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FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA CIRÚRGICA II GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Colelitíase e Colecistite VESÍCULA BILIAR: Órgão sacular de 7-10cm que fica no leito hepático, conectado com o trato digestivo através do ducto cistico, que se junta com o ducto hepático comum formando o ducto colédoco, que por sua vez chega na papila duodenal de forma que toda a via biliar seja drenada por ele. Os cálculos podem ser primários da vesícula ou primários do colédoco, sendo que os provenientes da vesícula podem migrar para o coledoco e obstruir a passagem da bile para o trato digestivo, comprometendo a digestão e o funcionamento do trato biliar. COLELITÍASE CONCEITOS Colecistolitíase: refere-se a presença de pedras na vesícula biliar, que não é considerada uma doença a menos que cause sintomas Doença do cálculo biliar: refere-se a cálculos biliares que causam sintomas (principalmente álgicos) Doença do cálculo biliar descomplicada: refere-se a cólica biliar na ausência de complicações (dor, infecção…) Doença do cálculo biliar complicada: refere-se a complicações relacionadas à cálculo biliar que incluem colecistite aguda, colangites, pancreatite biliar, íleo biliar e sindrome de Mirizzi PREVALÊNCIA Cálculos biliares são comuns particularmente em populações ocidentais. Nos Estados Unidos aproximadamente 6% dos homens e 9% das mulheres têm cálculos biliares. A prevalência da colecistolitíase em outros países varia entre 3% a 20% da população ocidental e que até 40% destes pacientes terão algum sintoma ao longo da vida, além da evidência que de 3,8% a 12% dos pacientes terão colecistite aguda. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Cálculos biliares assintomáticos (incidentais): representa a maioria dos indivíduos. Os cálculos são detectados incidentalmente em imagens abdominais. - Cálculos biliares sintomáticos: a descrição clássica da cólica biliar é um desconforto intenso localizado no quadrante superior direito, epigástrio, ou retroesternal que pode irradiar para trás (particularmente a escápula direita). A dor é frequentemente associada com diaforese, náusea e vômitos. Apesar do nome, a dor geralmente é constante, incisiva e não em cólica (aperto que vai e volta). Pode ser confundida com IAM, DRGE, pirose... O que acontece? A cólica biliar geralmente é causada pela contração da vesícula em resposta à estimulação hormonal ou neural, forçando uma pedra (ou possivelmente barro biliar) contra abertura do ducto cístico, levando ao aumento da pressão intravascular. Esse aumento da pressão resulta na dor. À medida que a vesícula biliar relaxa, as pedras muitas vezes recuam do ducto cístico, e a dor diminui lentamente. OBS: Sinal de Murphy → sinal indicativo de colecistite aguda e que consiste em provocar dor pela palpação da vesícula biliar, durante a inspiração profunda. Medicamentos que agem na musculatura lisa podem ajudar na dor, como relaxantes musculares. Os pacientes com cólica biliar devido à doença da vesícula descomplicada geralmente tem o aspecto saudável e não têm sinais infecciosos como febre ou taquicardia, pode ser tratado com sintomáticos. Os resultados dos exames laboratoriais são normais. A dor muitas vezes não é severa o suficiente para levar o paciente ao pronto socorro. A dor associada ao consumo de alimentos gordurosos, chocolate, tabaco, cerveja ocorre frequentemente, mas não incomoda... No momento em que o paciente tem uma dor que não melhora com analgésico e é recorrente (quando geralmente procura o atendimento), mesmo sem sintomas de infecção, ele é considerado intratável e o paciente é indicado para o tratamento definitivo. FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA CIRÚRGICA II GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Fatores de Risco: 4F's → sobrepeso/obesidade (fat), sexo feminino (female), idade fértil (fertility) e 40+ anos de idade (forty). Além dos supracitados, tem-se ainda a dismotilidade vesicular que aumenta a estase e formações de cristais, a predisposição genética, dieta pobre em fibras, hiperlipidemias, anemia hemolítica e outros. DIAGNÓSTICO: Ultrassom Abdominal: padrão ouro e principal método diagnóstico. causa imagem radiopaca, brancacenta que gera sombra acústica. Barro biliar é visto pelo aumento da densidade da bile (mesmo não sendo bem formado é capaz de obstruir a passagem e gerar dor). US Endoscópico: bom para observar cálculos de menor calibre e que estão no cístico ou no colédoco. COLECISTITE principal complicação decorrente de um cálculo biliar. Quando um cálculo impacta no ducto cístico causando obstrução, ocorre um processo inflamatório agudo. A distensão, resultante da obstrução, propicia isquemia e infecção bacteriana, podendo ocorrer necrose e perfuração da parede, caso não seja instituído tratamento cirúrgico adequado. A parede se encontra espessada e pálida, associada com pontos de necrose isquêmica. Pode haver necrose e perfuração da parede biliar. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Dor no quadrante superior direito ou epigástrio - Dor no dorso ou ombro direito (irradiada) - Anorexia - Febre usualmente baixa - Náusea e vomitos - Idoso - alteração no nível de consciência pode ser a única manifestação Tríade de Charcot - dor no quadrante superior direito + febre + icterícia Pêntade de Reynold - Charcot + hipotensão/choque + alteração do nível de consciência (sugerem colangite associada) EXAME FÍSICO - Sinais de sepse e choque séptico - Sinais de irritação peritoneal - perfuração da vesícula, coleperitoneo e peritonite biliar Febre - Icterícia é incomum na ausencia de complicação - Postura estática e de pouco movimento devido inflamação local - Abdome doloroso ou defesa em quadrante superior direito - Sinal de Murphy - extremamente específico mas pouco sensível - Sinal de Courvoisier (vesícula palpável e não dolorosa) - sugere obstrução fixa crônica no ducto biliar comum (usualmente maligna) - Plastrão palpável em QSD pode estar presente após 24 horas, acontece em até 20% das colecistites agudas alistiásicas - Diminuição dos ruídos hidroaéreos (íleo adinâmico - relacionados a perfuração) - Crepitação abdominal na presença de colecistite enfisematosa (dado raro, bact. gram - ou anaeróbios) EXAMES LABORATORIAIS: - Hemograma (leucocitose com desvio ou não), PCR - Amilase elevada >3 x o valor de referência sugere pancreatite aguda - Bilirrubina total elevada e amilase pouco elevada podem estar presentes na colecistite aguda necrotizante/gangrenosa - A bilirrubina indireta pode estar de leve a moderadamente elevada na colecistite aguda - Elevação de TGO, TGP, BT, FA e GGT deve aumentar a suspeita para colecistite acalculosa, colecocolitíase, colangite, sindrome de mirizzi ou outra doença - Solicitar RNI se paciente ictérico ou se potencialmente cirurgico (maioria das vezes) FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA CIRÚRGICA II GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A EXAME DE IMAGEM US Abdominal: padrão ouro - observa-se a presença do cálculo, espessamento da parede com realce na imagem, presença de líquido ou gás em volta da vesícula biliar, redução de fluxo ao Doppler (aa. cistica e aa. perfurantes do leito hepático). Colangiorressonância: usado em suspeita de complicação, os dados vão ser semelhantes ao US, feita em suspeita de complicações, espessamento da vesícula, microcálculos no colo da vesícula, espessamento dos tecidos perivesiculares. TC: só solicitada quando suspeita de complicações, com realce nos tecidos perivesiculares, espessamento da parede e vesícula repleta de líquido. Sinais Radiológicos: sinal de Murphy sonográfico, espessamento da parede >4-5mm, cálculos, sinal do duplo halo (edema na parede da vesícula), líquido perivesicular, abscesso adjacente, conteúdo hiperecogênico no interior da vesícula vesícula distendida >5cm, gás na parede ou intraluminal. TRATAMENTO CLÍNICO Suspensão de dieta até o momento da cirurgia, avaliar uso de sintomáticos para melhorar a condição do paciente. Uma vez diagnosticada a colecistite aguda, coledocolitíase, pancreatite aguda biliar ou cólica biliar refratária a analgesia, deve-seavaliar o melhor momento cirúrgico. Deve ser feita a reanimação se instável hemodinamicamente, sepse ou choque séptico. Comorbidades importantes devem ser compensadas antes da cirurgia Realizar hidratação venosa, correção de distúrbios hidroeletrolíticos associados e início da antibioticoterapia venosa empírica. TRATAMENTO CIRÚRGICO: colecistectomia - Pode ser feita aberta ou vídeo - Melhor laparoscópica. - Identificar vesícula, identificar o triângulo de Callot, ligar artéria cística, ligar ducto cistico e descolar a vesícula do leito hepático sem perfurar a vesícula e cair cálculo no abdome do paciente, tirando a vesícula inteira - A aberta é opção quando a video falha, malformações nas vias biliares, complicações e se o paciente tem impeditivo de ser submetido ao pneumoperitônio FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA CIRÚRGICA II GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A ›
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