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MYCOBACTERIUM MICROB GERAL 5

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MICROBIOLOGIA GERAL 
 
MYCOBACTERIUM 
 
 As bactérias do gênero Mycobacterium são 
bastonetes aeróbicos acidorresistentes que contêm alto 
teor de guanina–citosina (GC) (cerca de 65%) em seus 
genomas. 
 O gênero inclui alguns dos principais patógenos 
temíveis, como aqueles que causam tuberculose em 
bovinos e seres humanos, hanseníase e várias doenças 
granulomatosas em mamíferos sadios ou 
comprometidos, aves, répteis e peixes. 
 Com base em sua taxa de multiplicação ou de 
crescimento, as micobactérias podem ser classificadas 
em de multiplicação rápida (as colônias se desenvolvem 
em placas de ágar em 7 dias ou menos; p. ex. 
Mycobacterium smegmatis e Mycobacterium fortuitum) 
e de multiplicação lenta (as colônias demoram mais de 7 
dias para crescerem em placas de ágar; p. ex. 
Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium avium). A 
maioria das espécies patogênicas apresenta 
multiplicação lenta, com períodos de geração de 12 
horas ou mais. 
 Observa-se que mesmo as bactérias de multiplicação 
rápida apresentam período de geração 
consideravelmente mais longo, em comparação com as 
cepas típicas de Escherichia coli, as quais podem 
desenvolver colônias em placas de ágar após incubação 
de 1 dia para outro. Outra propriedade útil para a 
classificação das micobactérias é a presença de 
pigmentos carotenoides em algumas espécies 
(“cromogênicas” vs. “não cromogênicas”) e a sua 
dependência à luz (“fotocromogênicas” vs. 
“escotocromogênicas”). 
 
MORFOLOGIA E COLORAÇÃO 
 Predominantemente, têm formato de bastonetes, 
com cerca de 0,5 mm de largura e comprimento variável; 
não apresentam flagelos. Do aspecto citoquímico, esses 
microrganismos são grampositivos, mas frequentemente 
não se coram com o corante de Gram. No entanto, as 
micobactérias podem se corar com carbolfucsina 
(coloração de ZiehlNeelsen) ou com corantes 
fluorescentes (p. ex., auraminarodamina). Sua 
propriedade de coloração mais notada é a característica 
acidorresistente (i. e., uma vez corada, resiste à 
descoloração pela solução de ácido hidroclórico a 3% em 
etanol). 
 A multiplicação em ágar origina colônias de 
morfologia variável, porém geralmente são secas e 
enrugadas. Colônias de M. avium ssp. hominissuis 
geralmente apresentam formato de domo e a maioria 
das cepas virulentas é transparente e lisa, as quais 
gradativamente se transformam em opacas e rugosas, 
uma vez que a virulência pode se perder depois de 
repetidas culturas. 
 Por meio de microscopia crioeletrônica, foi 
demonstrada a presença de uma camada externa 
(cápsula) composta de proteínas e carboidratos 
fracamente ligados. Esse material é eliminado durante a 
multiplicação dos microrganismos em meio liquido, mas 
é facilmente visto in vivo. 
 
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO 
 As micobactérias se caracterizam por apresentar 
parede celular rica em lipídios, os quais respondem pela 
característica acidorresistente e por algumas 
propriedades patogênicas e imunológicas. Os micosídeos 
de superfície (principalmente glicolipídios e 
peptidoglicolipídios) determinam as características das 
colônias, as especificidades sorológicas e as 
suscetibilidades a bacteriófagos. As camadas 
subsuperficiais, de ácidos micólicos de cadeia longa 
ramificada e seus ésteres, compõem o volume de lipídios 
da parede celular. Os ácidos micólicos são ligados à 
camada mais interna de peptidoglicanos por meio de 
arabinogalactanos. 
 A determinação do comprimento da cadeia de ácido 
micólico tem importância diagnóstica na identificação do 
gênero e das espécies, pois as micobactérias apresentam 
cadeias mais longas, contendo 60 a 90 átomos de 
carbono. Alguns ácidos micólicos se ligam fracamente ao 
dissacarídio trealose, sob as formas de monomicolato de 
trealose (TMM) e de dimicolato de trealose (TDM). 
 Um dos antígenos capsulares (antígeno 85) apresenta 
atividade enzimática, responsável pela formação de 
TMM e TDM. Recentemente, o TDM foi identificado 
como fator “corda”, o componente das micobactérias 
que lhes confere aparência característica semelhante a 
serpentina, verificada na cultura em alguns meios 
líquidos. O TDM está associado a várias funções nos 
mecanismos fisiopatogênicos, protegendo as 
micobactérias da morte fagocítica e contribuindo para a 
lesão das células do hospedeiro dentro do granuloma. 
 O peptidoglicano da micobactéria também apresenta 
uma estrutura incomum, pois o componente da 
subunidade dipeptídio muramil tem uma mistura de 50% 
de moléculas Nacetiladas e 50% de moléculas N-
glicosiladas, que é diferente dos 100% de típicas 
moléculas Nacetiladas da maioria das eubactérias. Essa 
composição particular parece estar diretamente 
relacionada com a capacidade desse componente de 
potencializar a resposta imune humoral e a resposta 
imune celular (adjuvanticidade) e isso é a base para a 
sua inclusão como um componente ativo do adjuvante 
completo de Freund. 
 As micobactérias têm membranas celulares típicas, 
compostas de dupla camada de lipídios, mas têm a 
notável característica de que um importante glicolipídio 
da parede celular (lipoarabnomanano, LAM) encontrase 
ligado de modo covalente a esta membrana. LAM 
também está envolvido na patogênese da infecção 
causada por micobactérias (fagocitose e inibição de 
fusões de fagolisossomos; especialmente por M. 
tuberculosis, pois o LAM é recoberto por resíduos de 
manose (ManLAM). 
 Outros lipídios das micobactérias (glicolipídios, 
fosfolipídios, sulfolipídios e gorduras) também podem 
ter alguma participação nesses processos. A arquitetura 
da parede celular das micobactérias é completada pela 
presença de purinas e de outras proteínas, tais como 
aquelas transportadoras envolvidas na aquisição de 
nutrientes. Também “secretam” superóxido dismutase, 
L-alanina desidrogenase e glutamato sintetase. 
 
ESPÉCIES PATOGÊNICAS E EPIDEMIOLOGIA 
 As bactérias Mycobacterium bovis e M. tuberculosis 
foram descobertas como agentes causadores de 
tuberculose em animais e humanos. 
 Os roedores, em particular camundongos e 
porquinhosdaíndia, são especialmente suscetíveis à 
infecção experimental por M. bovis e M. tuberculosis. No 
entanto, M. tuberculosis é um patógeno adaptado aos 
seres humanos e raramente infecta outros animais. A 
transmissão ocorre entre os indivíduos, por meio de 
aerossóis contaminados. 
 Por outro lado, M. bovis é um microrganismo 
zoonótico que pode ser transmitido por meio de 
aerossóis, de modo bidirecional, de animais para as 
pessoas e de pessoas aos animais, cuja causa mais 
frequente é o leite não pasteurizado obtido de animais 
infectados (bovinos e outros ruminantes), os quais 
atuam como a principal fonte de infecção. 
 Há duas micobactérias adaptadas ao hospedeiro, 
estreitamente relacionadas, que receberam nomes 
especiais com base nos hospedeiros infectados: 
Mycobacterium pinnipedii (focas) e Mycobacterium 
caprae (caprinos). As últimas publicações consideram M. 
caprae como uma subespécie de M. bovis. A vacina BCG 
(bacilo de CalmetteGuérin), contra tuberculose, contém 
cepa de M. bovis atenuada. 
 Outro patógeno “aparentado” e restrito aos humanos 
é o tipo africano do bacilo da tuberculose, denominado 
Mycobacterium africanum. Outro microrganismo, 
Mycobacterium canettii, também foi descrito na África 
do Norte. A variação dos hospedeiros de M. canettii 
ainda não é conhecida. Mycobacterium microti é outra 
bactéria do complexo identificado como causa de 
tuberculose em ratos silvestres. Recentemente, foi 
isolada em alguns casos da doença em humanos. 
 A análise leva à conclusão de que uma cepa ancestral 
de M. canettii é a precursora de M. tuberculosis e M. 
bovis. 
 Mycobacterium leprae é um patógeno humano 
peculiar considerado um microrganismo intracelular 
obrigatório, pois nunca se multiplica in vitro. Dasypus 
novemcinctus(uma espécie de tatu) é um dos poucos 
hospedeiros experimentais que podem ser utilizados 
para a multiplicação do microrganismo, em condições 
laboratoriais. Em ambas as infecções experimentais, de 
tatus e de seres humanos, M. leprae tem preferência por 
regiões corporais de menor temperatura, como as 
extremidades, os pés e as mãos, seguidas de 
disseminação à face. 
 A transmissão de hanseníase acontece por contato e 
pode ser ocasionada por aerossóis. Há relatos de raros 
casos de transmissão zoonótica. M. leprae infecta o 
sistema nervoso periférico, mas não o sistema nervoso 
central. Essas características resultam em pacientes com 
atividade mental normal, mas com desfigurações 
características ocasionadas por tais lesões periféricas. 
Atualmente, a doença é facilmente controlada e apenas 
progride para um quadro grave se o paciente não for 
tratado ou quando ocorrem complicações durante o 
tratamento. 
 O complexo MAC (M avium) inclui espécies distintas, 
porém aparentadas: Mycobacterium intracellulare e M. 
avium (em geral, as duas são agrupadas no complexo 
MAI, um termo sem relevância taxonômica) e os 
microrganismos de rápida multiplicação Mycobacterium 
chelonae e M. fortuitum. Com base nos resultados de 
análises bioquímicas e genéticas, atualmente a espécie 
M. avium é classificada em quatro subespécies: M. 
avium ssp. avium, que causa doença semelhante à 
tuberculose, em aves; M. avium ssp. hominissuis, o 
clássico M. avium da literatura médica, que infecta seres 
humanos e suínos e é considerado o principal exemplo 
de “micobactéria ambiental”; M. avium ssp. 
paratuberculosis, causador da doença de Johne em 
ruminantes e que está associada à ocorrência da doença 
de Crohn em pessoas; e M. avium ssp. silvaticum, que 
coloniza animais selvagens, como pombotorcaz 
(Columba palumbus), cuja condição de patógeno não foi 
bemestabelecida. Aerossóis e água contaminada foram 
associados à ocorrência da infecção, especialmente 
aquela causada pela subespécie hominissuis. 
 No caso da subespécie paratuberculosis, a principal 
via de infecção em ruminantes é a oral. Em geral, os 
bezerros são infectados após o consumo de leite 
contaminado de suas mães ou pela ingestão de matéria 
fecal maternal oriunda de esterco contaminado. 
 Outra espécie relevante é Mycobacterium kansasii, 
uma “parente” das bactérias do complexo MAC, que 
pode causar infecção disseminada em pacientes com 
AIDS, bem como doença pulmonar em pacientes 
previamente portadores de doença pulmonar não 
infecciosa. Mycobacterium marinum, um patógeno de 
peixes, também foi apontado como causa de granuloma 
cutâneo em usuários de piscinas. Mycobacterium 
ulcerans é um patógeno emergente que causa úlceras 
cutâneas graves, em indivíduos que vivem em regiões 
tropicais. Outras micobactérias, como Mycobacterium 
aurum e M. smegmatis, geralmente são espécies 
ambientais saprófitas, mas de tempos em tempos 
podem causar infecções oportunistas em hospedeiros 
humanos e animais. 
 
INTERAÇÃO PRIMÁRIA COM CÉLULAS FAGOCÍTICAS E 
INÍCIO DA DOENÇA 
 Com a entrada do microrganismo pela mucosa 
brônquico ou intestinal, os macrófagos residentes, 
alveolares ou intestinais, são mobilizados para fagocitar 
a micobactéria patogênica. Esse processo fagocítico é 
mediado por receptor e independe de anticorpo; há 
participação de receptores do sistema complemento, do 
receptor manose e/ou de integrinas. Mycobacterium se 
esquiva de receptores dependentes de anticorpos, os 
quais normalmente estimulam a ativação de macrófagos 
e a resposta bactericida, como acontece com várias 
bactérias patogênicas. 
 Desse modo, as micobactérias permanecem nos 
vacúolos dos fagócitos, impedindo a ativação de 
fagossomos (produção de produtos intermediários 
reativos bactericidas) e a maturação (p. ex., acidificação 
de fagossomo e fusão com lisossomos). Assim, os bacilos 
micobacterianos são capazes de sobreviver e de se 
multiplicar nas células fagocíticas residentes. Há alguns 
relatos de que as cepas de M. tuberculosis altamente 
virulentas possam escapar dos fagossomos e alcançar o 
citosol, onde é possível o crescimento mais rápido. Os 
monócitos (células fagocíticas do sangue) são, então, 
recrutados para o local da infecção, o qual, por fim, 
progride para granuloma ou tubérculo. 
 Essa estrutura arredondada focal é evidente no 
exame patológico macroscópico como nodulação 
amarela próxima à entrada/saída dos vasos sanguíneos 
dos órgãos envolvidos (p. ex., o complexo de Ghon, nos 
pulmões). O tubérculo contém macrófagos infectados 
em seu centro, circundado por grandes fagócitos (células 
epitelioides), linfócitos e fibroblastos, envolvidos por 
uma camada de colágeno. 
 No centro da lesão, instala-se necrose caseosa. 
Dependendo da progressão da doença, a lesão pode se 
calcificar, se a doença for controlada, ou se liquefazer, se 
ocorrer agravamento da doença. Os tubérculos podem 
se multiplicar, se unir e, por fim, ocupar partes 
relativamente grandes dos órgãos. Esses tubérculos são 
compostos principalmente de material caseoso. 
 No caso de infecção por M. tuberculosis em seres 
humanos, uma resposta imune favorável do hospedeiro 
pode evitar a doença, completamente, ou pode manter 
o bacilo restrito aos granulomas, os quais, por fim, 
calcificam-se. No entanto, os bacilos vivos ainda 
permanecem em uma condição na qual as bactérias são 
incapazes de se multiplicar, condição também conhecida 
como estado latente. 
 Se a resposta do hospedeiro for fraca desde o início 
ou a resposta do hospedeiro diminuir após 40 a 50 anos, 
os focos infecciosos podem necrosar e liberar bacilos 
infecciosos que se disseminam por meio de tosse. Este 
último mecanismo é denominado reativação da latência. 
A clara sequência de latência e reativação não está bem 
documentada em hospedeiros não humanos. 
 Possivelmente, em decorrência de um ciclo de vida 
curto e de uma resposta mais fraca do indivíduo, em 
vários hospedeiros animais não humanos, a infecção 
causada por micobactérias pode progredir de 
enfermidade subclínica para doença clínica evidente, na 
ausência de terapia medicamentosa. 
 
RESPOSTA IMUNE ÀS INFECÇÕES CAUSADAS POR 
MICOBACTÉRIAS 
 As micobactérias apresentam várias macromoléculas 
antigênicas, inclusive proteínas, lipídios, glucano e 
glicolipídios, as quais induzem imunidade humoral. No 
entanto, como as micobactérias são patógenos 
intracelulares, a resposta humoral é ineficiente no 
controle da infecção e surge no estágio intermediário ou 
final da doença. Desse modo, a resposta humoral apenas 
tem importância diagnóstica para determinar se um 
hospedeiro está infectado, bem como para indicar a 
progressão da doença. 
 A principal defesa do hospedeiro contra 
micobactérias patogênicas, contudo, é a resposta imune 
adquirida que resulta em ativação de macrófagos e 
produção de células T citotóxicas. As micobactérias 
podem ativar os macrófagos para um primeiro nível de 
receptividade por meio de um mecanismo imune inato 
mediado pela interação de produtos das micobactérias 
com receptores Toll like presentes nas células 
fagocíticas. Isso resulta em células dendríticas e 
macrófagos que produzem o polipeptídio mensageiro 
interleucina12 (IL12, um tipo de citocina) e promovem a 
apresentação de antígenos das micobactérias às células 
T CD4+ auxiliadoras. 
 Esse mecanismo de apresentação de antígeno requer 
degradação desse antígeno no fagossomo e a associação 
de peptídios degradados com moléculas do complexo de 
histocompatibilidade principal (MHC) classe II. Na 
presença de IL12 e, possivelmente de outras citocinas 
como a IL17, essas células sofrem diferenciação e se 
tornam células TH1 , com capacidade de produzir 
gamainterferona, que, adicionalmente, ativa os 
macrófagos, os quais são submetidos à explosão 
respiratória.Isso ocasiona maior elaboração de produto 
altamente bactericida denominado oxigênio reativo 
(ânion superóxido e peróxido de hidrogênio) e de 
intermediários do nitrogênio (óxido nítrico [NO] e 
nitrito). 
 Entretanto, as micobactérias resistem, parcialmente, 
a essa ação oxidativa mediante a produção de catalases 
– superóxido dismutase e alquil hidroperoxidase –, 
enzimas que inibem a ação destes produtos reativos 
intermediários por meio de um mecanismo de redução. 
 
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE PADRÕES DA DOENÇA 
EM MEDICINA VETERINÁRIA 
Aves. As aves são naturalmente suscetíveis, 
principalmente a M. avium ssp. avium. A porta de 
entrada da maioria das infecções das aves domésticas é 
o trato alimentar, do qual a bactéria se dissemina ao 
fígado e ao baço. Com frequência, ocorre 
comprometimento de medula óssea, pulmão e 
peritônio. Embora o microrganismo tenha sido isolado 
de ovos, é rara a infecção de filhotes pela via 
transovariana. 
 
Bovinos. Em geral, os bovinos são infectados por M. 
bovis, e a infecção se instala no trato respiratório e nos 
linfonodos adjacentes e nas cavidades serosas. A doença 
é comumente progressiva, acometendo as vias 
respiratórias e os espaços aéreos. Ocorre disseminação 
hematógena que envolve fígado e rins. O útero pode ser 
a porta de entrada da infecção fetal, um padrão 
praticamente desconhecido em outros animais 
domésticos. Os bezerros que sobrevivem à doença 
comumente desenvolvem lesões no fígado e no baço. 
Infecção mamária é rara (< 2% dos casos), mas tem 
implicação relevante em saúde pública. Em geral, a 
infecção por M. avium ssp. hominissuis é subclínica. 
Ocorre aborto aparentemente em consequência da 
instalação do bacilo na parede uterina, em alguns casos 
repetidamente. 
 
Cães e gatos. Cães e gatos são facilmente infectados por 
M. bovis, mas raramente por M. avium ssp. Os cães 
também são suscetíveis a M. tuberculosis. A localização 
intestinal e abdominal da infecção é mais comum em 
gatos que em cães, sugerindo que a via de exposição 
provavelmente seja o trato alimentar. Lesões cutâneas 
ulcerativas são mais comuns em gatos que em outros 
hospedeiros, bem como o envolvimento ocular, com 
coroidite tuberculosa que ocasiona cegueira. As lesões, 
especialmente em cães, frequentemente parecem mais 
uma reação induzida por corpo estranho que um 
tubérculo, uma vez que podem não apresentar células 
gigantes e células epitelioides típicas, tampouco material 
caseoso, calcificação e liquefação. Geralmente o curso 
da doença é progressivo. 
 
Equinos. Equinos são raramente infectados; a infecção 
por M. avium ssp. hominissuis é mais frequente que por 
M. bovis. Em geral, a porta de entrada da infecção é o 
trato alimentar, com complexos primários relacionados 
com a faringe e o intestino. É possível notar lesões 
secundárias no pulmão, no fígado, no baço e em 
membranas serosas. As lesões de vértebra cervical 
podem ser decorrentes de periostite hipertrófica 
inespecífica secundária. As lesões macroscópicas são 
semelhantes a tumor: não apresentam material caseoso 
e calcificação macroscópica e contêm poucos linfócitos. 
Observa-se proliferação de fibroblastos, mas geralmente 
não há encapsulação firme. 
 
Ovinos e caprinos. Ovinos e caprinos são suscetíveis a 
M. bovis e, talvez um pouco menos suscetíveis a M. 
avium ssp. hominissuis; contudo, são resistentes à 
infecção progressiva causada por M. tuberculosis. Os 
padrões de doença são semelhantes aos mencionados 
para bovinos. 
 
Suínos. Em geral, os suínos podem ser infectados pelo 
bacilo da tuberculose por via alimentar, mas apenas M. 
bovis causa doença progressiva com as lesões clássicas. 
As infecções causadas por M. tuberculosis não 
progridem além dos linfonodos regionais. A infecção por 
M. avium ssp. hominissuis, a modalidade predominante 
em vários países, pode disseminar-se a vísceras, ossos e 
meninges. As lesões não apresentam tubérculos 
organizados, mas contêm material granulomatoso. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
COLETA DE AMOSTRA 
 A coleta de amostras de esputo e soro é mais comum 
na doença humana. Em animais, especialmente 
ruminantes, as amostras incluem aspirados ou biopsias 
de lesões ativas, lavagens traqueobrônquica e gástrica, 
linfonodos (torácicos e abdominais), urina ou fezes e 
amostras de biopsia. Pulmão e linfonodos associados ao 
trato respiratório, inclusive da faringe, e linfonodos do 
trato intestinal são locais comuns de lesões, e deles são 
obtidas amostras seletivas no momento da necropsia, 
quando as lesões macroscópicas não são evidentes. O 
congelamento das amostras durante o transporte ou a 
preservação do tecido em solução de borato de sódio é 
um procedimento efetivo que mantém a viabilidade das 
micobactérias e reduz a multiplicação de 
microrganismos contaminantes. 
 
EXAME DIRETO 
 Os fluidos são concentrados por meio de 
centrifugação, em recipientes hermeticamente 
fechados. Esfregaços de sedimento ou de tecido são 
processados utilizando-se coloração acidorresistente ou 
pelo emprego de auraminarodamina se houver 
disponibilidade de microscópio de fluorescência. Os 
cortes histológicos são corados com hematoxilinaeosina 
e com corantes acidorresistentes. Resultados positivos 
na coloração acidorresistente devem ser confirmados 
por meio de cultura ou pela detecção de ácido nucleico. 
 
CULTURA E IDENTIFICAÇÃO 
 Recomendam-se digestão e descontaminação 
seletiva, especialmente quando a amostra 
provavelmente contiver mistura de microrganismos. A 
identificação da bactéria se baseia em suas 
características de multiplicação (rápida vs. lenta), de 
pigmentação (na presença ou ausência de luz) e em 
reações bioquímicas. No mercado há disponibilidade de 
sondas (probes) de DNA específicas para os principais 
grupos de micobactérias. Testes para ampliação de 
fragmentos de DNA específicos de micobactérias, 
utilizando a reação em cadeia de polimerase (PCR), têm 
se tornado os métodos de escolha para demonstrar ou 
identificar as bactérias do gênero. 
 
IMUNODIAGNÓSTICO 
Teste de tuberculina. 
 O teste cutâneo de tuberculina, ou teste de Mantoux, 
consiste na aplicação intradérmica de tuberculina 
(tuberculina purificada derivada de proteína; tuberculina 
PPD), que é um extrato, livre de células, de proteínas e 
peptídios liberados por M. tuberculosis no meio de 
cultura. Essa inoculação intradérmica em indivíduos 
infectados resulta em tumefação caracterizada por uma 
área endurecida 48 a 72 horas após a aplicação (reação 
de hipersensibilidade retardada) 
 Nos casos positivos, a tumefação (> 5 mm) se 
desenvolve dentro de 72 horas. Embora a tuberculina 
não possa induzir uma condição de hipersensibilidade, 
pode dessensibilizar os animais durante semanas ou 
meses. Um teste positivo implica infecção no passado ou 
no presente, exigindo que o animal reagente seja 
abatido e submetido à necropsia. Ocorrem reações falso-
positivas, as quais são explicadas pela hipersensibilidade 
às bactérias não tuberculosas (p. ex., M. avium) e aos 
microrganismos aparentados, como aqueles da família 
Nocardiae. 
 O resultado falso negativo é comum em animais 
muito recentemente infectados e nos casos avançados, 
nos quais se desenvolve anergia (ausência de 
reatividade) em razão do excesso de antígeno ou da 
imunossupressão. Fatores inespecíficos, como 
desnutrição, estresse e parição iminente ou recente são 
outras causas de anergia. “Tuberculinas” de 
especificidade apropriada são utilizadas em suínos e 
aves domésticas. 
Bovinos: aplicada por via intradérmica na pele da 
região caudal, vulvar ou anal ou, em algumas situações, 
na pele do pescoço. 
Suínos: orelha 
Aves: barbela 
 A confiabilidade dos testes de tuberculina em 
equinos, ovinos, caprinos, cães e gatos não foi definida. 
Praticidade, sensibilidade e baixo custo do teste cutâneo 
o definemcomo o teste de triagem ante mortem mais 
efetivo em ruminantes. 
 
Testes com gamainterferona. 
 Esses testes se baseiam na liberação de 
gamainterferona do sangue total de animais infectados 
quando misturado com antígenos de micobactérias (p. 
ex., PPD), como resultado da ativação da resposta imune 
mediada por célula. Estudos recentes mostraram 
melhora da especificidade mediante a modificação dos 
antígenos utilizados para estimular a resposta da 
interferona. Outros estudos sugerem que a adição de 
citocinas às análises, como interleucina 1b, pode, 
também, aumentar a sensibilidade do teste. 
 
SOROLOGIA 
 Os testes sorológicos têm sido razoavelmente úteis. 
Esses testes são sensíveis, mas as reações ocorrem no 
estágio final da doença. O maior sucesso tem sido obtido 
na detecção de animais infectados por M. avium ssp. 
paratuberculosis. 
 
TRATAMENTO E CONTROLE 
 Os medicamentos de primeira escolha para o 
tratamento de tuberculose são: isoniazida (INH), 
rifampicina, pirazinamida, estreptomicina e etambutol. 
Os medicamentos de segunda linha são: ácido para-
aminossalicílico, canamicina, ciclosserina, capreomicina 
e etionamida. 
 Em razão dos riscos à saúde pública decorrentes da 
manutenção de animais com tuberculose, não se 
recomenda o emprego de quimioterapia contra 
tuberculose aos animais. O tratamento profilático com 
INH pode ser utilizado em animais de estimação 
recentemente expostos a um indivíduo com tuberculose. 
Relatase algum sucesso em pesquisas com INH na 
profilaxia e no tratamento de bezerros. 
 Nos países que adotam programa de erradicação, 
geralmente o tratamento é desaconselhável ou ilegal. A 
tuberculose bovina é controlada mediante a 
identificação e eliminação dos animais infectados. Esse 
procedimento tem resultado na quase erradicação da 
infecção em vários países. É necessária vigilância 
continuada para evitar o ressurgimento da enfermidade. 
Esses esforços transformaram a tuberculose de uma 
doença clínica em bovinos e fonte comum de infecção 
zoonótica em uma doença frequentemente subclínica e 
rara fonte de infecção humana. 
 A vacinação de pessoas com BCG induz 
hipersensibilidade e imunidade temporária. Os 
benefícios da vacinação têm sido maiores quando a 
exposição é mais intensa; são irrelevantes onde a 
prevalência é baixa. A vacinação em seres humanos visa 
crianças e indivíduos negativos ao teste de tuberculina 
previamente expostos. A vacina BCG tem sido utilizada 
em bezerros. 
 Essa prática é inapropriada em países que tentam 
erradicar a tuberculose porque interfere na 
interpretação do resultado do teste de tuberculina. Há 
disponibilidade de vacinas de razoável eficácia contra 
Mycobacterium paratuberculosis, porém a maioria 
também interfere nos testes diagnósticos. Novos 
procedimentos incluem o desenvolvimento de novas 
vacinas mais efetivas, capazes de possibilitar a 
diferenciação de animais infectados daqueles vacinados 
(formulação DIVA). 
 
- M. avium ssp. paratuberculosis, o microrganismo 
causador da doença de Johne 
- Síndrome da hanseníase felina 
- Síndrome do granuloma leproide canino 
- Dermatite ulcerativa de gatos e cães causada por 
micobactérias de rápida multiplicação 
 
 
TUBERCULOSE BOVINA (Mycobacterium bovis) 
 Caracteriza-se pelo desenvolvimento progressivo de 
lesões nodulares denominadas tubérculos, que podem 
localizar-se em qualquer órgão ou tecido. 
- Bovinos e bubalinos 
 Três espécies de hospedeiros contribuíram para a 
perpetuação da tuberculose através dos séculos: o 
bovino, o homem e as aves em geral. As micobactérias 
do complexo M. tuberculosis (M. tuberculosis, M. bovis e 
M. africanum) são as principais causadoras da 
tuberculose nos mamíferos. M. bovis tem um amplo 
espectro de patogenicidade para as espécies domésticas 
e silvestres, principalmente bovinos e bubalinos, e pode 
participar da etiologia da tuberculose humana. 
 A doença humana causada pelo M. bovis é também 
denominada tuberculose zoonótica. O M. tuberculosis é 
a principal causa de tuberculose no ser humano. Pode 
infectar bovinos, porém não causa doença progressiva 
nessa espécie; todavia, ocasionalmente, pode 
sensibilizá-los ao teste tuberculínico. 
 O M. avium é o causador da tuberculose em várias 
espécies de aves e é integrante do complexo MAIS (M. 
avium, M. intracellulare e M. scrofulaceum). As 
micobactérias do complexo MAIS causam lesões 
granulomatosas nos linfonodos do trato gastrointestinal 
de suínos, a linfadenite granulomatosa, que leva a sérias 
perdas no abate desses animais. 
 No ser humano, a infecção pelas micobactérias do 
complexo MAIS tem importância para os indivíduos com 
deficiência imunológica. As micobactérias do complexo 
MAIS não são patogênicas para os bovinos e bubalinos; 
entretanto, provocam reações inespecíficas à 
tuberculinização, dificultando o diagnóstico da 
tuberculose nessas espécies. 
 Em um animal infectado, o M. bovis é eliminado pelo 
ar expirado, pelas fezes e urina, pelo leite e outros 
fluidos corporais, dependendo dos órgãos afetados. A 
eliminação do M. bovis tem início antes do 
aparecimento dos sinais clínicos. A principal porta de 
entrada do M. bovis é a via respiratória; a transmissão, 
em aproximadamente 90% dos casos, ocorre pela 
inalação de aerossóis contaminados com o 
microorganismo. O trato digestivo também é porta de 
entrada da tuberculose bovina, principalmente em 
bezerros alimentados com leite proveniente de vacas 
com mastite tuberculosa e em animais que ingerem água 
ou forragens contaminadas. Nesse caso, o complexo 
primário localizarse-á nos órgãos digestivos e linfonodos 
regionais. 
 Em estábulos, ao abrigo da luz, o M. bovis tem 
condições de sobreviver por vários meses. Alguns fatores 
podem contribuir para que a enfermidade se propague 
com maior eficiência. Entre eles, destacam-se de modo 
especial a aglomeração dos animais em estábulos e a 
inadequação das instalações zootécnicas. Ambos os 55 
fatores podem ampliar a sobrevivência da bactéria no 
ambiente e propiciar o contato estreito e freqüente 
entre os animais infectados e suscetíveis. 
 Raramente vacas com tuberculose genital transmitem 
a doença ao feto pela via transplacentária. Pode ocorrer 
transmissão sexual nos casos de epididimite e metrite 
tuberculosa. A infecção cutânea pode ocorrer por 
contato com objetos contaminados. Porém, esses três 
últimos mecanismos de transmissão são pouco 
freqüentes. A infecção pelo M. bovis se propaga nos 
animais independentemente do sexo, da raça ou da 
idade. 
 
PATOGENIA 
Uma vez atingido o alvéolo, o bacilo é capturado por 
macrófagos, sendo o seu destino determinado pelos 
seguintes fatores: virulência do microorganismo, carga 
infectante e resistência do hospedeiro. Na fase seguinte, 
caso não sejam eliminados, os bacilos multiplicarse-ão 
dentro dos macrófagos até destruí-los. Os bacilos 
liberados pelos macrófagos infectados serão fagocitados 
por outros macrófagos alveolares ou por monócitos 
recém-chegados da corrente circulatória, atraídos pelos 
próprios bacilos liberados, ou por fatores quimiotáticos 
produzidos pelo hospedeiro. A terceira fase começa 
quando cessa essa multiplicação, cerca de 2 a 3 semanas 
após a inalação do agente infeccioso, e é caracterizada 
por resposta imune mediada por células e reação de 
hipersensibilidade retardada. Nessa fase, em 
decorrência da reação de hipersensibilidade retardada, o 
hospedeiro destrói seus próprios tecidos por meio da 
necrose de caseificação para conter o crescimento 
intracelular das micobactérias. Com a mediação dos 
linfócitos T, ocorre a migração de novas células de 
defesa, culminando com a formação dos granulomas. 
Tais granulomas são constituídos por uma parte central, 
por vezes com área de necrose de caseificação, 
circundada por células epitelióides,células gigantes, 
linfócitos, macrófagos e uma camada periférica de 
fibroblastos. Os bacilos da lesão tuberculosa do 
parênquima pulmonar propagam-se ao linfonodo 
satélite, no qual desencadeiam a formação de novo 
granuloma, constituindo, assim, o complexo primário. As 
lesões pulmonares têm início na junção 
bronquíoloalveolar com disseminação para os alvéolos e 
linfonodos brônquicos, podendo regredir, persistir 
estabilizadas ou progredir. 
 Embora possam estar presentes em qualquer tecido 
do animal, as lesões são encontradas com mais 
freqüência em linfonodos (mediastínicos, retrofaríngeos, 
bronquiais, parotídeos, cervicais, inguinais superficiais e 
mesentéricos), em pulmão e fígado. Sendo uma doença 
de evolução muito lenta, os sinais clínicos são pouco 
freqüentes em bovinos e bubalinos. Em estágios 
avançados, e dependendo da localização das lesões, os 
bovinos podem apresentar caquexia progressiva, 
hiperplasia de linfonodos superficiais e/ou profundos, 
dispnéia, tosse, mastite e infertilidade, entre outros. 
______________________________________________ 
 
Família Mycobacteriaceae 
Gênero Mycobacterium 
Espécie: Mycobacterium bovis 
Micobactérias do complexo M. tuberculosis: 
- M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. microti, M. 
canettii. 
Micobactérias não tuberculosas: 
- Complexo MAIS (M. avium, M. intracellulare, M. 
scrofulaceum), M. avium subsp. paratuberculosis. 
 
Enfermidade infecto-contagiosa de evolução crônica, 
caracterizada por lesões de aspecto nodular, 
principalmente em linfonodos e pulmões, que acomete 
bovinos e bubalinos, podendo afetar o homem. 
 
 
 
Permanência em Instalações, fezes, solo e pastagens até 
2 anos, água 1 ano, e carcaça 10 meses. 
Resistência: 
Desinfetantes: 
- Hipoclorito de sódio 5%, Fenol 5%, Formol 7,5% (a 3% 
de formaldeído), hipoclorito de cálcio 5%, exposição por 
3 horas. 
Calor: 
- Autoclavação 120°C/20min, Pasteurização lenta 
65°C/30min, Pasteurização rápida 72-74°C/15-20seg, 
Fervura. 
 
Distribuição: 
- Mundial: maior prevalência em países em 
desenvolvimento. Erradicada ou em erradicação em 
alguns países desenvolvidos. 
- Brasil: prevalência de rebanhos reagentes 7,1%, 
prevalência de animais reagentes 1,3%. 
 
Prejuízos: 
- Queda no ganho de peso, diminuição na produção de 
leite, descarte precoce, eliminação de animais de alto 
valor zootécnico, condenação de carcaças, morte de 
animais, perda de credibilidade da unidade da criação. 
 
Fonte de infecção: animais doentes ou infectados, 
raramente o homem. 
Vias de eliminação: gotículas e secreções respiratórias, 
leite, colostro, sêmen, fezes e urina. 
Vias de transmissão: aerossóis, pastagens, água e 
alimentos contaminados. 
 
Porta de entrada: trato respiratório, digestivo, mucosas, 
pele com solução de continuidade. 
Suscetíveis: animais domésticos e silvestres, homem. 
 
Patogenia: 
- Invasão dos alvéolos pulmonares 
- Multiplicação nos macrófagos 
- Formação de granuloma 
- Desenvolvimento da resposta imune e de 
hipersensibilidade tardia 
- Destruição de tecidos pelo próprio hospedeiro 
- Propagação dos bacilos (M. bovis) para o linfonodo 
satélite, formando o complexo primário. 
*ácido micólico - inibe a fusão fago-lisossomo, pois 
impede que o macrófago derrame enzimas líticas, mata 
o macrófago e atrai mais macrófagos, formando o 
granuloma. Começa a ser mandado cálcio para o local e 
calcificação – parece que está cortando grão de areia. 
Começa a resposta imune celular e humoral. O estado 
do hospedeiro pode varias dependendo do estado 
imunitário. 
- Pode destruir, segregar ou drenar para o linfonodo 
satélite. 
- A quantidade de complexos primários que vai 
determinar a destruição ou não da carcaça. 
- Se ele tiver a resposta imune e segregar ele irá ter a 
miliarização 
 
Evolução do processo: desaparecimento ou calcificação 
das lesões, estabilização do processo (quiescência), 
progressão miliar ou protraída (lesões granulomatosas 
similares a grãos de milho distribuídas no parenquima do 
peritônio, parietal, visceral, pode também atingir útero). 
 
Animais infectados assintomáticos: alta frequência. 
Animais doentes: emagrecimento, hipertrofia 
ganglionar, dispnéia, tosse seca. 
 
Métodos de diagnóstico da tuberculose bovina 
Diretos: presença do agente etiológico 
- Isolamento do agente em meio de Stonebrink e 
identificação bioquímica, detecção de DNA por métodos 
moleculares (reação da polimerase em cadeia – PCR). 
Indiretos: resposta do animal ao agente etiológico 
- Avaliação da resposta imunológica celular ao M. bovis: 
tuberculinização. 
Tuberculinização 
Vantagens: alta eficiência dos testes padronizados, 
capacidade de detectar infecções recentes, simplicidade 
de execução dos testes. 
Desvantagens: possibilidade de reações inespecíficas, 
ocorrência de animais anérgicos, exigência de intervalo 
mínimo entre testes e de duas visitas à propriedade. 
 
Tuberculina 
- Composição: tubérculo-proteína oriunda do cultivo de 
M. bovis AN5 ou M. avium D4. 
- Concentração: PPD bovino: 1,0mg/ml 
PPD aviário: 0,5mg/ml 
- Apresentação: PPD bovino de líquido incolor e PPD 
aviário de líquido avermelhado. 
- Conservação: manter sob temperatura de 2-8°C (não 
congelar), validade de 1 ano. 
 
Equipamento: aparelho para tricotomia, cutímetro com 
mola para uso veterinário aferido e com escada para 
0,1mm, seringas multidose automáticas para aplicação 
ID de 0,1ml, Agulhas apropriadas para aplicação ID, todo 
material deve ser limpo, seco e sem resíduos de 
desinfetantes. 
 
Cutímetro: 
 
 
Tipos de tuberculinização: 
Teste da prega caudal TPC 
Teste Cervical simples TCS 
Teste Cervical comparativo TCC: outros dois são 
confirmados com este. Realizados em bovinos de corte. 
- Em bovinos de leite é proibido (muuito sensível). 
- Não testar com menos de 6 semanas. Passagem de 
linfócitos T pelo colostro. 
 
Teste da Prega Caudal 
Teste de triagem permitido apenas em estabelecimento 
de pecuária de corte 
- Local de inoculação: na prega da cauda (direita ou 
esquerda), 6-10cm da base da cauda, na junção das 
peles pilosa e glabra (inocular na pele glabra). 
Dosagem: 0,1ml de PPD bovino, via ID. 
Leitura: 72h +-6h 
Interpretação: avaliação visual e palpação 
- animal reagente: qualquer aumento na prega 
inoculada. 
- não reagente: ausência de qualquer reação no local da 
aplicação. 
*Hipersensibilidade IV: bactéria reconhecida como corpo 
estranho, é fagocitada e não é destruída, pois há em sua 
parede o ácido micolico. Após fagocitada, há mecanismo 
de ativação de interleucinas (resposta 
primária/secundária). Imunidade celular ativada por 
interleucinas ou citocinas. A interleucina 12 e interferon 
gama, quando ativados, existe uma rota natural para 
ativação do sistema imune. Th0 é auxiliador. Os 
macrófagos ficam marcados e alguns morrem, formando 
o nódulo caseoso. Ativa imunidade pela interleucina 4, 
th0, th2. 
*Região caudal tem menos sensibilidade (manda menos 
células de defesa), alta especificidade, poucos 
infectados, mas estes terão lesão (qualquer aumento ou 
depósito é positivo). 
*Nos reprodutores se indica a cervical simples. 
 
 
Evolução crônica, o teste não avalia doença, avalia 
infecção. Pode ter animais infectados com bactéria ativa 
e sem lesão (pois demorou a evoluir). 
 
Teste Cervical Simples 
Teste permitido em estabelecimento de pecuária de 
leite ou corte 
*aumenta-se a sensibilidade, aumenta-se o n° de 
animais infectados encontrados por ter mais mobilidade 
de células de defesa. 
Local de inoculação: no terço médio da tábua do 
pescoço, na região da espinha da escápula. 
Dosagem: 0,1ml de PPD Bovino, via ID 
Leitura: antes da aplicação e 72h +-6h após. 
 
 
DeltaB = acúmulo de células calculadas estatisticamente. 
 
Propriedade certificada: 90 dias refazer teste 
Propriedade não certificada: 60 dias 
 
 
 
 
Localizaçãomais frequente de uma única lesão em 
bovinos com tuberculose: 
 
 
 
 
 
 
 
Remessa de material para laboratório: 
- Diagnóstico histopatológico com formaldeído 10%. 
- Diagnóstico bacteriológico refrigerado (gelo) ou 
congelado. Adicionar o material em frasco de boca larga 
devidamente fechado e identificado. 
 
Procedimentos para o rebanho positivo: 
- Esclarecimento sobre a doença 
- Planejamento do combate 
- Destino dos animais reagentes 
- Isolamento 
- Desinfecção de instalações 
- Intervalo entre tuberculinizações 
- Exame de saúde das pessoas envolvidas 
- Outros animais da propriedade. 
 
Animal Segregado até 60 dias quando fizer o novo teste 
 comparativo. Se fizer prega caudal  comparativo 
 
Teste Cervical Comparativo 
Teste confirmatório permitido em estabelecimento de 
pecuária de leite ou corte. 
Positivo – obrigado o abate (não podendo retestar). 30 
dias para sair do estabelecimento. 
Inconclusivo pode ser retestado. 2 vezes inconclusivo = 
positivo. 
Teste diagnóstico para rebanhos com ocorrência de 
reações inespecíficas. Local de inoculação: 
- Terço médio da tábua do pescoço, região da espinha da 
escápula. 
Dosagem: 0,1mL de PPD bovino e 0,1mL de PPD aviário 
via ID. (ao mesmo tempo) 
Leitura: antes da aplicação e 72h +-6h após. 
Interpretação: diferença entre as reações ao PPD bovino 
e aviário. 
 
*A partir de 8 anos, animais velhos possuem sistema 
imune menos eficiente  falso-negativo. 
 
Hora 0: tricotomia e Em seguida, leitura da espessura da 
dobra da pele. 
 
 
Inoculação ID de PPD: formação de pápula; aviária 
anterior a espinha da escápula. Vermelho = aviária. 
 
Acúmulo de células de defesa inespecíficas: macrófagos 
e linfócitos. Ocorre nas duas, pois existem clones de 
linfócitos (MHC de classe II), similaridade em 
determinada sequência. 
 
Inoculação ID de PPD bovino; posterior a espinha da 
escápula. Azul = bovina. 
Há animais que reagem a tuberculina bovina, mas não é 
tuberculose e sim reação inespecífica. 
 
 
 
 
 
Linfagite

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