormônios hipofisários são produzidos por uma célula gonadotrófica da adenohipófise. Através do estímulo de outro hormônio, GNRH, produzido no hipotálamo, que chega à hipófise pelo sistema porta- hipofisário, há a liberação dessas gonadotropinas (FSH e LH) na corrente sanguínea. No órgão alvo, no caso as gônadas, esses hormônios serão recebidos por receptores e isso desencadeará uma resposta celular. Receptores que se conectam à moléculas sinalizadoras pequenas e hidrofóbicas o suficiente para atravessar a bicamada lipídica e interagir diretamente com receptores intracelulares presentes no citoplasma (intracitoplasmáticos) ou no núcleo (intranucleares) da célula alvo. Moléculas pequenas e hidrofóbicas. Exemplo: óxido nítrico (NO), sendo uma molécula de gás quimicamente instável, pequena e não carregada, atravessa a membrana plasmática da célula e seus receptores estão dentro da célula. Assim, em uma célula endotelial que possui uma terminação nervosa que libera acetilcolina, esse neurotransmissor desencadeia a produção de NO a partir da arginina. O NO rapidamente se difunde e chega à célula muscular lisa dos vasos sanguíneos. Na célula muscular lisa, o NO vai ter um receptor que está dentro do citosol. A resposta que essa célula terá é o relaxamento; consequentemente a vasodilatação. Ereção peniana por vasodilatação. Hormônios esteroides também se conectam com receptores intracelulares. Esses hormônios, cortisol, estradiol, testosterona, possuem uma estrutura muito similar aos anéis do colesterol – são hidrofóbicos. Portanto, conseguem passar tranquilamente pelo plano da bicamada lipídica. Receptor de glicocorticóide; Complexo receptor-cortisol se transforma em um fator de transcrição que no material genético irá interagir com a região promotora de genes, modulando a transcrição deles – ativando ou suprimindo sua transcrição. Resposta lenta ou genômica. Hormônios T3 e T4 da tireóide também atuam dessa maneira. Moléculas que são grandes, altamente hidrofílicas e carregadas são recebidas por receptores de superfície de membrana plasmática. Esses receptores estão acoplados à canais iônicos. Ou seja, esses canais iônicos vão possuir regiões ou domínios que vão interagir com moléculas sinalizadoras (sítios de ligação). Quando o receptor presente no sítiode ligação do canal iônico se associa à um sinal, há uma modificação conformacional do canal que de fechado, se abre. Consequentemente, íons como o sódio (Na+) entram, causando, por exemplo, uma despolarização. Nesse caso, os sinais químicos que chegam aos receptores são convertidos em sinais elétricos – mudança na polarização da membrana. Esses receptores são a maior classe de famílias de receptores dentro das células. Encontrado na musculatura, nas sinapses neuronais, na imunorregulação e outros muitos tecidos do corpo. Os receptores associados à proteína G são caracterizados por passar sete vezes pelo plano da bicamada – uma vez que em sua cadeia polipeptídica, há sete domínios hidrofóbicos. O domínio N terminal fica voltado para o meio extracelular e o meio C terminal fica voltada para o meio intracelular. Há uma alça (C3) grande voltada para o meio intracelular que será responsável por interagir com a proteína G (por isso é chamado de receptor associado à proteína G). Quando ocorre a interação do receptor com o sinal, ocorre uma mudança conformacional que atrai a proteína G. Quando um receptor acoplado à proteína G se liga à sua molécula de sinalização extracelular, o receptor ativado sinaliza para uma proteína G no lado oposto da membrana plasmática, a qual ativa (ou inibe) uma enzima (ou um canal iônico, não mostrado) na mesma membrana. Para simplificar, a proteína G é mostrada aqui como uma única molécula. Como consideramos adiante, ela é, na verdade, um complexo de três subunidades proteicas (alfa, gama e beta). Em uma situação em repouso, essas subunidades estão unidas. A subunidade alfa tem um sítio de ligação para o GTP ou o GDP. A proteína G funciona como um interruptor molecular, particularmente sua subunidade alfa. Ou seja, ela precisa ser ativada quando ocorre a troca do GDP pelo GTP na subunidade alfa. Quando uma molécula sinalizadora se conecta ao receptor, há uma mudança conformacional que vai recrutar a proteína G, que vai se aproximar do receptor. O receptor vai trocar o GDP pelo GTP na subunidade alfa, ativando a proteína G. Quando a proteína G é ativada, ela se dissocia em duas porções – subunidade alfa- GTP ativada e subunidade complexo beta- gama ativada. A subunidade alfa ativada fica responsável por ativar outras proteínas, enzimas ou canais iônicos (proteína alvo). A proteína alvo ativada será responsável por ativar outras proteínas e com isso será realizada uma resposta celular. Geralmente, essa subunidade alfa possui uma atividade hidrolítica do GTP em GDP, desativando essa subunidade alfa. Assim, ela se associa novamente ao complexo beta-gama, voltando à sua conformação trimérica. O tempo que dura o sinal depende de quanto tempo o GTP fica ligado à subunidade alfa. Existem outras proteínas que estão envolvidas na hidrólise do GTP, diminuindo a duração do sinal. As proteínas G regulam dois tipos de alvos. Canais iônicos, como por exemplo canais de potássio nas células do músculo esquelético. Enzimas associadas à membrana, como por exemplo a adenylyl ciclase ou fosfolipases. A acetilcolina interage com um receptor associado à proteína G, fazendo com que a subunidade alfa se ative pela troca do GDP pelo GTP. A subunidade alfa ativará canais iônicos, abrindo-os, em específico os de potássio. O potássio entrará na célula. Quando temos a hidrólise do GTP em GDP, a subunidade alfa se inativa, a proteína G volta para a sua constituição trimérica e o canal iônico é fechado. Esse mecanismo ocorre nos cardiomiócitos, em que a abertura desses canais de potássio diminui a amplitude da contração. Uma proteína transmembrânica com domínio enzimático será ativada pela subunidade alfa ativada da proteína G. Essa proteína de membrana, acoplada à subunidade alfa da proteína G, promove a transformação de um substrato em um produto. Geralmente, o produto dessa enzima é o chamado segundo mensageiro ou mensageiros secundários que vão retransmitir o sinal e amplifica-lo. Existem dois tipos mais comuns de enzimas ativadas por proteínas G. Adenilato ciclase que converte ATP em AMP cíclico – mensageiro secundário. Fosfolipase C que cliva um lipídeo isositol fosfolipídeo em isositol trifosfato (IP3) e DAG (diacilglicerol) – mensageiros secundários. O AMP cíclico é formado através do ATP pela enzima adenilato ciclase. Essa enzima cliva o ATP, liberando dois fosfatos e liga covalentemente o fosfato que sobrou com a hidroxila da pentose. Outra enzima chamada de fosfodiesterase do AMP cíclico quebra o AMP cíclico em AMP. A cafeína inibe essa enzima fosfodiesterase do AMP cíclico. A AMP cíclica vai ativar uma proteína kinase A (PKA), dependente de AMP cíclico. A PKA é formada por quatro subunidades, duas regulatórias e duas são catalíticas. As regulatórias terão dois sítios de ligação para o AMP cíclico. Na sua forma inativa, elas estão unidas. O AMP cíclico se associa às subunidades regulatórias, provocando a desassociação das duas proteínas catalíticas, ativando-as. Uma vez ativadas, elas vão ser responsáveis por fosforilar outras proteínas. De uma forma geral, temos receptores associados à proteína G que recebem um sinal, ativando a proteína G. A subunidade alfa ativada provoca a ativação da adenilato ciclase, que por sua vez hidrolisa o ATP em AMP cíclico. O AMP cíclico, como mensageiro secundário, ativa a proteína PKA dependente de AMP cíclico. O PKA inativo se torna ativo; assim, ele fosforila outras proteínas, pois é uma kinase. Assim, ocorre a retransmissão do sinal e a amplificação desse sinal. Em suma, o sinal foi transduzido, foi retransmitido e amplificado. A amplificação será distribuída em respostas celulares. Outra possibilidade para a PKA ativa: Um aumento no AMP cíclico intracelular pode ativar a transcrição gênica. O cálcio é um íon que está geralmente em baixa concentração dentro da célula, pois há bombas de cálcio para fora da célula e para dentro da mitocôndria e retículo endoplasmático. Temos uma molécula sinalizadora que recebe um sinal, ativando a proteína G. A proteína G ativada promove a ativação de uma enzima chamada de fosfolipase C, que fica bem próxima à face citoplasmática da membrana. A fosfolipase ativada promove a quebra do fosfolipídeo inositol em duas porções: IP3 e DAG. O DAG ativa uma outra proteína chamada de PKC. Para ela ser ativada, ela precisa do íon cálcio. O IP3 vai no retículo endoplasmático abrir canais de cálcio; assim, o cálcio é liberado, aumentando o cálcio citoplasmático. O cálcio se junta ao DAG na ativação da PKC. A PKC, uma vez ativada, promove a ativação de proteínas motoras que transportarão vesículas contendo hormônios, neurotransmissores, proteínas para a membrana plasmática, para sofrer exocitose. No músculo estriado esquelético, temos também esse mecanismo de aumento da concentração de cálcio no citoplasma, saindo do retículo sarcoplasmático. Gera a contração muscular. Muitas proteínas de sinalização intracelular funcionam como interruptores moleculares. Essas proteínas podem ser ativadas – ou, em alguns casos, inibidas – pela adição ou remoção de um grupo fosfato. Kinases fosforilam proteínas para ativa-las e promover a transdução e retransmissão do sinal; Fosfatases desfosforilam proteínas para desativa-las. A proteína se liga diretamente ao GTP, trocando o GDP por esse GTP para se ativar e transduzir e retransmitir o sinal; Para inativar essa proteína, o GTP sofre uma hidrólise, perdendo o P e se transformando em GDP. A segunda maior classe de receptores. Esses receptores atuam principalmente em respostas celulares que envolvem fatores de crescimento. Fatores de crescimento neuronais; derivados de plaquetas; fatores de crescimento epidermal e de insulina. Esses receptores vão possuirum domínio que funcionará como enzima. Uma molécula sinal, que pode ser um fator de crescimento ou hormônio de crescimento, se liga no receptor transmembrânico. Para que esse receptor possa atuar, ele deve estar na forma de dímeros. Assim, uma molécula se liga a uma subunidade do receptor, mas para ele ser ativado, outra molécula sinal deve se conectar também na sua outra subunidade. As duas subunidades se unem, formando um dímero. Geralmente, os ligantes também atuam em dímeros. Cada subunidade do receptor possui vários resíduos de tirosina e uma atividade kinase. Quando ocorre a dimerização – união das subunidades – do receptor, a atividade kinase é ativada. Assim, a atividade kinase ativada de um receptor dímero é responsável por fosforilar as tirosinas do receptor dímero vizinho – transfosforilação. Isso ocorre ao longo de todo receptor vizinho, de modo que ao final do processo de transfosforilação, teremos tirosinas fosforiladas. O fato de ele possuir tirosinas fosforiladas provoca o recrutamento de outras proteínas inativas. Essas proteínas inativas vão se associar com os resíduos de tirosina fosforilada do dímero. Quando isso acontece, essas proteínas se tornam ativas e fosforilam outras proteínas, desencadeando a resposta celular. As proteínas inativadas recrutadas possuem domínio SH2 que faz com que elas se liguem às tirosinas fosforiladas, se tornando ativas. O domínio SH2 recebe um P e torna a proteína ativa. Uma das proteínas recrutadas é a proteína chamada de Ras, que diferentemente de outras proteínas que vão ser fosforiladas, ela precisa do GTP para ser ativada. Então, na sua forma inativa, a Ras possui o GDP. Quando o GDP é trocado por GTP, ela se torna ativa e pode fosforilar outras proteínas, ativando-as. Um ligante se associa a um receptor, que se dimeriza; esse receptor ativa o receptor adjacente ao fosforilar suas tirosinas. As tirosinas ativadas recrutam uma proteína adaptadora, que se liga a uma proteína ativadora de Ras. Essa proteína ativadora de Ras é quem vai tirar o GDP da Ras e adicionar o GTP, ativando essa Ras. A proteína Ras ativada fosforila outras proteínas, como as proteínas associadas à mitógenos (MAP kinase kinase kinase). A MAP kinase kinase kinase ativa uma MAP kinase kinase através de fosforilação. A MAP kinase kinase ativada fosforila uma MAP kinase. A MAP kinase ativada, por sua vez, fosforila outras proteínas. Proteínas essas que podem estar já produzidas – que sofrerão mudanças em suas atividades – ou podem ser proteínas associadas à fatores de transcrição – mudam a expressão gênica. Resposta rápida e resposta lenta. O mecanismo inicial de recepção e transdução do sinal é o mesmo, podendo variar de acordo com os tipos de receptores associados a enzimas e os tipos de proteínas recrutadas. Proteína que está associada a subunidades de receptores de citocinas. Ocorre, através da conexão com uma molécula sinalizadora, a dimerização do receptor e posterior ativação da JAK por transfosforilação. As JAK ativadas fosforilam os resíduos de tirosina. Esses resíduos de tirosina ativados atraem proteínas inativadas STAT 1 e 2 através de seu domínio SH2. Uma vez fosforiladas, as STAT 1 e 2 se unem e vão para o núcleo. No núcleo, a STAT regula a transcrição dos genes. Essa sinalização ocorre no hormônio de crescimento prolactina.
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