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Estudo Independente Carpigiani. Cap.3: Raízes filosóficas e fisiológicas da Psicologia Thais Eduarda Birer da Silva Filosofia e Medicina na Antiguidade Do século III a.C. ao século III da nossa era, foi um período chamado de antiguidade, onde ocorreu a apropriação da cultura grega pelos romanos em todo o mediterrâneo(helenismo), e também as expedições de Alexandre geraram uma crise profunda nos valores em que foram deixados aos gregos pelos filosóficos. Aos poucos se foi abrindo espaço para novas linhas de pensamento que continuavam tentando dar conta do sentido da vida humana individual e de seu significado de acordo com as novas ordens sociais em que as pessoas estavam vivendo. Nesse período de helenismo houve o desenvolvimento das civilizações, e surgiram muitos núcleos filosóficos como, Epicurismo, Estoicismo, Ceticismo e Neoplatonismo. - Epicurismo: é um sistema filosófico, que prega a procura dos prazeres moderados para atingir um estado de tranquilidade e de libertação do medo, com a ausência de sofrimento corporal pelo conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos. -Estoicismo: é um movimento filosófico que surgiu na Grécia Antiga e que preza a fidelidade ao conhecimento, desprezando todos os tipos de sentimentos externos, como a paixão, a luxúria e demais emoções. -Ceticismo: é um estado de quem duvida de tudo, de quem é descrente. Um indivíduo cético caracteriza-se por ter predisposição constante para a dúvida, para a incredulidade. -Neoplatonismo; “aspirava ensinar aos homens a libertar-se da vida deste mundo para reunir-se ao divino e para poder contemplá-lo até o ápice de uma união transcendente. A finalidade da nova escola era, pois, fortemente religiosa e mística.” E assim, durante a antiguidade, os filósofos preocuparam-se com a ética e com o conhecimento, com a alma e com a fé, com as sensações, com o prazer e com a morte. “No início desse período o cristianismo surgiu, como uma nova maneira de articular a origem e o destino da alma, apoiada na convicção da vida terna, alcançada por meio da vitória sobre o pecado, e tomando como ponto de sustentação a ideia de redenção (resgate do ser humano por Jesus Cristo).” Pág. 41 A cultura ocidental se sustentou a partir de uma base cultural cujos pilares são: helenismo, judaísmo e cristianismo. O povo judeu se apoiava no Velho Testamento da Bíblia, em que há um Deus em que escolhe um povo para a salvação, e para eles não há distinção entre corpo e alma. O povo grego, como já diz a mitologia grega, eles acreditavam em um deus individual para cada coisa, e a partir de uma base racional, explicam o universo. “Cada homem responde pessoalmente por seu destino.” Pág.41 A medicina na antiguidade é descrita a partir de uma visão de homem em relação com a natureza. Hipócrates (460 a.C. – 357 a.C.) importante citar, pois contribuiu imensamente, aos poucos, foi negando a intervenção dos deuses ou dos demônios no desenvolvimento da doença, e afirmando que as perturbações do corpo e mesmo as mentais, tinham causas naturais e precisavam ser tratadas, apontou também que o cérebro era como o centro das atividades intelectuais e o papel da hereditariedade. Compreendia que o ambiente, era importante promotor tanto da doença quanto da saúde, portanto, evitava separar o paciente de sua família. “colocava o médico a serviço do paciente, afirmando que seu lugar era ao lado dos enfermos. Ele demonstrou como o sofrimento podia ser aliviado, não por intermédio de magia, mas, por meio da higiene e das curas comprovadas. Marcou o curso da história da medicina, substituindo os deuses pela observação clínica.” Margotta, 1998, p. 27. Seu trabalho foi seguido por médicos romanos e gregos, e por Galeno (130 a.C. – 200 a.C.), que também foi um nome importante para a medicina nesse período, estudou o sistema nervoso e a forma de experimentação para descoberta da estrutura e do funcionamento do corpo humano. Sua preocupação principal era o estudo da anatomia e não do doente propriamente, dividindo assim suas causas físicas e mentais. Mas com a filosofia política-teológica, após sua morte, assim como as contribuições de Hipócrates e de médicos gregos e romanos, as suas contribuições também foram diluídas. A medicina na antiguidade ficou marcada pela antecipação dos conceitos das doenças, e passou de uma compreensão mágica para uma compreensão lógica, e os médicos foram de xamãs à sacerdote. Na antiguidade, foi criada uma relação de escuta muito particular, gerando assim uma relação médico-paciente. Filosofia e Medicina na Idade Média Na idade média (século V ao século XIV), as populações crescem, as escolas e as cidades crescem, e começa uma luta pelo poder econômico e político que estão sustentados nos fundamentos da igreja. Como havia uma grande influencia cristã, os nomes que mais se destacaram na época, estão ligados aos pensamentos religiosos, acreditando que a razão era com Dom de Deus, destaque a Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Santo Agostinho (354-430) acreditava que a existência é dirigida por Deus de modo que, apoiada na fé e na vontade, ela caminha de grau em grau, na direção divina, seus pensamentos foram dominadores durante séculos, e baseados na interpretação da Bíblia, sem criar novas concepções de mundo. São Tomás de Aquino (1224-1274), traz uma nova forma de pensamento, adaptando e moldando a ética aristotélica para os preceitos cristãos, irá reforçar a ideia de que a matéria corporal não exprime sua marca no intelecto e, portanto, não existe sensação sem objeto ou pensamento sem conteúdo. Esse esforço limitou a expressão da compreensão da natureza humana, cristalizando-a dentro das fronteiras dogmáticas. Na medicina, como foi dispersado as contribuições de Hipócrates e Galeno, e logo se misturou as superstições que envolviam o pensamento popular, que propiciava a volta da demonologia, as doenças mentais, foram ressurgindo, e havia formas para ser tratadas, como: “ quando um demônio possui um homem e controla seu intimo com enfermidade, um vomito de tremoço, meimendro negro, alho. Moer juntos, acrescentar cervejas e água benta, flagelamentos com açoites, fome, correntes, imersão em água quente a fim de tornar o corpo um lugar tão desagradável que nenhum diabo respeitável continuaria nele existir.” (Cockayne, s.d apud Coleman, 1964, p.97) Mesmo limitados com os tons místicos e religiosos, havia quem estudava de fato a medicina, eram preparados de seis a oito anos, e tinham ligações, princípios e regras religiosas.
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