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Infecções bacterianas do Trato Urinário(Escherichia coli e Leptospira) Referencias Bibliograficas: Microbiologia médica.Murray 7 ed Capítulos 27 e 39 Em pessoas saudáveis, a urina na bexiga é estéril – não tem bactérias ou outros micro-organismos infecciosos. O tubo que transporta a urina da bexiga até o exterior do corpo (uretra) não contém bactérias ou contém muito poucas para causar uma infecção. Entretanto, qualquer parte do trato urinário pode se tornar infectada. Uma infecção em qualquer lugar do trato urinário é chamada de infecção do trato urinário (ITU). Geralmente, as ITUs classificam-se de acordo com o local onde ocorrem no trato urinário, como superiores ou inferiores, apesar de muitas vezes ser difícil ou impossível para o médico fazer tal determinação: ITU inferior: Infecções da bexiga (cistite) ITU superior: Infecção dos rins (pielonefrite) Alguns médicos também consideram as infecções na uretra (uretrite) e próstata (prostatite) como sendo ITU inferior. Em órgãos duplos (como os rins), a infecção pode ocorrer em um ou ambos os órgãos. As ITUs podem ocorrer tanto em crianças como em adultos. Infecções bacterianas do trato urinário inferior – geralmente a bexiga – são muito comuns, especialmente em mulheres jovens e sexualmente ativas. Também é frequente que mulheres jovens tenham infecções renais bacterianas, mas são menos comuns do que as infecções da bexiga. A bactéria que mais frequentemente causa ITU é a Escherichia coli. Nas pessoas com idade entre 20 e 50 anos, as ITUs causadas por bactérias são cerca de 50 vezes mais frequentes nas mulheres do que nos homens. Nos homens, a uretra é maior e assim torna-se mais difícil para as bactérias subirem o suficiente para causar uma infecção. Em homens entre 20 e 50 anos de idade, as ITUs mais frequentes são uretrite ou prostatite. Nas pessoas com mais de 50 anos, as ITUs tornam-se mais frequentes, tanto nos homens como nas mulheres, com uma diferença muito pequena entre os sexos. Urocultura: -Exame definidor de diagnóstico Escherichia coli Uropatogenica(UPEC) - Bacilo Gram negativo -Lactase positiva -Pertence a família das enterobacterias - Caracteristicas Morfologicas: Bacilo gram negativo não formador deendósporo,geralmente movel - Fator de crescimento: Anaeróbico facultativo https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-renais-e-urin%C3%A1rios/infec%C3%A7%C3%B5es-do-trato-urin%C3%A1rio-itus/infec%C3%A7%C3%A3o-da-bexiga https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-renais-e-urin%C3%A1rios/infec%C3%A7%C3%B5es-do-trato-urin%C3%A1rio-itus/infec%C3%A7%C3%A3o-renal https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-renais-e-urin%C3%A1rios/infec%C3%A7%C3%B5es-do-trato-urin%C3%A1rio-itus/uretrite https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-masculina/dist%C3%BArbios-benignos-da-pr%C3%B3stata/prostatite https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-em-beb%C3%AAs-e-crian%C3%A7as/infec%C3%A7%C3%A3o-do-trato-urin%C3%A1rio-itu-em-crian%C3%A7as https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-em-beb%C3%AAs-e-crian%C3%A7as/infec%C3%A7%C3%A3o-do-trato-urin%C3%A1rio-itu-em-crian%C3%A7as https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-renais-e-urin%C3%A1rios/c%C3%A1lculos-no-trato-urin%C3%A1rio/c%C3%A1lculos-no-trato-urin%C3%A1rio https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-masculina/dist%C3%BArbios-benignos-da-pr%C3%B3stata/prostatite - Caracteristicas Bioquimicas: catalase positiva,glicose positivo Fatores de virulência -Fimbria tipo1: adesão ao epitelio vaginal e da bexiga/ formação de biofilmes e invasão celular(intracelular facultativo) - Fímbria P : adesão ao epitélio renal também - Flagelo: permite que as bactérias se movam de forma ascendente no trato urinário,desde a bexiga até os rins. - Exotoxina alfa-hemolisina- esfoliação das células da bexiga, apoptose e lesãotecidual (permite disseminação). Em outras células, pode se inserir na membrana citoplasmática formando poros que facilitam a liberação de nutrientes e íons ferro. Tem especificidade para uma variedade de tipos celulares como hemácias, fibroblastos, granulócitos, linfócitos e macrófagos. A ação sobre células fagocíticas permite que a bactéria escape das defesas hospedeiras. Legenda da Imagem 1) Adesão ao epitélio da bexiga, através da fímbria do tipo 1 e também pode ser pela fímbria P 2) Invasão na célula epitelial, através da fímbria do tipo 1. 3) Multiplicação bacteriana intracelular (INTRACELULAR FACULTATIVA).Formação de comunidades bacterianas (proteção contra o sistema imune) 4) Esfoliação (degradação de células epiteliais) e apoptose: causado pela exotoxina α-hemolisina, aumentando a disseminação da UPEC. Algumas comunidade bacterianas intracelulares continuam intactas (possível causa de infecção recorrente) Bactérias flageladas podem sair da comunidade e voltar para o lúmen vesical ou podem invadir células adjacentes. Nesse momento, há migração de leucócitos polimorfonucleares. Infecções não tratadas podem progredir de forma ascendente até alcançar os rins e próstata. O que vai depender? Expressão de flagelos e fímbria P (papel importante na aderência ao epitélio renal). A inflamação é mediada por citocinas, cuja produção é induzida pelo antígeno O, α-hemolisina etc. Pode atravessar epitélio renal, atingir corrente sanguínea. Patogênese Rotas de Infecção do trato Urinário Leptospirose(Leptospira interrogans) -Bacteria Helicoidal -Gram negativa com dois endoflagelos realizando movimentos de rotação ao longo do seu eixo e de translação,movendo-se rapidamente em linha reta ou em arcos. Fisiologia e Estrutura Leptospiras são espiroquetas espiralados e delgados (0,1 × 6 a 20 μm), com um gancho em uma ou ambas as extremidades afiladas. A motilidade ocorre por dois flagelos periplasmáticos que se estendem por toda a superfície bacteriana e são ancorados nos extremos opostos. Leptospiras são aeróbios estritos com temperatura ótima de crescimento entre 28 e 30 °C, e crescimento em meios suplementados com vitaminas (i.e., B 2, B 12), ácidos graxos de cadeia longa e sais de amônio. O significado prático disso é que esses organismos podem ser cultivados em um meio específico, a partir de amostras clínicas coletadas de pacientes infectados. Patogênese e Imunidade As leptospiras patogênicas podem causar infecção subclínica, doença febril branda semelhante à gripe ou doença sistêmica grave (síndrome de Weil), com insuficiência renal e hepática, vasculite extensiva, miocardite e morte. A severidade da doença é influenciada pelo número de organismos infectantes, pelas defesas imunológicas do hospedeiro e pela virulência da cepa infectante. As leptospiras são delgadas e altamente móveis, podendo penetrar na pele ou membranas mucosas intactas através de pequenos cortes ou abrasões cutâneas. Podem, então, se disseminar no sangue para todos os tecidos, incluindo o sistema nervoso central. L. interrogans multiplica-se rapidamente e danifica o endotélio de pequenos vasos sanguíneos, resultando nas principais manifestações clínicas da doença (p. ex., meningite, disfunção renal e hepática, hemorragia). O organismo pode ser encontrado no sangue e no LCR(Liquido cefaloraquidiano) no início da doença e na urina durante as fases posteriores. A eliminação das leptospiras ocorre quando se desenvolve imunidade humoral. No entanto, algumas manifestações clínicas podem ter origem nas reações imunológicas. Por exemplo, a meningite se desenvolve depois de os organismos terem sido removidos do LCR e complexos imunes serem detectados em lesões renais. Epidemiologia A incidência da doença é significativamente subestimada, porque a maioria das infecçõesé branda e diagnosticada incorretamente como “síndrome viral” ou meningite viral asséptica. Em virtude de muitos estados falharem no relato de casos para o serviço público de saúde, a notificação obrigatória foi abolida em 1995. Assim, a verdadeira prevalência da doença não pode ser determinada. As leptospiras infectam dois tipos de hospedeiros: os reservatórios e os incidentais. Infecções endêmicas crônicas são estabelecidas em hospedeiros reservatórios, que funcionam como reservatórios permanentes para a manutenção da bactéria. Diferentes espécies e sorovares de leptospiras estão associados com reservatórios específicos (importantes para investigações epidemiológicas). Os reservatórios mais comuns são roedores e outros mamíferos pequenos. As leptospiras usualmente causam infecções assintomáticas no hospedeiro reservatório, no qual os espiroquetas colonizam os túbulos renais e são eliminados em grande número pela urina. Córregos, rios, águas paradas e solo úmido podem ser contaminados pela urina de animais infectados com bactérias que sobrevivem por até 6 semanas nesses locais. Água contaminada ou exposição direta a animais infectados podem ser fonte de infecção em hospedeiros acidentais (p. ex., cães, animais de fazenda e seres humanos). A maioria das infecções humanas acontece pela exposição à água contaminada em momentos de lazer (p. ex., lagos) ou por exposição ocupacional a animais infectados (fazendeiros, trabalhadores de abatedouros, veterinários). A maioria das infecções humanas ocorre durante os meses quentes, quando a frequência de recreação em água é maior. Não foi documentada transmissão pessoa a pessoa. Por definição, o estado de portador crônico não ocorre em hospedeiros acidentais. Características Clinicas A maioria das infecções humanas por leptospiras é clinicamente inaparente, sendo detectada apenas pela demonstração de anticorpos específicos. A infecção é introduzida por abrasões cutâneas ou pela conjuntiva. As infecções sintomáticas se desenvolvem após período de incubação de 1 a 2 semanas e em duas fases. A fase inicial é semelhante a uma gripe, com febre e mialgia (dor muscular). Durante essa fase, o paciente é bacterêmico com leptospiras, e frequentemente os organismos podem ser isolados do LCR, embora sintomas meníngeos não estejam presentes. Febre e mialgia podem desaparecer após 1 semana ou o paciente pode progredir para a segunda fase, que se caracteriza por início súbito de cefaleia, mialgia, calafrios, dor abdominal e extravasamento conjuntival (i.e., congestão ou vermelhidão do olho). A doença grave pode progredir para colapso vascular, trombocitopenia, hemorragia e disfunção hepática e renal. Diagnóstico Laboratorial Microscopia: Por serem delgadas, as leptospiras estão no limite de resolução do microscópio óptico, e não podem ser observadas por microscopia óptica convencional. As colorações de Gram ou de prata não são confiáveis para sua detecção. A microscopia de campo escuro também é relativamente insensível, podendo acarretar resultados inespecíficos. Ainda que as leptospiras possam ser observadas em amostras de sangue no início da doença, proteínas filamentosas dos eritrócitos podem ser facilmente confundidas com esses organismos. Preparações com anticorpos marcados com fluoresceína têm sido utilizadas para corar as leptospiras, mas não estão disponíveis na maioria dos laboratórios clínicos. Cultura: As leptospiras podem ser cultivadas em meios especialmente formulados (p. ex., Fletcher, EMJH [Ellinghausen- McCullough-Jonhson-Harris], Albumina-tween 80). Crescem lentamente (tempo de geração de 6 a 16 horas), requerem incubação a 28 a 30 °C por até 4 meses, embora a maioria das culturas seja positiva dentro de 2 semanas. Em concordância com as duas fases da doença, as leptospiras estão presentes no sangue ou no LCR durante os primeiros 10 dias de infecção e na urina após a primeira semana por até 3 meses. Uma vez que as concentrações dos organismos no sangue, LCR e na urina podem ser baixas, em casos suspeitos de leptospirose devem ser coletadas várias amostras. Além disso, inibidores presentes no sangue e na urina podem atrasar ou impedir a recuperação das leptospiras. A urina deve ser tratada para neutralizar o pH e concentrada por centrifugação. Algumas gotas do sedimento são inoculadas no meio de cultura. O crescimento da bactéria é detectado por microscopia de campo escuro. Testes Com ácidos Nucleicos -O trabalho preliminar de detecção de leptospiras através de sondas de ácidos nucleicos tem tido sucesso limitado. Técnicas que utilizam a amplificação de ácidos nucleicos (p. ex., PCR) são mais sensíveis que a cultura. Detecção de Anticorpos: Em razão da necessidade de meios específicos e período de incubação prolongado, a maioria dos laboratórios não realiza cultura de leptospiras, dependendo, portanto, de técnicas sorológicas. O método de referência para todos os testes sorológicos é o teste de aglutinação microscópica (MAT, do inglês, microscopic agglutination test). Esse teste mede a capacidade do soro em aglutinar leptospiras vivas. Como o teste é dirigido contra sorótipos específicos, é necessário utilizar uma mistura de antígenos de leptospiras. Nesse teste, diluições seriadas do soro do paciente são misturadas com os antígenos, e examinadas microscopicamente para aglutinação. Aglutininas aparecem no sangue de pacientes não tratados após 5 a 7 dias de infecção, embora essa resposta possa ser atrasada por vários meses. Pacientes infectados apresentam título de pelo menos 1:200 (i.e., aglutininas são detectadas em uma diluição do soro de 1:200 ), podendo alcançar diluições de 1:25.000 ou maiores. Os pacientes tratados com antibióticos podem ter resposta imune diminuída ou títulos não diagnósticos. Anticorpos aglutinantes são detectáveis por muitos anos após a doença aguda; assim, sua presença pode representar tanto uma resposta atenuada em pacientes com doença aguda tratada, quanto anticorpos residuais em pessoa com leptospirose não diagnosticada ocorrida há mais tempo. Como o teste de aglutinação microscópica utiliza organismos vivos, é realizado apenas em laboratórios de referência. Testes alternativos, como a hemaglutinação indireta, aglutinação em lâmina e ELISA, são menos sensíveis e específicos. Esses testes podem ser realizados para rastrear a doença, mas reações positivas devem ser confirmadas por MAT ou, preferencialmente, por cultura. Ocorrem reações sorológicas cruzadas em infecções por outros espiroquetas (i.e., sífilis, febre recorrente, doença de Lyme) e legionelose. Tratamento,Prevenção e Controle A leptospirose normalmente não é fatal, sobretudo na ausência de doença ictérica. Os doentes devem ser tratados com penicilina ou doxiciclina administrada por via intravenosa. A administração de doxiciclina, mas não de penicilina, pode prevenir a doença em pessoas expostas a animais infectados ou água contaminada com urina. É difícil erradicar a leptospirose, porque a doença é disseminada em animais domésticos e silvestres. No entanto, a vacinação de gado para consumo humano e animais de estimação tem-se revelado eficaz na redução da incidência da doença nessas populações, e, portanto, da exposição humana subsequente. O controle de roedores também é eficaz na eliminação de leptospirose em comunidades.
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