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FARMACOLOGIA DO RITMO CARDÍACO Livros como leitura para o conteúdo de antiarrítmicos: - GOLAN, D. E. et al. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. Edição: 3ª Ano: 2014. - Manual de Farmacologia e Terapêutica de Goodman & Gilman. Editora: AMGH; Edição: 2 (8 de dezembro de 2014) - KATZUNG, B. G. et al. Farmacologia Básica e Clínica. 2014. CLASSE DE FÁRMACOS ANTIARRÍTMICOS CLASSE MECANISMO BÁSICO DE AÇÃO Classe I Bloqueadores de canais de sódio Classe II Antagonistas β-adrenérgicos Classe III Bloqueadores de canais de potássio Classe IV Bloqueadores de canais de cálcio O ritmo é controlado por canais iônicos presentes nas membranas. Portanto, os fármacos atuam nesses canais COMO OS FÁRMACOS ATUAM NO RITMO CARDÍACO PA marcapasso/células nodais PA dos miócitos atriais e ventriculares Fármacos podem atuar 1. Potencial diastólico máximo das células marca-passo PDM: semelhante ao potencial de repouso da célula marcapasso Se alterado, pode facilitar ou dificultar o início do PA Quanto mais positivo for o PDM, o PA é facilitado 2. Velocidade de despolarização da fase 4 3. Potencial limiar 4. Duração do potencial de ação Inclui principalmente os canais de potássio do PA atrial/ventricular → Célula nodal/marcapasso Canais de sódio regulados por voltagem expressos no nó SA Pensar no gráfico 1 FASE CARACTERÍSTICA CORRENTE Fase 4 Despolarização lenta If para dentro (f: funny) Fase 0 Fase ascendente do PA Ica para dentro Fase 3 Repolarização Ik para fora Fase 4: canal HCN, responsável pela If -Essa corrente é ativada por hiperpolarização; principalmente permite a entrada de Na (apesar de não ser seletiva) -Se a taxa de despolarização aumenta (aumenta a inclinação), o tempo para atingir o potencial limiar é menor (velocidade maior) → aumenta a frequência cardíaca -Se a taxa de despolarização diminui → diminui a frequência cardíaca Fase 0: canais de cálcio -Quando os canais de cálcio se fecham, há o início da fase 3 Fase 3: depende da saída de potássio → Miócito ventricular INa principal determinante da velocidade de condução ventricular Se bloqueia o canal de sódio na fase 0, diminui a velocidade de condução ventricular Pensar no gráfico 2 FASE CARACTERÍSTICA CORRENTE Fase 4 Potencial de repouso Equilíbrio de correntes Fase 0 Despolarização rápida INa para dentro Fase 1 Repolarização precoce Ito para fora Fase 2 Platô Equilíbrio ICa (dentro) e IK (fora) Fase 3 Repolarização tardia IK para fora Canais rápidos de sódio O potássio é importante na fase de repolarização -Se os canais de potássio são bloqueados, dificulta a repolarização → pode ter um prolongamento do potencial de ação O QUE DETERMINA A FREQUÊNCIA DE DISPARO 1. Taxa de despolarização espontânea da fase 4 (inclinação) 2. Potencial limiar mais negativo Quanto mais negativo, maior a frequência de disparo 3. Potencial de repouso mais positivo Quanto mais positivo, mais rápida a repolarização acontece, mais rapidamente inicia outro potencial de ação Pensar no gráfico 1 → Efeitos da estimulação simpática x parassimpática · Reduz taxa de despolarização espontânea da fase 4 (reduz a inclinação) · Potencial limiar mais positivo · Potencial de repouso mais negativo FISIOPATOLOGIA DA DISFUNÇÃO ELÉTRICA *Defeitos na formação do impulso → atividade deflagrada → pós-despolarizações Pós-despolarizações: acontecem após uma despolarização normal -Precoce, como no caso de Torsades de Pointes Pode ocorrer tanto na fase de platô quanto de repolarização -Tardia Ocorre logo após a repolarização *Defeitos na condução do impulso · Reentrada · Bloqueio · Vias acessórias Em uma situação normal, o potencial pode sincronicamente ir para ambas vias Em um distúrbio de reentrada, forma-se um ciclo na região: -Bloqueio unidirecional (anterógrada) Ao chegar no ponto b, através da via 1, o impulso retorna (direção retrógrada) para a via 2 – condução muito lenta -Assim, enquanto a outra parte já está pronta para um novo disparo, o lado retrógrado ainda está repolarizando e cria um ciclo repetitivo, podendo gerar arritmias -É necessária uma redução suficiente da velocidade de condução. Se não, pode precipitar reentradas -Aumento no período refratário (vai chegar um momento em que o impulso não irá prosseguir, pois o tecido estará refratário) FÁRMACOS ANTIARRÍTMICOS Classe I – bloqueadores de canais rápido de sódio *Marcapasso O bloqueio dos canais rápidos de sódio reduz a automaticidade (depende das células marcapasso) · Potencial limiar mais positivo · Reduz inclinação da fase 4 Reduzem a frequência cardíaca *Miócitos atriais/ventriculares Redução da velocidade ascendente da fase 0 Redução da reentrada Redução da velocidade de condução -Se a redução não for reduzida suficientemente: precipitar arritmia → Classe IA -Torna lenta a despolarização de fase 0 nas fibras musculares dos ventrículos Bloqueio de canais de sódio → menor ascensão da fase 0 do PA → menor velocidade de condução → podem reduzir reentradas Bloqueio de canais de potássio → reduzem a corrente de potássio para fora da célula → prolongamento da repolarização → aumento do período refratário → redução da reentrada Se eu bloqueio os canais de K, menos íons K+ saem e consequentemente a repolarização é mais lenta * Quinidina: protótipo da classe -Efeito anticolinérgico (vagolítico) → maior velocidade da condução AV Atua como antagonista da ACh principalmente em receptores muscarínicos ACh atua reduzindo a velocidade de condução pelo nodo AV -Pode causar cefaleia, tontura, diarreia e náuseas -Contraindicado no prolongamento do intervalo QT (prolongam o PA/aumentam a repolarização – pode causar pós-despolarizações precoces) * Procainamida: pouco efeito anticolinérgico -Pode causar síndrome semelhante ao lúpus -Possui metabólito ativo (NAPA) → efeitos de classe III * Disopiramida: maior efeito anticolinérgico do que a Quinidina -Pode causar retenção urinária e boca seca -Possui efeito inotrópico negativo (diminui a força de contração cardíaca) -Contraindica na IC descompensada → Classe IB -Encurta a repolarização de fase 3 nas fibras musculares dos ventrículos Redução da velocidade de condução → bloqueio de canais de sódio aberto e inativados Encurtamento da repolarização → bloqueio de canais de sódio de inativação tardia Bloqueio dependente do uso: Ligam-se preferencialmente aos canais abertos e em estado inativado, ou seja, células que se despolarizam mais facilmente (tecidos com lesão, isquemia) favorecem esses estados Miocárdio com lesão celular → disparo mais frequente → mais canais no estado aberto ou inativado → maior afinidade para o miocárdio isquêmico * Lidocaína: protótipo da classe -Metabolizada no fígado (ajuste da dose) -Pode causar tontura e confusão -Não prolonga o intervalo QT * Mexiletina: análogo da lidocaína -Não prolonga o intervalo QT -Pode causar náuseas e tremor -Eficácia semelhante a Quinidina * Fenitoína: efeito antiarrítmico limitado -Indutor das enzimas CYP450 3A4 → Classe IC -Torna muito lenta a despolarização de fase 0 nas fibras musculares dos ventrículos Redução acentuada da velocidade de ascensão da fase 0 → supressão das contrações ventriculares prematuras Efeito depressor cardíaco acentuado * Flecainida: protótipo Classe II – antagonistas beta-adrenérgicos Inibição do efeito do SNA simpático sobre o coração Pensar no gráfico 3 Receptores β-adrenérgicos são receptores da noradrenalina (principal neurotransmissor do SN autônomo simpático) No coração, há predominância do receptor β1 adrenérgico Ações do SNA na função cardiovascular: -↑ débito cardíaco -↑ frequência cardíaca → automaticidade (aumenta a frequência de disparo do nó SA) Noradrenalina age diretamente no PA do marcapasso Efeitos da NA sobre os tecidos nodais: 1. Aumento da corrente If (nó SA) – aumenta a inclinação da fase 4 2. Aumento da velocidade de condução AV (nó AV) Ao utilizar um fármaco antagonista adrenérgico, é impedido que a NA se ligue ao receptor e assim o receptor não é ativado (apesarda ligação do fármaco) Antagonistas β1 adrenérgicos: 1. Reduzem a taxa de despolarização da fase 4 → redução da automaticidade 2. Prolongam a repolarização AV Fármacos úteis em arritmias causadas por estimulação simpática GERAÇÃO FÁRMACO EFEITO 1ª Propranolol Antagonista não seletivo 2ª Atenolol, Metoprolol Relativamente seletivos para β1 3ª Labetalol, Carvedilol Antagonismo β + vasodilatação No caso do propranolol, por não ser seletivo, não é indicado para quem tem asma, por exemplo. Pois, caso bloqueie β2, causa broncoconstrição Classe III – bloqueadores de canais de potássio Maior corrente de K: retorno mais rápido ao potencial de repouso Menor corrente de K: retorno mais lento ao potencial de repouso → fármacos de classe III O canal de potássio está presente no platô (equilíbrio de correntes despolarizante de cálcio, que entra e correntes hiperpolarizantes de potássio, que sai) Ao bloquear um canal de potássio, é gerada uma menor corrente hiperpolarizante, o que produz uma fase de platô mais longa e uma repolarização prolongada A repolarização prolongada: · Leva ao aumento do período refratário, o que reduz a reentrada → efeito benéfico · Leva à maior probabilidade de pós-despolarizações precoces → efeito adverso Usar o aumento do período refratário em arritmias que causam redução de reentrada → Fármaco Sotalol Classicamente, está na classe II de antiarrítmicos · Antagonista não seletivo do receptor beta-adrenérgico · Redução da frequência cardíaca → bradicardia Porém, também é um bloqueador de canais de potássio, ou seja, de classe III · Prolongamento do potencial de ação → Torsades de Pointes → Fármaco Amiodarona 1. Classe III: aumento do período refratário efetivo Possível incidência de Torsades de Pointes 2. Classe II: antagonismo em receptores alfa e beta-adrenérgicos Bradicardia, hipotensão e inotropismo negativo 3. Classe IV: bloqueio de canais de cálcio Redução da função dos nodos SA e AV 4. Classe I: redução da frequência de disparo das células marca-passo Prevenção de arritmias ventriculares graves em pacientes com IC ou IAM recente Efeitos adversos: pneumonite, hipotireoidismo, hipertireoidismo e elevação das transaminases hepáticas -Dependem do tempo de uso e da dosagem Contraindicada em pacientes com choque cardiogênico e bloqueio cardíaco Classe IV – bloqueadores de canais de cálcio Redução da função dos nodos SA e AV → lenta ascensão do PA no nó AV O bloqueio dos canais de cálcio dificulta o potencial de ação → ocorre uma redução da função dos tecidos nodais A lenta ascensão do PA no nó AV: há o bloqueio da fase inicial da despolarização, assim, há menos corrente de cálcio Útil em arritmias que envolvem reentrada através do nó AV Risco de bloqueio cardíaco (lentificam os tecidos nodais) Esses fármacos atuam principalmente em tecidos nodais Exemplos: Verapamil e Diltiazem Canais de cálcio ativados por voltagem TIPO LOCALIZAÇÃO BLOQUEADO POR... L Neurônios e músculos cardíaco, liso e esquelético Verapamil, DHPS T Coração e neurônios Mibefradil N Neurônios e espermatozoide Ziconotida P/Q Neurônios Algumas toxinas R Neurônios e espermatozoide Algumas toxinas DHPs: dihidropiridinas → nifedipina (mais afinidade pelo presente no músculo liso) Verapamil possui mais afinidade pelo presente no músculo cardíaco Tipo L (lentos) são os principais; são responsáveis pelo platô e são os canais bloqueados por fármacos da classe IV Fármaco: vasodilatação X contratilidade cardíaca X automaticidade (nó AS) X condução nó AV Verapamil 4 4 5 5 Diltiazem 3 2 5 4 Nifedipino 5 1 1 0 Canal de cálcio do tipo L permite a entrada de cálcio na célula, formando corrente de cálcio → fármacos bloqueiam Redução da corrente de cálcio: relaxamento de longa duração do músculo liso, redução da contratilidade cardíaca, redução da frequência de despolarização do nó SA e redução da velocidade de condução do nó AV Risco de interações medicamentosas entre beta-bloqueadores e bloqueadores de canais de cálcio OUTROS ANTIARRÍTMICOS Adenosina Promove a abertura de canais de potássio IkAch → hiperpolarização (potencial de membrana fica mais negativo e dificulta potencial de ação) Envolve uma sinalização dependente de proteína G Inibição da condução nodal e atrial Conversão da taquicardia supraventricular paroxística de complexo estreito em ritmo sinusal normal Cássia Mendes Ataide - UFMS
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